2 minute read

a máquina (des)umana

Next Article
NOTA BIOGRÁFICA

NOTA BIOGRÁFICA

A exposição intitulada, A Máquina Humana, é uma proposta artística de Euclides Fernandes, artista plástico e aluno do curso de Artes Visuais e Design da Escola de Artes da Universidade de Évora. Esta é uma exposição que é agora apresentada nos espaços da Biblioteca, e é o resultado de um trabalho que traduz uma abordagem pictórica futurista, onde o artista reflete a imagem de um homem-máquina que gradualmente se distancia da sua génese original.

Como resultado da revolução tecnológica, progressivamente, máquinas e sistemas operativos em rede, baseados na IA inteligência artificial, têm acelerado a automatização da sociedade e da economia, levando a um gradual distanciamento de um saber fazer orgânico, cada vez mais separado de um saber fazer integral. Expectantes, assistimos a uma transformação galopante de modos de ser, de estar e de fazer coletivo, que muito têm contribuído para as alterações que temos vindo a presenciar nas sociedades contemporâneas, e com impactos a diferentes níveis, quer ao nível relacional e filosófico, quer ao nível económico-social, e ambiental, como também ao nível do ensino e da investigação científica, e da própria psicodinâmica do trabalho. Nesse sentido, e segundo esta abordagem, o trabalho artístico de Euclides Fernandes, se por um lado se foca na vontade de partilhar e dar a conhecer a sua expressão artística (moldada que está pela revolução tecnológica em curso), por outro lado procura evidenciar, também, uma narrativa que coloca em luz um homem-máquina que, afetado pelo distanciamento do que lhe é natural, se vê a braços com uma crise de valores, e se sente na necessidade de se (re)colocar numa posição de consciência e reflexão.

Advertisement

Ao mesmo tempo que as novas tecnologias assumem um papel determinante nos processos societais, e prosseguem o seu rumo histórico e o seu percurso evolutivo, instituições e pessoas tornamse beneficiárias, mas também dependentes e reféns, da análise e do cruzamento de dados avançados e da IA inteligência artificial, que molda de forma sistemática toda uma sociedade. Por outro lado, e apesar dos contributos fomentados pela nova era Green Deal, os avanços tecnológicos e as necessidades de negócios latentes tornaramse motivo de projeção para determinados setores, mas também de inquietação, uma vez que têm vindo a provocar mudanças radicais nas sociedades contemporâneas em que vivemos, com alterações profundas e bastante significativas, nalguns casos, irreversíveis. Estas, por sua vez, têm resultados impactantes que afetam as dinâmicas relacionais e os diferentes circuitos empresarias e económico-financeiros globais. Quer ao nível do impacto que essa tecnologia de ponta (assente em clouds e em sistemas operativos de rede de alto desempenho) desempenha nos processos de transformação digital/societal, quer ao nível do impacto que causam na própria evolução planetária, e da humanidade no seu todo.

Que evolução/transformação, e que comunicação/relação do homem entre si e o meio, poderemos nós esperar, à medida que a aceleração tecnológica e a sistematização da conexão digital, e da IA evolutiva, centralizar esta odisseia no espaço1? Será possível pensarmos o homemmáquina, com a robótica que tudo resolve e transforma, sem que tenhamos presente o escrutínio fundamental, assente nessa tão incrível analogia da intenção e do afeto, que não é própria da máquina nem da IA, mas tão caraterística dos humanos? Onde e como ficará o pensamento e a ação, quando nos detivermos perante máquinas altamente/ artificialmente inteligentes, criadas para auxiliaram a humanidade, mas que deixam o seu maior capital (as pessoas) de fora?

Rute Marchante Pardal SBID.UÉ Serviços de Biblioteca e Informação Documental

Dinamização cultural| JUN 2023

This article is from: