BIANCA CREPALDI
Trabalho Final de Graduação II apresentado à Universidade Metodista de Piracicaba (UNIEMP) para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista, sob orientação da Prof ª Dra. Renata La Rocca.
XPOR XPO a grafia da arte Santa Bárbara D' Oeste Primavera, 2017
ROPX
BIANCA CREPALDI
Trabalho Final de Graduação II apresentado à Universidade Metodista de Piracicaba (UNIEMP) para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista, sob orientação da Prof ª Dra. Renata La Rocca.
XPO XPOR a grafia da arte Santa Bárbara D' Oeste Primavera, 2017
DOS
PENÉLOPE
SUMÁRIO 9
Agradecimentos
11
Introdução
12
Escolha do meio
13
A Exposição
15
Lista de obras
44
Partido arquitetônico
48
Estrutura existente e condicionantes do espaço
60
Proposta expográfica
96
Considerações finais
98
Referências bibliográficas
99
Anexos
agradecimentos a Renata La Rocca, pela orientação, apoio e possibilidades que fez acender. aos demais professores da Unimep, pelo incentivo. aos colegas de turma e amigos da unidade Sesc de Piracicaba. aos profissionais Ricardo Resende, Margarete Regina, Renato F. Oliani, Gustavo Vitti e, em especial, a queridíssima Roberta Martinho , ao grande amigo, Elias Zaidan. a minha família. e a todos aqueles que de alguma forma participaram.
introdução A presente pesquisa que tem por título: “Expor a grafia da arte” desenvolveu em sua primeira etapa estudos sobre os ‘Meios’ e os ‘Modos’ de expor a arte. Nela evidenciou-se que os meios como lugares em que a atividade expositiva fora e é desenvolvida, passou por significativas transformações desde os Gabinetes de Curiosidades até a chegada da contemporaneidade, carregando consigo, novas ‘modos’ e formas de apresentar esses objetos. Anexa a estas transformações, a itinerância dos projetos de exposição, é um fato que adquiriu expressiva relevância entre modos de promover essa atividade atualmente. Graças à ela, as instituições museais tornaram seus acervos mais dinâmicos e rotativos, corroborando em frequentes transformações dos espaços que as abrigam. Nesse contexto, nos deparamos com os projetos de arquitetura de curta duração, os que se dedicam à uma demanda por tempo pré-determinado, correspondendo as individualidades intrínsecas a cada uma das mostras. Como a atuação dos profissionais de arquitetura dedicados ao desenvolvimento de projetos expográficos se reclinam às demandas de um espaço existente, bem como de uma poética contida em dado recorte curatorial, nos vimos em um empasse quando ao final da primeira etapa de desenvolvimento dessa pesquisa, foi apresentada a intenção de desenvolver um projeto expográfico, do qual não nos cabia a seleção de obras, mas a transposição da ideia contida em um conjunto já existente. Desse modo, a pesquisa a seguir se dedicará ao estudo e desenvolvimento de um projeto expográfico, cuja proposta curatorial já fora apresentada noutras circunstancias, cabendo-nos, exclusivamente, a transposição da ideia nela contida, à um espaço existente cujas demandas pressupõe uma nova proposta.
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A ESCOLHA DO MEIO
Na procura por um espaço que fosse capaz de abarcar o escopo de tal projeto, nos dedicamos a um levantamento das possíveis instituições culturais que contivessem em seu programa de atividades, a realização de exposições itinerantes. Os motivos que nos levaram a seleção da unidade Sesc de Piracicaba dentre tantas outras possibilidades, se baseou no fato de que trata-se de uma instituição com relevância nacional e que, não diferente, a unidade do interior paulista desempenha certa centralidade entre as instituições dos municípios de seu entorno. Junto disso, soma-se o fato de possuirmos relativa proximidade com dinâmicas desenvolvidas neste espaço, o que nos colocaria a frente enquanto a análise de uso e demandas, levando-nos até e pressupostas restrições das quais a instituição, na condição de espaço realizador de tal mostra, possivelmente viria intervir.
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A EXPOSIÇÃO
O motivo que nos levou à seleção da exposição “Arthur Bispo do Rosário e Leonilson: Os Penélope” foi, em primeiro momento, a associação das produções do artista Bispo, com o perfil das atividades desenvolvidas pelo Serviço Social do Comércio - Sesc. Esta se deu quando na procura por uma mostra itinerante que atendesse aos perfis institucionais da unidade Sesc de Piracicaba, trouxemos memórias do nosso primeiro contato com as produções de Arthur Bispo do Rosário trazidas pela 30ª edição da Bienal de São Paulo (2012). A consolidação deste fato se dá, quando as memórias desse primeiro contato, além de nos providenciar coordenadas vinculadas à pedagogia da educação informal, muito bem difundida entre as atividades do Sesc, passa à associar o projeto dessa mesma exposição, como de outras atividades realizadas pela instituição, as que conectavam o Sesc ao artista, evidenciando a tendência que ligaram a mostra à instituição. Assim que estabelecidos os perfis de mostras que contemplassem as demandas das atividades desenvolvidas pela unidade do Sesc de Piracicaba, nos dedicamos a busca por programas de exposições itinerantes que pudessem indicar meios de viabilizar a proposta através do acesso à lista de obras. Esta que se trata de uma via de acesso não muito facilitado, mas que nessa ocasião, em específico, obtivemos a contribuição advinda do próprio curador Ricardo Resende, por intermédio de outra profissional envolvida com a produção de exposições. Cabe-nos esclarecer que se trata de uma exposição que contem obras bi e tridimensionais das quais, de um modo geral necessitam de cuidados específicos. Desse modo as informações contidas na lista de obras nos enviada continham descrições sobre autor, título, dimensão, técnica e fotografias, nem sempre apresentam-se em devidas condições de pleno processo de execução do projeto expográfico, uma vez que quaisquer dificuldades em desenvolver-se propostas a partir dessa, em condições 13
reais de desenvolvimento, o profissional se direcionaria à solicitações diretas ao detentor de tais informações; fato que não contemplou a nossa condição para o desenvolvimento deste trabalho. Assim, muitas das imagens utilizadas ao longo dessa pesquisa, possuem baixa qualidade ou, como foi o caso de uma das obras, não continham informações sobre as dimensões, motivo pelo qual nos constrangemos ao descarte desta. No entanto, contornamos tais dificuldades, a partir das quais podem ser acompanhadas no decorrer desse estudo.
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lista de obras
OBRA_01 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Eu preciso destas palavras (direito) e Desenhos geométricos (avesso) Técnica: Tecido, linha, madeira e plástico Dimensões: 120 x 189cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_02 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Capa de Exú Técnica: Tafetá, gola destacada com lantejoulas, colar de contas e lenço de seda com renda Dimensões:95 x 150 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
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OBRA_03 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Regador 701G, Orfa Técnica: Metal, tecido e linha Dimensões: 15 x 19 x 07 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da
OBRA_04 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Abridor de lata de Sardinha - 152, Orfa Técnica: Tecido, metal, linha e madeira Dimensões: 10 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário
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OBRA_05 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Escada dupla 3003, Orfa Técnica: Madeira, tecido e linha Dimensões: 56 x 17 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
OBRA_06 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Bola de ping pong - A 83, Orfa Técnica: Metal, tecido, linha Dimensões: 19 x 16 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
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OBRA_07 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Capacho Técnica: Tecido, linha, costura e tampinhas de metal Dimensões: 32x 10 x 3cm; s/data. Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_08 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Bandeira de sinalização/tempo bom - A 948, orfa Técnica: Madeira, tecido, linha. Dimensões: 88 X 23cm Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_09 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Bandeira de sinalização/ tempo instavel - A 949, orfa Técnica: Madeira, tecido, linha. Dimensões: 88 X 23cm Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_10 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Bandeira de sinalização/ não é tempo bom - A 950, orfa Técnica: Madeira, tecido, linha. Dimensões: 88 X 23cm Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_11 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Raquete de tênis com bola (NÃO POSSUI BOLA) A 41, Orfa Técnica: Madeira, e linha Dimensões: 61 x 18 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
OBRA_12 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Merendeira Cor-de-rosa Técnica: Tecido, linha, metal e plástico; 56 tiras de pano com numeros e palavras costuradas, presas umas as outras, penduradas em suporte de metal. Dimensões: 107 x 47 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_13 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Atenção: Veneno Técnica: Madeira, tecido, linha e metal ; 101 tiras de pano com números e palavras costuradas, presas umas as outras e penduradas sobre suporte de madeira Dimensões: 93 x 74cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_14 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Grande veleiro Técnica: Tecido algodão, tecido lã, madeira, linha, papelão, plástico, tinta PVA e metal Dimensões: 145 x 60 x 100 cm; s/data. Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_15 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Escada de dez degraus, Orfa Técnica: Tecido, metal, linha e madeira Dimensões: 54 x 10 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
OBRA_16 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Os pracinhas que tombaram Técnica: Tecido, linha e metal Dimensões: 22 x 32cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_17 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: "Machina de fazer cabelos - Marca Luigi" Técnica: Madeira, tecido, linha; arquivo montado com 42 tiras de pano com numeros e palavras bordadas presas umas nas outras por linha e penduradas em suporte de madeira e tecido. Dimensões: 21 x 47 x 28cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_18 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: 8.034 – Butões para Paletó, Sobretudo, Pereline Técnica: Madeira, papel, tecido, linha, osso, madrepérola, plástico e metal Dimensões: 105 x 22 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_19 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Redes amarelas Técnica: Madeira, cal, couro, metal, tecido, plástico, papel e linha Dimensões: 34 x 65 x 107 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_20 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Caixa dos escolhidos Técnica: Madeira, tinta PVA, papel, papel de seda e metal Dimensões: 52 x 37 x 15cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_21 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Uma Obra Tão Importante que Levou 1986 Anos para ser escrita... Técnica: Tecido, linha e madeira; s/data Dimensões: 265 x 75 cm Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_22 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Colchão de capim de crina de dormi – 393 Técnica: objeto, costura, tecido; Dimensões: 42 x 30 x 4 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_23 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Telha Técnica: telha de barro emoldurado com tecido; Dimensões: 28 X 48 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
OBRA_24 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Colete salva vidas Técnica: Tecido algodão, linha e papelão Dimensões: 84 x 20cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
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OBRA_25 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Quatro Bandeiras Técnica: objeto com quatro bandeirinhas em tecido e cabo, orfa num suporte de isopor Dimensões: suporte: 45 x 10 x 15cm | Altura: 60cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_26 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Cabide 251, orfa Técnica: Metal, tecido e linha Dimensões: 20 X 16 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
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OBRA_27 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Vestuário II Técnica: Tecido algodão, tecido sintético, madeira, linha, plástico e metal; montagem com peças de roupa como: calça, camisas, paletós e capas, em materiais como algodão e plástico. Estão dispostos em cabides e penduradas em eixo de carrinho de madeira com quatro rodas Dimensões: 60 x 120 x 145 cm; s/data. Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_28 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Lutas - 1938/1982 Técnica: Japona de algodão verde, coberta com 41 medalhas de materiais diversos e bordados. Dimensões: 83 x 122 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
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OBRA_29 Artista: Arthur Bispo do Rosário Título: Balança Técnica: Madeira, plástico, linha, metal e alumínio Dimensões: 21 x 20 x 10 cm; s/data Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ PCdoRJ
OBRA_30 Artista: Leonilson Título: Os pensamentos do coração, 1988 Técnica: Acrílica sobre lona Dimensões: 48 x 68 cm Col. Ana Lenice Dias Fonseca da Silva, SP
30
OBRA_31 Artista: Leonilson Título: Sem título, c. 1988 Técnica: Bordado sobre voil e lona Dimensões: 26 x 41 cm Col. Danile Senise, RJ
OBRA_32 Artista: Leonilson Título: O Penélope, o recruta, o aranha, 1991 Técnica: Bordado sobre voil e lona Dimensões: 50,5 x 18 cm Col. Daniel Senise, RJ
31
OBRA_33 Artista: Leonilson Título: Escadinha, 1991 Técnica: Bronze fundido Dimensões: 12 x 2,5 x 7 cm Família Bezerra Dias, SP
OBRA_34 Artista: Leonilson Título: Espadinha, 1991 Técnica: Bronze fundido Dimensões: 2 x 2,5 x 7 cm Família Bezerra Dias, SP
32
OBRA_35 Artista: Leonilson Título: Navio, c. 1980 Técnica: Tinta acrílica e tinta prata sobre tela Dimensões: 18 x 12 cm Col. Família Bezerra Dias, SP
OBRA_36 Artista: Leonilson Título: Ninguém, 1982 Técnica: Bordado sobre algodão (fronha) Dimensões: 24 x 47,5 cm Col. Isa Pini, SP
33
OBRA_37 Artista: Leonilson Título: O Ilha, c. 1990 Técnica: Bordado sobre tela com aplicações sobre metal Dimensões: 35 x 27 cm Col. Raquel e Leopold Nosek, SP
OBRA_38 Artista: Leonilson Título: O louco, 1992 Técnica: Aquarela, tinta preta a pena sobre papel Dimensões: 31,8 x 24 cm Coleção Particular (RICARDO RESENDE), SP
34
OBRA_39 Artista: Leonilson Título: O Recruta, o Aranha e o Penélope, 1992 Técnica: Bordado sobre feltro costurado em lona Dimensões: 18 x 35 cm Coleção Acervo Banco Itaú
OBRA_40 Artista: Leonilson Título: José, 1991 Técnica: Voil sobre chassi Dimensões: 60 x 40 cm Col. Família Bezerra da Silva
35
OBRA_41 Artista: Leonilson Título:Objetos de mártir, 1988 Técnica: Acrílica sobre lona Dimensões: 200 x 95 cm Col. Família Bezerra da Silva
OBRA_42 Artista: Leonilson Título: A luz que cobre tudo, c. 1995 Técnica: Acrílica sobre lona (esticada sobre madeira) Dimensões: 39 x 30 cm
36
OBRA_43 Artista: Leonilson Título: Leo não consegue mudra o mundo, 1989 Técnica: Acrílica sobre lona Dimensões: 156 x 95 cm Coleção Ana Celina Bezerra da Silva
OBRA_44 Artista: Leonilson Título: Sem título, c. 1992 Técnica: Costura em voile Dimensões: 264 x 122 cm Col. Família Bezerra da Silva
37
OBRA_45 Artista: Leonilson Título: KMS – Horas. C. 1991 Técnica: Tinta acrílica e bordado sobre lona recortada Col. Valdirley Dias Nunes *Obra não exposta em função da ausência de informações quanto a dimensão
OBRA_46 Artista: Leonilson Título: Com as mãos no bolso, com as mãos abanando, 1991 Técnica: Bordado sobre veludo Dimensões: 92 x 53 cm
38
OBRA_47 Artista: Leonilson Título: Agora e as oportunidades, 1991 Técnica: Tinta acrílica sobre lona Dimensões: 155 x 88 cm Col. Família Bezerra Dias
OBRA_48 Artista: Leonilson Título: São tantas as verdades, 1988 Técnica: Tinta acrílica, apedras semipreciosas bordadas e fio de cobre sobre lona Dimensões: 213 x 106 cm Col. Particular
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OBRA_49 Artista: Leonilson Título: Sem título, 1988 Técnica: Tinta acrílica e chapa de cobre pregada sobre lona Dimensões: 105 x 95 cm Col. Miguel Chaia
OBRA_50 Artista: Leonilson Título: Defensores de pandas podem ser perigosos, 1991 Técnica: Tinta preta sobre papel Dimensões: 18,5 x 13,5 cm Col. Família Bezerra Dias
40
OBRA_51 Artista: Leonilson Título: Advinhe quem vem para ser jantado?, 1991 Técnica: Tinta preta sobre papel Dimensões: 18,5 x 13,5 cm Col. Família Bezerra Dias
OBRA_52 Artista: Leonilson Título: Paulistano aterrrisa na Instambul dos camelôs, 1991 Técnica: Tinta preta sobre papel Dimensões: 18 x 16,5 cm Col. Família Bezerra Dias
41
OBRA_53 Artista: Leonilson Título: Paulistanos estão com a caara do Meneguelli, 1991 Técnica: Tinta preta sobre papel Dimensões: 18 x 16 cm Col. Família Bezerra Dias
OBRA_54 Artista: Leonilson Título: Entrada de serviço é imoral 4, 1991 Técnica: Tinta preta sobre papel Dimensões: 18,3 x 15,1 cm Col. Família Bezerra Dias
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OBRA_55 Artista: Leonilson Título: Jamais toque em um membro da família real, 1991 Técnica: Tinta preta sobre papel Dimensões: 18,1 x 16,1 cm Col. Família Bezerra Dias
OBRA_56 Artista: Leonilson Título: A esperança, c. 1989 Técnica: Acrílica e pregos sobre madeira Dimensões: 103,5 x 67 cm Col. Família Bezerra Dias
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PARTIDO ARQUITETÔNICO
Na procura de uma poética que viesse abarcar as diferentes produções de cada um dos artistas e que estão reunidas na exposição nominada “Arthur Bispo do Rosário e Leonilson: Os Penélope”, nos dedicamos aos olhares atentos que pudessem evidenciar uma unidade entre obra e espaço. Assim como o bordado e a costura presente na produção de cada um dos artistas são uma linguagem em comum, buscamos nesse ato de expressão sincera, e necessária aos dois artistas, as origens dessa comunicação visual. Da linha que tenciona e costuram os planos, surge uma coleção de retas, regulares e irregulares, que são capazes de criar vértices entre os paralelos traçados entre ambos os artistas. Essas geografias como territórios distintos pelos quais Bispo e Leonilson passaram, resultou em visões de mundo diferentes, que se conectam a partir da busca por organizar o caos. Assim, para que fosse possível a elaboração do projeto expográfico da exposição itinerante denominada “Arthur Bispo do Rosário e Leonilson: Os Penélope” tomamos como referência o texto curatorial desenvolvido pelo curador Ricardo Resende, o que se encontra anexado (ANEXO I) ao final desse caderno, e que pode e deve ser consultado para que todas as nossas afirmações e visões sobre a proposta, passam ser melhor esclarecidas. Além do próprio texto exposto pelo curador, nos dedicamos à busca de outras referências que pudessem nos auxiliar no desenvolvimento dessa proposta, considerando importante via de estudo, um vídeo do “Arte 1 – Em movimento” disponibilizado em plataformas online, o qual contém o depoimento do Curador da Exposição, Ricardo Resende; e do Diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda. Por meio dessas falas é possível tomar dimensão da relevância nacional da mostra, de acordo com a fala do Diretor do Sesc. Adotamos, no desenvolvimento de nossa proposta expográfica, as perspectivas propostas pelo Curador, apontadas por ele no referido vídeo. O Ricardo Resende, ao discorrer sobre a poética que permeia as produções artísticas de Arthur Bispo do Rosário e José Leonilson Bezerra Dias, fornece referências que nos dá orientações espaciais pela qual a proposta do recorte curatorial se transpõe à arquitetura por meio da disposição das obras. Diante das dificuldades em traçar um diálogo estreito com o curador, a partir da qual surgiriam indicações sobre a disposição das obras, resultando em um parâmetro que 44
conectasse o discurso curatorial ao espaço expográfico, tomamos por referencia registros fotográficos de outras edições da mesma mostra para tentar estabelecer apontamentos sobre a proximidade destas. Como mencionado por Adriano Pedrosa1 e o próprio Ricardo Resende, Leonilson apresenta fases distintas entre suas produções. Pinturas com cores e combinações fortes e inusitadas, de um figurativismo pop que marcou um grupo de artistas na primeira metade da década de 1980, caracterizam os trabalhos produzidos em primeira fase. Nestes, o tom de humor e jovialidade se distinguem das obras do período seguinte (anos de 1990), quando seus trabalhos, em maioria desenhos e bordados com poucas cores, passam a expor as angústias de uma produção artística autobiográfica. O recorte curatorial apresentado por Ricardo Resende expõe obras de ambos os períodos com relativa proximidade física e espacial sem que houvesse setorização ou algum tipo de agrupamento cronológico, o que distinguiriam as duas fases de produção do artista no próprio espaço. Como podemos ver na imagem a seguir, o recorte curatorial traduz ao espaço, não só a aproximação entre as obras de abordagens e técnicas distintas de um artista, mas também, certa proximidade entre as produções de ambos os artistas como se traçassem um “confronto”. como aponta o curador, no trecho à seguir.
45
1 No texto do catálogo da exposição “Leonilson: Truth, Fiction” realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2003, Adriano Pedrosa desenvolve um extenso levantamento sobre as produções do artista.
A exposição, ela é uma caixa, é meio assim, por núcleo. O Leonilson, em um determinado espaço e o Bispo em outro, mas obviamente que elas estão se confrontando. A gente vai fazendo esses paralelos dos temas, das questões que eles traziam pra obra. (RESENDE, 2015). Com base nesses apontamentos, criamos dois percursos que traçam no espaço uma condução paralela entre as produções de ambos os artistas, mas que partem de um ponto em comum, que se encontra no eixo central, a partir do título projetado no painel de abertura da exposição. Assim, torna-se sugestiva a menção dada pelo título ao associar o percurso de ambos junto da personagem mitológica, Penélope.
O que une os dois artistas é esse mesmo desejo de estar no mundo. O desejo de fazer, desfazer, refazer, como o gesto sem fim de Penélope, a esposa de Ulisses que passou a vida esperando pela volta do marido que doi a Guerra de Tróia. (RESENDE, 2012).
1
Obra não inclusa na lista de obras recebida.
2
Obra_38
3
Obra_30
4
Obra_40
Fotografia de obras da exposição "Os Penélope" realizada no Sesc Jundiaí.
47
ESTRUTURA EXISTENTE E CONDICIONANTES DO ESPAÇO
CENTRAL DE ADENTIMENTO
ÁREA DE EXPOSIÇÃO
SAGUÃO
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TECNOLOGIA E ARTES
A estrutura física da unidade do Sesc de Piracicaba atende uma ampla variedade de públicos que, não apenas orientados para a visitação do espaço expositivo, condicionam essa atividade. Desse modo, nosso levantamento sobre as condicionantes do espaço, consideram a implantação do projeto ora desenvolvido em dois dos espaços convencionalmente ocupados pelas atividades expositivas. São eles: o saguão e hall de entrada da unidade e a área de exposição, locada no pavimento superior do mesmo prédio.
ADMINISTRAÇÃO
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Com um pé-direito duplo, é possível visualizar desde a entrada do próprio edifício, a área expositiva no pavimento superior. Esse contato visual, em muitas das propostas expográficas, é constrangido ao fechamento afim de obter maiores áreas de apoio para o conjunto a ser exposto, mas que, no entanto, nossa proposta se opõe à essa alternativa.
50
A área expositiva localiza-se no mesmo pavimento da central de atendimento ao público, sala de tecnologia e arte e da administração de toda a unidade, motivo pelo qual parte do fluxo desse espaço, se destina à outra demanda. Desse modo, a proposta considera relevante, o condicionamento desses acessos, principalmente os que dizem respeito à única via de acesso aos sanitários do pavimento, bem como à sacada e acesso aos demais pavimentos através da escada localizada na parte externa do prédio ao final do corredor de acesso à área expositiva.
Para que fosse possível uma melhor compreensão das estruturas físicas das quais lidamos nessa pesquisa, trouxemos registros fotográficos que nos auxiliam na compreensão do espaço.
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Acesso principal
Escadas Acesso ao pavimento superior
Mobiliário existente Barreira visual + barreira física
Painel de abertura - saguão
Condicionante de fluxo
Área de grande fluxo
Primeiro atendimento
Entrada e saída do teatro
Barreira física
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Acesso aos pavimentos inferiores
Trilho eletrificado existente
Fluxo de visitantes e funcionários
Guarda-corpo existente Limite físico
Piso existente
Permeabilidade visual (Saguão área de exposição)
Ardósia e granito verde
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Estrutura metálica presa à cobertura Intervenção temporária proposta como solução para os painéis suspensos
Barreira fĂsica
Porta de acesso Ă varanda
Permeabilidade visual com a parte externa - varanda
Grande fluxo de visitantes
54
Sala de tecnologia e artes Biblioteca e intert livre
Central de atendimento
Corredor de acesso à área de exposição
Serviços de atendimento ao público
Grande fluxo de visitantes e funcionários
55
Barreira fĂsica Permeabilidade visual com a parte externa - varanda
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57
proposta expogrรกfica
Parede_06 Painel_07
06
el_
03
Parede_05
Parede_04
Pain
Painel_04
Painel_
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 100.25
Painel_05
Parede_03
Painel_02
Verificar as medidas no local. Os desenhos são apenas ilustrativos e não contemplam eventuais variações. A execução do projeto deve ser acompanhada pelo cenotécnico responsável.
Parede_01
Parede_02
Painel_01
Esc.: 1:100 60
SAGUÃO 98.50
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 100.25
Verificar as medidas no local. Os desenhos são apenas ilustrativos e não contemplam eventuais variações. A execução do projeto deve ser acompanhada pelo cenotécnico responsável. Esc.: 1:100 61
SAGUÃO 98.50
Parede_06
Parede_04
Painel_07
06
el_
Pain
03
Painel_04
Painel_
Parede_05
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 100.25
Painel_05
Parede_03
Painel_02
Parede_02
Painel_01
Verificar as medidas no local. Os desenhos são apenas ilustrativos e não contemplam eventuais variações. A execução do projeto deve ser acompanhada pelo cenotécnico responsável.
Esc.: 1:100
SAGUÃO 98.50
Madeira compensada paricá e= 1.5 cm Lixado + verniz à base d ' água Tinta acrílica branca
62
Parede_01
Parede_02
Painel_01
SAGUĂƒO 98.50
Esc.: 1:100
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ILUMINAÇÃO Para os pontos de iluminação serão utilizadas três modos diferentes. São eles: Iluminação geral, Iluminação específica e Iluminação direcional. Todas elas dependem do suporte dos sistemas de infrestrutura existente. Para tanto, é necessária a verificação do funcionamento desses sistemas. Para iluminação geral será utilizado os pontos e aparelhos existentes, com exceção dos pontos apresentados neste projeto. As exceções concentram-se nas áreas próximas dos disposistivos de projeção que, portanto, devem apresentam condições grais de baixa iluminação. Para a iluminação direcional a proposta prevê a instalação de aparelhos refletores de LED. Entre os pontos direcionados para os painéis 05 e 07, é desejável que a instalação seja executava seguindo a proposição de manter relativa regularidade entre os distanciamentos dos respectivos pontos. Essa proposição se fundamenta na intenção de manter relativa constância entre os níveis de iluminação das obras de parede.
Verificar o funcionamento dos pontos de iluminação. Necessário mantê-los aceso.
Verificar o funcionamento, tensão existente e reais medidas . Recomenda-se visita técnica à unidade previamente da execussão.
Modelo na cor branca. Confirmar posicionamento dos refletores com o responssável cenotécnico.
Certificar-se de que os seguintes pontos de iluminação se mantenham apagados em função da projeção do dispositivo próximo
Para a iluminação específica a proposta prevê a instalação de placas de alumínio de LED em cada uma das cúpulas. Essa instalação, também direcional e móvel, possibilita independência de cada uma das estruturas com relação à iluminação geral. A proposição dessa condição específica de iluminação se deve ao fato de que grande parte das obras tridimensionais apresentarem detalhes de diferentes proporções, das quais as cúpulas de acrílico viabilizam aproximações dos visitantes. A estrutura feita de material translúcido e de alta reflexão poderia apresentar condições indesejáveis de leitura ante as condições gerais de iluminação. Os dispositivos contendo iluminação específica anexos às cúpulas se encontram na área central da exposição e no painel 05, e estão melhores detalhados no decorrer dos próximos capítulos. IG
Iluminação geral
ID
Iluminação direcional
64
IE
Iluminação específica
1.20
1.20
1.70
PLANTA DE ILUMINAÇÃO Esc.: 1:100
1.20
1.20
1.20
1.00
7.00 1.20
1.20
1.20
IG
Pontos de luz -Iluminação geral
ID
Refletor de LED -Iluminação direcional Trilho eletrificado 65
1.20
.70
1.50
7.10 1.20
1.20
.70 1.85
1.35
1.15
1.00
1.20
1.20
1.20
.60 .60
1.20
2.70
1.20
.55
1.20
.40
1.20
1.10
1.20
1.20
TOTAL: 43 unidades de refletores móveis Verificar as medidas no local. Os desenhos são apenas ilustrativos e não contemplam eventuais variações. A execução do projeto deve ser acompanhada pelo cenotécnico responsável.
ESTRUTURAS DOS PANÉIS Para as estruturas dos painéis consideram-se as seguintes especificações quanto às alturas de corte, fixação dos sarrafos, bem como o distanciamento de cada uma desses materiais elementos:
3c
m
m
7c
300 cm
Para os painéis autoportantes e/ou paredes propostas, serão utilizados sarrafos de madeira pinus de 7 x 250 x 3 cm.
Esc.: 1:1
73 cm
737 cm
80 cm
80 cm
206 cm
160
160
90 cm
160
160
cm
cm
cm
Esc.: 1:50
737cm
73 7cm
73 7cm
737cm
737 cm
737cm
737 cm
737cm
80 cm
80 cm
80 cm
80 cm
80 cm
80 cm
80 cm
80 cm
7
Esc.: 1:20
67
Esc.: 1:20
cm
Para vedação dos painéis autoportantes e/ou das paredes propostas, serão utilizadas placas de madeira compensada paricá nas seguintes dimensões: 160 x 220 x 1,5 cm.
160 cm
Para montagem dessas estruturas, bem como do posicionamento de cada um dos paineis, deverão ser seguidas as indicações contidas nesse projeto.
220 cm
Todas as placas deverão ser lixadas e envernizadas com verniz à base d'água.
P
1.5
Verificar medidas no local, pois os desenhos são apenas ilustrativos e não contemplam eventuais distorções.
cm
300 cm
160
cm
Esc.: 1:10
2 x P2 90 cm
40 cm
69
206 cm
14 cm
+ 1/2 P
90 cm
1 x P1 220 cm
1 P
220 cm
2 cm
206 cm
296 cm 90 cm
+ P1
P2
ou
Esc.: 1:50
2 cm
APLICAÇÃO GRÁFICA A proposta prevê a utilização de recorte vinílico no tom vermelho queimado, de cor a ser definida junto com do fabricante. A utilização desse material se dá devida a fácil aplicação, variedade de cores e dimensão, além de ser um curso de grande potencial visual, muito utilizado em propostas de comunicação gráfica. Por tais motivos, o projeto propõe a aplicação do material em três circunstâncias. São elas: em piso, no corredor de acesso à área expositiva e abaixo dos dispositivos; nos painéis 02, 04 e 06 com preenchimento de cor e com texto nos painéis 02 e 05, além da parede 4; e nos bancos. A aplicação em piso se baseia na condução do olhar do visitando ao percorrer o percurso do qual ele é aplicado. Nas aplicações abaixo dos dispositivos (2) ele funciona como convite à exploração do aparelho. Demarca o posicionamento do visitante e atenta aos cuidados na circulação de seu entorno. Na aplicação na área de entrada da exposição (1), o recorte vinílico aplicado em piso se estende até dois painéis e uma das paredes existentes. Nessa circunstância, o olhar do visitante percorre esse até encontrar informes sobre a exposição. Na aplicação dos painéis a intenção é estabelecer continuidade entre o material aplicado em outras superfícies, como se esse fosse um instrumento de amarração entre as planos pelos quais ele percorre. Trata-se da costura do olhar do visitante pelo espaço. No banco, ele possibilita mobilidade entre o objeto colorido pelo espaço, até unir-se à mesma colagem abaixo dos dispositivos ou na colagem de piso na entrada. No painel 06, em específico, a aplicação do material se dá em dois lados, um apenas com um pequeno detalhe afim de chamar a atenção do visitante para a comunicação que se estende até o plano
Perspectiva entrada da exposição
70
PISO
Leonilson Arthur Bispo do Rosário PLANTA DE PAGINAÇÃO DO PISO Esc.: 1:100
RV
Recorte vinílico fosco
71
TOTAL: Será necessário 19 m² de recorte vinílico fosco na cor definida pelo projeto. Verificar as medidas no local. Os desenhos são apenas ilustrativos e não contemplam eventuais variações. A execução do projeto deve ser acompanhada pelo cenotécnico responsável.
PAREDE EXISTENTE_O3 A Parede Existente 01 se encontra no corredor de acesso à área de exposição. Trata-se de uma vedação Drywall, ou material semelhante, que medeia os limites entre as áreas de circulação, a área de exposição e a Central de Atendimento. Situa-se na lateral direita do eixo de acesso à área expositiva, sendo, portanto, não o primeiro eixo de contato visual, mas os que a este sucede. Por tratar-se de um trecho com grande fluxo, apresenta potencial à apresentação de conteúdos complementares, embora as dimensões sejam um entrave à conteúdos de grande extensão. Com o objetivo de tornar esse espaço expositivo acessível aos diferentes públicos frequentadores da unidade do Sesc de Piracicaba, proporcionando assim, relativa autonomia do visitante sobre o espaço, a proposta considera relevante a inserção de comunicações gráficas contendo as restrições do espaço. Desse modo, os símbolos, figuras ou formas convencionadas vinculam as informações visuais às respectivas restrições por meio de analogias. Esse instrumento transpõe ao espaço noções, por vezes implícitas, das quais julgamos necessária e de direito do visitante, sem levar à eventuais constrangimentos.
+
PE_01
02
PE_
+
s/ Escala
91 cm 5 cm
20 cm
SINALIZAÇÃO DE RESTRIÇÕES DO ESPAÇO 300 cm
SR
66 cm
Recorte vinílico fosco de mesma cor da comunicação gráfica do piso e painel Contraste de cores de acordo com a NBR 9050 Ref.: xx
PI
PLANTA INFORMATIVA Folhas A4 destacáveis contendo informações gráficas como: planta e dispositivos Ref.: xx
SC
SUPORTE PARA O CATÁLOGO Suporte de apoio para o material impresso distribuído para os visitantes Estrutura em acrílico transparente
Esc: 1:25
Além do conteúdo gráfico (SR - Símbolos de Restrição) a proposta prevê a fixação de dois dispositivos na Parede Existente 01. São eles: um suporte contendo folhas destacáveis (PI - Plantas Informativas) com informações sobre o espaço e dispositivos da exposição; e o um suporte para colocar os materiais impressos e convencionalmente distribuídos pelas unidades do Sesc. Ambos os materiais de livre distribuição ao público foram instalados junto do conteúdo gráfico, no início do percurso que leva ao espaço expositivo. A inserção desses elementos nessa parede é, portanto, como um esclarecimento sobre as atividades desenvolvidas no espaço que sequencia tal percurso. 73
PAINEL_O3 PAINEL DE ABERTURA - Área Expositiva O título da exposição deverá ser feito em recorte de compensado paricá e= 1.5 cm. A fixação deverá ser feita com fita adesiva dupla face transferível transparente de alta resistência. Todas as letras recortadas deverão receber aplique de recorte vinílico em mesma cor das demais informações gráficas na face frontal. Fonte do título: ISOPEUR Sobre o título deverá ser projetado um híbrido de detalhe das obras dos artistas. Recomenda-se aparelhos projetores com qualidade acima de 2700 lumens indicado para ambientes claros. O texto de abertura da exposição deverá ser aplicado à h= 80 cm. Fonte: Brown, 80 pt. Recorte vinílico - preto fosco.
PAINEL DE ABERTURA - Área Expositiva O título
da exposição deverá ser feito em recorte de compensado paricá e= 1.5 cm. A fixação deverá ser feita com fita adesiva dupla face transferível transparente de alta resistência. Todas as letras recortadas deverão receber aplique de recorte vinílico em mesma cor das demais informações gráficas na face frontal. Fonte do título: ISOPEUR Sobre o título deverá ser projetado um híbrido de detalhe das obras dos artistas. Recomenda-se aparelhos projetores com qualidade acima de 2700 lumens indicado para ambientes claros. O texto de abertura da exposição deverá ser aplicado à h= 80 cm. Fonte: Brown, 80 pt. Recorte vinílico - preto fosco.
74
Vista frontal
Vista posterior
PAGINAÇÃO Esc.: 1:75
75
PAINEL_O4
PAINEL_O2
Medidas em metros.
Esc: 1:75
76
PAINEL_O5
Medidas em metros.
Esc: 1:75
77
PAINEL_O6 O Painel 06 é uma estrutura autoportante que é utilizado como uma divisória e barreira física no espaço expositivo, criando um novo ambiente na sala de exposição. Esse ambiente atende atenta à uma demanda institucional, já que a unidade do Sesc de Piracicaba dispõe de serviços de atendimento ao público agendade. Esse serviço é desenvolvido por uma equipe de arte educadores, que, de um modo geral, são estudantes universitários dos quais necessitam de um espaço para estudo, armazenamento dos objetos pessoais e dos materiais utilizados durante as visitas. Com base nisso, propusemos essa estrutura dual que hora é utilizada como parede expositiva, hora como mobiliário para uso da equipe, contendo nichos com portas de correr , prateleiras e uma mesa.
.39 .12
.75
.40
.40
.40
.40
.39
.12
VISTAS
POSTERIOR
78
s/ Escala Informe sobre espaรงo restrito aos educadores.
.07 m
.47
.83
e= 0.18m
.75
1.40
.18
2.70
137o
LATERAL ESQUERDA
FRONTAL
79
Esc.: 1:25
o
110
PLANTA BAIXA Esc.: 1:50
PAGINAÇÃO Esc.: 1:50
80
DET. XX Esc.: 1:5
CORTE AA Esc.: 1:50 DET. XX Esc.: 1:5
PAGINAÇÃO Esc.: 1:50
81
PAINEL_O7
Medidas em metros.
Esc: 1:75
82
Base_01
Material Madeira compensada paricá aparente. Lixada e envernizada com verniz à base d' água. e= 3cm, h= 30 cm Obras O_27 plano vetical, apoiada em base, sem cúpula O_18 plano vertical, fixada em parede, se cúpula O_23 plano horizontal, apoiada em base, com cúpula O_26 plano vertical, suspensa, com cúpula
PLANTA ALTA Esc.: 1:50
CORTE AA Esc.: 1:50
83
Base_02
Material Madeira compensada paricá aparente. Lixada e envernizada com verniz à base d' água. e= 3cm, h= 30 cm Obras O_20 plano horizontal, apoiada em base, com cúpula O_01 plano vertical, suspensa, sem cúpula
PLANTA ALTA Esc.: 1:50
84
Base_03
Material Madeira compensada paricá aparente. Lixada e envernizada com verniz à base d' água. e= 3cm, h= 55 cm Obras O_11 plano vetical, suspensa, com cúpula O_03 plano vetical, suspensa, com cúpula O_24 plano vetical, suspensa, com cúpula O_15 plano vetical, suspensa, com cúpula
PLANTA ALTA Esc.: 1:50
85
Base_04
Material Madeira compensada paricá aparente. Lixada e envernizada com verniz à base d' água. e= 3cm, h= 70 cm Obras O_06 plano horizontal, apoiada em base, com cúpula O_22 plano horizontal, apoiada em base, com cúpula O_14 plano vetical, apoiada em base, com cúpula
PLANTA ALTA Esc.: 1:50
86
Base_05
Material Madeira compensada paricá aparente. Lixada e envernizada com verniz à base d' água. e= 3cm, h= 90 cm Obras O_05 plano vetical, suspensa, com cúpula O_29 plano vetical, suspensa, com cúpula O_04 plano horizontal, apoiada em base, com cúpula O_19 plano vetical, apoiada em base, sem cúpula
PLANTA ALTA Esc.: 1:50
87
CÚPULA SUSPENSA m
18
cm
61 cm
5c
10cm
O_11 61 x 18 x 5 cm
10cm
27 cm
Esc: 1:25
80 cm
3 cm
=
80 cm
+
3 cm
39 cm
39 cm
Esc: 1:25
88
26 cm
Cabo de aço
Presilha conectora
As cúpulas suspensas serão de acrílico (e= 0.5 cm). Cada uma delas possui uma dimensão específica que, proposta de acordo com a dimensão de cada obra, resultam em conjuntos únicos dispostas em diferentes alturas. Acrílico translúcido - cúpula (e= 5 mm)
Cada uma delas terá um sistema individual de conexão com a estrutura presa à cobertura. Cada uma delas terá também, um sistema individual de iluminação conectado e alimentado por uma rede elétrica geral.
Esc: 1:1
Cabo de aço Presilha conectora com rosca Parafuso de soldadura Chapa de aço Placa de alumínio de LED Acrílico leitoso - difusor Parafuso de fixação do tampo Acrílico - cúpula Esc: 1:1
89
LEGENDAS As legendas como instrumento de comunicação e sinalização visual, seguem orientações gerais de acordo com a NBR 9050. Para seleção do material, textura, bem como as técnicas de execussão desse recurso, consideramos os potenciais de contraste apresentado entre a madeira e a cor dos textos nela aplicada. Essa orientação atende aos parâmetros de legibilidade para pessoas com baixa visão de acordo com a mesma norma.
Legendas 11 x 8 cm Todas as legendas deverão ser feitas em compensado paricá (e= 4 mm) lixado e envernizado com verniz à base d' água Impressão em madeira - cor preta Texto Fonte: Brown, 12 pt
Arthur Bispo do Rosário Bandeira de sinalização/ tempo instavel, s/ data Tecido algodão, tecido sintético, madeira, linha, plástico e metal Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
O_09 Esc: 1:2
90
As dimensões das legendas foram estipuladas de acordo com a capacidade Máxima (O_21) e Mínima (O_09) de caracteres do conteúdo.
Arthur Bispo do Rosário Capa de Exú, s/data Tecido, metal, linha e madeira Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
O_02
Arthur Bispo do Rosário Uma Obra Tão Importante que Levou 1986 Anos para ser escrita..., s/ data Tecido, metal, linha e madeira Coleção Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
O_21 Esc: 1:2
11 cm 1 cm
9 cm
PAINEL 06
8 cm
1 cm
TEXTO
1 cm
8 cm
10 cm
Esc.: 1:5
As legendas deverão ser fixadas à 90 cm, com espaçamento de 1 cm entre si, distando 10 cm da obra que se refere. A fixação deverá ser feita com fita adesiva dupla face transferível transparente de alta resistência. s/ Escala
91
DISPOSITIVO DE PROJEÇÃO A proposta prevê a inserção de cinco dispositivos como esse ao longo dos espaços de intervenção, sendo dois deles locados na sala de exposição e os damais no hall de entrada da unidade, em frente do painel 01. Os dispositivos inseridos na área de exposição, localizam-se na pariferia da sala, próximos do espaço do educativo. A locação deles nesse setor recluso, de relativa distância das obras de arte se deve à necessidade de distinguir as áreas de interação, criando setores específicos. Por esse motivo também, os materiais utilizados para a fabricação desse mobiliário junto das aplicações de comunicação gráfica fazem dos dispositivos um suporte que se difere das demais estruturas suspensas.
Os dispositivos de projeção são estrutuas suspensas aptas à projeção de vídeos dos artistas. Apresentam duas medidas : .80 x .80 e 1.6 x 1.6 m A estrutura deve ser presa junto dos pontos estruturais presos à cobertura A projeção deve ser feita em uma das faces, priorizando oposição às fachadas iluminadas
+
Junto dos dispositivos propomos a inclusão de aparelhos de fone Todos os dispositivos audiovisuais devem ser ligados à rede elética geral existente
92
.90 m .80 m 1.30 m
3m Cabo de aço Presilha conectora com rosca Parafuso de soldadura Perfil metálico Parafuso de fixação da estrutura de suspensão Esc: 1:1
93
BANCO VISTAS: 80o
Esc: 1:25
RV
FRONTAL
POSTERIOR
LATERAL DIREITA
Recorte vinílico fosco de mesma cor da comunicação gráfica do piso e painel
40
+ CP
PLANTA ALTA
=
Banco em maderira compensada paricá e= 3cm
94
cm
40
cm
50 cm
LATERAL ESQUERDA
26 cm
5
40 cm
50 cm
RV 36 cm
1 placa = 4 bancos 160 cm
40 cm
70 cm
40 cm
80 cm
40 cm
250 cm
CP
Esc: 1:25
Fixação com cavilhas de madeira e cola para madeira. Serão utilizadas cavilhas de duas dimensões: 5 x 30 mm 10 x 40 mm
95
Esc: 1:50
considerações finais Na busca por explorar os campos multidisciplinares que envolvem as atividades expográficas como via de atuação dos profissionais formados em Arquitetura e Urbanismo, esta pesquisa se valeu desde estudos teóricos até a sensível aproximação com a prática por meio de levantamentos empíricos e entrevistas realizadas no decorrer deste trabalho. Estas tomadas de ação trouxeram-nos até o fim desta pesquisa com um olhar mais crítico, técnico e curioso sobre os envolvimentos que circunscrevem a arquitetura da arte, resultando, enfim, na unidade espacial de cada projeto expográfico. Como resultado de todo esse estudo, nos empenhamos na construção de partidos arquitetônicos que traduzissem para a proposta do projeto expográfico ora desenvolvido todo o escopo alimentado pelos estudos de caso, referências e considerações vertidas pelos olhares pedagógicos de uma arte educadora e estudante de arquitetura e urbanismo. Assim, procuramos amalgamar todas essas competências e transpor à nossa proposta a conformação de um espaço expositivo didático, comunicativo e acessível que, atentas às reais demandas do espaço existente, procuraram evidenciar o partido curatorial proposto. Ainda que a elaboração deste projeto se empenhasse em traduzir as reais demandas de todo o conjunto interdisciplinar que envolve a produção de um projeto expográfico, nos deparamos com uma série de dificuldades que nos distancia das reais condições de atuação do profissional nesse campo. Talvez a mais evidente tenha sido a ausência de diálogos entre instituição e curador, a fim de aproximar o desenvolvimento do projeto de toda a cadeia de profissionais envolvida na proposta. Esse fato se deve, fundamentalmente, às limitações intrínsecas ao processo individual de desenvolvimento desta proposta, tal qual se presume um Trabalho Final de Graduação no Curso de Arquitetura e Urbanismo.
96
Assim, ainda que o percurso tomado pelo presente projeto expográfico, em alguma medida, seja distinto das metodologias e procedimentos que apontamos ao longo do trabalho como adequados e pertinentes ao desenvolvimento de uma proposta com este escopo, julgamos que as decisões tomadas para contornar essas limitações permitiram um adequado desenvolvimento da proposta. Desse modo, as próprias limitações interpostas pela natureza do TFG nos conduziram a soluções que, longe de configurarem barreiras intransponíveis, serviram para compreender a dimensão da importância da interdisciplinaridade nesse campo de atuação.
97
referências Arthur Bispo do Rosário e Leonilson: Os penélope, SESC ,Jundiaí, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Abnt nbr 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. CASTILLO, Sonia Saceledo Del. Cenário da Arquitetura da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 347 p. CURY, Marília Xavier. Exposição: Concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2006. RESENDE, Ricardo. Mundos particulares. Produção: Arte1. <Http://arte1.band.uol.com.br/mundos-particulares/>: Arte 1, 2012.
Disponível
SOLANO, Nelson. Iluminação de museus: critérios para o uso da luz natural e artificial. s.d. Truth Fiction . São Paulo, Pinacoteca do Estado, 2014.
98
em:
anexos ANEXO I - Texto curatorial da exposição "Arthur Bispo do Rosário e Leonilson: Os penélope".
Arthur Bispo do Rosário e Leonilson (Os) Penélope Louise Bourgeois escreveu no prefácio do livro Arthur Bispo do Rosário que sua mãe era tapeceira e restauradora e, por isso, ela cresceu em volta da magia da agulha e da linha. Dela Louise herdou a ideia de reparação como uma parte da sua arte. Sua costura seria uma anotação simbólica contra o medo de ser separada e abandonada. O que une Bispo do Rosário a Leonilson? O que une Leonilson a Bispo do Rosário? Bispo não conheceu a obra de Leonilson. Leonilson conheceu a obra de Bispo. Bispo viveu uma vida reclusa na Colônia Juliano Moreira, um manicômio no Rio de Janeiro. Leonilson fez muitas viagens mundo afora a partir de São Paulo. A viagem de Bispo pelo mundo foi dentro de sua própria cela, no manicômio. A de Leonilson foi o desejo de abraçar o mundo. Ambos queriam organizar o caos que encontraram em sua passagem pela Terra. O que une os dois artistas é esse mesmo desejo de estar no mundo. O desejo de fazer, desfazer, desfazer, refazer, como o gesto sem fim de Penélope, a esposa de Ulisses que passou a vida esperando pela volta do marido da Guerra de Troia. Costurava uma veste durante o dia e desfazia o que tinha feito à noite. Era sua forma de alongar o tempo, pacientemente, fazendo e desfazendo, fazendo e desfazendo, por anos. Como disse o crítico de arte Paulo Herkenholf, “quem conhece desorganiza. Quem desorganiza rearranja” . E também repara. Desfazer e refazer, é reparar Dois artistas. O artista Arthur Bispo do Rosário, sergipano de Japaratuba, nasceu em 1911 e foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide em 25 de janeiro de 1939. 99
Bispo, como ficou conhecido, foi internado por 35 anos. Passou por três hospitais no Rio de Janeiro até que foi levado para o pavilhão 11 do Núcleo Ulisses Viana, da Colônia Juliano Moreira, e por lá permaneceu. Foram 50 anos de sua vida em internações, entre saídas e retornos, até que um dia pediu para não mais sair. Na sua última e definitiva internação, Bispo do Rosário utilizou o espaço da instituição como ateliê, onde criou a maior parte dos 804 trabalhos listados e tombados em 1992 pelo INEPAC. Órgão de Preservação de Patrimônio do Rio de Janeiro. Bispo já criava sua obra fora da colônia. Desenvolvia habilidades de artesão. Não fazia arte, dizia. Mas tinha informação do que acontecia no mundo daqui de fora e do que carregava em sua memória dos 15 anos vividos no interior do Sergipe, onde ingressou na Marinha que o levou para o Rio de Janeiro. Sergipe é terra de tradição cultural, dos bordados, da cantoria religiosa dos Reisados e das Cheganças, da religiosidade católica que se mistura com o místico, com as crenças, as religiões de matriz africana como o Candomblé, a Umbanda e o Nagô. É porto dos barcos de pesca decorados com bandeirinhas, em Pirambu. Dos negros que ainda vivem nos quilombos de Japaratuba. Da gente sergipana simples. O artista lia os jornais e as revistas enquanto estava internado. Lia a Bíblia. Menciona em seus trabalhos os acontecimentos importantes do país à sua época. Ouvia vozes. Vozes que falavam através dele e para ele. “A arte de Bispo do Rosário tem a missão regeneradora, enquanto ‘ante-destino’, e tem início em 1967, quando ele é ‘arrancado’ da sua escuridão pela claridade de uma voz que o avisara ter chegado a hora de iniciar a tarefa de representar todo o existente na Terra. Teve início, então, uma corrida contra o tempo”, diz Frederico Morais no livro Arthur Bispo do Rosário: arte além da loucura. No livro Arthur Bispo do Rosario, o Dr. Ricardo Aquino, diretor e psicanalista que dirigiu o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, ao citar um trecho do livro História da loucura, de Foucault, diz que “ali onde há obra não há loucura”, para justificar o seu comentário de que quando o sujeito está arrebatado pela tendência à loucura ele não consegue criar; ao passo que, quando ele cria, afirma o seu devir artista e se constitui nesse processo numa direção, alavancado pela tendência de afirmação diferenciada do élan vital, a arte.
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O outro artista. José Leonilson, ou simplesmente Léo ou Leó, dependendo do grau de familiaridade daqueles que conviveram com o artista, nasceu em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, em 1957, e mudou-se para São Paulo ainda pequeno. Logo cedo começou a demonstrar interesse pela arte. Passou pela escola Panamericana de Arte e depois entrou no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), dele saindo sem terminá-lo, para se tornar um dos grandes expoentes da arte contemporânea brasileira. A sua pintura, de cores fortes e combinações inusitadas, no início destacou-se pelo figurativismo pop, cheio de humor e jovialidade. Marca de um grupo de artistas que sobressaiu na primeira metade dos anos 1980. Mas é no início da década de 90 que o artista se firma como um dos destaques do panorama cultural brasileiro, com uma obra contundente, que expunha os dramas e as angústias do homem contemporâneo por meio de uma produção autobiográfica. Leonilson trazia nas cores e nos traços delicados dos desenhos, e na fragilidade dos bordados sobre tecido, como o voile, uma nova temporalidade para sua obra. O bordado de linhas toscas que aprendeu com a mãe e as irmãs em um ateliê de costura doméstico deu corpo às palavras ou aos textos que narram a sua “viagem pelo mundo”. O bordado e a palavra tornaram-se a sua marca expressiva, guardando extreita relação com a obra de Arthur Bispo do Rosário. O artista faleceu jovem, em São Paulo, em 1993, deixando uma obra autêntica, que buscou incansavelmente a intensidade de uma poética individual. Penélope, Louise Bourgeois, Bispo do Rosário e Leonilson, cada um à sua maneira, construíram sua obra tecendo, tecendo, tecendo. Descosturando para costurar, costurando para reparar. Desorganizando para reorganizar, descobrindo para cobrir, desfiando para tecer, tecendo para esperar o tempo passar. Tecer dava leveza para esse tempo que tinha de passar, encurtar ou alargar. Preencher o tempo, como desejava Penélope. Penélope, Arthur Bispo do Rosário e Leonilson teceram o tempo. Um desfiou e fez seu próprio novelo para bordar para si mesmo sem sair ao mundo. O seu mundo físico era pequeno, era uma cela. O outro fez o seu grande, como o globo terrestre. Ambos costuravam, teciam e bordavam para sair pelo mundo. Ambos criaram sua respectiva obra artística original, sem parâmetros. 101
Uma foi mantida no seu conjunto, guardada por muitos anos. Ficou enclausurada junto do seu dono e, por isso, permaneceu íntegra e pura. A outra nasceu solta, sofreu influências e se espalhou por todos os cantos. Ambas são puras ao testemunhar um mundo de ambiguidades. “Pense diferente”. “Isto é para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os encrenqueiros. Os pinos redondos em buracos quadrados...” “... e, enquanto alguns os julgam loucos, nós os julgamos gênios. Porque as pessoas que não são suficientemente loucas para achar que podem mudar o mundo... são as que o mudam.” O comportamento e a maneira de relacionar-se no mundo são uma forma artística. O que vemos na obra de Bispo do Rosário e Leonilson é a própria vida. Artistas que questionam as regras, as normas, a normalidade e a acomodação artísticas de maneira consciente e inconscientemente. São obras que nos convencem da arte que inventa, que toca e que transforma. São duas obras originais que, juntas, evidenciam sua confluência no uso comum e complementar da palavra sobre a imagem. E, juntas, se fortalecem pela costura, pelo bordado e pelo uso intenso da palavra. É evidente como a contundência visual da obra de Bispo influenciou a de Leonilson na sua simplicidade e na maneira singela de tratar os tecidos, a costura, e dar forma à palavra. Como bem pontuou a crítica de arte e curadora Lisette Lagnado no livro Leonilson: são tantas as verdades, Leonilson viu a obra de Bispo do Rosário pela primeira vez em 1990, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), mas já tinha a propensão de usar o tecido, o bordado, a linha, o fio de cobre e a agulha em sua obra. Ainda assim, cabe colocar a pergunta: o que mudou na obra de Leonilson depois de ele deparar com a de Bispo? O que as obras trazem em comum sobre o medo de perder o contato? No ponto de bordado é que eles conseguiram tecer tão bem o convite ao expressivo mundo da liturgia da palavra, do divino. É na lapidação dessas palavras bordadas sobre tecidos rotos, frágeis, transparentes, esgarçados que eles conformam o processo de se achar e se perder no caos dos sentidos, na significância das palavras escritas, desenhadas ou bordadas. A palavra toma forma, toma corpo, adquire sentido visual, faz-se a imagem e prende Leonilson ao mundo, depois de Bispo do Rosário, mantendo-o em contato com a vida. As obras de Arthur Bispo do Rosário e Leonilson são repletas de índices taxonômicos: de listas, de números, de coleções, de símbolos, de repetições, de devaneios e de desejos de prender-se ao mundo. 102
Os seus legados constituem-se de um grande arquivo, impregnado de memória viva, de classificações, de vida e de transposições. Esses arquivos de referências pessoais são compostos de materiais recolhidos do cotidiano. No caso de Bispo do Rosário, é tudo aquilo que caía nas suas mãos. Tudo o que encontrava e trocava com os internos da Colônia Juliano Moreira, como ele. Trocavam calçados, canecas, talheres, roupas, botões e materiais descartados, como papelão e as matérias plásticas.. Leonilson também juntava, como Bispo do Rosário, brinquedos, tecidos, botões, artesanato e até tíquetes de viagem, entradas de cinema, matérias de jornais e revistas com informações pessoais, de amigos ou de sua obra. Juntava programação das exposições, de fotos, de contas, endereços, telefones, cartões de visita e relatos de viagem. Ambos levaram para sua obra uma refinada escrita poética. Bispo escreveu em um estandarte: “Eu preciso dessas palavras escrita”, resumindo a sua necessidade e a sua maneira de relatar o mundo à sua volta. A inevitabilidade de escrever para se prender a si. Listar, listar, listar. Bispo passou anos listando nomes, funções e coisas. Leonilson passou anos listando acontecimentos, fenômenos, lugares, coisas e sentimentos. A presença do caráter colecionista em suas personalidades e trabalhos evidencia-se no acúmulo de coisas que formam o conjunto de signos recorrentes utilizados em suas obras. Números, nomes, navios, escadas. Ao costurarem todos os pontos do bordado e unirem os tecidos, fizeram encontrar a vida, o secreto, o particular e o romântico. Da cela de Bispo do Rosário e das viagens de Leonilson é que migraram de forma fluente e poética o cotidiano dos dois artistas para suas produções. Nesse processo de catalogação ou arquivamento do eu, o ‘’mundo’’ foi uma das metáforas mais utilizadas, assim como a geografia unida à topologia do corpo (mapas, globos, rios, caminhos, trajetos, artérias, vias, órgãos, cidades, ruas), que, juntas, constituem uma espécie de cartografia da existência. Dentro dessa investigação taxonômica do mundo, a palavra foi um dos agentes processuais mais legítimos – e por meio dela foi composto um inventário regido pela observação, pela identificação e pela classificação. A inspiração para o uso da palavra e do texto vinha da literatura e da poesia, em Leonilson. Chegou um determinado momento em que Leonilson simplesmente deixou de fazer suas anotações e poesias em cadernos para inscrevê-las diretamente em seus trabalhos plásticos. É aqui talvez que ele tenha agido sob a influência de Arthur Bispo do Rosário. A dor da existência está no fio que conduz e tece a vida. Está nos fios das obras de Bispo do Rosário e Leonilson. 103
A palavra, em ambos, entra como afirmação da forma visual, dos sentidos sem forma, dos sentimentos sem destino. Nasce da necessidade de criar e de comunicar. A palavra, em ambos, constrói a imagem do mundo. Ricardo Resende Curador Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea Projeto Leonilson
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