ebook Gustave Doré

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GUSTAVE DORÉ



bianca falcĂŁo marina voigt



SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA

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FRANCÊS, AMERICANO E BRITÂNICO

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EDIÇÃO ESPECIAL DA ÓPERA GRAPHICA

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ALÉM DE DOM QUIXOTE

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PINTURAS

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BÍBLIA E DANTE

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FIM DE CARREIRA

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O DOM QUIXOTE DE DORÉ

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Reconhecimento

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Estudo

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Análise

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Comparação

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VÍDEO

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REFERÊNCIAS

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SUMARIO

AUTOR

OBRAS

DOM QUIXOTE


BIBLIOGRAFIA Paul Gustave Louis Christophe Doré é o nome completo do artista francês Gustave Doré, nasceu em Strasbourg, no nordeste da França, no dia 6 de janeiro de 1832 e faleceu em Paris no ano de 1883, de ataque cardíaco, com apenas 51 anos de idade. Seu pai era engenheiro e foi convidado a ir a Bourgen-Bresse coordenar a construção de uma ponte. Levou junto sua família e matriculou o pequeno Gustave na escola local, onde ele logo cedo chama a atenção pelos seus desenhos e caricaturas. Quando tinha 12 anos, um gráfico local resolveu publicar suas primeiras litografias com o tema “Os Trabalhos de Hércules”. Em seguida, foi orientado a ir para Paris. A partir de 1847 ele começa a estudar no Liceu Carlos Magno. Ao mesmo tempo em que frequentava o colégio, Doré também fazia caricaturas para o “Jornal para rir” , um folhetim satírico que nasceu após a Revolução de 1848. Gustave Doré satirizava a todos e a tudo, desde os políticos, a burguesia e aos próprios artistas. Como ilustrador, ele aceitou o desafio de ilustrar nada mais nada menos do que estes grandes autores: Dante Alighieri, Rabelait, Perrault, Miguel de Cervantes, Milton, Shakespeare, Victor Hugo, Balzac, Edgar Allan Poe… Por causa de sua prolífica carreira de ilustrador, Doré tem sido a referência até os dias de hoje não só para ilustradores, mas também para as diversas gerações de artistas dos Quadrinhos.



FRANCÊS, AMERICANO E BRITÂNICO Apesar de ter sido um profícuo ilustrador na França, também produziu seus trabalhos nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Gustave Doré viria a produzir ilustrações para o Quixote, porém, não foi o primeiro francês a produzir imagens sobre clássico cervantino, pois Honoré Daumier “produziu um extenso conjunto de pinturas e desenhos que foi exibido no Salon de Paris em 1850” (LYONS, 2011, p. 89). Gustave Doré só viria a produzir outra coleção de desenhos do Quixote treze anos depois, em 1863. Seu trabalho de ilustração do Quixote, porém, tornou-se uma das mais marcantes representações dos personagens de Cervantes.

EDIÇãO ESPECIAL DA óPERA GRAPHICA De fato, mais ainda do que o texto, as imagens da dupla criada pelo espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) se tornaram símbolos universais. E um dos maiores responsáveis pelo feito é o gravurista francês Gustave Doré (1833-1883), autor de 375 ilustrações para a obra de Cervantes, reunidas em livro lançado pela Opera Graphica Editora, com organização de Gonçalo Junior. Ainda que o cavaleiro tenha sido retratado mais tarde por pintores mais renomados -como Cézanne, Picasso, Dalí e mesmo pelo brasileiro Portinari-, as ilustrações de Doré criaram a base iconográfica que marcaria a obra de Cervantes. É impressionante a qualidade que Doré consegue imprimir aos desenhos tendo se valido de um modelo de reprodução ancestral como a gravura -que consiste em formar, por meio de talhos em madeira (no caso do francês), imagens que são impressas em papel. Parte do sucesso também deve ser creditado a seus gravadores (como Pisan, cuja assinatura pode ser vista nas ilustrações). Os desenhos em preto-e-branco, com notável domínio da luz, estão à altura de figurar na obra que foi eleita por uma comissão internacional de escritores o melhor romance de todos os tempos.



ALÉM DE DOM QUIXOTE Ele também gostava muito de viajar pela Europa, especialmente para a Espanha e Londres. Na capital do império britânico que na época era a cidade mais rica do mundo ocidental, ele também se volta para a periferia da cidade, onde habitavam aquelas pessoas que viviam sob a mais completa pobreza. Ele fez uma série de desenhos intitulada “Londres: uma peregrinação”, publicada em livro após a guerra de 1870. Nessa série, Doré mostra as contradições de uma cidade próspera da era vitoriana, em que o luxo agredia os miseráveis, e a arquitetura parecia esmagar as pessoas. Lugar de residência da alta sociedade e da aristocracia inglesa, Londres também era o lugar dos pobres que viviam em seus pequenos cubículos, famintos e mal vestidos.Na Espanha, atrás da terra de Dom Quixote, Gustave Doré foi procurar viver suas aventuras, buscando registrar como viviam desde dançarinos até os contrabandistas, mendigos e músicos. Doré tinha aprendizes que faziam seus trabalhos sob sua orientação, como em ‘Rime of the Ancient Mariner’ em que ele trabalhou com alguns gravadores tantas vezes que ele fazia o rascunho diretamente em grandes blocos de madeira e os gravadores completavam o trabalho, ele não assinava seu trabalho até ter aprovado o resultado final. Por tudo isso Gustave Doré também é considerado um dos grandes cronistas dos anos 1840-1880. Ele expõe as condições sociais em que viviam seus contemporâneos. Uma gravura, como “A prisão de Newgate”, que foi copiada por Van Gogh, é o retrato mais sombrio de como era a vida prisional na época. A guerra de 1870 foi para ele também tema para um grande número de telas. Como exemplo, a tela “O Enigma”, de 1871, que se encontra no Museu d’Orsay. Pintada no calor da guerra franco-prussiana, ela é testemunha dos momentos sombrios em que viviam os franceses.


PINTURAS Doré foi também pintor. Suas telas com temas religiosos parecem apresentar seu próprio catecismo. Também se dedicou à pintura histórica, sempre com seu modo pessoal de ver as coisas, que oscilava entre o olhar romântico e o simbolismo que impregnava sua alma. Mais tarde na vida, ele se dedicou também a pintar paisagens.

BIBLIA E DANTE Produziu encomendas para ilustrar uma versão da Bíblia Inglesa, que se tornou muito popular, permitindo a fundação de sua própria galeria, a Galeria Doré. Por seu trabalho em O Inferno de Dante, foi condecorado com a Cruz da Legião de Honra, no final de sua vida, porém, começou a receber críticas negativas, raramente completava seus trabalhos com cor, o que levou a especulação de que era daltónico, e seu trabalho negativo sobre isto tornou difícil de suas obras serem expostas.

FIM DE CARREIRA Doré possuia uma paixão pela música, tocava o violino habilmente, dizia-se que se ele não conseguisse trabalhos com seu lápis, conseguiria uma brilhante reputação como músico. Ele nunca casou, tendo uma vida tranquila com sua mãe, sendo casado com seu trabalho. Depois dos 45 anos, ele se voltou também para a escultura, de forma autodidata. Sempre demonstrando uma certa característica teatral, que inclusive lhe rende o reconhecimento de ter sido um dos precursores do cinema. Ele produziu mais de 100 000 sketches em sua vida, e viveu até os 50 anos, com em média 6 sketches por dia para cada dia que viveu.Até sua morte, ganhou cerca de $2 milhões, vivendo uma vida confortável. Mesmo não tendo treinamento, ser autodidata, que nunca usou um modelo vivo, e que não conseguia desenhar com referência, seu trabalho é considerado um dos mais importantes na arte da gravura mundial.



O DOM QUIXOTE DE DORÉ


RECONHECIMENTO Em uma rara edição da Bauman Rare Books de 1868 do Don Quixote de Miguel de Cervantes encontramos a seguinte citação “em cada casa inglesa onde conseguem soletrar ‘arte’ você encontrara edições de Doré.” É estranho que as casas deveriam ser inglesas sendo que as ilustações de Doré foram encomendadas em 1860 pela França, mas a citação demonstra a grande popularidade do Dom Quixote de Doré, primeiramente ele planejou 40 designs,mas o livro de Cervantes capturou tanto sua imaginação que extendeu para 200 ilustrações. Os editores da Bibliokept possui um site separado para postar todas as ilustrações do Don Quixote de Doré,Projeto Gutenberg um texto completo de Don Quixote com as ilustrações escaneadas e a Universidade de Buffalo uma extensa coleção digital de suas ilustrações. É importante ressaltar que nenhum outro artista imprimiu sua marca em um personagem literário como Doré ao Dom Quixote. Embora separado por séculos, houve uma junção, no imaginário popular, da figura desenhada no século dezenove com a obra de Cervantes. (LINARDI, 2007, p. 358)

ESTUDO Gustave Doré viveu no período do auge do Realismo francês, porém atendia as expectativas da burguesia que cultuava a estética romântica. Seu objetivo com suas ilustrações era documentar com precisão “a quase totalidade de informações que a obra literária fornece” (LINARDI, 2007, p. 358). Além disso, conseguia “imprimir uma atmosfera quase sobrenatural por meio de jogos fascinantes de luz e de sombra” (p. 358). Doré estava preparado profissionalmente e emocionalmente para Dom Quixote, ele viajou pela Espanha preparando um trabalho anterior, iluminando o século 17 com o 19 nos cenários que recordava.Ele também era um estudante da arquitetura e vestimentas da Renascença, dando mais autenticidade ao seu trabalho. Doré atingiu um efeito fantasmagórico em panorâmicas de paisagens e mares, cuidadosamente gravadas por um dos melhores de seu estúdio, H. Pisano.


ANÁLISE Esse ilustrador estava acordado com a tradição da ilustração de sua época, que “estabelecia um paralelismo semântico e estrutural entre imagem e texto” (LINARDI, 2007, p. 358). O texto literário, portanto, deveria ser recontado de maneira quase que fiel através das imagens: “Como o artista almejava realizar uma síntese da obra em imagens, da maneira como ele a ilustrou podemos fazer uma leitura somente através delas, como se fossem parte de um story-board que antecipa a filmagem de uma sequência cinematográfica” (p. 358). Essa escolha por uma ilustração mais realista pode ser percebida em algumas ilustrações que representariam as imaginações de d. Quixote. Doré estava tão preocupado em representar fielmente o texto através de suas gravuras que representou os moinhos de vento não como gigantes, como o d. Quixote os vê, mas pelo o que de fato são: “Doré tratou Dom Quixote como personagem real, nos deu seu retrato e documentou suas aventuras” (LINARDI, 2007, p. 360). Por sua filiação romântica, Doré também evitou representar o d. Quixote de forma cômica ou burlesca. Preferiu dar-lhe um tom elegante. Retrata essa personagem como um herói romântico, de maneira idealista. O grotesco, no sentido satírico, aparece principalmente nas representações do escudeiro Sancho Pança. Percebemos, também, que o camponês não recebe muito destaque nas ilustrações de Doré, aparecendo muitas vezes de cabeça baixa ou de costas nas ilustrações. Compreendemos, assim, que as ilustrações de Doré podem ser consideradas um tipo de orientação de leitura do texto literário, visto que o objetivo do ilustrador parece ser o de representar um d. Quixote heroico, idealizado, diferente da representação feita por Cervantes, pois “no texto de Cervantes, o que é grotesco vem exatamente das situações em que a grandeza e a dignidade são anuladas: o heroico cavaleiro é, na verdade, um pobre desdentado” (LINARDI, 2007, p. 359). Ao contrário disso, Doré irá suprimir esse lado grotesco do d. Quixote, e representa-o somente como um herói. As ilustrações, portanto, estão em concordância com uma visão romântica oitocentista de d. Quixote, e orientam o leitor a compreender a personagem de forma idealizada.


COMPARAÇAO Essa visão idealizada é perceptível na figura 1 em que vemos d. Quixote armado cavaleiro, montado em um belo cavalo com todo donaire e elegância. Está no Campo de Montiel a caminho de sua primeira aventura como cavaleiro andante, quando parte para se armar cavaleiro, conforme ordenava a lei da cavalaria. No fundo do quadro, podemos perceber as imagens de outros cavaleiros e heróis em uma espécie de nuvem, que pode ser compreendida como o desejo de d. Quixote de se assemelhar a essas figuras lendárias. É importante notar que Doré representa d. Quixote com elegância e fielmente armado. Porém, o próprio Cervantes relata que d. Quixote, na verdade, era um indivíduo mal composto que causou riso ao chegar à estalagem, pois estava vestido de maneira desajustada. O estalajadeiro, ao ver d. Quixote, percebe-o como “figura malconformada, armada de armas tão desiguais como eram arreios de bridão, lança, adarga e corselete” (CERVANTES, 2002, p. 70). Encontramos também a figura 2, representativa do episódio dos moinhos de vento. Percebemos, nessa ilustração, como Doré pretendeu descrever fielmente através da imagem o que vinha descrito no texto: (...) encomendando-se de todo coração à sua senhora Dulcineia, pedindo-lhe que em tal transe o socorresse, bem coberto da sua rodela, com a lança enristada, arremeteu a todo o galope de Rocinante e investiu contra o primeiro moinho que tinha diante e, ao lhe acertar a lançada numa asa, empurrou-a o vento com tanta fúria que fez a lança em pedaços, levando consigo cavalo e cavaleiro, que foi rodando pelo campo muito estropiado. (CERVANTES, 2002, p. 122) É possível, assim, ler toda a cena do enfrentamento dos moinhos de vento através da ilustração. Notamos que Doré não se interessou em representar os moinhos de vento tal como d. Quixote os imaginou, ou seja, como gigantes, mas de maneira realista e descritiva.



VÍDEO “Gustave Doré. L’imaginaire au pouvoir” é um vídeo criado pelo Museu d’Orsay em 2014, o vídeo mostra a vida de Gustave Doré, numa composição de colagens de desenhos e fotografias, criando um stop-motion.



REFERÊNCIAS http://store.doverpublications.com/0486243001.html#sthash.NJsJwzR1.dpuf http://www.openculture.com/2013/12/gustave-dores-definitive-engravings-of-don-quixote.html http://www.artpassions.net/dore/dore.html http://store.doverpublications.com/0486243001.html https://www.wikiart.org/en/gustave-dore http://www.gutenberg.org/files/8710/8710-h/8710-h.htm https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q&esrc=s&source=web&cd=4&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjgmNSsvYzQAhUJh5AKHf6iACIQFggxMAM&url=http%3A%2F%2Fwww.uniandrade. br%2Frevistauniandrade%2Findex.php%2FScriptaAlumni%2Farticle%2Fdownload%2F232%2F173&usg=AFQjCNHdxcugQ9EgA2ZjEGdsEvakgKXZFg&sig2=iLinECGULcVi7XwOAjrI-w http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1401200619.htm http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=5778&id_coluna=74


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