I Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – campus Poços de Caldas I Arquitetura em Madeira I Prof. João Marcelo Danza Gandini
PESQUISA EDIFICAÇÕES EM MADEIRA
Ana Julia de Paiva Barra 631163 I Beatriz Amaral Brito 631165 Bianca Gonzaga Rodrigues 611013 I Elisa de Almeida 631166 Lucila Almeida Souza 634813
04 CASA BARONEZA I CANDIDA TABET
10 EDIFÍCIO COMERCIAL TAMEDIA I SHIGERU BAN ARCHITECTS
18 EDIFÍCIO ESCOLA DE ARQUITETURA UC I GONZALO CLARO
27 CONSIDERAÇÕES FINAIS E REFERÊNCIAS
CASA NO QUINTA DA BARONEZA Candida Tabet Arquitetura
A
edificação JSB, se encontra em Bragança Paulista no estado de São Paulo, Brasil. O lote está no interior, em um terreno que contém 35 hectares, que tem vista para a reserva da Mata Atlântica. A casa é destinada ao uso unifamiliar, o anseio da família é que esta fosse uma residência para uso aos finais de semana, que conseguisse abrigar um casal jovem junto aos seus três filhos (ARCHDAILY, 2015). Desta forma a residência é composta por dois pavimentos, onde no primeiro piso se encontram as partes sociais comuns, sala de jantar, sala de jogos, salão, piscina, churrasqueira, cozinha, além de duas suítes. Já a parte superior, abriga quatro suítes amplas, um mezanino e o terraço. Observa-se que a distribuição dos cômodos foi possível a partir do volume retangular desenvolvido, os blocos são estruturas independentes, cada qual com sua cobertura, não sendo identificados de início, mas ligadas por um corredor em U, que dá a muitas aberturas e horizontes únicos.
O partido arquitetônico surge a partir da situação do terreno, muito alto e com bastante desnível, próximo a uma área preservada. Além disso, a vista para a paisagem era voltada para a fachada norte, com isso, a arquiteta pensou na proteção solar por meio do brise soleil, o qual reveste toda a fachada. Segundo Tabet (2011) “Criei um projeto alinhado entre a situação do terreno – voltado para o Norte – e a arquitetura. Tínhamos como problema a forte insolação, então toda a casa foi projetada com brises que atenuam o calor e preservam a vista.” A composição volumétrica é caracterizada por grandes planos horizontais que se projetam da vertical, permitindo que a luz e o ar fluam por essas lacunas. Abrem-se vãos para a circulação de ar abundante, acentuando os volumes, criando “câmaras” entre telhados e blocos alternados, gerando lançamentos repetidos. O resultado é uma casa perfeitamente ventilada e agradável por dentro e por fora durante todo o ano (TABET, 2011).
Figura 1: Pespectiva lateral Casa da Baroneza. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
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Edificações em Madeira I
Arquiteta Candida Tabet. Fonte: Anual Design, 2013.
I FICHA TÉCNICA: PROJETO: Residencial em Condomínio Fechado Quinta da Baroneza ARQUITETA: Candida Tabet Arquitetura LOCAL: Bragança Paulista - SP, Brasil.
Figura 2: Imagem da fachada norte Casa da Baroneza. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
EQUIPE DO PROJETO: Candida Tabet (titular); Carolina Ferreira da Mata (arquiteta); Gabriel Faria de Paula (arquiteto); Luana Moreira (estagiária). FABRICANTES: Ita Construtora, Jatobá, Plancus, Ro Construção, Viametal ENGENHARIA ESTRUTURAL: Eduardo Duprat ESTRUTURA DE MADEIRA: Ita Engenharia – Helio Olga CONSTRUTORA: Bianchi Construções Kross Engenharia ÁREA DO TERRENO: 6.000 m² ÁREA CONSTRUÍDA: 1.127 m² ANO DO PROJETO: 2008 ANO DE CONCLUSÃO DA OBRA: 2011
Figura 3: Implantação da residência. Fonte: Archdaily, 2015. Edificações em Madeira I
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A obra compreende um design contemporâneo que evidência os traços horizontais e ressalta os planos verticais, alinhando a funcionalidade, a estética e a tradição, se tratando de um projeto diversificado. O lote está situado em uma vasta área verde no final do loteamento, espaço esse que possui vista direcionada ao norte, assim o projeto busca configurar os ambientes voltados para lá, utilizando da condição para estimular a convivência familiar, recreação, área de lazer, todos esses ambientes envoltos pelo conforto térmico proporcionado pela fluidez do elemento vazado. No espaço em questão também é utilizado o artifício do piso único, em tijolos, que interliga a parte externa e interna, como se não houvesse essa divisão.
Figura 4: Imagem maquete Casa da Baroneza. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
Figura 5: Imagem maquete Casa da Baroneza. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
Figura 6: Perpectiva externa Casa da Baroneza. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
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Edificações em Madeira I
Figura 7: Planta Subsolo. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
Figura 8: Planta Térreo. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
Figura 9: Planta Primeiro Pavimento. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
Figura 10 : Planta Cobertura. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet. Edificações em Madeira I
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Figura 11: Imagem interna com destaque para a estrutura. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
Figura 12: Cortes Longitudinais. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet.
Figura 13: Cortes Transversais. Fonte: Site da arquiteta Candida Tabet, adaptado por alunas.
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Edificaçþes em Madeira I
O sistema construtivo é marcado pela exposição dos elementos estruturais principais, especificamente da madeira de eucalipto (Eucalyptus Grandis) reflorestado, aproveitando a tecnologia da madeira laminada colada (MLC) que oferece alta durabilidade e resistência à umidade e ao fogo, podendo vencer grandes vãos e conformar formas únicas. Segundo Cachim (2007), a madeira laminada colada é classificada e selecionada, justapostas e firmemente ligadas por cola apropriada. A estrutura prática e seca, que dispensa o uso de água e concreto, é formada por gigantescas vigas de madeira, livres de ferragens, além de lajes de cobertura e piso intermediário também de madeira, assentados sobre barrotes de madeira, além disso, a casa não tem forro, e as junções entre um pilar e o outro são expostas. A alvenaria foi utilizada apenas com a finalidade de vedação dos cômodos internos e de uma parte da área externa. Para conforto térmico e complementação da estética da edificação, a fachada norte recebeu instalação de painéis de brise-soleil em madeira fixados por cabos finos nos barrotes de cobertura.
Figura 16: Barrotes que suportam o piso em madeira. Fonte: ITA Construtora, 2014.
Figura 14: Sistema Estrutural. Fonte: Archdaily, 2015.
Figura 15: Esqueleto Estrutural. Fonte: ITA Construtora, 2014.
Figura 17: Elevação da suíte, evidenciando os barrotes. Fonte: ITA Construtora, 2014.
Figura 18: Elevações Norte, Leste, Sul e Oeste respectivamente. Fonte: Divisare, 2013.
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EDIFÍCIO COMERCIAL TAMEDIA Shigeru Ban Architects
O
sistema estrutural em madeira é uma das principais particularidades do projeto, do ponto de vista técnico e ambiental. A inovação do espaço interior confere ao edifício uma vertente única em relação a cidade, possibilitado pelas paredes externas envidraçadas, de maneira que a estrutura seja totalmente exposta (SHIGERUBAN ARCHITECTS, 2013). O edifício foi projetado pelo arquiteto Shigeru Ban em 2013, se trata de um conjunto de escritórios para a empresa de mídia suíça Tamedia, localizado em Zurique, na Suíça e ocupa a área do terreno de 1.000 metros quadrados, em um quarteirão maior, onde estão os prédios principais do grupo. O acesso principal do edifício está situado na fachada norte das ruas Werdstrasse e Stauffacherquai. A implantação do edifício corresponde ao perímetro do edifício existente a ser demolido com continuidade às fachadas dos edifícios ao lado, utilizando a altura máxima permitida para otimizar a área de escritórios (ARCHDAILY, 2014).
possui 50 metros de fachada linear. O edifício possui 7 andares, 2 pavimentos de subsolo com uma área de 8.602 metros quadrados e uma extensão de 2 andares que juntos possuem 1.518 metros quadrados, localizados no edifício vizinho. A principal característica da obra é a própria estrutura em madeira aparente, através do vidro que a reveste. Além disso, foi dada atenção especial para alcançar um baixo nível de transmissão de energia que atenda aos mais recentes padrões e rígidos regulamentos suíços. Na fachada voltada para a cidade, o edifício possui um espaço intermediário em toda a altura, que atua como uma “tela térmica” na estratégia geral de consumo de energia, que se torna também um espaço de convivência e lazer entre escritórios (ARCHDAILY, 2014). Estas varandas podem ser utilizadas para reuniões e áreas de descanso, que também possuem uma fachada constituída por um sistema de janelas de vidro retrátil que tornam esses espaços terraços ao ar livre.
O terreno está posicionado ao leste do bloco e
Figura 19: Pespectiva lateral Edifício Tamedia. Fonte: Arch20.
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Arquiteto Shigeru Ban. Fonte: Gazeta do Povo, 2019.
I FICHA TÉCNICA: PROJETO: Edifício Comercial Tamedia ARQUITETO: Shigeru Ban Architects LOCAL: Zurique, Suíça EQUIPE DO PROJETO: Kazuhiro Asami, Gerardo Perez, Takayuki Ishikawa, Masashi Maruyama, Itten+Brechbuhl AG PARCEIRO: Jean de Gastines Figura 20: Imagem da construção do edifício. Fonte: Archdaily, 2014.
CONTRATANTE: HRS Real Estate AG FABRICANTES: Blumer Lehmann, Wb form, Wilkhahn ENGENHARIA ESTRUTURAL: Creation Holz GmbH INSTALAÇÕES PREDIAIS: 3-Plan Haustechnik AG CONSTRUTORA: Constructora GHG SA. ÁREA DO TERRENO: 1.000 m² ÁREA CONSTRUÍDA: 10.120 m² ANO DO PROJETO: 2010 ANO DE CONCLUSÃO DA OBRA: 2013
Figura 21: Implantação do edifício. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas. Edificações em Madeira I
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O objetivo era fazer uma estrutura rígida sem juntas e sem suportes de aço, de maneira semelhante aos edifícios tradicionais japoneses. Portanto, o pilar foi pressionado entre duas vigas, tornando-se uma conexão rígida, perfurando-as pelas vigas de seção transversal oval na direção ortogonal. Além disso, a fim de aumentar a rigidez de toda a estrutura, é previsto um pequeno espaço de construção com vão de 3,2 metros em ambos os lados do vão de 10,98 metros (SHIGERUBAN ARCHITECTS, 2013). A estrutura de madeira é portante, montada com encaixes simples, sem o uso de pregos e conectores de metal. O subsolo, elevador, escada e banheiros são todos construídos com concreto para melhorar a estabilidade estrutural, rigidez. As partes estruturais foram pré-fabricadas. A estrutura de sustentação é composta por pilares e vigas duplas com seção transversal elíptica. Os pilares e vigas principais são feitos de uma só peça; a coluna tem dimensões de 44x44 centímetros e 21 metros de altura. A viga principal de madeira laminada é composta por duas vigas coladas, de 86 centímetros de altura e 12 centímetros de espessura. A coluna de madeira é colocada no local com a ajuda de uma grua e fixada ao solo com conectores metálicos. Figura 22: Imagem aproximada do encaixe de viga e pilar. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 23: Vigas duplas e pilar. Fonte: Archdaily, 2014.
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Figura 24: Encaixe da estrutura.Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 26: Planta Térreo. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
Figura 25: Isométrica explodida do sistema do quadro estrutrural. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 27: Planta Mezanino. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
Figura 28: Planta Pavimento Tipo. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
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Figura 29: Imagem interna com destaque para a estrutura. Fonte: Site do arquiteto Shigeru Ban Architects.
Figura 30: Planta pavimento anexo ao edifício existente. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
Figura 31: Planta último pavimento anexo ao edifício existente. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
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Após o levantamento dos pilares e vigas principais, eles foram travados com vigas intermediárias. Como medida de combate ao incêndio, a madeira utilizada contém 15% de água, o que retarda a propagação do fogo, e foram adicionados cerca de quatro centímetros que podem ser consumidos pelo fogo, mas que protegeriam o interior das peças de madeira (LEE, 2018). O edifício é composto por oito quadros estruturais de madeira, os quais são estruturados por quatro colunas conectadas ao sistema de vigas pares em cada pavimento. Este sistema de colunas e vigas gêmeas unem-se mediante articulações que apresentam conectores (pinos) especiais em madeira que servem tanto para a transmissão de cargas, como de reforço para outros elementos estruturais. As vigas são conectadas por um poderoso taco de madeira, que é inserido em um chanfro oval, minuciosamente cortado, nas colunas que os recebem. Apesar disso, o projeto do sistema de junta oculta as conexões entre as peças, ou seja, apenas as interseções entre os elementos são visíveis, sem revelar o sistema de união.
Figura 34: Conectores em madeira. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 32: Detalhe viga. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 33: Taco de madeira para o encaixe. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 35: Elemento de encaixe. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 36: Elevação Leste. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
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Todas as cargas dos pisos superiores são transmitidas para as colunas das extremidades através das articulações e esteios diagonais (ARCHDAILY, 2014). Blocos de madeira laminada foram especialmente desenvolvidos para articulação entre a estrutura principal e a estrutura da cobertura que consiste numa moldura rígida da mesma madeira. As peças de madeira foram projetadas utilizando um processo de fresagem de controle numérico computadorizado (CNC) e é projetado para ser montado no local; deixando a madeira em sua expressão natural, sem nenhum tratamento. A obra foi destaque no Prêmio Pritzker 2014, sendo uma das obras premiadas do arquiteto Shigeru Ban.
Figura 37: Croquis do sistema estrutural. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 38: Croquis de planta, corte e elevação. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 39: Encaixe da viga dupla e pilar. Fonte: Archdaily, 2014.
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Figura 40: Corte Longitudinal. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
Figura 41: Corte Transversal. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
Figura 43: Detalhe Corte 1. Fonte: Archdaily, 2014.
Figura 42: Corte Transversal com edifício vizinho. Fonte: Archdaily, 2014. Adaptado por alunas.
Figura 44: Detalhe Corte 2. Fonte: Archdaily, 2014. Edificações em Madeira I
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EDIFÍCIO ESCOLA DE ARQUITETURA UC Gonzalo Claro
O
edifício que se trata de um espaço adicional para a escola de arquitetura da Universidade Católica do Chile, foi pensado e desenvolvido a fim de acomodar funções simples e cotidianas do campus e do entorno, embora tenha se tornado um importante mecanismo de integração do bairro. Seu programa possui escritórios para os professores em toda a fachada sul, localizados no segundo e terceiro pavimento e duas grandes salas de aula. O espaço térreo e o terraço viraram o espaço integrativo entre comunidade e campus, sendo o primeiro um espaço livre e coberto e o segundo aliado ao espaço do auditório, um mirante do campus e espaço de desenvolvimento de atividades. O arquiteto utilizou como premissa o entorno do terreno, já que a vizinhança era composta por casas tradicionais e com uma arquitetura mais colonial. Sua intenção era que, mesmo fazendo um projeto contemporâneo, que ele não ofuscasse a característica arquitetônica do local. Além disso, o uso predominante da madeira foi por preferir o uso de materiais locais, reduzindo ainda mais o impacto em relação ao meio ambiente. Mesmo o edifício sendo de caráter privado, surgiu a
necessidade de torna-lo mais público, com isso, o arquiteto propôs a abertura de um grande pátio coberto no primeiro pavimento, que fortaleceu mais a relação público/privado com o bairro. Ele está implantado na área sul do Campus de Lo Contador, próximo a construções que destoam do entorno acadêmico, sendo um bairro bucólico e na sua maioria residencial, além de possuir a Casa Patrimonial datada do século XVIII que antes era a entrada do campus, até a execução desse prédio que se abriu à cidade, e por seu térreo livre, se tornou um portal e fachada para o campus. Sua escolha pela madeira como o material estrutural vem de seus testes e estudos do material e de uma intenção de criar um edifício mais sustentável, já que esse material possui uma pegada baixa de carbono. O projeto em questão se deu por meio de um concurso, e foi desenvolvido pelo arquiteto Gonzalo Claro. O edifício funciona como um propileu, ou seja, como um elemento marco para o local em que está inserido, e também para quem o frequenta, sendo um grande edifício em madeira, com uma identidade única, a sede das áreas de investigação e oficinas da escola de arquitetura.
Figura 45: Pespectiva lateral do edifício. Fonte: Archdaily, 2017.
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Arquiteto Gonzalo Claro. Fonte: Revista Summa +, 2017.
I FICHA TÉCNICA: PROJETO: Universidade Católica ARQUITETO: Gonzalo Claro LOCAL: El Comendador 1936, Providencia, Santiago EQUIPE DO PROJETO: UC Extension and External Services Directorate P. Levine, R. Behrens, S. Kutz Figura 46: Imagem perspectiva, com destaque para as treliças. Fonte: Archdaily, 2017.
CÁLCULO ESTRUTURAL: Enlace Ingenieros Consultores Ltda. VISTORIA TÉCNICA: Kronos Ltda. CONSTRUTORA: Constructora GHG SA. ÁREA DO TERRENO: 700 m² ÁREA CONSTRUÍDA: 1.500 m² ANO DO PROJETO: 2014 ANO DE CONCLUSÃO DA OBRA: 2015
Figura 47: Implantação da escola. Fonte: Revista Summa +, 2017. Edificações em Madeira I
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Segundo Claro (DIEZ, 2017, p. 10) “Na medida em que a madeira é um material que, ao ser extraído de bosques plantados que serão replantados, e conservada no próprio edifício, se converte no único material que tem um rastro ambiental positivo, fixando dióxido de carbono”. Com um gabarito permitido de até cinco pavimentos, o projeto é desenvolvido em três para entrar em harmonia com o entorno preexistente, sendo esse entorno o prédio de arte e a casa patrimonial. Sua altura se iguala a das árvores do campus. Outro detalhe que foi relevante para a escolha desse projeto, foi a colocação do auditório no terraço, segundo o autor elevar o auditório era conseguir que 150 pessoas subissem ao nível 4 e conferissem vida a ele, inclusive pela importância e beleza da vista do terraço.
Figura 48: Axonométrica. Fonte: Scielo, 2017.
Figura 49: Imagem interna, com destaque para a escada e estrutura em madeira. Fonte: Archdaily, 2017.
Figura 50: Perpectiva externa da escola. Fonte: Site do arquiteto Gonzalo Claro.
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Figura 51: Planta Térreo. Fonte: Scielo, 2017. Adaptado por alunas.
Figura 52: Planta Primeiro Pavimento. Fonte: Scielo, 2017. Adaptado por alunas.
Figura 53: Planta Segundo Pavimento. Fonte: Scielo, 2017. Adaptado por alunas.
Figura 54: Planta Terceiro Pavimento. Fonte: Scielo, 2017. Adaptado por alunas. Edificações em Madeira I
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Figura 55: Perpectiva externa com estrutura em madeira. Fonte: Archdaily, 2017.
Figura 56: Corte Transversal. Fonte: Diseno arquitectura.cl, 2019. Adaptado por alunas.
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Edificaçþes em Madeira I
O edifício é estruturado e construído em dois sistemas no local: por um lado, mantém um grande número de paredes de pedras e por outro, é uma arquitetura articulada, com pilares e vigas de madeiras aparentes, que estão dispostos de forma modular a fim de facilitar a pré-montagem, instalação e transporte da peça. Além disso, as extremidades das vigas são apoiadas em grandes treliças de madeira, que compõe as fachadas do edifício. É composto por um volume de dois níveis de madeira laminada sobre uma base de concreto e também aproveitam as dimensões das tábuas da estrutura do piso sem a necessidade de cortes. Elementos que necessitavam de maiores esquadrias foram compostos por duas peças e um taco, unidas através de travas tradicionais mediante perno, o que tornou a seção mais rígida (DIEZ, 2017, p. 10).
Na união das partes que constituem as peças de madeira além dos conectores, também foram adicionadas ferragens internas, o que contribuiu para a estabilidade da peça que desta forma fica protegido das intempéries, estabelecendo uma união rígida. Parte do impacto visual do edifício se dá pelas vigas duplas reticuladas, que além de contribuírem para a condição sísmica do local, atendem as exigências das normas de fogo e na segurança no que diz respeito à mão de obra na construção em madeira. Para que o edifico dispusesse de conforto térmico foi utilizada a ventilação cruzada, que contribui para diminuição dos aparatos mecânicos, e a conseguinte eficiência energética. Ao total são 21 metros de madeira suspensa entre os apoios e balanço, o que resulta no saguão de entrada ao campus.
Figura 57: Corte Longitudinal. Fonte: Diseno arquitectura.cl, 2019. Adaptado por alunas.
Figura 58: Imagem aproximada da estrutura. Fonte: Archdaily, 2017. Edificações em Madeira I
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Figura 59: Imagem externa com destaque para a estrutura. Fonte: Scielo, 2017.
Figura 61: Elevação Oeste. Fonte: Scielo, 2017. Adaptado por alunas.
Figura 60: Axonométrica das peças. Fonte: Scielo, 2017.
Figura 62: Elevação Sul . Fonte: Scielo, 2017. Adaptado por alunas.
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Figura 63: Detalhe construtivo 1. Fonte: Revista Summa +, 2017. Edificaçþes em Madeira I
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Figura 64: Detalhe construtivo 2. Fonte: Revista Summa +, 2017.
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Considerações Finais O uso da madeira na construção civil vem respaldada de inúmeros julgamentos e mitos, sobre sua funcionalidade, aplicação, durabilidade, manutenção entre outros fatores que explicitam a necessidade de um maior conhecimento do material. Os edifícios apresentados neste trabalho evidenciam que o uso da madeira como material estrutural é eficiente, e pode ser solucionado de diversas maneiras. Tendo sido construídos para três funções diferentes, assim também suas estruturas variaram, no Tamedia e Baroneza o sistema pilares+vigas são os escolhidos, enquanto na Escola de Arquitetura, além desse sistema também foi usado a treliça. Por outro lado, o uso de balanços ousados é visto sendo compartilhado pela Residência JSB e a Escola Chilena, esses que não utilizam de outro material que não seja a madeira, para vencer grandes vãos, comprovando sua eficiência em suportar os grandes esforços nesta situação. Assim como as formas estruturais apresentam diferenças, o Edifício Tamedia possui uma tipologia de encaixes livres de conectores metálicos, semelhante a arquitetura tradicional japonesa, o que o difere dos outros. Outros detalhes que são destaque, neste caso entre Tamedia e a Escola, são a sua inserção em ambientes pré-estabelecidos, no caso do primeiro, ele
funciona como um anexo para a empresa de mídia, tentando entrar em congruência com o espaço anterior, de fora ele se parece muito com os edifícios já existentes, porém no interior, e fugindo das obviedades, tem toda sua estrutura em madeira, incluindo dois pavimentos adotados sobre o edifício a sua esquerda. Já no caso do segundo, a antiga casa tombada que existia no campus e era a porta de entrada, foi substituída pela Escola de Arquitetura, moderna e linear. Esses fatores evidenciam que a madeira vem ganhando espaço, e vem sendo colocada em espaços mais conservadores, como um método moderno e preferível, tendo em vista a dimensão dos espaços citados, essa difusão agrega conhecimento e sugere mais inserções que quebram o clássico ou como no Tamedia se mesclam. Independente das diferentes soluções estruturais escolhidas nestes edifícios, é notável a versatilidade do material em atender as diferentes estéticas e usos, além de ser sustentável e super resistente. Desmistificar e entender quais são as funcionalidades desse material que sempre se fez presente na história da humanidade, é essencial para a formação de um arquiteto, e a busca por referências que sejam fatores de visualização e inspiração para seu uso também.
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