O que é amor
para você?
Não te amo mais. Não te amo mais. Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis. Tenho certeza que Nada foi em vão. Sinto dentro de mim que Você não significa nada. Não poderia dizer jamais que Alimento um grande amor. Sinto cada vez mais que Já te esqueci! E jamais usarei a frase Eu te amo Sinto, mas tenho que dizer a verdade É tarde demais…
Não te amo mais. Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis. Tenho certeza que Nada foi em vão. Sinto dentro de mim que Você não significa nada. Não poderia dizer jamais que Alimento um grande amor. Sinto cada vez mais que Já te esqueci! E jamais usarei a frase Eu te amo Sinto, mas tenho que dizer a verdade É tarde demais…
Clarice Lispector
"O amor entre mulheres é uma potência que transforma nossas existências, que em meio as nossas complexidades, singularidades, somos resistentes e desafiamos cotidianamente a proibição institucionalizada do amor entre mulheres." “Assim, quem sabe um dia juntem-se a nós mais duas mulheres, que semeiam, mais dez mulheres, que plantam, mais cem mulheres, que colhem.”
Manifesto Lésbico-Feminista
Amar não é crime. 343
LGBT's assassinados no Brasil em 216
25h
A cada 25h um LGBT é assassinado
73%
Dos estudantes relataram já terem sido agredidos verbalmente
62%
Das vítimas conheciam o agressor
Pelo 12º ano consecutivo, o Brasil foi o país que mais matou LGBT's no mundo
Amor
Clarice Lispector
"No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente lhe dera. Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado. O homem com quem casara era um homem verdadeiro, os filhos que tivera eram filhos verdadeiros"
Olhando os móveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto — ela o abafava com a mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles. Quando voltasse era o fim da tarde e as crianças vindas do colégio exigiam-na. Assim chegaria a noite, com sua tranqüila vibração. De manhã acordaria aureolada pelos calmos deveres. Encontrava os móveis de novo empoeirados e sujos, como se voltassem arrependidos. Quanto a ela mesma, fazia obscuramente parte das raízes negras e suaves do mundo. E alimentava anonimamente a vida. Estava bom assim. Assim ela o quisera e escolhera." "A rede de tricô era áspera entre os dedos, não íntima como quando a tricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha música, o mundo recomeçava ao redor. O mal estava feito. Por quê? Teria esquecido de que havia cegos? A piedade a sufocava, Ana respirava pesadamente. Mesmo as coisas que existiam antes do acontecimento estavam agora de sobreaviso, tinham um ar mais hostil, perecível… O mundo se tornara de novo um mal-estar. Vários anos ruíam, as gemas amarelas escorriam. Expulsa de seus próprios dias, parecia-lhe que as pessoas da rua eram periclitantes, que se mantinham por um mínimo equilíbrio à tona da escuridão — e por um momento a falta de sentido deixava-as tão livres que elas não sabiam para onde ir. Perceber uma ausência de lei foi tão súbito que Ana se agarrou ao banco da frente, como se pudesse cair do bonde, como se as coisas pudessem ser revertidas com a mesma calma com que não o eram" "O menino que se aproximou correndo era um ser de pernas compridas e rosto igual ao seu, que corria e a abraçava. Apertou-o com força, com espanto. Protegia-se tremula. Porque a vida era periclitante. Ela amava o mundo, amava o que fora criado — amava com nojo"
Humilhada, sabia que o cego preferiria um amor mais pobre. E, estremecendo, também sabia por quê. A vida do Jardim Botânico chamava-a como um lobisomem é chamado pelo luar. Oh! mas ela amava o cego! pensou com os olhos molhados
Ao redor havia uma vida silenciosa, lenta, insistente. Horror, horror. Andava de um lado para outro na cozinha, cortando os bifes, mexendo o creme. Em torno da cabeça, em ronda, em torno da luz, os mosquitos de uma noite cálida. Uma noite em que a piedade era tão crua como o amor ruim.
Eles rodeavam a mesa, a família. Cansados do dia, felizes em não discordar, tão dispostos a não ver defeitos. Riam-se de tudo, com o coração bom e humano. As crianças cresciam admiravelmente em torno deles. E como a uma borboleta, Ana prendeu o instante entre os dedos antes que ele nunca mais fosse seu
Ela continuou sem força nos seus braços. Hoje de tarde alguma coisa tranqüila se rebentara, e na casa toda havia um tom humorístico, triste. É hora de dormir, disse ele, é tarde. Num gesto que não era seu, mas que pareceu natural, segurou a mão da mulher, levando-a consigo sem olhar para trás, afastando-a do perigo de viver. Acabara-se a vertigem de bondade. E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia.
"O que eles chamam de amor, nós chamamos de trabalho não pago"
Silvia Federici
A solidão tem cor, a solidão é preta...
https://www.youtube.com/watch?v=zVPPLS_UG0c
MANOS E MINAS
Menina Bonita Dentre todas elas eu vejo você. Você de olhos negros, profundos. A menina de cabelos como a lua. Que me tocam nua pela noite. Seu olhar é puramente lindo. Mas não diz nada. Menina bonita. Encantadora de um jeito que nunca vi. Tão misteriosa que os olhos não destrancam. Mesmo assim ela me observa. Com um sorriso terno. E sem partir os lábios. Cruza comigo. E fica ao meu lado. Ela deitada em meu colo. Com os cabelos em minhas pernas. E eu a trançar-lhe com os dedos. Cada fio passando por minha pele. E o tempo perene. Entrelaçando-a em mim. Marina Villavicencio
Amor não tem cor
A Mãe do povo Na águas dos rios se refletem A lua e seu flácido brilhar, Com suporte das estrelas, A “Mãe Natureza” se enaltece. A “Grande Mãe” Que protege minha aldeia, A quem protegemos com gratidão. A “Grande Mãe” Que esquenta e alimenta, Que cuida das feridas mais profundas. E quando ela for machucada, Dela meu povo vai cuidar Igual ela faz conosco, muito delicada A “Mãe Natureza” vamos curar. Carolina Pessoa Papó
"Nas sociedades capitalistas, o papel de fundamental importância da reprodução social é encoberto e renegado. Longe de ser valorizada por si mesma, a produção de pessoas é tratada como mero meio para gerar lucro. Como o capital evita pagar por esse trabalho, na medida do possível, ao mesmo tempoo que trata o dinheiro como essência e finalidade supremas, ele relega quem realiza o trabalho de reprodução social a uma posição de subordinação [...]" "Feminismo para os 99%: um manifesto" - Cinzia Arruza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser
Reprodução social não é amor.
Oxum fica pobre por amor a Xangô Oxum era conhecida como a amante ardorosa. Tinha um corpo belo, de formas finas. Sua cintura deixava-se abraçar por um único braço. Por muitas noites Oxum teve em seu leito amantes, aos quais propiciava momentos de raro prazer. Oxum teve muitos amores, de quem ganhou presentes preciosíssimos. Oxum era rica. Tinha joias, ouro, prata vestidos maravilhosos, batas que causavam inveja, e mais, pentes de marfim, espelhos de madrepérola, e tantos berloques e panos da costa.
Um dia chegou à aldeia um jovem tocador de tambor. Era Xangô, um belo homem, que desde logo atraiu o desejo de Oxum. Inescrupulosamente, ofereceu-se a ele, mas foi prontamente rejeitada. Usando de todos os artifícios, Oxum foi se aproximando de Xangô, até que um dia ele a tomou numa calorosa relação sexual. Mesmo assim Xangô não deixou de humilhar e desdenhar a linda jovem. Tempos depois, a fama e a fortuna de Xangô lhe fugiram das mãos e ele se viu empobrecido e esquecido, ainda que continuasse a ser um excelente alabê. Envergonhado, ele fugiu dali. Foi viver longe do lugar e longe do som dos atabaques. Mas continuava o glutão de sempre, a viver com conforto e prazeres. Oxum seguiu sendo sua amante e o consolou, sacrificando por ele tudo o que tinha. De tudo de seu dispôs Oxum, para o conforto de Xangô. Primeiro as joias, depois vestidos, as batas, depois os pentes, os espelhos, de tudo foi se desfazendo Oxum. Restou-lhe nada mais que seu vestido branco. De tudo de seu desfez-se Oxum pelo amor de Xangô. Ficou pobre por amor a Xangô. Restou a Oxum apenas um vestido branco. Que era tudo o que tinha para vestir. Mas todo dia no rio lavava Oxum a veste branca. De tanto lavar a única peça que lhe restara, a roupa branca tornou-se amarela. Desde esse dia, Xangô amou Oxum. [1976]
"Mitologia dos orixás" - Reginaldo Prandi
Al ic e Le ite Ca la za ns M ar tin s
Caio Fernando Abreu
“Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia, ela para e pede, preciso tanto tanto tanto, cara, eles não me permitiram ser a coisa boa que eu era, eu então estendo o braço e ela fica subitamente pequenina apertada contra meu peito…” - Os sobreviventes “Eu era apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o dele, que por acaso era de homem também.” - Terça-feira gorda
“Do outro lado da linha, ela riu. Pelo som, ele adivinhou que ela ria sem abrir a boca, apenas os ombros sacudindo, movendo a cabeça para os lados, alguns fios de cabelos caídos nos olhos.” - Pela passagem de uma grande dor
“Era a mim que ele chamava, pelo meio da cidade, puxando o fio desde a minha cabeça até a dele, por dentro da chuva, era para mim que ele abriria sua porta, chegando muito perto agora, tão perto que uma quentura subia para o rosto…” - Além do ponto
“ - Você é de Virgem? - Sou. E você, de Capricórnio? - Sou. Eu sabia. - Eu sabia também. - Combinamos: terra. - Sim. Combinamos.” - O dia em que Júpiter encontrou Saturno
“Afastaram-se, então. Raul disse qualquer coisa como eu não tenho mais ninguém no mundo, e Saul outra coisa como você tem a mim agora, e para sempre.” - Aqueles dois
Morangos Mofados
"Diga o quanto você ama a quem você ama. Mas não fica só na declaração, gente. Ame na prática, na ação. Amar é ação. Amar é arte. Muito amor gente, até logo." Paulo Gustavo (1978 - † 2021)