DEZEMBRO | 2013
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António Mota Quis trazer o interior para dentro das histórias CEN TRO DE R EC U R S OS E INV ESTIGAÇÃ O S OB R E LIT ER ATURA PARA A I NF Â NC IA E JUVEN TUDE
EDITORIAL
1. Retomamos neste SOLTA PALAVRA a série de autores portugueses de Literatura Infantil e Juvenil, dando merecido destaque a António Mota, um dos mais reputados escritores para crianças, a avaliar pelo carinho e leitura que lhe devotam tais leitores. Desde A Aldeia das Flores, o seu livro de estreia, até ao presente, António Mota tem feito da literatura para a infância o seu labor, atravessando géneros literários distintos como a narrativa, o conto breve, a poesia e os jogos e rimas infantis. A imaginação e o sonho são transversais a todos os seus livros, sendo
terra onde nasceu e cresceu. Disso nos dá conta o próprio escritor no conto inédito que escreveu e na conversa provocada por Manuela Maldonado. As referidas marcas não podem entender-se como exclusivamente regionais, sublinha Ana Margarida Ramos, porque, na obra de António Mota, «se estabelecem laços com ideias perfeitamente universais e até intemporais, como vas e familiares». A descoberta do «lugar misterioso onde os sonhos nunca acabam», enfatizada por Sara Reis da Silva, nos fragmentos poéticos e narrativos da coleção «Se eu fosse…», ou o olhar poético, detetado por João Manuel Ribeiro, CENTRO DE RECURSOS E INVESTIGAÇÃO SOBRE LITERATURA PARA A INFÂNCIA E JUVENTUDE
nos livros em que o escritor se mostra poeta, ou ainda, a ligação entre a palavra e a memória, num exercício de reinvenção das rimas infantis e dos provérbios, como nota Leonor Riscado, faz de António Mota um exímio escritor de Literatura para a Infância e Juventude, seja pelas temáticas que aborda,
Diretor: João Manuel Ribeiro Colaboradores (neste número): António Mota, Manuela Maldonado, Ana Margarida Ramos, Sara Reis da Silva, Leonor Riscado, Lúcia Barros, Maria de Fátima Dias, Susana Gonçalves,Teresa Silva Fotografia da capa: António Rilo Fotografias de António Mota: António Rilo Design e Paginação: Anabela Dias Site: www.crilij.com Editor: CRILIJ
res, como mostra a exploração do livro Sonhos de Natal pelos alunos do Agrupamento de Escolas António Feijó, em Ponte de Lima. Que este SOLTA PALAVRA contribua para um estudo mais alargado da obra de António Mota!
2. O próximo SOLTA PALAVRA (a sair em Abril) será temático, abordará o tema «A Morte na Literatura Infantil e Juvenil» e trará novidades em termos de conteúdo e de formato, numa tentativa de valorização da LIJ e de
tema, gostaríamos de convidar todos os interessados a colaborar com estu-
ISSN: 1647-6786
João Manuel Ribeiro
SUMÁRIO EDITORIAL 1
João Manuel Ribeiro
EM FOCO 3 5 8
12
16 21
Maior que as mil e uma noites António Mota Conversa com… António Mota Do regional ao universal, uma leitura O Lobisomem, de António Mota Ana Margarida Ramos Fragmentos poéticos e narrativos “para” pequenos leitores: leituras da coleção “Se eu fosse…”, de António Mota Sara Reis da Silva A Poesia de António Mota: uma poética do olhar… João Manuel Ribeiro António Mota, guardião de memórias felizes: as rimas infantis e os provérbios reinventados Leonor Riscado
BIBLIOTECANDO 24
A exploração de Retratos de Família no Agrupamento de Escolas António Feijó (Ponte de Lima) Maria de Fátima Dias, Susana Gonçalves e Teresa Silva
ESCRITA INTEMPORAL 28
Falando de literatura juvenil Manuela Maldonado
FAVORITOS
CENTRO DE RECURSOS E INVESTIGAÇÃO SOBRE LITERATURA PARA A INFÂNCIA E JUVENTUDE
DEZEMBRO | 2013
30
20
34
António Mota ou A memória poética de “humanismos” em perda Manuela Maldonado Mais livros Manuela Maldonado
EM FOCO
Maior que as mil e uma noites António Mota
Dizem-me os dicionários que a palavra Ovil vam de campo em campo, de leira em leira, vigiadas pelos cucos que ripostavam, escondidos sabe-se
fritos com cebola, as febras assadas no dia da des-
para observar o resultado da labuta de tanta gente,
a voz rouca da Timarizé saindo debaixo da canas-
-
tra colada à cabeça: 1
memória ampla, feita de imensos enleios, sobretudo
-
os do tempo da meninice, o tempo maior da desco-
com os elásticos das barbas, e a banda de música
terra revolvida todas as primaveras, ecoava por
3
EM FOCO
tas, as pandeiretas, os bombos, os carros e os barcos
-
O Tiopulga trazia esses tesouros dentro de uma
-
Quem carregava a arca era um burro que de vez em quando desatava a zurrar e a mostrar uma certa
-
-
des e sempre me deu a mesma prenda: uma dĂşzia
compravam esses pacotes ao Tiopulga, que dizia com ar solene:
cercado por montes, um rio lĂĄ ao fundo, e uma estrada estreita e serpenteante por onde passava quatro vezes por dias a camionete da carreira, que tre-
sandava a gasĂłleo queimado, a suor e a vomitado, e
retemperador, onde alguns rapazes se afoitavam na -
-
-
4
e muito mato que costuma arder nas noites quentes
EM FOCO
Conversa com…
António Mota provocada por Manuela Maldonado
-
MM – Uma tão vasta produção literária, compreendendo umas largas dezenas de livros, terá, forçosamente, de ser o produto de uma
primeira página: Livro de Histórias de Antó-
forte pulsão de escrita. Quando e de que modo
nio Mota
essa pulsão se manifestou primeiramente?
Gosto muito de uma menina que se chama Ma, depois risquei o Ma
AM – imagens dos tempos iniciais da meninice à medida -
-
o que via e ouvia e adorava inventar palavras sem
dos buracos das árvores e de voar do cocuruto de 5
EM FOCO
bom ser pássaro antes de aterrar no meio de um la-
descalços do menino Jesus, que veio trazer-me de -
-
MM – Nascido no interior, a sua itinerância docente levou-o a lugares bem recônditos. Enquanto escritor, a sua atividade criadora
AM –
-
AM – A gente sabe que existem os carimbos e
Se eu me agrupasse, diria que ao longo destes trinta e cinco anos, quis trazer o interior para den-
MM – São geralmente os críticos que atribuem categorias à produção literária, partindo de caraterísticas intrínsecas e extrínsecas
MM – Nos seus títulos juvenis, a opção
preestabelecidas. Doador de uma literatura
recai, geralmente, num narrador masculino
infantojuvenil, sob um ponto de vista pes-
homodiegético, dado que também é persona-
soal, como agruparia o António Mota o que
gem. Por que razão privilegiou este ponto de
escreveu?
vista?
6
EM FOCO
AM –
AM – A Aldeia das Flores, o meu primei-
MM – Os diminutivos de adultos e crianças presentes no seu universo romanesco bem como o uso de alcunhas, ligadas ora a pertença MM – Nos seus livros para a infância, defeito físico ou de caráter, são recorrentes.
-
Grande conhecedor da alma do povo, onde pro-
trimónio oral português, pode considerar-se
curar a génese dessas formas de tratamento?
a existência de uma alternância de instantâneos do Real com apontamentos do Imaginá-
AM –
rio. Só quem guardou, intacta, a infância na sua interioridade de adulto, pode tecer essa -
escrita. Que aspetos da mundividência infantil privilegiou? AM – naqueles tempos em que sair da aldeia era um acon-
MM – O uso de topónimos como Benlhevai, Correquelogodormes e outros é um curioso processo de nominalização.Quais as
dos meus sete anos, aprendi a cortar erva com uma
premissas destes jogos verbais? AM – Digamos que me interessa imenso esse -
Benlhevai
-
Torna-ó-Rego, a citadina CorrequelogodorVi o mar com cinco anos e espantei-me com aquela
mes
-
Pedrinha de Sol googlar esses nomes, para
di a pescar trutas no rio Ovil e, com o tempo e muita força de vontade, também consegui perder o medo
MM – Falou-se de antropónimos e topóni-
cedo descobri que ser pobre é uma mágoa que se
mos deveras peculiares e originais. De que forma se conjugam na atmosfera vivencial das pequenas comunidades rurais, o grande motivo das suas narrativas? 7
EM FOCO
Do regional ao universal, uma leitura O Lobisomen, de António Mota Ana Margarida Ramos Universidade de Aveiro anamargarida@ua.pt
-
-
-
-
O Lobisomem, ini-
tenticidade da escrita do autor que nos merece parno seu cariz episódico, em alguns textos claramente
A brevidade dos textos, o caráter episódico das
tidiano, é um dos elementos mais marcantes do volu-
particular das crianças) com os animais, as relações com o espaço exterior urbano e com as personagens elementos que singularizam o volume, permitindo, surpresas e alegrias do dia a dia simples, mas também do estilo do autor, quer em termos temáticos quer
-
em termos formais, esclarecendo a originalidade da
-
que constroem uma imagem multifacetada do univer-
so rural, perspetivada de distintos e complementares A sobriedade do registo do autor, pontuado aqui e ali
gor das condições de vida descritas, dominadas pelo 8
EM FOCO
presença de laços afetivos fortes e duradouros, vincu-
-
-
colaborar nas tarefas do campo e da casa, nomeamento de ligações afetivas fortes, como acontece com
batizado – por todas as crianças, revelando-se uma -
-
vendidos anualmente a contragosto do narrador do
-
culo de afetos das personagens dos vários contos, ani-
ao cemitério e ocuparam a campa do dono, durante fugiram para a serra, onde encontraram novo refú-
da qual organiza o seu tempo e as suas ocupações, e pelo amigo, com quem brinca e se diverte e, in-
alimentar e cuidar com grande afeto, até ao dia em que a mesma é atacada e morta por uma cadela mais -
casa e à terra das suas origens, recusando, apesar da 9
EM FOCO
personagem, que empresta o nome ao conto, só aceido universo animal e dos seus ciclos vitais e instintos
o universo animal, mesmo para as personagens do narrador surpreende-se com a descoberta de um ou-
-
As relações entre o universo rural e o mundo extopos
-
do o estabelecimento de diferenças entre realidades -
-
mens e animais que leva a que, todos os anos, as crias regressam à procura de autenticidade e da tranquiliAs tentativas de alterar o rumo da natureza reve-
passa a tratar como animal doméstico e pela qual
-
gato desesperam de saudades e a aldeia resigna-se a nomeadamente os maternais, como acontece com a
1 0
EM FOCO
De fora surgem os estrangeiros e as diferenças que
Obra dominada, simultaneamente, pela indi-
os caracterizam, mesmo se aparentemente falam a
gional em que se insere, frequentemente transborda
do brasileiro”, que gostava de fotografar tudo o que via também lugar de passeio para gente que vive na cidade origem, o crescimento e o processo gradual de aos costumes do lugar, “passavam o tempo a ter medo”
-
contudo, os portadores de novidades e introdutores de surpresas, como as bananas que, anualmente, o nar-
parece-nos, redutor ler os seus textos exclusivamente à
festa surgem também os vendedores ambulantes, carre-
-
porque, simultaneamente, se estabelecem laços com -
ideias perfeitamente universais e até intemporais, como -
-
-
do que valoriza as coisas simples, associadas aos pra-
ambições infantis; “O brinquedo na gaiola”, narratipara as grandes cidades do litoral ou para o estrangeie esperanças, mas também as suas frustrações e as -
-
1 1
EM FOCO
Fragmentos poéticos e narrativos «para» pequenos leitores: leituras da coleção «se eu fosse…», de António Mota Sara Reis da Silva IE – Universidade do Minho sara_silva@ie.uminho.pt
«Levar uma linha para passear.» Paul Klee
-
-
A Aldeia das Flo-
mar” alguma destas obras de outras assinadas pelo
res, ponto de partida, aliás, de uma «carreira (…)
O Ra-
-
paz de Louredo
lumes a revisitar neste conciso ensaio, conquanto poética Sal, Sapo, Sardinha às novelas do autor, por exemplo, possuem um luSe eu
O So-
nho de Mariana por Danuta Wojciechowska
-
fosse… subtantivam uma escrita macrotextual que Se eu fosse…, descontinuidade e o episódico, bem como, como
1 2
poesia e narrativa (esta ainda que, quase sempre, de
EM FOCO
-
ou invulgar – como a magreza, a altura e a força excessivas – ou de uma capacidade especial – fa-
-
das a uma série de outras, mais de pormenor, so-
-
bre as quais nos deteremos de seguida, permitem
É o que se pode ler logo no primeiro volume da
de alguns dos percursos criativos que, na última
Se eu fosse muito magrinho
ferencialmente dirigida aos leitores mais novos (e
-
também, note-se, na literatura dita canónica, em
-
-
com palavras – mais ou menos próximas do registo comum – e ilustrações diversas, mas numa arquite-
ora acentuando os seus sentidos, os volumes da série
tura e num tom similares, em todos os outros que
Se eu fosse… exploram as potencialidades/possibili-
formam a série em apreço: «Se eu fosse muito alto
1 3
EM FOCO
em Se eu fosse um mágico Outros processos técnico-discursivos, como a
-
-
sucede, de forma recorrente, em Se eu fosse muito forte:
os meninos pequeninos que se perdem no meio da
Tópicos como a paz e a liberdade perpassam,
Algumas palavras, ainda, acerca da compo-
igualmente, o discurso literário e visual destes tex-
-
todas as guerras e as fábricas das armas transforma-
discreto, mas metaforicamente forte, da liberdade -
Assinale-se, também, o topos
Castro, igualmente adequada e esteticamente estimulante, assenta em formas geométricas bastan-
de cortiça e dois remos com palitos e fazer viagens dia ir brincar para dentro de um búzio perdido nas
-
areias de uma praia e adormecer embalado pelas -
vezes, alberga imagens feitas também com carac-
tivamente) à natureza e aos seus elementos: «Se eu
teres/letras/palavras e que acordam a capacidade
1 4
EM FOCO
texto verbal e texto pictórico materializam um percurso lúdico próximo do experimental ou concretista, desenvolvendo-se em torno das possibilidades que, por exemplo, uma ambicionada ou efabulada -
in
-
E-Dicionário de Termos Literários (EDTL)
curso em primeira pessoa, marcadamente repetiti-
Se eu fosse muito magrinho
Se eu fosse muito alto
e, muitas vezes, pelo nonsense
Se eu fosse muito forte
sagem verbal é apenas aparente, porque o texto
Se eu fosse muito pequenino
funciona sobretudo como um pretexto, um ponto
Se eu fosse um mágico
parecem, também, ser a vontade de agir solidaria-
«Se eu fosse muito magrinho»
in
in Malasartes Breve História da Literatu-
-
ra para Crianças em Portugal. Nova edição actualizada até ao ano 2000.
certas partes do mundo, bem como uma envolvente
in
livros convidam, página ante página, a «descobrir
1 5
EM FOCO
A poesia de António Mota: uma poética do olhar… João Manuel Ribeiro Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade de Coimbra joaomanuelribeiro@fpce.uc.pt
Daniel Faria escreveu que «o poeta é o que des-
Sal, sapo, sardinha que singular; está muito para além do registo poéti-
Onde tudo aconteceu
-
Se tu visses o que eu vi
ta e constitui-se como poiesis, isto é, como feitura de
e Lá de cima cá de baixo
de dizer, nem sequer um dizer, na medida em que -
-
-
único critério de verdade poética, a marca de água
1.
Sal, Sapo, Sardinha
subsiste uma textura metafórica que, apesar de lemcional oral, nomeadamente as lengalengas, os trava1 6
de lido, como se o poema possibilitasse a descoberta
EM FOCO
-
dos os animais e neles a todas as realidades que
grande metáfora da realidade outra que cada coisa, excesso de sentidos: assim acontece com o «Caraeste propósito o imperativo do verbo com que inicia de abertura do livro: Olha: aqui está uma gravata às pintas
-
azuis
-
vermelhas douradas,
partida para um percurso de descoberta: desven-
que serve
dar o mistério que se esconde por trás de cada um,
para enfeitar um rio de águas claras.
-
consubstanciada em marcas de narratividade (como
1 7
EM FOCO
Sal, sapo, sardinha passa por «apontamentos de poesia breves, fugazes 2. qualquer lugar, acrescenta mais-valia e sentido à fosse o cenário ou o pano de fundo para a (den-
Onde tudo aconteceu colar de que fala o primeiro poema com o mesmo
1 8
diferente do real, que simultaneamente nos dá um
EM FOCO
-
(como no poema inaugural), ora indiretamente por encontra este e aquele, que faz perguntas a dada
extratextual num lado oposto à da realidade apre-
-
-
-
-
-
-
ro ou da noite, pelo excesso do diurno, luminoso,
mas especialmente evidente nos sete poemas do que
-
se enxertar na referida arquitetura, evoca também Sal, sapo, sardinha, a mesma densidade metafórica, a mesma carga
3. Se tu visses o que eu vi dezenas de textos poéticos que, na generalidade,
4. treze poemas para ver Lá de cima cá de baixo, indi-
cantilenas, lengalengas e rimas infantis, reinvennonsense e do recurso ao imaginário do contrário, das aves«Baloiço cá -
baloiço lá eu já vi
mais lúdico, um território imagético-visual que se
o que ali está».
1 9
EM FOCO
-
a sensorialidade, a coloquialidade, a narratividade,
se faz esta poesis
pomba; ou para os frutos, sobretudo para as azeiLa poétique de l’espace
tonas; ou para os gatos, especialmente para «um /
O que é a poesia?
-
O Livro do Joaquim.
-
Sal, Sapo, Sardinha, de António Mota In
Lá de cima cá de baixo Sal, Sapo, Sardinha
poético e ampliada «por marcas de narratividade e
Onde tudo aconteceu Se tu visses o que eu vi
Lá de cima cá de baixo distingue-se por textos de maior
Onde tudo aconteceu – Recensão In
trutura formal diversa onde, além da metáfora, es-
Sal, sapo, sardinha – Recen-
são
In Onde tudo aconteceu – Recen-
-
são In
Onde tudo aconteceu – Re-
censão In Lá de cima cá de baixo – Recensão In
2 0
EM FOCO
António Mota, guardião de memórias felizes: as rimas infantis e os provérbios reinventados Leonor Riscado Escola Superior de Educação de Coimbra
A poesia, essa “rosa inútil e necessária” de que nos -
gam-se desde os tempos mais remotos dando forma ca e musical, independentemente da menor ou maior -
-
2 1
EM FOCO
de poesia, quer de autor, quer da poesia tradicional, rimas infantis e de outros repositórios de sabedoria sabemos como este professor muito especial que foi, lar ligação com a palavra e com a memória apuro e o rigor com que cuida em oferecer aos leito-
as crianças um património oral que agrega gerações, -
parte das crianças, de pertença a uma comunidade e -
design grá-
ria José Costa, segundo a qual designam “os textos -
Saliente-se a cumplicidade estabelecida entre os au-
da criança desde o nascimento até mais ou menos -
-
O Livro das Lengalengas 1
2
O Livro dos Trava-línguas 1 2 1
O Livro das Adivinhas
-
2 -
antes imersos no macrotexto cultural das tradições populares da esfera do adulto: O Livro dos Provérbios
O Livro das Adivinhas 2 2
1 e O Livro dos Provérbios 2 -
EM FOCO
O Livro dos Provérbios textos aparentemente – mas só aparentemente – fá-
O Livro das Adivinhas 1 e O Livro das Adivinhas 2 Os provérbios, textos marcados pela brevidade adulto-criança é promovida através desta provopor diferentes sugestões de resposta, mais ou menos forma particular de traduzir verbalmente o modo
próxima da correta, que aparece, no livro, bem assi-
o inexplicável, com o que o oprime ou amedronta
O Livro dos Provérbios 1 e O Livro dos Provérbios 2 utilizam, também, este tipo de estratégia, completivos que, ao longo de mil cento e cinquenta e dois provérbios, permitem à criança afastar-se do pensamento concreto e adquirir, de forma lúdica mas re-
no pensamento abstrato, nomeadamente através da O Livro das Lengalengas 1 e O Livro das Lengalengas 2 -
-
ta e quatro textos do folclore rimado infantil, enconrimas para as quais é indicado o contexto e rimas biombo de coletor, mas, lá bem no fundo do seu O Livro dos Trava-Línguas 1 e O Livro dos Trava-línguas 2 -
rimas infantis, sem que a maior parte dos leitores -
2 3
BIBLIOTECANDO
A exploração de «Retratos de Família» no agrupamento de escolas António Feijó Ponte de Lima Maria de Fátima Dias, Susana Gonçalves e Teresa Silva Trabalho realizado no âmbito da Oficina de Formação: O Papel da literatura na Formação do leitor, coordenado por Lúcia Barros (Professora Bibliotecária)
Retratos de Família -
(…) Considerando o tema aglutinador do agrupamento A Árvore e a Arte de Envelhecer na Literatura -
permitindo às crianças estabelecer comparações e
capazes de compreender e respeitar as diferentes
Roteiro de análise textual para “SONHOS DE NATAL”
da sociedade, também é produtora de mudanças e procura implementar novos valores, a par de ou-
Grupo etário Indicação do género, das personagens e dos elementos espácio-temporais
A obra que serve de mote e de arranque a este para além de se enquadrar nas temáticas acima re2 4
BIBLIOTECANDO
Sinopse/Apreciação dos aspetos estéticos e ideológicos lembrar que este sempre foi muito mais do que efémero do autor à terra, experimentamos o frio dos dias sem escola a brincar na neve; o aroma e o sabor da mais
-
motivos, este livro proporciona o caloroso reencontro
Pré-leitura Pistas de Trabalho
À descoberta do título desaparecido -
Objetivos
de diferentes caixas encontram-se cartões com pala– Contactar com autores/ilustradores portugueses Book Bit que proporcionem o prazer da leitura, da escrita e/ou outras formas de arte; 2 5
BIBLIOTECANDO
Durante a leitura
Após a leitura minha aldeia -
Teia de personagens -
O dia seguinte… -
Gaveta de Histórias acontecimentos neles vividos, “arrumando” cartões
Forum
com citações e/ou ações nos diferentes cenários da
Dividir a turma em dois grupos para debater o
A caixa mágica Diário de Leitura … muito mais pequena, também de madeira.”) e deixar que os alunos se manifestem, e arguConfrontar as ideias prévias dos alunos com a
Sugestões de intertextualidade: Há sempre uma estrela no Natal
Dicionário de Natal
Outras Obras do autor: Carta do Pai
Mapa Comparativo (passado vs presente)
2 6
Lá de Cima, Cá de Baixo
-
A Aldeia das Flores
-
Se Tu visses o que eu vi Segredos
-
O Nabo Gigante
-
BIBLIOTECANDO
-
pertou curiosidade pelo conteúdo da obra e revelou
por abordar a obra recorrendo a duas atividades de pré-leitura e, embora inicialmente, tivéssemos pla-
que se refere ao “Book Bit” é de salientar o facto mais novos, o que contribuiu para o enriquecimento
-
que a caixa criou, quer pelas sugestões dos alunos revelou-se uma atividade muito criativa como verentes grupos, onde apareceram alusões a sapatos -
-
vel surpresa, visto que fomos surpreendidas pela ca-
positiva, os alunos demonstraram interesse e entu-
2 7
ESCRITA INTEMPORAL
Falando de
Literatura Juvenil -
Manuela Maldonado
Lisboa, Irene Uma Mão cheia de Nada…
-
O volume inclui pequenos textos de caráter conSolta Palavra -
narrativas do cotidiano circundante que se recriam
substanciada em duas obras: Uma Mão cheia de Nada – Outra de Coisa Nenhuma
Aventuras
inscrevendo-se num percurso existencial atribulado
de João Sem Medo
-
nos libertadores, entre outros textos, em «As Aventu-
dicionado pelo eu social, nesta faixa etária é motivo
-
lescentes na fase do diário e das grandes descobertas -
2 8
ESCRITA INTEMPORAL
-
-
-
Ferreira, José Gomes
-
Aventuras de João Sem Medo
-
romances de todos os tempos se debruçam sobre o enigma do eu e que a sua busca acabará sempre -
contra uma séria de situações embaraçosas e tem de tomar opções e é, nesses momentos, que surge o
mass media, o futebol, a moda, a música de massas…
Sobre Irene Lisboa
Sempre se sai a preceito, pela sua coragem, que
A Literatura para Crianças e Jovens em Irene Lisboa Irene Lisboa
para casa com a saudade de petiscos como o ba-
Sobre José Gomes Ferreira Vida e Obra de José Gomes Ferreira Sobre o Romance A Arte do Romance
2 9
FAVORITOS
António Mota ou a memória poética
de «humanismos» em perda Manuela Maldonado
-
-
dor adolescente, que também é personagem, sendo
-
-
A par dos acontecimentos reais, ocorrem vaincidentes variados, podendo assumir a forma de
O milagre da vida é consubstanciado nos epi-
sódios do nascimento de animais em que crianças
acontecimentos que constam dos vários livros como forasteiros como os vendedores ambulantes, os amo-
3 0
-
FAVORITOS
-
Mota, António A Casa das Bengalas
-
-
Há que referir ainda, pela poeticidade transbor-
-
tos… a todos os alunos num lugar onde a neve campeia e sobretudo depois da viuvez de Henrique, visitamlevava uma abada de rosas… -
fortes dores de cabeça, que só o Aspegic consegue
A narrativa inicia-se por uma das viagens a
3 1
FAVORITOS
-se desconfortáveis, Sibilina reage mal, discutem e o Voltando para a aldeia a Custódia continua a -
-
A estadia é um constrangimento para todos:
-
terra, além da roupa de vestir no dia a dia levava
-
po cósmico, bem como a moldura com o retrato de -
-
de férias na aldeia quando criança: os animais, o
por terem ido visitar outro amigo, num lar de idosos 3 2
FAVORITOS
causada pela dádiva de uma tia de um livro de con-
aproveitando o clima esotérico dessa data, leva dois meninos fantasiados de bruxa e fantasma, a entrar -
Mota, António
petivas donas, originando uma escrita que toca a fá-
Histórias às cores
um bom prestidigitador, de pequenos nadas como -
-
netos, festas de aniversário infantis, o esoterismo do dia das bruxas, tira da cartola apontamentos narra-
-
-
ções do código escrito, permitindo leituras cada vez
narrativa seguinte privilegia-se a casa da avó como aparecem pequenos mosaicos, estudos prévios de deliciosos doces caseiros; o terceiro valoriza o entendimento e cumplicidade de duas gerações na
quadros temáticos em que o ilustrador confessa que
3 3
FAVORITOS
Mais Livros
Manuela Maldonado
Além de volumes de literatura infantojuvenil, esta secção privilegiará outros que poderão configurar culturas da criança ou do jovem.
-
bre: além de remendar a roupa, também o faz com -
-
Woolf, Virgínia A Viúva e o Papagaio -
mesmo desapontamento aconteceu no escritório de 3 4
FAVORITOS
Nieto, Iván Baliano Caçadores de Tesouros -
A estrutura da(s) narrativa(s) assume-se como um e lá estava a fortuna de quem vivera e morrera na Volta a casa com James, na carroça do mesmo
Tudo é aventura, a começar pela temática: um arqueólogo, nas férias grandes, convida o sobri-
A viúva viveu até idade avançada e, de tanto que foi o papagaio o incendiário da casa do avaA pesquisa leva-os de continente em continente, -
preto e branco, dada a faixa etária a que se destina, na a cor valorizando a expressividade dos protago-
3 5
FAVORITOS
Sado”, de inverdades sobre o nascimento, como em A rematar o volume aparecem os direitos dos dicativa: pretendem, sobretudo, ser bem alimentanal do poema, para a criança: defender os animais
-
Ribeiro, João Manuel Animalices
neste caso, interpretado disfemisticamente, porque
diz na contracapa, “povoam a escrita dos poetas e
culatórios, individuais e coletivos, tendentes a me-
sobre as estações em “Cada animal sua lua”, de
3 6
FAVORITOS
Elias, Marta
Ribeiro, João Manuel
Lengalenga dos nomes
O Anjo do Pintor
-
-
maior parte das vezes, o nonsense -
Falar de arte pictórica para crianças e até para
-
-
atrás das pinturas, que se torna o guia da visita guiada,
-
a escrita regista o diálogo que estabelece com o re-
3 7
FAVORITOS
Letria, José Jorge -
O Mosteiro de Santa Maria de Salzedas: as formigas, o gaio e as pedras
este painel apresenta uma imagem de Cristo vigorosa, erguendo-se do túmulo, em contraste com os soldados
à viagem através de grandes monumentos nacionais sabe explicar a perda de um dos retábulos e angus-
-
-
tre narrador e recetor é também doado pela ilustra-
Os cistercienses eram grandes agricultores, com os mosteiros se deveriam situar num vale atravessa-
-
anos mas, ao longo dos tempos, sofreu remodela-
-
-
este sinal, o imaginário avoca do imaginário um 3 8
FAVORITOS
gaio, muito colorido, que, estridentemente, grita: para Salzedas, o rei ofereceu terras para os monges artesanais, é o que cabe ao monge bibliotecário: a -
Como era expectável, a fundadora teria de fazer parte da lenda, ela que pediu para ser enterrada rativa construir a sua lenda, imaginando um dia de Mendes, Rui et alius Jogos Tradicionais Portugueses Deixe-se falar o texto: “Talvez uma lenda criada
como se diz na contracapa, é destinado à dinamiza-
oferta de atividades complementares e interdisciplitores deste volume, na última página, sentados em
-
3 9
FAVORITOS
CHAMADA DE TEXTOS SOLTA PALAVRA 21 Os interessados podem enviar textos (artigos ou recensões a livros) para o próximo Solta Palavra «A Morte na Literatura Infantil e Juvenil»
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Gomes, Fernando Paulo et alius
autor(es) (se for o caso); endereço completo (incluindo telefone, fax e e-mail) do(s) autor(es) responsável; -
Viajar a cantar em Portugal
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corresponder determinado instrumento musical a
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EDIÇÃO:
CENTRO DE RECURSOS E INVESTIGAÇÃO SOBRE LITERATURA PARA A INFÂNCIA E JUVENTUDE