CATÁLOGO
DISTOPIAS CATÁLOGO BIBLIOGRÁFICO
MAIO 2020
BIBLIOTECA DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE AMARES
+ CATÁLOGO LER DISTOPIAS
Biblioteca da Escola Secundária de Amares Catálogo Bibliográfico Ler+ DISTOPIAS Livros e DVD sobre Distopias As sinopses dos recursos são, em termos gerais, as disponibilizadas pelas editoras. Agrupamento de Escolas de Amares Rua da Escola Secundária, 72 4720-143 Amares Email: biblioesamares@gmail.com
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CATÁLOGO LER + DISTOPIAS
Biblioteca da Escola Secundária de Amares
DISTOPIAS Nos últimos tempos muito se tem falado de distopias. Os avanços tecnológicos verificados nas últimas décadas têm superado largamente o que, no passado, diversos autores tinham imaginado. O uso e o abuso, por parte de diferentes empresas e alguns estados, dos conhecimentos e das ferramentas que a ciência e a tecnologia têm disponibilizado, em muitos momentos nos fizeram evocar situações que tínhamos imaginado ao ler algumas narrativas distópicas. Por outro lado, acontecimentos políticos a que assistimos recentemente em diferentes países, com o ressurgimento dos populismos, foram quase sempre motivo para um renovado interesse por textos como 1984 e a Quinta dos Animais, de George Orwell, O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, ou A História de Uma Serva, de Margaret Atwood. Este novo interesse parece vir contrariar a ideia do fílósofo Zygmunt Bauman que, no ano 2000, entendia que da transição da modernidade sólida para a modernidade líquida resultava o fim das distopias clássicas uma vez que as realidades, os interesses, os medos e as ansiedades nos novos tempos eram muito diferentes dos tempos da modernidade sólida (totalitarismos, condicionamento da liberdade individual), que estariam a perder força. O tempo veio mostrar que não era tanto assim, pelo menos no interesse pelas obras. Quantas coisas temos visto que achávamos que "Isso não pode acontecer aqui" como diz o título do livro de Sinclair Lewis, publicado em 1935 e que tantos revisitaram nos anos recentes.
Biblioteca da Escola Secundária de Amares
Nos últimos meses, com a situação de pandemia que temos vivido alguns destes livros voltaram aos Tops dos mais vendidos, acompanhados de outros como A Peste, de Albert Camus, ou o Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Basta percorrer as páginas dos jornais ou os registos das redes sociais para vermos múltiplas referências a estas e outras narrativas distópicas e o uso e abuso da expressão, muitas vezes com sentidos erróneos. Esta atualidade fez-nos recordar que, no fundo documental da Biblioteca da Escola Secundária de Amares, temos um conjunto interessante de livros e filmes sobre esta temática, uns mais conhecidos que outros, que importava divulgar de forma mais evidente. O critério de seleção não foi fácil e alguns títulos estão na fronteira de géneros próximos como o fantástico, a ficção científica, o horror ou mesmo o romance psicológico. Nos últimos anos têm surgido uma nova classe de distopias, vocacionadas para o público juvenil, como as séries Divergente e Os jogos da fome. Na realidade, o género sempre suscitou interesse de leitores e autores. Vencedores do Prémio Nobel experimentaram o género: Sinclair Lewis, Camus, William Golding, Saramago ou Kazuo Ishiguro. Nós, de Ievgueni Zamiatin, escrito em 1921 e publicado em 1924, iniciou um século de livros que, especulando sobre o futuro, perscrutaram os nossos medos e ansiedades. Muitos desses livros - e filmes - estão à vossa espera na nossa Biblioteca. Porque Ler é o melhor remédio!
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CATÁLOGO LER + DISTOPIAS
1984 “Era um dia claro e frio de Abril, nos relógios batiam as treze. Winston Smith, queixo aninhado no peito, num esforço para se proteger do malvado vento, esgueirou-se depressa por entre as portas de vidro das Mansões Vitória, não tão depressa, porém, que não entrasse com ele um turbilhão de poeira arenosa. O átrio cheirava a couve cozida e a capachos velhos. Num dos extremos fora posto na parede um cartaz a cores, demasiado grande para ser afixado dentro de casa. Representava simplesmente um rosto enorme, com mais de um metro de largo: o rosto de um homem dos seus quarenta e cinco anos, com farto bigode e feições de uma beleza austera. Winston encaminhou-se para as escadas. Não valia a pena tentar o elevador. Raramente funcionava, mesmo nas melhores alturas, e de momento a corrente eléctrica estava cortada do nascer ao pôr do sol. Era um dos aspectos do esforço de poupança na preparação para a Semana do Ódio. Havia sete lanços de escada até ao apartamento, e Winston, que tinha trinta e nove anos e uma úlcera varicosa acima do tornozelo, subiu devagar, descansando várias vezes pelo caminho. Em cada patamar, diante do poço do elevador, o rosto enorme fitava-o da parede. Desses retratos de tal maneira conseguidos que os olhos nos seguem os movimentos. O GRANDE IRMÃO ESTÁ A VER-TE, rezava por baixo a legenda. George Orwell (Primeiros parágrafos de 1984)
LIVROS e DVD
ALDERMAN, NAOMI Trad. Sónia Mota Maia
O Poder Lisboa, Saída de Emergência, 2018 ISBN: 978-989-773-104-4
Algures num futuro não tão distante do nosso, todas as raparigas do mundo com cerca de 15 anos começam a libertar choques elétricos das mãos, podendo despertar o mesmo poder nas mulheres mais velhas. Descobre-se então que elas possuem uma meada na clavícula, resultante de uma mutação genética, que produz uma surpreendente cadeia de energia. Em pouco tempo, a grande maioria das mulheres consegue libertar descargas elétricas, o que as coloca numa posição social de vantagem para com os homens. Quando o mundo se depara com esse estranho fenómeno, a sociedade tal como a conhecemos desmorona e os papéis são invertidos. Ser mulher torna-se sinónimo de poder e força, ao passo que os homens passam a ter medo de andar na rua, sozinhos à noite. Ao narrar as histórias de várias protagonistas, de múltiplas origens e estatutos diferentes, Naomi Alderman constrói um romance que explora os efeitos devastadores desta reviravolta da natureza, o seu impacto na sociedade e a forma como expõe as desigualdades do mundo contemporâneo.
ATWOOD, MARGARET Trad. Rosa Amorim
A História de Uma Serva Lisboa, Bertrand Editora, 2013 ISBN: 978-972-25-2577-0
ATWOOD, MARGARET IL. RENÉE NAULT Trad. Rosa Amorim
A História de Uma Serva Novela Gráfica Lisboa, Bertrand Editora, 2020 ISBN: 978-972-25-3785-8
Uma visão marcante da nossa sociedade radicalmente transformada por uma revolução teocrática. A História de Uma Serva tornou-se um dos livros mais influentes e mais lidos do nosso tempo.Extremistas religiosos de direita derrubaram o governo norte-americano e queimaram a Constituição. A América é agora Gileade, um estado policial e fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, são obrigadas a conceber filhos para a elite estéril. Defred é uma Serva na República de Gileade e acaba de ser transferida para a casa do enigmático Comandante e da sua ciumenta mulher. Pode ir uma vez por dia aos mercados, cujas tabuletas agora são imagens, porque as mulheres estão proibidas de ler. Tem de rezar para que o Comandante a engravide, já que, numa época de grande decréscimo do número de nascimentos, o valor de Defred reside na sua fertilidade, e o fracasso significa o exílio nas Colónias, perigosamente poluídas. Defred lembra-se de um tempo em que vivia com o marido e a filha e tinha um emprego, antes de perder tudo, incluindo o nome. Essas memórias misturam-se agora com ideias perigosas de rebelião e amor. A obra ganhou novo interesse no público com a adaptação para série na Netflix.
AUSTER, PAUL Trad. José Vieira de Lima Kallocaína Alfragide, Asa, 2008 ISBN: 978-989-23-0266-9
E se a América não estivesse em guerra com o Iraque mas consigo própria? Nesta América, as Torres Gémeas não caíram e as eleições presidenciais de 2000 conduziram à secessão, com estado após estado a abandonar a união e uma sangrenta guerra civil a instalar-se. Este mundo paralelo é criado pela mente e coração perturbados de August Brill, um crítico literário vítima de insónias. Com 72 anos, Brill está a recuperar de um acidente de viação em casa da filha, no Vermont e, para afastar recordações que preferia esquecer – a morte da mulher e o violento assassinato do namorado da neta –, conta histórias a si próprio. Gradualmente, o que Brill tenta desesperadamente impedir insiste em ser contado. Com a neta a juntar-se-lhe de madrugada, ele arranja finalmente coragem para revisitar os seus piores dramas. Chocante e apaixonante, "Homem na Escuridão" é o exemplar romance do nosso tempo, um livro que nos obriga a confrontar a escuridão da noite, celebrando a existência das pequenas alegrias do dia-a-dia num mundo capaz da mais grotesca violência.
BOYE, KARIN Trad. João Reis
Kallocaína Lisboa, Antígona, 2016 ISBN: 978-972-608-274-3
Kallocaína é um romance distópico da autora sueca Karin Boye, publicado em 1940. A exemplo de Huxley, em Admirável Mundo Novo, a autora descreve uma sociedade totalitária num futuro desumanizado em que um químico, Leo Kall, trabalha para o Estado Mundial, que controla toda a sociedade. Ele inventa o soro da verdade kallocaína quando se encontra numa prisão do Estado, conduzindo testes com cobaias humanas até que a Polícia começa a comandar o uso da droga. Nesse futuro, um estado totalitário controla uma sociedade que, na ânsia da segurança prometida, se vergou à sua vontade. Em cidades subterrâneas, envolvido numa guerra permanente, o Estado Mundial erigiu a delação em acto cívico e dispõe a seu bel-prazer da vida dos seus consoldados, que, temendo denúncias e perseguições, tudo cumprem em nome do bem comum. Quando o cientista Leo Kall descobre um soro da verdade - a kallocaína -, mais eficaz do que a tortura ou a propaganda, o Estado não se coíbe de derrubar as já frágeis barreiras da individualidade e de extorquir todos os segredos e pensamentos dos seus cidadãos. Requiem pela humanidade em tempos negros, Kallocaína conserva até hoje toda a sua clarividência.
BRADBURY, RAY
Trad. Mário Henrique Leiria
Fahrenheit 451 Porto, Público, 2003 ISBN: 84-96200-92-2
FAHRENHEIT 451 Realização: FRANÇOIS TRUFFAUT 1966 DVD - 112 min.
Guy Montag é um bombeiro. O seu emprego consiste em destruir livros proibidos e as casas onde esses livros estão escondidos. Ele nunca questiona a destruição causada, e no final do dia regressa para a sua vida apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa na sua televisão. Um dia, Montag conhece a sua excêntrica vizinha Clarisse e é como se um sopro de vida o despertasse para o mundo. Ela apresenta-o a um passado onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em livros. Quando conhece um professor que lhe fala de um futuro em que as pessoas podem pensar, Montag apercebe-se subitamente do caminho de dissensão que tem de seguir.Mais de sessenta anos após a sua publicação, o clássico de Ray Bradbury permanece como uma das contribuições mais brilhantes para a literatura distópica e ainda surpreende pela sua audácia e visão profética. O livro já teve várias versões cinematográficas, sendo a mais reconhecida a de François Truffaut.
BURGESS, ANTHONY, Trad. Vasco Gato
A Laranja Mecânica Carnaxide, Alfaguara, 2012 ISBN: 978-989-672-153-4
LARANJA MECÂNICA Realização: Stanley Kubrick 1971 DVD - 131 min.
Sendo já um clássico da literatura distópica, Laranja Mecânica é já, também, um verdadeiro marco na história da cultura pop. Narrada pelo protagonista, o jovem Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário que então domina a sociedade. Os processos utilizados e as fantásticas e inesperadas conclusões ainda hoje são tão polémicas como actuais. Edição comemorativa 50º aniversário da primeira edição de um dos grandes clássicos literários sobre futurologia do Século XX, comparável a obras como 1984 ou o Admirável Mundo Novo. Imortalizado também no cinema pela mítica adaptação de Stanley Kubrick, é uma obra ímpar e de indispensável leitura, já que nem sempre a versão cinematográfica coincide com o texto do romance.Além disso esta edição inclui material inédito: textos e ilustrações do autor, assim como ensaios sobre a obra e a sua polémica.
CAMUS, ALBERT
Trad. Ersílio Cardoso
A Peste [S.l.], Livros do Brasil, 2016 ISBN: 978-972-38-2934-1
Na manhã de um dia 16 de abril dos anos de 1940, o doutor Bernard Rieux sai do seu consultório e tropeça num rato morto. Este é o primeiro sinal de uma epidemia de peste que em breve toma conta de toda a cidade de Orão, na Argélia. Sujeita a quarentena, esta torna-se um território irrespirável e os seus habitantes são conduzidos até estados de sofrimento, de loucura, mas também de compaixão de proporções desmedidas. Uma história arrebatadora sobre o horror, a sobrevivência e a resiliência do ser humano, A Peste é uma parábola de ressonância intemporal, um romance magistralmente construído, que, publicado originalmente em 1947, consagrou em definitivo Albert Camus como um dos autores fundamentais da literatura moderna.
COLLINS, SUZANNE
COLLINS, SUZANNE
COLLINS, SUZANNE
Os Jogos da Fome
Os Jogos da Fome
Os Jogos da Fome
Lisboa, Presença, 2009 ISBN: 978-972-23-4239-1
Lisboa, Presença, 2011 ISBN: 978-972-23-4442-5
Lisboa, Presença, 2011 ISBN: 978-972-23-4653-5
Trad. Jaime Araújo
Livro I - Os jogos da fome
Trad. Jaime Araújo
Livro II - Em chamas
Trad. Jaime Araújo
Livro III - A revolta
Num futuro pós-apocalíptico, surge das cinzas do que foi a América do Norte, Panem, uma nova nação governada por um regime totalitário que a partir da megalópole, Capitol, governa os doze Distritos com mão de ferro. Todos os Distritos estão obrigados a enviar anualmente dois adolescentes para participar nos Jogos da Fome - um espetáculo sangrento de combates mortais cujo lema é «matar ou morrer». No final, apenas um destes jovens escapará com vida, Katniss Everdeen é uma adolescente de dezasseis anos que se oferece para substituir a irmã mais nova nos Jogos, um ato de extrema coragem. Conseguirá Katniss conservar a sua vida e a sua humanidade? É neste ambiente distópico quo se desenvolve a trilogia Os Jogos da Fome que ganhou grande sucesso, sobretudo entre os jovens, tendo sido passada para o cinema.
DICK, PHILIP K.
Trad. António Porto
O Homem do Castelo Alto Lisboa, Relógio D'Água, 2016 ISBN: 978-989-641-601-0
América, quinze anos após o final da Segunda Grande Guerra. As potências vencedoras dividiram as suas conquistas: os nazis controlam Nova Iorque e a Califórnia é controlada por Japoneses. Mas entre estes dois estados confrontados numa guerra fria existe uma zona neutra onde, dizem os rumores, reside o lendário autor Hawthorne Abendsen, que receia pela sua vida, pois escreveu em tempos um livro no qual os aliados venceram a Segunda Grande Guerra.
DICK, PHILIP K. Trad. Paulo Faria
Relatório Minoritário e Outros Contos Lisboa, Relógio D'Água, 2017 ISBN: 978-989-641-722-2
Relatório Minoritário e Outros Contos é uma seleção das doze histórias mais importantes de Philip K. Dick. O conjunto é representativo de toda a sua obra, e revela-nos um autor em pleno domínio das suas capacidades narrativas. A ação desenrola-se em Washington no ano de 2054, onde funciona eficazmente uma divisão policial de pré-crime, onde são utilizados os poderes pré-cognitivos de três adolescentes alterados geneticamente pela Doutora Iris Hineman (Lois Smith) e que têm a capacidade de prever um homicídio poucas horas antes da sua realização, fornecendo também as identidades do assassino e das vítimas. Em 2002 foi passado ao cinema por Steven Spielberg num filme protagonizado por Tom Cruise.
DICK, PHILIP K.
Trad. Raquel Martins
Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? Lisboa, Relógio D'Água, 2016 ISBN: 978-989-641-602-7
O romance que deu origem ao filme Blade Runner, apresenta uma visão futurista, carregada de humor negro, mais perturbante e poderosa do que nunca. A Guerra deixou a Terra devastada. Por entre as ruínas, o caçador de recompensas Rick Deckard persegue a sua presa: os andróides desertores. Quando não desempenha esta tarefa, Deckard sonha possuir o maior símbolo de status da época: um animal vivo. É então que Rick recebe a sua principal tarefa: localizar seis Nexus, seis alvos que lhe podem valer uma enorme recompensa. Mas a vida nunca é assim tão linear, e a de Rick transforma-se rapidamente num pesadelo caleidoscópio de subterfúgios e enganos.
GOLDING, WILLIAM
GOLDING, WILLIAM
GOLDING, WILLIAM
O Deus das moscas Alfragide, Dom Quixote, 2011 ISBN: 978-972-20-4797-5
O Deus das moscas Alfragide, Leya, 2011 Coleção: Essencial/RTP, 12 ISBN: 978-972-20-5997-8
O Deus das moscas Porto, Público, 2002 Coleção: Mil Folhas, 7 ISBN: 84-8130-506-5
Trad. Manuel Santos Marques
Trad. Manuel Santos Marques
Trad. Manuel Santos Marques
Um avião despenha-se numa ilha deserta, e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. Inicialmente, desfrutando da liberdade total e festejando a ausência de adultos, unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo. Porém, à medida que o frágil sentido de ordem dos jovens começa a fraquejar, também os seus medos começam a tomar sinistras e primitivas formas. De repente, o mundo dos jogos, dos trabalhos de casa e dos livros de aventuras perde-se no tempo. Agora, os rapazes confrontam-se com uma realidade muito mais urgente - a sobrevivência - e com o aparecimento de um ser terrível que lhes assombra os sonhos. Publicado originalmente em 1954, O Deus das Moscas é um dos mais perturbadores e aclamados romances da atualidade.
HOUELLEBECQ, MICHEL
Trad. Carlos Vieira da Silva
Submissão Lisboa, Alfaguara, 2015 ISBN: 978-989-8775-27-6
Paris, 2022: François, investigador universitário, cumpre desapaixonadamente o ofício do ensino enquanto leva uma vida calma e impermeável a grandes dramas, uma rotina de quarentão apenas ocasionalmente inflamada pelos relacionamentos passageiros com mulheres cada vez mais jovens. É também com indiferença que vai acompanhando os acontecimentos políticos do seu país.Às portas das eleições presidenciais, a França está dividida. O recém-criado partido da Fraternidade Muçulmana conquista cada vez mais simpatizantes, graças ao seu carismático líder, numa disputa directa com a Frente Nacional. O país obcecado por reality shows e celebridades acorda por fim e toma de assalto as ruas de Paris: somam-se os tumultos, os carros incendiados, as mesas de voto destruídas. Afastado da universidade pela nova direcção, deprimido, François retira-se no campo, onde espera deixar de sentir as ondas de choque da capital. Regressa a Paris poucos dias depois do desfecho eleitoral e encontra um país que já não reconhece. É tempo de questionar-se sobre se deve e pode submeter-se à nova ordem.
HUXLEY, ALDOUS
Trad. Mário Henrique Leiria
Admirável mundo novo Lisboa, Livros do Brasil, 1999 Coleção: Dois Mundos, 25 ISBN: 972-38-0012-8
HUXLEY, ALDOUS Trad. Mário Henrique Leiria Admirável mundo novo Porto, Público 2003 Coleção: Mil Folhas, 47 ISBN: 84-96075-73-7
Lançado em 1931, nele o autor imagina uma sociedade em que bebés são gerados e alimentados por incubadoras e onde as palavras pai e mãe carecem de sentido. Nessa sociedade, organizada por princípios exclusivamente científicos, em que as pessoas são programadas para cumprir um papel desde crianças, e em que a racionalidade é a verdadeira religião e onde não há espaço para o livre arbítrio. Admirável Mundo Novo é uma parábola fantástica sobre a desumanização dos seres humanos. Na utopia negativa descrita no livro, o Homem foi subjugado pelas suas invenções. A ciência, a tecnologia e a organização social deixaram de estar ao serviço do Homem; tornaram-se os seus amos. Desde a publicação deste livro, o mundo rumou a passos tão largos na direção errada que, se eu escrevesse hoje a mesma obra, a ação não distaria seiscentos anos do presente, mas somente duzentos. O preço da liberdade, e até da simples humanidade, é a vigilância eterna.
HUXLEY, ALDOUS
Trad. Rogério Fernandes
Regresso ao admirável mundo novo Lisboa, Livros do Brasil, 1987 Coleção: Dois Mundos, 51
Conjunto de ensaios sobre diversos temas abordados em "Admirável Mundo Novo", a presente obra foi publicada em 1958. Na sua génese está a inquietante noção de que a sociedade ficcional descrita no livro mais famoso de Aldous Huxley se tornava a passos largos uma realidade.
ISHIGURO, KAZUO
Trad. Rui Pires Cabral
Nunca me deixes Lisboa, Gradiva, 2017 ISBN: 978-989-616-051-7
O que aconteceria se em vez de uma era nuclear tivéssemos vivido uma explosão biotecnológica? Em Nunca Me Deixes — que põe a hipótese assim, no passado —, Kazuo Ishiguro parte desta ideia para a construção de uma terrível distopia protagonizada por três jovens adultos.Kathy, Ruth e Tommy cresceram juntos num colégio interno. É no reencontro, anos depois, que a cortina de fumo sobre as suas vidas começa realmente a dissipar-se. Por então, dois deles já são “dadores”, um é “ajudante”. O escritor demora a revelar-nos o significado exacto destas palavras e a totalidade do que implicam — na realidade, acaba por nunca fazê-lo: deixa-nos a nós, leitores, ir atrás do impulso negro de completar o puzzle em cada detalhe mórbido e em crescendo de desconforto e voracidade.
KAFKA, FRANZ
KAFKA, FRANZ
O Processo Linda-a-Velha, Abril-Controljornal, 2000 Coleção: Novis. Biblioteca visão ; 4 ISBN: 972-611-598-1
O Processo Porto, Público, 2004 Coleção: Mil Folhas, 91 ISBN: 84-9789-355-7
Trad. Gervásio Álvaro
Trad. João Costa
Existem muito poucas homenagens mais relevantes para um autor do que ter o próprio nome transformado em adjetivo pela importância e característica de sua obra, mesmo que este adjetivo tenha sido imortalizado como designação para situações irreais, desvios mentais ou simplesmente pesadelos. Foi assim que o escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924), com obras como "A Metamorfose" (1912) e "O Processo" (1914 mas apenas publicado em 1925, após a morte do autor), originou a expressão "kafkiana" que pode ser utilizada para resumir situações que vivemos nas nossas vidas. A prosa de Kafka é surpreendentemente leve e direta, na verdade, inversamente proporcional à profundidade psicológica de seus romances, sendo que a abertura do Processo é o maior exemplo desta simplicidade narrativa, atraindo o leitor para as espirais sem fim do seu enredo: "Alguém certamente havia caluniado Josef K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum". Assim tem início o processo de Josef K., ou simplesmente K., procurador de um banco detido sem nenhum motivo especial e julgado por um tribunal que, "atraído pela culpa" dos pretensos réus, desenvolve incompreensíveis inquéritos. Aos poucos, somos envolvidos pela atmosfera claustrofóbica do romance e percebemos, juntamente com K., que a absolvição é uma esperança muito remota.
LEWIS, SINCLAIR
Trad. Bernardo Ramos
Babbitt Silveira, E-Primatur, 2018 ISBN: 978-989-8872-01-2
Considerado pelo Guardian um dos 100 melhores romances da língua inglesa, na altura da sua publicação Babbitt foi considerado um romance atroz, sem enredo, em que o autor se especializava em criar personagens desagradáveis.Na realidade, o prémio Nobel Sinclair Lewis antecipava o desligamento social da vida nas grandes cidades, a perda de valores, a incapacidade de comunicação, o viver para a imagem e não para a essência. A vida de George F. Babbitt (apelido que passou a fazer parte do vocabulário dicionarizado do inglês norte-americano) é traçada em pequenos quadros, episódios e anedotas que formam um todo coerente na sua incoerência: dois anos de uma vida. Babbitt é o vendedor imobiliário cuja grande preocupação, deixar uma boa impressão, é o lema da sua vida. Babbitt não é fiel aos seus valores e ideais, é sim fiel aos dos que o rodeiam.
LEWIS, SINCLAIR
Trad. José Vala Roberto
Isso não pode acontecer aqui Alfragide, Dom Quixote, 2017 ISBN: 978-972-20-6352-4
Escrito durante a Grande Depressão e publicado quando o fascismo começava a emergir na Europa de forma alarmante, Isso não Pode Acontecer Aqui conta a história de Buzz Windrip, um demagogo xenófobo e racista que, apesar de praticamente iletrado, consegue derrotar Franklin Delano Roosevelt nas eleições presidenciais com a promessa de um regresso da América à prosperidade e ao orgulho, acabando por instaurar um regime ditatorial apoiado por forças militares altamente repressivas que nunca até ali os eleitores julgaram possível. No centro da ação, está Doremus Jessup, um jornalista do Connecticut que testemunha com horror a fragilidade da democracia e se torna um dos grandes resistentes à tirania, passando à clandestinidade. Oitenta anos depois da publicação original, este livro é assustadoramente atual. Sinclair Lewis foi o primeiro escritor norte-americano a receber o Prémio Nobel da Literatura, em 1930. Mas o reconhecimento pelos seus romances satíricos, críticos dos políticos corruptos e do materialismo fútil da classe média americana não abarcava ainda o presente livro, publicado em 1935.
MCCARTTY, CORMAC Trad. Paulo Faria
A Estrada Lisboa, Relógio D'Água, 2007 ISBN: 978-972-708-934-5
Um pai e um filho caminham sozinhos pela América. Nada se move na paisagem devastada, excepto a cinza no vento. O frio é tanto que é capaz de rachar as pedras. O céu está escuro e a neve, quando cai, é cinzenta. O seu destino é a costa, embora não saibam o que os espera, ou se algo os espera. Nada possuem, apenas uma pistola para se defenderem dos bandidos que assaltam a estrada, as roupas que trazem vestidas, comida que vão encontrando - e um ao outro. A Estrada é a história verdadeiramente comovente de uma viagem, que imagina com ousadia um futuro onde não há esperança, mas onde um pai e um filho, "cada qual o mundo inteiro do outro", se vão sustentando através do amor. Impressionante na plenitude da sua visão, esta é uma meditação inabalável sobre o pior e o melhor de que somos capazes: a destruição última, a persistência desesperada e o afecto que mantém duas pessoas vivas enfrentando a devastação total.
ORWELL, GEORGE
ORWELL, GEORGE
1984 Lisboa, Antígona, 1991 ISBN: 972-608-053-3
1984 Porto, Público 2002 Coleção: Mil Folhas, 25 ISBN: 84-8130-562-6
Trad. Ana Luísa Faria
Trad. Ana Luísa Faria
O controle do Estado sobre a vida de cidadãos vítimas de atos arbitrários é descrito por George Orwell no livro 1984, publicado em 1949. O livro tornou-se um clássico, popularizando a imagem do Big Brother, de cuja vigilância ninguém escapa. Apesar disso, o poder do Estado é desafiado por um grupo revolucionário. 1984 oferece hoje uma descrição quase realista do vastíssimo sistema de fiscalização em que passaram a assentar as democracias capitalistas. A electrónica permite, pela primeira vez na história da humanidade, reunir nos mesmos instrumentos e nos mesmos gestos o trabalho e a fiscalização exercida sobre o trabalhador. O Big Brother já não é uma figura de estilo - converteu-se numa vulgaridade quotidiana. O livro mais conhecido de entre todas as narrativas distópicas.
ORWELL, GEORGE
ORWELL, GEORGE
ORWELL, GEORGE
A quinta dos animais Lisboa, Antígona, 2013 ISBN: 978-972-608-197-5
A quinta dos animais Matosinhos : Cardume, 2017 ISBN: 978-989-8851-10-9
O triunfo dos porcos Mem Martins, Europa-América, 2001 ISBN: 972-1-04098-3
Trad. Paulo Faria
Trad. Paulo Faria
Trad. Maria Madalena Esteves
Cansados da exploração a que os humanos os sujeitam, os animais revoltam-se e tomam o poder na Quinta do Infantado. Libertos da escravatura, organizam-se sob uma única lei: todos os animais são iguais. Rapidamente, no entanto, começam a surgir abusos de poder e os ideais da revolução são esquecidos. Após a sua experiência na Guerra Civil de Espanha, George Orwell quis alertar para a forma como a União Soviética de Estaline estava a corromper os ideais socialistas. Fê-lo através desta fábula distópica, projectando nos animais as inclinações mais obscuras das sociedades humanas. Publicado pela primeira vez no Reino Unido em 1945, Animal Farm chegou pela primeira vez a Portugal logo no ano seguinte através da editora Livraria Popular de Francisco Franco, com o título O Porco Triunfante. Posteriormente, e após um longo interregno, a obra voltou a ser editada em Portugal em 1976, pela editora Perspectivas e Realidades, desta vez sob o título O Triunfo dos Porcos. Esta designação acabou por se tornar no título «oficioso» da obra no nosso país, recuperado em subsequentes edições de outras casas editoras. As edições que aqui apresentamos (Antígona e Visão), com uma tradução de Paulo Faria, restitui, nas palavras do próprio “aquilo que nunca lhe deveria ter sido subtraído: o título belo e simples, digno da fábula intemporal que Orwell tão bem soube compor: A Quinta dos Animais.”
ROTH, PHILIP
Trad. Fernanda Pinto Rodrigues
Conspiração contra a América Lisboa, Dom Quixote, 2006 ISBN: 978-972-20-2868-4
Quando o famoso herói da aviação e isolacionista Fanático Charles Lindbergh derrotou esmagadoramente Franklin Roosevelt nas eleições presidências de 1940, o medo invadiu todos os lares judaicos da América. Num discurso transmitido pela rádio à escala nacional, Lindbergh não só tinha acusado publicamente os judeus de empurrarem egoisticamente a América para uma guerra sem sentido com a Alemanha nazi, mas também, ao tomar posse como trigésimo terceiro presidente dos Estados Unidos, negociara um pacto cordial com Adolfo Hitler, cuja a conquista da Europa e cuja virulenta política anti- semita ele parecia aceitar sem dificuldade. Numa mistura de história e distopia, Roth brinca com uma situação bizarra para expor preconceitos velados na sociedade americana e que ganhou novo significado nos anos recentes.
ROTH, VERONICA
Trad. Pedro Garcia Rosado
ROTH, VERONICA
Trad. Pedro Garcia Rosado
ROTH, VERONICA
Trad. Alcinda Marinho
Insurgente Divergente Convergente Porto, Porto Editora, 2015 Porto, Porto Editora, 2015 Porto, Porto Editora, 2016 ISBN: 978-972-0-04382-5 ISBN: 978-972-0-04381-8 ISBN: 978-972-0-04383-2
Na Chicago distópica de Beatrice Prior, a sociedade está dividida em cinco fações, cada uma delas destinada a cultivar uma virtude específica: Cândidos (a sinceridade), Abnegados (o altruísmo), Intrépidos (a coragem), Cordiais (a amizade) e Eruditos (a inteligência). Numa cerimónia anual, todos os jovens de 16 anos devem decidir a fação a que irão pertencer para o resto das suas vidas. Para Beatrice, a escolha é entre ficar com a sua família... e ser quem realmente é. A sua decisão irá surpreender todos, inclusive a própria jovem.Durante o competitivo processo de iniciação que se segue, Beatrice decide mudar o nome para Tris e procura descobrir quem são os seus verdadeiros amigos, ao mesmo tempo que se enamora por um rapaz misterioso, que umas vezes a fascina e outras a enfurece. É nesta sociedade distópica que se desenvolve a trilogia Insurgente, Divergente e Convergente que ganhou grande sucesso, sobretudo entre os jovens, tendo sido passada para o cinema.
SARAMAGO, JOSÉ Ensaio sobre a cegueira Lisboa, Caminho, 2009 ISBN: 978-972-21-1021-1
BLINDNESS (ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA) Realização: Fernando Meirelles 2008 DVD - 116 min.
Uma cegueira viral alastra pela cidade fictícia de José Saramago e instaura o caos. É instituída uma quarentena com poucos recursos governamentais para cuidar dos infectados, mas a força da epidemia implode as medidas de contenção. O mundo torna-se cego, à exceção de uma mulher que testemunha os horrores de uma humanidade posta à prova: egoísmo, ganância, autoritarismo e violência sexual campeiam no meio ao caos. Um mundo com as contradições da espécie humana. Não se situa em nenhum tempo específico. É um tempo que pode ser ontem, hoje ou amanhã. As ideias a virem ao de cima, sempre na escrita de Saramago. A alegoria. O poder da palavra a abrir os olhos, face ao risco de uma situação terminal generalizada. A arte da escrita ao serviço da preocupação cívica. A obra de Saramago foi adaptada ao cinema pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles.
TIDBECK, KARIN
Trad. Raquel Lopes
Amatka Amadora, Topseller, 2018 ISBN: 978-989-8917-09-6
Vanja é uma trabalhadora ao serviço do Estado. Como todas as outras pessoas. Porque o estado somos nós. A comuna somos nós. O comité somos nós. Todas as regras, todas as imposições, todas as ordens e toda a burocracia são necessárias para garantir que o mundo não se desfaça. O mundo corre o risco de se desfazer. Se não marcarmos cuidadosamente os nossos pertences, se cada objeto não estiver etiquetado e for lembrado regularmente do que é e do que pode ser vai acabar por se desfazer numa espécie de lodo viscoso. E, portanto, o bom comportamento é fundamental. O método também. A desobediência pode significar o fim. Mas Vanja precisa de mais. Precisa de conhecer, precisa de entender. Precisa de saber porque é que as suas palavras são capazes de tanto, e, no entanto, utilizadas para tão pouco. Será que a obediência e a destruição são as únicas duas hipóteses?
VERMES, TIMUR
Trad. João Henriques
Ele está de volta Alfragide, Lua de Papel, 2013 ISBN: 978-989-23-2407-4
E se Hitler voltasse à Alemanha? E se os alemães o recebessem de braços abertos? E se....Berlim, 2011. Adolf Hitler acorda num terreno baldio. Sente uma grande dor de cabeça. O uniforme tresanda a querosene. Olha à sua volta e não encontra Eva Braun. Nem uma cidade em ruínas, nem bombardeiros a riscar os céus. Em vez disso, descobre ruas limpas e organizadas, povoadas de turcos, milhares de turcos. E gente com aparelhos estranhos colados ao ouvido. Começa assim o surpreendente primeiro romance de Timur Vermes, passado na Alemanha de Angela Merkel, 66 anos depois do fim da guerra. Hitler ganha nova vida. Na sociedade espetáculo, dos reality shows e do YouTube, o renascido Führer é visto como uma estrela, que uma televisão sequiosa de novidades acolhe de braços abertos. A Alemanha da crise, do Euro ameaçado, da austeridade, vê nele um palhaço inofensivo. Mas ele é real, assustadoramente real. E, passo a passo, maquiavelicamente, planeia o seu regresso ao poder – por via da televisão. Sátira ferocíssima a uma sociedade mediatizada, narrado num registo arrepiadoramente fiel ao Mein Kampf, tem tanto de romance político como de crítica de costumes. Afinal, a Alemanha de Merkel, dominadora, obcecada pelo poder e pelo sucesso, está pronta para o receber... e ele está de volta.
WELLS, H.G. Trad. João Bernardo Paiva Boléo A Guerra dos mundos Lisboa, Sextante, 2019 ISBN: 978-989-676-239-1
A GUERRA DOS MUNDOS Realização: Steven Spielberg 2005 DVD - 116 min.
O romance A Guerra dos Mundos foi originalmente publicado em folhetim em 1897, em Inglaterra e nos EUA, e só no ano seguinte teve a sua primeira versão em livro. Em 1906 foi feita a extraordinária edição belga com as ilustrações do pintor prémodernista brasileiro Henrique Alvim Corrêa, que aparecem agora nesta edição portuguesa. A Guerra dos Mundos tornou-se um marco da literatura de ficção científica e da narrativa distópica, uma das primeiras histórias que narra o choque do Homem com habitantes de outro planeta. Foi adaptado várias vezes para cinema e dramatizada para a rádio em 1938 por Orson Welles lançando o pânico nos EUA, com multidões inteiras a convencerem-se de que os marcianos tinham de facto chegado à Terra. O livro foi adaptado ao cinema, com grande sucesso entre o público.
ZAMIATINE, EVGUENI
Trad. Manuel João Gomes
Nós Lisboa, Antígona, 2016 ISBN: 978-972-608-032-9
Neste romance, escrito em 1920, Zamiatine descreve, mais do que um mundo futuro, as relações humanas nesse mundo, que é eficazmente produtivista, limpo, desprovido de emoção. As figuras humanas visíveis são apenas as dos adultos; os velhos e as crianças não estão presentes na narrativa. Os homens e as mulheres são aparentemente iguais, a começar pelo vestuário, funcional e simples (os unifs); todos têm números, e não nomes. O meio circundante corresponde necessariamente a este tipo humano: visto a individualidade não existir, os apartamentos são transparentes. Só nas relações sexuais, superiormente organizadas, obedecendo sempre a um dia e a uma hora pré-determinados, surge um vislumbre de privacidade: fecham-se as persianas do quarto. Trata-se, enfim, de uma ficção sobre o triunfo da racionalidade num sistema social em que cada pessoa se dissipa numa ideia de comunidade. Embora publicado apenas em 1924, o livro foi escrito em 1921 por Zamiátin. Lançado em inglês, foi então proibido na União Soviética, onde só chegou em 1988 com a abertura política. É considerado o marco zero da literatura futurista distópica.
BIBLIOTECA DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE AMARES maio de 2020 Ler+ é o melhor remédio!
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