Uni/Versos, ano 1, nº 2 - maio de 2013

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Uni/Versos

publicação da Biblioteca Alphonsus de Guimaraens Ano 1, nº 2, maio de 2013

Carro Biblioteca da UFOP

As licenciaturas a distância da UFOP contos e mais...

EDUFOP


expediente

Universidade Federal de Ouro Preto UFOP

Reitor - Marcone Jamilson Freitas Souza Vice-Reitora - Célia Maria Fernandes Nunes Sistema de Bibliotecas e Informação SISBIN Coordenadoria Executiva - Celina Brasil Luiz Coordenadoria Técnica - Luciana Matias Felicio Soares Chefia do Núcleo Administrativo - Sione Galvão Rodrigues Instituto de Ciências Humanas e Sociais ICHS Diretor - William Augusto Menezes Vice-Diretora - Glícia Salviano Gripp Biblioteca Alphonsus de Guimaraens (Biblioteca do ICHS)

Uni/Versos Coordenação Geral Michelle Karina Assunção Costa Editores Marcos Eduardo de Sousa Michelle Karina Assunção Costa Editora Assistente Luciana de Oliveira Projeto gráfico e editoração eletrônica Marcos Eduardo de Sousa Colaboradores desse número (em ordem alfabética) César dos Santos Moreira Geisiane Anatólia Gomes Gustavo Henrique Domingos Pinheiro Marcos Eduardo de Sousa Neide Nativa

Bibliotecária - Luciana de Oliveira (CRB/6-2630) Bibliotecária - Michelle Karina Assunção Costa (CRB/6-2164)

Uni/Versos de Biblioteca Alphonsus de Guimaraens / UFOP é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada. Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponível em http://www.sisbin.ufop.br/bibichs/index.php/fale-conosco.

---------Uni/Versos é uma publicação mensal da Biblioteca Alphonsus de Guimaraens. Contatos telefones: (31) 3557-9414 (31) 3557-9415 Site: www.sisbin.ufop.br/bibichs/ Email: bibichs@sisbin.ufop.br universos.bibichs@gmail.com EDUFOP

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editorial Aqui estamos com mais um número da nossa revista digital. Primeiramente agradecemos a todos pela receptividade, elogios e cumprimentos que nos foi dado pela publicação Uni/Versos. Continuando a abordar os projetos de Extensão, que forma o tripé da Universidade (Pesquisa, Ensino e Extensão), vamos falar do Carro Biblioteca, que recentemente esteve com a campanha de doação de Gibis/Histórias em quadrinhos, e que contou com a colaboração da Biblioteca do ICHS. Afinal, parcerias são sempre bem vindas. Comprometidos com a democratização da informação e pensando na ampliação do empréstimo das obras que compõem o acervo da biblioteca e no incentivo à leitura, teremos uma sessão que se chama Memórias. Nela divulgaremos mensalmente autores conhecidos e que tem importância por suas obras literárias, sua produção intelectual e impacto na sociedade.

dos periódicos assinados pela biblioteca. Apresentamos neste número o serviço de Sumário Eletrônico de Periódicos. Neste número temos a colaboração de discentes dos cursos de História e Direito, e aproveitamos para reforçar o convite à comunidade acadêmica a participar da Uni/Versos. Vocês são muito bem vindos neste espaço de conhecimento. Todo esforço foi realizado para que pudéssemos disponibilizar uma publicação interdisciplinar que possa colaborar na aquisição de conhecimentos, como também no seu compartilhamento e que possa atender o interesse de todos os leitores. Boa leitura a todos.

Trataremos também do Ensino a Distância (EAD), que é um processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias. E por falar em tecnologias, utilizaremos as mesmas em benefício dos usuários, assim, decidimos ampliar a divulgação

Michelle Karina Assunção Costa Uni/Versos - ano 1, nº 2, maio de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos


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Mario Quintana (1906-1994)

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A educação a distância na formação de professores na UFOP: uma análise das matrizes curriculares dos cursos de licenciatura César dos Santos Moreira

Carro Biblioteca da UFOP: Programa de Extensão Trem Cultural: leitura, música, teatro e dança nas comunidades Neide Nativa

W. G. Sebald (1944-2001) Marcos Eduardo de Sousa

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18 Sumário eletrônico de periódicos Máquina de escrever Geisiane Anatólia Gomes

colabore conosco Observando o tédio Gustavo Henrique Domingos Pinheiro

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Destaque

Carro Biblioteca da UFOP: Programa de Extensão Trem Cultural: leitura, música, teatro e dança nas comunidades O Carro Biblioteca da UFOP é um projeto de extensão da Biblioteca do IFAC, em parceria com o Departamento de Artes, e consiste numa biblioteca itinerante, com o objetivo de possibilitar aos moradores de bairros periféricos e distritos de Ouro Preto o acesso ao universo dos livros, da leitura e da informação, contribuindo para a inserção social, cultural e de cidadania desta população.

Esta proposta teve início em 2006, vinculada a um programa de extensão chamado “Literaturas itinerantes: literatura, música teatro nas comunidades”, composto pelo Carro Biblioteca e o Mambembe, um grupo experimental de teatro de rua, com o propósito de aplicar atividades educativas, artísticas e culturais para provocar o gosto e o prazer pela leitura, o interesse pelos livros e a formação de leitores e es-

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pectadores críticos. Atualmente o Carro Biblioteca integra o programa Trem cultural: leitura, música, teatro e dança nas comunidades, que reúne os projetos Mambembe - música e teatro itinerante, Carro Biblioteca e Rosários - Danças folclóricas brasileiras, reunindo atividades artísticas e culturais da Biblioteca do Instituto de Filosofia, Arte e Cultura, do Departamento de Artes, do Departamento de Música e do Centro Desportivo da UFOP, que tem em comum a itinerância e a opção pelas comunidades periféricas.


Carro Biblioteca da UFOP: Programa de Extensão Trem Cultural: leitura, música, teatro e dança nas comunidades

Desde maio de 2010 o Carro Biblioteca cumpre uma agenda de visitas semanais às comunidades, com local e horário fixos, previamente definidos e divulgados aos moradores, levando um acervo bibliográfico de 1.950 exemplares de livros, catalogados e indexados em um sistema automatizado, composto por obras de literatura infanto-juvenil, obras de referência, livros recreativos, de conhecimentos gerais,psicologia, história, literatura nacional e estrangeira, biografias, romances, culinária, autoajuda, etc. O grupo de trabalho é composto por 4 bolsistas, alunos do curso de Artes Cênicas, coordenado pela bibliotecária do IFAC e conta com a orientação pedagógica de um professor da área de arte-educação. As atividades são preparadas semanalUni/Versos - ano 1, nº 2, maio de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos

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Carro Biblioteca da UFOP: Programa de Extensão Trem Cultural: leitura, música, teatro e dança nas comunidades

mente, envolvendo pesquisa na literatura de arte-educação e jogos educativos, discussão e escolha das atividades a serem aplicadas e a preparação do material a ser utilizado. Os leitores são cadastrados e recebem uma carteira de identificação do usuário, por meio da qual passam a frequentar e utilizar os serviços oferecidos.

Contato: E-mail: carrobiblioteca@ufop.br Tel.: (31) 3559-1511

Atualmente, são 231 usuários com frequência assídua, de um total de 388 inscritos, e as comunidades que estão sendo atendidas em 2012 são: Bairro Piedade, Bairro Santa Cruz e distrito de Santo Antônio do Leite. No próximo semestre a agenda do Carro Biblioteca será ampliada.

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Coordenadora: Neide Nativa – Bibliotecária do IFAC


Memórias

Mario Quintana (1906-1994)

Dia 5 de maio é a data de morte do poeta, tradutor e jornalista brasileiro Mário de Miranda Quintana, que nasceu em Alegrete, dia 30 de julho de 1906 na cidade de Porto Alegre.

O sistema de bibliotecas da UFOP possui várias obras desse autor, como: Na volta da esquina (1979); Nova antologia poética (1995); A cor do invisível (2005) Traduções de Quintana: No caminho de Swann (1957); Eu Claudius, imperador (1940); entre outras.

Fonte: imagem retirada do site http://peregrinacultural.wordpress.com

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Artigo

A educação a distância na formação de professores na UFOP: uma análise das matrizes curriculares dos cursos de licenciatura O objetivo deste texto é falar da contribuição da educação a distância (EAD) no contexto da formação de professores, bem como analisar as matrizes curriculares dos cursos de licenciaturas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Não se pretende aqui fazer julgamentos de valor, apenas identificar disciplinas que visam o debate da EAD no processo de formação docente. A educação a distância é hoje uma realidade mundial, tendo desde o seu surgimento contribuído para a formação de milhares de pessoas. Seu fortalecimento na atualidade deve-se, principalmente, à popularização e facilidade de acesso à internet. No caso brasileiro, sua importância está no papel social e educacional que cumpre, pois garante acesso a educação, visto a imensidão do nosso território e a carência de algumas regiões do país por escolas, permite a qualificação profissional para o mercado de trabalho e prepara os indivíduos para o convívio social, ao passo que os emancipa para a busca por melhores condições de vida e de garantia dos direitos humanos. No contexto brasileiro a EAD vem crescendo e se fortalecendo, tendo longa tradição no ensino fundamental e médio,

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no ensino técnico e profissionalizante e, mais recentemente, no âmbito do ensino universitário (graduação e pós-graduação lato sensu), criando uma educação superior mais democrática e, também, permitindo a capacitação e qualificação de inúmeros profissionais nas diversas áreas e ramos do conhecimento. Atualmente, são várias as instituições autorizadas a ofertar cursos de graduação e especialização, e segundo a ABED também é grande o número de oferta de cursos livres e profissionalizantes, que não precisam de regulamentação. No âmbito do ensino fundamental e médio, bem como da formação técnica e profissional, várias foram as iniciativas desenvolvidas, a que se destacar o Instituto Universal Brasileiro em 1941 em São Paulo, com o ensino por correspondência, caracterizado pelo material impresso e distribuído por meio de empresas de correio; o Movimento de Educação de Base (MEB) na década de 1960 desenvolvido pela Igreja Católica com o apoio do governo federal, com o uso do sistema radioeducativo; a Fundação Roberto Marinho com sua educação televisiva, ou também chamada de Teleducação ou Telecursos, a partir de 1980. Há também que destacar a criação dos


A educação a distância na formação de professores na UFOP: uma análise das matrizes curriculares dos cursos de licenciatura

centros de educação a distância das diversas instituições públicas de ensino brasileiras, principalmente, no contexto dos institutos federais de educação IFes. Já no contexto do ensino superior, há que se destacar a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) por iniciativa do Ministério da Educação no ano de 2005, com vistas à expansão da educação superior, que por meio de editais de seleção para integração e articulação das propostas de cursos, apresentadas exclusivamente por instituições federais de ensino superior, bem como das propostas de polos de apoio presencial, apresentadas por estados e municípios, permitiu a concretização do Sistema UAB. No ano de 2006, o segundo edital publicado permitiu a participação de todas as instituições públicas de ensino, inclusive as estaduais e municipais. E Minas Gerais há que destacar o Projeto Veredas no contexto da formação de professores do ensino fundamental em exercício nas redes públicas, estadual e municipal, de iniciativa da Secretaria Estadual de Educação (MG), iniciado em 2002 e que envolveu um consórcio de cooperação interuniversitária composto por 18 instituições de ensino superior. Tal projeto foi desenvolvido na modalidade a distância e visou suprir as deficiências na formação profissional dos professores da educação básica, visto que “até até algumas décadas atrás, não se julgava necessário que os professores das séries iniciais do ensino fundamen-

tal tivessem uma formação sistemática aprofundada”(SALGADO, 2000, p.15). Tal fato revela não só o fortalecimento da EAD no cenário educacional brasileiro, como também evidencia a superação dos desafios iniciais de aceitação pela sociedade por essa modalidade de ensino e das barreiras legais e de acesso às tecnologias. Outro fator importante, a UAB tem propiciado a formação de professores com a oferta de vagas não presenciais para o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação, contribuindo para a diminuição do déficit pela demanda por professores qualificados e capacitados para o ensino básico. Segundo definição do Decreto 5.622 de 2005, a Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversas. No Brasil, as bases legais para a modalidade de educação a distância foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que foi regulamentada pelo Decreto n.º 5.622, publicado no D.O.U. de 20/12/05 (que revogou o Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998) com normatização definida na Portaria Ministerial n.º 4.361, Uni/Versos - ano 1, nº 2, maio de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos

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A educação a distância na formação de professores na UFOP: uma análise das matrizes curriculares dos cursos de licenciatura

de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial n.º 301, de 07 de abril de 1998 ). De acordo com Neves (2005, p. 137) a EAD cumpre papel importante na democratização da educação, além de propiciar a construção de conhecimento, domínio das tecnologias, desenvolvimento de competências e habilidades, autonomia no processo de aprendizagem, etc. No contexto docente, prepara o professor para o trabalho com os alunos de forma rica, moderna e dinâmica. A mesma torna-se mais proveitosa quando se propicia a aquisição de conhecimentos, a reflexão constante das práticas sociais e pedagógicas, assim como a articulando das diferentes áreas do conhecimento num processo de interdisciplinaridade. Diferentemente da escolarização presencial, o processo de aprendizagem a distância requer novas condições dos alunos, como determinação, perseverança, novos hábitos de estudo, novas maneiras para enfrentar as dificuldades, autonomia, habilidades com as tecnologias da informação e comunicação, etc. Por outro lado, também demanda dos professores mais atenção ao processo de aprendizagem dos alunos, domínio das tecnologias, interlocução com os alunos via diferentes meios de comunicação, feedback constante, maximização dos momentos presenciais, etc. Vários são os recursos utilizados como suporte às ações no processo de ensino/aprendizagem a distância, como o

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rádio, a TV, o telefone, carta, correios, o computador e a internet. Esses dois últimos têm assumido papel importante no fortalecimento da EAD, uma vez que permitem a integração de várias mídias como o texto, o hipertexto, o som, a imagem, as animações, o correio eletrônico e o chat, além de aproximar as pessoas separadas no tempo e no espaço. É importante saber que na modalidade de aprendizagem a distância, de nada adiantam as tecnologias quando as mesmas não estão a serviço de uma educação de qualidade. É necessário que o curso seja bem planejamento, com material didático claro e objetivo, elaborado segundo metas e objetivos relevantes ao processo educativo consciente, crítico e compromissado com o desenvolvimento do educando, de forma a permitir a construção e a troca de conhecimentos, devendo, pois, estar alicerçado num projeto político-pedagógico de qualidade. Analisando as matrizes curriculares dos cursos de licenciaturas presenciais da UFOP nos campi Ouro Preto (Licenciatura em Ciências Biológicas, Física, Química, Matemática e Filosofia) e Mariana (Licenciatura em História, Letras e Pedagogia), sendo eles:,não foram identificadas disciplinas específicas acerca da temática da discussão da EAD. O que fica evidente é que a EAD ainda não tem seu espaço garantido no contexto da educação presencial, ficando a temática restrita, talvez, às discussões no âmbito das disciplinas obrigatórias e/ou optativas.


A educação a distância na formação de professores na UFOP: uma análise das matrizes curriculares dos cursos de licenciatura

Já nos cursos de formação de professores a distância do CEAD/UFOP a temática é abordada em apenas uma disciplina introdução a EAD: Matemática - Estudo em EAD (carga horária de 30h/a); Pedagogia - Educação Aberta e a Distância (carga horária de 60h/a); Geografia - Fundamentos da Educação a Distância (carga horária de 60h/a). Apesar de contarem com disciplinas específicas para abordagem da EAD, as discussões são restritas a essas disciplinas de introdução, a priori. Percebe-se que as escolas de formação do formação docente presencial ainda não incorporam a EAD em suas grades curriculares, evidenciando um descompasso entre formação de professores e a modalidade a distância, em ampla ascensão no Brasil e no mundo. O que resta é se enveredar na temática no âmbito da pós-graduação latu sensu, onde cursos específicos sobre a EAD são ofertados aos diversos profissionais da educação que se interessam pela modalidade. Autores mostram que devido ao crescimento da EAD, houve a necessidade de preparar tutores para dar suporte aos alunos de tais cursos. Nota-se que, apesar dos enfrentamentos e das divergentes concepções de autores, todos concordam que a necessidade de formação e preparação do professor/ tutor é uma realidade indispensável. Segundo Vieira (2002, p. 25) com o crescimento da EAD, surge a necessidade de preparação de professores/

tutores para atuar na modalidade a distância, pois considera-se inviável desenvolver uma proposta de EAD sem investir na preparação de uma equipe que tenha domínio do conteúdo e conheça a aplicabilidade pedagógica das novas tecnologias na prática do professor. O que se percebe na realidade é que o processo de formação de professores na modalidade presencial negligencia a importância da modalidade EAD e suas especificidades. Nessa modalidade, o professor precisa estar preparado para lidar com um contexto criativo, aberto, dinâmico e complexo. Em lugar da adoção de programas fechados, estabelecidos a priori, passa a trabalhar com estratégias, ou seja, com cenários de ação que podem modificar-se em função das informações, dos acontecimentos, dos imprevistos que sobrevenham no curso dessa ação. Finalizando o assunto, de acordo com Gatti (2008, p.14) a educação pode ajudar na criação de condições de maior equidade social pelo seu papel disseminador de conhecimentos de formação de valores. Nesse sentido, a formação docente torna-se uma questão que merece novas considerações e novos posicionamentos. Assim, é importante lembrar que carreira e as condições de trabalho dos professores devem estar atreladas às políticas de formação de professores, visto que o modo como se trata a formação docente define em parte a mediação que se espera da escola na socieda-

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A educação a distância na formação de professores na UFOP: uma análise das matrizes curriculares dos cursos de licenciatura

de. Quanto mais importante se tratar a formação docente e a qualidade do ensino, mais se investirá no processo de formação e capacitação de professores.

GATTI, Bernadete Angelina. Sobre formação de professores e contemporaneidade. In: KRONBAUER, S. C. G.; SIMIONATO, M. F. Formação de professores: abordagens contemporâneas. São Paulo: Paulinas, 2008. SALGADO, Maria U. C. Um olhar inicial sobre a formação de professores em serviço. In: Salto para o futuro: um olhar sobre a escola. Brasília: MEC/SEED, 2000.

Referências

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO. Pró-Reitoria de Graduação. Matriz Curricular. Disponível em: <http://www.prograd.ufop.br>. Acesso em: 20 abr. 2013. VIEIRA, S. L. Políticas de formação em cenários de reforma. In: VEIGA, I. P. A. Formação de professores: políticas e debates. Campinas: Papirus, 2002.

BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Casa Civil, 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/decreto/D5622.htm>. Acesso em: 20 abr. 2013. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Casa Civil, 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 20 abr. 2013. NEVES, A educação a distancia e a formação de professores. In: ALMEIDA, Maria Elizabeth B.; MORAN, José Manuel. Integração das tecnologias na educação: salto para o futuro. Brasília: MEC/SEED, 2005. p. 136-141 KOLLING, João Inácio. O movimento de educação de base: uma religação ao compromisso político-social. Disponível em: <http://www.unilasalle.edu.br/ lucas/assets/upload/MEB.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2013. FARIA, Adriano A.; VECHIA, Ariclê. O Instituto Universal Brasileiro e a gênese da educação a distância no Brasil. Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional, Universidade Tuiuti do Paraná, 2011. Disponível em: <http://www.utp.br/Cadernos_de_Pesquisa/ pdfs/cad_pesq13/8%20_o_iub_cp13.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2013.

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César dos Santos Moreira - Especialista em Educação a Distância (Senac Minas) – Graduando em Tecnologia em Gestão da Qualidade (IFMG Campus Ouro Preto) - Pós-graduando em Gestão Escolar (CEAD UFOP) - Bibliotecário e Coordenador da Biblioteca do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) – Campus Ouro Preto


O escritor alemão Winfried Georg Maximilian Sebald, conhecido no meio literário como W. G. Sebald, é tido como uma das vozes mais distintas e importantes da literatura européia na passagem do século XX para o século XXI. A obra sebaldiana destaca-se tanto pela peculiaridade com que são abordados os elementos temáticos quanto pelas características de sua organização textual. Chama a atenção a intensa articulação realizada entre imagem e texto, elemento esse presente tanto em seus textos literários (de prosa e de poesia) quanto nos trabalhos acadêmicos. Sebald nasce em 18 de maio de 1944, em Wertach, na Alemanha, e faleceu, com 57 anos, em um acidente de carro, em 14 de dezembro de 2001, próximo a Norwich na Inglaterra. Se estivesse vivo, o autor faria, nesse mês, 69 anos. O conjunto de sua obra só ganha ampla repercussão internacional após a publicação de seu quarto texto em prosa, Austerlitz, em 2001. Apesar da importância da obra do autor e as primeiras traduções serem lançadas no Brasil em 2002, somente nos últimos anos houve um aumento no número de trabalhos desenvolvidos sobre sua obra nos programas de pós-graduações brasileiros. É interessante notar, como a formação inicial na Alemanha e o auto-exílio na Inglaterra a partir de 1970 para trabalhar na Universidade de East Anglia influenciaram de sobremaneira sua escrita. Como menciona Susan Sontag (2005), sua pro-

Memórias

W. G. Sebald (1944-2001)

sa não possui os traços característicos da prosa de língua inglesa e que o efeito obtido só poderia ser fruto de “um escritor alemão com domicílio permanente no exterior, no reduto de uma literatura imbuída de uma predileção moderna pelo anti-sublime, poderia se permitir um tom nobre tão convincente” (p. 68) Entre os elementos temáticos que mais chamam atenção em obras, e não somente nas ficcionais, mas também em seus trabalhos acadêmicos, podemos elencar: a relação entre memória e trauma; a representação das paisagens tanto naturais quanto urbanas, na maioria das vezes associada à destruição, devastação; a peregrinação, a viagem; e os fortes aspectos intertextuais.

Foto: imagem retirada do site http://www.wgsebald.de

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W. G Sebald (1944-2001)

Ainda com relação aos aspectos formais, observamos que há uma forte presença do hibridismo textual, com a mescla de características de diversos gêneros como biografia e autobiografia, história e ficção, relatos de viagem e documentário. E, apesar desse hibridismo, seus textos estão longe das experimentações pós-modernistas, pois há uma seriedade ética e política profunda em seus textos. Temos ainda um considerável conhecimento enciclopédico que abarca a história cultural, política e social européia e uma preocupação permanente com eventos históricos recentes, como o Holocausto (LONG; WHITEHEAD, 2004).

Referências

Sebald faz parte de uma geração que carrega a sina de serem descendentes dos perpetradores, um estigma do qual não podem ver-se livres. Essa informação auxilia na percepção de sua obra como inscrita nas reflexões sobre a memória, o testemunho, a representação e o Holocausto.

Literárias Vertigens: sensações (2008);

Sebald joga com o limiar entre o documental e o ficcional, ao utilizar- se na composição de seus textos de uma infinidade de relações intertextuais, quase sempre referendadas pelas imagens que acompanham as obras, cria um efeito como se o seu narrador dissesse, “é verdade o que estou contando” (SONTAG, 2005), oferecendo assim ao leitor médio muito mais do que ele normalmente exigiria de verossimilhança, cristalizando o ‘efeito de real’.

LONG, J. J.; WHITEHEAD, Anne. Introduction. In: LONG, J. J.; WHITEHEAD, Anne (orgs.). W. G. Sebald - a critical companion. Seattle: university of Washington Press, 2004. p. 3–16. SONTAG, Susan. Uma mente de luto. In: SONTAG, Susan. Questão de ênfase: ensaios. Tradução de Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 61–70.

A Biblioteca do ICHS possui as seguintes obras do autor:

Os emigrantes: quatro narrativas longas (2009); Os anéis de saturno (2002); Austerlitz (2008); Ensaios acadêmicos On the natural history of destruction: with essays on Alfred Andersch, Jean Amery and Peter Weiss (2004); Pútrida pátria: ensayos sobre literatura (2005); Campo santo (2007).

Marcos Eduardo de Sousa Pós-graduando em Letras: Mestrado em Estudos da Linguagem pela UFOP 16

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Sumário eletrônico de periódicos No intuito de disseminar ainda mais a informação presente na Biblioteca, como também aumentar a velocidade que esta informação chega aos seus usuários, foi criado o Sumário Eletrônico de Periódicos. Todo mês disponibilizamos no site http://www.sisbin.ufop.br/bibichs/index.php/periodicos os novos exemplares de periódicos recebidos pela biblioteca. Este serviço foi iniciado em janeiro de 2013, e com ele, a recuperação e o acesso à informação ficam mais ágeis, se ganha tempo na realização das pesquisas de artigos, onde através do acesso remoto permite ao usuário ter em mãos os dados exatos da revista que ele precisa e ir direto ao acervo de periódicos da biblioteca.

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Em Prosa

Máquina de escrever

Máquina de escrever, papel, café, passarinho. Papel, ideia, máquina de escrever. Não tinha como sair alguma coisa dali, mas ele tentava a todo custo. Alinhou o papel trocentas e tantas vezes, o café acabou e a cigarra já tinha tomado o lugar do tico-tico como trilha sonora. Resolveu tomar banho. Todos dizem que lá encontram a solução, levou gibis pra ler e colocou touca de plástico, abriu a cachoeira e lembrou que não tinha sabonete. “Hoje não tem problema, amanhã uso até bucha”. Acabou com a água da casa, ficou com os dedos enrugados, até a palma e nada. Saiu e lembrou que também tinha esquecido a toalha… Fez-se de desentendido e foi ver se tinha roupa limpa. Achou um pé de meiaazul e outro xadrez, vestiu a calça de sempre, pegou uma camisa que estava na maçaneta e se deu outro banho, esse de desodorante. “Quem sabe não aparece alguém”? Café, cream cracker, cadeira, máquina, sentiu o jeans justo quase o partir ao meio: lembrou, ou melhor, esqueceu-se da cueca. “Logo aí José?” Achou uma no sofá, parecia limpa, tirou o jeans e a colocou. Desistiu do jeans e voltou pra cadeira... Cadeira.

Máquina de escrever, papel… …“Cadê você inspiração”? Nada. DingDong!

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Dingdong! Olhou no relógio e já era tarde, quase meia noite. “Quem pode ser a essa hora. Só falta ser um vendedor chato”. Levantou e foi até a porta olhou para o olho mágico… - Algum vendedor?! Não conseguiu ver quem era... O corredor escuro, o olho mágico embaçado. Quem será nessa escuridão? DingDong! “Quem é”? DingDong! “Tá surdo é caralho”?! A campainha parou. Ficou mais alguns segundos atrás da porta. Nada. “Merdinha, aposto que é algum moleque”. Voltou pra cadeira, ligou a TV, só tinha estática. Esqueceu que a antena tinha quebrado. “O jeito é o rádio a pilha”.. Bzzz… “Aqueles ojos verdes”… Bzzz.. “O melhor bauru da cidade”… Bzzz… “Bauru, que porcaria de rádio é essa”? Bzzz… “Não sei por que”…“Vai essa”! Depois de uma hora na base da radiola deu de dormir e o pior, de sonhar. Acordou assustado. No rádio bzzz: Sentado no chão da rua, feita de paralelepípedos teóricos, com os cabelos molhados pela neblina e os dedos roxos de frio. “Quem era ela”? Mulata perdida. Logo naquela esquina? Resolveu ir até ela, mas cadê força pra levantar? E a mulata deu de es-


Máquina de escrever

pirrar e embranquecer… DingDong! Era o céu azulando clarinho. A mulata pegou e foi… DingDong!

Ele ainda preso e ela indo.

Dingdong! Indo… Indo pra onde? “Que porra de campainha”! Acordou.

Fechou a porta sem se despedir, sentou no chão, jogou a papelada para o lado e ficou quieto e mais: Pela janela e lá de fora vinha mais. Era som de tico-tico. A padaria ficava a alguns metros. “Quero pão”. Falou pra ninguém, deitado no chão. Na expectativa de voltar a si, apoiou na parede e levantou, pegou o jeans, sacou da gaveta uns trocados e de baixo do sofá seus tênis surrados. Catou seus pedaços e abriu a porta, que a essa hora já achava maldita, virou as costas e saiu. — Seu José, alguém perguntou por mim, altas horas da noite?

DingDong! — Não senhor. Miguel disse que a noite foi tranquila.

DingDong! *** Estava deitado sobre a máquina, com papel amassado entre os dedos. Largou o papel, socou a mesa e correu para a porta. Abriu. A mulata! Sacudiu a cabeça. “Não pode ser”. Cambaleou. Não era ela. “O senhor está bem”? –Perguntou o porteiro. Ele segurou a porta e afirmou melhora. toda.

— Tome suas cartas, da semana

— Obrigada.

— Obrigado. *** Saiu e deu de cara com a rua cheia de gente e de nada. Via um povo preocupado demais com seus problemas, ele nem ligou. Estava com eles, absorto em suas próprias complicações. “Mas como não foi ninguém? Deve ter sido mesmo algum moleque desses do prédio”. Mal viu já estava na padaria. Pediu pão na chapa e café forte. Engoliu os dois e nem deve ter sentido o gosto do pão que tanto queria. Jogou uns caraminguás no balcão e foi logo saindo.

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Quando de susto parou e viu a mulata.

“Não pode ser”!

Foi em sua direção. Quando chegou onde a tinha visto, não viu nada, nem ela. “Estou perdido”, pensou. “Na flor da idade e tendo alucinações”. Meio que inconscientemente, olhou para os lados. Quem sabe via ela. Nada. Chegou em casa, olhou pra campainha e a odiou sem motivo. Tirou os parafusos com o canivete e cortou os fios. “Ninguém me atormenta mais”. Isso era feito antes das dez. O dia ia ser longo. Suspirou e fechou a porta. *** Era meio dia e nem sinal o dia dava de virar noite. Ele tinha se perdido entre o sofá e a mesa, estava abraçado a radiola que tocava uma música que ele mal conhecia e que entoava que a gente é feito pra acabar. Parado, olhando para a trinca que corria do teto ao rodapé, só conseguia lembrar-se da mulata dos paralelepípedos teóricos. Corroía ainda, dentro dele, uma falta de forças e ele caia em perdição quando lembrava que precisava do livro até o fim do mês. “Céus, como faço? Não saí da folha em branco. Faz quase meio ano”.

“Outro banho. É isso. Dessa vez com sabão e bucha”. Foi tirando a roupa sem largar o rádio, já estava em pelo na frente do chuveiro. Ajeitou a radiola na pia, aumentou o volume e abriu a cachoeira. Era assim que gostava de chamar a água fria de todo dia. Isso mesmo, gostava de banho de água fria, gelada. Ficou lá com a mão no registro, se sentia fraco, queria reanimar, tirar dele essa coisa que veio do nada. E a mulata na cabeça... A mulata ia tal como no sonho: Espirrava e ia embranquecendo. Indo, e ele simplesmente via tudo ficar turvo. Deu de se esfregar com força e abrir no peito manchas vermelhas pela sofreguidão. Dingdong!

DingDong! Saiu às pressas do chuveiro que nem desligou. Catou a toalha, enrolou na cintura e passou entre os móveis, chegou à porta. Com receio pôs a mão na maçaneta… DingDong! Assustou-se. Soltou a maçaneta, se retraiu. “Como”? Sentia a loucura beirando a vida.

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Parou. “Mas como”?

Tirou forças emocionais da curio-


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sidade e abriu. *** Era ela. beça.

A mulata que não lhe saia da ca-

Ele se sentiu tonto e caiu. Quando voltou a si, era só ele a porta, a toalha de lado, o rosto em chamas. A cabeça ainda girava, olhou pra dentro de casa e não viu ninguém. “Você está aqui”? Nada. Se enrolou de novo na toalha e correu até o porteiro. “Alguém passou por aqui? Uma mulata? Seu José”? — Ninguém não senhor. O senhor está bem?

nivete pelo caminho e foi à procura do motivo do barulho. Um copo caído. Viu a janela aberta e se deu por vencido. “Se não for o vento não me importa o que tenha sido”. Pulou os cacos de vidro e se jogou na cama. Eram duas horas e ele não aguentava mais o dia, estava à espera da salvação. Já aceitava que o considerassem louco. *** — Conrado? A porta estava aberta fui entrando. Conrado? Que bagunça é essa? Pela porta do quarto vinha altivo, Antônio. Pálido sem porque, mas de ótima aparência, amigo de longa data e única visita constante. Os cacos do copo na mão e a toalha azul desbotada no ombro.

— Bem… Correu escada acima e não se conteve quando viu a campainha no lugar. Ele tinha deixado os fios expostos. “Como”? Não se abalou em fechar a porta. “Como”? Não percebeu que estava nu. A toalha tinha ficado pela escada. Pegou o canivete que estava no braço do sofá e abriu a campainha, os fios intactos. “Como”? Arrebentou com as mãos o fio. Tomou um choque. Crasss.

“O que foi isso”? Largou o ca-

— O que te aconteceu? O seu José disse que você tá estranho desde cedo. Conrado? Havia adormecido dobrado como um feto, sem lençol, sem proteção. O amigo o cobriu com a toalha e foi dar jeito no que desse pra ajeitar na casa. Eram quatro da tarde e a noite, como em todo verão, não dava sinal. *** Conrado. Era esse o nome do gabo que estava se achando a beira da loucura. Era branco paulista, cor de terra da garoa; evitava sol e por isso era

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realmente branco. Não era forte, não era fraco, – Só das ideias… – Tinha cabelos ondulados e castanhos escuro. Já tinha sido rebelde, agora só queria sossego e dar cabo da promessa do livro.

Olhando pra todos os lados só via limpeza, se é que isso se vê. Tinha café quente o esperando e a radiola estava ao lado de Antônio que estava enrolado com um lenço anil no pulso.

*** — Café? “Humm”. Era cheiro de café novo. Da janela só se via a luz do poste. Já era noite. Sentiu fria a toalha úmida escorregar para o chão. Não viu a bagunça frequente do quarto, mas nem ligou. Abriu o guarda roupa e sem saber por que resolveu se vestir bem. Meias iguais, camisa nova, que estava ali sem importância, mas era nova. Não se esqueceu da cueca dessa vez, mas preferiu um jeans mais solto. Não olhou no espelho pequeno que ficava perto da porta e saiu do quarto. Viu Antônio.

— Isso mesmo, nada daquela água suja que você bebe. Me fala,que que te houve? Achei sua toalha na escada, Seu José falou que você andou procurando uma mulata… Tá de casinho é?! — Quem me dera… A campainha tá funcionando? — Nem sei, a porta da sua casa estava aberta. Você tá estranho, alguma belezinha nova? Nada de sintéticos viu, coisa boa é natural… ***

— Até que enfim a Bela Adormecida deu de acordar, estou aqui há horas. Que arrumação toda é essa?

— Conrado? Fala comigo… Você realmente não tá de boa.

Parou, pensou se deveria ou não contar da loucura em que estava caindo. Decidiu deixar isso pra depois, ou pra nunca.

Voltando a si: — Que isso, só estou preocupado com o livro. E você em?! Que anda aprontando? Faz uma semana que não te vejo…

— Nada demais Toni. Era o que tinha no quarto. Pelo visto enquanto a Bela Adormecida esperava o príncipe que não veio a Gata Borralheira deu jeito no castelo, não é?

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Antônio e Conrado deram de falar da semana. Antônio falava, Conrado ouvia. Parecia que ouvia. O que ele não conseguia era tirar os paralelepípedos teóricos da cabeça.


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*** — Conrado, estou indo pra rua. Tira essa cara da mesa e para de babar. Vamos? Era sonho, mais uma vez sonho. Levantou sem sentir e foi. Pra onde não sabia. Deu de cara com o relógio, quase dez. Ouviu passar a chave na porta e sentiu alguém às colocando no bolso. Foi levado da porta até a portaria sem nem sentir um degrau. Só caiu em si quando tropeçou no gato da portaria. Era noite de sexta, a única coisa que ele poderia esperar era loucura, mas dessas que qualquer um pode ter. Não dessas que ele tinha. Deixou de lado à mulata e decidiu dançar, mesmo que nada disso soubesse. Bebeu qualquer coisa enquanto Antônio cumprimentava mais amigos, não seus, dele. Amigos ele teve poucos, tinha menos que uma mão cheia, o mais constante era mesmo Toni. Conhecido dele desde os anos antes da universidade. Ele era agora caça talentos de uma editora, o que foi de grande ajuda, já que sem ele provavelmente estaria carimbando papéis na prefeitura. Antônio conseguira a promessa da publicação de um livro seu e um bom dinheiro por seis meses. Os quais já iam se esgotando. Se não escre-

vesse nada teria que devolver o dinheiro, que não tinha, e claro ficaria sem nada. Bebeu mais a isso. Não sentiu o tempo passar de novo. Não percebeu os olhares que sempre recebia por sua beleza. Não sentiu nem o copo de cerveja barata que tinham entornado nele após um esbarrão. Encontrou Antônio e se despediu. Foi pra casa a pé, não se lembrava do dinheiro no bolso pra pedir um táxi. Começou pelo caminho certo, mas logo deixou de reconhecer as placas e as pedras do caminho. Parou em uma praça e resolveu sentar-se no banco. E as pessoas que tanto amavam a noite deram de desfilar para ele. Primeiro um trio de meninas: Cambaleantes, rindo como se só disso dependesse a vida. Todas quase da mesma altura, uma delas tinha o batom borrado, ele viu quando ela se encostou ao poste. Ria como respirava, lhe parecia natural e involuntário. Ele achou lindo. Logo elas seguiram caminho. Viu, pouco tempo depois, um casal que fazia declarações a quem quisesse ouvir, diziam que se amavam infinitamente. Diziam: — “Te amo Pedro, mais do que tudo. — Quem disse? Eu que te amo assim. Assim como aquele mocinho do filme Bernardo! Te amo assim”… E deu de esticar os braços tentando demonstrar a imensidão daquele amor. Saíram

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como entraram: apaixonados. Frame a frame aquilo suavizava tudo que estava em constante choque na cabeça dele, resolveu que ia falar de amar. Não esse amar de filme. Amar da vida real. Amor que a gente vê em risos involuntários e naturais, amor à vida. Amor que a gente vê entre os braços que denotam o infinito. Levantou-se e corrigiu o caminho, estava a poucos metros de casa quando a viu. “De novo isso”? A mulata que ele viu embranquecer e o tinha ajudado a se levantar no sonho. Não sabia mais o que era sonho ou não, supunha. Correu. Dessa vez tinha que ser real. Trombou com cinco ou quatro e correu. Ela também corria, ria. Ele sabia. “Para de rir, gritava. Me espera”! Fazendo toda aquela algazarra tropeçou e caiu, viu-a parar. Escuridão. ***

os olhos era como se nada tivesse sido feito. Era pura escuridão. Levantou, não tinha onde apoiar. “Que frio”. Uma mão. Duas. Alguém o ajudava a levantar. Quente. “Que mão quente”. Percebeu que estava sem camisa e a luz veio. Era ela. A mulata agora de cabelos soltos e camiseta. “Você”! Cambaleou. Ela riu e o pôs de pé. Ele não queria se soltar dela. “Não foge de novo. Eu estou ficando louco”. Ela riu.

— Você é bobo.

Ela falou. Ela… ***

Uma luz forte, muito barulho. Ela novamente.

— Ele vai ficar bem?

— Acho que sim.

—O que você foi fazer Conrado?

Uma mão. Duas.

Atônito.

— Você está bem?

Era ela.

***

— Não me deixa aqui… ***

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— Antônio? É ela! Ela!

“Que frio. Que chão frio”. Abrindo

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Acordou desconfortável. Abriu os olhos. “Que lugar claro”, achou um relógio na parede. “Oito da manhã”? Quando olhou para o lado viu Toni e seu lenço anil, agora sobre os olhos. Quis se levan-


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tar. Sentiu uma forte tontura. Estava em um hospital. “Enfermeira”! — “Conrado”? Antônio se desequilibrou da cadeira e foi logo se pondo de pé. “Garoto você ainda me mata do coração. Tá melhor? Que história é essa de sair correndo pra lugar nenhum? Olha a sua cabeça, você levou o maior tombo”… Enquanto ele falava pelos cotovelos demonstrando toda sua preocupação. Ele só fez passar a mão pela cabeça. Estava enfaixada.

— Onde ela está?

— Ela quem? Você realmente está louco. Ontem agindo todo estranho, agora isso. Repete como um mantra: “Ela, ela, onde ela está...” Quem é ela Conrado? — Ela me ajudou ontem, eu estava atrás dela. A mulata.

e foi logo para as escadas. Foi devagar, mas sem demora. Viu a campainha que tanto o incomodava concertada, pegou as chaves e abriu a porta que já não era tão maldita. A casa cheirava a limpeza. Toni sorriu ao vê-lo reclamar do excesso de limpeza. Os dois riram. No relógio nove da manhã. Na mesa pão, que dessa vez foi engolido as migalhas e supramente saboreado como tudo que é simples, mas faz a alma feliz. Mais tarde quando Antônio tinha ido trabalhar ligou o computador e foi para o editor de textos. Como manteve a ideia de falar de amor se sentiu com poderes pra fazer pelo menos pequenos trechos. Faltavam duas semanas, mas devo adiantar pra quem se importe com ele, que o livro foi entregue sem mais tardar no último dia do prazo.

Porém até lá… ***

— Não tem ninguém, você está louco? A enfermeira chegou e Antônio teve de sair. Passaram-se alguns dias e ele já podia ir pra casa. Toni estava lá e foram pra casa. Chegando ao prédio viu Seu José com o gato no colo, fez um chamego nele

Terça-feira, oito da manhã. Conrado e o teto, papel, caneta. Bolas de papel amassada para todos os lados do quarto. Mesmo aceitando, não conseguia parar. “Como ela não existe? Eu a vi”! No rádio algum poema musicado. Na janela cortinas que não sabia de onde tinham vindo. Nos olhos nada de íris ou pupila. Só o rosto dela.

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Desistiu da cama e se levantou. Mais um banho. De bucha, com sabão. De desodorante. Lá na sala a sua espera o novo amigo: O computador. Tinha feito cem páginas ou mais. Uma ficção sobre esses amores de toda hora.

outros rascunhos. “Eu mereço um café, quem sabe até um cigarro”. Foi o que fez apoiado no parapeito da janela, soltando suas nuvens de nicotina. Seu José ia saindo, eram nove horas, Miguel já tinha chegado. No fim da rua sons de criança chorando. Ao sul casais e velas.

Cabelos molhados, barba por fazer, blusa de moletom com as mangas dobradas até o cotovelo… Café, pão, computador, amor. Na radiola… Bzzz… DingDong! Esse som ainda o fazia mal, mas se portou e ir a seu chamado. Era Miguel, porteiro da noite.

Sentiu-se obrigado a gritar.

Um urro qualquer que fez os casais procurarem sua fonte e o provável bebê parar. Não sabia o porquê daquilo, jogou o cigarro pela janela. Largou o café e decidiu que ia achá-la. Lembrou que ventava forte quando estava na janela, achou algo que mantivesse o calor, catou as chaves e foi-se embora.

Escada. Portaria. O gato.

— Sim? — Soube de sua melhora. Enfim, resolvi te ver…

Rua. Quarta.

Meio confuso, desajeitado.

Quinta.

— Bem melhor. Entra?

Sexta.

— Não posso, tenho que ir.

Destituído de forças, repleto de fome e frio. Deu-se por vencido. Tomou rumo de casa, a qual encontrou cheia. Antônio, o gato, Miguel. Uma sujeira descomunal.

Despediram-se. Bzzz…

No

rádio…

***

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Terça a noite, cem páginas e

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Toni levantou. Foi em sua direção…


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Um abraço.

— Toni?

Risos.

Um soco no rosto. ***

— Vamos sair Conrado, já passou da hora.

Uma mão. Duas. Firmes… Era sonho.

Ela.

— Não posso… O livro.

Estava decidido, pronto.

— É isso. Ele!

— Ele quem?

Não. Ele. Miguel. Nunca tinha reparado, ele era assim um moreno que ia embranquecendo. Cabelos até a nuca que pareciam cortados na rapidez. — Você?

Tudo se alinhava, o gato, a mulata, Miguel, Seu José. A campainha, a radiola, Antônio sem nenhum lenço anil. — Quem estava com você no hospital? Quando eu estava lá?

Ele riu. Ele.

— Miguel. Ele te encontrou enquanto ia voltando do bar. Ficou estranhamente mais preocupado que eu.

Escuridão. Na radiola… “O melhor bauru da cidade…” Bzzz… “um chão de esmeraldas…”. — Deu fim a soneca da Bela adormecida? Já ia chamar alguém pra medir o tamanho do caixão.

— E o livro?

— Eu liguei ontem e o Miguel pegou qualquer coisa dos papéis e do computador e me mandou. Se não entregasse nada ontem você já estaria debaixo da ponte… Mas sem problemas, pelo que li, ficou ótimo. Falando nisso o que ele estava fazendo aqui?

Era sonho. DingDong!

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A esperança bateu nele quando deu de olhar no relógio. Quase dez. Que seja ele. Abriu.

Era tudo desejo de afagar aquele cabelo mal cortado e agregar mais um dedo na mão ao contar dos amigos... Esse, ele passou pra outra mão com gosto. Parecia destinado a ser mais que amigo.

O mulato, quase embranquecido. Cabelos até a nuca, mal cortados.Na mão o gato que logo saiu fagueiro. Não pode se segurar quando olhou aqueles olhos cor de mel com todo desejo possível e não teve dúvidas quando abaixo daqueles olhos e de um nariz bem feito viu um sorriso malicioso e saboroso desabrochar. Olhou para Antônio, esse de mão no café e no gato.

— É ele!

Ele. Ele era ela. A mulata que estava nos sonhos dele, quem tinha o segurado com as mãos, as duas. Era ele quem havia visto depois daquele pão na chapa. Ele era a mulata que não saia da cabeça dele. *** Depois de sonhos, surtos de acordar e estar dormindo, Conrado deu de descobrir que enfim era tudo culpa do gato.

Do gato do Miguel.

Mulato embranquecido.

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Geisiane Anatólia Gomes Estudante do 3º período de História da UFOP


Dois de novembro, feriado, tédio. Era sempre assim. Eu ficava louco para chegar o feriado e quando chegava... Tédio. Nunca tinha pensado nisso. As vezes queremos tanto uma coisa e quando ela se concretiza, tudo vira tédio. Eram assim em todos os feriados. Doido para as aulas terminarem, punha-me a pensar nas mil maravilhas de um dia “atôa” que eram restritas ao meu pensamento. Em todos os feriados, rezava para que o tempo passasse logo, e os dias comuns voltassem a correr. Então, por que querer tanto um feriado? Creio que as respostas são muito mais amplas do que eu poderia supor. Mas nesse feriado observei algo que antes nunca havia observado: eu simplesmente observei. Observei o tédio. Não o compus. Eu observei, em alguns momentos, o deixei tomar conta de mim, e logo o mandei embora, para que ele não me atrapalhasse. O feriado dos dias dos mortos estava ensolarado, quente. E eu, sem nada para fazer, fui mexer no computador. A internet não funcionava. Fui para na TV. Nada. Voltei para o computador ver se a internet tinha voltado e nada. Respirei fundo e tentei ler um livro, contudo, a preguiça de ler era tanta, que nem cheguei a ler uma linha. Ofi-

Em Prosa

Observando o tédio

cialmente, não tinha nada para fazer. Não consigo entender como as pessoas acham isso bom. Fazer nada é tão chato! Mais chato do que ter de fazer alguma coisa. Deitei-me na cama e fui tentar imaginar alguma coisa para fazer. Não consegui imaginar nada que me fizesse sair da cama e mexer meu corpo. Acho que, na verdade, era minha própria mente me castigando, dizendo: “você não queria ficar atôa, então fique”.

Graças a Deus, não é minha mente a única capaz de me tirar do tédio. Conclui isso logo que vi a vizinha me chamando para jogar peteca. Cristina era uma amiga de infância que a muito tempo não conversava. Achei que era uma oportunidade de colocar a conversa em dia, relembrar as nossas armações e rejuvenescer nossa amizade. Na rua, além dela, estava a sua mãe, sentada na calçada. Cumprimentei-a e joguei a peteca pra cima e começamos a brincar. Pra lá, pra cá, pra lá, pra cá, pra lá, pra cá... Até que fomos descansar um pouco. Apertamo-nos entre a sua mãe e começamos a conversar. Não. Elas começaram a conversar e me puseram como ouvinte. Não que tenham me isolado da conversa, achavam que estavam conversando comigo, mas eu não conseguia reagir às palavras e frases despejadas sobre mim.

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Observando o tédio

Começaram a falar sobre a vizinha que está no hospital. Com um certo tipo ironia chula e tosca, inerente a esse tipo de pessoa, elas falaram mal da velha, acusaram-lhe de fofoqueira, de querer tomar conta da vida dos outros, de grossa e intriguista. Interromperam o assunto quando viram a sua bisneta brincando na rua. Devem ter ficado com medo de que ela escutasse alguma coisa, pensei ingenuamente. Para o meu espanto, elas começaram um festival de provocações contra a pobre criancinha que estava brincando com um quebra-cabeça. Mãe, tira sua filha da rua! Soltou Cristina. E a mãe, sem deixar cair o nível: Cristina, o que ocê tá fazendo na rua, não tem mãe não! E nós soltamos gargalhadas, afinal, por mais cruel que fosse, era divertido, e além do mais, aquela criancinha nem estava entendendo nada. Mas eu entendia e isso deveria ser o bastante. Constrangido comigo mesmo, sugeri que continuássemos a jogar peteca. Dessa vez, foi a mãe que se levantou brincou comigo. Todavia o mal já estava feito. Mesmo jogando, a mãe e a filha não deixavam de fazer comentários maliciosos sobre qualquer um que passasse pela rua. Por fim, apenas observei o comportamento das duas. No primeiro momento achei que elas eram as pessoas mais insignificantes

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do mundo. Não faziam mal a ninguém a não ser a elas mesmas. Uma pessoa que não serve pra melhorar, nem pra piorar é totalmente insignificante. Depois vi que isso não era verdade, porque nada é insignificante, elas estavam tendo um efeito sobre mim e significava muito. Porém isso era restrito a mim, o que tornava, para o resto do mundo, insignificante. Então, tudo era insignificante! O mundo era insignificante. No fundo, nada tinha efeito sobre nada, as palavras ditas por elas, as pessoas sobre as quais elas falavam e o meu pensamento sobre tudo aquilo. Era algo estranho de se imaginar, sem sentido. Em suma, todos nós buscamos, em vão, sermos significativos. Mas como queremos ser significativos quando não sabemos o que significamos? Aquelas duas mulheres fofocando na rua, eram duas almas fugindo do tédio, buscando significados falsos para que assim pudessem significar alguma coisa. E eu, mais covarde que elas, não me atrevi a significar nada, pois isso me tornaria falso, o que não quer dizer que já não estivesse sendo falso. No meio dos meus devaneios, resolvi ir para casa entregar-me ao tédio do restante do feriado. Quando me despedi delas e dei as costas, tive certeza de que elas estavam falando de mim. Ri e pensei em quantas vezes


Observando o tédio

elas já tinham me criticado, debochado, e qualquer outra coisa... No fundo, sei que sempre ficarei feliz porque um feriado estiver chegando, mesmo sabendo que ele será pior que um dia comum. Talvez isso já seja um falso significado que invento para enfrentar os feriados. Talvez não seja nada. A verdade é que daqui alguns dias, haverá um novo feriado e novamente a inquietação e a euforia tomam conta de mim, que venha o 15 de novembro (prolongado)!

Gustavo Henrique Domingos Pinheiro Estudante de Direito da UFOP Uni/Versos - ano 1, nº 2, maio de 2013 www.sisbin.ufop.br/bibichs/universos

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col@bore conosco! A publicação Uni/Versos convida todos os seus leitores a enviarem seus textos para o nosso próximo número.

Aceitaremos textos nas seguintes temáticas: • que abordem a inter-relação entre a universidade e a sociedade; • sobre os projetos de Extensão e Pesquisa da UFOP; • resenhas de livros que fazem parte do acervo da Biblioteca do ICHS e que tenham sido publicados (ou reeditados) nos últimos 5 anos; • textos literários e artísticos nas seguintes modalidades: prosa (como conto, por exemplo), lírica (como poesia, por exemplo) e quadrinhos/charges; • textos que abordem temáticas relevantes da área de humanidades.

Orientações para envio Os textos devem ter entre 500 (quinhentas) e 2 (duas) mil palavras, resguardamo-nos ao direto de realizar pequenas intervenções nos textos (não literários) para a publicação. No caso de quadrinhos e charges o limite é de 1 (uma) página em tamanho A4. Lembramos ainda que os textos serão avaliados e podem ser publicados até mesmo em números futuros (informaremos aos autores se for essa a situação). Os autores deverão enviar juntamente como texto uma pequena nota biográfica contendo: nome completo, instituição de formação e curso e o atual vínculo institucional (se tiver). Deve ser encaminhado ainda, uma foto que irá acompanhar o texto da publicação. Os textos deverão ser encaminhados para o e-mail universos.bibichs@gmail.com O prazo máximo de envio do texto para a publicação no próximo número é dia 31 de maio!!! 32

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