A Pintura contemporânea chilena apresenta-se como revisão crítica e temática num período que compreende os últimos 30 anos. As artes visuais apresentam situações de transformação e desenvolvimento com um alto grau de complexidade. Dentro do referido período, e considerando especificamente as lutas internas, as rupturas, os diferentes materiais, as oscilações temáticas e outras variáveis que a seu tempo afectaram no formal e cultural dos discursos, mostram-nos que a prática da pintura merece uma especial atenção. A pintura chilena constitui, neste contexto, não somente um género de crise, mas também um campo de operações, quer entendendo-a como instituição paradigmática da ideologia ocidental da representação visual, quer como género emblemático da história da arte no Chile. Constitui um interessante e importante exercício, uma avaliação da continuidade pictórica, não somente como um fenómeno extemporâneo, mas sim muito especialmente como um fenómeno mais bem incómodo inscrito no contexto da globalização das artes visuais contemporâneas. A arte chilena mais recente teria uma reserva que não deixaria de ser inquietante e estimulante desde o ponto de vista geográfico e estético: o facto de se produzir num espaço geográfico distante e insular, mas ao mesmo tempo exposto à inovação implacável de certas retóricas tecnologias, económicas e estéticas irradiadas pela chamada cultura global.
Macarena Acharán terminou em 1981 a licenciatura em Arte com menção em Pintura, na Pontificia Universidade Católica do Chile. Aperfeiçoou os seus estudos na escola Panamericana de Arte de São Paulo, e na Universidade de Brasília, estudou escultura e ampliou os seus conhecimentos do desenho da figura humana. Realizou exposições individuais e colectivas no: Chile, Finlândia, Brasil, Equador e Portugal.
Na obra de Macarena Acharán, trata-se de recuperar a prática da pintura num contexto que a torna obsoleta dado a chegada experimental da performance, das acções da arte e as instalações. Se bem que mantém o suporte tradicional do quadro e recupera a cor, o gesto e a maneabilidade constituintes na linguagem pictórica, não adopta as limitações deste género. Contra a pintura académica introduz materiais mais rígidos, a colagem, utiliza a mancha excessiva, o “chorreo”, a sujidade cromática e um processo de composição irreverente perante o desenho, espontâneo e acidental. A primazia do gesto e a representação de temas subjectivos situam-na num neoexpressionismo motivado pelo sentimento e a paixão, opostos a discursos teóricos prévios e à monumentalidade dos grandes temas da pintura tradicional. Nesta exposição Macarena Acharán desenvolve o tema relevante e actual sobre as agressões e a violência contra o sexo feminino. Situações dramáticas que não nos deixam indiferentes, como: o tráfico de mulheres que são continuamente exploradas e humilhadas; a violência doméstica que chega a situações brutais; a violência psicológica que denigre o espírito da mulher e destrói famílias inteiras.
PROJECTO “CULTURAS CRUZADAS” Artes do Mundo na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Difusão Cultural 2007/2008
EXPOSIÇÃO DE PINTURA Macarena Acharán CHILE
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GALERIA DE EXPOSIÇÕES DA BIBLIOTECA 5 A 12 DE JUNHO
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