O Gato Malhado e Andorinha Sinhá
Esta história foi escrita por Jorge Amado, em 1948. Foi escrita para o seu filho, sendo publicada em 1976.
História de Amor
Era uma vez um gato malhado. Ninguém gostava dele. Achavam-no malvado e egoísta.
Era uma vez uma andorinha. Era corajosa, ousada e louquinha.
Início do Conto... Quando a Primavera chegou, vestida de luz, de cores e de alegria, olorosa de perfumes subtis, desabrochando as flores e vestindo as árvores de roupagens verdes. O Gato Malhado estirou os braços e abriu os olhos pardos, rebolou-se na relva, como se fosse um Gato jovem, soltou um miado que mais parecia um gemido e até sorriu.
Continuação O Gato aspirou a plenos pulmões a Primavera recém-chegada. Sentia-se leve, e gostaria de dizer algumas palavras sem compromisso. Porém, todos haviam fugido. Não, todos não. No ramo de uma árvore a Andorinha Sinhá fitava o Gato Malhado e sorria-lhe.
O Gato perguntou-lhe: Tu não fugiste, como os outros? Sinhá diz: Eu não, não tenho medo de ti. Tu não me podes alcançar, não tens asas para voar. És um gatarrão feio e tolo, aliás, mais feio que tolo.
O Gato era a sombra na vida clara e tranquila da Andorinha Sinhá. E seguia-o do alto da jaqueira, pois pressentia o grande corpo do Gato, quando ia a caminho do seu canto predilecto e lá de cima, voando, a Andorinha jogava gravetos sobre ele só para atrair a sua atenção.
Ela diz que não pode, pois sempre disseram que Andorinhas não podem conversar com nenhum Gato. (Os Gatos são inimigos das Andorinhas).
Um dia, ele esperou-a, e, como ela não veio, foi caminhando e quando deu por si, estava debaixo da árvore onde Andorinha morava com a sua família. Começam a conversar. Ela chama-lhe feio, mas ele não gosta. Então, chama-lhe formoso. Mas, mesmo assim, o Gato não quer: ele pede que lhe chame Gato.
Continuação... “Se eu não fosse um Gato te pediria para casares comigo” Andorinha Sinhá, voou rente sobre o Gato, tocou-lhe com a asa esquerda, ele até ouviu o coraçãozinho dela bater forte. Um dia, no Outono, Andorinha Sinhá procura o Gato Malhado e avisa-o que não vai poder mais vê-lo, pois vai casar com o Rouxinol. O Gato Malhado passa a viver das recordações e dos doces momentos vividos. Fica triste, pois sabe que não pode viver só de lembranças, necessitando também dos sonhos do futuro.
No fim.... No dia do casamento da Andorinha com o Rouxinol, o Gato vai em busca da cobra cascavel, para pôr fim à vida, pois já não sonha mais. Reconheceu que já não havia futuro com que alimentar seu sonho de amor impossível. Do alto, Andorinha vê-o a caminhar e adivinha-lhe o pensamento. Deixa cair uma lágrima sobre ele e pensa: quem disse que uma Andorinha não se pode apaixonar por um Gato Malhado?
FIM Quem determinou que o amor s贸 pode florescer e frutificar entre os pares? Quem disse isso 茅 porque nunca viveu nem sonhou uma grande hist贸ria de amor.
Créditos
Jorge Amado ILUSTRADOR: Carybé AUTOR:
APRESENTAÇÃO:
Gabriela Batista, nº11 Jennifer Gomes, nº12 Samanta Duarte, nº22
8ºD