Excursões editoriais: Oscar Leal e A Madrugada (1894-1896)

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FRANCISCO DAS NEVES ALVES

Pará morre de fome, ninguém morre na via pública e, nesta, raras vezes se vê um pobre estender a mão para pedir esmola. Quando infelizmente, isso se dê, é para notar que o desgraçado (felizardo?) é estrangeiro e muitas vezes especula com a caridade pública, que lá é pródiga e de mãos largas. A este respeito devo dizer-vos que no Brasil raras vezes se vê um cidadão em dias adversos de suas existência chegar a pedir esmola. O brasileiro sofre calado, mas é soberbo e tem nariz; não estende a mão porque além da humilhação julga molestar aqueles que não têm culpa dos males da humanidade. Se é pobre, se ainda neste dia não almoçou nem jantou, por falta de meios, mas se em todo o caso tem no bolso um tostão, é capaz de dá-lo muito generosamente ao primeiro que lhe estenda a mão e lhe peça, fazendo aquilo mesmo que bem necessitava outro lhe fizesse. Nestas coisas o paraense, principalmente, estica o seu orgulho como a borracha da sua terra. Oscar Leal “Da conferência feita pelo autor na Sociedade de Geografia de Lisboa em 11 de novembro de 1894.”

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