FRANCISCO DAS NEVES ALVES
caraminhola. O sujeito quis divertir-se à minha custa, não havia que ver. Contara-me um romance e queria talvez fazer-me agora protagonista em outro. Cada vez as minhas dúvidas e suspeitas se reanimavam com mais energia. Era então cruelmente devorado por elas e entregava-me a todo o frenesi da desesperação. Para as dissipar, saí dali e voltei para casa, porém vacilava ainda a respeito do partido que havia de tomar, se porventura estivesse enganado. Entretanto essa noite dormi tranquilamente até às 8 horas da manhã seguinte. Depois de levantar-me e vestido como tinha por costume tomei um cálice de conhaque com leite de Minas e entreguei-me à leitura dos jornais do dia. Num deles havia uma notícia que devorei rapidamente. Voltara ao mesmo estado de inquietações e desespero. A notícia era esta: “Suicida – De bordo de uma das barcas Ferry que ia para Niterói a uma hora da noite passada, atirou-se ao mar um indivíduo de cor branca, cujo nome ignoramos. Ontem, porém, apareceu boiando perto da praia do Boqueirão um cadáver que se supõe ser o do infeliz suicida e que foi recolhido ao necrotério. Nas algibeiras não foi encontrado papel ou escrito algum por onde se saiba qual o motivo de tal resolução. Somente no peito da camisa havia estas iniciais T. F.”
45