FRANCIS CO DAS NEVES ALVES
Antônio Salles, escritor cearense, que teceu várias críticas ao trabalho de Leal, chegando a haver controversas querelas entre eles, não perdeu a oportunidade para estender o olhar crítico para a pose estabelecida no retrato estampado em Viagem às terras goianas. Segundo Salles, na gravura, “o Sr. Oscar Leal está fantasiado de explorador: sentado, um livro de ilustrações aberto sobre os joelhos, um grande cão aos seus pés, uma carabina encostada num móvel sobre o qual está empoleirada uma arara”. E completava com uma minúcia pouco perceptível, afirmando que existia no desenho um “detalhe indispensável”, ou seja, “o Sr. Oscar colocou a mão direita de maneira a exibir os dois grande anéis que lhe ornam o mínimo e o anular”38. Apesar dessa crítica pontual, as ilustrações tiveram um efeito positivo para as obras de Oscar Leal, tanto que nas notas e nas matérias de recepção e/ou apreciação de seus livros muitas vezes eram citadas as gravuras do autor, com desenhos de Pastor e até mesmo os seus retratos eram referenciados. Ao projeto de Leal de ampla divulgação de seu nome, passava a somar-se o de grande difusão de sua imagem, fosse através dos retratos, fosse por meio das figuras nas quais ele também protagoniza, travestindo-se de explorador, naturalista, estudioso e aventureiro, embora afirmasse não gostar dessa denominação, mas que a assumia plenamente, mostrando-se a enfrentar as intempéries e os perigos que se antepunham. A busca pelo reconhecimento adquiria uma nova estratégia promovida por meio da representação iconográfica.
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A REPÚBLICA. Fortaleza, 26 jan. 1894, a. 2, n. 21, p. 2.
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