JARDINS Higienópolis – JK – Santos – Belo Horizonte – Paranaguá – Centro
Londrina - Ano 1 - Nº 01
UM LUGAR ESPECIAL Com área menor que 1 km², os Jardins de Londrina se destacam no mapa da modernidade e da qualidade de vida
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FRIZZ magazine
OUTONO INVERNO 2012
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EDITORIAL
Um Lugar Muito Especial
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ntre os mais de 600 bairros de Londrina há um território de fronteiras quase invisíveis, mas fácil de se encontrar, que atrai todas as preferências, elogios e chamegos. Este território acaba de ganhar uma revista, a primeira de Londrina no gênero-bairro. Uma conquista merecida para uma gente empreendedora que sabe cultuar valores, acolher e distribuir novas idéias. Difícil localizar quem não goste dos JARDINS. Dizem que ele é chique. Bonito. Mas todos assumem que nele há algo muito bom. Um cantinho verdadeiramente especial. JARDINS sempre foi uma denominação apenas sugerida em batepapo ou propaganda de lojas. Até converter-se autênticamente em uma referência geográfica, a área, que avança sobre o espigão da avenida Higienópolis e depois derrama-se em direção ao baixo da avenida JK, vivenciou muita história, indo tornar-se, primeiro, o coração do Centro; depois, parte essencial do município. Já se pensou naturalmente que o nome poderia soar pretensioso se remetido aos famosos JARDINS de São Paulo – mas, deixando de lado as formidáveis escalas de grandeza que nos separam da maior
metrópole do Brasil, é confortante saber que tanto lá como aqui os urbanistas criadores tiveram em mente uma área diferenciada, com forte ocupação residencial e densidade comercial, entremeado de um paisagismo caprichoso. Na Companhia de Terras Norte do Paraná, quando foram projetar a avenida Higienópolis, olharam primeiro para o modelo da Avenida Paulista. Leve e informativa, nossa publicação nasce com o propósito de refletir o espírito alegre-liberal-conservador, despojado-modernoprofissional das pessoas que vivem e passeiam nos JARDINS; um público formador de opinião, de bom nível cultural, articulado, que consome, viaja e gosta de sentir-se participante; nossa missão editorial: apresentar um bom guia dos serviços existentes na região, seu comércio de qualidade; o que vai pelas cabeças-pensantes, as idéias e experiências; explorar o mundo e as informações que realmente importam numa cidade que se transforma rapidamente. O mais festejado bairro londrinense ganha, enfim, sua interface gráfica. Podemos comemorar juntos? Afinal, somos todos ‘fiéis jardineiros’... Uma boa leitura!
TIM-TIM!
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rojeto formatado, o primeiro número dos JARDINS iniciou com a colaboração de Rogério Fischer que trouxe um perfil de Willian, o front-man do Bar Vilão, um dos points mais tradicionais da região. O experiente Devanir Parra fotografou. A repórter Fernanda Bressan foi perguntar aos imobiliaristas do centro: qual o preço do metro quadrado nos JARDINS? Carlos Arruda sugeriu várias pautas. O arquiteto e urbanista Rodrigo Sampar, um apaixonado pela história de Londrina e dono de uma excelente biblioteca sobre os primórdios da cidade, sintetizou a Avenida Higienópolis na página 9. De São Paulo, onde mora hoje, o blogueiro e arquiteto Marcel Nagao tirou do baú o paisagismo que sonhou para os JARDINS. João Arruda deu boas dicas de edição. Na arte, o profissionalismo de William Inumaru. Incansável, a jovem fotógrafa Gabriella Debertolis fez colunas sociais, fotos noturnas no alto de um prédio e circulou pelo bairro à procura de diferentes ângulos. Nós também a entrevistamos: Meu nome é GABRIELLA DEBERTOLIS, tenho 16 anos. Sou fotógrafa. Trabalho com uma Nikon D5000, fotografo eventos, festas, esportes, animais e faço books. Pode perguntar: Como soube que gostava de fotografar? Desde pequena sou apaixonada por todo tipo de arte; comecei a fotografar com uma câmera compacta que tínhamos em casa. Só tirava fotos de mim e quando percebi já estava fotografando coisas por aí, a calçada da rua, por exemplo. E assim fui criando gosto pela fotografia.
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Fotógrafo deve ser rápido para vencer um embaraço de momento? Acho que deve ser espontâneo e também cuidadoso. Se certificar de tudo o que vai fotografar, ver se a luz é favorável, se a câmera está ajustada àquela situação. Uma vez, numa festa, na hora do parabéns, minha câmera não se adaptou ao escuro. Desespero. As fotos desfocavam. A solução mais rápida foi o FLASH, que me salvou. Ninguém percebeu, eu acho...
Qual foi a sua melhor descoberta? Num curso que fiz, um professor falou que tenho talento com a fotografia. Nunca imaginei. Ter uma base é importante para a carreira e cada vivência é um aprendizado. A fotografia é um dom que deve ser utilizado da melhor maneira. Quem você admira? Há vários fotógrafos, mas gosto mesmo é de pensar na foto e não no autor; às vezes a foto de um amador expressa muito mais sentimentos do que a de um profissional. Eu gostaria de ser tudo, não me colocar em uma só categoria. Por isso, fotografo tudo e todos de vários ângulos. Gosta de fotografar pessoas ou paisagens? Tenho grande paixão em fotografar pessoas; somos nós que fotografamos, somos fotografados e olhamos a fotos. É um conjunto belo. Eu não coloco nenhum efeito. A foto deve ser real.
Você fotografou até placa de trânsito dos Jardins... Nunca fotografei tão rápido, minha mãe teve a paciência de me levar com o carro por cada uma das ruas. E quando passava um ônibus ou a fiação escondia a frente da placa? Nem tudo dava pra fazer com zoom. Eu descia do carro e parava no meio da rua, na frente dos veículos, fotografava e voltava correndo enquanto o sinal abria. Qual o sonho de consumo? O próximo é ter equipamentos de iluminação para fazer muitas fotos; criar um mini estúdio em casa, pode ser até na sala de estar. Farei books todos os dias. JARDINS é uma publicação gratuita e bimestral da Editora CSM, dirigida aos moradores e comerciantes do quadrilátero situado entre as avenidas Higienópolis e JK, adjacências do Centro e bairros vizinhos. JARDINS também é distribuída por mailing a formadores de opinião de Londrina, entidades representativas, de classe, profissionais e sociais. Editor: Maurício Dellabarba (Mtb3506) Contato: revistalondrina@hotmail.com
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UM LUGAR ESPECIAL
O bairro OS SONS, AS FRESTAS, AS FACHADAS E A MAGIA DOS JARDINS
O pedestre sente que está num lugar além do trivial quando caminha e sobre ele recai uma discreta e prazeirosa sensação de bem-estar. Precisamos disso, pensa o pedestre. Uma gente calma, amistosa, como se guardasse velhos hábitos do interior, mistura-se a gente jovem e cheia de idéias. O pedestre é atento, desses que gostam de olhar tudo com atenção; o lugar esconde preciosidades, cantos, lugares calmos em meio as atribulações do dia-a-dia, quintais em casas de madeira que resistem ao tempo, luzes oblíquas revelando sombras e contrastes. Passado e presente, um ao lado do outro. O casarão histórico sobrevivente de tempos pioneiros junto ao arrojado prédio da av. Higienópolis, a loja fashion com a última palavra em moda e o pão quentinho saindo do forno de uma padaria do bairro. O estilo dessa gente denuncia: aqui impera o trabalho, a rotina profissional e – também -, a alegria de ser, por isso a rotina pode ser quebrada se o motivo, de força maior, estiver num bom café espresso, ou num simples docinho. Nos fins de tarde, não há momento melhor para esticar as pernas e passear, solo, acompanhado ou com o cachorrinho, simplesmente. Nos finais de semana, durante a noite, o pedestre vê: as ruas fervilham de gente alegre e o clima é de balada e festa em todos os cantos. Jovens namorados andam de mãos dadas. O aposentado olha o céu e uma menina-adolescente tem cara e roupa de modelo. As árvores mandam um frescor. As crianças são barulhentas. As famílias mandam no pedaço. O pedestre sente no coração por que vale a pena VIVER OS JARDINS!
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UM LUGAR ESPECIAL
Avenida Higien
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elso Garcia Cid queria a casa mais notável da cidade, no lugar mais alto, para que fosse o centro de grandes negócios e decisões e pudesse hospedar as maiores autoridades. E conseguiu. Por ali passaram Moysés Lupion, Paulo Pimentel, então governadores. Presidente da República, Juscelino Kubitschek foi homenageado com um grande banquete numa noite de 1961, – e depois pernoitou na mansão que hoje é tombada pelo Patrimônio Histórico.
A casa de Celso Garcia é um dos símbolos permanentes da Avenida Higienópolis e a história de sua construção traduz toda a história de glórias da artéria mais famosa de Londrina, que conheceu tempos de grandeza e declínio (o auge do café, o fim do café) sem jamais perder a majestade e o fascínio. “Quis construir um palacete onde presidentes e governadores pudessem se hospedar e despachar”
O engenheiro e arquiteto Antonio Castelnou, autor do livro Arquitetura Londrinense: Expressões de Intenção Pioneira, conta que o palacete da Avenida Higienópolis, 116, esquina com a Rua Tupi, “de fortes traços neoclássicos”, foi projetado e construído por Victorio e Nelson Gravetti, entre abril e 1945 e março de 1947. Tem 680 m² de área construída e se destacou num momento em que predominava a arquitetura de madeira. Azulejos ingleses, mármore português, filetes em ônis “Naquela época, a elite londrinense, visando atingir certo destaque social e demonstrar inclusive poder econômico, misturava diverso estilos – de preferência europeus - em suas residências através de um gosto eclético como em outros grande centros urbanos brasileiros. O palacete foi a primeira residência em alvenaria de Londrina seguindo o estilo neoclássico facilmente identificado em alguns detalhes da obra, tais como as balaustradas, as colunas, os peitoris e o cornijamento trabalhado” – aponta Castelnou. “A casa possui um amplo salão principal e vários compartimentos. Originalmente, constava de sala de estar, de jantar, sala de costura com terraço, escritório, lavabo, copa e cozinha. No andar superior haviam cinco dormitórios (duas suítes), um lavatório e um banheiro. Três quartos ligavam –se a sacadas. Foi uma das primeiras obras da cidade a importar materiais de acabamento, tais como azulejos ingleses nos dois sanitários do segundo andar e o mármore português nas paredes e no banheiro da antiga suíte, com filete em ônix. Destacam-se também os pisos de amoreira, imbuia e cabriúva, com tábuas de 10 cm de espessura, o que contribuía ainda mais com seu ar quase que aristocrático”. A mansão de Celso Garcia, que se impõe na paisagem circundante desde a sua construção, sofreu várias alterações internas. Uma nova reforma foi feita em 1980 quando foi ocupada por uma loja das Confecções Cartola, depois pelo Banco Francês-Brasileiro e Sudameris.
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igienópolis NOVOS HORIZONTES Rodrigo Sampar* Um dos símbolos do espirito mutante da cidade, a Avenida Higienópolis abrigou inicialmente a alta burguesia londrinense em seus casarões e palacetes de diversos estilos arquitetônicos. A via larga e de amplos canteiros centrais, projetada nos anos 30 para a elite no centro atraiu a atenção e interesse dos incorporadores - e assim iniciou-se a partir dos anos 80 uma nova fase, a da verticalização comercial. Rapidamente, as mansões foram desaparecendo para ceder espaços a modernos e imponentes edifícios comerciais, restando, atualmente, poucos e raros exemplares, transfigurando a imagem da Higienópolis, de calma e bucólica avenida residencial em uma via comercial de fluxo intenso, voltada a diversos gêneros comerciais, como escritórios, restaurantes, boutiques, bancos entre outros. *Arquiteto e Urbanista
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UM LUGAR ESPECIAL
3 perguntas a
Marcel Nagao
Cheio de futuro, o olhar de um jovem urbanista percorre o centro da cidade. Marcel Nagao se deixa envolver especialmente pela aura da região dos JARDINS, objeto de seu trabalho de conclusão do curso de Arquitetura na UEL. Profissional de seu tempo, engajadíssimo em movimentos pela rede social que defendem a identidade histórica de Londrina e a sustentabilidade do planeta, ele alterna vivências na terra vermelha com o caos de São Paulo, colhendo novas relações, tateando e compreendendo melhor o espaço do bicho homem. Dono de um dos blogs mais acessados da cidade – JANELA LONDRINENSE - , Marcel descreve os JARDINS como um lugar diferente e especial...
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Por que vc se interessou em fazer um trabalho de melhorias paisagísticas sobre o JARDINS? Sempre tive interesse na área de urbanismo e paisagismo e procurei fazer o meu Trabalho Final de Graduação com esse foco. Busquei uma temática associada ao varejo, ao comércio urbano e como era necessário apresentar também um projeto, cheguei a cogitar da Gleba Palhano; teria a possibilidade de criar algo totalmente novo porque aquela região ainda é muito carente de infraestrutura. Depois, achei interessante fazer o trabalho em uma área que contasse com a experiência dos usuários (moradores, empresários e visitantes); busquei os JARDINS porque além de ser uma área com alta densidade populacional (aproximadamente 40 mil pessoas vivem entre a JK e Higienópolis), possui alta valorização imobiliária e um comércio que se intensifica. Meu objetivo foi direcionar o crescimento comercial a fim de manter a valorização imobiliária dos imóveis residenciais e qualificar o espaço urbano para que o londrinense tivesse outra opção de passeio e compras que não fossem os shoppings centers ou o Calçadão, que já é outro tipo de comércio.
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O que caracteriza essa região? Sem dúvida, a densidade habitacional e a alta valorização imobiliária. É interessante observar também que há uma ocupação bem diversificada. Moram nos Jardins desde famílias inteiras a singers, casais sem filhos, idosos, estudantes, etc... E por não haver praças, o comércio intensifica a socialização dos habitantes. O comércio tornou-se um elemento crucial para a urbanidade. Não á pra comparar, claro, mas existe mesmo uma certa semelhança com os Jardins Paulistanos no tocante ao padrão das edificações e no modo de ocupação. A malha urbana também: as duas regiões possuem um declive partindo da avenida principal (av. Paulista lá e av. Higienópolis aqui) e malha xadrez de implantação, que são as quadras no formato quadrado 100x100 metros. Nossa Higienópolis tem uma história parecida com a da Paulista. A ocupação inicial por casarões dos barões do café e depois a transformação em centro financeiro. A Paulista com as sedes de inúmeros bancos nacionais e internacionais e a Higienópolis com as agências de quase todos os bancos do país, inclusive, os exclusivos - BB Estilo, Banco Real Van Gogh, Safra, Citibank, Itaú Personalitté, Bradesco Prime, BicBanco. Havia também o BankBoston, mas suas operações foram compradas pelo Itaú.
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Como está o Centro de Londrina? Podemos caracterizá-lo em três partes: uma concentração geral, onde pessoas da cidade inteira vêm fazer compras (Calçadão, Rua Sergipe); outra mais antiga, que passa por um processo de “abandono”, que é nas proximidades da Rua Duque de Caxias (afinal, a cidade começou ali também); e os JARDINS, que compreende uma ocupação mais recente pela verticalização dos anos 80-90. Porém, vale lembrar também que desde a década de 40-50 já começaram as ocupações residenciais nesta região. Foi apenas no fim do século XX que o boom de prédios irrompeu, provocado por alterações na Lei de Zoneamento da cidade, caracterizando uma área densamente populacional, com quadras onde vivem mais de mil pessoas.
“Em meu trabalho projetei uma rua de comércio aliada com os edifícios residenciais e a história do bairro. Pensei na rua Santos como uma rua onde os moradores poderiam passear com suas famílias ou fazer compras com mais conforto e qualidade. Projetei em cada esquina as Pracinhas de Rua, com conjuntos comerciais, valorizando o espaço público e aumentando a oportunidade dos comerciantes. O objetivo geral do trabalho era direcionar o crescimento do comércio na área, organizando-o em torno de uma rua projetada adequadamente com desenho urbanístico e paisagístico, sem perder a valorização dos imóveis residenciais” JARDINS
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UM LUGAR ESPECIAL NINGUÉM RESISTE AO CHARME DOS
JARDINS Festejado pela qualidade de vida, serviços de primeira linha e espírito de vizinhança, o bairro é motivo de orgulho dos moradores e de liquidez certa nas transações imobiliárias Fernanda Bressan*
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costumados a lidar com um mercado, por vezes, inconstante, os corretores de imóveis da cidade não escondem sua satisfação com a saúde econômica de um pedaço da região central, onde os negócios - pequenos, médios ou grandes - fluem gradualmente o ano inteiro. Não importa o tipo de transação - residencial ou comercial-, o bairro está sempre em marcha, apesar de já não dispor de terrenos em profusão para novos empreendimentos. Para os especialistas do setor, os JARDINS, como ficou conhecido o quadrilátero localizado entre as avenidas Higienópolis e Juscelino Kubitschek possui traços urbanos próprios que lhe dão singularidade, fazendo diferença em relação a outras áreas da cidade. Nele, prolifera uma rede enorme de serviços de
Abílio Medeiros
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JARDINS
qualidade – minishoppings, boutiques fashion, restaurantes, docerias, frutarias, bancos, academias, salões de beleza, bares e supermercados. Além disso, para quem mora ou trabalha por ali, a opção de acesso ao forte comércio do centro é muito fácil. Dá pra ir a pé a quase todos os lugares. ESTILO DE VIDA Outra característica: muitos dos comerciantes das ruas Santos, Belo Horizonte e Paranaguá, das cercanias e transversais do quadrilátero (Pio XII, Piauí, Alagoas, Goiás etc...) zelam pela manutenção das fachadas e calçadas de suas lojas. Entre eles, inclusive, começa a surgir um movimento para que os Jardins recebam um novo paisagismo, com pracinhas, luminárias e controle de trânsito. O estilo de vida dos moradores tem tudo a ver com o lugar. Ele mescla um forte espírito de vizinhança - mantido há décadas por famílias mais tradicionais - a um
Raul Fulgêncio
espírito jovem e profissional de uma população antenada aos tempos digitais e de sustentabilidade e que desfruta de um bom padrão de vida. Resulta dessa combinação uma gente de personalidade jovial e com valores familiares, que gosta de aproveitar as ótimas opções de consumo que o bairro oferece. “É o lugar mais bonito da cidade”, afirma o imobiliarista Abílio Medeiros, com a experiência de quem ajudou a alavancar empreendimentos de porte dos Shoppings Catuaí, Royal e condomínios na região sul. “Aqui tudo é fácil e acessível”, exulta o imobiliarista Antonio Sapia Júnior sentado em seu escritório da avenida Higienópolis. Evidentemente, como empresários que são, os imobiliaristas não falam com base apenas em impressões ou sentimentos particulares. Por força da profissão, e para se saírem bem, precisam desvendar o mercado e estar na vanguarda dos negócios, com visão de futuro.
Antonio Sapia Jr
Números 11
milhões de reais é quanto a região dos JARDINS pagará de IPTU em 2012
1 km² é a área estimada dos
Menos de JARDINS
10.832 é o total de moradias (casas e apartamentos) do quadrilátero.
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imóveis comerciais mantém atividades nesta região do centro
35.000 pessoas moram nos
Mais de JARDINS
Fonte: Secretaria de Fazenda Municipal
Também instalado na região, o veterano Raul Fulgêncio está ajudando a trazer para a região central-leste, que abrange o velho e esquecido setor histórico, um complexo empresarial que vai reunir um hiper-mercado e um conjunto de torres residenciais. Toda a região está recebendo os benefícios indiretos deste empreendimento audacioso: a área ao redor foi valorizada; haverá intervenções urbanísticas do poder Público para desafogar o trânsito e o ali será construído, futuramente, o Teatro Municipal. De área deteriorada, a região central-leste será transformada em pólo de desenvolvimento. Raul Fulgêncio explica porque nunca saiu do centro. “Vim para os Jardins em 1976, quando era tudo residencial; havia ainda
muitas mansões dos barões do café. O nosso alvará, em regime precário, foi o primeiro concedido para a área comercial”. Alguns moradores até tentaram sair, mas voltaram com saudades da qualidade de vida e do aconchego proporcionado pela região. “Resolvi sair para morar numa casa. Voltei há três meses pra cá”, diz a funcionária pública Fabiana Salvadori Martari, moradora da rua Santos. A culinarista Gina Pitelli nem pensa em se afastar do bairro. “Estou aqui há 40 anos, é o meu lugar. É tranquilo para andar, mesmo a noite, e faço tudo a pé”. Fabiana diz que nos Jardins há sempre muita gente nas ruas, e isso aumenta o calor humano. “No condomínio eu saía para passear com a neném e era tudo isolado”, diz,
“É o lugar mais bonito da cidade” (imobiliarista Abílio Medeiros)
Fabiana: “No condomínio era tudo muito isolado, eu não via ninguém. Voltei há três meses para cá”.
com a pequena Gabriela nos braços. O mesmo sentimento é compartilhado pela dentista Gisele Campos Barbosa, da rua Tupi. “Uma lesão me afastou dois anos do trabalho. Eu me sentia muito isolada na região Sul. Aqui no centro, embora não conhecendo todo mundo, tem movimento, tem alegria. Lá era tudo muito longe, dependia dos meus filhos ou do meu marido para ir aos lugares, à fisioterapia, tudo precisava de carro, eu estava louca para me mudar”. Hoje se sente aliviada: “Amo morar nessa região!”, diz, categórica. Abílio Medeiros analisa que os Jardins foram no final da década de 70 até os anos 90 o grande ponto de verticalização residencial de Londrina. Depois veio a febre dos condomínios fechados. Hoje, inverteu de novo. “A tendência agora é de ter mais alguns prédios novos, mas não muitos, e a região vai crescer mais na parte comercial”, prevê. Sempre vai existir quem prefira a comodidade e a praticidade de se morar em prédios, e os Jardins concentram edifícios com áreas maiores, raridade entre os lançamentos imobiliários atuais. “Os apartamentos dos anos 70, 80 e 90 são bem mais amplos, um por andar, diferentes doas da da Gleba Palhano, por exemplo”, completa Sapia, com aval de Raul Fulgêncio. “É difícil hoje encontrar terrenos para os lançamentos mas, quando tem um, a liquidez é imediata”. “O terreno aqui já está mais caro”, observa Medeiros. A mistura residencial-comercial eleva o valor do metro quadrado. Os imobiliaristas calculam que esse valor pode oscilar entre R$ 1,5 mil e 2 mil, dependendo da localização. Para construir um prédio é preciso unir três terrenos. Áreas comerciais exigem menos espaço. “As casas de madeira estão sumindo, as que têm terreno menor tem a procura comercial”, diz Sapia Junior. Abílio destaca que as ruas mais tranquilas e retas, sem grandes subidas ou descidas, são as mais procuradas para fins comerciais; o que explica o fato de as lojas se concentrarem nas ruas Paranaguá, Santos e Belo Horizonte. “Elas não têm muito fluxo de veículos, não têm subidas, e por isso são melhores”, completa. Já a Higienópolis, para ele, nunca vai perder a majestade. “Ela tem vida própria, é como estar de frente para o mar”, compara. * Colaborou Carlos Arruda
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A praticidade de viver no centro Cenário, o mais novo lançamento da Plaenge, reúne
o estilo dos Jardins ao conforto dos mais modernos edifícios. Está localizado na Tupi, entre a Paranaguá e a avenida JK
Tamanho Com 128 m de área privativa, os apartamentos do Cenário tem varanda com churrasqueira. O peitoral de vidro permite ampliar a visão externa que pode ser apreciada desde a sala de jantar.
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Luz natural A planta comporta uma suíte máster e mais dois dormitórios, com opção de demi-suíte. No quarto principal, janelas ampliadas com peitoril de vidro e persianas de enrolar levam a luminosidade natural também para esse ambiente. A suíte foi equipada com closet.
Decorado em exposição O apartamento decorado pode ser visitado no showroom da Plaenge na av. JK 1107, entre a Pio XII e a Rua Tupi, das 10 as 18 hs
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Plaenge Festa animada Muita gente tem ido conhecer o decorado do novo lançamento da Plaenge - Cenário, que apresenta sala integrada com cozinha e varanda gourmet. Muitos elogios para os diferenciais do projeto: ideal para quem quer morar no centro sem abrir mão do conforto.
Vanessa, Isabela e Sérgio Pintor
Luiz Antonio Pereira e Regina Simm Pereira Shiruo Tateiwa e Ricardo Kanai
Célia Catussi, da Plaenge, com o marido Erivelto
Ruth e Fábio Kanai Rosi Maggi e Mariana Fernandes
Thereza Madrona Costa
Aneron Luiz de Oliveira e Amely Erm Diuesley Alves dos Santos
Neise Ferreira e Geraldo Alves Ferreira
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André Luiz Ferreira
Lazer apreciado A planta do novo prédio faz sucesso entre os visitantes. Com duas vagas na garagem do sub solo para cada apartamento, um pavimento inteiro foi reservado ao lazer com cinema, salão de festas com varanda e copa de apoio, brinquedoteca, Espaço Gourmet, mini quadra poliesportiva e piscina coberta e aquecida.
Endi, Patrícia e Caio Takeda
Vivaldo Teixeira e Francis Elizabeth
Fernanda e Alcir Búfalo
Mariza Janeiro e Denise Lebon Maria Eduarda Menegazzo, Giovana Morgueti, Lizandra Pereira
Cárita, Yuri e Everton Matsuo
Parte da equipe de vendas da Plaenge
Fernando Fávaro e Maria Cristina Gabriel
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ROYAL PLAZA O SHOPPING PERTO DE VOCÊ. Números: • 10 mil ABL; • Fluxo de 10 a 15 mil pessoas/dia, chegando a 22 mil pessoas/dia no final do ano. Cerca de 390 mil pessoas passam pelo Shopping por mês.
COMO O ROYAL PLAZA SHOPPING SURGIU? Surgiu para ser o shopping do centro da cidade. O objetivo era atender as necessidades dos clientes e ser uma ótima opção de compras em uma região que na época era o centro antigo de Londrina. QUAL É A REALIDADE DO ROYAL PLAZA SHOPPING HOJE? O Shopping evoluiu com o seus clientes, que nos últimos anos passaram a ter maior potencial de compras e novas necessidades de consumo. O Shopping foi crescendo junto, oferecendo maior mix de compras. Desde 2006, foram realizados sucessivos projetos de expansão, com a abertura da âncora Lojas Americanas, expansão da praça de Alimentação e novas salas de cinema - formato stadium e tecnologia 3D. As novidades intensificaram o fluxo à noite, aos fins de semana, atraindo cada vez mais famílias para os corredores do mall. Ao passar dos anos, o Royal Plaza Shopping ajudou a revigorar o centro da cidade e se tornou referência na cidade de Londrina. Apesar da localização central, atraímos uma clientela diversificada, de todas as regiões da cidade, que buscam ser atendidos em diferentes necessidades de compra. Hoje, o Shopping recebe clientes não apenas de Londrina, mas uma população flutuante de toda a região do norte do Estado, além de um público diversificado: vestibulandos, turistas e pessoas de outros países anualmente o Royal Plaza Shopping é o ponto de compra oficial de bilhetes para o FILO (Festival Internacional de Teatro de Londrina). QUAL O MOTIVO DE ATRAIR TANTOS NOVOS EMPREENDIMENTOS? Nos últimos dois anos o Royal Plaza Shopping tem registrado 100% de locação e taxa de inadimplência baixíssima. Resultado de um trabalho de qualidade dos nossos atuais lojistas e gestão compartilhada da administração com a área Comercial e Departamento de Marketing .
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Osmani Ferreira
Diretor Comercial Royal Plaza Shopping
O Royal Plaza Shopping conquistou o reconhecimento de ser um shopping muito vendedor, com fluxo todos os dias e gente comprando - representa um ótimo negócio para os lojistas. Fatores que atraíram recentemente as marcas: For Boys for Girls, Burger King, Estação Oyama, Diulli, Aimê, Killer e Chilli Beans. Pra se ter uma idéia, há marcas consolidadas aguardando a oportunidade de fazer parte do Royal Plaza Shopping. QUAIS AS NOVIDADES QUE ESTÃO ACONTECENDO NESTE MOMENTO? A inauguração das novas salas de cinema foi uma contribuição importante para o entretenimento estar de volta ao centro da cidade. Lançado no mês de março, o projeto “Cinema para todos”, uma parceria do Cines Lumière, Royal Plaza Shopping e Estacenter, vão proporcionar ingressos a R$ 6,00. A iniciativa não tem caráter promocional. O objetivo é proporcionar acesso democrático ao Cinema, incentivando a cultura e a experiência de entretenimento. QUAIS OS PRÓXIMOS DESAFIOS? Diversificar o mix de lojas - em especial o mix de confecção -, apostar cada vez mais em qualidade e em condições para atrair marcas próprias, sem dúvidas são os desafios para este e próximo ano. Já a busca constante em se manter atualizado com as necessidades do mercado é o objetivo da administração todos os dias.
SHOPPING
www.royalplazashopping.com.br www.royalplazashopping.com.br JARDINS
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GALLERIA Onná em novíssimo visual
O conceito do projeto de interiores da nova Loja Onná no Shopping Ritz (rua Belo Horizonte com Pio XII) é uma criação dos arquitetos Alessandro Cavalcanti e Ricardo Makhoul. Ele dá nova formatação a conhecida marca de sapatos, bolsas e acessórios de alto padrão de Andrea e Kouchi Yui – e que agora agrega a venda de roupas de grifes consagradas e exclusivas. As vitrines externas da loja são encapadas com uma combinação de vidro, mármore carrara, madeira e porcelanato italiano formando um conjunto único; a área de estar interna foi composta por poltronas, mesas de apoio e um exclusivo bar Chandon.
Anne Garcia e Beatriz Garcia sempre a frente dos eventos comerciais da família
A fotógrafa Andreá Fernandes registrou o vaivém em torno das empresárias Sônia e Renata Borghesi, que apresentaram as suas clientes a nova coleção da Lucca Sportswear (rua Santos). A marca londrinense, que aposta no design e no conforto, investe em tecidos tecnológicos, com texturas diferenciadas, e em muito algodão e linho natural. Lucas, Márcia e David Wang, no Varanda
Adriana Camargo, Denise Packer Fabiani, Regina Genta Diniz e Belkes Hosni, presentes a mais um evento para degustação de bons vinhos no Restaurante Serafini (av. Higienópolis).
O empresário Luis Carlos Adati, diretor do Estacenter, está bastante empolgado com os bons resultados do projeto social ‘‘Cinema para Todos’’. A iniciativa permite que os interessados adquiram cupons no estacionamento e empresas conveniadas e troquem por ingressos para assistir a filmes no Royal Plaza Shopping. Por apenas R$ 6 e em qualquer dia da semana. Adati espera que o projeto atraia ainda mais público do centro para as novas e confortáveis salas da rede Lumiére.
A empresária Luciana Mesquita e a designer de moda Karina Garcia com sua LORENZA num novo point, na rua Santos. E o requinte de sempre: Bolsas, acessórios, peças exclusivas com acabamento de primeira, mistura de estampas. Vale uma conferidinha.
Sonia e Renata Borghesi
Luísa e Daniela Accorsi de olho nos lançamentos fashion da cidade
Pioneiro na comida tailandesa na cidade, o Bar e Restaurante Varanda (rua Paranaguá) exibe casa cheia todas as noites. Recentemente, nas comemorações do ano-novo daquele país asiático, os DJs residentes do Varanda, Cio Rangel e Vitor Costa, animaram a festa até altas horas, enquanto o público saboreava um jantar no melhor estilo tailandês e assistia a uma apresentação de danças típicas.
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Da jornalista Miriam Leitão: “Para crescer de forma sustentada o Brasil precisa qualificar brasileiros, reduzir o peso dos impostos sobre o emprego, aumentar a poupança, incentivar investimentos principalmente nos setores de ponta, melhorar a eficiência logística, reduzir a balbúrdia tributária. A lista é conhecida e permanece intocada”
Maria Eugenia, Maria Lopes Kireeff e Rosa Abelín
A Villa Santos, pizzaria e petiscaria da avenida JK, 462 distribuiu uma minipizza dentro de uma embalagem em formato de placa de trânsito. “Discussão no trânsito acaba em pizza”, dizia o mote pacifista da campanha. Trocar o palavrão por gentilezas, respeitar os sinais e não dirigir após beber foram algumas das dicas dadas aos motoristas.
Mr Cuca Abraham Shapiro Joana Reis e Camila Gonçalves
EM CLIMA DE OUTONO
Entre um chocolate e outro, um cafezinho, pedacinho de torta, um salgado ou um docinho, as pessoas vão se encontrando, renovando a alegria da amizade e do bem-viver.
Ana Eliza A. Martini e Pascoalina Martine
Daniela Ambrogi Sandra Regina Cotrim Everton de Oliveira e Enzo
Márcia Godoi e Rafaelle Jacqueline de Godoi Moura Udhi Jozzolino
Marcos Salinet, Karine Salinet, Ricardo Ramires, Andréia Carmona e Odair Nadin Theo Heinhors e Michele Franco
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Perfil
No Vilão, a grande viagem de Willian Rogério Fischer
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ode até ser que entre os 520 mil habitantes de Londrina, em algum canto da cidade, haja alguém que trabalhe atrás de um balcão há mais de 33 anos. Mas no mesmo bar e no mesmo endereço muito provavelmente só exista um: Willian Amador Bueno de Moraes. Willian comanda o balcão do Vilão Bar desde 27 de janeiro de 1978. O dia da inauguração foi na data do aniversário da primeira mulher dele, Lilian, que hoje mora em Red Wood City, na Califórnia (EUA). “José Antônio Teodoro se inspirou no Vilão para fundar o Valentino, um ano depois”, afirma Willian, se referindo ao bar que marcou época na esquina da Jorge Velho com a Bandeirantes e, depois que o terreno foi adquirido por Desirée Soares e Galvão Bueno, mudou-se para a Faria Lima, à beira do Igapó 3. O começo A primeira mulher, aliás, tem muito a ver com a história do Vilão. Lilian é natural de Rolândia, conheceu Willian em São Paulo – ambos trabalhavam na Avon – e foi uma irmã dela, dona de uma escola de inglês por aqui, que sugeriu ao casal que se mudasse para Londrina a fim de tratar melhor da bronquite asmática da primeira filha do casal, Júlia. A cunhada também sugeriu a Willian que abrisse um bar. Paulistano da gema, Willian, publicitário, só conhecia bares e restaurantes do lado de fora do balcão, quando biritava diariamente nos happy hours da Paulicéia. Mas topou a parada. Passou, então, a perscrutar possíveis locais. Conheceu o “Souza” e o “Carlão”, campeões de venda de cerveja na Londrina da década de 70. Queria, porém, abrir um bar diferente daqueles convencionais, de preferência em “algum lugar esquisito, com porão”. Chegou a namorar um ponto em frente ao Mater Dei, outro na Hugo Cabral. Até que apareceu o definitivo, na rua Sergipe, entre Belo Horizonte e Santos. O terreno, todo ajardinado, tem uma casa na frente – a casa de Willian – e, ao fim do corredor, onde há mesas recostadas no muro à esquerda, começa o bar propriamente dito, sempre à meia-luz e um som ambiente de extremo bom gosto, embora os acordes de jazz e
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blues, impecavelmente limpos, saiam, ainda, do mesmo aparelho Quasar que inaugurou o recinto. De tudo um pouco Adentrar o Vilão é viajar no tempo. A decoração, baseada em peças antigas, é a mesma – acrescidos, claro, os presentes de amigos. Trata-se de um verdadeiro antiquário que, em um ou outro ponto, se transforma num relicário. Em 70 ou 80 metros quadrados, o cliente mais atento se delicia com uma diversidade absurda de objetos antigos, lindos, chocantes ou simplesmente esquisitos. O telefone do bar é daqueles pretos que parecem um sapo do brejo. A máquina registradora parece ter saído da Inglaterra Vitoriana. O abajur é um show. Há gramofones e rádios que mal conheceram o século XX. É preciso cuidado para não tropeçar num projetor de 16 mm. Na ponta do balcão, há um castiçal que guarda parafinas de 15 anos de queima de velas – o resultado é algo absolutamente indescritível. Relógios! Há relógios por toda parte, de todos os tamanhos, relógios seculares. Estribos. Ferraduras. Cornetas. Um baleiro. Centenas de vinis. E muito, muito mais.
feita levou a filha ao bar e, apontando para a coleção de brincos pendurados, disse a ela se tratar de objetos “que vagabundas deixavam por lá”. – Ué, mãe, aquele ali não é da senhora? E era. Essa é apenas uma das muitas histórias que Willian Moraes testemunhou nesses 33 anos de Vilão. “O bar me deu três mulheres e muitas alegrias”, conta o proprietário, que sofreu um revés federal na época do Plano Collor, quando teve de se desfazer de dois imóveis para tapar o rombo provocado por Zélia Cardoso de Melo. Foi a época em que Willian perdeu a mulher, a linha e o carretel. Caiu numa vida desregrada que culminou, em 1997, com uma pneumonia que o deixou à beira da morte. Ficou 45 dias hospitalizado – 15 deles em coma, dos quais se recorda de coisas às vezes concretas, às vezes desconexas, mas que lhe deram sentido à vida.
A coleção de brincos Ainda no balcão, quase acima da cabeça de Willian, que trabalha sentado numa cadeira de barbeiro da marca Ferrante, há um objeto onde o dono do Vilão pendura brincos que as mulheres, por uma razão ou outra, perderam no bar.
“Cheguei ao hospital com pneumonia num domingo cedo, tive parada respiratória. Naquela época, só tomava vinho. Foi o vinho que me ajudou, cuidou do coração. Em coma, tive uma viagem e tanto. Fiquei num limbo, andando para cá e para lá. Pessoas me ajudavam, me mantiveram vivo. Cheguei num ponto que tive de fazer uma escolha, entre desistir e resistir. Foi a melhor coisa do mundo, a maior viagem da minha vida. Passei a ter uma curiosidade maior sobre a morte.”
Um deles encerra uma história emblemática. Uma distinta senhora que vez ou outra se atracava com algum acompanhante, certa
Completamente distante do álcool, Willian Moraes diz hoje ter encontrado o segredo da vida: simplicidade, respeito e desapego.
Sabores
BOOKAFÉ, um doce sonho
Marcelo Issao Horikawa e a esposa, Silvana, fazem da nova franquia do bairro um porto seguro da alimentação saudável. E uma celebração à vida
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enário tradicional do comércio de qualidade, o centro da cidade abriga algumas de nossas melhores panificadoras e padarias – como a Mr. Cuca (rua Sergipe), Pátio San Miguel (av. Higienópolis), Pão-de-ló (rua Benjamin Constant ) e Doce Sabor (rua Pernambuco). Verdadeiras fábricas de delícias e tentações, elas proporcionam infinitos prazeres a seus milhares de clientes. Agora, uma nova estrela, bem no coração dos Jardins, junta-se ao grupo. Trata-se do Bookafé, estabelecido na rua Belo Horizonte e Piauí,uma franquia já conhecida em muitas cidades do Brasil. A novidade do Bookafé está em seus mix de serviços: além dos doces, pães e bolos nas vitrines funciona como restaurante na hora do almoço. E seu cardápio, a base de saladas e carnes, tem recebido muitos elogios. “Era tudo o que a gente queria”, diz, satisfeito, o chef de cozinha e um dos sócios da empresa, Marcelo Issao Horikawa, que, ao lado da esposa, Silvana, administra o cotidiano do Bookafé. “Há mais de 20 anos sonhamos com isto. Demorou, mas nasceu”. A nova confeitaria-gourmet também aluga seus ambientes para eventos familiares e corporativos. Outra característica do lugar está na espiritualidade. A franquia foi criada por Dong Yu Lan, um chinês de 96 anos, há mais de 60 radicado no Brasil. Dong é um celebrado escritor de livros de orações, reflexões e mensagens espirituais que ficam expostos nas unidades da franquia e podem ser manuseados pelos clientes.
ANDANÇAS FORA DO BRASIL Os conhecimentos culinários de Marcelo foram obtidos em casa, na infância, pelos segredos de duas cozinhas ricas e saborosas. A mãe deu-lhe noções da comida oriental e o pai da mineira. Suas andanças fora do Brasil lhe permitiram acrescentar novos sabores, receitas e ingredientes. Foram cinco anos em San Francisco, nos Estados Unidos, e mais oito anos no Japão. “Era um sonho de adolescente, Calhou de poder ir a América trabalhar em restaurantes italianos, japoneses. Depois fui chef de cozinha de um restaurante que fornecia para uma companhia áerea, no Japão. Vivi e amadureci” – conta Marcelo. Nos anos 90, sua primeira experiência à frente de um negócio gastronômico próprio foi com o restaurante Tatanka Grill, na avenida Rio de Janeiro, também no centro. Foi ali que aplicou, com esmero, as habilidades culinárias que o tornariam conhecido justamente por criar pratos deliciosos a partir da mistura de vários ingredientes. “A globalização influenciou a culinária. Você tem a fusão da gastronomia asiática com a tailandesa, da japonesa com a californiana. Ingredientes que não se consumiam na década de 80, como o molho barbecue e o próprio sushi, hoje estão em todos os lugares”. SABOR CASEIRO No restaurante do Bookafé, Marcelo faz questão de acompanhar pessoalmente o preparo dos pratos. Na padaria, monitora o fabrico de pães na hora, sem pré-mistura, e ainda restringe o uso de conservantes e aditivos. ”Nossos pães são muito saudáveis. E o hambúrguer é como se fosse feito em casa.. Agradar o paladar das pessoas não é uma tarefa fácil. Meu prazer está em ver o cliente comprar com os olhos e depois voltar satisfeito”, afirma.
Segundo Marcelo, além da gastronomia e administração, um empresário do setor deve se preocupar com a gestão de pessoas. “Aqui são 40 colaboradores de diferentes culturas e temos que nos superar, treinar e ensinar bem para que a equipe seja sempre uma equipe de sucesso”. A rotina é dividida com a esposa. “Trabalhamos sempre trabalhamos juntos e isso nos dá mais segurança”, afirma. Bookafé é uma franquia alicerçada na alimentação de qualidade, convivência saudável e na celebração da vida”. Marcelo lembra de que a escolha do endereço veio como uma benção. Ele vinha há tempos procurando um espaço adequado; pensou inicialmente num local próximo às clínicas médicas, mais à frente dos Jardins. “Mas a proprietária me chamou para fazermos uma oração aqui. Conversamos e acertamos o negócio. Digo sempre que foi um presente”.
RAIO-X Nome: Marcelo Issao Horikawa Culinária preferida: Asiática Doce ou salgado: Salgado Lugar dos sonhos: São Francisco, onde aprendi muito Sonho: Aqui, concretizado Desafio: colaborar com outros bookscafés Saúde: Não penso muito nela Londrina: A volta para casa Família: A base de tudo Um lugar da casa: A cozinha
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pátio
san miguel
Ana Luíza Secco, Fábio Secco e Valentina
COMO NUM CLUBE
Fábio Lucas Santos
Ficou ótima a reforma e decoração da mais tradicional lanchonete, conveniência e panificadora (all-time) da Higienópolis. Ponto de encontro de pessoas dos mais diferentes estilos.
Maria Luíza Andrade Juliana Costa, Vera Costa e Thaís Costa
Edson Pereira e Éder Pereira Lucas Degan
Thaís Flávia e Luciane Martini Aline Regina das Neves
Olinda Bilhão Ramos Silvia Tobias e Gisele Silva
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