Revista Jardins 003

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JARDINS Higienópolis – JK – Santos – Belo Horizonte – Paranaguá –Centro

Londrina - Ano 1 - Nº 03

NATAL AZUL NO ROYAL Decoração do shopping do centro faz um chamado à consciência ecológica


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Editorial Uma receita sortida. E o Natal azul do Royal Olá, em nossa edição de natal contamos a trajetória de uma das comerciantes mais

Gagárin: a terra é azul

Fernando e Alexandre: Plaenge em alta

antigas do bairro, Cleyde Oliveira. Veja por que o modelo de gestão da Plaenge, empresa conduzida pelos irmãos Alexandre e Fernando Fabian, se tornou referência na construção civil do país. A obsessão do multi artista plástico David Wang pelos táxis amarelos de Nova Iorque é outro destaque da edição: “Gosto de pensar que trago dentro de mim uma caixa de ferramentas cheia de técnicas, conhecimento, temas e que me dou a

Luísa: blog e paixão pela moda

Wang: artista multifacetado

liberdade de transitar por vários estilos” – diz o artista. O médico-escritor Marco Antonio Fabiani é nosso convidado para estrear a seção de crônicas da JARDINS e ele nos oferece uma visão pungente da cidade. Yuri Gagárin, o primeiro astronauta em órbita, legou-nos a frase memorável: a terra é azul!. O Royal Plaza fez uma decoração diferenciada e visualmente deslumbrante lembrando que este azul pode ficar comprometido de maneira irreversível e

Cleyde: sucesso com jóias

Cristina: encanto pelo café

CARTAS

barrar o aquecimento global. É preciso salvar

PALHANO Moro na Gleba Palhano. Como faço para adquirir a revista JARDINS? Cleusa Mantovani.

mesmo. Boa Leitura.

(NR: Cleusa, enviaremos os últimos números a você). DECORAÇÃO Será que no ano que vem teremos uma decoração de natal especial no nosso centro? Eu me lembro das lâmpadas chinesas que colocavam na rua Belo Horizonte. Inesquecíveis! Onde foram parar? WM. (NR: Torcemos pela criação da tão sonhada associação de moradores do bairro para promover mudanças paisagísticas).

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afetar as calotas polares se a humanidade não

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o planeta, os ursos do ártico e o homem de si

JARDINS é uma publicação gratuita da Editora CSM dirigida aos moradores e comerciantes do quadrilátero situado entre as avenidas Higienópolis e JK, região central e bairros vizinhos. Distribuição por mailing a formadores de opinião, lideranças representativas e entidades profissionais. Editor: Maurício Della Barba – MTB 3506 Colaboradores: Devanir Parra, Fernanda Bressan, William Yamaguchi e assessorias Redação: (43) 9134-0324 Contato: revistalondrina@hotmail.com


Rua Belo Horizonte, 900 Loja 20 — Shopping Ritz (43) 3025 6479 www.santaninacessori.com JARDINS

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perfil “Para trabalhar nesse ramo é preciso criatividade e, principalmente, confiabilidade. A pessoa precisa acreditar no que você está oferecendo”

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Cleyde Pereira uma vida que vale ouro

A menina que para se sustentar dava aulas de acordeom e vendia diamantes de porta em porta construiu uma longa trajetória de sucesso no ramo das joias e pedras brasileiras

O Fernanda Bressan

espírito Joias e música. Essas duas artes se misturam na história de Cleyde Pereira, hoje uma empresária de sucesso à frente de uma joalheria que leva o seu nome nos Jardins londrinenses. Mas quando ela desembarcou em Londrina, vindo de São Paulo, isso aos 14 anos, trazia como “joia” apenas seu acordeom e muitos sonhos; ela ainda nem sonhava com ouro e diamantes.

Durante muito tempo foi sua melodia que conquistou os londrinenses que aqui moravam. Era ainda década de 50 e Cleyde ensinava os primeiros acordes a alunos em sua nova cidade. “Dava aulas de acordeom, nessa idade (14 anos) já trabalhava e ganhava dinheiro. Além das aulas de música eu também dava aula de folclore. Mas o professor não tem muito valor no sentido financeiro e eu precisava de um pouco mais de tranquilidade, foi quando comecei a vender joias de porta em porta”, recorda. A primeira experiência foi até inusitada. Cleyde recorda que um senhor apareceu oferecendo diamantes para ela comprar e revender, mas ela não tinha condições de comprar. “Daí uma professora falou para ele: ela não tem condições de comprar, mas tem condições de vender. Ele me deixou quatro aneis e cinco brincos e em uma semana já tinha vendido tudo”. De lá pra cá, as joias entraram definitivamente na rotina da paulistana que escolheu Londrina para viver. Ela foi representante da Natan, gerente das lojas Bergerson durante 25 anos e em 1997 deu seu nome à joalheira, instalada na esquina das ruas da Pio XII com a Belo Horizonte. “Junto com meu filho Heber resolvemos abrir a loja. Foi quando comecei a trabalhar também com pedras brasileiras. Para trabalhar nesse ramo é preciso criatividade e, principalmente, confiabilidade. A pessoa precisa acreditar no que você está oferecendo”, indica. Sobre os Jardins, Cleyde gosta, tanto que está no mesmo local desde o início da Cleyde S. Joalheria. “Aqui é um lugar bonito, com lojas receptivas. Antes as pessoas saíram do centro para morar nas ‘glebas’ e agora estão voltando. Aqui tem padaria, supermercado, as pessoas circulam pelas ruas”, analisa. A única reclamação é quanto à falta de estacionamento. Nem sempre o cliente consegue parar por ali. Voltando aos negócios, Cleyde lembra que no início, lá nos anos 60, 70, havia filas de pessoas em busca de joias, mas hoje esse frisson é diferente. “Não existe essa rotatividade de antes, de pessoas comprando joias todos os dias. Agora é a hora da inteligência”, diz. É claro que sempre

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perfil haverá espaço para a leveza das peças esculpidas em ouro. “O glamour, as datas especiais, essas sempre são lembradas com joias”, aponta Cleyde. É uma netinha que nasce e ganha um brinquinho da avó, um casamento, uma comemoração especial; momentos coroados com a beleza e o requinte do ouro e das pedras preciosas. “Em ocasiões assim a pessoa quer vestir uma jóia, tem a tradição”, pontua. Para atender a todos os gostos – e bolsos – Cleyde tem uma linha de joias feitas com cobre e pedras brasileiras. A madeira também se faz presente em algumas peças, todas feitas artesanalmente e muitas são até exclusivas. Tudo para fazer o que mais gosta: vender atendendo aos anseios dos clientes. “Eu amo vender, está no sangue, é nato. Eu me empolgo com uma venda, e isso independente do valor da venda. Não faço contando com isso, mas com a satisfação do cliente. Sabe que as vezes estou em uma loja qualquer e as pessoas vêm e me perguntar o preço das coisas, acho que tenho a feição de quem vende”, brinca. Aos 74 anos, que facilmente se passam por 60, ela esbanja vitalidade. E isso se deve em boa parte ao fato de trabalhar com o que gosta. Há 15 anos ela divide a rotina da loja com Heber, seu braço direito e esquerdo como ela mesma diz. Mas nem tudo foram flores. Em 2002 Cleyde se lembra de um momento difícil: ladrões arrombaram a porta, invadiram o espaço armados e levaram tudo. “Foi no dia 5 de outubro, eu me lembro dessa data. Mas tive de Londrina uma solidariedade incrível, recomecei do zero com peças minhas e outras doadas por clientes e amigos que vinha e falavam: “Cleyde, esse brinco eu comprei com você e não estou usando mais, fica com ele!”. Coloquei tudo em um balcão aqui na loja.” Nesse mesmo ano novamente ladrões entraram na loja, Bevenuto, seu marido, é baleado e os bandidos acabam fugindo sem levar as joias. Tempos depois outro momento difícil, foi quando ela perdeu o marido Bevenuto, com o qual conviveu por 56 anos, sendo 50 de casamento. “Ele era meu companheiro, pernambucano, ciumento. Eu sempre fui falante, ele era mais quieto”, recorda. Da união vieram os três filhos – Auber, Cláudia e Heber – e também oito netos, que hoje se divertem com a avó musicista. “Falo para eles que o dia que não conseguir tocar mais o Tico Tico no Fubá aí terei que aposentar o acordeom, mas por enquanto ele tá saindo”, diz entre risos. A alegria, aliás, é um ponto forte dessa empresária que se derrete pelos filhos, netos e pelos irmãos Paulo e Silvio, esse último, aliás, o Dr. Silvio Carlos Silva, irmão temporão, que tem a admiração da irmã mais velha que, como ele, venceu os desafios da vida e segue trilhando o caminho da conquista.

“Aqui é um lugar bonito, com lojas receptivas. Antes as pessoas saíam do centro e agora estão voltando”

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Túnel do tempo Na inauguração da loja com o filho Heber

Colégio Estadual de Londrina, 1956. Cleyde participa da fanfarra

Tocando acordeon em 1951 na TV Tupi, em São Paulo

Com o marido Benvenuto

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economia

O ritmo da Plaenge

Classificada entre as maiores e melhores do país, a Plaenge tem no eficiente modelo de gestão o segredo para o seu sucesso

Em 2012, fustigada pela crise internacional,

a economia brasileira retraiu seu índice de investimentos, mas esta incerteza não impediu que a Plaenge, empresa londrinense de construçãoe e engenharia, continuasse a crescer de maneira vigorosa e se firmasse como uma das maiores empresas do Brasil. A fórmula vitoriosa que a fez crescer formidáveis 589% nos últimos cinco anos (v. quadro) é conhecida e admirada no mercado da construção civil: conservadorismo no controle dos custos; inovação, sempre, na qualidade e nos diferenciais de seus produtos. Este ano, a Plaenge acrescentou mais robustez ao seu histórico positivo e multiplicou o sucesso junto aos clientes. Seu modelo de gestão começa a ser copiado por muitas empresas, o que contribui para reaquecer o setor, juntamente com medidas de incentivo do governo federal. Sem sócios, sem emitir ações, vendendo preferencialmente para o público Premium (A e B) e com um faturamento de 745 milhões de reais a Plaenge tornou-se a maior incorporadora de capital fechado do país. O ranking da revista Época e Fundação da Dom Cabral situa a Plaenge entre as 500 maiores do país, de todos os segmentos, observando-se o desempenho financeiro e práticas empresariais. Foi também a melhor classificada no setor de construção da Região Sul. E está entre as 100 melhores do país em relação as finanças e visão de futuro Estudo do jornal Valor Econômico registra que a empresa subiu 14 posições e atingiu a 458ª colocação entre as maiores corporações nacionais. A Plaenge também foi destaque no Anuário Grandes & Líderes – 500 Maiores do Sul, da revista Amanhã, publicação de negócios que circula em Santa Catarina, Paraná e Rio grande do Sul, “por apresentar a maior receita bruta do setor de construção e imobiliário da região”.

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O elixir do crescimento • A empresa tem administração familiar (os irmãos Fernando e Alexandre Fabian). Não abriu capital, não busca sócios, só lança um empreendimento se tiver recursos próprios para terminar a obra • Um membro da direção da empresa sempre mora pelo menos um ano em uma nova cidade para conhecer o mercado e a burocracia. • Conservadorismo no controle de custos e Seguro de Entrega garantem o cumprimento rigoroso de prazos. Um software de gestão monitora a evolução das obras. • A Plaenge não terceiriza e mantém um grande banco de terrenos comprados com dinheiro próprio em épocas propícias.


entrega Plaenge

Fernando Pessoa Claudia Amâncio, Walterney Amâncio e Ana Vitória Pissinato Amâncio

Ana Paula de Sá e Fátima Cristina de Sá

Clóvis Bohrer e Erivelto Catussi

Chaves na mão

Jaqueline e Henrique Rassera

Muita alegria no evento de entrega do Edifício Fernando Pessoa aos proprietários dos apartamentos. A festa teve atrações especiais: mesa de doces portugueses, carrinho de sorvete artesanal e performances interativas com a trupe do Centro Londrinense de Arte Circense. A comemoração também foi muito especial para a equipe Plaenge. A construtora atingiu o marco de 75 torres concluídas em Londrina. Lançado há quatro anos, o Fernando Pessoa foi projetado a partir de conceitos sustentáveis e se destaca pela modernidade no uso de acabamentos e espaços arquitetônicos. Maria Helena Fregonesi e Osvaldo Brinholi Grasiele e Rodrigo Tazima

Neia Mazzotti, Pedro Carlos Dakkache e o filho Gabriel

Tiago Abelin e Thaisa Bohrer

Joás, Júnior, Célia Catussi e Edson Holzmann Pietro e Décio Sicca

Sérgio e Dúnia Pereira JARDINS

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lançamento plaenge

PARC ROCHER Cristina, Orlando e Gianna Fujarra

Ana Paula Lopes Silva e Marcelo Augusto Silva

Antonio Zorato Jr e Fabiana Zorato

Flávio, Selma, Matheus e Vinicius Kato

Oásis Urbano

Mais de 400 convidados foram conhecer de perto os detalhes, a qualidade e a beleza do mais novo lançamento Plaenge, o Edifício Parc Rocher, cujo conceito de “oásis urbano” superou as melhores expectativas e encantou a todos. A apresentação do decorado foi o ponto alto da noite: com três suítes e área de lazer completa no térreo o Parc Rocher possui um sofisticado projeto de interiores. O público elogiou bastante a integração entre sala, cozinha e varanda, que, além da churrasqueira, traz também um encantador forno a lenha. O Parc Rocher fica em frente à Praça Pé Vermelho, na Gleba Palhano.

Leonardo, Adilson e Márcia Kemotsu

Fabiane e Marcus Ginez

Fabiana e Marcelo Gouvea

Amanda Búfalo

Andrea Alvares Marcia Castro e Otávio Gomes

Gilberto e Roseli Carneiro Pedro e Neia Dakkache

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Ivanete Verdade

Fernanda e Alcir Búfalo


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entrevista

6 perguntas a

Luísa Accorsi Seu blog de moda é super-conhecido. Futura jornalista, 21 anos, empresária que vende as próprias criações pela internet, ela se diz “compradora compulsiva de livros, sapatos e frozen yogurt. Ama morangos, fotografias, cozinhar com o namorado, ir ao cinema e viajar. Virginiana, perfeccionista e crítica. Tem uma mania insuportável de querer agradar todo mundo. Chorona, pesquisadora, determinada e doce. Fascinada por tudo que envolva o universo feminino – roupas, acessórios, maquiagens, cremes, etc. Adora escrever, é viciada em blogs e revistas de moda, uma sonhadora incorrigível”. “Luísa Accorsi confessa: sou inspirada pela vida...!”

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Como começou com o blog? Apesar de ninguém da minha família ser ligado ao mundo da moda, eu sempre me interessei pelo assunto! O blog surgiu da necessidade de criar um espaço onde eu pudesse me expressar. No blog, eu não falo só sobre moda, mas sobre cultura, comportamento, beleza, saúde... Enfim, assuntos que envolvem o mundo feminino de maneira geral, que podem ser úteis para todo o tipo de mulher.

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O que mais te atrai no universo da moda? A capacidade de reinvenção. Na moda não existem regras. O que é considerado brega hoje pode virar tendência amanhã.... Além disso, é possível se reinventar, expressar suas várias personalidades por meio das roupas. Acho tudo isso muito interessante!

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diretora criativa, pesquiso tendências, modelos, tecidos e com uma estilista elaboro as peças. Elas são confeccionadas em um atelier aqui em Londrina e vendidas na internet para todo o Brasil. Vendemos aqui na Onná também. Está indo muito bem, a produção está crescendo e as clientes estão muito felizes com as peças!

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Você mesmo exibe as roupas que anuncia. Gosta de ser modelo também? Ser blogueira é isso! Vestir as próprias roupas e mostrar para as leitoras. É muito diferente de ser modelo!! A modelo entra num personagem e não tem ligação com a roupa que veste, já a blogueira veste o que gosta, o que usa no dia-a-dia.

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Quais os conceitos de moda que mais gosta de Quem te inspira no universo dos blogs e do estrabalhar? O seu público é essencialmente der tilismo? teenagers? Tudo me inspira, pode ser uma pessoa, um filme, Eu não penso em conceitos, eu escrevo sobre a uma música... moda sob a minha ótica, o meu dia-a-dia, de uma forma bem simples! O público abrange mulheres de todas Vc gostaria de ser estilista ou gosta mesmo de as idades. Como eu disso, não acredito que existem comentar e vender moda? muitas regras em relação à moda. Você tem que vestir Além de estudar Jornalismo na UEL tenho o que te trás confiança e auto estima e que tenha a ver uma marca de roupas, Luisa Accorsi. Sou a com você!


Luísa: “Você tem que vestir o que te trás confiança e auto estima e que tenha a ver com você!”

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arte David Wang: “Busco liberdade na técnica”

Ele lembra que saiu de Taiwan aos 14 anos. “Não viemos a passeio, viemos trabalhar”, disse o pai . Mais concreto, impossível, porém David Wang tinha o seu próprio mundo. Alguém notou: o garoto devia estudar artes. Hoje ele tem uma caixa de ferramentas que abre com talento: escultura, pedra, gravura, litografias, acrílico, aquarela, óleo, pastel seco, bico de pena, lápis, carvão... Aprendeu uma técnica refinadíssima para pintar cavalos. A fase dos táxis amarelos de NY expressa cores melancolicamente urbanas. Em São Paulo, na China, as exposições o tornaram conhecido. O quadro do tango foi adquirido pela família de Silvio Santos. “Não sou conceitual. Busco a emoção” – diz o artista, radicado em Londrina. Nesta, e na página seguinte, uma amostra de David Wang.

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“Não sou conceitual. Busco a emoção” (D. Wang)

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prazer

SUA EXCELÊNCIA, O

CAFÉ

A barista Cristina Maulaz revela todo seu encanto pela bebida cujo aroma inconfundível e sabor inigualável são a própria essência da colonização e da cultura do Norte do Paraná O prazer de um bom café

tem na especialista Cristina Maulaz uma defensora incondicional. Não é para menos: proprietária do Armazém do Café, loja que virou referência em lançamentos e novidades no setor, ela também é barista, ou seja, uma especialista no preparo da bebida, o que exige estudos, empenho e dedicação para dela tirar todos os seus inúmeros atributos, capazes de agradar os paladares mais exigentes. Cristina, que marca presença em julgamentos dos concursos dos melhores cafés do Paraná, também faz de suas constantes palestras um passeio pela história da bebida, abordando os seus diversos tipos e as formas de cultivo, além, é claro, de oferecer elogiadas degustações. Sempre atenta às novidades, Cristina Maulaz revela nesta entrevista à Revista Jardins toda sua paixão e conhecimento sobre sua excelência, o café. E põe excelência nisso: segunda bebida mais consumida no mundo, depois da água, o café está hoje na casa de 95% dos brasileiros. O que faz uma barista? Barista é o profissional que prepara o café, a bebida. Ele estuda desde o seu plantio até à xícara, para que este chegue com todo o seu potencial de aroma e sabor. Elabora e executa bebidas com o café, procurando sempre evidenciar seus atributos. Para quem nunca ouviu falar na palavra “Barista”, pois no Brasil ainda é uma profissão nova, vem da pressão da máquina em bares. Como uma pessoa aprende a ser barista? Existem cursos para dar a base e o treinamento para que o profissional desenvolva suas habilidades. O importante é sempre estar se atualizando em eventos que envolvem o café, como concursos e feiras. Qual a lembrança mais remota que você tem sobre café?

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O café me remete à infância, família, reunião para conversar e colocar assuntos em dia, estudar, debater ideias. A lembrança mais remota que tenho é de minha tia avó fazendo a “essência do café” bem cedinho e deixando em cima do fogão a lenha para irmos colocando um pouquinho na xícara e completando com água ou leite no café da manhã. Esse café era tão forte que ficava até mais espesso. Hoje sabemos que o café tem que ser consumido até 20 minutos da sua confecção para trazer benefícios à saúde. Café oxida, é verdade? Sempre feito na hora, o café é composto por magnésio, potássio, cálcio e antioxidantes. Café oxida sim, vai perdendo seus atributos; o contato com o oxigênio faz com que o café vá perdendo aroma e sabor. Qual a etiqueta? O café é a bebida que pode ser consumida desde a criança até o ancião, pois ele conforta e estimula sem embriagar. O consumo máximo diário são 4 xícaras de café para pessoas em idade média. Segunda bebida mais consumida no mundo, depois da água, o café está na casa de 95% dos brasileiros; é uma tradicional bebida que aconchega e aquece a alma, e faz parte da nossa história econômica e política. Como o londrinense gosta de preparar e tomar o seu café? O londrinense é um povo desbravador, gosta de experimentar novidades com qualidade. O Paraná ainda produz um bom café? O Paraná produz excelentes cafés. Hoje temos fazendas que são referência no Estado e participam de concursos de nível internacional, como o Cup of Excellence, com produtos cobiçados e muito bem cotados no mercado de fora. A busca por qualidade fez com que os produtores buscassem novas técnicas e acompanhamento de profissionais oriundos de

órgãos que fazem um trabalho de pesquisa e melhoramento, como o IAPAR e EMATER, que são referências para o Brasil, não só para o café, mas também para os outros tipos de culturas. Quais são os melhores cafés do mundo? São vários fatores que fazem uma bebida especial, como ser 100% Coffea Arábica, altitude onde é cultivada, cuidados na lavoura, colheita seletiva, armazenagem correta, torra que ressalte os atributos do café. Existem hoje no mercado cafés raros, de bebida que desperta e aguça os nossos sentidos. Os cafés do Brasil, Colômbia, Costa Rica, Quênia, Etiópia, Guatemala, o Blue Mountain da Jamaica, o Kupi Louak da Indonésia, o Jacu do Brasil e agora o café do Cuíca, são cafés de aroma e sabor sofisticados. Países que não produzem café, mas fazem excelentes blends são a Itália, Alemanha, Japão. Para obter “o melhor “café é preciso fazer o trabalho bem feito, desde o plantio até a xícara. Quais são as novidades do Armazém Café? O Armazém Café foi pioneiro em ter grande variedade e servir cafés especiais de todas as regiões produtoras do Brasil. E sempre está trazendo novidades para Londrina: trouxemos o excêntrico Jacu, em 2008, o serviço de várias extrações, e tivemos o Armazém indicado pela revista Espresso, junto com a Cafeteria Octavio, de São Paulo, como lugar onde beber café na Cafeteira Syphon (inventada há 160 anos, a Syphon possui dois globos de vidro ligados por um tubo e um filtro, e uma fonte de calor externa). Acabamos de receber o primeiro café individual do Brasil. Na forma de sachê, este café é uma inovação da Fazenda Caeté, localizada no sul de Minas, onde o café é produzido, torrado, moído e colocado em saquinhos individuais. Fica igual ao café coado no filtro. Estamos preparando mais novidades! Qual é o seu lema de vida? Servir com alegria.


“O café me remete à infância, família, reunião para conversar e colocar assuntos em dia, estudar, debater ideias”

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crônica Marco Fabiani

Médico e escritor

Duas cidades

A

s cidades infelizes se parecem. As felizes, são felizes cada uma à sua maneira. Elas têm ruas especiais que só a elas pertencem, tem maravilhas ocultas, tem segredos que só seus moradores conhecem, porque só a eles são revelados. Aprendi isso quando Londrina revelou-se a mim numa manhã de maio, lá pelo comecinho dos anos 70. Uma chuvinha anunciadora do inverno deixava os paralelepípedos da rua Quintino brilhando como um espelho. De uma maneira muito própria, Londrina fazia do chão seu mar a refletir o céu. Tudo nessa cidade era força do solo fértil a fazer brotar vida nos lugares mais inesperados. Qualquer descuido e entre as juntas do calçamento nascia um capim verdinho, viçoso, meio que esganado pela pedra, sempre teimando em crescer. Os jipes e carros novos rodavam sobre suas ruas, manchando o chão, replicando trilhas das carroças pioneiras, que deixavam suas marcas fundas no barro vermelho e grudento. Lembranças de quando essa terra era só uma menina rústica. Na Londrina dos anos 70, no barro e no asfalto, as marcas se misturavam. Aqui ainda tinha um cheirinho de roça grande, apesar da Universidade, apesar da urbanização, apesar da atmosfera delicada, apesar da inquietação cultural, apesar de tudo. E nos dias mais frios do inverno, os cafeicultores, de cara amarrada conversavam sobre os riscos da geada. Ainda não tinha acontecido a geada de 75, catástrofe de gelo e morte que dividiu nossa vida em dois tempos. Nos sons de Londrina, não havia o tinir de ferro batendo, nem os rrr infinitos das engrenagens industriais. Havia sim, o silencio suave das tardes ensolaradas nas propriedades de café, o burburinho profundamente humano das conversas em frente às casas nas vilas, o ruído seco da peroba rosa dos assoalhos. Mas as cidades tem uma alma formada por milhares de vontades. Elas decidem o que fazer da sua própria vida. As cidades crescem, mudam, encorpam. Muitos a deixam, muitos a querem. E a paisagem urbana, o mapa afetivo das ruas modifica-se constantemente. Não há mais aquele bar na esquina, nem o armarinho na quadra de trás. Onde estará aquele senhor com seu inseparável guarda-chuva, que passava pela minha rua pontualmente às seis da tarde? Voltará? E aquela família engraçada que falava alto e morava na casa de madeira logo ali? E a casa? E a rua? Hoje, gosto de percorrer as ruas de Londrina pisando no asfalto que substituiu os paralelepípedos. De repente me dou conta que olho somente para o chão. Percebo que ando à procura de umas ramas de capim brotando entre pedras, como sempre via naqueles longínquos anos 70. Procuro as extensas listras desenhadas pelo barro vermelho. Tento ouvir os estalos do chicote dos carroceiros. Não consigo. Londrina é outra cidade, moderna, ajardinada. E enfrenta suas dores, porque viver dói e a gente sabe disso. Essa de hoje repousa sobre a de ontem, felizes as duas. Em meus passeios o que tento ver e tocar é uma cidade que já não existe. Ela e seus personagens migraram para o extenso território da história e do mito. Claro que a Londrina de ontem é tão imortal como a água e o ar. Ela vive nos meus melhores sonhos.

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