ANO I - Nº 1 - AGOSTO/SETEMBRO 2017 Foto: Carllos Bozelli
Associação Recanto Fazenda Nata
Este jornal é uma iniciativa da ARFN para dar voz aos chacareiros da Nata e demais comunidades londrinenses que integram o Vale do Tibagi. É fruto da união de gente que aposta na associação de ideias, na cooperação entre as pessoas, na solidariedade, na confraternização, no trabalho coletivo. Para que esses valores aconteçam, a comunicação é fundamental. Exemplos, iniciativas e projetos precisam ganhar corpo, gerar debate. Nesta primeira edição, tratamos das melhorias recém obtidas na Estrada do Limoeiro, essenciais para a segurança do nosso ir e vir; contamos a história do Empório da Nata, um empreendimento que tornou-se referência para todos; e abordamos uma das muitas ações bem sucedidas da ARFN para imprimir sustentabilidade às pequenas propriedades – a produção de orgânicos. Eis o objetivo deste jornal: defender os interesses das comunidades, em prol de uma região histórica de Londrina que precisa preservar o modelo fundiário para garantir sua vocação rural e turística. E qualidade de vida – para todos.
EM OBRAS – Chacareiros se reúnem com secretários municipais e obtêm melhorias na Estrada do Limoeiro, com alargamento da pista estreita e colocação de moledo para permitir tráfego mais seguro de veículos. GENTE NOSSA – Conheça a história do português Serafim Gonçalves Marques, que chegou ao Brasil em 1952 e hoje comanda o Empório da Nata, uma das principais referências do Vale do Tibagi. SAÚDE E RENDA – Chacareiros da Nata, Itaúna e Limoeiro iniciam cultivo de produtos orgânicos para gerar renda e empregos em um nicho de mercado que cresce 30% ao ano.
Estrada do Limoeiro recebe melhorias Mobilização de chacareiros por mais segurança garante ampliação do trecho estreito
A previsão é de que estejam concluídas até a última semana de agosto. No encontro, foram reivindicadas também melhorias na iluminação da estrada, para as quais a administração sinalizou positivamente. O ato público do dia 5 foi mantido, só que, ao invés de colher assinaturas, membros da ARFN distribuíram panfletos com agradecimentos à prefeitura, por conta do anúncio das obras. “Já é um avanço”, avalia o presidente da ARFN, Carlos Scalassara. “Estabelecemos um diálogo importante com o poder público, e pretendemos continuar com o canal aberto, porém mobilizados, até porque o Vale do Tibagi tem um enorme potencial para turismo rural, que deve sempre receber atenção especial.”
Reivindicação antiga Em 2005, a diretoria da ARFN já havia encaminhado requerimento à prefeitura solicitando melhorias na Estrada do Limoeiro, como a reparação de acostamentos, ampliação do asfalto no trecho estreito e ações contra buracos. O requerimento perambulou por várias secretarias municipais, sem efeito. A falta de manutenção motivou manifestação dos moradores próximos à Estrada dos Periquitos em maio deste ano, com bloqueio da rodovia.
Fotos: Carllos Bozelli
Não é de hoje que os chacareiros das comunidades do Vale do Tibagi, na zona leste de Londrina, cobram do poder público melhorias na rodovia municipal Major Achilles Pimpão Ferreira, mais conhecida como Estrada do Limoeiro. Em especial, no trecho mais estreito, onde o cenário é de insegurança – principalmente à noite – para motoristas, motocliclistas e ciclistas que dividem o asfalto com ônibus e caminhões de empresas prestadoras de serviços. Muitas vezes predomina a lei do mais forte em uma estrada que não comporta dois veículos transitando em sentido contrário. O resultado são acidentes constantes que danificam veículos, machucam pessoas e, às vezes, matam. Essa situação começa a mudar. Na segunda semana de agosto, a prefeitura iniciou uma série de melhorias ao longo da estrada, com roçagem do mato, alargamento da pista e, em alguns trechos, a colocação de moledo. As obras começaram após mobilização promovida pela Associação Recanto Fazenda Nata (ARFN), que convocou um ato público para o dia 5 de agosto a fim de recolher assinaturas que embasariam um requerimento à prefeitura. A própria administração se antecipou e, no dia anterior, convocou chacareiros da Nata, Itaúna e Limoeiro para uma reunião, da qual participaram quatro secretários municipais: João Mendonça (Agricultura), Tio Douglas (Acesf), João Verçosa (Obras) e João Luiz Martins Esteves (Procuradoria-Geral). Ali foi anunciado que, em breve, as melhorias começariam a ser feitas.
Foto: Rogério Fischer
Flagrantes do ato público de 5 de agosto, da reunião na prefeitura no dia 4 e do trecho estreito da estrada já com moledo: mobilização por melhorias vai continuar
EXPEDIENTE
Jornal da Nata é uma publicação bimestral da Associação Recanto Fazenda Nata (ARFN) – Jornalista responsável: Rogério Fischer (MTb 2492/PR) Projeto gráfico e diagramação: Edvaldo Correia – Tiragem: 1,5 mil exemplares – Diretoria da ARFN (gestão 2016-2018): Carlos Scalassara Presidente Edison Norio Iwama Vice-presidente – Decarlos Manfrin Secretário – Djalma Corrêa Tesoureiro – Contato: arfn.associados@gmail.com
Fotojornalismo & Fotografias Sociais
(43) 99945.7168 carllosbozelli@gmail.com
2 JORNAL DA NATA
A receita de Serafim
Foto: Carllos Bozelli
No ramo há 60 anos, dono do Empório da Nata conta os segredos de um bom comércio
Serafim Gonçalves Marques: do distrito de Leiria para o Vale do Tibagi
Tem pão, leite, queijo, ovos? Tem sim senhor. Tem carvão, gelo, sorvete, doces, refrí, cerveja? Tem sim senhor. E tem também frutas, legumes, material de limpeza e de higiene pessoal. Tem ração, vassoura, quirera, galochas. E uma infinidade de outras mercadorias que fazem daquele estabelecimento um verdadeiro empório. O Empório da Nata! Ponto de encontro de moradores de todas as localidades do Vale do Tibagi, o Empório da Nata fica na Estrada do Limoeiro, entre os dois acessos à antiga Fazenda Nata. Existe desde 2011, conforme atesta o alvará de licença pendurado na parede. É lá que o português Serafim Gonçalves Marques faz o que sempre fez na vida – comprando e vendendo mercadorias. Nascido em 1946 em Santa Catarina da Serra, distrito de Leiria, Serafim chegou ao Brasil em 1952, “no dia 2 de maio, não me esqueço”. A família foi morar em Borrazópolis, no norte central do Paraná, onde o pai havia conseguido emprego em um sítio. Não demorou para o menino Serafim entrar no ramo de secos e molhados. “Um patrício me levou para trabalhar na Casa Martins, como balconista, a troco de
comida e pouso. Eu tinha dez anos”, conta ele. Mais dez anos e, já casado com Neusa, voltou a trabalhar na Casa Martins, desta vez ganhando salário e comissão. Incentivado por um inspetor de quarteirão, montou o próprio estabelecimento em Cruzeiro do Oeste, ampliando os negócios com pontos instalados em Pirapó, Cambira e Apucarana. Até que veio para Londrina, onde teve um mercado no Jardim Leonor, depósito de material de construção nos Cinco Conjuntos e uma distribuidora de gás na Avenida Harry Prochet. Adquiriu pequenas propriedades na Fazenda Nata e na Itaúna, bem próximas uma da outra. E mudou-se de vez para a zona rural, onde passou a produzir pães e bolos, e a criar animais. Devidamente instalado no Vale do Tibagi, participou das primeiras edições da Feira da Nata e, instigado pelos clientes, que passaram a sugerir que o evento acontecesse mais vezes, ergueu um pequeno pavilhão, rústico, de madeira, à beira da estrada. O negócio prosperou e, agora, o Empório da Nata ocupa uma área de 200 metros quadrados, a maior parte em alvenaria. O pequeno galpão é hoje um anexo, onde moradores, prestadores de serviço e visitantes de todo o Vale do Tibagi degustam uma cerveja a se deslumbrarem com o pôr do sol. É no empório onde Serafim, com 60 anos de experiência, exercita diariamente os segredos do que considera um bom comerciante: levantar cedo, atender bem e não vender fiado.
Abrimos aos domingos e servimos almoço à base de comida mineira, acompanhado de deliciosos doces. Temos ampla área verde, espaços para relaxar, parquinho para crianças e bela vista panorâmica.
RESTAURANTE RURAL E EVENTOS
Estrada Leão de Judá, 590 Recanto Fazenda Nata - Limoeiro - Km 9 - Londrina Esperamos você e sua família. Reservas: (43) 3329.3336, 9 9125.3078
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JORNAL DA NATA 3
Os orgânicos vêm aí!
VAPT-VUPT
Há uma tendência no mundo todo em se consumir produtos orgânicos, muito mais saudáveis que os produtos convencionais. Produzir orgânicos é uma boa opção para pequenas propriedades, por gerar renda e empregos. É com esse objetivo que a Associação Recanto Fazenda Nata (ARFN) criou a Coordenadoria de Orgânicos, que reúne chacareiros da Nata, da Itaúna e do Limoeiro. Em breve eles começarão a produzir hortaliças de qualidade para mercados e restaurantes de Londrina. E também para a venda direta aos consumidores. Os chacareiros estão recebendo assistência técnica gratuita dos agrônomos Felipe Araújo, Hélio Ibanhes e Renato Bartels. Após uma reunião geral, em junho, os agrônomos estão agora conhecendo cada uma das propriedades para orientar os chacareiros sobre o preparo adequado do solo para produção de alimentos sem veneno. É a chamada fase de transição. Depois vem o plano de manejo, de acordo com o interesse de cada proprietário em trabalhar com culturas permanentes – caso de frutíferas – ou de ciclo curto, como verduras e legumes. Ou então ambos, de forma consorciada. É importante também definir se o cultivo se dará em ambiente aberto ou protegido por estufas. Em seguida ocorre o processo de certificação, que garante padrão de qualidade. E, por fim, a procura por nichos de mercado. Por enquanto, os chacareiros que integram a Coordenadoria de Orgânicos da ARFN somam uma área de aproximadamente dois hectares. “É pouco, comparado à agricultura intensiva, mas é um latifúndio para hortaliças”, afirma o agrônomo Felipe. “Vai dar para produzir muita hortaliça por aqui, para atingirmos o mercado de Londrina de modo relevante”, ele acredita. Hélio Ibanhes define a produção de orgânicos como “um mercado que não sofre crise”. Segundo ele, o consumo de alimentos mais saudáveis cresce 30% ao ano, de maneira que, no Brasil, dobrou o número de propriedades certificadas, de seis para doze mil, nos últimos cinco anos. “A certificação agrega, em média, 30% no valor do produto”, ele informa. “E é possível entregar orgânicos a preços acessíveis, em relação aos convencionais.” A importância da união dos chacareiros se dá pela possibilidade de adquirir insumos – como a cama de frango – em volume maior, o que reduz custos. E também para que haja diversidade nos cultivos, evitando a concorrência entre os próprios integrantes do grupo. A produção de orgânicos preserva – em muitos casos até aumenta – a fertilidade do solo, por utilizar inseticidas e fungicidas cuja composição é biológica, ao contrário do cultivo convencional. Quem trabalha com orgânicos não corre risco de intoxicação, por não lidar com agrotóxicos. “Ou seja”, afirma Renato Bartels, “a produção orgânica prioriza a saúde de quem produz e de quem consome”.
Foto: Carllos Bozelli
Chacareiros da Nata, Itaúna e Limoeiro se unem para produzir alimentos mais saudáveis
Hélio Ibanhes, Renato Bartels, Felipe da Luz e Felipe Araújo na área que receberá pomar, flores e hortaliças: mercado de orgânicos não enfrenta crise
Romãs, verduras e flores Responsável pela Coordenadoria de Orgânicos da ARFN, Felipe da Luz já está na fase de preparo do solo em sua chácara no Limoeiro. A intenção dele é cultivar um pomar de romãs gigantes, hortaliças (alface, alho poró, rúcula, salsinha, cebolinha) e flores, de forma consorciada, em dois mil metros quadrados. Com a produção de orgânicos, espera ter um faturamento mensal entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil. O cultivo vai começar em setembro/outubro. As hortaliças, de ciclo curto, ele pretende comercializar já em dezembro/janeiro. “Meu foco são os restaurantes”, diz ele, que adota a filosofia da permacultura. “Para os consumidores diretos, vou oferecer cesta de produtos.” Serviço – Chacareiros interessados em integrar a Coordenadoria de Orgânicos da ARFN podem entrar em contato com Felipe da Luz pelo fone (43) 9 9950.0973.
SEGURANÇA Em meados deste ano, chacareiros da Nata adotaram o projeto Vizinho Solidário, nos moldes do que já ocorre em alguns bairros urbanos de Londrina. Vários chacareiros instalaram sirenes em suas propriedades, para serem acionadas caso seja observada alguma situação suspeita que possa trazer riscos. Há também um grupo no WhatsApp com o mesmo objetivo. A Coordenadoria de Segurança da ARFN também iniciou estudos para implantação de câmeras de alta definição em pontos estratégicos das estradas que cortam a Fazenda Nata. Os equipamentos vão enviar imagens para o setor de monitoramento da Guarda Municipal, que acionará viaturas em casos de necessidade.
LIMPEZA Uma das coordenadorias mais atuantes da ARFN é a do Lixo, que tem feito um trabalho relevante de limpeza da área da guarita da Fazenda Nata e de conscientização para evitar o descarte irregular de resíduos em toda a Estrada do Limoeiro. A coordenadoria conta com a ajuda da gestora ambiental da CMTU, Eliene Moraes, que desenvolve projeto de lixeiras na zona rural com estagiários da Universidade Tecnológica Federal (UTFPR). Neste ano aconteceram ações para recolhimento de materiais recicláveis e de eletrônicos, em parceria com cooperativa de coleta seletiva e com a ONG E-Lixo.
4 JORNAL DA NATA
TELEFONES ÚTEIS Ambulância/SAMU: 192 Bombeiros/SIATE: 193 Guarda Municipal: 153 COPEL/Acidentes: 0800-5100116 Delegacia da Mulher: 3322-1633 Instituto Ambiental do Paraná (IAP): 3373-8700 Maternidade Municipal: 3339-8090 Polícia Civil: 147 Polícia Federal: 194 Polícia Militar: 190