Nยบ 12 | OUTONO INVERNO | 2009 | 2,5 EUROS
MIGUEL CÂNCIO MARTINS
FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE LA MAG, LDA.
Exclusivo com o mais internacional arquitecto decorador português
MORADA CAMPO GRANDE 3 A-B 1700-087 LISBOA CONTR. 507657586
32
PUBLICIDADE Mª JOÃO JORGE mjorge@lanidor.com T. +351 93 203 24 15 DIRECTORA EDITORIAL ANA MESQUITA amsorriso@gmail.com CHEFE DE REDACÇÃO CLÁUDIA CANDEIAS lalacandeias@gmail.com T. +351 21 458 04 58 EDITORA DE MODA ISABEL BRANCO isabelbranco2@sapo.pt T. +351 93 395 02 16 D I R E C T O R D E A RT E RICARDO TADEU BARROS ricardo.tadeu@ttdesign.pt A RT E F I N A L SYLVIA OLIVEIRA silvia.oliveira@ttdesign.pt
DU NOIR AU NOIR
Preto, o incontornável da estação. Descubra como usá-lo
62
AT E L I E R WWW.TTDESIGN.PT R. BRITO PAIS 14C 2775-172 PAREDE T. F. +351 21 457 09 55
QU E M
FO T O G R A F I A Hélène Harder ISABEL PINTO Mário Príncipe Pedro Ferreira TERESA AIRES
70
MARJANE SATRAPI
O preto e branco da princesa vermelha
10
FRENCH TOUCH
C O LA B O R A D O R E S ALDA ROCHA ANA CRISTINA LEONARDO Ana Esteves ANABELA MOTA RIBEIRO CARLA NASCIMENTO RIBEIRO CARLOS COELHO Helena Mascarenhas HELENA SACADURA CABRAL INÊS PEDROSA ISA CLARA NEVES ISABEL FIGUEIREDO JOANA AMARAL CARDOSO JOANA CATARINO JOÃO JACINTO LEONOR BALDAQUE LEONOR VISEU MARIANA GUEDES DE SOUSA Maria João Pais MIGUEL JÚDICE RUI TENDINHA TERESA MARÇAL GRILO
Os rostos mais mediáticos da nova vaga dos actores franceses de cinema
90
14
COCO E PARIS Juntas para sempre
18
VICTOIRE DE CASTELLANE
CO MO
22
PARIS JE T’AIME
CLAIRE CASTILLON
84
A rainha de copas e sua corte
Livros tão belos quanto as vossas vidas
PERIODICIDADE SEMESTRAL COM EDIÇÕES ESPECIAIS REGISTO_124868 TIRAGEM_70.000 IMPRESSÃO Soctip – Sociedade Tipográfica, S.A. Estrada Nacional 10, Km 108,3 Porto Alto – 2135-114 Samora Correia T. +351 263 00 99 00 F. +351 263 00 99 99 www.soctip.pt
26
A MAIS BELA ENTRE AS MULHERES
O QU Ê
90
PALAIS DE TOKYO
Um espaço aberto ao debate estético
38
DEPÓSITO LEGAL 244315/06
P O RQUÊ
PREÇO 2,5 ¤
Maquilhagem inspirada nas luzes
POR QUE SE TORNARAM CRIATIVOS
António Latas e Felipe Oliveira Baptista
50
LA RÉGLE DU JEU
Como se joga nas regras da moda
74
Novos produtos e conselhos
CRIADORES DE SONHOS
Ateliers criadores de fabulosas brincadeiras de criança
100 O ND E
QUE IMPORTA A ILUSÃO SE ELA FOR VERDADE
Leonor Baldaque leva-nos à sua Paris
104
PARIS, UMA CIDADE DE SE COMER Deliciosas moradas
108 PARIS BY NET C A PA MANEQUIM_ana cristina oliveira (central Models) FOTOGRAFIA_ISABEL PINTO REALIZAÇÃO_ISABEL BRANCO
As melhores moradas parisienses na I-Net
116
HOTEL DU PETIT MOULIN Uma casa encantada nascida das mãos de Christian Lacroix
112
22
EDI TO RI A L L A M AG
je t’aime aussi S
entada sobre as cadeiras de palhinha do Café de Flore, escolho a mesa de esquina entre o boulevard Saint Germain e a pequena rua de Saint-Benoit, tal como faço a cada regresso, desde que vivi em Paris, no final da década de 80. Nos vinte anos que o tempo fez passar, o café manteve os costumes e o charme boémio que lhe deu fama. Recebe até altas horas os artistas da cidade, num misto de patine mantida e decadência sofisticada que só em Paris é tão tellement jolie e cinéfila. Meia-noite, quase. No lugar onde nos verdes anos costumava estar uma chávena de café – consumo possível do bolso de uma jovem – hoje tenho um copo de chardonnay branco, e por todas as razões que esta edição da LA Mag traduz – e as outras que se prendem com a educação francófona que tive – sinto que Paris se entrelaçou apertadamente em mim como o encanastrado lustroso destas cadeiras. Na mesa em frente, ainda no primeiro degrau interior, Karl Lagerfel, o alemão mais magro, francês e fashion do mundo, conversa baixinho com o belíssimo Giabiconi Baptiste, protagonista da campanha Maison da Chanel. De óculos escuros, comme d’habitude, veste preto e branco com a mesma excentricidade ascética da mulher a quem sucedeu, a omnipresente Gabriel. França tem o Nº5 impregnado na alma e prestou nos últimos anos generosos tributos à autora. A nossa vénia à mulher que nos livrou de espartilhos foi escrita por Joana Amaral Cardoso e começa na página 18. Lá fora, no passeio da rua Saint-Benoit, um acordeonista antigo desentende-se com um saxofonista novo que chega e tenta jazzar a versão de “La Vie en Rose” do mais velho. A audiência perde com pena a iniciada jam session e retoma o burburinho da cidade. Centenas de pessoas em
6
© Carlos Ramos
ana mesqui ta
Na mesa em frente, ainda no primeiro degrau interior, Karl Lagerfel, o alemão mais magro, francês e fashion do mundo, conversa baixinho com o belíssimo Giabiconi Baptiste, protagonista da campanha Maison da Chanel. De óculos escuros, comme d’habitude, veste preto e branco com a mesma excentricidade ascética da mulher a quem sucedeu, a omnipresente Gabriel
desfile permanente, bem-dispostas e ainda melhor vestidas, misturam origens e géneros e reflectem luz. Peço outro copo e recordo-me de ter lido livros inteiros nas esplanadas de Paris e me ter esquecido de mim no chão da Fnac, esse fenómeno de acesso à cultura que há onze anos chegou finalmente a Portugal. A crónica de Carlos Coelho, na página 36 sobre o Chão das Marcas, é reveladora de como os franceses tratam por um tu respeitoso livros, discos e filmes. A quem o nunca tenha feito, aconselho vivamente a levar os filhos à Bobour, a biblioteca do Centro Pompidou, escolher livros e sentar-se no chão descontraidamente a usá-los. Muito do meu deslumbre pela moda começou nesse chão, de olhos esbugalhados com a quantidade e a qualidade de livros sobre história e sociologia, sobre os protagonistas e as grandes casas do prêt-à-porter e de couture. Ali mesmo na rua, espera-me o simpático hotel Bel Ami que a nossa correspondente Leonor Baldaque inclui num roteiro íntimo de Paris que aceitou revelar-nos. É onde me instalo com o prazer de ouvir falar português ao educadíssimo concierge e de morar por uns dias no coração da urbe. Não é de mais dizer o quanto na Lanidor gostamos de Paris e o prazer que foi descobrir gente e temas novos de uma cidade tão ampla e internacionalmente publicitada. Chamo à atenção para o artigo «Paris by net» de Cláudia Candeias, uma pesquisa aturada de deliciosas francesices. Mostramos-lhe também os melhores looks para Outono/Inverno com o chique nonchalant da Lanidor, interpretado pela actriz modelo Ana Cristina Oliveira. Se estivemos à altura da mítica ville lumière, só quem nos lê avaliará melhor. Assim haja luz! LA
CUMPLI C E S L A M AG
ANTÓNIO CARRETEIRO/ /1 Atraído desde cedo pela estética, quis ter todas as profissões a ela ligadas. É maquilhador, já foi estilista e nos tempos livres é também pintor, decorador, cozinheiro e fotografo. Adora fado, viajar, cães e de rir muito.
HÉLÈNE HARDER/ /2 Nasceu em Paris, mas cresceu em Montparnasse. Após ter estudado filosofia na École Normale Supérieure, foi convidada para prosseguir os estudos na UC Berkeley, onde descobriu a arte de fazer cinema e fotografar. Agora viaja pelo mundo, sempre acompanhada pela sua câmara. Vai de Nova Iorque a Seoul e de Berlim a Dakar. Acabou de chegar do Senegal, onde filmou o seu último documentário, mas nem por isso parou. Até a sua residência muda constantemente. Tanto pode estar em Londres, como em Paris.
HELENA MASCARENHAS/ /4 Depois da “Marie Claire” e da “Elle”, onde foi jornalista vários anos, teve a sorte de trabalhar na TV “quando tudo estava a acontecer”. Fez pesquisa para programas de que sente saudades, como “O Senhor que se Segue” de Paula Moura Pinheiro e “Viva a Liberdade” de Miguel Sousa Tavares, na SIC. O cinema é uma das suas grandes paixões. Escrever já lhe salvou a vida várias vezes.
MÁRIO PRÍNCIPE/ /3 Tudo começou depois de dois testes psicotécnicos terem apontado uma forte tendência para ser fotógrafo. Iniciou a formação no ARCO, que interrompeu a meio para arrancar como freelancer. Apaixonou-se pela fotografia de moda e busca inspiração em grandes fotógrafos internacionais como Greg Kadel, David La Chapelle, Peter Lindbergh, Paolo Roversi, Steven Meisel, Steven Klein, Terry Richardson, entre outros. Criou a “Blend Magazine” - a primeira screen magazine portuguesa (www.blend-magazine). Poderá conhecer o seu trabalho em www.marioprincipe.com
ANA ESTEVES/ /5 Gosta de histórias, palavras, vidas, caras e novos olhares. Por isso é jornalista há 15 anos. Na PAIS & Filhos apaixonou-se pelos milagres banais da gravidez, do parto e do crescimento de uma criança. Hoje é freelancer. Gosta de se perder no meio de prateleiras cheias de livros infantis onde a ilustração e o texto não têm fronteiras. Um dia há-de escrever um. E aprender fotografia. E deixar de faltar às aulas de ioga.
Parceiros Cartão Lanidor
8
Art Wear Arteh Avis Flor Fnac Fundação Serralves Geotur Holmes Place House Maid Jardim Zoológico Jean Louis David L’occitane Lusomundo Audiovisuais Máxima Máxima Interiores Oceanário De Lisboa Optivisão Papelaria Fernandes Perfumaria Barreiros Persona Pousadas De Portugal Rotas E Destinos Vogue White
QU E M L A M AG
Marjane queria ser o Profeta. Queria ser a Justiça, o Amor e a Ira de Deus. Um três em um. Acabou por se tornar numa romancista que usa uma linguagem gráfica para contar que caminho percorreu
10
MARJANE SATRAPI
A Princesa V ermelha E se o profeta fosse uma mulher e se chamasse Marjane Satrapi? Ela acreditou que era o Profeta. E anunciou na escola que quando crescesse queria ser o profeta. Tinha seis anos. Estava-se em 1976. Três anos depois, deu-se a Revolução Islâmica e no ano seguinte as meninas passaram a usar véu, as escolas estrangeiras foram fechadas. A escola estrangeira que Marjane frequentava era a École Française, e a relação da banda desenhista com a cultura francesa começa aí. Hoje vive em Paris. Sem véu. Ninguém lhe chama profeta, e ela duvida das palavras dos profetas
© Arnault Joubin/CORBIS OUTLINE /VMI
Te x to A N A B E L A M OTA R I B E I RO
Q
uem é Marjane Satrapi? Apresenta-se como uma princesa vermelha. Nasceu numa família aristocrática de Teerão, próxima do ideário comunista. O seu tio foi um famoso opositor, executado pelas ideias que professava. É uma menina bien née que nunca foi bem comportada. Uma mulher que desenha a preto e branco e que conhece os dois lados do Irão – o Irão de dentro de portas, o Irão visto do exterior. E é uma francófila.
Diz que é uma iraniana que nunca se sentiu completamente em casa no Irão. Mais do que uma segunda língua, o francês e a cultura francesa coincidiam com a educação aberta e moderna que os pais lhe davam em casa. Talvez ela tenha sido sempre um pouco francesa. Talvez ela tenha sido sempre um pouco estrangeira. Os seus livros são uma amostra desse cosmopolitismo em que sempre viveu. O mesmo que lhe permitiu olhar de viés para o mundo de onde provém.
QU E M L A M AG
Ouviu gritarem-lhe: «Foge para a cave que estamos a ser bombardeados» (era a guerra Irão-Iraque). E chorou perante a hipótese de um futuro redutor: «Com a idade com que Marie Curie foi para França estudar, provavelmente eu terei dez filhos…» (era o cerco a apertar-se, o moralismo a interferir com o livre-arbítrio).
© Antoine Le Grand/Corbis Outline/VMI
Deu-lhe distância. É uma romancista que usa uma linguagem gráfica para contar que caminho percorreu. Até encontrar a sua voz. Os livros são relatos autobiográficos e o Irão nem sempre fica bem no retrato. “Persépolis” conta a sua história. Voltemos ao ponto de partida: Marjane queria ser o Profeta. Queria ser a Justiça, o Amor e a Ira de Deus. Um três em um.
e xc e r to no liv de uma c on r casad o “br oderi versa ent r e s”: « S o er am e amigas, Depoi é só ter a a melh nte d s da m or e um i aman home t e d e n h a v i ag e m pa rt e. m u as cam à m i s a s s u m i n i s t r o. E u r o pa to rnei-m de he C jas, o m e m au h o n s e g u e s i fa l a r o r r ó i d a s, m ag i n á l i to , a s co no ma a r …, o s ataq nst u tudo i s s o f h u m o r e d i paçõ e s, j á u e s i c a pa r a a m a s r e c l a m a pa r a n ão ulher çõ e s… !» ,
A religião sempre esteve lá. Mas esteve também o interesse pela cultura ocidental. Ela conhecia os heróis míticos da revolução de Cuba; além de Fidel, Marjane gostava de Che Guevara. Sabia das crianças vietnamitas mortas pelos americanos. Na sua cabeça, Marx e Deus mantinham discussões acaloradas. Na sua cabeça, o universo era monocolor, infantil, possível. Cá fora, crescia o fanatismo e a violência. Era um mundo no qual os pais não se reviam. Nem ela – percebeu mais tarde. Quando tinha 14 anos, mandaram-na estudar, viver, respirar um ambiente diferente daquele que se vivia em Teerão.
12
Foi para Viena. Onde nunca se sentiu em casa e onde pouco parou em casa. Levou uma vida desregrada, passou dias charrada, descobriu o punk e a liberdade – em diferentes intensidades. Cresceu precocemente. Apaixonou-se, conheceu a solidão, sentiu saudades de casa. Depois de quatro anos na capital austríaca, voltou a Teerão. Casou-se. Divorciou-se. Pôs um ponto final na turbulenta relação amorosa com o seu país e mudou-se para Paris. Tornou-se uma banda-desenhista de sucesso. O livro-mãe,“Persépolis”, tem quatro tomos e conta a história da sua vida, momento a momento. O sucesso mundial foi instantâneo. A adaptação ao
cinema contou com a voz de Chiara Mastroianni no papel de Marjane e Catherine Deneuve no papel de mãe. “Le Poulet aux Prunes”, o livro de 2005, prepara-se para ser levado ao cinema, mas desta vez com personagens de carne e osso, e não em formato de banda-desenhada. O estilo é corrosivo, subversivo, politicamente astuto, irónico. Os livros funcionam como retratos sinceros e reveladores de uma realidade a que, no Ocidente, e de outro modo, não teríamos acesso. Funcionam como biografia de um tempo, de um país e de uma revolução. E são também um mosaico da vida de todos os dias. Ali se explica como se engana a polícia ou se entornam garrafas de álcool pela sanita. A avó muda de roupa à vista da neta, a mãe recusa o véu, Marjane fuma o tempo todo. E página a página, mistura-se a prisão do pai, com máquina fotográfica ao pescoço, e o desespero da filha adolescente porque é peluda! Uma profusão de planos por hierarquizar, em que tudo entra e tudo importa. As mulheres, as suas conversas à volta do samovar, mereceram um livro inteiro: “Broderies”. É um bordado, e é um livro de gajas. Aí se constata o que há muito se suspeitava: que as mulheres de Teerão, Lisboa, Paris e NY se parecem. Voilà uma amostra: — Avó: «Sabes, minha filha, o orgulho de um homem está situado no escroto». — Amiga: «É claro que tive quatro filhos, mas continuo sem ter visto o órgão masculino. Ele vinha para o quarto, apagava a luz, bang bang bang, e eu aparecia grávida. Ainda por cima, tive quatro filhas. Nunca vi um pénis!» — Outra amiga: «Ser amante de um homem casado é só ter a melhor parte. Depois da minha viagem à Europa tornei-me amante de um ministro. Consegues imaginar…, as camisas sujas, o mau hálito, os ataques de hemorróidas, as constipações, já para não falar no mau humor e das reclamações…, tudo isso fica para a mulher!» O momento insuperável é aquele em que se explica como simular a virgindade: «Toma esta lâmina. Na primeira noite, apertas as pernas com muita força, gritas muito alto, muito alto, e quando o momento chegar cortas-te um bocadinho. Vão cair algumas gotas de sangue. Ele ficará orgulhoso da sua virilidade e tu manténs a tua honra intacta». Marjane Satrapi tem um cabelo preto-azeviche, um sinal no nariz. Iraniana, portanto. E é coquette e tem um tom de voz insinuante. Francesa, portanto. A nova França parece-se com ela: assimila a diferença, mantém a identidade original. LA
h c n e r F h c u o T endin pedro t Te x t o rui
14
ha
Š Martin Richardson/Corbis Outline/VMI
QU E M L A M AG
© Jérôme Bonnet/Corbis Outline/VMI
Louis Garrel Odiado e amado. Ninguém fica indiferente ao seu ar de parisiense extravagante, à sua técnica de actor insolente. O jovem Garrel é realeza no cinema de autor francês. Filho do prestigiado realizador Philipe Garrel, Louis impôs um estilo, uma presença. Tal como na vida real, o cigarro ao canto da boca e o blazer negro amarrotado são utensílios na composição das personagens. Há como que um gesto de provocação, como se nos dias de hoje ainda fosse possível um actor viver de maneirismos estilísticos. Depois, outras marcas ficam: a voz frágil, o olhar vaidoso e o cabelo cirurgicamente despenteado. Quem o viu a cantar em “Canções de Amor” talvez perceba que Paris ainda precisa de heróis românticos assim. Consideremos que este pinga-amor é o melhor cliché do novo galã francês… Mas um galã reclusivo, se calhar até preguiçoso. Após as filmagens em 2008 de La “Belle Personne”, de Christophe Honoré, não voltou a filmar. Presume-se que esteja a fumar maços e maços de tabaco numa esplanada de Paris, provavelmente em Saint Germain, provavelmente com a companheira, a realizadora, actriz e mana de Carla Bruni, Valeria Bruni Tedeschi. Supõe-se ainda que tenha dificuldade em lidar com a fama, apesar de ser sempre prestável para sessões de fotografia (é frequentemente capa de revistas). Tem também feito teatro underground. Quando esteve em Portugal, no Estoril Film Festival, fartou-se de gritar bem alto que quer ser cineasta. “Mes Coupains” é a sua primeira curta-metragem. Quem sabe, Garrel está farto do Garrel actor snob. O seu pai talvez vá ganhar um novo rival. Curiosamente, foi o produtor português, Paulo Branco, que o descobriu em Ceci est Mon Corps. E já aí era o ai Jesus das meninas francesas…
Vincent Elbaz É sobretudo um actor voluntarioso, um daqueles valores capazes de fazerem as vezes de protagonista, mas também de se apagar nos papéis mais secundários. Em França é mais respeitado pelo trabalho nos palcos de Paris. Há dois anos foi o cabeça-de-cartaz da muito controversa peça encenada por John Malkovich, “Good Canary”. Os portugueses conhecem-no sobretudo como criminoso diligente em “Nem a Favor Nem Contra (Antes pelo Contrário)”. Com sorte vamos voltar a encontrá-lo na comédia familiar “Tellement Proches”. Tem ainda uma acentuada queda para a comédia.
tos s s o r s S ã o ome d i á t i c o s m a i s v a v aga do e s d a no e s f ranc e s s a c t o r e m a . To d o d e c i nh i q u e s , e le s c v e l me nt e r a z o ad e s e c o m r eb e l mb o c e r t o e . l i o c a r a nt t e r r ib o f de en nós não sã E nt ree s t re l a s a su per e o c inem p o r q uê s c a d a f ranc rde m a i s s a v e z p e o. Fi c a m n t e r re e nt a ç õ e s … ap r e s
QU E M L A M AG
© Vincent Lignier/Corbis Outline/VMI
Romain Duris Depois de “De Tanto Bater o Meu Coração Parou”, o mundo olhou mais seriamente para Duris. Aos trinta e tal anos ganhou uma consagração que já merecia. Antes era apenas olhado como uma cara bonita, um bibelot que ficava bem em filmes independentes. Mas muitos esquecem-se das suas aventuras com o cineasta Tony Gatlif, nomeadamente em “Exílios”. E o melhor de todos os seus dotes é a capacidade de transformação. O seu jovem moribundo no filme “Paris”, ao lado de Juliette Binoche, funciona como a mais bela carta de amor triste à cidade das luzes… O mesmo realizador, Cédric Klapisch fez também dele modelo de comportamento de uma geração, primeiro em “A Residência Espanhola” e depois em “As Bonecas Russas”, a continuação. É um actor capaz de tudo. Diz-se que está superlativo no novo filme de Patrice Chéreau, “Persécution”, no qual contracena com Charlotte Gainsbourg. Para Duris não há apenas um cinema. Aos poucos levou o seu ecletismo até aos limites. Tanto é capaz de seguir a via dos blockbusters (como, por exemplo, Arsène Lupin) como a do cinema mais marginal (“Osmose”). Definitivamente, tem um rumo próprio.
© Claudio Carpi/Corbis Outli
ne/VMI
Nicolas Cazalé O maior sex symbol do cinema francês é um actor que não joga pelo seguro. As suas escolhas de carreira indicam uma vontade de risco, sobretudo quando foi para Espanha fazer “Caotica Ana”, filme erótico espanhol bastante polémico. Com um visual bem másculo, este jovem de Pau tem sido visto como uma das propostas mais latinas nos ecrãs franceses. O seu charme perigoso chega em breve a Portugal com “Le Fils de l’épicier”, no qual interpreta um rapaz da cidade que é obrigado a viajar até à província para retomar o negócio do pai: merceeiro ao domicílio nas estradas da montanha.
© Patric k Swirc/
Corbis Ou
tline/VM
I
16
Guillaume Canet O menino bonito do cinema francês foi catapultado para a fama com um filme de Hollywood, “A Praia”, em que era um dos vértices do triângulo amoroso entre DiCaprio e Virginie Ledoyen. Depois, tornou-se galã e, mais tarde, realizador de sucesso. Tem sempre um ar juvenil que usa a seu favor. Em breve vamos vê-lo ao lado de Emir Kusturica em “L’Affaire Farewell”. Mas a sua grande interpretação é ainda em Narco. Por estes dias, tenta ser «internacional». Primeiro em “Last Night”, o novo veículo para Keira Knightley e, depois, sob as ordens do mexicano Alfonso Cuarón em “A Boy and His Shoe”. LA
QU E M L A M AG
Coco e Paris j u n ta s p a r a s e m p r e
Coco Chanel foi talvez a maior criadora de moda do século passado. Foi buscar aos homens o vestuário, as verbas, o incentivo, tudo para transformar a vida das mulheres. Paris sem Coco não seria... Paris Te x to J oana A maral C ardoso
18
Q
uando pensamos em Coco Chanel pensamos em dois C de costas voltadas mas para sempre entrelaçados, pensamos no número 5 – o seu fétiche, o seu perfume, a sua porta –, pensamos em tweed e pensamos em Paris, claro. Mas Gabriele «Coco» Chanel é mais do que isso, do que os ícones que criou e o ícone em que se tornou. O petite robe noire, sim, as calças, bien sûr, mas também o amor por Igor Stravinsky, a (curta) vida como cantora de cabaret ou o facto de ter forçado os americanos a cunhar a expressão look total. Coco era também isto e era (e é) Paris. Paris é uma das capitais da moda, mas a única a ter alta-costura, certificada e reconhecida. E se lá moram e moraram dezenas de nomes incontornáveis da moda, Chanel foi a única do sector a integrar a lista das pessoas mais influentes do século XX da revista “Time”. E, com ela, Paris foi validada no mainstream da actualidade, uma vez mais, como a capital do chique. E ninguém como Gabrielle Chanel definiu o chique. Menos é mais, elegância como antítese da redundância e excesso. Coco não era como Audrey Tautou, nem como Anna Mouglalis. Mas ambas as actrizes tiveram de ser como Coco Chanel. Este ano, estrearam-se dois filmes sobre aquela que já foi coroada como «a costureira [no sentido de alta-costura] mais célebre do século XX». Parece ser o ano de Chanel. Ambos focados não propriamente na roupa, na habilidade com que tecia não só vestidos, mas modos de estar, estilos de vida, nas suas inspirações. Coco era totalmente Paris nas noites que, durante as décadas de 1920/30, passava nos restaurantes mais elegantes com Jean Cocteau, com o poeta Jean Reverdy, com o poderoso Winston Churchill. Quando viajava com o duque de Westminster, quando privava com Pablo Picasso. Quando tecia a amizade com Serguei Diaghilev, o empresário por trás dos Ballets Russes. No fundo, quando amava o compositor Igor Stravinsky – alvo do filme de Jan Kounen com Anna Mouglalis, que se centra nesse romance adúltero que despontava no mesmo ano em que o Nº 5 era criado. E mesmo antes dos roaring twenties, Chanel inspirava-se. O amor, sempre, ou não fosse Paris um eterno e delicodoce lembrete de quão românticas e apaixonadas podem ser as vidas. E, assim, Coco Chanel também se construía enquanto criadora de moda. Quando se apropriou dos códigos e linguagem masculinos para propor o uso das calças, dos jerseys, das saias acima do tornozelo, dos vestidos mais soltos, dos botões dourados de inspiração militar e do tweed, dos simples casaquinhos de malha, estava não só a proclamar a independência quanto o seu amor pela outra metade. A masculina.
© Corbis/VMI
MADEMOISELLE COCO CHANEL NA RUA CHAMBON, PARIS 1962
QU E M L A M AG
Na companhia de um amigo em Montecarlo, 1933
© Corbis/VMI
Chanel e o Grão-Duque Dimitri Pavlovitch, primo do Czar Nicolau II, da Casa Real dos Romanov
20
Nº 5, o número fétiche de Coco Chanel. O número do seu perfume e também da sua porta
Gabrielle Chanel definiu o chique. Menos é mais, elegância como antítese da redundância e excesso
Nem tudo aconteceu em Paris, porque Coco, aliás Gabrielle, nasceu em 1883 em Saumur, no vale do Loire. Órfã de mãe e entregue a um internato, aprendeu a costurar e a sonhar com uma vida que se equiparasse ao seu orgulho. O nome Coco nasceu quando cumpriu o sonho de cantar no cabaret, graças às canções que interpretava. E o look mais despojado e simples que viria a ditar o conceito de chic nas décadas seguintes nasceria nas festas que frequentava nos arredores de Paris pela mão do primeiro amor, Étienne Balsan. Enquanto as outras mulheres eram como nenúfares ou macarons, com os seus folhos e chapéus trabalhados, ela era a estóica de calças de montar, de gravata e de chapéu de palha redondo. Foi graças ao dinheiro de Balsan que abriu o seu primeiro atelier: de chapéus, em Paris. Os homens eram como catalisadores para a sua carreira, seja financeira ou estrategicamente ou ainda como fontes de inspiração. Pouco depois apareceria outro homem na vida de Gabrielle. E ele seria o amor da sua vida, tragicamente morto em 1919. «Coco Antes de Chanel» passa em revista exactamente esses momentos, das origens humildes ao encontro com o amor da sua vida – o norte-americano Arthur Capel. O filme de Anne Fontaine protagonizado pela eterna Amélie Poulain «abarca as suas fontes de inspiração», explica a realizadora. «A educação num convento, o desenvolvimento dos talentos na costura e o falhanço como performer de cabaret. Pobre, mas desejando o sucesso em Paris, e o momento em que conhece o amor da sua vida». Capel, com a alcunha de Boy, era um empresário mineiro que deu a Coco a sua maison na Rue Cambon. E que lhe transmitiu o olho para o negócio, além de ser um prenúncio do grande sucesso da Chanel na diáspora – o mercado dos EUA. Esta é Coco, esta é Chanel, mas ela também é tudo o resto: a responsável pela expressão «look total» por ter sido a primeira a apresentar na passerelle os figurinos e coordenados exactamente como deveriam ser usados, acessórios e tudo; a amante de camélias; o desgosto com o triunfo do new look de Dior, em contra-corrente com toda a libertação que Chanel propagandeava; a paixão pela bijuteria, a anti jóia; a entusiasta do bronzeado, fruto da vida no campo, da passagem da sua loja em Biarritz e da casa de férias La Pausa, na Riviera Francesa. E ela também é Paris na forma como comunicou a sua imagem: o seu lifesyle, a sua forma de vida, era um símbolo do air du temps e daquilo que queria que fosse esse espírito dos tempos. A mulher Coco Chanel dizia à mulher Chanel tudo o que ela podia ser. E quando lhe vestia o petite robe noire, versátil, simples e irremediavelmente chique, tornava-se num sonho real. Como Paris. LA
QU E M L A M AG
Rainha de Copas O nome dispensa apresentações. As criações de Victoire de Castellane para a casa Dior são apaixonantes, ousadas, vibrantes. A nova colecção? Uma viagem ao tempo da monarquia das festas, da opulência e da boa vida t e x to joana catarino
22
T
ornada famosa pelas suas criações ousadas e glamourosas, como o rei sol – um colar com uma estrela-do-mar vibrante graças às três mil safiras amarelas e laranja –, Victoire de Castellane, a directora criativa da Dior Haute Joaillerie, deu uma nova vida ao conservador mundo da alta joalharia. Reinterpretando o romantismo da casa Dior de uma forma única, as suas criações transpiram personalidade. Laços de diamantes e rubis entretecidos em colares, esmeraldas e safiras cor-de-laranja transformadas em alfinetes formando cenouras-bebés ou anéis feitos de rosas de coral coroados por besouros são apenas exemplos do que cria. Nascida numa família de designers – é sobrinha de Gilles Dufour, o eterno assistente de Karl Lagerfeld na Chanel e a sua avó, Sylvia Hennessy, transformava constantemente as jóias para melhor as combinar com as diferentes toillettes –, Victoire de Castellane encontrou nas jóias a sua vocação. «Criar jóias é mais do que uma paixão. É a minha vida!» Excêntrica, independente, decidida, Victoire de Castellane é uma lufada de ar fresco no universo por vezes demasiado sério da criação de jóias. Talvez a preciosidade dos metais
e pedras utilizados na maioria das criações de joalharia tenham deixado por muito tempo a ideia de que uma jóia, para transmitir a sua beleza e valor, tinha de ser séria, sóbria, intocável. Victoire contraria este pressuposto desde o primeiro momento. «Uma peça de alta qualidade não tem de ser aborrecida!», indigna-se. «Quando cheguei à Dior para criar jóias, o universo que encontrei era um bocado monótono e eu sonhava dar nova vida à joalharia», conta. O convite para se juntar à marca e lançar a linha de alta joalharia da Dior chegou em 1998, por Bernard Arnault, do grupo LVMH e actual dono da marca. No currículo, a designer trazia uma poderosa bagagem: 14 anos de trabalho com Karl Lagerfeld na Maison Chanel e um trabalho de tal forma original que sobressaía do universo da joalharia como uma flor no deserto. Plantas carnívoras e frutas esculpidas em ouro e pedras preciosas, insectos brilhantes de todas as cores, parecendo vivos em colares, brincos, anéis e pulseiras. «Não tenho a sensação de estar a trabalhar, mas antes a brincar com coisas reais», confessa. Talvez por isso o seu trabalho tenha uma forte componente de inocência infantil que raramente encontramos na alta joalharia.
QU E M L A M AG
te ponen m o c e a designer e n s: a f o rt H á u m i r aç ão q u e l d a s o r i g o ã p ti de ins a mais fér e a imensid n s e a co l h d e fa d t i l n to s o c s i n fa n o verso i n u do
Uma história de reis e rainhas
Casada e mãe de quatro filhos – três rapazes e uma rapariga, a mais nova –, De Castellane não hesita quando lhe perguntamos onde se vê daqui a dez anos: «A fazer o que mais gosto.» Nos tempos livres? «Sonho.» Victoire começou a criar era ainda criança e o primeiro trabalho foi um momento muito especial, confessa. «Tinha cinco anos quando fiz a minha primeira jóia. A minha mãe ofereceu-me uma pulseira de amuletos e eu desfi-la para criar um par de brincos. Mais tarde, com 13 anos, derreti as medalhinhas religiosas que me tinham dado em bebé e fiz um anel enorme.» São assim, as criações de Victoire de Castellane: originais, marcantes, inesperadas. Como o seu escritório, repleto de objectos arrancados ao imaginário infantil – como brinquedos, comida de borracha, fios de plásticos coloridos, borboletas, miniaturas e personagens da Disney –, as suas criações estão impregnadas de uma inspiração digna de figurar na mais completa (e cara) encenação de “Alice no País das Maravilhas”. «Sempre me senti fascinada por jóias, mas não fazia ideia de que iria ser designer.» A excentricidade que constitui a sua imagem de marca é bastante óbvia na mais recente linha de alta joalharia da casa Dior. Reis e Rainhas é uma colecção composta por dez figuras masculinas e outras tantas femininas que se conjugam em pendentes poderosos, anéis enormes, brincos vistosos, carregando no nome a designação das pedras preciosas que lhes dão origem. Porém, as festivas figuras revelam-se-nos sob a forma de caveiras sorridentes e enigmáticas de jade, crisolite ou jaspe, instaladas entre platina e diamantes e enfeitadas com coroas, colares e pendentes.
24
universo infantil como inspiração
«Trabalho com uma equipa de três desenhadores que me ajudam todos os dias a tornar reais as ideias.» Para criar as suas peças, Victoire inspira-se em tudo o que a rodeia, no passado e no presente. «O universo feminino em geral, as exposições que vejo, a arte com que me deparo em todas as formas, o cinema, a fotografia, enfim, tudo!» Mas há uma forte componente de inspiração que a designer colhe na mais fértil das origens: os contos de fadas e a imensidão do universo infantil. «Todas estas influências estão presentes no meu shaker mental e é a partir delas que as ideias fluem», explica Victoire. De resto, o fim de uma linha não existe. «É sempre o início de uma nova colecção. E a minha criação preferida é sempre a próxima!» Corajosa, ousada e deveras criativa, a designer não se contenta com coisas medianas e isso reflecte-se no seu trabalho. Nas criações, o volume é uma assinatura tão forte quanto as cores vibrantes – «Gosto das pedras com cores porque parecem bombons, é como se tivessem sabor», explica – e os desenhos fantásticos: do exageradamente grande ao mínimo. «Gosto do exagero, de peças de alguma forma semelhantes a personagens de livros de quadradinhos.» A exclusividade é outra imagem de marca das suas criações. Foi assim com a coleção Le Coffret, lançada em 2003 e inspirada nas viagens de Victoire, e de novo em 2005, com La petite Série Limitée, em que a criadora propunha uma linha de jóias limitada a uma centena de exemplares para todo o mundo. «Gosto de contar histórias através do que faço. A colecção Milly La Forêt, por exemplo, foi inspirada na casa de campo de Christian Dior, cujo jardim ele adorava. Achei que seria interessante transportar para as minhas jóias esse ambiente, com frutas e vegetais feitos de pedras preciosas, como se a natureza se tivesse transformado em pedra», revela. As peças de Victoire para a Dior são tão femininas e invulgares quanto a autora. Um gozo para os olhos. LA
QU E M L A M AG
26
O s meus são livros belos tão as quanto vidas vossas Claire Castillon tem 34 anos, uma voz ún ica enquanto escritora e uma aversão ao Facebook. Vive e ama Paris, mas é no campo que escreve – actividade que cla ssifica como «viril». “O Inse cto e Outras Históri as de Mães e F ilhas”, e ditado pela Oceanos, é o único dos seus o ito livros publicado em Por tugal. Mas a escritora está a ter minar o nono Te x to J oana A maral C ardoso
© Patrick Swirc / Corbis Outline
F OTO G R A F I A S C edidas pelas E di t ions Fayard , a quem agradecemos .
QU E M L A M AG
V
ive em Paris, mas sei que prefere escrever no campo. É mais difícil escrever em Paris? Para mim é mais difícil escrever em Paris, não porque as solicitações sejam muitas, mas porque o silêncio e o remoinho no vazio, no meio das árvores, sem ninguém, me é cada vez mais necessário para ouvir crescer a escrita. Lá, sinto-a completamente, como uma música que, de repente, vem cortar o silêncio. Quando não está a escrever, quais são os seus bairros preferidos em Paris – e o que tem o quotidiano parisiense? Em Paris, gosto do Palais-Royal (o único jardim onde não se ouvem os carros!), gosto do alto da colina Montmartre (do lado não turístico), gosto do 17ème Arrondissement no bairro de Batignolles, gosto do 16ème junto ao bois de Boulogne, gosto do porto da Bastilha, dos estranhos quais na direcção de Beaugrenelle... Em Paris, na verdade não tenho um quotidiano porque tenho a sorte de não ter de ir todas as manhãs, à mesma hora, para o escritório. Aquilo de que mais gosto é mesmo estar em minha casa. Em Paris, escrevo – enfim, tento –, corrijo bastante, passeio o meu cão e passo muito tempo em minha casa. Não aproveito muito a cidade a andar de um lado para o outro, convivo com ela como um cenário, mas não me sirvo muito dela. Paris é a cidade das luzes, a cidade do amor… o que pensa dos clichés sobre Paris? Qual a irrita mais? A cidade do amor, ah!, não creio, não sei. É como Veneza, ou Nova Iorque. Mas o amor leva-se para todo o lado e também se esquece em todo o lado. Há um cliché de Paris: a ponte Alexandre III, em frente aos Invalides, com os seus dourados. Lembro-me de uma rapariga dos arredores que lá chegou, espantada, e disse «Uau, mas isto é para toda a gente? Isto existe mesmo?» Foi perturbador. Chegou à escrita após a morte do seu avô, quando teve necessidade de escrever sobre isso. Hoje, o que a faz escrever? Nesse dia, no dia do seu enterro, notei que escrever no meu canto me sabia melhor, era mais agradável do que chorar com os outros. Podia fabricar qualquer coisa com aquele vazio. Hoje, tudo é vazio se eu não escrevo. Muitas vezes ouço, noto, comento qualquer coisa e digo-me: “Oh! Devia escrever isto em algum lado…” E se não sei onde escrevê-lo, digo a mim mesma que não valeu a pena ter vivido esse momento. Já escreveu sobre famílias, mães e filhas, homens e mulheres… Diz-se que a escrita é também uma espécie de sociologia que dá ao escritor uma melhor compre-
28
ensão sobre o que aborda. Qual é o seu objectivo quando escreve? Frequentemente, os temas dos meus livros voltam: a família, as relações humanas. Mas não encontro saída, nem conclusão. Rasgo, abro, aprofundo sem desejo de encontrar o que sou. Não escrevo ensaios, não estudo casos, contento-me com ver, em mim, ou com escutar o que se passa em volta desses temas. E se aquilo que eu experiencio é modificado pela vida e pelo tempo, então os meus escritos ressentem-se disso. A finalidade da escrita não existe. «Quero terminar o meu livro, fazer um “grande” livro»: aqui estão duas expressões sempiternas, «acabar» e «grande»; duas expressões que nada querem dizer a não ser que, de seguida, há que começar outra coisa, e maior! Escreve sem parar há mais de oito anos. Pode dizer-se que passa a vida a escrever ou que escreve para passar a vida? É o que lhe disse: escrevo o que vivo, tudo o que vivo me atravessa, me marca. Isso sai sob a forma de tinta, transformado, claro, nunca tal e qual, mas a vida e o livro estão doravante estreitamente ligados. Uma das coisas que hoje parece fazer parte da vida são as redes sociais na internet. Há uns meses, José Saramago dizia que não está no Facebook porque os grupos e as suas regras homogeneizadoras são coisas perigosas. O que pensa das redes sociais? Tem perfil no Facebook? Facebook? Que horror! Quando conheço um homem, por exemplo, o meu primeiro reflexo é telefonar a uma amiga que vá verificar que ele não está no Facebook! Neste campo, sou uma verdadeira selvagem. Detesto o princípio de as pessoas se mostrarem, de contarem os seus amigos, de estarem nas «relações sociais», detesto mesmo isso. Sou de tal forma exibicionista nos meus livros que se ainda por cima precisasse de contar no computador o que comi ao almoço a falsos amigos… Era de mais! Acredito no mundo íntimo, pessoal. Odeio o grupo e aquilo que ele frequentemente faz sobressair – desfigura, desleixa. Amo as personalidades. Como vai ser o sucessor de “Dessous, c’est l’Enfer” (2008)? Estou em vias de terminar um romance que se chama “Les Cris” [“Os Gritos”] e que conta a história de tudo aquilo de que falámos: a ligação à escrita durante uma ruptura amorosa; até que ponto o monstro textual, que invade a narradora quando o seu homem parte, é vencedor, único, o único homem da sua vida. Sobre essa força viril que é a escrita, talvez. LA
QU E M L A M AG
CARTA AO EDUARDO, QUE LEVOU PORTU GAL PARA PARIS I N Ê S P E D RO S A
A
história da minha paixão por Paris deve ter começado naquela fotografia do início dos anos 70, com o meu pai, subitamente belo como um desses anjos urbanos que tão bem conheces, barba de três dias, o azul impossível dos olhos cintilando no cinzento da gabardine, no cinzento da estátua, atrás dele, em cuja pedra estava escrito «Soutenez les Desérteurs Portugais». Ou no cheiro macio da “Marie Claire” que a minha mãe comprava todos os meses, às vezes substituindo o almoço por uma sanduíche para não dispensar esse pequeno luxo de ler em francês reportagens sobre a força crescente das mulheres no mundo. Lembro-me em pormenor da minha saída de Santa Apolónia para Paris, nas férias da Páscoa de 1980, ainda não tinha 18 anos. Fui com uma amiga da mesma idade, ficámos em casa de uma concièrge. Era nas traseiras da Avenue Foch, nos prédios de serviço aos palacetes. A dita senhora morava numa cave e tinha ainda o usufruto de um tugúrio minúsculo, no sótão do mesmo prédio, onde nos albergou. Saíamos todos os dias ao romper da aurora, e voltávamos estoiradas, eufóricas, à meia-noite. Lembro-me em particular do fascínio com que percorri o Beubourg, onde estava nessa época uma retrospectiva gigantesca do Salvador Dali. Eu tinha então um namorado que se preparava para ser pintor e que atravessava a tão adolescente «fase Dali». Gastei praticamente uma adolescência inteira de poupanças no catálogo da retrospectiva Dali que, depois de ler e reler, lhe ofereci. O resto das poupanças foram-se numa camisa azul turquesa absurdamente cara, só porque, quando a empregada da loja me perguntou se eu era belga e eu respondi que era portuguesa ela se riu, e acrescentou que a dita camisa era «trop chère». Depois disso, resigneime a roubar os livros que me chamavam, e a fazer sprints à frente dos seguranças do metro, saltando por cima das maquinetas dos bilhetes. Vi o Louvre inteiro, de ponta a ponta, num só domingo (porque era grátis) e passei essa noite a encher o meu diário de fichas descritivas dos quadros de que mais tinha gostado, antes que me esquecesse de tudo. Vivi a semana inteira
30
Vi o Louvre inteiro, de ponta a ponta, num só domingo (porque era grátis) e passei essa noite a encher o meu diário de fichas descritivas dos quadros de que mais tinha gostado, antes que me esquecesse de tudo. Vivi a semana inteira de iogurtes e crepes de rua de iogurtes e crepes de rua. Sentámo-nos no café de Flore e pedimos uma água para as duas, que bebemos de olhos fechados, para sentir o gosto do chocolate quente da mesa ao lado. Do Flore trouxe um cinzeiro, que depois punha sempre ao lado da máquina de escrever, embora ainda não fumasse (hoje já me é mais útil). Voltei a Paris em 1984. De camioneta, porque ia com um amigo que levava um canudo enorme com uma banda-desenhada que ia ser editada pelos Humanoides Associés (e que acabou por nunca ser pu-
blicada, mas que importa isso). O artista não suportava a ideia de perder de vista o precioso canudo, de modo que o meu namorado de então lá acedeu, num gesto de magna e generosa amizade, a acompanhar o povo mais povo de que há memória. A viagem foi um suplício – além da música pré-pimba insuportavelmente alta (de modo a que o condutor único da viagem não adormecesse), o odor misturado dos corpos, do salpicão e das bacalhauzadas que todos os viajantes levavam en cachette (porque oficialmente não se podia levar repasto) era insuportável. Instalámo-nos num Abri de Jeunesse na Bastilha. Fiquei numa camarata com um grupo de holandesas e finlandesas desconhecidas, só com um cobertor de palha de aço, porque os lençóis tinham de se pagar à parte. Dessa vez, fomos bater à porta de uma revista chamada “L’Autre Journal”, à qual fui oferecer os meus préstimos como correspondente em Lisboa. O Michel Butel sorriu-me, com os olhos arregalados. Disse que teria o maior gosto em ler os meus textos, mas que a revista estava quase a fechar, por falta de leitores e publicidade. Custava-me a entender que uma revista tão bonita e inteligente não tivesse mercado – mas, de facto, as instalações e a redacção eram ainda mais modestas, se possível, que as do “JL”, onde eu então vivia. Nunca mais deixei de voltar a Paris – felizmente, sempre de avião. Sei que tenho encontro marcado com todas as cores que só conhecia desmaiadas, em catálogos, de Gauguin a Hockney. E com os livros que não encontro aqui. E com o calor dos amigos. “En dansant la javanaise/ nous nous aimons/ / le temps d’une chanson”. Sempre que ouço o Serge Gainsbourg lembro-me de ti, da revista especial que tu me trouxeste de Paris quando ele morreu. E do orgulho que me tomava, nos serões de cantorias com as minhas amigas da “Marie Claire” francesa, no tempo em que eu trabalhava na versão portuguesa da revista, porque elas não sabiam as letras das canções do Serge, e era eu quem as cantava para elas. Agora canto-as para ti, querido amigo, quando estou triste e preciso dessa luz de Paris que fazia parte de ti. LA
O QU Ê L A M AG
O espaço como um décor de uma peça de teatro, no restaurante Last Supper, Luxemburgo
Inspiração oriental no restaurante Vermillion, de Manchester
32
O reconhecimento chegou na criação de espaços como o Budha Bar, em Paris, ou o Man Ray em Nova Iorque. Tem um gozo particular em intervir em edifícios existentes, respeitando-lhes as histórias e transformando-os em palco de outras ficções. Ele que junta pedaços de paragens bem distantes nos seus trabalhos, escolheu viver no Marais, nessa mistura única de culturas de todos os mundos T E XTO A lda Roc h a F OTO G R A F I A S C edidas pelas M C M D esign , a quem agradecemos
Arquitecto e decorador Miguel Câncio Martins
» a n i r t i v a h n i m a é s i r a P «
O QU Ê L A M AG A sobriedade quente dos interiores do Heritage de Lisboa
O bar do Last Supper tem uma identidade própria, distinta do restaurante
P
aris acolhe o primeiro projecto que lhe dá reconhecimento internacional. Foi determinante para a relação que mantém com a cidade ou é um velho amor? Um pouco dos dois. Paris é a minha primeira imagem. O primeiro projecto que me deram oportunidade de fazer foi muito importante e marcou. E depois Paris é a minha cidade preferida, na qual me sinto como peixe na água. Tenho escritórios em Paris, Bruxelas e Lisboa e ando por estas três cidades, mas Paris é a minha vitrina, a imagem da marca. Paris é o ponto de encontro entre os clientes e a criação, é aqui que tudo se passa. A noite marca a sua entrada no design de interiores. Foi uma entrada natural para um apaixonado da noite? Sempre gostei da noite, é verdade. Acabou por ser um meio de entrar num mercado. É um luxo ter começado por uma coisa de que gostava e que na altura era muito interessante para mim. Hoje em dia evoluí, gosto de outras coisas e enveredo mais por outros caminhos. Mas o mais importante na vida é fazer-se aquilo de que se gosta. Há pessoas que não têm escolha ou a quem custa muito lá chegar. A propósito de escolha, a Guerra do Golfo, pela conjuntura negativa para a arquitectura, acabou por ser um factor positivo no arranque da sua carreira. A adversidade foi determinante para ir à luta?
34
As portas fecharam-se todas, os convites que tinha recebido ao acabar o curso foram todos cancelados e o que à partida podia ter sido mau para a minha carreira acabou por a desencadear. Obrigou-me a sair, deu-me acesso a outras referências. Se calhar deu-me mais garra e fez-me lutar mais pelas coisas. O lado teatral marca os seus trabalhos. É esse o seu caminho? Sempre. A vida é um teatro quotidiano também. Quando faço um projecto tento inventar uma história, criar o décor de uma peça de teatro, onde os clientes e os empregados vão ser os actores Trabalho muito em espaços públicos. Gosto de imaginar como as pessoas vão depois viver nesses espaços. Simultaneamente, e não estou a dizer que seja contraditório, sempre privilegiou a recuperação de elementos tradicionais. Não concebe espaços sem história? É um pouco nos dois sentidos que estamos a falar, história como património e cultura e também história como conto. Há uma mistura dos dois. Tem um gozo particular em intervir em edifícios construídos? Adoro intervir em edifícios existentes. Temos de respeitar o desenho, obriga a mais reflexão e a procurar mais soluções. Gosto de tentar perceber o que já foi feito para depois ir com o meu toque e, respeitando
detalhe da decoração do Last Supper, luxemburgo
O Cinnabar tornou-se num dos locais de culto de Manchester
O desafio da intervenção num edifício com passado, como é o pombalino Heritage
ria, h i s tó a m u tes ta r inven e os clien o t n d e o, on u i to c to t p r o j e a d e t e at r r a b a l h o m m u ço eç .T d o fa u m a p s ac to r e s a r o « Qua n décor d e n .» r i m ag i ão s e o paço s c r i a r p r e g a d o s v s . G o s to d e r n e s s e s e s e o m e o s e ço s p ú b l i c d e p o i s v i v o a ã p s v oa s em e s pe s s a o m co
o que existe, fazer diferente, evoluir. Às vezes os edifícios não têm nada de extraordinário mas pressupõem esse desafio entre o que já existe e a minha intervenção. É quase um jogo que me leva a avançar. O processo de criação na sua essência é solitário? Sou muito um trabalhador de equipa. É um pouco pretensioso dizer que uma pessoa faz tudo sozinha. Levanto-me às seis da manhã e sou capaz de me debruçar num projecto. Quando estou inspirado, quando encontro o bom caminho, sou capaz de fazer muitas coisas sozinho mas depois o trabalho cresce. Em qualquer projecto, o trabalho de cada um é muito importante. Não é só graças à pessoa que tem a boa ideia que o projecto está feito. Ainda falta muito caminho até à sua realização. Por falar em equipa, o seu pai voltou à arquitectura depois de se reformar da carreira diplomática. Inverteram-se os papéis e foi a carreira do Miguel a influenciar o regresso do pai a uma velha paixão? Ao que parece foi isso [risos]. Está todo feliz por trabalhar comigo. O meu irmão faleceu, o que o fez entregar-se ainda mais ao trabalho e interessar-se pelo que eu faço. Nunca tinha feito decoração ou arquitectura de interiores, agora aprendeu a desenhar em computador em 2D, em 3D. É um dos elementos da minha equipa. Em vez de ser o filho que aprendeu com o pai, o pai aprendeu com o filho.
A originalidade é uma obsessão? Não é o mais importante para mim. É difícil ser sempre original, há tanta criação em paralelo no mundo… Surpreender é que é a chave do negócio. Quando o trabalho é conhecido é lógico que, de cada vez que ganhamos um projecto, temos de surpreender, temos de fazer as coisas de maneira diferente e isso não quer dizer sempre originalidade. Originalidade não é igual a surpresa. Podem usar-se elementos já bastante conhecidos e ser surpreendente. Apesar de todo o reconhecimento profissional conseguido, a arquitectura continua a ser um risco? Um jogador de ténis pode ser o número um mundial mas, de cada vez que entra no court, tem um novo jogador pela frente e tem de ganhar. Cada vez que fazemos um projecto não está definido que vai ser um sucesso. Não é linear. E só vale a pena pela ousadia, a ousadia que pressupõe correr o risco da rejeição? Os projectos públicos são sempre como um julgamento, o que os torna mais combativos. Há arquitectos que têm imenso prazer a fazer projectos privados e percebo o seu ponto de vista. Mas para mim é muito mais recompensador intervir em espaços públicos, há muito mais pressão para se fazer tudo melhor e cometer menos erros. Nada é tão motivante para mim do que fazer o que faço. LA
O QU Ê L A M AG
O chão das marcas C arlos C oel h o
C ria d o r d e marcas , P resi d ente da I v it y B ran d C o rp e Wo r l d ban k o f C reati v it y
F
oi em Paris que descobri as marcas, por isso decidi partilhar convosco a minha viagem, de 24 anos, ao interior do meu crescimento pessoal e profissional. Em 1985, acabei o curso de Design e fundei a minha primeira empresa, a Novodesign. Tinha trabalhado muitíssimo e, no fim do ano, com alguns escudos no bolso e a companhia de um amigo fui, de comboio, descobrir o que eram as marcas de verdade. Já tinha visto Paris ao longe, pela janela de um autocarro em direcção a Londres, mas nunca lá tinha estado. A viagem de comboio foi realmente bonita e longa, mudava-se de linha na fronteira de Irun e seguia-se directo até Paris, onde se chegava quase dois dias depois. Paris não cabia nas fotografias que já tinha visto, era uma cidade grande, cosmopolita e invulgarmente preparada para receber jovens com muita curiosidade e pouco dinheiro. Instalei-me num sótão junto à Rue Du Pont Neuf, em Chatelet, comi baguettes de Camembert durante um mês e planeei regressar de boleia num camião TIR, feliz. Fui a Paris para ver o mundo, para ver ao vivo a saída do Paris-Dakar, em Versailles, mas sobretudo fui para visitar empresas de design. Eu precisava de saber para que servia o que tinha aprendido no curso, se as marcas realmente importavam à economia e se, afinal, eram motores de desenvolvimento ou apenas exercícios decorativos, de quem não tinha tido a capacidade de tirar um curso melhor. Com o meu descaramento luso, ousei bater às melhores portas e, numa após outra, fui sendo recebido. Vi marcas de comboios TGV para a África do Sul (era lindo o Tangara), vi desenhar helicópteros e companhias de aviação, vi empresas grandes com projectos pequenos e empresas pequenas com projectos grandes; e depois de muitas vistas, vi uma das empresas grandes muito empenhada em desenhar um objecto pequeno, uma chave de automóvel, creio que para a Renault. Lembro-me deste momento cinético, de entendimento da verdadeira dimensão de
36
Em Paris descobri que o chão das grandes marcas era para nos sentarmos, que os livros antes de serem comprados teriam de ser amados e que o verdadeiro luxo de Paris estava na forma como oferecia a cultura a quem a procurava, mas que ainda não tinha dinheiro para a comprar
uma marca. Pequena e de baixa implicação tecnológica, a chave de um automóvel é o concentrado «molecular» da sua marca, o lugar onde se encontram simbolizadas as suas dimensões não físicas. Esta chave foi, literalmente, a chave para o início do meu entendimento do mundo físico e extra-físico das marcas e, não fora só por esta revelação, a viagem já teria valido a pena. Mas Paris ainda guardava algumas surpresas, muito especiais, que acabaram por marcar a minha vida. Em Janeiro, é bonito ver nevar em Paris mas, ao final da tarde, é muito frio e desconfortável e por isso foi, quase gelado, que descobri no Fórum Dês Halles o cobertor da minha alma: chamava-se Fnac e foi amor à primeira visita. Era inacreditável para quem vinha de um país onde os livros se conheciam pelas janelas das carrinhas das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian. Ali estavam aos milhares e não era preciso comprá-los, podíamos folheálos, apalpá-los, cheirá-los, namorá-los e, mais incrível de tudo, lê-los. Podíamos ficar o tempo que quiséssemos, sentados no chão de alcatifa azul escura, a ler livros; uma revolução na minha forma de ver o mundo e o meu primeiro contacto com uma grande marca. Ao fim do dia, já coberto por este manto de cultura, corria para o Centro George Pompidou e lá me sentava novamente no chão do grande hall de entrada a ler o jornal, a ouvir música ou a aquecer o tempo com as palavras. Em Paris descobri que o chão das grandes marcas era para nos sentarmos, que os livros antes de serem comprados teriam de ser amados e que o verdadeiro luxo de Paris estava na forma como oferecia a cultura a quem a procurava, mas que ainda não tinha dinheiro para a comprar. Regressei a Lisboa cheio de marcas, do frio, da atribulada viagem de regresso, da noite passada no colchão de pedra do metro de Paris e, sobretudo, com as marcas de todas as lições de mundo que consegui trazer. A minha vida nas marcas começou a dar frutos em Lisboa, o que me permitiu voltar, de avião, diversas vezes a Paris.
Ao longo da minha vida juntaram-se, a estas marcas simples, outras marcas que o dinheiro nos ajuda a conhecer e que são hoje ícones da Paris contemporânea. Recordo o palácio veneziano do Hotel Costes, com os quartos escuros de veludo encarnado e a melhor salada da cidade. A Colette que me fazia lembrar um centro de terapia de adultos onde compramos o que os outros ainda não têm, ou nem sequer sabem que existe. Lembro-me de jantar nas nuvens no Georges, reino dos Estrunfes que habitam o telhado do centro Pompidou, ou de lanchar no café de Beaubourg que, mesmo ali no nariz dos turistas, é um local quase exclusivamente parisiense. Lembro-me de me oferecerem uma taça de champagne na Louis Vuitton de St. Honoré, apenas porque estava calor e de ter como companheiro
de provas na Comme des Garçons um fox terrier maquiado até as orelhas. Lembrome dos chupa-chupas do Kenzo Lab que desafiavam os novos sentidos gustativos e do lustre aceso dentro de água do designer Philipe Stark, no museu Baccarat, que desafia o nosso conceito de realidade. A minha viagem pelas marcas de Paris foi continuando, ano após ano, até que levantou um voo especial quando, um certo dia, fui convidado pela Cartier para o lançamento do relógio Santos Dumont (100 anos), nos angares do terminal Le Bourget, onde fica o museu de L’Air. Nessa noite memorável, após um jantar na companhia das mais badaladas estrelas terrestres, acabei a dançar debaixo de dois Concordes, especialmente alinhados para nos aconchegar e fazer pensar, por instantes, que éramos donos do céu, de Paris.
A minha viagem ao mundo parisiense das marcas, começou de comboio e terminou de Concorde. Paris é assim mesmo, sempre chic. Sabedora de que a vida se faz de percursos, sempre me recebeu como sou, um apaixonado por marcas, hoje menos pobre que na adolescência e muito mais rico com a sabedoria da vida e das marcas que Paris me ensinou a conhecer. Confesso que, depois de ter feito este percurso, continuo a sentir uma imensa vontade de me sentar no chão das marcas, o lugar onde a Fnac me ensinou a sentir-me um cliente, quando ainda não tinha possibilidade de o ser. Por isso, quando forem a Paris, experimentem seguir o meu endiabrado conselho, sentem-se no chão das marcas e se alguém vos chatear, não liguem, é porque essa marca não percebe muito de marcas. LA
O QU Ê L A M AG
EXPOSIÇÃO SPY NUMBERS Pascal Broccolichi esteve presente com Sonotubes, 2006-2009, uma cortesia da Galeria Frédéric Giroux, Paris & Transcultures, Belgica
38
T E XTO I sa C lara N eves
© André Morin
Paris encanta pela imponência da arquitectura, dos museus e jardins imensos, das magníficas pontes que atravessam o Sena e que proporcionam momentos únicos aos viajantes. Apesar de conhecida há séculos por todas estas características, a capital francesa recicla-se e não cristaliza nessa aura que lhe conferiu todo o glamour. É sempre emocionante vivenciar este Património Mundial, eleito pela UNESCO, em 1991. Nos últimos anos, a arte e a arquitectura têm sido os motores da renovação urbana e um dos exemplos deste fluxo de energia é a reabilitação do Palais de Tokyo, que desde 2001 passou a dedicar-se à arte contemporânea, acrescentando alternativas ao já animado roteiro artístico da cidade.
HOTEL EVERLAND Uma criação dos suÍços Lang e Baumman, que esteve instalada no telhado do Palais de Tokyo durante 18 meses
O
riginalmente o Palais de Tokyo albergava um museu de arte moderna construído para a exposição internacional de 1937, acolhendo as suas colecções de arte moderna até serem mudadas para o Centro Georges Pompidou, em 1974. Os diferentes usos a que se adaptou posteriormente ocultaram pouco a pouco os seus espaços, até o transformarem numa grande caixa escura, contradizendo as qualidades intrínsecas do lugar, especialmente a luz natural. A autoria do projecto pertence à dupla francesa Lacaton & Vassal, e o programa consistia na «instalação de um lugar dedicado à criação contemporânea», tratando-se de uma plataforma de diálogo para a criação francesa e internacional, um espaço para o debate estético aberto. Neste confronto dos tempos, o desejo foi deixar o edifício arquitectonicamente intacto e valorizá-lo por aquilo que é: edifício em que é visível a simultaneidade de tempos que se justapõem e desenham um todo único. Marcada por sensibilidade e leveza, esta intervenção apoia-se na ideia da própria arquitectura como instalação. Apesar de se tratar de um edifício no centro de uma das maiores cidades europeias, a referência conceptual do projecto baseou-se na praça Djemaa el Fnaa de Marraquexe. Mais do que aludir à experiência adquirida pelos arquitectos na sua estadia em Marrocos, ou a qualquer desejo de originalidade, salientaram-se aspectos reais característicos da sua obra. Segundo os autores, o Palais de Tokyo deveria parecer uma praça pública, evocando a acção quotidiana que aí se desenrola, de percursos e gestos que se cruzam fugazmente no espaço urbano, para depois desaparecerem e voltarem a formar-se. A praça de-
40
© Philippe Delacroix
© Palais de Tokyo
O QU Ê L A M AG
Entrada para uma das muitas exposições do Palais de Tokyo, um espaço de debate estético aberto
fine-se não tanto pela sua arquitectura, mas sim pela acção que nela se desenvolve, determinante na sua constante transformação. Talvez seja congruente pensar que um gesto tão simples como a intervenção de Lacaton & Vassal pode constituir uma crítica aos lugares colectivos atemporais que proliferam pelas cidades europeias. A afinidade quase inata com as condições existentes para a produção e exposição, possibilitou deixar para trás o cliché do cubo branco veiculado pela maioria dos museus, ainda que alguns o disfarcem de radiosos invólucros. Esta subversão de todos os valores comprova a lufada de ar fresco que este projecto constitui. A abolição dos limites normalmente impostos ao artista nos espaços de arte é também invertida. Salienta-se uma interdisciplinaridade entre as intervenções permanentes dos artistas plásticos em nome de ambientes metafóricos, que vão desde a cafetaria pintada por um artista plástico, até às janelas para a rua, ao chão, aos candeeiros, graffiti nas paredes; uma integração profunda da arte num espaço liberado para isso mesmo; desde a roulotte-bilheteira, até as próprias residências de artistas dentro do museu, assim como todas as sinaléticas introduzidas neste espaço de uma arquitectura nua e crua, o tornam vivo e carismático. Num ambiente de pouca ortodoxia que relembra «a paisagem» do filme incessante, selvagem e desorganizado de Chungking Express, sob o repto de vida, dessacraliza-se o espaço de museu, tal como já acontecera na década de 60, em que os armazéns/ garagens foram espaços menos convencionais de exposição. Algumas partes do edifício remetem para esse tipo de ambiência, ainda que de forma menos crua; tornam-se lugares mais flexíveis,
dando especial enfoque ao visitante e às suas escolhas, em vez da utilização de formulações gastas e obsoletas. Acima de tudo, a intervenção de Lacaton & Vassal e toda a sua ideologia, revela-se congruente com as alterações que estão a decorrer no mundo, e com as necessidades reais de hoje. O objectivo passará por uma tentativa de coadunação à velocidade das transformações, adaptando-se à instabilidade das cidades e às suas necessidades movediças, através de uma arquitectura mais flexível, que não apresente a durabilidade da construção tradicional. A efemeridade das suas estruturas deveriam constituir um estímulo de uma nova forma de encarar a arquitectura das cidades, mudando os ambientes quotidianos. Penso que esta ideologia se transpõe claramente para este método de encarar a arquitectura, numa opção pelo provisional, pela instalação permanente, de duração limitada, que é feita para ser consumida e substituída. Esta dupla de arquitectos franceses, protagonistas de uma nova atitude e prática singular no panorama arquitectónico contemporâneo, explora a abordagem estruturalmente informal. Demonstram uma abertura libertadora à informalidade natural da vivência dos espaços. Não se alimentam de modas formalistas, apenas procuram ser congruentes com o tempo em que vivem. Talvez sejam uma espécie de metáfora da própria cidade, que já provou ser muito mais que uma tendência temporária... os anos passam, as vontades mudam, surgem outros destinos apetecíveis, mas Paris não passa de moda. Continua e continuará estimulando as novas gerações, mantendo em simultâneo a sua inabalável da «Paris clássica», capaz também de uma liberdade informal, alternativa, geradora da «Paris contemporânea». LA
© Philippe Delacroix © Corbis / VMI © Marc Domage
O relógio à entrada, uma obra de Gianni Motti, 1999-2005
© Palais de Tokyo
© Corbis/VMI
A roulotte-bilheteira que dá acesso à criação da dupla francesa Lacaton & Vassal
A praça Djemaa el Fnaa de Marraquexe, a referência conceptual do projecto
Vista do restaurante Tokyo Eat
O QU Ê L A M AG
a livraria E outras histórias inéditas C O O R D E N A Ç Ã O de C L ÁU D I A C A N D E I A S
Talvez tenha sido o espírito de Paris, das suas ruas e pequenas livrarias. Talvez tenha sido a vontade de encontrar um espaço onde os livros fossem especialmente bem tratados. A verdade é que corri as ruas de Lisboa em busca de uma boa livraria e encontrei a Pó dos Livros. Um espaço encantador na Avenida Marques de Tomar, que enfeitiça ao primeiro olhar e prende os sentidos de tal forma, que o difícil é conseguir sair. Eventualmente consegue-se reunir coragem para virar as costas e sair porta fora, mas – fica o aviso – nunca o conseguirá fazer de mãos vazias. Um mistério. Os livros insinuam-se de uma forma irresistível. Novas e velhas edições, e até edições que nunca sonhou aqui encontrar. Uma descoberta leva a outra e o tempo passa sorrateiro. Apetece ficar e remexer em livros arquivados em gavetas originalmente desenhadas para DVD. Apetece ficar no pequeno café a saborear as páginas de um livro escolhido ao acaso. Apetece ficar e admirar todas as velhas curiosidades que nos espreitam do meio de mil diferentes lombadas com títulos sugestivos. Apetece ficar, porque aqui nos sentimos bem. E foi com essa sensação que parti. Não de mãos a abanar, mas com duas pequenas descobertas deliciosas. “O Dicionário do Diabo” de Ambrose Bierce (Edições Tinta da China - www.tintadachina.pt) e “Buracos Negros”, de Lázaro Covadlo (Livros de Areia – www.livrosdeareia.com). Havia mais potenciais aquisições, muito mais, mas essas terão de esperar por uma próxima visita. PÓ DOS LIVROS Av. Marques de Tomar, 89A – Lisboa – T 217 959 339
T E XTO E D I TO R E S
FERNANDO PESSOA: O GUARDADOR DE PAPÉIS
Disse Fernando Pessoa «[...] tantas são as folhas que tenho a encher, que algumas se perdem, por elas serem tantas [...]». Não perca estas. Incluem um texto inédito sobre o encontro de Fernando Pessoa e Crowley, textos inéditos que revelam a posição do poeta em relação às aparições de Fátima (que na época gerou alguma polémica junto do episcopado), escritos que revelam Pessoa igualmente como escritor e leitor de romances policiais, assim como algumas curiosidades como a publicação da certidão de nascimento do poeta e das notas de Pessoa para «regras de vida», entre outros. Textos recolhidos por José Barreto, Steffen Dix, Patricio Ferrari, Sara Afonso Ferreira, Ana Maria Freitas, Carla Gago, Manuela Nogueira, Rita Patrício e Jerónimo Pizarro. A organização da obra ficou a cargo de Jerónimo Pizarro. www.textoeditores.com
LITTLE BLACK BOOK OF PARIS
Uma editora a descobrir. Tem “Little Black or Pink Books of...” praticamente tudo, incluindo um elegante e prático guia da cidade de Paris, com todas as informações úteis para que não haja falhas na sua próxima visita à capital francesa. www.peterpauper.com
44
BARROCO TROPICAL
As propostas de leitura da editora Dom Quixote estão cada vez mais sedutoras e é difícil dar destaque a um título sem mencionar outros, como por exemplo “Leite Derramado” de Chico Buarque, “No Bosque dos Espelhos” de Alberto Manguel ou “Grimus” de Salman Rushdie. Optámos por “Barroco Tropical” de José Eduardo Agualusa. Não é uma novidade, mas é uma excelente sugestão de leitura que envolve personagens tão improváveis como uma mulher que cai do céu durante uma tempestade tropical, um traficante de armas em busca do poder total, um curandeiro ambicioso, um antigo terrorista das Brigadas Vermelhas, um ex-sapador cego, que esconde a ausência de rosto atrás de uma máscara do Rato Mickey, um jovem pintor autista, um anjo negro (ou a sua sombra). Uma história que se passa em Luanda, no ano de 2020. Agualusa cada vez melhor. www.dquixote.pt
PARIS, PARIS, PARIS... S t eidl
P E T E R PAU P E R P R E S S
D O M Q U I XOT E
Mademoiselle – Coco Chanel / Summer 62
Em 1962, Douglas Kirkland foi até Paris, a pedido da revista americana “Look”, e foi lá que fotografou Coco Chanel. Fotografou-a a sair da sua suite no Hotel Ritz, no seu apartamento e estúdio de trabalho no 31, Rue Cambon e a assistir ao desfile, sentada na mítica escada de fundo espelhado. Fotografias agora compiladas em “Mademoiselle”, um livro concebido por Karl Lagerfeld. O texto introdutório é do criador e as fotos... enfim, são fascinantes. www.steidl.de
É D I T I O N S H O R AY
GRÂCE À CE LIVRE
Um livro puramente conceptual sobre as coisas de todos os dias. Françoize Boucher brincou com as palavras e Muriel Abadie transformouas em desenhos de uma simplicidade audaz. É um livro bem-humorado e descomplicado, que deve passar a fazer parte da sua vida. Uma excelente ferramenta de inspiração, só para si ou para partilhar com os seus amigos. www.horay-editeur.fr
SHUFFLE SONGS Já não há desculpa para não viajar, mesmo que seja sozinha Se ainda não encontrou um passarinho que ande no seu ombro, lhe cante músicas ao ouvido e lhe mordisque a orelha. descubra um amigo imaginário, ou real, que a acompanhe nas caminhadas pela cidade, lhe faça os elogios mais ousados e a deixe com aquele sorriso reservado e meigo e um brilho no olhar. As nossas sugestões vão ajudá-la a encontrar esse ser especial MÚSICAS LETRAS
Man Like You/ / 4:12
You And I/ / 3:27
Patrick Watson não é um simples compositor e cantor canadiano. A biografia descreve-o como um cientista musical louco, um génio em potência. “Man like You” é uma boa introdução ao mundo de Watson, uma música singela sobre o espelho e sobre os outros que vamos conhecendo. É sem dúvida uma música para ouvir enquanto se pisam folhas de Outono.
O dueto é uma coisa que caiu em desuso, ou se tornou mais exigente. Não basta haver duas pessoas a cantar, é preciso haver um motivo, uma ideia que se partilha. Quando esta ideia é o amor e se fala na primeira pessoa, há purpurinas a cair do céu. Assim é este dueto do estranho charme de Wilco e da talentosa e divertida Feist. Mesmo em tom desafinado recomendamos que experimente este dueto com a sua cara-metade e que siga à risca esta receita.
Álbum Wooden Arms Artista Patrick Watson
http://www.youtube.com/ watch?v=3b09UK7XIZg
Álbum Wilco Artista Wilco (the album)
http://www.youtube.com/ watch?v=FgiLQDhpmss
R I C A R D O TA D E U B A R RO S LEONOR VISEU
S H U F F L E S O N G S @ gmail . com
B O NS ES TU B
Don’t Let Me Out/ / 3:50
HOWEVER IT TAKES IT TAKES// 2:34
prends cette main/ / 4:13
Flume/ / 3:39
Matt já tocava guitarra mas foi a partir da descoberta dos acordes do banjo que se libertou do pânico de andar na cidade de São Francisco. É o próprio que afirma que hoje a música o leva a todo o lado e que lhe salvou a vida. Salvou-o, pelo menos, da agorafobia. Sempre que as quatro paredes estiverem há algum tempo a olhar para si, ponha a música mais alto, lembre-se do Matt e saia à rua, porque afinal a música liberta.
As mais simples sonoridades conseguem coisas extraordinárias. Vandaveer pegou na sua guitarra e mais dois amigos, um com uma vassoura e outro com um banjo, passearam-se pelas ruas de Paris a tocar os seu temas. Quando deambulamos assim, e ousamos passar um portão de ferro entreaberto podemos acabar por descobrir uma festa de um casamento para nos juntarmos. Quando levamos a guitarra e boas canções, como foi o caso dos Vandaveer, é certo encontrarmos uma audiência a aplaudir-nos e uma boa festa para nos juntarmos.
Paris é também Jane Birkin, apesar da sua origem inglesa. Canta-nos ao ouvido com uma doçura incomparável e ao ouvi-la a vida ganha charme e doçura. É de tal forma inspiradora que a Hermès não resistiu a criar uma mala à sua imagem. Se não poder fazer-se acompanhar de uma Birkin de mão, então entregue-se à sedução de uma das suas músicas. “Prends cette main” e seja feliz.
Depois de acabar com uma banda, com uma relação amorosa e de lhe ser diagnosticada uma doença contagiosa, Vernon, o único membro de Bon Iver refugiou-se durante três meses na cabana do pai numa floresta Wisconsin. O resultado foi este delicioso álbum que não a vai largar até se sentir no retiro da floresta que mais aprecia para respirar fundo e revigorar o espírito.
Álbum The Island Moved In The Storm Artista Matt Bauer
http://www.youtube.com/ watch?v=jK3BNnPyfYg
Álbum Folk & Proud [Disc 1] Artista Vandaveer
http://www.youtube.com/watch?v=9SvOwi3inc
Álbum enfants d’hiver Artista jane BIRkin
http://www.youtube.com/ watch?v=4PtPIEW3Dhs&feature=related
Álbum For Emma, Forever Ago Artista Bon Iver
http://www.youtube.com/ watch?v=62i9Sodwp5o
QUA N D O L A MAG
um festival de boas ideias C oordenação de I sabel F igueiredo
MÚSICA_LISBOA | PORTO © Rita Carmo
Amália Hoje
5 de Out | Coliseu dos Recreios | 21.30 9 de Out | Coliseu do Porto | 21.30
Não conte com xailes negros ou guitarras portuguesas, em palco os Hoje surgem com uma guitarra eléctrica portuguesa, bateria portuguesa e uma dezena de músicos que representam a nova maneira de cantar música pop em Portugal. Sónia Tavares, Fernando Ribeiro, Paulo Praça e Nuno Gonçalves tocam ao vivo as canções do disco “Amália Hoje” acompanhados pela Orquestra Nacional Sinfónica da República Checa e o coro de vozes que gravou em estúdio as canções pop de Amália. Em vez de fados ouvem-se canções pop. No Coliseu dos Recreios, a 5 de Outubro, a tristeza dará lugar à alegria! Preço de 15€ a 30€ | T 707 234 234 (ticketline) | T 213 240 585
LISBOA
Gilberto Gil | Jaques Morelenbaum | Bem Gil 10 Nov | Grande Auditório do Centro Cultural de Belém | 21.00
“Bem Gil” é o espectáculo que torna real o já antigo desejo de Gilberto Gil e Jaques Morelenbaum de criarem um concerto juntos. Após os espectáculos com Orquestra em França e Itália há quatro anos, e após cumplicidades reforçadas, agendaram finalmente para o final deste ano a apresentação do concerto de cordas. No Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, Gilberto Gil (voz e violão) e Jaques Morelenbaum (violoncelo) convidam Bem Gil (violão) para os acompanhar na concretização deste sonho antigo, transformando-o num espectáculo único e mágico. Preço de 25€ a 50€ | T 707 234 234 (ticketline) | 213 612 444
LISBOA | PORTO
Diana Krall
10 de Out | Campo Pequeno | 22.00 11 de Out | Pavilhão Rosa Mota | 22.00
O nome dispensa apresentações. Há muito que Diana Krall conquistou os fãs da música jazz. Graças ao seu impressionante talento como intérprete e pianista, é hoje uma das mais proeminentes artistas do jazz do mundo. O seu encantamento pelo jazz clássico e pela música pop encontram na sua voz o ponto de encontro perfeito dando origem a um estilo que transcende catalogações e que se torna impossível não admirar. “Quiet Nights” é o seu último álbum. Tom Jobim, Burt Bacharach, entre outros, são alguns nomes sonantes que acompanham a diva nesta viagem pelo universo da bossa nova. Preço de 20€ a 70€ | T 707 234 234 (ticketline)
PORTO | LISBOA
Mariza
29 e 30 de Out | Coliseu do Porto | 22.00 31 de Out e 01 de Nov | Coliseu dos Recreios | 22.00
Prefere ser apelidada de cantadeira de fados a fadista, mas a verdade é que Mariza é hoje uma das vozes mais significativas da música portuguesa em todo o mundo. A sua invulgar capacidade de interpretação conjugada com a sua paixão pelas palavras de poetas torna impossível ficar-lhe indiferente. Com uma voz inconfundível, Mariza tem conquistado fãs um pouco por todo o mundo, prova disso são os sucessivos concertos nos mais famosos palcos nacionais e internacionais e os consecutivos prémios que vai arrecadando. Se ainda não viu Mariza ao vivo esta é a oportunidade. Preço de 18€ a 50€ | T 707 234 234 (ticketline) | 223 394 940 | 213 240 585
FESTIVAL_PARIS
Festival d’Automne à Paris Até 19 de Dez
O Festival de Outono de Paris é um festival de arte contemporânea, onde os visitantes podem desfrutar de várias manifestações culturais, dentro das várias formas de arte que conhecemos. Todos os anos entre Setembro e Dezembro, este festival recebe mais de cem mil visitantes, num total de mais de quarenta eventos culturais. Fundado em 1972 por Michel Guy, com o apoio de Georges Pompidou, na altura Presidente da República, é hoje uma referência no que respeita à demonstração do melhor da arte contemporânea. Espectáculos de dança, teatro, música, cinema entre outras formas de arte, invadem Paris nesta altura do ano. Se está de visita à capital francesa no próximo Outono não pode perder alguns dos melhores eventos.
48
Paris marca esta edição e o Festival de Outono é sem dúvida o grande destaque. Eventos culturais dos mais variados géneros convidam-nos a uma viagem até à capital francesa. Para quem fica, o regresso ao luxuoso mundo de Paris antes da primeira Guerra Mundial pode ser feito com o filme “Chéri”, uma excelente história de amor com Michelle Pfeiffer no papel principal. Além disso, a marcar a chegada do Outono, conte também com muitos concertos em Lisboa e no Porto
TEATRO_LISBOA
Seis Personagens à Procura de Autor
Até 18 de Out | Teatro Municipal SÃO Luiz | QUA a sáb às 21.00 e dom às 17.30
«E eis que surge uma família em luto, com rostos esmaecidos e como que vindos de um sonho. São as seis personagens que procuram autor e que tentam viver. Querem ser mergulhados num drama. São mais reais do que tu, encenador, trapalhão imundo. São reais e provam-no…» Através de um texto vigoroso de reflexão e luta interior constantes, Luigi Pirandello revela-nos a angústia do homem obscuro que se perdeu no mundo tremendo do seu ser, mostra-nos a tentativa desesperada do homem se compreender e de compreender o mundo que o rodeia. Com interpretação de João Perry, Sylvie Rocha, Lia Gama, Mariema, Pedro Gil, Pedro Lacerda e outros intérpretes, não deixe de ver no Teatro Municipal S.Luiz.
LISBOA
O Camareiro
Até 25 de Out | Teatro Nacional D. Maria II – Sala Garrett | QUA a sáb às 21.30 e dom às 16.00
Baseada na vida de um dos maiores actores shakespearianos, Sir Donald Woffit, esta história remonta a 1942 e às aventuras de uma companhia de teatro em plena Segunda Guerra Mundial. “O Camareiro”, de Ronald Harwood, o galardoado argumentista de “O Pianista”, é um retrato apaixonante da vida nos bastidores do teatro. Conhecido apenas por Sir, o já ancião actor e director da companhia de teatro, luta para manter a sua própria sanidade e assim concretizar a sua 227.ª representação do “Rei Lear”. Ao seu lado, o dedicado camareiro, Norman, tudo fará para o ajudar a concretizar esta tarefa. Um retrato cómico e também emocionante sobre as relações humanas. A não perder na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II com interpretação, entre outros, de Ruy de Carvalho e Virgílio Castelo. T 213 250 835
CINEMA
Chéri
Estreia a 25 de Set
Recuamos até ao luxuoso mundo de Paris, antes da Primeira Guerra Mundial… “Chéri” conta-nos uma história de amor entre uma bela cortesã, Léa (Michelle Pfeiffer), e Chéri (Rupert Friend), o filho da sua colega e rival, Madame Peloux (Kathy Bates). Ao longo dos seis anos de romance, Léa ensina ao mimado e inexperiente rapaz os caminhos do amor. No entanto, Madame Peloux não permite que esta alegria perdure e combina secretamente o casamento do filho com Edmée (Felicity Jones), filha de outra rica cortesã. A separação entre os dois torna-se inevitável e com isso, ambos percebem o quão profunda era a sua ligação. Talvez demasiado tarde, Léa e Chéri percebem o que significam um para o outro. Um espectacular filme realizado pela mesma equipa de “Ligações Perigosas”(“Dangerous Liaisons”), vencedora de um prémio da Academia. Com realização de Stephen Frears e interpretação de Michelle Pfeiffer, Rupert Friend, Kathy Bates e Felicity Jones.
A Religiosa Portuguesa
Estreia a 29 de Out
Julie de Hauranne é uma jovem actriz francesa que vem a Lisboa para actuar num filme baseado nas “Lettres portugaises” de Guilleragues. Durante a sua estada em Lisboa e ao encarnar a personagem Mariana das “Cartas Portuguesas”, Julie descobre no mundo real uma série de parecenças com a ficção, inicialmente em analogia com a sua vida sentimental e mais tarde, através de uma figura religiosa que desde início capta a sua atenção. Pela primeira vez em Lisboa, a actriz rapidamente se deixa fascinar por uma freira que todas as noites vai rezar à Capela da Nossa Senhora do Monte, na colina da Graça. Aos olhos da jovem actriz esta figura religiosa parece já ter atingido um nível de sabedoria superior. Ao contrário da heroína de Guillerargues, Julie, a heroína de a “Religiosa Portuguesa”, não se fecha num círculo de desespero afectivo, pelo contrário deixa-se levar pela imensidão do amor, encontrando o seu destino e o caminho da felicidade de Nossa Senhora do Monte. Um filme de Eugène Green, com Leonor Baldaque, Ana Moreira, Beatriz Batarda, Diogo Dória, Adrien Michaux, Carloto Cotta e Francisco Mozos, com participação especial de Camané e Aldina Duarte. FESTIVAL_PARIS Artes Visuais 17 Set a 15 Nov | Ugo Rondinone – Sunrise East | Jardin des Tuileries
De uma sensibilidade romântica incomparável, Ugo Rondinone apresenta “Sunrise East” como uma metáfora da natureza cíclica do tempo. Dança 25 a 28 de Nov | Lia Rodrigues - Creation | Les Abbesses
A coreógrafa Lia Rodrigues em conjunto com os seus 11 bailarinos revela um trabalho fenomenal em que as relações entre o colectivo e o singular se misturam. Teatro 21 a 24 Out | Arthur Nauzyciel – Julius Caesar de William Shakespeare | Maison des Arts Créteil
A versão de Nauzyciel de “Julius Caesar”, de William Shakespeare, explora a capacidade das palavras para modificar o curso da história, reflectindo sobre cultura popular e práticas «da narração de histórias» na política. www.festival-automne.com
© Carlos Ramos
Preço de 12 a 20€ | T 707 234 234 (ticketline) | T 213 257 650
PO RQU Ê L A M AG Pudim de chocolate negro com molho de chocolate branco e maracujá
António Latas, o Chef do LA Caffé Entrecampos e do Tea Room na Av. da Liberdade. Um esteta que adora experimentar novos e velhos sabores, dando-lhes sempre um look cosmopolita
Pastel de Bacalhau com arroz de tomate
Sardinha marinada sobre um piso de tomate com esfarelado de broa de milho e coentros
50
equipa do chef antónio latas no la caffé entrecampos
P O R Q U E S E TO R N O U C R I AT I VO ?
antónio latas chef
T E XTO A N A B E L A M OTA R I B E I RO
F otografia t eresa aires
«Tudo tem de ser belo» – dizem da sua preocupação com o que faz. Assume-se como um esteta?
Sim, para mim a estética de um prato é muito importante. Como estudei pintura, há linhas que sigo – tal como o cubismo. Por vezes, tento que a comida fique com forma geométrica, mas no momento seguinte já prefiro que seja casual, sem geometrismo algum. A humildade e a criatividade são características que lhe apontam. Qual é a fonte?, quais são as matérias-primas? Digo de outro modo: que educação foi a sua?
Os ingredientes são muito importantes. A frescura, acima de tudo! E depois, claro, o sabor. Talvez porque lá em casa se comia muito bem. A minha avó, a melhor cozinheira de cozinha tradicional portuguesa que conheci, foi um exemplo que segui atentamente. Ao mesmo tempo, o meu pai tentou incutir-me o gosto pela medicina dentária. O que eu cozinhava era reflexo da minha grande paixão pela cozinha. Criava novos sabores, antes mesmo de conhecer todos os sabores mais convencionais. Até que o meu pai se rendeu à evidência... Eu tinha de ser cozinheiro! Fale-me do seu percurso, destaque os momentos essenciais.
As cozinhas reais das Pousadas de Portugal, a clássica cozinha francesa do Hotel Vila Vita – magnífica, devo dizer; os jardins esplendorosos do Museu de Arte Antiga, onde fiz buffets fantásticos. O grande impulsionador da minha carreira foi o chef Gilles Poulin. Ensinou-me que o talento não chega. Esforço e dedicação são muito importantes, assim como a perfeição. No CCB demonstrámos que a dedicação de uma equipa pode fazer milagres culinários. Na Madeira, trabalhei com a dupla Fausto Airoldi/Anabela Gonçalves. Depois, estive sete anos no LA Caffé como subchefe.
Saiu do LA Caffé, e após alguns meses de ausência, regressou. Que sabores tem vontade de experimentar?
Saí para um novo desafio com Fausto Airoldi. De volta ao LA Caffé de Entrecampos e ao Tea Room, tento experimentar velhos e novos sabores. E tento que o empratamento que acompanha a marca Lanidor seja cosmopolita. Por que razão se tornou uma pessoa criativa?
É fácil responder: simplesmente nasci assim. Claro que a influência de grandes cozinheiros ajudou bastante, mas na cozinha tenho ideias a toda a hora. Criar é-me natural. Paris é, tradicionalmente, uma capital gastronómica. Que sítios frequenta? Do que é que gosta?
Estive em Paris de passagem. Mas uma grande amiga e gastrónoma disse-me que o restaurante Pied de Couchon é obrigatório. Também gostava de conhecer o trabalho do chef Christian Constant; até porque estive para ir trabalhar com ele no início da minha carreira, no Hotel de Crillon, na Praça da Concórdia. LA
PO RQU Ê L A M AG
Para Felipe Oliveira Baptista cada colecção é uma história-puzzle e cada peça de roupa é simultaneamente actor principal e secundário. Eis a que nos propõe para este Outono-Inverno
52
P O R Q U E S E TO R N O U C R I AT I VO ?
FELIPE OLIVEIRA BAPTISTA
designer moda
T E XTO A N A B E L A M OTA R I B E I RO
Há um sentido narrativo no seu trabalho que lhe é essencial. De onde vem esta necessidade de contar histórias?
É algo de natural. Talvez o facto de ter crescido no meio de uma família bastante numerosa, onde se contavam e lembravam muitas histórias, tenha tido alguma influência. Hoje interessa-me uma narração mais abstracta, o confronto de elementos a priori desconectados ou contraditórios. Cada colecção é uma história-puzzle e cada peça de roupa é simultaneamente actor principal e secundário.
Porque é que fazer roupa é a sua forma de contar histórias? Porque é que esta é a sua forma de expressão?
Porque a moda toca muitas outras disciplinas de design e diferentes processos criativos. Isto interessa-me particularmente. Antes de me decidir por estudos de moda hesitei entre fotografia, design gráfico e antigos sonhos de cinema. Em moda toca-se (mesmo se levemente) todas estas disciplinas. Na pesquisa (fotografia, desenho); tailoring, drapeados sobre um manequim (escultura, arquitectura); desfile (mise en scène, styling, criação de uma banda-sonora); até ao design de um livro, catálogo, look book ou do meu site na internet...
O que sabia, desde o início, é que o seu futuro passaria pelo que é visual. Podia ser cinema, podia ser pintura, podia ser vídeo?
Um olhar criativo era fundamental, portanto... compulsivo. O que eu gosto em moda (e do que mais me queixo também) é do seu ritmo frenético. Uma nova história de seis em seis meses. Uma nova página branca onde uma ideia ou história leva alguns meses a materializar-se. É uma pressão enorme mas também uma enorme descarga de adrenalina.
Um crítico americano disse do seu trabalho: «Chamem-lhe couture de rua. Há um toque de hip pop na colecção. Mistura looks gregos e silhuetas contemporâneas. Os vestidos inspiram-se em kimonos». Revê-se nisto? Basicamente, o que entra nesta descrição é o mundo todo... diferentes culturas e influências.
É verdade que cada colecção é uma história que muitas vezes se compõe de elementos contraditórios. É este jogo de contrastes que me fascina. Quebrar regras, dogmas e rotinas é interessante e faz-nos olhar para o mundo de uma nova maneira (mesmo que seja efémera). É curiosa esta citação de que me fala e que nunca tinha lido.
Está disponível na internet.
Nunca me inspirei directamente num kimono. Mas isto também é interessante em moda: um desfile pode ser interpretado e compreendido de maneiras diferentes. A moda tem por vocação ser reinterpretada e remixada!
O seu mundo é um mundo de síntese? Porquê?
É uma maneira de ordenar todas as turbulências e agitações internas. Gosto da ideia de exprimir contradições e dicotomias presentes na (minha) vida e no que me rodeia.
Que relação tem com Paris? Já vive há anos suficientes na cidade para ter com ela uma relação de deslumbramento e fastio... Ou continua enamorado? Diga-me um percurso/cantinho que sinta como sendo seu na cidade.
Paris é a cidade onde vivo, com os seus pontos positivos e negativos. Viajo muito e é verdade que de cada vez que entro num táxi, do aeroporto a caminho de casa, estou sempre contente com o regresso! Um sítio especial? Paris está cheia de sítios escondidos em cada bairro. O divertido é ir descobrindo. Um sítio autenticamente parisiense a dois passos de minha casa é a Rue des Martyres, perfeito para um brunch de fim-de-semana no Hotel Amour ou no Rosemary Bakery. LA
PO RQU Ê L A M AG
TREND STORE T E X TO C A R L O S C O E L H o
F OTO G R A F I A T E R E S A A I R E S
Algemas de polegar
A Agent Provocateur é a marca mais sexy do mundo. Se não acredita, veja a prova de Kylie Minogue em www.youtube.com/watch?v=4Vk4RiEMLY8 e no final comprove se tenho ou não razão. Como explicita o seu nome, trata-se de uma marca de agentes provocadores que, infiltrados nas nossas fantasias eróticas, nos encorajam a praticar crimes. Nós, inocentes vítimas do desejo, somos apanhados em flagrante e para castigar as nossas transgressões somos algemados. Estas algemas, que nos ligam os polegares, são uma jóia genial que nos prende os dedos e nos condena a uma pena de prisão perpétua: para sempre reclusos no mais estreito e erótico corredor do amor. www.agentprovocateur.com
Pastilhas Multissensoriais
A nossa experiência cognitiva é multissensorial. Contudo, a memória de longo prazo é, essencialmente, formada por imagens gustativas e olfactivas. Assim provamos e cheiramos o mundo, de uma forma mais intensa do que o ouvimos, vemos ou tocamos. É neste princípio que assenta esta pequenina invenção de um estudante da Universidade Americana de Stanford. Tratam-se simplesmente de pastilhas elásticas de estratos de ervas, como a hortelã pimenta e o rosmaninho e outros activadores naturais que, comprovadamente, funcionam como concentradores da nossa atenção. Enquanto mascamos, libertamos as moléculas olfactivas e «acendemos» o nosso sistema global de memorização. Parece demasiado simples, mas é assim, simples, a forma como mastigamos o mundo. www.thinkgum.com
Memórias de Loiça
A descoberta dos poderes infinitos que o nosso lado direito do cérebro consegue dar a uma folha de papel branco faz-nos desde muito cedo imaginar o mundo através de uma simples sequência de dobras. Aprendemos a fazer patinhos para lhes ver os bicos, aviõezinhos (que nem sempre voaram) para desafiar a gravidade e barquinhos para romancear os passeios pelas águas da nossa imaginação. É precisamente este rio de memórias que esta edição de barquinhos de loiça pretende reavivar. Dizem os seus criadores que servem para irmos à pesca dos melhores peixinhos, no frágil e delicado rio de loiça, onde afinal corre toda a nossa vida. www.seletti.it
54
Spagetti alla mafiosi
A máfia surgiu no Sul da Itália com o objectivo de «proteger» os territórios e as transacções comerciais. Os mafiosos criaram a sua marca: fatos riscados Armani, óculos escuros e uma honra inabalável, capaz de fazer valer os seus compromissos, sob qualquer tipo de temperatura. É esta a promessa do nosso mafioso de panela: proteger a nossa massa de excessos de cozedura. Porque não se mexe, pois foi petrificado num barril de cimento, o nosso mafioso, para nos avisar canta aos sete minutos a marcha triunfal de Aida, aos nove «va, pensiero sul’ali dorate», o coro dos escravos hebreus de Nabuco, e aos 11 minutos «la donna e mobile», de Rigoletto. Nunca uma massa al dente teve tantos e tão imaginativos ingredientes. www.brainstream.de
Talheres da natureza
Longe vão os tempos dos enxovais completos, com os fabulosos e dispendiosos talheres de prata. A tradição ocidental instituiu-se em França pelo dote de Catarina de Medicis e pela sugestão do cardeal Richelieu que defendeu o talher individual como sinal de higiene e boas maneiras. Pois, para quem pretende manter a substância da tradição, rejeitando o modernismo sensaborão dos talheres de plástico, surge agora uma versão inteligente e contemporânea. Estas fantásticas colheres são réplicas de formatos de outros tempos, são descartáveis e recuperam o toque ancestral dos primeiros utensílios de madeira que nos aproximam dos sabores mais genuínos da natureza. www.isolee.es
Snifador de imaginação
A nossa química cerebral tem a capacidade de produzir naturalmente todas as drogas. Adrenalina, dopamina, feniletilamina, epinefrina, norepinefrina, oxitoxina, serotonina e as famosas endorfinas que despertam a paixão e, como indica o seu nome – endo (interno) e morfina (analgésico) – também possuem uma forte acção analgésica, diminuindo a dor e inibindo o stress. Somos quimicamente auto-suficientes e por isso, todas as sensações, emoções, estados mentais e físicos podem ser produzidos pela nossa mente. Agora para ajudar, com este kit completo – doseador, espelho, lamina, espalhador e snifador – basta inalar bem fundo, e se possível várias vezes ao dia, uma boa dose de imaginação.
Ratoterapia
Não há animal como este. Tão pequeno e fofinho e contudo capaz de, em poucos segundos, lançar o pânico numa casa inteira. Então imagine que um destes ratinhos iria para sua casa e que, sob as suas ordens, sentava, deitava e, mais incrível, rebolava. Este rato telecomandado faz tudo isso e permite-lhe pregar umas partidas, deliciar o seu gato e, talvez mais importante que tudo, aprender a conviver com estes animais. É que para cada ser humano existem cerca de 100 ratos, por isso é bom que controlemos as nossas fobias e aprendamos a viver uns com os outros. www.wowstuff.co.uk
Manifeste
«Um Verão chamado Miguel acordou quente e sorridente com fome de uvas com mel, à mãe Cristina deu o presente, e lançou mil aviões de papel». A Manifeste é assim, uma marca francesa, de um luxo doce e mímico. Para celebrar a sua primeira edição, dedicada ao momento íntimo de um bebé recém-nascido, envolveu quatro designers: dois estilistas, Pauline Vinçon e Constance, um industrial, Allain Jeanne Huber, e um gráfico, Fabrice Praeger. Os materiais são de uma qualidade irrepreensível e desta equipa multidisciplinar resultou um manifesto em forma de coffret, com dois olhinhos que o Miguel, mais cedo ou mais tarde, tentará arrancar, para brincar aos manifestos visionários ou simplesmente porque mexem. www.manifeste-tm.com
PO RQU Ê L A M AG
catherine deneuve, 1974
© Corbis / VMI
YSL
CHANEL
Wit pari siense
58
Digam o que disserem, we’ll always have Paris. Com crise ou sem crise. Como ficou mais uma vez demonstrado durante os desfiles Prêt-âPorter Outono-Inverno 2009-2010, a capital francesa mantém-se firme enquanto pólo aglutinador da moda mundial, sede dos melhores. Mesmo que os melhores venham d’ailleurs. O que, aliás, não é de agora. É de sempre: conhecido como o «pai da alta-costura», CharlesFréderic Worth nasceu em Inglaterra em 1825, mas foi em Paris que fundou a Maison Worth, transformando-a na referência de moda mais chique e mais conceituada da época. Paris tem duas características imbatíveis: uma capacidade extraordinária para reconhecer talentos e uma abertura desmedida à criatividade. Daí aquele wit único, aquela graça singular, que permite casar excentricidade e elegância de um modo que Madame Chanel levou ao paroxismo e que resumiu nesta frase: «A moda é qualquer coisa à beira do suicídio.» Mulheres belíssimas (não há roqueira mais fashion do que Françoise Hardy nem actriz mais enigmática do que Catherine Deneuve) dão corpo nas ruas parisienses às tendências que se expõem em privado nas salas dos desfiles. Se de tendências pudéssemos continuar a falar. Não podemos. A moda da próxima estação será caleidoscópica. Heterodoxa. Plural. Inclassificável. Delicada na Dior, pela mão de Galliano que
homenageou Paul Poiret e a sua visão refinada e elegante de inspiração oriental; radicalmente chique na Yves Saint Laurent, onde Stefano Pilati desenhou mulheres poderosas, sublinhando uma austeridade que combina magistralmente com o chique parisiense; sexy e triunfal em Jean-Paul Gaultier, capaz de continuar a jogar com imagens decadentes tornando-as irresistíveis e modernas; luxuosa e moderna na Hermès, também por Gaultier; provocante e glamorosa na Miu Miu, com Miuccia Prada a mostrar-se indiferente ao puritanismo trazido pelos ventos da crise; romântica e dândi na Chanel, onde Karl Lagerfeld optou pela graciosidade com um toque de barroquismo; sóbria e precisa na Lanvin, onde Alber Elbaz se reafirma como criador de vestidos intemporais; espectacular e cheia de piscadelas de olho à alta-costura na Louis Vuitton, com Marc Jacobs a mostrar mais uma vez a sua criatividade multifacetada… Um universo de influências e referências que deixa às mulheres a liberdade da escolha. Ou seja, de recriarem a moda à sua imagem e semelhança. Sem esquecer o wit, evidentemente. Que de parisiense passou a universal, adoptado por marcas e criadores de todo o mundo. Inspirador também da colecção deste Inverno da Lanidor: uma saia travada abaixo do joelho, um elegante casaco de tweed, uma gola plissada, um lenço, um colar de pérolas… et voilà!
CHANEL
LOUIS VUITTON
T exto A n a C risti n a L eo n ar d o
LOUIS VUITTON
HERMèS
L ANIDOR
JEAN-PAUL GAULTIER
MIUMIU
L ANIDOR
YSL
L ANIDOR
LOUIS VUITTON
L ANIDOR
JEAN-PAUL GAULTIER
© Corbis / VMI
fr anÇoise Hardy, 1963
PO RQU Ê L A M AG
DU NOIR AU NOIR R eali z a ç ã o I sa b el Bra n co F otografia P e d ro F erreira
62
Vestido com manga curta bordada com paillettes, 79.90€ Cachecol de pêlo, 34.90€ Lanidor
PO RQU Ê L A M AG
Saia de fazenda de lã e mohair, 89.90€ Casaco de fazenda de lã e mohair, 139.90€ Camisa de laçada estampada, 39.90€ Cinto de pele, 39.90€ Luvas de pele, 29.90€ Sapatos, 69.90€ Lanidor
64
Blazer assertoado, 109.90€ Calças de pinças brancas, 59.90€ Cachecol de tricot, 19.90€ Luvas de pele, 29.90€ Lanidor
PO RQU Ê L A M AG
Top de lurex, 39.90€ Cache coeur de jersey com aplicações, 64.90€ Cinto entraçado, 29.90€ Lanidor
66
Vestido com manga 3/4 de sarja de lã, 119.90€ Botas de pele com cano alto, 159.90€ Lanidor
PO RQU Ê L A M AG
Top de jersey com aplicações no decote em V, 54.90€ Cachecol de tricot, 19.90€ Botas de pele com cano alto, 159.90€ Carteira de sintético com aplicações metálicas, 54.90€ Lanidor
68
Pedro Ferreira assistido por Ant贸nio Tainha Cabelos Helena Vaz Pereira para Griffe Hairstyle assistida por Ana Fernandes Maquilhagem Ant贸nia Rosa para Hakansson assistida por Jo茫o Pombeiro Modelo Milene da Central Models
L ANIDOR
JEAN-PAUL GAULTIER
efeito néon
JEAN PAUL GAULTIER
PO RQU Ê L A M AG
Conjugação do preto intemporal com flashes de cores fortes e fabulosas. Extravagâncias que dão origem a peças únicas e singulares. Transgressões teatrais a partir de imagens clássicas
éCHARPE L anidor 19,90€
LENÇO L anidor 19,90€
CASACO L anidor 269,90€
PULSEIRAS L anidor 7,90€ CADA
CINTO L anidor 44,90€
COLAR L anidor 24,90€
SAPATO L anidor 99,90€
VESTIDO L anidor 69,90€
SAPATO L anidor 79,90€
CLUTCH L anidor 29,90€
70
camisa L anidor 49,90€
GALOCHA L anidor 39,90€
RE SORT
L ANIDOR
PO RQU Ê L A M AG éCHARPE L anidor 29,90€
SAPATO L anidor 69,90€
Acessórios em tons terra e estampado animal para dias perfeitos. Um mix de inspiração étnica, luxo urbano e conforto feminino. Porque a elegância está nos pormenores e os pormenores são (quase) tudo ANEL L anidor 6,90€
ESTOLA L anidor 29,90€
COLAR L anidor 16,90€
COLAR L anidor 29,90€ BOTA L anidor 159,90€ carteir a L anidor 89,90€
BOTA L anidor 149,90€
SACO L anidor 119,90€
CINTO L anidor 29,90€ CINTO L anidor 34,90€
CINTO L anidor 29,90€
carteir a L anidor 49,90€
72
PULSEIRAS L anidor 14,90€
PULSEIRA L anidor 7,90€
PO RQU Ê L A M AG
74
R e a l i z a ç ã o I s a b e l Br a n c o F oto g r a f i a I s a b e l P i n to
Camisa de seda estampada com cornucópias, 39.90€ Cachecol de tricot, 19.90€ Carteira de tecido e pele, 69.90€ Óculos de sol em massa, 87.00€ Lanidor
PO RQU Ê L A M AG
76
Camisa de seda estampada com laçada, 34.90€ Casaco curto em tweed, 119.90€ Carteira de pele clara, 59.90€ Lanidor
Vestido de fazenda de borboto, 129.90â‚Ź Carteira de pele 69.90â‚Ź Lanidor
PO RQU Ê L A M AG
Casaco de tweed assertoado, 199.90€ Cachecol-gola de pêlo forrada a seda, 34.90€ Saco de pele, 109.90€ Lanidor
78
PO RQU Ê L A M AG Blusão de pele, 269.90€ Camisa de popeline branca, 49.90€ Jeans justos, 49.90€ Cachecol de tricot, 19.90€ Lanidor
80
Vestido em xadrês de manga curta, 119.90€ Lenço de seda estampada, 19.90€ Carteira de pele clara, 59.90€ Óculos de sol, 87.00€ Lanidor
PO RQU Ê L A M AG
Camisola de jersey estampada, 59.90€ Anel de pedras multicor, 16.90€ Lanidor
82
Fotografias realizadas na Galeria-Café-Bistro, Les Mauvais Garçons Rua da Rosa, 39. Bairro Alto. Tel. 213 433 212 www.lesmauvaisgarçons.pt Fotografia Isabel Pinto assistida por Mário Ambrózio e Pedro Janeiro Cabelos Helena Vaz Pereira para Griffe Hairstyle assistida por Luciano Maquilhagem Náná Benjamim para Hakansson assistida por Carina Quintanilha Modelo Ana Cristina Oliveira da Central Models
COM O L A M AG
La tour! Os brilhos da torre EifFel… Base Dior Skin Nude, Miel, 43.20€ MAQUILHAGEM DE Olhos: Dior Fards à Paupiéres, 056 argentic, 26.50€ Dior, crayon Khol, 19.00€
84
Usando os novos produtos das colecções de Inverno e seguindo as tendências da estação, maquilhagem inspirada na cidade das luzes
Fotografo Mário Príncipe Maquilhagem e cabelos Joana Moreira Produção Mariana Guedes de Sousa Manequim Jani, Central Models
COM O L A M AG
Moulin Rouge Rouge Paris, Toujours! Batom Lancôme, Color Fever 152, 27.64€ Blush Lancôme, Rose Liberté, 51.60€
86
B.B. Bardot, bien sÛr! Sombras Christian Dior, Palette Fards à Paupières, 173 Night Butterfly, 51.10€ Rimmel Lancôme, Máscara Virtuôse, 29.32€ Blush Chanel, Joues Contraste, 56 Tea Rose, 35.50€ Batom Christian Dior, Créme de Gloss 431, 24.80€
COM O L A M AG
Les macarons Uuuuhmm... Que delÍcia! Verviz CristiaN Dior, Black Plum 981, 21.40€
88
Vive La france As cores da bandeira em todo o seu esplendor Sombra Lancôme, Palette Indigo Royauté, 48.52€ Blush Lancôme, Rose Liberté, 51.60€ Baton Chanel, Rose Allure, Passion, 28.00€
TU ES TELLE MENT BELLE! Made in Paris
Os mais elegantes aromas do mundo
Produtos nouvelle vague As cores de uma nova estação
Grandes descobertas cientÍficas Uma nova pele, cada vez mais protegida hidratada e sem manchas P RO D U Ç Ã O T E R E S A M A RÇ A L G R I L O
90
© CHANEL
COM O L A M AG
Paris é a cidade eleita de todos os que amam a vida. A LA Mag está cheia de histórias, experiências, memórias e uma selecção maravilhosa de espaços que os nossos colaboradores revelam a pensar em si. Paris é a minha cidade preferida… Talvez seja um cliché, mas não conheço outra cidade no mundo onde a beleza seja a eterna paixão que fervilha em cada esquina. Quase tudo vem desta cidade… Paris dita a moda. As cores e aromas são fruto de um trabalho inspirado e em constante evolução. É a capital dos artistas que, mesmo não sendo de origem francesa, aqui se reúnem para dar mais luz à beleza, que aqui é eterna.
HELENA RUBINSTEIN Wanted
ISSEY MIYAKE
A Scent by Issey Miyake
«A natureza é o principal perfumista da vida.» Miyake considera que num perfume o seu aroma equivale ao ar da vida, o seu elemento mais essencial e mágico, invisível e intangível. A Scent by Issey Miyake é um perfume verde, floral e amadeirado, nascido de uma história que começa com uma raiz que nasce na terra, com um tronco em direcção ao céu, cheio de folhas e flores. As notas frescas de jacinto e de gálbano conferem ao aroma um estilo verde, floral, com a vivacidade da verbena e um sopro de jasmim. Desenhado por Arik Levy, o frasco parece surgir de um bloco de vidro, transparente e depurado com o logótipo gravado no interior, um segredo da alta tecnologia.
Pela mão de dois mestres da perfumaria, Dominique Popion em França e Carlos Benaim nos Estados Unidos, surgiu este perfume original e o primeiro perfume do século XXI desta marca. Demi Moore encarna uma mulher forte mas sensível, de espírito livre mas muito apaixonada e focada na sua paixão. Um perfume amadeirado e floral, com notas de ylang, madeira/magnólia e de íris. Um frasco perfeito, desenhado pelo artista plástico Van der Straeten. Transparente e luminoso, com uma laçada dourada no topo. Uma laçada com a capacidade de a prender eternamente.... 50 ml PVPR 68.00€
50 ML PVPR 64.99€
NINA RICCI RICCI RICCI
Uma mulher optimista, uma heroína, que se diverte passeando pelas ruas de Paris, deixando como rasto, uma fita cor-de-rosa... Uma criação dos perfumistas Aurélien Guichard & Jacques Huclier, da casa Givaudan. É fresco, floral e sensual. Um dos ingredientes centrais é a flor Belle de Nuit também conhecida por Four O’Clock Flower. De dia as suas flores amarelas mudam para cor-de-rosa e as brancas para violeta. De tarde liberta uma essência floral e de noite as suas pétalas reflectem o luar. Como notas de topo a bergamota , a rosa, a Indian Turberose e Rhubarb Zest. Notas sensuais de madeira de sândalo e patchouli, são completadas com a essência de Belle de Nuit. eau de parfum 50ml Pvpr 63.26€
GIORGIO ARMANI IDOLE
YSL
PARISIENNE DE YSL
Tudo começa numa madrugada em Paris, antes de o Sol nascer. Uma mulher emerge com um segredo de uma noite que nunca será revelado… Uma mulher que não nasceu em Paris, mas que Paris adoptou, porque ela sabe como amar e viver. Um perfume floral ultra-feminino com travo de amora, violeta e peónia, com uma estrutura de madeira, com notas de patchuli, almíscar e sândalo. Kate Moss é esta mulher misteriosa, que conheceu uma noite de amor, mas todas podemos transformarmo-nos em verdadeiras parisiennes. 50 ML PVPR 70.00€
Não é um perfume francês, mas é um tributo do autor a um ideal de feminilidade e a todas as mulheres do mundo! No topo as notas são de laranja amarga, pêra, gengibre e notas de davana. No coração, a rosa loukoum, o jasmim misturado como açafrão, especiarias e mel. No fundo, luminoso e sensual, o styrax, o patchouli e o vétiver, vêm dar a sua própria harmonia, associando as suas forças com uma mulher que o usa. Uma mulher sensual e expressiva, como a actriz Kasia Smutniak a imagem deste aroma. O frasco inspira-se nos anos 30, uma esfera de vidro cristalino, com auréolas de ondas circulares em ambos os lados e uma tampa dourada. Quase uma peça de joalharia. 50 ml PVPR 69.00€
QUASE TODOS OS PERFUMES NASCEM NO CORAÇÃO DE PARIS, PELAS MÃOS DE VERDADEIROS ALQUIMISTAS QUE, CUIDADOSAMENTE MISTURAM NAS SUAS POÇÕES MÁGICAS EMOÇÕES, QUE NOS FAZEM SONHAR E DESEJAR SER UMA MULHER MUITO ESPECIAL. CADA UMA DE NÓS TEM UM CHEIRO MUITO ESPECIAL E UM AROMA MUITO PRÓPRIO. DOS FRESCOS E FLORAIS, AOS INTENSOS E AMADEIRADOS, MIL CRIAÇÕES NOS CHEGAM AO OLFACTO. A ESCOLHA NÃO É FÁCIL.
COM O L A M AG
Com a chegada do Outono, as temperaturas a descer e os dias a ficarem mais curtos, cresce a vontade de passar mais tempo em casa, roupas mais confortáveis e, naturalmente, surge a necessidade de uma nova maquilhagem para evidenciar o brilho interior de cada mulher. A pele quer-se luminosa e quente, a prolongar o efeito de boas cores. A maquilhagem Nude nunca passa de moda e é sempre sofisticada, mas se sentir necessidade de libertar a mulher fatal que há em si, sinta-se à vontade. Opte por uns olhos esfumados, ultra-gráficos e penetrantes, contornados em tons de cinzento, castanho ou púrpura. Ninguém ficará indiferente. A boca ganha um acabamento acetinado, em tons de cobre e ameixa, mas sempre com um ar natural, quase inexistente. Um look perfeito para as mais discretas.
MAC
Colecção New Romantics
Um tom neutro para uma boca clean e perfeita. Pvpr 17.50€
GUERLAIN
Ombre Éclat 4 Couleurs - Cor Tsarina
Um laranja apagado, um tijolo intenso, um rosa velho e um beringela salpicados de champagne. Uma paleta digna de uma princesa russa. PVPR 51.10€
DIOR
2 Couleurs 055 Cocktail Look
O efeito smokey eyes renasce. Duas cores e texturas complementares: cinzento escuro e brilhante e um cor de rosa efeito pérola. O efeito sombra/luz é subtil e ao mesmo tempo penetrante. Para dar mais mistério a este look acentue a pálpebra superior com o tom escuro ou aplique um pouco de lápis ou eye liner. PVPR 34.70€
CHANEL Eye Gloss
Uma criação exclusiva para a “Collection Venise”. Um olhar teatral, intrigante e profundo. De textura gloss poderão ser aplicadas com os dedos. Duas cores luminosas em tons pérola e ouro, e o famoso Rouge Noir e preto, igualmente aquosos mas com um efeito laque. Pvpr 50.00€
92
DIOR
Ultra Gloss Reflect Cor 787 Prune Taffetas
Lábios preenchidos com uma textura cremosa e repulpante. Pvpr 24.70€
DIOR
Addict Lip Color Cor 993 Prune Décadent
Sofisticação máxima! Pvpr 28.20€
MAC
Studio Sculpt Foundation SPF 15
Uma base em gel cremoso que se mistura facilmente cobrindo as imperfeições, mesmo quando são precisas mais camadas para uma cobertura extra. Disponíveis em vários tons.
da
pe la
Di or
PVPR 32.00€
em ag Im
di ce
BOBBI BROWN Nude Eye Palette
Segundo Bobbi Brown, a maquilhagem nude não significa ser monocromática ou inexistente. Significa maquilhagem que é certa para a sua pele. Um conjunto de tons neutros e texturas mate, levemente perlados e de brilhos metálicos, que podem ser aplicados durante o dia ou à noite. Pvpr 50.00€
MAC
Pearlglide Eye Liner
ESTÉE LAUDER
Signature 5-tone Shimmer Powder for Eyes, Cheeks, Face
Um pó compacto que pode ter várias aplicações e complementa qualquer tom de pele. Pvpr 40.00€
Nas cores Fly-by-Blue, um azul luminoso com azul cintilante e molasses e um castanho sujo com mistura de castanho cintilante. PVPR 16.00€
CLINIQUE
High Impact Curling Mascara
Máscara de pestanas de longa duração, proporcionando um volume intenso e um efeito enrolado durante 24 horas e retira-se facilmente com água morna. PVPR 20.50€
COM O L A M AG
OBRIGATÓRIO!
Os cuidados com a nossa pele são a base para que qualquer maquilhagem resulte. Cuidar da pele é obrigatório nos dias de hoje e os grandes laboratórios de cosmética estudam minuciosamente este tema, tentando descobrir a fórmula milagrosa de nos protegermos. O envelhecimento da pele nem sempre está ligado à nossa idade, mas com a forma como cuidamos ou não dela e a que tipo de perigos estamos inevitavelmente sujeitos.
CLINIQUE
Even Better Skin Tone Correcting Moisturizer SPF 20
Um creme hidratante que não só elimina a aparência de manchas causadas pela hiperpigmentação como ajuda a prevenir o seu aparecimento futuro. Além disso, também ajuda a fortalecer a função de barreira e a proteger a pele dos raios UVA e UVB. Ideal para usar nesta época do ano, com resultados ainda mais eficazes após uma esfoliação semanal e a utilização em conjunto do sérum Even Better Skin Tone Corrector.
SHISEIDO
Future Solution LX Concentrated Balancing Softener
O Serpin b3 é um elemento negativo que se encontra dentro das células, nas camadas mais internas da pele e que aumenta quando exposta a agressões externas como a secura e os raios UV, provocando assim o seu envelhecimento. Após um estudo desenvolvido, a Shiseido criou o Skingenecell 1P que suprime a produção de Serpin b3 e proporciona células de epiderme saudáveis, que melhoram drasticamente a qualidade e resistência da pele ao futuro envelhecimento. A novíssima linha Future Solution LX é uma complexa combinação de extractos e essências, com um perfume delicado de flores japonesas, dignas de um produto de luxo!
50 ml Pvpr 45.50€
ESTÉE LAUDER
Advanced Night Repair
Complexo de reparação sincronizada, que proporciona uma reparação nocturna contínua, muito abrangente e eficaz, através da tecnologia Chronolux, a qual reforça a sincronização natural da reparação e protecção da pele no momento exacto. Além disso, uma nova tecnologia com patente contendo alkyl guanine transferase (AGT), uma enzima que se encontra na nossa pele, ajuda a reparar os danos visíveis causados pelo fumo e poluição, particularmente toxinas e químicos. Todas as noites, antes de aplicar o seu creme habitual, use algumas gotas deste sérum para ajudar a reparar a aparência dos danos provocados no passado, prevenindo danos futuros nas células da pele e no seu ADN. Um conselho: se neste momento tem a pele muito ressentida do Verão ou por outro factor, utilize o sérum também de dia durante pelo menos durante 15 dias. 30 ML PVPR 63.00€
L’ORéAL PARIS
Elnett Satin Edição Limitada
CHANEL
Lift Fermeté SPF15 Crème de Jour
A última inovação dos laboratórios Chanel, que se debruçaram sobre as propriedades das plantas nos processos de cicatrização e firmeza da pele. Graças à “Elemi PFA”, um extracto de resina vegetal de uma árvore original das Filipinas, os seus princípios activos actuam em duas frentes fundamentais: a nível celular e a nível dos tecidos, repondo e aumentando as capacidades regenerativas das nossas células. A pele torna-se visivelmente mais luminosa, firme e é claro, jovem! Uma linha muito completa composta por um sérum, creme de dia e creme de noite e ainda um creme de dia mais fluido para quem não gosta de texturas cremosas. PVPR 105.00€
94
Parabéns à L’Oréal que celebra 100 anos e porque não há mulher que não se lembre desta laca e dos seus anúncios e é tão parisiense! Pvpr 6.70€
COM O L A M AG
© Corbis/VMI
A idade da inocên cia te x to h elena mascaren h as
N
ão sei quem foi o inventor de uma das mais ternas ficções que me coloriram a infância. Lembro-me de ficar à janela, na esperança de um dia ser testemunha de uma viagem que me exaltava dez vezes mais do que a “Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, do Júlio Verne: ver uma cegonha no céu, vinda de Paris, com um bebé a bordo. A ilusão durou o tempo que tinha que durar – pouco – e a descoberta da verdade não me causou nenhum dano, a não ser a leve desconfiança de que os adultos arranjam fórmulas um pouco estranhas para responderem às perguntas directas e difíceis que a maioria das crianças lhes faz. No caso do Pai Natal, o impacto da verdade, a compreensão da sua não-existência, teve uma dimensão muito mais complicada: uma boa meia hora de choro e uma tristeza que se alojou tempo de mais, ao ponto de não só deixar de achar graça à noite da Consoada, como, anos mais tarde, associar às festas uma sensação de hipocrisia que só ao longo dos anos tomou a sua devida proporção, até se tornar irrelevante e me deixar um sorriso. A inocência, essa idade única em que somos absolutamente crentes, quando se perde, custa a perder. É preciso tempo e uma boa dose de coragem para aceitar que não temos outro remédio se não crescer. O que em boa parte significa atenção e destreza permanentes para conseguir separar o trigo do joio, não vá a tentação da inocência pregar-nos partidas bem mais difíceis de superar.
96
Ainda assim, muitos de nós, quanto mais crescemos, mais saudades temos daquilo que fomos. O que geralmente inclui maldades, segredos e a forma destemida com que olhávamos para as ondas e mergulhávamos mar adentro. Essa sensação, repetia-a há alguns anos, quando tive a sorte de realizar um sonho de adolescente: fazer uma viagem de carro, de Lisboa a Barcelona com uma amiga cheia de carácter e humor hilariante. Estrada fora, determinadas e sem receios, cumprimos o trajecto, quais “Thelma & Louise”, um maravilhoso filme de Ridley Scott, com duas actrizes de primeira: Susan Sarandon e Geena Davis. Ali estávamos nós, on the road absolutamente livres e alegres, prontas para o que desse e viesse. Chegadas à bela cidade espanhola, decidimos que a primeira coisa a ver, para além de incorporar desde logo a contagiante energia das Ramblas, seria uma visita ao Museu Picasso. Na manhã seguinte, cumprimos o combinado e ali estávamos, frente às obras mais emblemáticas de um dos maiores artistas de sempre. À saída, na loja do museu, uma frase escrita pelo pintor, reteve-me: «It took all my life to draw like a child». Cá fora, olhei para o céu, à espera de ver uma cegonha com um bebé no colo, directamente vinda de Paris. E percebi, finalmente percebi, que certas histórias que os adultos contam às crianças, não são tramóias, nem partidas, são apenas a única forma de dizer que a inocência, mesmo que perdida, pode ser sempre reencontrada no mais simples dos traços. LA
COM O L A M AG
T e x to C arla N ascimento R ibeiro / I lustração R icardo B arros
F
oi assim que um dia, de chofre, a minha cara-metade me convidou para ir à cidade das luzes. «A sério?» perguntei com espanto, uma vez que estávamos em Abril e o nosso aniversário de casamento era só em Novembro. «Vamos fazer uma surpresa aos miúdos e levá-los à EuroDisney!» Ah, como é que eu não tinha percebido logo à partida que, para uma família em que metade dos elementos tem abaixo dos seis anos, Paris só podia significar uma coisa – o lugar dos bonecos animados ao vivo. De uma semana para a outra, emalámos roupas, algum cansaço, grandes expectativas e muita ansiedade quanto ao passar dos três dias no coração do mundo da fantasia. As crianças estavam, como era de esperar, numa excitação tal que nem a entrada do carro no Eurotúnel para atravessar o canal da Mancha lhes causou muita confusão. Na altura morávamos no Sul de Inglaterra. Estranharam não poder sair do carro durante essa meia hora, mas como no leitor de CD iam tocando ora as músicas de um, ora as do outro, o percurso fez-se num instante. O mesmo se passou com a bateria do carro. Puff! Soltou o Rover em segunda mão, depois de ter cantarolado por 30 minutos dentro dum comboio debaixo de água. Valeu-nos a pronta assistência do staff do Eurotúnel para nos colocar rapidamente em marcha. Com o nariz colado à janela, na esperança de vislumbrar ao longe o castelo da Cinderela, a Beatriz suspirava. «Ainda falta muito pai?», perguntava pela enésima vez.
98
QUERIDA QUERES IR A PAr IS?
«Tenho a impressão que já vejo ao longe qualquer coisa.» E todos arregalávamos os olhos. Nada. Depois de largarmos tudo no hotel, que ficava a poucos quilómetros, dirigimo-nos finalmente para a entrada daquele mundo encantado. Lembro-me de caminharmos em passadeiras rolantes e de termos desembocado numa entrada que em nada fazia antever o que se guardava por detrás. Não se abriram nenhumas cortinas, nem soou nenhuma orquestra mas a sensação de entrada teatral foi parecida. A Bia susteve os comentários ao final de três horas, o Gui tentava tudo por tudo para se desembaraçar da trela (vulgo cinto de segurança, bastante comum em Inglaterra para deter os mais reguilas) e nós olhávamos em todas as direcções para aquele cenário multicolorido e barulhento que nos fazia remexer as memórias de infância. Acho que a primeira coisa que fiz foi rezar em segundos para que não perdesse nenhum dos dois e para que não nos perdêssemos uns dos outros. E agora por onde começar? A ordem do passeio/aventura/maratona já não me lembro. Sei que tínhamos um mapa e duas promessas, encontrar o Woody e a Jessie do “Toy Story”. Do primeiro não fomos muito dependentes, pois fomos explorando à medida do tempo/fome/ /forças/curiosidade. Das promessas fomos os dois escravos absolutos. Pois de tantos brinquedos e bonecos que existiam eles só queriam precisamente aquilo que era mais difícil encontrar. Entrámos em todas as lojas de recordações mas eles não queriam mais nada. Até
que por fim, e tendo já perdido as esperanças, encontrámos os malfadados cowboy e cowgirl. Tornaram-se duas pequenas relíquias e, mesmo com o passar dos anos, foram testemunho da persistência/paciência de nós os quatro. Até hoje, os espectáculos que ainda recordam foram o do Winnie the Pooh e do Tarzan. O primeiro porque o Gui adorava o gang que acompanhava aquele urso meloso e porque um miúdo tinha vomitado ao pé de nós. O segundo porque a música, os adereços do cenário e as danças nos cativaram a todos, tendo-nos permitido sentar ao fim de algumas horas em pé. Pelo meio ficaram as imagens e os sons da locomotiva fumegante na estação de comboios, do barco a vapor no lago, da casa da árvore do Robinson Crusoe, do labirinto da Alice no País das Maravilhas, da aldeia da Pocahontas, do barco dos piratas, da montanha russa, da parada das estrelas e, é claro, do palácio da Cinderela. Foi das raras ocasiões em que vi a Beatriz sem palavras. Subiu a rampa de acesso, espreitou por dentro e apenas teve pena de não poder ver o resto da casa por dentro. Mas a vista de fora chegou para a encher. Quanto ao pequenote de três anos, achou piada a todas as diversões, reconheceu algumas das personagens, mas desatava a berrar e a trepar por mim acima sempre que alguma delas se aproximava de nós para dar um autógrafo. Porque razão haveriam de ser tão grandes, pensava. Berrou com o Mickey, com o Pluto, com os esquilos do Donald e com todos os outros que se atravessaram no caminho. Até que por fim éramos nós a fugir deles. Inesquecível! LA
Querida, comprei um zoo! E se um dia a sua cara-metade lhe fizesse um anúncio destes? Assim se passou com Benjamin Mee que, ao procurar uma casa maior no campo, se apaixonou por um zoo arruinado com 200 animais no Sudoeste de Inglaterra. Numa escrita empolgante, pintada de humor e comoção, o autor relata a jornada familiar de salvar o jardim zoológico, ao mesmo tempo que lida com a doença terminal da mulher. É, segundo os críticos, um livro que irá agradar a todos os aventureiros e amantes de animais, prometendo muitas horas de prazer. Oficina do Livro
PVP: 15 € por C A R L A N A S C I M E N TO R I B E I RO
DIVUL GAÇÃO Um bom pai diz não
Como e quando saber impor limites aos nossos filhos é algo que se pode ou não aprender com o tempo e com a experiência. Daí que, a psicoterapeuta infantil inglesa Asha Phillips tenha congregado num só livro um conjunto de relatos e conselhos que poderão dar confiança a muitos pais durante as várias fases de crescimento dos filhos. Neste bestseller internacional, que só em Itália vendeu 600 000 exemplares, A. Phillips defende a utilização do «não» como ferramenta essencial na educação das crianças e adolescentes. Lua de Papel
PVP: 16 €
Colecção Gramofone
A gramática também pode fazer rir
Com as aulas a começarem, nada melhor do que aprender ou relembrar as regras de gramática e de fonética da língua portuguesa com um conjunto de livros bem divertidos. Nesta colecção de álbuns infanto-juvenis, cada autor pega num tema gramatical e inventa uma história ou um conjunto de rimas que depois incentivam o pequeno leitor a espreitar o site www.junior.te.pt/gramofone. A escolha é difícil: “O Dia em Que o Meu Bairro Ficou de Pantanas” de Rosário Alçada Araújo, “Chamem-lhes Nomes” de Margarida Fonseca Santos, ambos ilustrados por Afonso Cruz, “Rimas Perfeitas, Imperfeitas e Mais-Que-Perfeitas” de Alice Vieira e “Dom Mínimo, o Anão Enorme e Outras Histórias” de Luísa Costa Gomes. Texto Editora
PVP: 8,90 €
COM O L A M AG
CRIA DORES DE SO NHOS
Uma das criaturas mágicas que habitam o mundo de Apolline À Paris
T E X TO : C A R L A R I B E I RO
E
ste é o título de uma antologia sobre os melhores autores e ilustradores infanto-juvenis, organizada por Álvaro Magalhães, onde se pode ler esta pequena passagem «quando for grande quero ser um brincador [...] tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador [...] quando for grande quero ser um brincador». Perante tanta determinação a resposta da mãe foi clara, isso não era profissão de gente crescida. Mas e se fosse? E se houvesse mesmo gente crescida que vivesse de sonhar, imaginar e inventar brincadeiras? Uma versão actualizada do Gepeto do Pinóquio. Como seria mesmo brincar e crescer, crescer e brincar? Apolline encontra toda a sua inspiração para criar deliciosas bonecas de pano, fadas misteriosas e animaizinhos divertidos, a partir das diversas brincadeiras com as duas filhas pequenas. Formada em Criação Têxtil, decidiu voltar ao mundo de fantasia da infância misturando materiais, tecidos, padrões e cores para dar forma a uma variedade de bonecos bem trajados, a que nem mesmo os crescidos resistem. Entrar no seu site na internet, [www.apollineaparis.com], é, já por si, uma viagem de sonho até ao mundo do faz de conta. Os pozinhos mágicos que ouvimos fazem-nos crer que, a qualquer momento, uma fada vai sair disparada do ecrã. E já ouviu falar dos Les Déglingos? O nome soa mais a espanhol do que a francês é certo, mas estes «animalos molto funnios and muy crazios» são mais uma criação de «brincadores» franceses que, através da invenção de uma família alargada de animais de tecido, proporcionam aos mais pequenos horas de pura diversão. Bigbos, Ratos, Ratos the Rat Nonos e Milkos são um lobo, um rato, um cão e uma Um dos fabulosos vaca que, em conjunto com outros amigos, nos recebem membros da família Les Déglingos euforicamente de braços abertos na página inicial do seu website [www.deglingos.com]. Na sua criação foram utilizados mais de 50 tipos diferentes de tecidos e fios coloridos, minuciosamente e magicamente unidos com uma preocupação constante pelo pormenor e detalhe final. Pessoalmente, fiquei rendida ao calçado «animalesco» para
100
T’es fous louloup Uma grande criação do atelier Ebulobo
os bebés dos seis aos 24 meses. Uma delícia pura! Esta família é distribuída em Portugal pela Brincas Lda. [www.brincas.com]. Mas a imaginação não pára felizmente e a arte de inventar sonhos e brincadeiras a partir de material têxtil continua. Do atelier Ebulobo, «un volcan d’idées pour les petits», surgem mais duas colecções de simpáticos e ternurentos animais, desta feita um lobo e um urso que, cansados de se aninhar somente no colo ou em longos abraços com os mais novos, os acompanham agora também para a mesa num conjunto alegre e prático de acessórios de refeição. Woodours e T’es fous louloup são daqueles bonecos que apetece mesmo apertar e guardar junto à cabeceira. A distribuidora em Portugal é a Edicare Editora, Lda (T. 213 959 426), por isso vale mesmo a pena procurá-los e descobrir, em primeira mão, os seus encantos. Se ainda não acredita que França é um país, por excelência, de brincadores, então preste atenção neste último exemplo. Minilabo é um «pequeno» laboratório do imaginário. Além de ser uma marca de objectos e imagens, presta igualmente serviço a outras empresas na criação de ilustrações e de objectos decorativos. Os nomes dos seus bonecos falam por si. Big lovecat, é rosado e tem cerca de um metro de altura, bem a jeito de servir de encosto, aconchego e consolo. Le chat sourit, é uma alusão ao gato do longo sorriso na história da Alice no País das Maravilhas. Impossível de nos deixar indiferentes. Le lapin d’avril é um coelho enternecedor que aparece num conjunto variado de cores suaves que apetece coleccionar. E se gosta de deixar as crianças boquiabertas com as suas próprias histórias então les petites marionnettes são imprescindíveis. Basta colocar no dedo e dar largas à imaginação. Et voilà! Será que ainda não acredita que brincador pode ser uma profissão de gente crescida? LA
Big Lovecat Impossivel não nos apaixonarmos. Uma edição limitada do Minilabo
COM O L A M AG
AMAR PARIS HELENA SACADURA CABRAL
Q
uem não se lembra de ter ouvido esta canção? Muitos a cantaram ou trautearam ao longo dos anos. Ela simboliza, afinal, o tema escolhido para este número. Atravessada pelo rio Sena cujas margens foram inscritas em 1991, na lista do Património Mundial da Unesco – é tida como a segunda maior metrópole da Europa, com uma população de 2 milhões de habitantes. Mundialmente conhecida como a Cidade das Luzes, título que lhe vem do iluminismo, tornou-se num dos principais centros turísticos do mundo, tal a beleza da sua arquitectura, as suas perspectivas urbanas, as avenidas que a atravessam ou os museus que a enriquecem. Capital de um império que se estendeu por vários continentes, Paris continua a deter uma forte posição como pólo comercial, industrial, financeiro e turístico, que a mantém como a capital do mundo francófono. A primeira vez que a visitei tinha atingido a maioridade. Duplamente. Pela idade – ao tempo 21 anos – e pelo casamento realizado uns meses antes. Mergulhei, assim, pela mão do marido recente, nos museus, nos clubes de jazz, na Cinemateca, nas livrarias, enfim, no que se costuma chamar o lado cultural das viagens que fazemos. Voltei lá dezenas de vezes por razões profissionais – as reuniões da Aviação Civil, que foi a minha casa durante mais de dez anos, eram, frequentemente, naquela capital. Foi nessas andanças que tive a oportunidade de conhecer o lado escondido duma
102
«I love Paris in the spring time I love Paris in the fall I love Paris in the summer when it sizzles I love Paris in the winter when it drizzles I love Paris every moment Every moment of the year I love Paris, why oh why do I love Paris? Because my love is here»
«outra» cidade, tantos foram os olhos que ma foram mostrando. Até que, um dia, fui viver para lá. Aí, sim, eu descobriria a minha segunda pátria. A dos jardins, lojas, casas, recantos, restaurantes, paisagens que menos se conhecem. Foi nessa época que entendi o significado da palavra «flanner» e o prazer que ela comporta. Não é apenas passear. É bastante mais. É andar sem rota ou destino, registando tudo o que se passa à nossa volta e tendo sempre a impressão de que o fazemos como se fosse a primeira vez Conheço, hoje, cada recanto, cada banco de jardim, cada esplanada. Foi neles que, durante anos, se desenrolou uma das fases mais felizes da minha vida. Poderia ter falado dos museus que visitei, das igrejas onde rezei, das exposições que vi, dos espectáculos que presenciei. Mas nada disso seria muito diferente das outras capitais que conheço. Paris é, sobretudo, aquilo que não vem nos guias ou nos roteiros. Paris é, principalmente, um estado de alma! De forma um pouco inesperada, a vida familiar obrigou-me a uma escolha dolorosa, que acabou por me trazer de regresso a Portugal. Ainda me lembro das lágrimas que discretamente me correram pela face quando o avião descolou. Era uma espécie de aperto, a certeza de que «aquele tempo» não voltaria nunca mais. Retorno sempre que posso. Um fim-de-semana prolongado é bastante para voltar a sentir-lhe o cheiro, a luminosidade, a vida. Mas a alma, essa, ficou lá naquele dia de Outubro em que aterrei em Lisboa! LA
O N D E L A M AG
Paris, que im porta a ilusão, se ela for verdade O Roteiro de hoje, não é o de amanhã. Aqui vai um pedaço do efémero parisiense
em Paris P or L eonor B aldaque Fotogra f ia Hél è ne Harder
P
aris é a cidade que nos faz esquecer que todas as outras existem. E o que é França para além da capital? Que inesperado, ao apanhar o comboio, ver as paisagens desfilar, e descobrir casas noutros sítios e um país atravessado de estradas. Paris é uma aspiração, uma recompensa, ou um traumatismo. Acolhedor? Não, a cidade filtra, selecciona e elimina. Guarda apenas os que aceitam as regras de entrada e saída em cena de um imenso teatro urbano, em troca de um enriquecimento constante, e de raros momentos de recolhimento. Tudo o que se diz é verdade: sobre a elegância, o refinamento,
104
a cultura. Sobre o castigo também, que a sociedade inflige aos que acreditam, como nas histórias de Saint-Simon, que uma posição social adquirida é algo de inabalável. A cada dia nasce em Paris um novo ditador dos espíritos, um novo conquistador. Chega sempre o momento em que este último, ao contemplar o tabuleiro das jogadas sociais, diz “xeque-mate”; mas ao levantar triunfante o olhar, ele vê diante de si um novo adversário. Não, Paris não mantém jovem o semblante, nem inocente o coração – mas alerta o espírito e pede um guarda-roupa preenchido. Seja como for: tarde de mais para desejar outra vida. LA
Les Cahiers de Colette
Colette Kerber é uma das livreiras mais respeitadas de Paris. Uma excelente livraria, com um fundo permanente de “essenciais” nem sempre fáceis de encontrar. A par disso, uma atenção constante ao que surge de novo no – oh quão irrequieto – meio literário parisiense.
Leonor Baldaque
Vive em Paris desde 2001, a cidade que “faz esquecer todas as outras” . Descubra as suas moradas favoritas.
Café Verlet
Porque cheira a frutos cristalizados, café, sacos de juta e madeira antiga. E porque aqui se admiram as c hiquíssimas japonesas, de passagem por Paris durante as Fashion Weeks. O café citadino, onde se vai de passagem para tomar uma decisão importante. Ou para descansar depois do Louvre.
Heimstone
Belíssima primeira colecção no Inverno de 2007, de vestidos apenas. Desde então, as duas jovens criadoras da marca têm evoluído sempre na mesma linha: algo entre o colegial e o rock, associando tecidos brutos e nobres. Para quem respeita a moda sem a levar a sério.
O N D E L A M AG
La Victoire Suprême du Coeur
A «cantina» de uma vegetariana, para quem Seitan aux Champignons vale mil Boeuf Bourguignon... Luminoso, tranquilo, e com espaço entre as mesas, uma raridade em Paris. Apesar do nome, nenhum guru à vista.
Shine & APC
Num dos quartiers mais em voga de Paris, o Haut-Marais, a Shine é uma loja multimarca, que a cada estação dá a conhecer um estilista de ponta, desconhecido ou esquecido - por entre os vestidinhos de cocktail Marc Jacobs; quanto à APC, é a coqueluche das vedetas quando querem parecer casuais. Vestidos de algodão ou de veludo canelado, como os da nossa infância, aliados a um design simplicíssimo, que desafia as convenções da moda.
106
58M & Iris
Duas lojas fétiches para o mais fétiche dos acessórios: os sapatos. Excelente selecção, na 58m, sobretudo Lanvin, e Marc Jacobs. Se não, rumo a Saint-Germain à Iris para os Véronique Branquinho ou a recente linha da See by Chloé.
Jardins & squares
Destino de uma saída ou pausa a meio de um dia, são parte da alma de Paris. Também aqui se mede o grau de civilização de um país. Belíssimo, também o jardim em frente ao Institut Suédois. Ou então, o Jardins das Tuileries, que viu Marie Antoinette fugir na noite do 21 de Junho de 1791.
Hotel Bel Ami
Porque é luminoso, tranquilo e tem um atendimento em que, curiosamente, muitos falam português. Porque tem o mesmo nome de um romance de Maupassant e fica na mesma rua do Hotel Louisiann, que acolheu Sartre e Beauvoir durante a Segunda Guerra. A dois passos do Odéon, da Rue Jacob e do inescapável café La Palette, onde desfilam os dandys de Saint-Germain, o Bel Ami está «where the action is». Mais, agora tem também na vizinhança o novíssimo La Societé, tido como um dos restaurantes mais trendy da cidade.
Tea Caddy
14, Rue Saint Julien le Pauvre 75005 Café Verlet
256, Rue Saint Honoré, 75001 Palais des Thés
64, Rue Vieille du Temple 75004 Shine
15, Rue de Poitou 75004 APC
112, Rue Vieille du Temple 75004 Heimstone
23, Rue diu Cherche-Midi 75006 58m Tea Caddy
Felizmente, as relações entre França e Inglaterra não se reduziram aos confrontos de Wellington com Napoleão. Em frente à belíssima igreja de Saint Julien le Pauvre, o Tea Caddy é o lugar sonhado para um chá de Inverno, antes ou depois de um cinema no Quartier Latin. Funciona numa invulgar estrutura de casa medieval que abriga os murmúrios dos convivas. Loiça azul, scones de Devon com clotted cream. Simplesmente “out of the way”!
58, Rue Montmartre 75003 Iris
28, Rue de Grenelle Les Cahiers de Colette
23, Rue Rambuteau 75003 Hotel Bel Amin
11, Rue S. Benoît 75006 La Victoire du Coeur
Suprême
21, Rue du Bourg-Tibourg 75004
Š Eric Laignel
O N D E L A M AG
108
uma ci dade de se com er... T e x to M iguel A larcão J ú dice
P
LE MEURICE 228, rue de Rivoli 75001 Paris T +33 (1) 44 58 10 55 www.lemeurice.com
aris é de se comer... a capital francesa é também a capital mundial da arte de bem comer e de melhor beber. Apesar de alguns pre-conceitos que muitas pessoas têm em relação à cozinha francesa (fruto de algum desconhecimento da sua riqueza), erradamente e excessivamente etiquetada com a “míngua” da nouvelle cuisine, esta permanece uma das «grandes» do mundo. Além do seu valor intrínseco, a cozinha francesa é das poucas que têm uma expressão verdadeiramente global, pois viaja para restaurantes franceses nos quatro cantos do planeta, servindo ainda, graças às suas técnicas e métodos de base, de inspiração de muitas cozinhas de hoje. E em nenhum outro país do mundo, a gastronomia tem um papel tão central na sociedade. A prová-lo está a recente candidatura a Património da Humanidade, entusiasticamente apoiada por Sarkozy. Mas Paris não é apenas a cidade da cozinha francesa, longe disso. Na verdade, é uma das metrópoles mais cosmopolitas e sofisticadas do mundo (para todos os franceses e muitos outros será mesmo a «mais») e por isso possui alguns dos melhores restaurantes de cada cozinha,
nomeadamente os que representam as zonas do globo por onde os franceses andaram ao longo dos séculos. Facilmente se encontram aqui fantásticos restaurantes de cozinhas de «mundos exóticos», do Magreb à Indochina, da Guiana às ilhas do Índico, da Polinésia às Antilhas Francesas das Caraíbas. O protagonismo culinário de Paris foi sendo construído ao longo dos séculos por personalidades centrais na história da gastronomia mundial, como Vatel, Carême, Escoffier, Brillat-Savarin ou César Ritz, enfim, pessoas que ajudaram a criar a cozinha dos nossos dias. Mais recentemente outros seguiram os passos destes grandes nomes, dando novos horizonte à cozinha francesa. Entre estes contam-se jornalistas como Henri Gault e Christian Millau, chefs como Ducasse, Guy Savoy, Joël Robuchon, Le Divellec ou Pierre Gagnaire. Graças a eles, Paris é hoje uma cidade à qual se vai comer com o mesmo entusiasmo com que se vai a uma exposição no Louvre ou no Pompidou, ou às lojas da Avenue Montaigne e do Faubourg Saint-Honoré, com propostas para todas as bolsas e gostos. Tome nota de algumas dicas para uma futura visita. LA
O N D E L A M AG
La tradition
contam-se o Aux Lyonnais, o Chez Georges, o Les Cocottes, o Chez Michel, ou o L’Ardoise. Drouant: onde se atribui o célebre prémio Goncourt. C’est mon plaisir: um restaurante discreto que é uma das melhores surpresas de Paris. Les Cocottes de Christian Constant: pratos de autor servidos em cocottes. LA © Corbis/VMI
Brasseries para todos os gostos: há em todos os quartiers de Paris. Os nomes mais sonantes incluem La Coupole, Julien, Flo, Lipp, Bofinger. Bistrots: existem a cada esquina e são geralmente uma boa escolha para uma refeição simples de petiscos franceses como moules, huîtres, escargots, queijos, etc. Entre os mais famosos
Smart casual
La Societé: o novo dos irmãos Costes, que têm outros restaurante de moda pela cidade fora, oferece um ambiente cosmopolita povoado de celebridades e uma cozinha descontraída. Outra alternativa é o próprio Hotel Costes. L’Atelier Joel Robuchon: uma proposta inovadora deste grande chef, que aqui sai do seu mundo da alta cozinha para criar um conceito de bar de tapas extraordinaire.
© Olivier Roux
ENRICO BERNARDO NO RESTAURANTE IL VINO 13, boulevard de la Tour Maubourg 75007 Paris T +33 (0) 1 44 11 72 00 www.ilvinobyenricobernardo.com
110
Le Jules Verne: a cozinha de Ducasse no ambiente mágico da Torre Eiffel, c’est pas mal... Il Vino: aqui o protagonista é o vinho, a comida vem depois, sugerida pelo sommelier Enrico Bernardo para fazer maridagem com o que o cliente escolheu beber. Kong: outro espaço concebido por Starck, este oferecendo uma fusão de ambiente e cozinha entre Paris e Tóquio.
© VVZitzewitz
ALAIN DUCASSE AU PLAZA ATHÉNÉE 25, avenue de Montaigne 75 008 PARIS T +33 (0) 1 53 67 65 00 www.alain-ducasse.com
Alta cozinha
Pierre Gagnaire: o Picasso do paladar é um dos grandes cozinheiros do mundo. Num registo mais económico, vale a pena provar o seu segundo restaurante, Gaya, em Saint Germain des Près. Guy Savoy: cozinha exemplar de um dos grandes nomes da cozinha mundial. Regra geral, quando o nome do chef serve de marca ao restaurante, a probabilidade de ter uma destas estrelas atrás dos tachos aumenta. LA
© Laurence Mouton
Chef Alain Ducasse
Alain Ducasse au Plaza Athénée: o mais emblemático da cidade, onde cozinha aquele que é talvez o grande chef do século XX. Le Meurice: recentemente renovado pela mão de Starck, é famoso pelo bon marché da sua proposta de almoços. L’Ambroisie: num canto recatado da deslumbrante Place des Vosges, Bernard Pacaud pratica uma cozinha clássica de grande qualidade.
L’ATELIER JOEL ROBUCHON 5, rue de Montalembert (corner of rue du Bac) Paris 7th arrondissement T +33 (1) 42 22 56 56 www.joel-robuchon.com
GUY SAVOY Rue Troyon 75017 Paris, France T +33 (1) 43 80 40 61 www.guysavoy.com
O N D E L A M AG
A casa encantada T e x to : J oana C atarino
A padaria onde Victor Hugo comprava baguettes frescas todas as manhãs deu lugar a um hotel nascido das mãos de Christian Lacroix. Com apenas 17 quartos, todos diferentes, o Hotel du Petit Moulin é uma experiência imperdível 112
cada um dos 17 quartos conta uma história diferente
N
o coração do Marais, o Hotel du Petit Moulin é uma verdadeira pérola no centro de Paris. Erguido num quarteirão boémio, fazendo a esquina da Rue du Poitou e da Rue de Saintonge e dando nova vida a um edifício cuja fachada remonta ao século XVII e está protegida como monumento histórico da cidade, este pequeno e absolutamente encantador hotel parece saído de um daqueles contos que ganham vida no nosso imaginário, enchendo-nos de desejos de romantismo e aventura. O que o torna ainda mais especial? O Hotel du Petit Moulin é, ele próprio, um pedaço de história de valor incalculável. Uma fachada de linhas irregulares e proporções insólitas revela a mais antiga padaria da cidade-luz (do tempo de Henrique IV), onde o próprio Victor Hugo – que vivia ali ao lado, na Place des Vosges – passava todas as manhãs para comprar baguettes frescas. Hoje, o anúncio original da boulangerie, conservado como novo, dá entrada à recepção do Hotel du Petit Moulin. A traça da padaria mantém-se, adaptada às suas novas funções pelas mãos talentosas do inigualável Christian Lacroix, que deu vida a esta verdadeira jóia arquitectónica.
Um sonho realizado
Contíguo à recepção, um salão rico, lacado em cor de beringela, dá acesso aos elevadores
Lacroix e Murano conheceram-se por acaso. O criador, que vive ali perto, andava intrigado para ver o resultado da recuperação do edifício do século XVII e do prédio vizinho – outrora um hotel e bar de reputação duvidosa. Quando recebeu o convite, não hesitou por um
O N D E L A M AG
momento. «Quando Nadia Murano, Dennis Nourry e Jean-François Demorge, os três proprietários do hotel, me pediram para colaborar com eles neste projecto, fiquei com a impressão de estar a redescobrir um sonho de infância: o de viver num hotel, vesti-lo e criar uma nova decoração a cada dia, conjugando ambientes, volume e espaço», conta Lacroix. Mais do que entusiasmá-lo, a ideia de redescobrir o Hotel du Petit Moulin e poder dar-lhe uma nova forma e uma nova vida entranhou-se no espírito do criador. Observando cada detalhe do secular edifício, da sua fachada enviesada, dos corredores esguios, dos tectos a várias alturas, Lacroix chegou a uma conclusão: aquele nunca seria um hotel como os demais. Assumindo tudo o que aquele edifício encravado entre duas ruas do Marais, perto do Museu Picasso, do Museu Carnavalet, da Place des Vosges e da Câmara de Paris, tinha de especial, o criador foi além da fachada despretensiosa e criou um hotel idiossincrático, intimista, com um design ousado e quartos que, ao fim do dia, são verdadeiras obras-primas de criatividade.
Entre os paradoxos do Marais
Além da entrada singela, esconde-se um mundo de con-
trastes inspirado no próprio bairro do Marais – de personalidade distinta e rico em paradoxos, quer se esteja interessado em arte contemporânea ou se vibre com a moda, o vintage ou a modernidade. Logo na recepção misturam-se as várias tendências, criando um estilo veneziano em tons de verde-amêndoa, coroado por cortinados de tafetá bordeaux. Com a ajuda de Anne Peyroux, Lacroix recriou um dos recantos do piso térreo, transformando-o num acolhedor bar de paredes de cores quentes decoradas com tapeçarias de época e frescos, balcão de zinco e cadeiras saídas dos anos de Woodstock, como rebuçados amarelos e cor-de-rosa pastel.
114
na recepção misturam-se as várias tendências, criando um estilo veneziano
sala contigua à recepção
Contíguo à recepção, um salão rico, lacado em cor de beringela, dá acesso aos elevadores decorados com colagens que nos transportam a um universo paralelo. Rendendo homenagem à pitoresca Paris do século XVII, através da restauração de relíquias como as escadas de madeira, os painéis pintados e os espelhos venezianos, quanto mais se entranhava no projecto mais Lacroix tinha uma certeza: teria de ser absolutamente coerente com o espaço e o local preciso em que se enquadrava cada quarto. Assim, decorou cada um deles individualmente, de acordo com a sua orientação, pé direito e localização face ao coração do hotel. Mais importante ainda: «Cada quarto devia relacionar-se com o início de uma história, deixando em branco o final, para que cada hóspede a pudesse terminar à sua vontade.»
Estilos entrelaçados
Nos pisos superiores, pisamos a relva verde dos corre-
dores, as paredes forradas de padrões ricos de riscas e bolas, entrecortados aqui e ali por molduras brancas das quais sobressaem as portas dos apenas 17 quartos, lacadas de negro. Dentro de cada um deles, há uma experiência diferente e única à espera de ser descoberta: pilastras, cornijas e consolas conjugam-se com paredes forradas a papel dourado ou desenhos de flores selvagens, riscas grossas ou bolinhas; o cabedal vive ao lado de tafetá, linho e veludo. Há painéis ousados sobre as camas e caleidoscópios barrocos, desfiles de sketches de moda ou pedras preciosas e até um painel que representa o espaço, salpicado com todas as estrelas do universo. Da mesma forma que os modelos desenhados por Lacroix são uma extravagante composição de texturas, cores e influências geográficas e históricas, assim são também os quartos do Hotel du Petit Moulin. A madeira é lacada, o chão nu ou apenas semicoberto por um tapete simples, as mobí-
lias eclécticas. Cadeiras swan com a assinatura de Arne Jacobsen coexistem com espelhos venezianos, televisões de ecrã plano e camas de roupa fresca e branca. Nas casas de banho, forradas a azulejos de cores vivas, as imensas banheiras dominam o espaço e chamam-nos para que nos rendamos aos encantos dos produtos de banho de Anne Semonin.
Alta costura
Resumindo, o Hotel du Petit Moulin, nascido da parceria destes mestres da criatividade, revela-se como uma espécie de casa de vestir de alta costura. Porque a cozinha é muito pequena e não está preparada para pratos complexos, aqui apenas se servem pequenos-almoços, mas os hóspedes podem, sempre que quiserem, encomendar comida dos muitos restaurantes em volta – se estiverem demasiado encantados com o hotel para sair em exploração dos milhares de encantadores cafés, galerias e lojas que salpicam as ruas adjacentes. Inaugurado em Janeiro de 2003, o Hotel du Petit Moulin é o primeiro de quatro projectos e rejeita em absoluto a ideia de qualquer hotel pertencente a uma grande cadeia internacional. Intimista, confortável, charmoso, recria um ambiente de sonho e fantasia que todos merecemos experimentar. «É como o design de moda, em que a harmonia se cria a partir de uma paleta de inspirações, o sentimento do momento é alimentado por elementos do passado, a modernidade vive nas tradições do presente», diz Lacroix. E nós não poderíamos fazer melhor. LA
O N D E L A M AG
www. lesgour mandis esdeloli talem picka.com
Deveria ser um website proibido, mas não o sendo, o melhor é aproveitar. Siga as ilustrações, puxe os cordelinhos e descubra chás, biscoitos, chocolates e doces, com nomes tão divertidos como Gai Thé, Mon Coeur Balance ou Traitement de Choc. E as embalagens? Apetece comprar tudo, mas se não o quiser fazer online, poderá fazê-lo in loco, em vários pontos do nosso país. Saiba onde em www.luxury.pt.
www.artydandy.com
É uma galeria e também uma loja. É um espaço onde vai encontrar objectos que surpreendem pela sua audácia, poesia e humor. São peças únicas, edições limitadas, artigos raros que nem por isso deixam de ser contemporâneos. Há livros e revistas de design, acessórios de moda e objectos decorativos, que podem ser definidos, usando as palavras de Ettore Sottgass a propósito do design, como uma «metáfora social».
www. repet to.com
A senhora quer dançar? Então este é o website a consultar. A história começa em 1947, quando Rose Repetto cria as suas primeiras sapatilhas de ballet e continua até aos nossos dias com muitas outras criações de uma enorme perfeição. Criações que já não dançam só ballet, mas que também sabem dar passos de charleston, tango, cabaret, salsa e até jazz. Escolha o ritmo que mais se adequa ao seu estilo de vida.
www.chantalthomass.fr
É uma perdição. Irreverente e divertido, prende os sentidos e convida a sua imaginação a perder-se em requintadas histórias de sedução, que se traduzem em móveis, automóveis e muitas outras ousadas criações. Descubra as novas colecções, os perfumes, jóias, velas, lojas e todo um mundo inventado por Chantal Thomass. Irresistível.
www.bonpoint.com
Duas cerejas amarelas convidam-nos a entrar. Tudo neste website é charme e arrebata os corações das mamãs. É difícil não querer ver os filhos vestidos com as sugestões que desfilam alegremente pelo ecrã. Aqui se combina um estilo de vida bem-disposto, confortável e elegante.
www.lagrandeepicerie.fr
Muito há a explorar neste website. Desde a Boutique en Ligne ao Traiteur que trata de recepções à medida da vontade de cada cliente, existem ainda os Les Cadeaux d’Affaires para empresas que gostam de impressionar e outros segredos que vale a pena descobrir. Mas a boutique é fabulosa. Alguns dos produtos são incontornáveis, mas há também as criações dos chefs e aqueles que nos devolvem às origens. O melhor é começar pelos do momento, que é sempre a melhor altura.
www.diptyqueparis.com
Praticamente com 50 anos, a Dyptique Paris continua com o mesmo bom gosto e criatividade com que apaixonou o público quando abriu as portas para vender tecidos e pouco mais. Em 1963, lançaram as suas primeiras velas: Aubépine, Cannelle e Thé. Foi tal o sucesso, que três velas passaram a mil velas e as fragrâncias assumiram diversas formas de perfumar a casa e também os donos dela. Hoje até vão de férias consigo.
116
www.mylittleparis.com
Moradas secretas e ideias insólitas para viver Paris além dos guias turísticos. Se pretende viajar até à capital francesa, não pode fazê-lo sem visitar este website. Aqui fica a saber onde encontrar terraços secretos, velhas garagens onde se dança o tango, datas e moradas para os mais desejados saldos privados, ideias para prendas, lofts na pradaria e dúzias de sugestões geniais.
www.michel-paris.com
Desde 1936 que a Maison Michel tem vindo a criar deslumbrantes chapéus e acessórios para o cabelo. Ano após ano, colecções ultra-femininas que aliam humor e elegância, fazem das cabeças palcos que encenam novos conceitos. A irreverência é uma constante que acrescenta originalidade às criações de Laetitia Crahay. Descubra no website como a nova colecção decora algumas das mais célebres cabeças do mundo.
www.astierdevillatte.com
Logo na home page se prevê um futuro auspicioso. A seguir vem um jogo de ilusões e revelações, que pode demorar horas a fio. Vai entrar num mundo encantado de porcelanas, móveis antigos, velas, livros, baixos-relevos, bustos, produtos de beleza e muitas outras peças que brincam com os seus sentidos. Tudo é perfeitamente imperfeito, mas de uma qualidade irrepreensível. Infelizmente, não pode comprar nada online. Faça a sua lista de desejos e guarde-a para quando for a Paris.
www. colette. fr
Refrescante. A morada ideal para quem gosta de seguir tendências. Há sempre novidades e boas ideais, sejam para brincar, vestir, ler, ouvir. Alertamos para o facto de este ser um website extremamente viciante, mas a Colette sempre gostou de alimentar vícios e obsessões e um bom exemplo disso é Hooked on Colette, um CD estonteante, para ouvir sem moderação.
paris by net T e x to cláudia candeias
Hoje em dia é tão fácil ir a Paris como trazer Paris até si. A segunda hipótese pode parecer mais barata, mas essa é uma doce ilusão. Os websites estão cada vez mais tentadores e comprar online tornou-se tão simples. Basta um clique e voilà, o melhor de Paris está à porta. Mas quer queira comprar ou simplesmente deleitar-se, aqui ficam algumas moradas imprescindíveis da net www.ladurée.fr
Um website de comer e chorar por mais. A música começa e já o coração pula de ansiedade para chegar ao canto dos macarons e vê-los passar coloridos à frente dos nossos olhos. Melhor, só mesmo vê-los arrumadinhos naquelas caixas elegantes, que apetecia ter mesmo ao lado do computador. Mas há mais no universo Ladurée para além dos macarons, só não prometemos é que sejam mais fáceis de ver e não comer.
O N D E L A M AG
T e x to A na E steves Fotogra f ia M ário P rincipe P rodução M aria J oão Pais M a k e - up / C abelos A ntó nio C arreteiro
Cris tina Carva lho 118
Veuve Clicquot Rosé Ice Dress
Vela de Jasmim lanidor
Faz parte de uma instituição financeira, mas isso não apaga o seu lado mais colorido e até artístico. Licenciada em História da Arte, frequentou o curso de canto do Conservatório Nacional e fez parte do Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Tem saudades desse tempo, mas afirma que como responsável pela área de Relações Públicas do Banco Santander também tem de dar asas à criatividade. No dia-a-dia, o seu estilo não pode fugir a uma certa formalidade. Animá-lo com as novas tendências é um desafio que adora
Peça de Inverno Lanidor: Vestido branco
Um sonho: ter sido bailarina
lanidor
O que mais valoriza quando acaba de conhecer alguém? Num primeiro impacto, a imagem é muito importante. No entanto é feita não só pela forma como a pessoa se apresenta mas sobretudo pela atitude. É na atitude que se reflecte o estilo, a personalidade, a confiança. Valorizo uma atitude confiante. O que não perdoa na imagem de uma pessoa? O desmazelo. Até que ponto podemos dar a conhecer-nos através do que usamos? O que usamos diz muito de nós e é isso que deve nortear a nossa relação com a moda: devemos conhecer-nos para sabermos o que melhor nos fica e o que nos valoriza para desenvolvermos um estilo pessoal. O segredo está em conhecermo-nos bem. A melhor imagem é a que melhor revela a nossa personalidade e identidade. A sua imagem ajudou-a profissionalmente? Sim, penso que o facto de sempre ter tido a preocupação
de adequar a minha imagem às diversas situações na vida me valorizou também profissionalmente. Tento sempre lidar com a moda de uma forma saudável e na medida em que me pode valorizar, até para daí retirar alguma confiança e bem-estar. Quais os rituais de beleza que não dispensa? Diariamente, oito horas de sono e muitos cremes! Por semana, uma máscara. Massagens sempre que possível. O que faz nos tempos livres? Leio, estudo canto e procuro passar o máximo tempo possível com os amigos. Adorava poder dedicar-me mais à música. As compras podem ser terapêuticas? Muito, pela satisfação de comprar uma peça que nos valoriza, que nos faz sentir melhor connosco e com o mundo. É quando investimos em nós. Aconselho sempre uma tarde de compras com as amigas para levantar o ânimo! LA
Um aroma Jasmim Um restaurante inesquecível A Figueira, em São Paulo A viagem da sua vida Brasil Um objectivo para o Outono Retomar o piano. Um sonho Ter sido bailarina. Alia a estética com a disciplina. O fim de tarde perfeito Lugar tranquilo junto ao mar. A bebida preferida Champanhe. A peça de roupa que melhor a define Vestido - é prático e ao mesmo tempo elegante. O acessório indispensável Brincos. Remata qualquer toilette. Lanidor é sinónimo de... Actual , feminino, bom gosto. Sapatos ou jóias? Jóias porque são eternas. Saltos altos ou sabrinas? Sapatos altos, sempre. Sabrinas só no fim-de-semana à tarde. Um dia de SPA ou uma caminhada? Um dia de SPA, sem dúvida. Esta estação vai querer ter... Sapatos, carteiras e os vestidos brancos da nova colecção da Lanidor!
h oró scopos L A M AG
P R EVISÃO J OÃO J AC IN TO jmmj.seterios@hotmail.com //919671714 F OTO S T E R E S A A I R E S
Aries Signo CARDINAL ELEMENTO FOGO
PLANETA MARTE
Seja persistente na sua organização e capacidade de planeamento. Prepara-se para um aumento de responsabilidades em termos profissionais. Afectivamente, liberte-se de relacionamentos pouco consistentes. Deverá procurar a harmonia, a criação de projectos a dois e empenhar-se na interdependência. Aceite reestruturar-se emocionalmente e definir os modelos afectivo-familiares. Financeiramente, poderá beneficiar de situações inesperadas. Atenção ao sistema nervoso e ao aparelho digestivo. Os nativos nascidos entre 7 e 16 de Abril estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 21 e 25 de Março e 16 e 19 de Abril estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 12 e 13 de Abril estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 29 e 30 de Março e 13 e 14 de Abril estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 21 e 24 de Março estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
Taurus Signo FIXO ELEMENTO TERRA
PLANETA VÉNUS
Para que possa ser em vez de parecer, aprenda a valorizar toda a sua riqueza interior e evolua social e culturalmente. Faça contactos, viaje para o exterior, participe em tudo o que possa contribuir para fortalecer a sua expansão pessoal, tanto profissional, como afectiva e emocionalmente. Este período será favorável a financiamentos, aquisições e/ou a ganhos. Planeie actividades físicas e crie novos hábitos que beneficiem a sua energia e saúde.
Os nativos nascidos entre 8 e 17 de Maio estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 20 e 25 de Abril e 2 e 10 de Maio e 17 e 20 de Maio estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 28 e 29 de Abril e 13 e 14 de Maio estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 14 e 15 de Maio estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 20 e 24 de Abril; 6 e 9 de Maio estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
Gemini Signo MUTÁVEL ELEMENTO AR
PLANETA MERCÚRIO
Para conseguir uma maior consistência da sua identidade, do papel que desempenha social e profissionalmente, conquistando uma maior intimidade e um sentido de partilha mais positivo e responsável, tem de reorganizar o seu espaço interior e cimentar os alicerces emocionais. A sua vida financeira está também num ponto de viragem, que lhe trará, a longo prazo, um retorno positivo. Poderão surgir alguns problemas de saúde, que estão relacionados com o stress e que não têm consequências graves. Os nativos nascidos entre 8 e 18 de Junho estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 21 e 26 de Maio e 18 e 21 de Junho estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 13 e 14 de Junho estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 14 e 15 de Junho estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 21 e 25 de Maio estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
Cancer Signo CARDINAL ELEMENTO ÁGUA
PLANETA LUA
A carência de intimidade, a excessiva sensibilidade e também a imaturidade emocional podem dificultar uma interdependência salutar e responsável. Ponha as ideias no lugar e faça um esforço para sair definitivamente do conflito interior, para que as recordações, mágoas e culpabilização dêem lugar à conquista de harmonia e paz interior. A criatividade e a produtividade estarão beneficiadas. Período não propício a investimentos. A sua energia e vitalidade sofrerão oscilações, de acordo com os seus estados de humor. Os nativos nascidos entre 10 e 19 de Julho estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 22 e 26 de Junho e 19 e 22 de Julho estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 15 e 16 de Julho estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 30 de Junho e 1 de Julho; 16 e 17 de Julho estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 22 e 25 de Junho estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
LEO Signo FIXO
ELEMENTO FOGO PLANETA SOL
Liberte-se de tudo o que ainda dificulta a expressão do seu ser mais autêntico, evitando perder-se em grandes introspecções. Procure o equilíbrio através de projectos que lhe dêem prazer. Uma fase de ascensão profissional abrirá novos horizontes, ajudando à sua expansão, à aceitação de mudanças e à (re)criação de uma nova filosofia de vida. Evite quaisquer tensões afectivo-familiares. Financeiramente tenderá a organizar-se e a beneficiar de lucros ou de eventuais mudanças na área laboral. A sua energia poderá ser afectada por alguma tendência depressiva e/ou evasiva. Encontre a cura no trabalho.
Os nativos nascidos entre 10 e 19 de Agosto estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 23 e 27 de Julho e 4 e 12 de Agosto e 19 e 22 de Agosto estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 31 de Julho e 1 de Agosto e 15 e 16 de Agosto estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 16 e 17 de Agosto estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 23 e 26 de Julho e 8 e 11 de Agosto estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu
Virgo Signo MUTÁVEL ELEMENTO TERRA
PLANETA MERCÚRIO
Uma maior maturidade, fruto de um percurso, nem sempre fácil e rápido, faz com que se sinta mais capaz e seguro(a), para desenvolver e concretizar projectos que lhe proporcionem uma maior tranquilidade no campo profissional, afectivo e familiar. Financeiramente está numa fase que, lenta mas progressivamente, lhe trará a recompensa pelo seu empenho. A sua vitalidade e energia poderão estar mais susceptíveis a ambientes hostis ou a alguns elementos tóxicos.
Os nativos nascidos entre 10 e 19 de Setembro estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 23 e 28 de Agosto e 19 e 22 de Setembro estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 15 e 16 de Setembro estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 16 e 17 de Setembro estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 23 e 27 de Agosto estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
120
Out. Nov. Dez. 2009 LIBRA
Signo CARDINAL ELEMENTO AR PLANETA VÉNUS
Será um período intenso de resoluções. Fecham-se ciclos e nasce uma nova consciência sobre quem é, o que quer e o que os outros representam para si. O rigor do tempo e das dificuldades desvanecer-se-ão e darão lugar a uma maior harmonia do Eu. Tudo o que esteja associado à casa, família e património será objecto de análise e de mudança. Não faça grandes investimentos e tenha atenção aos gastos supérfluos. As tensões que ainda persistem poderão enfraquecê-lo(a), deixando-o(a) mais susceptível a infecções, alergias… Os nativos nascidos entre 11 e 21 de Outubro estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 23 e 27 de Setembro e 20 e 23 de Outubro estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 16 e 17 de Outubro estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 2 e 3 de Outubro e 17 e 18 de Outubro estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 23 e 26 de Setembro estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
SCORPIO
Signo FIXO ELEMENTO ÁGUA PLANETA REGENTE PLUTÃO
A excessiva sensibilidade e a constante procura, vão levá-lo(a) viver tudo muito intensamente, a sofrer pelo que não tem resposta ou com o inalcançável. Aprenda a conhecer-se, através do que lhe proporciona tranquilidade, consistência e maturidade. Percorra os caminhos mais complexos da existência, para lentamente resolver o que para si é tão importante. Deverá agir com determinação e de forma positiva perante as oportunidades profissionais, sem se deixar influenciar pelo que emocionalmente mais o(a) afecta. Este período será financeiramente estável.
Os nativos nascidos entre 10 e 20 de Novembro estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 24 e 28 de Outubro, 4 e 12 de Novembro e 19 e 22 de Novembro estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 31 de Outubro e 1 de Novembro e 15 e 16 de Novembro estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 16 e 17 de Novembro estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 24 e 27 de Outubro e 8 e 11 de Novembro estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
Sagittarius
Signo MUTÁVEL ELEMENTO FOGO PLANETA JÚPITER
As suas energias serão direccionadas para áreas nos quais consiga potencializar as suas ferramentas pessoais, criatividade, e haja uma maior responsabilidade por tudo o que executa. Poderão surgir novas amizades e as existentes serão alvo de uma atitude mais crítica. Nem sempre os relacionamentos afectivo/emocionais serão harmoniosos, devido às exigências que actuam contra o seu desejo de liberdade. No início, poderão surgir algumas dificuldades financeiras, que serão ultrapassadas a meio deste período. Tensões criadas por problemas de saúde de outros poderão afectar a sua vitalidade.
Os nativos nascidos entre 9 e 19 de Dezembro estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 23 e 27 de Novembro e 18 e 21 de Dezembro estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 14 e 15 de Dezembro estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 15 e 16 de Dezembro estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 23 e 26 de Novembro estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
CAPRICORN
Signo CARDINAL ELEMENTO TERRA PLANETA SATURNO
Mais convicção e firmeza do Eu e menos condescendência perante a imaturidade do(s) outro(s). Viva intimamente, de forma honesta e verdadeira, sem ter de estar constantemente a chamar à atenção e a estabelecer normas. Liberte-se dos relacionamentos incapazes de lhe proporcionar a paz e segurança que tanto anseia. Evite todo o tipo de investimentos durante este período, dando preferência à gestão individualizada dos seus potenciais e dos seus bens pessoais. Deverá haver alguma contenção em hábitos que afectem a sua energia e vitalidade. Atenção aos pequenos sinais de fragilidade física/psíquica. Os nativos nascidos entre 8 e 17 de Janeiro estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 22 e 26 de Dezembro; 17 e 19 de Janeiro estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 13 e 14 de Janeiro estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 30 e 31 de Dezembro e 14 e 15 Janeiro estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 22 e 25 de Dezembro estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
Aquarius
Signo FIXO ELEMENTO AR PLANETA URANO
A expansividade e desejos do Eu não deverão ser afectados pelas dificuldades com o(s) outro(s). Saiba agir responsavelmente e racionalmente, com firmeza e auto-estima, para que tudo o que ainda tenha viabilidade seja reconstruído. Profissionalmente será um período favorável, em que pode destacar-se e obter bons resultados. Ponha em prática os seus projectos sem receios e com convicção do seu potencial e valor. Em termos de saúde, a prevenção será essencial, para minorar qualquer problema que possa vir a afligi-lo(a).
Os nativos nascidos entre 6 e 16 de Fevereiro estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 20 e 24 de Janeiro, 31 de Janeiro e 8 Fevereiro e 15 e 18 de Fevereiro estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 27 e 28 Janeiro e 11 e 12 Fevereiro estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 12 e 13 Fevereiro estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 20 e 23 de Janeiro e 4 e 7 Fevereiro estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
Pisces
Signo MUTÁVEL ELEMENTO ÁGUA PLANETA NEPTUNO
Adapte-se às mudanças, crescendo interiormente e ganhando forças para enfrentar o inesperado. Assim alcançará a liberdade e a motivação para ir ao encontro dos seus desejos. A estrutura afectiva é necessária, devendo dar consistência aos relacionamentos que o(a) possam ajudar no seu processo de crescimento e de auto-conhecimento. Profissionalmente é uma fase de luta e de conquista, em que a teoria deverá dar lugar à acção. Seja persistente e saiba afirmar-se. Financeiramente, é tempo de reorganização. A sua energia e vitalidade poderão ser afectadas por causas psíquico-nervosas e/ou pequenos acidentes. Os nativos nascidos entre 8 e 17 de Março estarão sob influências benéficas, mais capazes de concretizar e de expandir o Eu com maior confiança; os nascidos entre 19 e 23 de Fevereiro e 17 e 20 Março estarão mais à defensiva, concentrados na definição das estruturas e na integridade do Eu; os de 13 e 14 Março estarão mais despertos para a mudança, em busca da diferenciação e de uma maior independência do Eu; os nascidos a 14 e 15 Março estarão motivados para a procura de novos ideais e desapegados do que os limita e lhes dificulta a unidade do Eu com o todo; os nascidos entre 19 e 22 Fevereiro estarão sob influências que os libertam do velho ego e os impulsionam a um renascimento mais consciente do Eu.
LA P
MAG
PORTUGAL ÁGUEDA WOMAN Av. Dr. Eugénio Ribeiro, 51 3750-146 ÁGUEDA T 234 623 796 ALBUFEIRA WOMAN C. C. AlgarveShopping, Lj. 1117 Tavagueira - Guia 8200-425 GUIA-ABF T 289 100 117 ALFRAGIDE WOMAN C.C. Alegro, Lj. 126 Estrada Nacional 117 - Outorela 2790-045 ALFRAGIDE T 214 186 598 KIDS & JUNIOR C.C. Alegro, Lj. 125 Estrada Nacional 117 - Outorela 2790-045 ALFRAGIDE T 214 160 532 ALMADA WOMAN C. C. Almada Forum, Lj. 2.30 Caminho Municipal 1011 Vale Mourelos 2810-500 ALMADA T 210 109 976 KIDS & JUNIOR C. C. Almada Forum, Lj. 1.27 Caminho Municipal 1011 Vale Mourelos 2810-500 ALMADA T 210 129 906 AMADORA WOMAN C. C. Dolce Vita Tejo, Lj. 1188 Av. Manuel Cargaleiro Casal da Mira 2650-435 AMADORA T 214 784 566 KIDS & JUNIOR C. C. Dolce Vita Tejo, Lj. 0083 Av. Manuel Cargaleiro Casal da Mira 2650-435 AMADORA T 214 795 385 ANGRA HEROÍSMO WOMAN Rua Direita, 99 9700-066 ANGRA DO HEROÍSMO T 295 628 720 AVEIRO WOMAN c. c. Forum Aveiro, Lj. 1.33/1.33A Rua Batalhão Caçadores, 10 3810-064 AVEIRO T 234 386 056 BARCELOS WOMAN Av. D. Nuno Álvares Pereira, 15 4750-324 BARCELOS T 253 812 859 BARreiro WOMAN C. C. Fórum Barreiro, Lj. 1.44 Rua Miguel Bombarda, 71 A Campo da Cordoaria 2830-354 BARREIRO T 212 072 737 BEJA WOMAN Rua Afonso Costa, 50 7800-496 BEJA T 284 322 845 BRAGA WOMAN C. C. Braga Parque Shopping, Lj. 130/131 Quinta dos Congregados 4710-427 BRAGA T 253 254 514 KIDS & JUNIOR C. C. Braga Parque Shopping, Lj. 157 Quinta dos Congregados 4710-427 BRAGA T 253 274 249 WOMAN C. C. Minho Center, Lj. 8-A Av. Robert Smith 4710-111 BRAGA T 253 248 894 WOMAN R. do Souto, 121/123 4700-326 BRAGA T 253 252 097 BRAGANÇA WOMAN Rua Almirante Reis, 28 - R/C 5300-077 BRAGANÇA T 273 329 464 CALDAS RAINHA WOMAN Rua Heróis Grande Guerra, 187-A 2500-215 CALDAS DA RAINHA T 262 835 604
CASCAIS WOMAN Av. Valbom, 11 2750-508 CASCAIS T 214 842 261 WOMAN C. C. CascaiShopping, Lj. 1.105 E.N. 9 2645-543 ALCABIDECHE T 214 600 131 KIDS & JUNIOR Rua Frederico Arouca, 28 A 2750-353 CASCAIS T 214 832 782 CASTELO BRANCO WOMAN C.C. Forum Castelo Branco, Lj. 1.07 6000-901 CASTELO BRANCO T 272 321 086 KIDS & JUNIOR C.C. Forum Castelo Branco, Lj. 0.04D 6000-901 CASTELO BRANCO T 272 321 087 CHAVES WOMAN Rua Santo António, 49 5400-069 CHAVES T 276 323 641 COIMBRA WOMAN Escadas S. Bartolomeu, 1 3000-362 COIMBRA T 239 825 918 WOMAN C. C. Dolce Vita Coimbra, Lj. 213 3030-327 COIMBRA T 239 705 241 WOMAN C. C. Forum Coimbra, Lj. 1.16 3044-520 COIMBRA T 239 812 072 COVILHÃ WOMAN C. C. Serra Shopping, Lj. 147 Av. Europa, Lote 7 6200-546 COVILHÃ T 275 325 062 ÉVORA WOMAN Praça do Sertório, 27 7000-509 ÉVORA T 266 741 039 FARO WOMAN Rua Vasco da Gama, 65 8000-442 FARO T 289 820 611 WOMAN Forum Algarve, Lj. 071 8005-145 FARO T 289 865 227 FELGUEIRAS WOMAN Av. Dr. L. Coimbra, Edf. Adr. Costa, L 1 4610-105 FELGUEIRAS T 255 311 099 FUNCHAL WOMAN C.C. Dolce Vita Funchal, Lj. 210, Piso 2 Rua Dr. João Brito Câmara, 9 São Pedro 9000-039 FUNCHAL T 291 221 133 WOMAN C. C.MadeiraShopping, Lj. 0.031 Caminho de Santa Quitéria 9000-283 FUNCHAL T 291 775 182 WOMAN C. C. Forum Madeira, Lj. 2.39 9004-568 FUNCHAL T 291 772 079 GONDOMAR WOMAN Av. Oliveira Martins - Edf. Prestige, Lj. 63 4420-230 GONDOMAR T 224 636 032 GUIMARÃES WOMAN Lg. Valentim Moreira de Sá, 92 S. Sebastião 4810-430 GUIMARÃES T 253 511 902 HORTA WOMAN Largo do Bispo Dom Alexandre, 11 9900-102 HORTA T 292 392 210 LEIRIA WOMAN Largo 5 Outubro, 41 2400-120 LEIRIA T 244 813 188 LINDA-A-VELHA WOMAN_KIDS & JUNIOR Gal. Central Park, Lj. 1,14/1.15/1.16 Av. 25 de Abril de 1974, 4 2795-195 LINDA-A-VELHA T 214 144 403 LISBOA WOMAN Av.Columbano Bordalo Pinheiro, 97-A 1070-062 LISBOA T 217 260 645 WOMAN C. C. Amoreiras Shopping Center, Lj. 2132/33/34/35 Av. Engenheiro Duarte Pacheco 1070-103 LISBOA T 213 872 544
KIDS & JUNIOR C. C. Amoreiras Shopping Center, Lj. 2027 Av. Engenheiro Duarte Pacheco 1070-103 LISBOA T 213 883 465 WOMAN Av. Roma, 22-A 1000-266 LISBOA T 218 488 781 WOMAN Av. Igreja, 15-C 1700-231 LISBOA T 218 471 193 WOMAN_KIDS & JUNIOR Flagship Store Av. Liberdade, 177-A 1250-140 LISBOA T 213 144 117 WOMAN Av. República, 45-C 1050-087 LISBOA T 217 972 044 WOMAN Av. Grão Vasco, 37-A 1500-366 LISBOA T 217 607 908 WOMAN C. C. Armazéns do Chiado, Lj. 5.15 Rua do Carmo, 2 1200-094 LISBOA T 213 479 445 WOMAN C. C. Colombo, Lj. 1006/1007 Av. Lusíada 1500-392 LISBOA T 217 110 977 KIDS & JUNIOR C. C. Colombo, Lj. 1128 Av. Lusíada 1500-392 LISBOA T 217 158 214 WOMAN_KIDS & JUNIOR Campo Grande, 3-A 1700-087 LISBOA T 217 967 563 WOMAN C. C. Fonte Nova, Lj. 39/40 1500-083 LISBOA T 217 145 038 WOMAN_KIDS & JUNIOR C. C. Spacio Shoppping, Lj. 115 1800-079 LISBOA T 218 516 111 WOMAN Gal. Saldanha Residence, Lj. 1.22 1050-250 LISBOA T 213 162 660 KIDS & JUNIOR Gal. Saldanha Residence, Lj. 1.14 1050-250 LISBOA T 213 156 810 WOMAN Gal. Twin Towers, Lj. 1.47 1070-034 LISBOA T 217 262 232 WOMAN C. C. Vasco da Gama, Lj. 0.153 Av. Dom João II 1990-094 LISBOA T 218 957 030 KIDS & JUNIOR C. C. Vasco da Gama, Lj. 0.137 Av. Dom João II 1990-094 LISBOA T 218 962 095 WOMAN C. C. Continente Telheiras, Lj. 13 1600-528 LISBOA T 217 157 823 KIDS & JUNIOR C. C. Continente Telheiras, Lj. 28 1600-528 LISBOA T 217 145 218 WOMAN El Corte Inglés Av. A. Augusto de Aguiar, 31 - 1º 1069-413 LISBOA T 213 832 275 KIDS & JUNIOR El Corte Inglés Av. A. Augusto de Aguiar, 31 - 4º 1069-413 LISBOA T 213 711 700 (ext. 2275) WOMAN Rua Augusta, 224/226 1100-056 LISBOA T 213 470 880 LOURES WOMAN C. C. Continente Loures, Lj. 34 2670-339 LOURES T 219 882 503 KIDS & JUNIOR C. C. Continente Loures, Lj. 21 2670-339 LOURES T 219 886 160 WOMAN_KIDS & JUNIOR C. C. LoureShopping, Lj. 1.045 2670-457 LOURES T 219 830 263 MAIA WOMAN Rua Augusto Simões, 1482 Edf. Status Residências, Lj. 2 4470-147 MAIA T 229 443 846
MASSAMÁ WOMAN Av. 25 de Abril, Lote 224 - Subcave Direita 2745-862 MASSAMÁ T 214 388 034 MATOSINHOS WOMAN C. C. Norte Shopping, Lj 1409 Rua Sara Afonso, 105/117 4460-841 SENHORA DA HORA T 229 544 021 WOMAN Ikea Matosinhos C. C. Mar Shopping, Lj 1.17 Av. Óscar Lopes - Leça da Palmeira 4450-745 MATOSINHOS T 229 963 319 KIDS & JUNIOR Ikea Matosinhos C. C. Mar Shopping, Lj 0.07 Av. Óscar Lopes - Leça da Palmeira 4450-745 MATOSINHOS T 229 963 238 MEM MARTINS WOMAN C. C. Floresta Center, Lj. B25-B26 Rua António Ferreira Gomes, Lt. 1-B 2725-536 MEM MARTINS T 219 177 416 MONTIJO WOMAN C. C. Forum Montijo, Lj. 0.68 2870-395 MONTIJO T 212 302 326 ODIVELAS WOMAN C. C. Odivelas Parque, Lj. 1.034 2675-626 ODIVELAS T 219 316 647 OEIRAS WOMAN C. C. Oeiras Parque, Lj. 1118/19 Caminho Mochos 2780-560 OEIRAS T 214 422 676 KIDS & JUNIOR C. C. Oeiras Parque, Lj. 1173 Caminho Mochos 2780-560 OEIRAS T 214 427 012 OVAR WOMAN C. C. Dolce Vita Ovar, Lj. 38 3880-109 OVAR T 256 574 026 PAREDES WOMAN Rua Dr. José Mendes Moreira, 25 4580-135 PAREDES T 255 784 273 PONTA DELGADA WOMAN C. C. Parque Atlântico, Lj. 1019 9500-211 PONTA DELGADA T 296 288 080 PORTALEGRE WOMAN Rua 5 Outubro, 83-87 7300-133 PORTALEGRE T 245 208 782 PORTIMÃO WOMAN Rua do Comércio, 63 8500-633 PORTIMÃO T 282 425 123 PORTO LA BOUTIQUE World Trade Center, Lj. 1/4 Av. Boavista, 1277/81 4100-130 PORTO T 226 092 539 WOMAN_KIDS & JUNIOR C. C. Cidade do Porto, Lj. 335/336 Rua Gonçalo Sampaio 4150-365 PORTO T 226 009 208 WOMAN C. C. Via Catarina, Lj. 2.23 Rua Santa Catarina 4000-443 PORTO T 222 007 891 WOMAN C. C. Dolce Vita Porto, Lj. 322 4350-414 PORTO T 225 024 620 RIO MAIOR WOMAN Galerias Praça Comércio, R. Serpa Pinto, 59-61 2040-249 RIO MAIOR T 243 997 144 RIO TINTO WOMAN C. C. Parque Nascente, Lj. 449 4435-182 RIO TINTO T 224 883 087 KIDS & JUNIOR C. C. Parque Nascente, Lj. 455 4435-182 RIO TINTO T 224 887 179 SANTARÉM WOMAN Rua 1º Dezembro, 69 2000-096 SANTARÉM T 243 324 317 SANTO TIRSO WOMAN Pctª. General Humberto Delgado, 25 4780-376 STº TIRSO T 252 858 045
SÃO JOÃO DA MADEIRA WOMAN C.C. 8ª Avenida, Lj. 1.016 3700-346 S. JOÃO DA MADEIRA T 256 823 028 KIDS & JUNIOR C.C. 8ª Avenida, Lj. 1.051 3700-346 S. JOÃO DA MADEIRA T 256 823 027 SEIXAL WOMAN C. C. Rio Sul Shopping, Lj. 1.011 2840-168 SEIXAL T 212 270 244 KIDS & JUNIOR C. C. Rio Sul Shopping, Lj. 1.008 2840-168 SEIXAL T 212 271 332 SETÚBAL WOMAN Rua Dr. Paula Borba, 53 2900-542 SETÚBAL T 265 526 415 KIDS & JUNIOR Rua Dr. Paula Borba, 46 2900-542 SETÚBAL T 265 235 484 SINTRA WOMAN C. C. Beloura Shopping, Lj. B13 E.N. 9 - Quinta da Beloura - Linhó 2710-694 SINTRA T 219 244 625 KIDS & JUNIOR C. C. Beloura Shopping, Lj. B14 E.N. 9 - Quinta da Beloura - Linhó 2710-694 SINTRA T 219 242 601 Tavira WOMAN C. C. Tavira Gran’Plaza, Lj. 3.53 R. Almirante Cândido dos Reis, 247 8800-318 TAVIRA T 281 321 557 TOMAR WOMAN Rua Amorim Rosa, 43 2300-451 TOMAR T 249 312 118 TORRES NOVAS WOMAN C. C. TorreShopping, Lj. B20 2350-433 TORRES NOVAS T 249 812 996 TORRES VEDRAS WOMAN C.C. Arena Shopping, Lj. 1.013 2560-294 TORRES VEDRAS T 261 317 602 KIDS & JUNIOR C.C. Arena Shopping, Lj. 1.042 2560-294 TORRES VEDRAS T 261 321 370 VIANA DO CASTELO WOMAN C. C. Estação Viana Shopping, Piso 1 - Lj. 1130 Av. General Humberto Delgado, 101 4900-341 VIANA DO CASTELO T 258 823 047 VILA DO CONDE WOMAN Praça Luís de Camões, 77 4480-719 VILA DO CONDE T 252 643 403 V. FRANCA DE XIRA WOMAN Rua Alves Redol, 66 2600-098 V. F. XIRA T 263 270 350 VILAMOURA WOMAN C. C. Marina Plaza, Lj. 52 Marina de Vilamoura 8125-401 QUARTEIRA T 289 314 007 V. NOVA FAMALICÃO WOMAN Rua Daniel Santos, Edf. Alto Ave, Lj. 35 4760-133 V. N. FAMALICÃO T 252 319 466 VILA NOVA GAIA WOMAN C. C. Arrábida Shopping, Lj. 445 Praceta Henrique Moreira - Afurada 4400-475 V. N. GAIA T 223 710 236 KIDS & JUNIOR C. C. Arrábida Shopping, Lj. 420 Praceta Henrique Moreira - Afurada 4400-475 V. N. GAIA T 223 706 637 WOMAN C. C. Gaia Shopping, Lj. 141 Av. dos Descobrimentos, 549 4404-503 V. N. GAIA T 223 797 328 WOMAN El Corte Inglés Av. República, 1435 - 1º 4430-999 V. N. GAIA T 223 781 400 KIDS & JUNIOR El Corte Inglés Av. República, 1435 - 3º 4430-999 V. N. GAIA T 223 781 400
VILA REAL WOMAN Av. Carvalho Araújo, 112 5000-657 VILA REAL T 259 324 472 WOMAN C. C. Dolce Vita Douro, Lj. 167 5000-703 VILA REAL T 259 321 871 KIDS & JUNIOR C. C. Dolce Vita Douro, Lj. 137 5000-703 VILA REAL T 259 342 618 VISEU WOMAN_KIDS & JUNIOR Rua Francisco Alexandre Lobo, 47 3500-071 VISEU T 232 423 323 WOMAN_KIDS & JUNIOR C. C. Palácio de Gelo, Lj. 106-A/107 3500-606 VISEU T 232 412 108
ESPANHA alGECIRAS WOMAN El Corte Inglés Bahia de Algeciras Paseo Juan Perez Arriete, S/N 11204 ALGECIRAS - CADIZ GUADALAJARA WOMAN Avda. Castilla, 11 19002 GUADALAJARA T +34 949 212 279 HUELVA WOMAN El Corte Inglés Huelva Avda. Alcalde Federico Molina, 1-A 21003 HUELVA JAEN WOMAN El Corte Inglés Jaen II Planta 1ª Av. de Madrid, 31 23008 JAEN MADRID WOMAN C/ Goya, 44 28001 MADRID T +34 915 777 747 WOMAN C. C. La Moraleja Green Av. de Europa, 10 - Parque Empresarial La Moraleja - Plta Central local A27, Edif Sur 28108 ALCOBENDAS - MADRID T +34 916 618 534 WOMAN C. C. El Corte Inglés Arroyosur C/ De La Primavera, 1 28911 LEGANES - MADRID WOMAN C. C. Arturo Soria Plaza MADRID OVIEDO WOMAN_KIDS & JUNIOR C/ Uria, 22 33003 OVIEDO T +34 985 213 823 SABADELL WOMAN El Corte Inglés Sabadell Av. Francec Macia, 58-60 08206 SABADEL SAN SEBASTIAN WOMAN C/ Fuenterrabía, 22 - Bajo 20005 SAN SEBASTIAN Guipuzcoa T +34 943 431 583 SEVILLA WOMAN El Corte Inglés San Juan de Aznalfarache Camiño de las Erillas, S/N 41920 San Juan de Aznalfarache VALENCIA WOMAN Galeria Comercial Boulevard Austria C/ D. Juan de Austria, 4 46002 VALENCIA T +34 963 526 568 WOMAN CC El Saler Autopista El Saler, 16 - Local A96 Planta 0 46013 VALENCIA T +34 963 336 691 ZARAGOZA WOMAN C/ Leon XIII, 28 - Angular Pedro Maria Ric 50008 ZARAGOZA T +34 976 219 980
ANGOLA LUANDA WOMAN C. C. Belas Shopping, Lj 128/129 - Talatona LUANDA T +244 929 300 800
ARÁBIA SAUDITA JEDDAH WOMAN Jeddah Millennium Centre, Shop nº GF2 Tahliya Street JEDDAH T +966 266 464 32 WOMAN Andalus Mall, Store G-073 JEDDAH T +966 263 036 78 WOMAN Red Sea Mall, Shop. G05/06/07 JEDDAH T +966 221 512 77 WOMAN Sultan Mall, Shop. GF25/GF26 JEDDAH T +966 227 589 37
CANÁRIAS WOMAN Calle Juan Manuel Duran Gonzalez, Esquina Pasaje de Francia 35007 LAS PALMAS DE GRAN CANARIA T +34 928 274 347
CHIPRE NICÓSIA WOMAN Ledras Street, 184-186 1011 NICÓSIA T +357 226 663 97 LARNAKA WOMAN Demetriou Square, 29-31 6300 LARNAKA T +357 246 277 40 LIMASSOL WOMAN My Mail, Store G30 LIMASSOL T +357 253 976 69
equador quito WOMAN mall El Jardín, Store 221-222 QUITO T +593 2 2980 200 WOMAN Quicentro Shopping, Store PB 037/038/039 QUITO T +593 2 2253 027
IRLANDA DROGHEDA WOMAN Unit 8 Upper Mall, Laurence Town Centre DROGHEDA, CO. LOUTH T +353 419 845 942 swords WOMAN Pavilions Shopping Centre, Unit G47A SWORDS - CO.DUBLIN T +353 189 716 89
JORDÂNIA AMÃ WOMAN Bros Plaza Building Store 7, Wakalat Street, Sweifyeh AMÃ T +962 65 833 679
KUWAIT SALMIYA WOMAN Al Fanar Mall Store nº M54 & M55 Salem Mubarak Street SALMIYA T +965 575 122 8/6 AL RAI WOMAN The Avenues Mall (Phase II), Store FL-46, 5th Ring Road AL RAI T +965 240 59 27
LíBANO BEIRUT WOMAN City Mall, Store GF-02, Naher AL-Mawtt Street DORA T +961 1 895 401
QATAR DOHA WOMAN The Mall Shopping Complex, Store 8 & 10 D-Ring Road DOHA T +974 477 04 88
SUÍÇA GENEBRA WOMAN 16 Place Longemalle 1204 GENEBRA T +41 223 106 957