BIO 236 - Novembro 2016

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Novembro de 2016 | Ano XXVII

No 236

Jubileus Diocesanos do Ano da Misericórdia

PÁG. 09 ANO MARIANO

FORMAÇÃO PERMANENTE

TESTEMUNHO DE FÉ

Entrevista: Carla Dias, missionária da Missão Pemba

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IGREJA EM AÇÃO

300 anos do encontro da imagem milagrosa

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Semana Social traz reflexão sobre Dízimo: gesto de fé em Deus e política e bem comum confiança na Igreja PÁG. 06

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EDITORIAL

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Prezados leitores...

A mãe Aparecida vai ao encontro de seus filhos

Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações.” At 2, 42 Estamos finalizando o Ano Santo da Misericórdia e com certeza tivemos a oportunidade de enriquecer nossa caminhada de fé no exercício das várias atividades oferecidas no decorrer desse ano. Foi um período significativo para levar nossas comunidades a redescobrirem os valores espirituais e corporais da experiência da misericórdia divina. Tivemos muitas iniciativas, desde as peregrinações, que demonstravam a fé e a piedade do nosso povo, novenas, retiros, conferencias, atividades missionárias, acesso ao sacramento da penitência e a prática da caridade em diversas instâncias demonstrando como nosso “Deus” é infinito em misericórdia. Nas edições do nosso Boletim informativo durante este ano santo, foram apresentados testemunhos, catequeses, celebrações e as práticas da misericórdia realizadas por nossas paróquias, pastorais, movimentos e associações. Percebemos a riqueza e impulso missionário do nosso dinamismo pastoral em evidenciar o Cristo Salvador que comunica a boa notícia da sua paz e sopra o seu Espírito para anunciarmos a graça da salvação. (cf.: Jo 20, 21) Queremos parabenizar e elevar um hino de ação de graças por todos que estiveram empenhados em organizar com muita fé e dedicação em cada Jubileu celebrado. Podemos perceber a grande força de evangelização que essas ocasiões celebrativas proporcionaram em nossa Igreja diocesana. Rogamos pela poderosa intercessão da Virgem Maria, no qual estamos iniciando esse ano mariano, para que, “Ela” interceda por todas as nossas famílias nessa missão corajosa de assumirmos sempre este apostolado da misericórdia. Pe. Henrique S. da Silva Assessor Eclesiástico do BIO

Em Pauta Centro de Pastoral: realizada primeira reunião com o secretariado diocesano para viabilizar melhorias e utilização dos espaços para reuniões, atividades, estudos, local para refeições, distribuição de materiais para as paróquias, etc. Setor das Pastorais Sociais: o setor enviará questionário online para as paróquias sobre a existência de trabalhos pastorais em cada realidade. Padre Alexandre Garcia, coordenador diocesano do Setor das Pastorais Sociais, pede a colaboração dos coordenadores de região para o encaminhamento das respostas. Missão Pemba: no dia 1º de outubro foi realizada na Catedral uma celebração com o lançamento do mês missionário e do Projeto Pemba. A partir do ano que vem será realizada uma ação concreta de arrecadação de fundos para o envio dos primeiros missionários. Missa Diocesana de Cristo Rei: será no dia 20/11, às 15h, na Catedral, com o fechamento da Porta Santa. A Missa será campal. 2

Luciene Ferraciolli

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Alunos do Colégio Salesiano encenaram aparição da imagem no Rio Paraíba.

aria, representada na imagem de Nossa Senhora Aparecida, tem visitado as paróquias, comunidades e famílias da diocese, em virtude da peregrinação em comemoração pelos 300 anos de sua aparição nas águas do Rio Paraíba. As regiões pastorais da Diocese de Osasco, a cada passagem da imagem, têm reunido inúmeros fiéis para momentos de orações e preces a Mãe de Deus. A peregrinação está percorrendo a Região Barueri. A entrega da Imagem de Nossa Senhora Aparecida para Região Pastoral de Carapicuíba acontece no dia 15 de novembro. No dia 10 de outubro a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Amador Bueno, teve a alegria de receber a visita da Imagem Jubilar. Às 10h a peregrinação chegou ao Colégio Salesiano, sendo acolhida com muito amor e devoção pelas Irmãs Salesianas e pelos alunos e professores do colégio, que apresentaram uma encenação do encontro da imagem nas águas do rio. A imagem passou por comunidades e paróquias da Boletim Informativo de Osasco Diretor Geral: D. Frei João Bosco Barbosa de Sousa, OFM Assessor Eclesiástico: Pe. Henrique Souza da Silva Moderadora: Ir. Letícia Perez, MJS Secretária Executiva: Meire Elaine de Souza Revisão: Natália Paula Pereira e Walkyria Aparecida do Rosário Supervisão: Sem. Ricardo Rodrigues Colaboração: Pe. Alexandre Garcia, Pe. Luiz Rogério Gemi, Pe. Marcelo Fernandes Lima, Dr. Ariovaldo Lunardi, Pascom Diocesana, Edilene Souza. E-mail: bio@diocesedeosasco.com.br

região, onde foram rezados os dias da novena em honra a Nossa Senhora Aparecida. Durante sua passagem, houve diversos momentos de devoção, como: procissão luminosa, orações do Santo Terço e Ofício de Nossa Senhora. No dia 12 de outubro, dia da Padroeira do Brasil, a imagem ficou exposta para veneração durante todo o dia. A despedida aconteceu às 18h, quando a peregrinação seguiu para a Paróquia São José, em Itapevi. Redação BIO Colaboração: Edilene Souza Pascom Paróquia Nossa Senhora Aparecida - Amador Bueno Diagramação: Iago Andrade Vieira Tiragem: 13.000 exemplares Impressão: Jornal Última Hora do ABC: (11) 4226-7272 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Cúria Diocesana de Osasco Rua da Saudade, 60, Vila Osasco CEP: 06080-000 - Osasco/ SP Tel: (11) 3683-4522 Tel: (11) 3683-5005 Site: www.diocesedeosasco.com.br Novembro de 2016


ENTREVISTA

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arla Dias foi a primeira missionária enviada para a Missão Pemba, projeto assumido pela Diocese de Osasco e que levará seis missionários para a África, por um período de dois anos. A missa de lançamento do projeto “Pemba: A África nos espera” aconteceu no dia 01 de outubro na Catedral Santo Antônio. BIO: Como foi a sua caminhada cristã? Em quais paróquias, pastorais ou movimentos atuou? Carla: Participo desde criança da “Matriz” Santo Antônio, hoje Catedral. Lá, recebi a primeira Eucaristia no ano de 1981 e fui crismada por Dom Francisco em 1987. Iniciei a atividade pastoral como catequista e depois descobri minha paixão pela Liturgia. Durante doze anos (19982010) exerci a missão de coordenar a Pastoral Litúrgica da Catedral. No ano de 2013 assumi a Pastoral do Batismo e deixei a coordenação em 2015 para seguir em missão para Pemba. Antes de retornar à Pemba nesse ano de 2016 organizei a Equipe de Acolhida para as Peregrinações à Porta Santa na Catedral. BIO: Quando despertou em você o desejo de assumir a vocação missionária? Carla: Quando da sua nomeação como Bispo de Pemba, Dom Luiz me convidou para coordenar a Liturgia da sua Sagração Episcopal e então, durante os trabalhos de preparação daquela celebração e de modo particular durante a missa, senti um chamado muito forte para “sair em missão” colocando os meus dons a serviço de Deus e da Igreja na Diocese de Pemba. Fui discernindo os sinais, também partilhei com meu diretor espiritual, Pe.Augusto Canali, que atualmente vive em Roma como Consultor Geral da Congregação Passionista, e com Monsenhor Claudemir, a quem sou imensamente grata por tudo que aprendi com ele durante os 17 anos de trabalho pastoral na Catedral. BIO: O que seria uma missão ‘ad gentes’ e por que optou por ela? Carla: Missão “Ad Gentes”é uma Missão “Para as Nações”, conforme o próprio Jesus assim convocou: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!”(Mc 16,15). Rezando sobre a Campanha da Fraternidade de 2015 a qual Novembro de 2016

BIO refletiu sobre o incentivo do Papa Francisco a uma “Igreja em saída” decidi assumir o desafio de cooperar na evangelização do povo de Moçambique com espírito de serviço e paixão missionária. BIO: De quem partiu o convite para a Missão Pemba? Carla: Acredito muito que Dom Luiz e Dom João foram instrumentos de Deus para me chamar para esta missão. Durante os preparativos para a Sagração Episcopal de Dom Luiz, ele me falou das necessidades da Diocese de Pemba na questão da Economia e Administração e fez um convite para que eu pensasse em ajudá-lo. Depois, quando Dom João chegou em nossa diocese, partilhei com ele sobre o chamado de Deus que vinha sentindo e sobre o convite de Dom Luiz. Encontrei em nosso bispo uma receptividade enorme, além da disposição de iniciar um Projeto Missionário de cooperação entre as duas dioceses (Osasco e Pemba). BIO: Em algum momento sentiu medo de assumir a missão? Carla: Sim. Existia uma incerteza, um medo do desconhecido, de não me adaptar, de fracassar, enfim, o tal “frio na barriga”. Mas, por outro lado, essa incerteza também me encorajava, porque acho que se eu não tivesse nenhuma dúvida é porque eu teria uma “ilusão” e não uma “vocação missionária”. BIO: Quanto tempo você esteve na África? E qual trabalho desenvolveu na diocese? Carla: Ao todo foram nove meses de missão. Durante o segundo semestre de 2015 assumi o Economato da Diocese de Pemba e capacitei as pessoas que administram os recursos da Diocese (Padre Ecônomo e o Conselho de Assuntos Econômicos). Em julho deste ano de 2016 voltei a Pemba para realizar uma assessoria no Colégio Diocesano Dom Bosco, onde pude ajudar com algumas técnicas, controles e processos de gestão bem simples. Apresentei um relatório a Dom Luiz sobre aquilo que pode ser melhorado para aprimorar os resultados da Instituição. Antes de regressar a Osasco implantamos algumas ações e a Equipe Administrativa do Colégio irá dar continuidade a esse novo modelo de gestão.

BIO: Quais foram os maiores desafios enfrentados em Pemba? Carla: Além da adaptação à cultura e ao clima, a grande diferença em termos de realidade. Ruas asfaltadas são pouquíssimas e a pobreza extrema da maioria da população está exposta em quase todos os locais por onde passamos diariamente. Há algumas dificuldades em relação ao abastecimento de água e energia elétrica, a internet às vezes fica indisponível, as opções de comércio e lazer são limitadas. A cultura é algo particular, que tem suas belezas, mas também coisas difíceis de serem aceitas. Devido a história do povo moçambicano, há uma certa rejeição por parte de algumas pessoas. Muitos ainda associam a presença de um estrangeiro com o domínio colonial de épocas passadas. BIO: E o que nos conta de experiência positiva? Carla: A lição mais importante que aprendi até agora foi a de viver e ser feliz com o essencial. Dar valor a um banho tomado, sabendo que o desperdício da água de hoje pode significar a falta de banho amanhã. Uma forte experiência de Deus na oração e no silêncio. Estar em missão na África é reinventar-se, é abrir-se ao dom do Espírito Santo que é o Entendimento de que há coisas que não podemos mudar, há outras que precisamos ter a coragem para mudá-las e de que precisamos da Sabedoria para discernir entre as duas. BIO: Quais os avanços que a Diocese de Pemba já atingiu desde o início do projeto? Carla: Quando cheguei em Pem-

ba em junho de 2015 a situação do Economato da Diocese era bem difícil em vários aspectos, principalmente pela falta de informação para o Bispo sobre os registros das receitas e despesas, ausência de documentação e relacionamento com funcionários. Hoje o Economato está praticamente organizado e Dom Luiz tem acesso mensalmente a um relatório com todas as informações relativas às atividades econômicas da diocese. No Colégio Diocesano também foi implantado o sistema de controle das receitas e despesas para avaliação do resultado. O Diretor Administrativo recebeu um treinamento específico na área de Gestão Escolar e está aos poucos iniciando um processo de reestruturação do colégio. BIO: Por que você motivaria outras pessoas a fazerem esta experiência missionária? Carla: Anunciar com a própria vida que “Deus é Amor e quem ama permanece em Deus”, na minha opinião, é a principal missão de todo batizado, onde quer que ele esteja. Mas, pode-se “avançar para águas mais profundas” onde a necessidade é maior, caso da África e da Diocese de Pemba. Há muitas pessoas que ainda não ouviram a mensagem do Evangelho e nós que tivemos a alegria de receber esse anúncio da fé podemos e devemos colaborar para que Jesus se torne cada vez mais conhecido e amado. Nossa Diocese de Osasco é uma Igreja Particular viva, atuante e tão rica na diversidade de dons. Por que não partilhar isso com os nossos irmãos da Diocese de Pemba e abrir o coração para aprender também com eles?

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PALAVRA DO BISPO

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A Porta da Misericórdia sempre ficará aberta

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stamos caminhando para o final do Ano Santo Jubilar que tantos benefícios trouxe para nós católicos que acolhemos o convite do Papa Francisco de viver mais próximos da misericórdia infinita de Deus. O benefício foi, aliás, para o mundo todo, pois o Papa Francisco é querido também fora do mundo católico, sendo hoje uma referência humanitária, uma voz profética que, ao anunciar a alegria do evangelho, da família e da vida, denuncia e expõe as feridas impostas pelo comportamento desumano, destrutivo e injusto da humanidade, seja na vida pessoal, seja nas decisões que afetam a vida de populações inteiras. A injeção de misericórdia nas veias da humanidade, através do Ano Jubilar fez e faz muita diferença no mundo. Iniciado no dia 8 de dezembro do ano passado, este Ano Santo será encerrado no dia 20 de novembro, Festa de Jesus Cristo Rei do Universo, para toda a Igreja. Na nossa diocese, haverá uma grande celebração, em frente à Catedral Santo Antônio, quando será fechada a Porta Santa das indulgências do Ano Jubilar. Convido a todos, clero e leigos, religiosos e religiosas, movimentos e associações de féis de toda a diocese, e mesmo aqueles que não frequentam a nossa Igreja, mas se sentiram tocados pela misericórdia de Deus, para agradecermos juntos as graças deste ano abençoado. Impossível fazer um balanço completo, tal a profusão de favores ou graças recebidas. Mas vamos relembrar alguns aspectos deste Ano Santo que vamos encerrar:

Ano Santo. Até o encerramento da Porta quase trinta mil peregrinos terão passado pela Porta Santa, contando apenas as peregrinações registradas pelas paróquias. A esse número devem ser acrescentados os que vieram em grupos menores, famílias, grupos de oração, ou aqueles que repetiram a visita por iniciativa pessoal, que nem foram contados. Todos foram acolhidos por uma equipe animada, com cantos e orações, lanches, lembranças e amizade. Um passaporte foi preparado para que cada peregrino pudesse deixar suas intenções anotadas e seu nome registrado na Catedral. As intenções recolhidas foram levadas aos três mosteiros das monjas contemplativas, que generosamente se comprometeram em rezar por todas essas intenções e pelos frutos do Ano Santo. Foram muitas as confissões e comunhões e as orações do Ano Santo, sinal de indulgência e perdão, além de um estímulo para a vida cristã.

1. A Porta Santa – A Catedral Santo Antônio, desde o dia 11 de dezembro vem recebendo as peregrinações de todas as paróquias em busca das indulgências do

2. A Igreja Catedral – Para muitos, esta foi a primeira visita feita à Catedral diocesana, nesses 27 anos de história da Diocese de Osasco. É a Igreja Matriz de todos os diocesanos, sinal de unidade de todos em torno de Jesus Cristo Bom Pastor. Todos devem se sentir em casa, na Igreja Catedral, e o querido Santo Antônio, deve ser de fato o padroeiro de todos nós. Em vista disso, a Catedral Diocesana vem passando por uma grande transformação, não só estética e funcional, mas também no seu significado eclesial. Com a reforma do templo, já em andamento, ao lado da Cúria Diocesana, com todos os serviços prestados às paróquias e futuramente o Centro Diocesano de Pastoral também renovado, terá mais condições de cumprir o

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seu papel como coração materno da Diocese, centro acolhedor e irradiador da ação evangelizadora, lugar onde todos os diocesanos poderão encontrar acolhida e apoio em seu caminho cristão. Agora, a Cripta da Catedral, onde jaz Dom Francisco, o primeiro bispo, está sendo aberta todas as semanas para a missa pelos mortos, e terá local para as famílias ali colocarem os restos mortais de seus entes queridos, um sinal de ressurreição. Essa perspectiva foi intensamente vivida no Ano Santo. 3. As confissões – Não só na catedral, mas em todas as nossas igrejas, as portas se abriram para o Sacramento da Confissão, expressão vigorosa da misericórdia divina. A convite do Santo Padre, o dia 4 de março deste ano ficou marcado com o nome de “24 horas para o Senhor”. As igrejas ficaram de portas abertas, mesmo à noite, e de madrugada, para acolher os penitentes, que foram milhares, surpreendendo os sacerdotes e a todos. Cristãos, que vinham sem esse sacramento há muitos anos, se sentiram tocados pelo perdão divino. Após essa data, a procura pelo sacramento do Perdão não deixa de crescer. 4. As obras de Misericórdia – A maravilhosa carta do Papa Francisco, chamada “Misericordiae Vultus” lembrava que a Igreja inteira, para ser fiel ao seu Senhor, deveria se dedicar às Obras de Misericórdia, assim reunidas em 14 pontos: sete obras de misericórdia corporais e outras sete de ordem espiritual. Repartir o alimento, a veste, o consolo, atender aos doentes, aos presos, aos tristes, ensinar e aconselhar os que não sabem o caminho, simplesmente fazer o bem, é uma obrigação do cristão e não uma escolha de ordem pessoal. Obrigação das Igrejas enquanto comunidades de fé. Neste sentido, figura no nosso 8º Plano Diocesano de Ação Evangelizadora que todas as comunidades paroquiais, mesmo aquelas que já realizam obras sociais, inaugurem algum serviço de misericórdia, como marca deste Ano Santo. Em breve teremos um balanço mais completo. Mas os frutos dessa decisão já se fazem sentir. Não só quem recebe, mas principalmente quem oferece, sai beneficiado. 5. Misericórdia sem fronteira Coloco num bloco à parte esta obra Novembro de 2016


BIO de misericórdia: oferecer uma ajuda pastoral aos irmãos africanos de Moçambique, através de uma ação missionária na Diocese de Pemba, onde está nosso irmão bispo, ordenado em Osasco, Dom Luiz Fernando Lisboa. Embora o plano seja para o ano que vem, podemos colocar, sim, como compromisso do Ano da Misericórdia esse gesto que vem sendo preparado com muito cuidado e demandará um grande esforço missionário de toda a diocese. Se Deus permitir, no próximo ano, uma equipe missionária, padres, religiosas, leigos, estará em condições de atender a uma das muitas paróquias daquela diocese que, com pouco mais de 20 padres deve atender a uma população de dois milhões de pessoas, sendo 30% católicos, e muitas situações de carência e necessidade. Iniciar a missão talvez seja fácil. Mantê-la no decorrer dos anos, esse é o desafio grande e belo que queremos abraçar. E sabemos que na ação missionária vamos levar, mas também vamos trazer grandes benefícios para a nossa vida diocesana.

6. O Amor na Família - O Papa Francisco quis oferecer ao mundo uma expressão de verdadeira misericórdia ao publicar a exortação apostólica “Amoris Laetitia” sobre o amor na família. Nela, o Santo Padre convida a toda a Igreja a uma ação missionária, dirigida às famílias para que cresçam no amor. Pede à Igreja que seja mais acolhedora e amorosa para com todas as famílias, sem excluir ninguém, mesmo aquelas que não são inteiramente de acordo com a nor- ma da Igreja, as que necessitam de fortalecimen- to e conversão. Fruto do Ano Santo da Misericórdia será o esforço da Pastoral Familiar de se tornar mais missionária, oferecendo a todas as famílias um caminho de aproximação à Cristo e ao Evangelho, seja qual for a sua situação. Estamos preparando a criação do Tribunal Eclesiástico diocesano com a finalidade de agilizar os processos de nulidade matrimonial, e assim oferecer aos casais que vivem em segunda união, quando for possível, o matrimônio e o retorno à vida sacramental. “Amoris Laetitia” é um apelo à evangelização das famílias propondo-lhes um caminho de misericórdia. 7. O jovem, a fé e a vocação - O Papa Francisco olha com um carinho especial os jovens do nosso tempo. Durante o Ano da Misericórdia encontrou-se com eles, na Jornada Mundial da Juventude e ali mostrou o quanto conta com eles na evangelização: "Jovens, não vegetem no sofá da vida" dizia o Papa, para convidá-los a "calçar as chuteiras" e sair em missão. As páginas da “Amoris Laetitia” sobre a família, muitas delas tem como destinatários os jovens, a quem o Papa recomenda especialmente abraçar a vocação familiar como caminho de realização e santidade. Sua atenção pelos jovens o fez perceber que muitos estão desorientados, sem rumo, e sem acreditar no futuro. E esta percepção o fez escolher o tema do próximo Sínodo dos Bispos, que começará a ser estudado em todas as dioceses: "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional". 8. A Mãe de Misericórdia - O Ano da Misericórdia, para nós brasileiros, não termina em novembro, mas dá lugar ao Ano Nacional Mariano, para comemorar o tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Nossa

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diocese recebeu, em maio, no Santuário Nacional de Aparecida uma imagem peregrina de Maria que vem passando por todas as paróquias e comunidades. Em cada celebração, nas carreatas e procissões, em todos os caminhos vai arrastando uma multidão de devotos, vai aquecendo os corações, semeando esperanças, reunindo famílias, aproximando as pessoas de Deus. Assim será durante todo o Ano Nacional Mariano, um tempo de misericórdia e de amor. No dia 20 de novembro será encerrado o Ano Jubilar da Misericórdia. A Porta Santa da Misericórdia será fechada, na Catedral, esse é o rito. No entanto, ao agradecer os frutos do Ano Santo iremos perceber que cada um dos pontos citados acima abre uma perspectiva de futuro, abre os horizontes de uma Igreja misericordiosa, um tempo novo de misericórdia que não tem encerramento, não tem fim. A misericórdia do Pai é infinita, mostrou seu rosto em Jesus Cristo, nosso Senhor, em sua querida Mãe, e agora se enraíza no mundo através de nossas obras de misericórdia. Elas é que nos fazem crer que a Porta Santa não será mais só na Catedral, mas permanecerá aberta em todas as comunidades. Dom João Bosco Bispo Diocesano de Osasco

Missa Diocesana de Cristo Rei

Encerramento do Ano da Misericórdia Dia 20/11, às 15h na Catedral Fechamento da Porta Santa Missa será campal

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FORMAÇÃO PERMANENTE

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Dízimo - gesto de fé em Deus e confiança na Igreja Imagem da Internet

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o nascimento da nossa Igreja, criada pelo próprio Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor, as primeiras comunidades cristãs praticavam a partilha fraterna, doando por amor parte daquilo que possuíam, ou muitas vezes colocando em comum tudo aquilo que lhes pertencia (cf. At 2,44). A partir daí diversos tipos de partilha foram realizadas, promovendo a sustentação de obras a favor dos pobres, como o apóstolo Paulo nos ensina na Primeira Carta aos Corintos (16,1-3) e Lucas no Livro dos Atos dos Apóstolos (11,29), acerca das necessidades da própria Igreja para o seu sustento e funcionamento. Dentre as diversas formas de partilha, neste momento vamos tratar da importância do dízimo, pois esta é uma forma que deve ser estimulada em todas as paróquias e comunidades da nossa diocese, como meio ordinário de sustentação da evangelização. Se as grandes empresas produzem equipamentos e grandes máquinas, automóveis e os mais diversos gêneros de produtos eletrônicos, a nossa Igreja, há mais de 2000 anos produz e dissemina pelo mundo o Amor, valendo-se das mais diversas matérias primas, que nos vem sendo transmitidas desde o anúncio feito por Cristo acerca do Reino de Deus, compreendendo: justiça, compaixão, paz, esperança, misericórdia, compreensão, verdade, fé, caridade... porque como Igreja acreditamos que o fermento para promoção da humanidade é o amor, e só ele é capaz de impedir as guerras, vencer as dificuldades, promover a vida e a família, e o respeito mútuo pelos irmãos, pois somente ele nos desvia dos nossos objetivos para ajudar aquele que está à margem e que sofre porque o mundo lhe roubou a felicidade (cf. Lc 10,30-37). O interessante em tudo isso é que o amor somente se retribui com amor, que brota da generosidade, do carinho e do afeto dos membros da comunidade, que oferecem à Igreja uma parte daquilo que conquistam pela força desse mesmo amor que emana de Deus. Daí nasce o sentido e toda a razão da partilha, permitindo dar de comer, de beber, de vestir, de suprir as necessidades (Mt 25, 35-40) dos irmãos e da Igreja que é a Nossa Casa, o nosso planeta, como nos orienta o Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si. 6

O dízimo não é pagamento, pois não se paga pelo amor que emana do próprio Deus, mas é retribuição, doação e contribuição que se faz à Igreja para que esta possa corresponder às suas necessidades do mundo com a manutenção dos seus templos e suportar suas obrigações dentro da sociedade, retribuindo por aquilo que se consome. O dízimo é um modo de contribuição sistemática e periódica, visando à participação de todos os fiéis na manutenção da Igreja, sem a fixação de percentuais ou penalidades para aqueles que não participam (cf. CNBB – Dízimo – Uma proposta bíblica). O dízimo deve ser a doação espontânea que nasce da compreensão e da necessidade de oferecer uma parte daquilo que a vida lhe proporciona, doando de forma espontânea e generosa, na certeza de que seu ato é agradável a Deus, constituindo, sem qualquer dúvida, a maneira de possibilitar que a evangelização se realize de fato. A contribuição dos fiéis dignifica o culto divino, mantêm os ministros ordenados, promove a realização das mais diversas obras de apostolado e de caridade, pois no Novo Testamento também encontramos o fundamento para a prática dizimista, quando Jesus envia os Doze em missão afirmando: “o trabalhador tem direito ao sustento” (cf. Mt 10,10). O apóstolo Paulo também ensina que o Senhor estabeleceu para os que pregam o Evangelho que vivam do Evangelho (cf. 1Cor 9,14), além de o Livro dos Atos dos Apóstolos nos dizer que a experiência de partilhar os bens para a manutenção da Igreja e dos pobres é muito forte e expressiva (cf. 2,42-47). A CNBB ainda de forma bastante esclarecedora, afirma que com o Novo Testamento o dízimo fixado em dez por cento deixou de existir. “Mesmo que as normas do Antigo Testamento obrigavam por direito divino, não obrigam mais, porque todas as leis relativas às cerimônias, aos juízos e as relativas aos dízimos formalmente considerados foram totalmente abolidas, como consta na carta de São Paulo aos Hebreus (cf. 7,12.18 e 8,6-7) e na carta aos Gálatas (cf. 3,25 e 4,5)”. Portanto, o dízimo deve ser fruto da consciência de cada fiel, doando e contribuindo com liberdade, amor e gratidão pela Igreja que o acolhe e que reza por si e por todos, celebrando a missa, realizando o memorial do sacrifício e da paixão de Jesus Cristo, permitindo, a cada dia participar da ceia do Senhor, alimentando-se do seu sangue e do seu corpo, para que todos os irmãos possam estar e viver juntos, em harmonia, em torno do altar, porque Deus não fez o homem ou a mulher para viver na solidão (cf. Gn 2,18), mas nos fez para vi-

O dízimo deve ser fruto da consciência de cada fiel, doando e contribuindo com liberdade (...).

ver em comunidade, e oferecer o dízimo é agradecer a Deus! O Dízimo é a experiência de fé que torna concreto e possível o sonho da fraternidade. É da consciência e da prática do dizimista que dependem, em grande parte, o dinamismo e a vida da comunidade. O dízimo é gratidão, sendo um meio concreto de agradecer a Deus por tudo o que Ele nos deu e nos dá, pois, essa gratidão não se manifesta somente através de palavras e orações, mas com gestos concretos. Ele é também um ato de fé, porquanto só deve partilhar o dízimo aquele que crê em Jesus. O dízimo é a expressão concreta da fé, porque não se entrega o dízimo como pagamento, taxa, ou imposto sem compromisso com a comunidade. Quem o partilha como expressão de sua fé, mostra o sentido de pertença à Igreja, crê que não vai lhe fazer falta, pois confia em Deus. O Papa Francisco, tratando sobre o dízimo, nos instrui que “no campo da economia é necessário desenvolver um sistema que, tendo em consideração que os meios materiais estão destinados exclusivamente à missão espiritual da Igreja, garanta a cada realidade eclesial o que lhe é necessário e a liberdade para a sua atividade pastoral”. Por tudo isso não podemos dizer que a Igreja é minha ou é sua, é daquele ou do outro irmão, do sacerdote ou do leigo, porque a Igreja é nossa, assim como nossa é a casa em que vivemos e partilhamos, uma casa que é vivificada pelo amor do Espírito Santo e que como casa, nos remete imediatamente lembrar da nossa Mãe, Maria, que com muito amor trouxe ao mundo uma criança que mudaria o mundo, o Filho de Deus, fruto do seu “sim” absoluto, permitindo ao Pai realizar a sua vontade (cf. Lc 1,38). Chegou agora o momento de darmos o nosso SIM incondicional, contribuindo e doando com generosidade parte daquilo que recebemos de Deus. É nossa oportunidade de dizer SIM e agradecer, pelas bênçãos e graças que todos os dias são derramadas sobre todos nós. Ariovaldo Lunardi é teólogo e advogado da Mitra Diocesana de Osasco, Ministro da Catedral Santo Antonio e membro de diversas pastorais. Novembro de 2016


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Ano Mariano Maria Santíssima: a primeira e a mais perfeita discípula de Jesus Cristo

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m comemoração aos 300 anos do encontro da imagem milagrosa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Igreja no Brasil celebra o Ano Jubilar Mariano, de 12 de outubro de 2016 a 11 de outubro de 2017. Trata-se de um ano de graça, em que elevamos os nossos agradecimentos a Deus por tudo que Ele fez por nós, por intermédio da Santíssima Virgem, Rainha e padroeira do Brasil. Em meados de outubro de 1717, três pescadores – Domingos, João e Filipe - encontram no Rio Paraíba a imagem de Nossa Senhora da Conceição, de cor negra e machucada, como os escravos, os pobres e sofredores daquele tempo. Nas aparições de Nossa Senhora, percebe-se a sua preocupação em direcionar o povo de Deus ao seu Filho Jesus. Assim como Maria gera Jesus para a humanidade, em Aparecida ela também tem essa missão, de apresentar o Evangelho ao povo brasileiro, se compadece dos sofredores. O povo cristão vê em Maria a capacidade de comunicar a alegria originada da esperança, mesmo que em meio aos desafios da vida. Naquela imagem de terracota de aproximadamente 40 cm, estava um sinal da proteção e da bênção da Santa Mãe de Deus, a Virgem Maria. Na Sagrada Escritura, Maria testemunha em sua vida os sinais que a identificam como discípula de seu Filho. Seu comportamento e suas atitudes sempre se referem a Jesus. Desde o momento da anunciação, na humilde casa de Nazaré, quando o arcanjo São Gabriel diz: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28), Maria responde com um “Sim” generoso e incondicional: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra!” (Lc 1,38). Toda a vida da Santíssima Virgem é um convite ao discipulado, lembrança atuante de seu Filho. Nas Bodas de Caná da Galileia, quando vem a faltar o vinho, ela intercede junto ao seu divino Filho e diz aos discípulos: “Fazei tudo aquilo que Ele vos disser” (Jo 2,5), encorajando-os a seguirem sempre o Senhor. Novembro de 2016

É a mulher do serviço, da missão, que assim que recebe a notícia que Isabel, sua parenta, também está grávida sai apressadamente para socorrê-la em suas necessidades. A Virgem Maria guia sua vida pelo Evangelho. Ela reproduz em sua fala o projeto de Jesus. Quando Ela canta o Magnificat, ecoa o projeto de vida do Senhor. É plena discípula, pois compreende que o intento de Jesus é continuado pela Igreja. Unida aos apóstolos, Maria age como Igreja que se origina para continuar a missão de Jesus, ela mantém o grupo unido à espera do Espírito Santo em Pentecostes, “... perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus...” (At 1,14). É a mulher que está de pé junto à cruz de seu Filho, a Virgem Dolorosa, mesmo com o coração dilacerado de dor, cumprindo-se a profecia do velho Simeão que uma espada de dor haveria de transpassar-lhe a alma. Ela não se desespera, mas confia em Deus. No Calvário, onde Jesus se doa totalmente, derrama seu sangue por amor a cada um de nós, Ele faz a grande consagração da humanidade à Virgem Maria: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,26) e ao discípulo amado, representando a cada um de nós: “Eis aí tua mãe” (Jo 19,27). Ela toma o seu divino Filho nos braços na sexta-feira da paixão, mas se alegra três dias depois com a ressurreição do fruto de seu ventre. Ao longo de sua vida, nem sempre entende os desígnios de Deus, porém guarda-os em seu coração. Ela aprende com os fatos da vida, acolhe de maneira ativa a Palavra em seu coração, produzindo frutos na fé. Maria é exaltada não apenas por sua maternidade física, mas porque ouve a Palavra de Deus e a coloca em prática – “Felizes antes são os que ouvem a Palavra de Deus e a praticam” (Lc 11,28). A Santíssima Virgem viveu intimamente com o Senhor e cooperou de maneira singular na obra de salvação. Na Tradição da Igreja, através dos quatro dogmas marianos: Maternidade Divina, Virgindade Perpétua, Imaculada Conceição e Assunção,

Maria demonstra que ao encarnar a Palavra de Deus, o discípulo é capaz de gerar a vida. Maria ensina os fiéis a viverem num caminho de pureza, reconhecendo o valor da castidade, conduzindo-os a um amor maior ao Senhor e aos irmãos. A Imaculada é para os cristãos um auxílio na resistência ao pecado e um incentivo a viverem como redimidos por Cristo. A Assunção destaca o poder de Cristo sobre a criação e declara o destino sobrenatural e a dignidade do corpo humano, chamado pelo Senhor a tornar-se instrumento de santidade e a participar na sua glória. Maria entrou na glória, porque ouviu o seu Filho. A exemplo de Maria, o cristão aprende a descobrir o valor do próprio corpo e a preservá-lo como templo de Deus, na expectativa da ressurreição. Maria é Mãe dos cristãos na fé e o seu perfil devocional deve ser cultivado de modo que a relação com ela deve estar viva, uma vez que ela está mais próxima de Jesus e também de nós. Maria possui um papel singular na obra da salvação. Há uma profunda relação entre ela e a Igreja. O Concílio Vaticano II apresenta Maria como membro da Igreja. Ela é membro supereminente e singular, todavia é também membro dessa Igreja. Maria supera sua dimensão histórica e abre-se a dimensão universal da humanidade. Desde o início da Igreja, na comunidade primitiva, Maria anima os fiéis com sua presença e seu testemunho de vida. Maria ensina os seres humanos a viverem em comunhão e unidade, promovendo a paz.

Nossa Senhora é vista como a realização plena da nova humanidade, que responde ao chamado de Deus, tornando-se uma forma de esperança para todos os seres humanos. Ela antecedeu a entrada de Jesus Cristo na história da humanidade e a partir do mistério da Encarnação é que a história da humanidade ingressou na plenitude dos tempos – “Quando, porém, chegou à plenitude dos tempos, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial. E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abba’, Pai! De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus” (Gl 4,4-7). A Virgem Maria exorta o seu povo a confiar plenamente em Deus, pois ela mesma vive a esperança em sua vida, é filha amada e amparada por Ele. Ela sempre conservou a esperança no cumprimento das promessas messiânicas de Jesus, mesmo nos momentos mais críticos de sua vida. Maria ensina a confiar e esperar em Deus, abandonando-se às promessas do Senhor. Ensina, também, a sair em missão em busca dos que sofrem por estarem longe do caminho proposto por seu Filho ou ainda aqueles que sofrem por dependerem de outros que ainda não acolheram o Evangelho, a Boa Nova de seu Filho Jesus. Pe. Luiz Rogério Gemi Vigário Paroquial da Catedral Santo Antônio Marcelo Luiz Zapelini/ Agência Sul 4

No museu de Cera do Santuário de Aparecida, cena retrata o encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida por três pescadores, no Rio Paraíba do Sul, em 1717.

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VOCAÇÃO | IGREJA EM MISSÃO

BIO

A vocação é vivida na Igreja e pela Igreja

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oda vocação cristã é um dom gratuito do Pai que vem ao encontro dos seus filhos e a eles faz um convite. A iniciativa é sempre Dele. E aí realiza-se um diálogo vocacional entre Deus, que em seu amor chama, e o homem, que responde em sua liberdade. O próprio Jesus chamou diversas pessoas para segui-lo, as quais tinham a liberdade de dizer sim ou não. Lembremo-nos dos apóstolos, pessoas em sua maioria simples, que ouviram o chamado de Jesus e, deixando tudo, O seguiram. O contrário também acontece. O episódio do jovem rico é um exemplo daqueles que, embora tivessem boa vontade, não conseguiram dar um passo mais profundo

de seguimento em busca da perfeição (cf. Mt 19, 16-22). Todo chamado de Deus tem um objetivo. Sabemos que a vocação concedida gratuitamente pelo Criador a cada um dos seus filhos lhes servirá de caminho de felicidade e santificação, mas concomitantemente a isso para o serviço, isto é, a missão. Vemos no evangelho o processo que Jesus faz com seus discípulos: chama (cf. Mc 1,16-18), liberta (cf. Mc 2,13-14), forma e envia (cf. Mc 3,13-15; Rm 1,16). É sempre um chamado para a missão que ele atribui. Sabendo que a Igreja, por sua própria catolicidade, “é por sua natureza missionária” (Ad Gentes, 2), toda autêntica vocação cristã é vivida na Igreja e pela Igreja, ou seja, em comunhão com essa mesma Igreja que é sacramento universal de salvação instituída pelo próprio Cristo. Sendo a Igreja sinal e instrumento de salvação e união com Deus “é geradora e educadora de vocações” (Pastores Dabo Vobis, 35). É nela que a vocação de cada cristão se realiza, por isso é impossível a vivência da vocação cristã, qualquer que seja, em dissonância com a com a comunhão da Igreja. Segundo São João Paulo II: “A Igreja não só abarca em si todas as vocações que Deus lhe oferece, no seu caminho de salvação, mas ela própria se configura como mistério de vocação, qual luminoso e vivo reflexo do mistério da Santíssima Trindade. Na realidade, a Igreja, povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, leva em si o mistério do Pai que não chamado nem

Missa de lançamento “Projeto Pemba: África nos espera”

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o dia de Santa Terezinha do Menino Jesus, padroeira das missões, 01 de outubro, a Catedral Santo Antonio ficou agitada, além do Jubileu dos Idosos e a abertura do Mês missionário, a missa das 9h00 também lançou o projeto missionário “Pemba: A África nos espera”, que enviará no ano que vem seis missionários para a Diocese de Pemba, em Moçambique. A missa foi celebrada por D. João Bosco, e estiveram presentes Monsenhor Claudemir, vigário geral da diocese, Pe. Mauro, coordenador do COMIDI – Conselho Missionário Diocesano e Pe. Douglas Crispim, coordenador da Pastoral da Saúde e diversos padres diocesanos e seminaristas. Durante a celebração houve o lançamento da Campanha Missionária Diocesana, que tem por objetivo motivar a participação no projeto que levará seis missionários à Diocese de Pemba, no ano que vem. Serão dois padres, dois religiosos e dois leigos, atendendo ao pedido do bispo, D. Luiz Fernando Lisboa. “Projeto missionário grande, ousado, quem sabe desafiador, difícil, mas muito significativo, que é fazermos irmãos daqueles irmãos africanos, no país de Moçambique, mas especificamente na diocese de Pemba, que tem como bispo um irmão nosso, que foi ordenado aqui como padre, como bispo, D. Luiz Fernando, passionista, 8

que nos pede essa ajuda missionária. E nós nos preparamos então para isso, sonhamos, primeiro um projeto bonito, que aos poucos vai tomando corpo e vai se fazendo presença no nosso meio diocesano, e é um projeto que nós todos devemos abraçar”, salientou D. João Bosco. No final da missa Pe. Mauro explicou como funcionará a ajuda missionária para custear as despesas iniciais da missão. Serão distribuídas entre as paróquias, entre os meses de janeiro, fevereiro e março cinquenta mil en-

enviado por ninguém, a todos chama a santificar o Seu nome e a cumprir a Sua vontade; guarda em si o mistério do Filho que é chamado e enviado pelo Pai a anunciar a todos o Reino de Deus e que a todos chama ao seu seguimento; é depositária do mistério do Espírito Santo que consagra para a missão aqueles que o Pai chama mediante o seu Filho Jesus Cristo” (Pastores Dabo Vobis, 35). Portanto, a vocação deriva e se realiza na Igreja, além de se configurar como importante serviço a Deus, ao crescimento do Reino e à edificação da própria Igreja. Agradeçamos ao Senhor que nos chama e nos envia a exercer o precioso dom do chamado em diversos ambientes: no trabalho, na universidade, na escola, na família, locais também de missão aos quais podemos viver a nossa vocação específica e contribuir com o crescimento do Reino e da Igreja. Pe. Marcelo Fernandes de Lima Assessor Diocesano do SAV velopes pedindo o valor de R$ 10,00 de doação para o projeto. E lembrou a importância da oração. “Eu tenho certeza que já posso pedir, que vocês vão com alegria atender, que é rezar, de hoje até o final do mês, eu peço por caridade, todos os dias rezem pela Diocese de Pemba e pela nossa ação missionária nesta diocese, essa é a primeira proposta que eu lhes faço, bem concreta”, disse. “Cada pessoa que reza e colabora com a missão tem a prerrogativa de missionário”, finalizou Pe. Mauro. Pascom Diocesana Pascom Diocesana

Novembro de 2016


JUBILEUS DIOCESANOS

BIO

Jubileus do Ano Santo da Misericórdia

Deixemo-nos surpreender por Deus. Ele nunca se cansa de escancarar a porta do seu coração, para repetir que nos ama e deseja partilhar conosco a sua vida.” Papa Francisco No dia 20 de novembro, Solenidade de Cristo Rei do Universo, encerra-se o Ano Santo da Misericórdia e em nosso coração ressoa cada vez mais forte as palavras do Papa Francisco na Bula Misericordiae Vultus: “a Igreja sente, fortemente, a urgência de anunciar a misericór-

11/dezEMBRO/2015 Abertura oficial do Ano da Misericórdia com a abertura da Porta da Misericórdia da Catedral Santo Antônio

“Esta é a porta do Senhor: por ela, entramos para alcançar misericórdia e perdão”.

01/FEVEREIRO/2016 Encerramento do Ano da Vida Consagrada e Jubileu dos Religiosos

Religiosos e religiosas em nossa diocese: “Uma presença alegre e profética!” Dom João Bosco.

dia de Deus. A sua vida é autêntica e credível, quando faz da misericórdia seu convicto anúncio. Sabe que a sua missão primeira, sobretudo numa época como a nossa cheia de grandes esperanças e fortes contradições, é a de introduzir a todos no grande mistério da misericórdia de Deus, contemplando o rosto de Cristo”. Nos diversos jubileus, por ocasião do Ano Santo, todos os fiéis tiveram a possibilidade de experimentar a Misericórdia do Senhor, reencontrando o caminho da salva-

07/mAIO/2016

Jubileu das Famílias na Romaria Diocesana ao Santuário Nacional de Nossa Sra. da Conceição Aparecida

10/julho/2016

Jubileu Diocesano dos Acólitos

ção, vivendo momentos de intensa oração e redescobrindo o sentido de suas vidas. Nesta edição do BIO relembramos estes momentos marcantes para a nossa igreja particular de Osasco, com o desejo de que os frutos deste Ano Santo se traduzam em serviço e testemunho para edificação do Reino de Deus.

20 e 21/agosto/2016 Jubileu dos Sacerdotes e Jovens no 13º ComVocação

Com o tema “Mãe de Misericórdia, amparai nossas famílias”, mais de 16 mil fiéis de nossa diocese confiaram as suas famílias à N. Sra. Aparecida.

01 a 13/junho/2016 Trezena de Santo Antônio, o Santo da Misericórdia

“Se hoje dizemos, com o Papa Francisco, que Cristo é o rosto da misericórdia, por certo, Santo Antônio é um belo reflexo de Cristo Misericordioso.” Dom João Bosco.

“Passar pela porta da misericórdia é entrar no coração de Deus, pois é Deus que nos chama. É também entrar no coração de Jesus, Jesus nos chama e o coração de Jesus é todo misericórdia, na sua entrega e doação de sua vida para os salvar.” Dom Ercílio Turco.

17/julho/2016

O ComVocação 2016 foi um momento de profunda adoração, oração e exaltação à Misericórdia do Senhor por ser um terreno fértil de tantas vocações em nossa Diocese.

01/outubro/2016 Jubileu dos Idosos

Jubileu dos Catequistas

04 e 05/março/2016 26/junho/2016 24 horas para o Senhor: missas, confissões, oração, adoração eucarística

Foi celebrada nas regiões pastorais de nossa diocese e contou com a participação de muitos fiéis. Novembro de 2016

Jubileu dos Coroinhas

“Na adoração ao Santíssimo Sacramento foi um momento de render graças a Deus por este marcante encontro para a Diocese.” Sem. Vitor Kano.

No encerramento da 24ª Semana Bíblico Catequética, os catequistas fizeram uma belíssima caminhada penitencial da praça Duque de Caxias até a Porta Santa da Catedral e participaram em seguida da Celebração Eucarística, presidida por Dom João Bosco.

Durante a homilia, Dom João Bosco falou da importância de defender a vida, nem sempre respeitada pela sociedade, desde o nascimento até a idade da velhice.

20/novembro/2016 Encerramento do Ano da Misericórdia na Festa de Cristo Rei do Universo

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IGREJA EM AÇÃO

BIO

Política e bem comum

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política é uma atividade inerente à pessoa, que se realiza plenamente na convivência com os seus semelhantes no contexto de um ordenamento social justo e próspero. Considerada uma das formas mais altas da caridade, como serviço ao bem comum, uma política realmente humanista tem princípios e valores que devem sempre ser resgatados e postos em prática: solidariedade, subsidiariedade, liberdade, direitos e deveres, honestidade, transparência, entre outros. O ciclo de encontros sobre Política e Bem Comum, tema da Semana de Fé e Compromisso Social 2016, que aconteceu entre os dias 25 a 27 de outubro na Cúria Diocesana, se propôs a dar uma formação fundamental sobre as contribuições essenciais da tradição clássica e cristã, no diálogo com os desafios atuais da vida política. O programa reuniu aspectos da

filosofia, sociologia, antropologia, direito, teologia e ensino social cristão, permitindo uma reflexão sobre a pessoa e suas manifestações nas várias dimensões da vida humana. Cada encontro consistiu em breve momento de oração e uma palestra com a duração aproximada de 90 minutos seguida de diálogo com os participantes. Os temas centrais dos três dias foram: Política, Bem Comum, Subsidiariedade, Solidariedade, Federalismo, Município e Participação Democrática. O primeiro encontro tratou do tema “Política e Bem Comum: visão da Doutrina Social da Igreja”, desenvolvido pelo Professor: Gustavo Adolfo P. D. Santos, Doutorado em Teoria Política. O tema do segundo encontro foi “Direitos Fundamentais e o Princípio da Subsidiariedade”, desenvolvido pela Professora: Thaís Novaes Cavalcanti, Doutora em Direito Constitucional. O terceiro e último encontro tratou do tema “Os Municípios na Federação: espaço para uma efetiva participação democrática” desenvolvido pelo Professor José Mário Brasiliense Carneiro, Doutor em Administração, fundador e diretor da Oficina Municipal. Somos gratos pela oportunidade de refletir sobre temas de grande relevância. Nós, cristãos brasileiros, somos cidadãos chamados a participar da (re)cons-

trução de nossa sociedade e, num contexto de pluralidade, em que todos podem se expressar e participar nas instâncias legítimas de decisão, também nós devemos apresentar nossos valores a fim de contribuir na construção de uma sociedade justa, solidária e servidora da verdade da vida. Setor Pastorais Sociais

A missão dos leigos na Igreja O

Concílio Vaticano II resgatou, de maneira iluminada, o papel do leigo na Igreja; por isso, hoje, graças a Deus, homens e mulheres leigos, jovens e até crianças fazem um trabalho maravilhoso de evangelização. Em nosso Continente, onde há uma enorme falta de sacerdotes, o leigo pode e deve dar a sua grande contribuição à Igreja na missão de salvar almas. O nosso Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que “todo leigo, em virtude dos dons que lhe foram conferidos, é, ao mesmo tempo, testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja pela medida do dom de Cristo.” (Ef 4,7) [CIC§913]. A área específica do leigo é o apostolado no mundo secular, inserido nas realidades temporais, na escola, na indústria, na economia, política, artes, música etc, participando, como cristão, das atividades do seu estado de vida e trabalho social (Christifideles laici, 17). O mundo é o campo de trabalho do leigo. Por outro lado, o Concílio Vaticano II ensinou que “o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas por grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, cada um a seu modo, do único sacerdócio de Cristo” (LG,10). Assim, o leigo faz e complementa a ação do sacerdote; ele não ministra os sacramentos, não o substitui, mas prepara os irmãos para isso. Mas, para que o leigo cumpra bem a sua missão, ele precisa conhecer bem a Igreja que Jesus instituiu e nos deixou com a Sua doutrina. A 10

O leigo que não reza não tem perseverança na missão (...). autoridade da verdadeira Igreja não é fundada na vontade popular, mas na vontade de Deus. O leigo precisa conhecer a doutrina que Cristo ensinou à Igreja e que está, de modo especial, muito bem sintetizada no Catecismo da Igreja Católica. Uma vez que o trabalho do leigo cresce hoje na Igreja, assim também a sua formação precisa ser cada vez mais esmerada. Ele não pode ensinar o que quer, mas o que a Igreja ensina, precisa ter uma vida espiritual sadia. O Papa João Paulo II disse um dia que: “O leigo que não reza, não se confessa, não comunga, não lê e não medita a Palavra de Deus, não tem perseverança na missão”. Mais do que nunca, a Igreja precisa dos leigos no campo de batalha do mundo. É hora de saber quem é verdadeiramente cristão, quem

ama a Deus de verdade, a Jesus Cristo e a Sua Igreja. Trecho do artigo “A missão dos leigos na Igreja” do Professor Felipe Aquino – Canção Nova Pascom Diocesana

Envio dos Ministros Extraordinário - Missa Cristo Rei (2015) Novembro de 2016


PAPA

BIO Imagem da Internet

Papa Francisco

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odo batizado é um catequista, a começar pelos nossos pais, que têm por missão ensinar seus filhos a rezar, a amar as coisas de Deus e a ser uma pessoa de bem. O cristão precisa viver sua fé anunciando a vida em Jesus, pois evangelizar é a missão de todo cristão. Pensando nisso, vamos refletir sobre a homilia do Papa Francisco na Eucaristia por ocasião do Jubileu dos Catequistas neste Ano Santo da Misericórdia.

Na segunda Leitura, o apóstolo Paulo dirige a Timóteo – e a nós também – algumas recomendações que tinha a peito. Entre elas, pede que «guarde o mandamento, sem mancha nem culpa» (1 Tm 6, 14). Fala apenas de um mandamento, parecendo querer fazer com que o nosso olhar se mantenha fixo no que é essencial na fé. De facto, São Paulo não recomenda uma multidão de pontos e aspetos, mas sublinha o centro da fé. Este centro à volta do qual tudo gira, este coração pulsante que a tudo dá vida é o anúncio pascal, o primeiro anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou, o Senhor Jesus ama-te, por ti deu a sua vida; ressuscitado e vivo, está ao teu lado e interessa-Se por ti todos os dias. Isto, nunca o devemos esquecer. Neste Jubileu dos Catequistas, pede-se-nos para não nos cansarmos de colocar em primeiro lugar o anúncio principal da fé: o Senhor ressuscitou. Não há conteúdos mais importantes, nada é mais firme e atual. Cada conteúdo da fé torna-se perfeito, se se mantiver ligado a este centro, se for permeado pelo anúncio pascal. Se se isolar, perde sentido e força. Somos chamados continuamente a viver e anunciar a boa-nova do amor do Senhor: «Jesus ama-te verdadeiramente, tal como és. Dá-Lhe lugar: apesar das decepções e feridas da vida, deixa-Lhe a possibilidade de te amar. Não te decepcionará».”

O mandamento de que fala São Paulo faz-nos pensar também no mandamento

Novembro de 2016

novo de Jesus: «Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). É amando que se anuncia Deus-Amor: não à força de convencer, nunca impondo a verdade nem mesmo obstinando-se em torno de alguma obrigação religiosa ou moral. Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a sua mensagem comunica-se através do testemunho simples e verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus limitando-nos a fazer bonitos sermões. O Deus da esperança anuncia-Se vivendo no dia-a-dia o Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar inclusive com novas formas de anúncio.”

O Evangelho deste domingo ajuda-nos a compreender o que significa amar, especialmente a evitar alguns riscos. Na parábola, há um homem rico que não se dá conta de Lázaro, um pobre que «jazia ao seu portão» (Lc 16, 20). Na realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau; e todavia tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar deste estar «coberto de chagas» (ibid.): este rico sofre duma forte cegueira, porque não consegue olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupa fina. Não vê mais além da porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não se importa com o que acontece fora. Não vê com os olhos, porque não sente com o coração. No seu coração, entrou a mundanidade que anestesia a alma. A mundanidade é como um «buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu. Então só se veem as aparências e não nos damos conta dos outros, porque nos tornamos indiferentes a tudo. Quem sofre desta grave cegueira, assume muitas vezes comportamento «estrábicos»: olha com reverência as pessoas famosas, de

alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor.”

Mas o Senhor olha para quem é transcurado e rejeitado pelo mundo. Lázaro é o único personagem, em todas as parábolas de Jesus, a ser designado pelo nome. O seu nome significa «Deus ajuda». Deus não o esquece… Acolhê-lo-á no banquete do seu Reino, juntamente com Abraão, numa rica comunhão de afetos. Ao contrário, na parábola, o homem rico não tem sequer um nome; a sua vida cai esquecida, porque quem vive para si mesmo não faz a história. A insensibilidade de hoje escava abismos intransponíveis para sempre.”

E há outro detalhe na parábola: um contraste. A vida opulenta deste homem sem nome é descrita com ostentação: nele, carências e direitos, tudo é espalhafatoso. Mesmo na morte, insiste em ser ajudado e pretende os seus interesses. Ao contrário, a pobreza de Lázaro é expressa com grande dignidade: da sua boca não saem lamentações, protestos nem palavras de desprezo. É uma válida lição: como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência, nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes e lastimosos. Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem em

lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus.”

Quem anuncia a esperança de Jesus é portador de alegria e vê longe, porque sabe olhar para além do mal e dos problemas. Ao mesmo tempo, vê bem ao perto, porque está atento ao próximo e às suas necessidades. Hoje o Senhor pede-nos isto: face aos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: «Ajudar-te-ei amanhã». O tempo gasto a socorrer é tempo dado a Jesus, é amor que permanece: é o nosso tesouro no céu, que nos asseguramos aqui na terra.”

Concluindo, que o Senhor nos dê a graça de sermos renovados cada dia pela alegria do primeiro anúncio: Jesus ama-nos pessoalmente! Que Ele nos dê a força de viver e anunciar o mandamento do amor, vencendo a cegueira da aparência e as tristezas mundanas. Que nos torne sensíveis aos pobres, que não são um apêndice do Evangelho, mas página central, sempre aberta diante de nós.” 11


PROGRAME-SE

Advento

O

tempo do Advento tem uma duração de quatro semanas. Podemos distinguir dois períodos: no primeiro, aparece com maior relevo o aspecto escatológico e nos é orientado à espera da vinda gloriosa de Cristo e o segundo período, se orienta mais diretamente à preparação do Natal, somos convidados a viver com mais alegria, porque estamos próximos do cumprimento do que Deus prometera. I Domingo A vigilância na espera da vinda do Senhor. Durante esta primeira semana as leituras bíblicas e a prédica são um convite com as palavras do Evangelho. É importante que, como uma família, tenhamos um propósito que nos permita avançar no caminho ao Natal; por exemplo, revisando nossas relações familiares, deveremos buscar o perdão de quem ofendemos e dá-lo a quem nos tem ofendido para começar o Advento vivendo em um ambiente de harmonia e amor familiar, nos relacionamentos diários, como o colégio, o trabalho, os vizinhos, etc. II Domingo A conversão, nota predominante da prédica de João Batista. Durante a segunda semana, a liturgia nos convida a refletir com a exortação do profeta João Batista. Na semana anterior nos reconciliamos com as

BIO pessoas que nos rodeiam; como seguinte passo, a Igreja nos convida a acudir ao Sacramento da Reconciliação (Confissão) que nos devolve a amizade com Deus que havíamos perdido pelo pecado. Durante esta semana poderíamos buscar nas igrejas mais próximas, os horários de confissões disponíveis, para quando chegar o Natal estarmos bem preparados interiormente, unindo-nos a Jesus e aos irmãos na Eucaristia. III Domingo O testemunho de Jesus a João Batista, afirmando que ele é o maior dos profetas, aquele que veio preparar os corações do povo para a chegada do Messias, ensina-nos a endireitar os caminhos de nossas vidas na expectativa alegre de receber Jesus. Propomos fomentar a devoção à Maria, rezando o Terço em família.

Agenda Diocesana 20/11 Solenidade de Cristo Rei do Universo - Encerramento do Ano da Misericórdia 15h – Missa Diocesana Catedral Santo Antônio – Missa Campal 27/11 1º Domingo do Advento Início do Ano Litúrgico A 29/11 a 01/12 Formação Permanente do Clero – Ibaté 01/12 53º Aniversário de Ordenação Sacerdotal de D. Ercílio Turco 03/12 10h – Missa Diocesana da Pastoral da Saúde e Confraternização – Catedral Santo Antônio 9h – Missa de São Francisco Xavier e de Aniversário dos 172 anos do Apostolado da Oração – Catedral Santo Antônio

IV Domingo O anúncio do nascimento de Jesus feito a José e a Maria. As leituras bíblicas e a prédica dirigem o nosso olhar a José, diante do anúncio feito a Virgem Maria, para ser mãe do Salvador de todos os povos, e assim, acolhermos a missão que Deus nos direciona cumprindo a Sua vontade. Todos os preparativos para a festa deverão viver-se neste ambiente, com o firme propósito de aceitar a Jesus nos corações, nas famílias e nas comunidades. Fonte: ACI Digital

04/12 8h - Missa e troca das pastas – ECC Diocesano – Espaço Elena Guerra Missa de encerramento nas regiões pastorais – Pastoral Bíblico-Catequética: – Santo Antônio - Catedral Santo Antônio – Bonfim - Paróquia Nossa Senhora dos Remédios – Carapicuiba - Paróquia N. Senhora Aparecida – Barueri - Paróquia São João Batista – Cotia - Paróquia Santo Antônio - Granja Viana – São Roque - Colégio São José 08/12 Solenidade da Imaculada Conceição Aniversário Natalício de Dom João Bosco 11/12 3º Domingo do Advento Coleta para Evangelização 12/12 Festa de Nossa Senhora de Guadalupe

CNBB e Cáritas lançam campanha em solidariedade às vítimas do furacão Matthew

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Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira lançaram no dia 13 de outubro uma campanha SOS em solidariedade às vítimas do furacão Matthew, que atingiu o Haiti no último dia 4 de outubro. Estima-se que um milhão de pessoas tenham sido afetadas pelas tempestades e que o número de mortes possa passar de 1 mil. Este foi o pior desastre enfrentado pelo país desde o terremoto de janeiro de 2010, quando mais de 300 mil haitianos e haitianas morreram. Ainda hoje há dezenas de milhares de pessoas vivendo em barracas devido às consequências do 12

terremoto, o que agrava ainda mais a situação do país com a passagem do furacão Matthew. Os recursos arrecadados com a campanha serão destinados a ações de urgência, como o fornecimento de água potável, alimentos, cobertores, kits de higiene, lonas e tendas. Será dada prioridade de atendimento às pessoas em abrigos improvisados, mulheres grávidas, crianças e adultos com deficiência física. Com este apoio, também pretende-se ajudar na reconstrução de casas, escolas e outras estruturas que busquem melhorar as condições de vida da população. Ficam convidadas a co-

laborar com a campanha SOS em solidariedade às famílias haitianas as dioceses, paróquias, comunidades, congregações, escolas e todas as pessoas de boa vontade, de forma a realizarmos juntos um gesto concreto de solidariedade em favor dos irmãos e irmãs do Haiti. A Presidência da CNBB e o presidente da Cáritas Brasileira pedem ao Deus de ternura e de bondade que derrame sua benção sobre cada pessoa por este gesto amoroso e solidário em favor das famílias haitianas. Fonte: Assessoria Nacional de Comunicação da Cáritas Brasileira

As ajudas financeiras podem ser depositadas nas seguintes contas, administradas pela Cáritas Brasileira em favor das vítimas do furacão Matthew: Banco do Brasil Agência: 3475-4 Conta Corrente: 33781-1 Caixa Econômica Federal Agência: 1041 Operação: 003 Conta Corrente: 3943-9 CNPJ da Cáritas Brasileira: 33.654.419.0001/16 Novembro de 2016


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