FACULDADE DE JAGUARIÚNA
MONIQUE VAN HAARE HEIJMEIJER
ACUPUNTURA E OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE PARAPARESIA POR TRAUMA MEDULAR EM CÃO – RELATO DE CASO
Jaguariúna 2017
MONIQUE VAN HAARE HEIJMEIJER
ACUPUNTURA E OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE PARAPARESIA POR TRAUMA MEDULAR EM CÃO – RELATO DE CASO
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao curso de Pós-graduação Lato Sensu em Acupuntura Veterinária, apresentado à Faculdade de Jaguariúna para
o
título
de
Acupuntura Veterinária.
Orientadora: Maria Luisa Buffo de Cápua
Jaguariúna 2017
Licenciado
em
Dedico este trabalho ao meu noivo e Ă minha famĂlia, com todo carinho.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente à minha professora orientadora, M. V. Dra Maria Luisa e aos professores Stelio e Jean pela dedicação ao Instituto Bioethicus e ao seus alunos, pois sem isso eu não poderia ter alcançado minha realização profissional na medicina tradicional chinesa. Agradeço também aos meus amigos e colegas de pós graduação por esses dois anos de parceria, apoio e troca de informações que foram cruciais no meu crescimento profissional. Por fim, agradeço o apoio do meu noivo e da minha família por entenderem todo o tempo que tive que ficar longe e me darem força sempre que precisei. Sem vocês não teria chegado até o fim.
IV
HEIJMEIJER, MONIQUE V. H. Acupuntura e ozonioterapia no tratamento de paraparesia por trauma medular em cão– relato de caso. Jaguariúna, 2017. _p. Trabalho de conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Acupuntura Veterinária – Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017.
RESUMO
O uso da acupuntura e da ozonioterapia tem tido muitos resultados de sucesso na área veterinária, tanto como tratamento adjuvante ao convencional quanto como única opção, principalmente nos casos de dores crônicas e agudas, afecções osteomusculares e neurológicas. O presente trabalho relata um caso de paraparesia traumática em um filhote canino onde foram necessárias apenas duas sessões de acupuntura com agulha seca e três de ozonioterapia para a recuperação total do animal. Existem diversos estudos na medicina veterinária relatando o sucesso com o tratamento de acupuntura, mas a ozonioterapia ainda é carente de literatura.
Palavras chave: acupuntura, ozonioterapia, paraparesia, trauma medular, canino.
V
HEIJMEIJER, MONIQUE V. H. Acupuncture and ozone therapy in the treatment of spinal cord injury in paraparesis by dog-case report - case report. Jaguariúna, 2017. _p. Trabalho de conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Acupuntura Veterinária – Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017.
ABSTRACT
The acupuncture and ozone therapy have had many successful results in veterinary medicine, both as adjunctive treatment to the conventional and as the only option, mainly in cases of chronic and acute pain, musculoskeletal and neurological disorders. This work reports a case of traumatic paraparesis in a canine puppy where only two sessions of dry needle acupuncture and three sessions of ozone therapy were necessary for the animal to be complete recovered. There are several studies in veterinary medicine reporting success using acupuncture treatment but ozone therapy is still lacking in literature.
Keywords: acupuncture, ozone therapy, paraparesis, spinal cord injury, canine.
VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACF – Articulação Coxofemural B – meridiano da Bexiga F – meridiano do Fígado VB – meridiano da Vesícula Biliar ID – meridiano do Intestino Delgado E – meridiano do Estômago VG – meridiano do Vaso Governador DDIV – Doença do Disco Intervertebral
VII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 2.1 Trauma Medular no Cão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 2.2 Acupuntura no tratamento do Trauma Medular em cão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.3 Ozonioterapia no tratamento do Trauma Medular em cão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3. CASO CLÍNICO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. DISCUSSÃO . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5. CONCLUSÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
8 1. INTRODUÇÃO
O uso de medicina veterinária complementar e alternativa no tratamento de distúrbios neurológicos tem aumentado em resposta aos avanços nas terapias integrativas humanas, com ênfase em convulsões, acidentes vasculares cerebrais, distúrbio cognitivo canino, meningite, doença do disco intervertebral, embolia fibrocartilaginosa, mielopatia degenerativa e miopatias (KLINE, 2002). Utilizada na medicina Veterinária há décadas (CHAN et al, 2001), a acupuntura tem como objetivo central a busca por equilíbrio. O impedimento do fluxo energético pode gerar doença do organismo todo (XIE & PREAST, 2012). De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, o agulhamento promove a estimulação do sistema neuro-humoral, gerando liberação de hormônios e neuropeptídios nos músculos, medula espinhal e cérebro que, por sua vez, mudam a percepção da dor (ZHANG et al, 2012). Entre os casos mais encaminhados para acupuntura, 70% são nervosos e/ou musculoesqueléticos, considerados os quadros com melhor índice de recuperação quando tratados com acupuntura (SCOGNAMILLO-SZABÓ & BECHARA, 2010). A doença do disco intervertebral tem uma incidência de 23 em 1000 casos presentes em 13 clínicas dos Estados Unidos, sendo a causa mais comum de hiperestesia espinhal (GRIFFIN et al, 2009). A acupuntura tem sido eleita como forma de tratamento por seus resultados satisfatórios principalmente em afecções neurológicas, ortopédicas e musculares. O tratamento convencional frequentemente gera efeitos adversos devido ao uso prolongado de analgésicos e antiinflamatórios que muitas vezes são ineficientes. Isso estimula tanto os médicos veterinários quanto os proprietários dos animais em busca da medicina integrativa e complementar, fazendo com que essas afecções sejam as mais tratadas com acupuntura (SZABÓ et. al., 2006). Já a ozonioterapia é uma terapia complementar promissora graças ao seu baixo custo de equipamentos, materiais e manutenção, à facilidade das técnicas de aplicação e aos resultados clínicos (FREITAS, 2011) e pode ser utilizada em casos de traumatismos, doença do disco intervertebral e com intuito de promover ação analgésica e antiinflamatória (BOCCI, 2000; RILLING, 1995; PAOLONI et al, 2009). O presente trabalho faz uma breve síntese das aplicações e das funções da acupuntura e ozonioterapia em casos de trauma medular agudo, bem como o relato de um caso com a utilização dessas técnicas para o tratamento da paraparesia traumática.
9 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Trauma Medular em Cão
Paresia é definido na medicina oriental e ocidental como perda parcial da possibilidade de movimento e sensibilidade do corpo como um todo ou de uma parte, devido ao dano do sistema nervoso (HULEA et al, 2013). Qualquer lesão ao corpo devido a forças físicas externas é considerada traumática, incluindo acidentes de carro, quedas, tiros, contusões, torções, queimaduras e lesões causadas por outros animais (XIE & PREAST, 2012), chamadas de causas extrínsecas. A extrusão do disco intervertebral é considerada uma causa intrínseca (JORGE, 2009). O animal pode ter como sequela de um trauma medular hemorragia, fratura, luxação subluxação e contusões (SCHOEN, 2006). O trauma medular agudo pode ser dividido em primário e secundário. O primário envolve compressão, concussão, contusão ou laceração. Os mais graves geram contusão com a perda da integridade vascular. A extrusão do disco intervertebral pode causar uma lesão aguda primária, independentemente da quantidade de disco extrusado. As lesões secundárias são consequências das primárias e resultam em hipotensão e hipóxia arterial, interrupção da circulação da medula espinhal, isquemia, injúria oxidativa, inflamação e morte de células neuronais por necrose e apoptose (GRIFFIN et al, 2009). Os sinais clínicos são os elementos mais importantes da doença neurológica, devendo ser feita avaliação da marcha, reações posturais, reflexos espinhais, nervos cranianos, hiperestesia espinhal, nocicepção, micção (PARENT, 2010; COSTA & DEWEY, 2017). A radiografia de coluna, mielografia (BRISSON, 2010) e a análise do líquido cefalorraquidiano são os principais métodos de diagnóstico diferencial das causas de traumatismos medulares. Podem ser utilizadas também a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. O tratamento convencional envolve administração de corticosteroides, cirurgia em casos de fratura/luxação e fisioterapia (JORGE, 2009). Em alguns casos, o tratamento das afecções neurológicas não tem o resultado esperado utilizando apenas a medicina ocidental (JOAQUIM et al, 2008). O tratamento de lesões medulares através da acupuntura e ozonioterapia tem tido excelentes resultados, utilizados de forma única ou complementar ao tratamento convencional (CHAN et al, 2001; CANTWELL, 2010; MORETTE, 2011; TEIXEIRA et al, 2013).
10 2.2 Acupuntura no tratamento do Trauma Medular em Cão
Usada em pequenos e grandes animais nos países ocidentais há mais de três décadas (CHAN et al, 2001), são tratadas com sucesso através da acupuntura diversas afecções (TOYAMA & NISHIZAWA, 1972), entre elas as neurológicas, musculoesqueléticas, dermatológicas e discopatias (TOYAMA & NISHIZAWA, 1972). A maior incidência é de casos neurológicos e musculoesqueléticos (SCOGNAMILLO-SZABÓ & BECHARA, 2010). A acupuntura promove a neovascularização (SCOGNAMILLO-SZABÓ & BECHARA, 2001) e aumenta o fornecimento de oxigênio para áreas danificadas do cérebro e da medula espinhal, restaura o funcionamento dos músculos e acelera a regeneração axonal através da redução da resistência e do aumento da atividade elétrica dos tecidos danificados. Além disso, pode proporcionar a remissão prolongada da dor crônica (ALTUG et al, 1999; SCHOEN, 2006). Promove também a cicatrização (HAYASHI et al, 2007), a redução da tensão e o espasmo muscular, inibe a inflamação, restabelece os mecanismos proprioceptivos e a postura estrutural e minimiza ou previne a dor neuropática (CANTWELL, 2010). Outra ação importante da acupuntura é a capacidade de regeneração e cicatrização dos nervos (LA et al, 2005; LIU et al, 2016). Nos casos onde é realizada a cirurgia, a acupuntura diminui a necessidade de medicação no pós cirúrgico (KLINE, 2002). Segundo Politis & Korchinski (1990), os animais que foram tratados com acupuntura em até 15 minutos após o trauma tiveram melhores respostas em comparação aos que receberam tratamento com acupuntura após esse tempo. Em um estudo feito por Joaquim et al (2008), o trauma medular teve grande melhora quando tratado com acupuntura e Qi (2007) comprovou que a acupuntura melhora a função motora em pacientes com trauma medular na fase de reabilitação. Em um estudo feito por Altug et al (1999), a função locomotora de cães que sofreram trauma em coluna foi restaurada completamente apenas com sessões de acupuntura com agulha seca. A eletroacupuntura tem grandes resultados, principalmente pela sua atividade antiinflamatória e analgésica prolongada (CANTWELL, 2010), potencializa os efeitos da acupuntura (LIU et al, 2016) e seus resultados são mais rápidos quando comparados com animais tratados apenas de forma convencional (HAYASHI et al, 2007). Joaquim et al (2010) demonstrou em seu estudo um resultado melhor com o uso da eletroacupuntura como método de tratamento único ou associada com a cirurgia descompressiva em cães com DDIV do que apenas com a cirurgia. Outras técnicas de acupuntura eficazes no trauma medular incluem moxabustão, aquapuntura, laserpuntura e farmacopuntura (SCOGNAMILLO-SZABÓ & BECHARA, 2010; JOAQUIM et al, 2008). Além disso, a acupuntura melhora também as funções de defecação e micção, que podem ser consequências do trauma (ALTUG et al, 1999). Pela visão da Medicina Tradicional Chinesa, a lesão traumática da medula espinhal afeta principalmente o meridiano do Vaso Governador, impedindo o fluxo de Qi e Sangue para os tendões, ossos e músculos (SCHOEN, 2006), causando em casos mais leves a Estagnação de Qi e em
11 casos mais graves a Estase de Xue (KODAMA, 2003). O Quadro 1 mostra alguns pontos, sua função e localização, segundo XIE & PREAST (2011), que podem ser utilizados em casos de dor e paresia de membros pélvicos.
Quadro 1: Acupontos, suas funções e localizações. Acupunto Bai Hui
Localização
Função
Na linha média dorsal entre as vértebras L7-
Paresia/paralisia de membros
S1.
pélvicos, dor lombossacral, DDIV lombossacral.
B23
B40
Na superfície dorsolateral da coluna, 1,5 tsun
DDIV
toracolombar,
lateral à borda caudal do processo espinhoso
fraqueza
dorsal de L2.
pélvicos.
No centro da fossa poplítea.
Ponto
de
membros
mestre
lombar,
de
coluna
paresia/paralisia
membros pélvicos. B54
Na ACF, no nível do hiatos sacrococcígeo,
Ponto mestre de membros
dorsal ao trocânter maior do fêmur.
pélvicos,
paresia/paralisia
membros pélvicos. VB39
Na superfície lateral do membro pélvico,
Ponto
de
distal ao joelho, 3 tsun proximal à ponta do medula,
influência
da
paresia/paralisia
maléolo lateral da fíbula, em uma depressão membros pélvicos, DDIV. na borda caudal da fíbula E36
Na face craniolateral do membro pélvico, 3
Fraqueza
de
membros
tsun distal ao E35, 0,5 tsun lateral ao aspecto
pélvicos, tônico geral do Qi.
cranial da crista da tíbia. VG2
Na linha média, em uma depressão no espaço
DDIV
toracolombar,
sacrococcígeo.
paresia/paralisia
membros
pélvicos. F3
Na superfície medial do membro pélvico,
Paresia/paralisia
membros
proximal à articulação metatarsofalangeana, pélvicos, dor generalizada. entre
o
segundo
e
terceiro
ossos
metatarsianos. Liu Feng (pélvico)
Na prega cutânea na face dorsal das
Paresia/paralisia
articulações metatarsofalangeanas, entre os
pélvicos.
dígitos 2-3, 3-4, 4-5. Fonte: Xie & Preast (2011).
membros
12 Como tratamento, deve-se remover a estagnação e regular o fluxo do Qi e do Sangue. A escolha de pontos depende da localização da lesão (SCHOEN, 2006). Pontos situados ao longo das vértebras, como os do meridiano da Bexiga e do Vaso Governador, são usados para tratamento de distúrbios que causam paralisia. Em lesões toracolombares são utilizados: Bai Hui, B23, B26, B34, VB30, VB34, E36 (CHAN, 2001) e B62 + ID3, combinação de pontos para lesões dorsais (JEONG et al, 2013). Pode-se acrescentar ainda VB39, B40, VG4, F3 e Liu-Feng pélvico (XIE & PREAST, 2011), Hua-tuo-jia-ji de T10 a L7, B18, B47, B54, VG3, VG2 (STILL, 1989).
2.3 Ozonioterapia no tratamento do Trauma Medular em Cão
O uso do ozônio terapêutico é uma técnica segura e efetiva, sendo um modulador biológico do estresse oxidativo quando utilizado em concentrações e doses adequadas, que variam de acordo com a afecçãoe o local a ser tratado. Pode ser utilizado através da insuflação direta do gás, aplicação subcutânea, intramuscular, na forma de autohemoterapia e na mistura com óleo vegetal e água (GARCIA et al, 2008; BOCCI et al, 2011). As principais características desta técnica são: melhora da circulação sanguínea e oxigenação tecidual, efeito cicatrizante, bactericida, fungicida e de inativação viral, importante ação anti-inflamatória e analgésica, sendo útil no tratamento de dores crônicas, além de estimular a resposta imunológica (BOCCI, 2000; RILLING, 1995; VIEBAHN-HAENSLER, 2002; ELVIS & ETKA, 2011; CHIEFARI et al, 1996). Wu et al (2009) demonstrou que o ozônio pode descomprimir o disco lombar e liberar a pressão mecânica da protrusão discal nos nervos e com isso promove o alívio da dor, diminuindo a resposta inflamatória. Segundo Fuccio et al (2009), o ozônio pode ser eficaz para prevenir o desenvolvimento de dor neuropática. Bocci et al (2015) relata o alívio da dor em casos de mialgia por hérnia de disco após a aplicação de ozônio em pontos gatilhos paravertebrais e em 70 a 80% dos casos de pacientes com dor espinhal, a mesma desapareceu. Em um estudo feito por Paoloni et al (2009) ficou comprovado que a aplicação paravertebral de ozônio em casos de hérnia de disco lombar causou uma maior diminuição da dor e reduziu o uso de analgésicos quando comparados aos que não foram submetidos à ozonioterapia.
13 3. CASO CLÍNICO
Foi atendido no dia 12 de agosto de 2016 um canino, fêmea, Maltês, nome Cisca, de cinco meses de idade pesando 1,3kg com paraparesia de membros pélvicos após trauma. O proprietário informou que seu outro cão, com aproximadamente 6kg, pulou no dorso do animal e desde então ele não estava movimentando os membros pélvicos nem controlando a urina. O proprietário já havia levado o animal a um veterinário clínico que, após encaminhar para raio-X e este exame não apresentar alterações, prescreveu cloridrato de tramadol na dose de 1mg/kg a cada 8 horas, dipirona 25mg/kg a cada 8 horas, cetoprofeno 1mg/kg a cada 24 horas e prednisona 1mg/kg a cada 24 horas. No exame clínico, o paciente apresentava mucosas púrpuras, muita agitação, paraparesia espástica de membros pélvicos sem dor superficial, mas com presença de dor profunda, sem propriocepção, reflexo patelar normal, com dor leve à palpação entre as vértebras torácica 12 e lombar 2 e retenção urinária. Na primeira sessão de acupuntura com agulha seca foram utilizados os pontos Yin Tang, Bai Hui B21, B22, B23, B24, B28, B39, B40, B60, VG2, VG4, VB39, E40, R3, F3 e Liu Feng. O animal ficou com as agulhas por 20 minutos. A ozonioterapia foi realizada após a retirada das agulhas. Foi feita insuflação retal com ozônio na concentração de 21µg/ml, 3ml/kg através de sonda uretral número seis e aplicação de ozônio por via subcutânea na concentração de 10µg/ml, 1 ml por ponto em Bai Hui, B23 e B40. Foi mantido o tratamento convencional com dipirona 25mg/kg a cada 8 horas por três dias e cetoprofeno 1mg/kg a cada 24 horas por cinco dias. Após cinco dias o animal voltou para reavaliação e apresentava melhora no quadro clínico. Não tinha mais retenção urinária, apresentava dor superficial, propriocepção diminuída mas presente e tentava se levantar mesmo com a espasticidade dos membros pélvicos. Foi realizada nova sessão de ozonioterapia por via SC na concentração de 8µg/ml, 1 ml por ponto em Bai Hui, B23 e B40. Dois dias depois o animal chegou na clínica caminhando com discreta incoordenação motora mas no exame clínico contatou-se que a propriocepção estava presente. Foi feita uma nova sessão de acupuntura e ozonioterapia. Os pontos utilizados foram: Bai Hui, Yin Tang, B21, B22, B23, B24, B40, VG4, E36, VB39, R3 e F3. A aplicação do ozônio foi por insuflação retal na concentração de 21µg/ml, 3ml/kg e por via subcutânea na concentração de 10µg/ml, 1 ml por ponto em Bai Hui, B23 e B40. Após sete dias, o animal voltou para uma nova reavaliação e recebeu alta médica pois estava caminhando e correndo normalmente.
14 Quadro 2: Relação dos sinais clínicos e tratamento.
Sinais Clínicos
Dia 0
Dia 5
Dia 7
Paraparesia membros
Paraparesia membros
Fraqueza de membros
pélvicos;
pélvicos;
pélvicos.
Retenção urinária;
Propriocepção
Mucosas púrpuras;
diminuída.
Dor superficial ausente; Sem propriocepção; Sensibilidade à palpação entre T12-L2. Pontos
Yin Tang, Bai Hui,
Utilizados
B21, B22, B23, B24,
B21, B22, B23, B24,
B28, B39, B40, B60,
B40, B60, VG4, VB39,
VG2,
E36, R3, F3.
VG4,
-----
VB39,
Yin Tang, Bai Hui,
E40, R3, F3, Liu Feng pélvico. Ténica de
Agulha seca.
-----
Agulha seca.
Acupuntura
20 minutos
Técnica de
IR: 21µg/ml 3mg/kg
SC: 8µg/ml
IR: 21µg/ml 3mg/kg
Ozonioterapia
SC: 10µg/ml 1ml/ponto
1ml/ponto
SC: 10µg/ml 1ml/ponto
Bai Hui, B23 e B40
Bai Hui, B23 e B40
Bai Hui, B23 e B40
20 minutos
15
4. DISCUSSÃO
Uma das formas de tratamento através da acupuntura é a escolha do ponto de acordo com sua função e localização que varia com cada afecção. Em animais agitados, o Yin Tang é muito utilizado por ser um ponto de tranquilização (SCHOEN, 2006). O trauma gera no organismo um padrão de estagnação de Qi e de Sangue, geralmente no Fígado, já que este é responsável pelo seu livre fluxo, refletindo principalmente através da língua púrpura. O ponto mais recomendado para resolver a estagnação é o F3 (XIE & PREAST, 2012). Como pontos locais para cercar o dragão em caso de lesões toracolombares, recomenda-se o agulhamento de B21, B22, B23, B24 e VG4, recomendados para paresia de membros pélvicos, DDIV toracolombar (CHAN, 2001; XIE & PREAST, 2011). Além dessas funções, o B23 é o assentimento do Rim, responsável por controlar os orifícios, pelo domínio dos ossos e produção da medula através das essências que são armazenadas nele. Isso também justifica a utilização do R3, que é o ponto fonte do Rim (XIE & PREAST, 2012). Para a retenção urinária são indicados os pontos B28, ponto de associação da Bexiga, B39 e B40 que também é o ponto mestre de coluna lombar. A utilização do B60 se justifica pelo alívio da dor toracolombar que ele promove (XIE & PREAST, 2011). Os pontos VG2, E40 e Liu Feng pélvicos são recomendados para paresia de membros pélvicos. Outro ponto muito utilizado em trauma medular é o VB39 por ser o ponto de influência da medula, auxiliando em desordens neurológicas, paresia de membros pélvicos e DDIV (XIE & PREAST, 2011; SCHOEN, 2006). A mistura gasosa oxigênio-ozônio é indicada na ortopedia, principalmente em casos de hérnia de disco (BOCCI et al, 2011; SAGAI & BOCCI, 2011). As aplicações por via retal, intradiscal e paravertebral são as mais indicadas, sendo que sua ação se justifica pela retração do disco herniado e efeito antiinflamatório e analgésico sobre a medula espinhal comprimida, melhorando a microcirculação local e aumentando a oxigenação (HAN et al, 2007). O tempo de realização da ozonioterapia em geral é rápido, não ultrapassando os 20 minutos (HAN et al, 2007). É recomendada a injeção de 5 a 10 ml de ozônio nos pontos paravertebrais em uma concentração de até 20μg/ml, principalmente entre L4 e S1 no homem, sendo que nos animais o volume deve ser ajustado de acordo com o peso e tamanho (BOCCI, 2011; WU et al, 2009). A Declaração de Madrid sobre Ozonioterapia (2010) indica em casos de hérnia de disco toracolombares utilizar aplicação paravertebral ou intramuscular nos pontos gatilhos de acupuntura em concentrações entre 10 e 20 µg/ml e volume total de 5 a 10ml. Já o uso por via retal é recomendado para casos ortopédicos, articulares e neurológicos, mas a concentração não deve ultrapassar 40 µg/ml pois pode lesar os enterócitos.
16
Bonetti et al (2005) relatou evidências de que a infiltração de ozônio melhora não apenas os sintomas mas também a causa da dor, acelerando o mecanismo de recuperação natural da herniação discal.
17
5. CONCLUSÃO
Com os diversos estudos comprovando a eficácia da acupuntura e da ozonioterapia para o tratamento de lesões da medula espinhal e com este relato de caso podemos chegar à conclusão que o uso concomitante das duas técnicas como tratamento do trauma medular foi eficaz para a recuperação rápida e total do paciente, reestabelecendo o movimento dos membros pélvicos e o controle da micção, sem restar nenhuma sequela.
18
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