Acupuntura na reabilitação pós-operatória de subluxação atlantoaxial em cães

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FACULDADE JAGUARIÚNA

FRANCIELLY DE MIRANDA ARENAZIO

ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA DE SUBLUXAÇÃO ATLANTOAXIAL EM CÃES – RELATO DE CASO

Jaguariúna 2017


FRANCIELLY DE MIRANDA ARENAZIO

ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA DE SUBLUXAÇÃO ATLANTOAXIAL EM CÃES – RELATO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Acupuntura Veterinária, apresentado à Faculdade de Jaguariúna

Orientadora: Dra. Maria Luísa Buffo de Cápua

Jaguariúna 2017


Dedico este trabalho a Deus e aos meus pais, pois com a forรงa deles eu consegui conquistar meus maiores sonhos.


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por toda oportunidade que Ele me proporcionou, pela vida maravilhosa e abençoada que tenho! A meus pais Jairo e Cristina, que sempre me ensinaram a ter respeito pelos animais, e plantaram esta sementinha em meu coração desde pequena. Estiveram ao meu lado em todo momento de minha vida me mostrando o caminho certo a escolher. Fizeram de tudo para eu conseguir seguir esta carreira, sempre me incentivando a fazer cursos e estágios. A Mina, minha cadela, que esteve ao meu lado por 14 anos, me mostrando a existência do amor mais verdadeiro e puro desse mundo. Ajudou-me principalmente a querer batalhar cada dia mais para ser uma ótima profissional para cuidar dela no fim de sua vida. Também foi a responsável por me interessar querer me especializar na área de reabilitação animal. A meu vô Pedro, quem iniciou a carreira da medicina veterinária na família, mostrando o amor pela sua profissão e como ser um médico veterinário ético e batalhador. A minha orientadora Maria Luísa Buffo de Cápua, quem me ajudou a realizar meu trabalho de conclusão de curso, e por ter compartilhado toda sua sabedoria e experiência profissional.


A compaixĂŁo para com os animais ĂŠ das mais nobres virtudes da natureza humana Charles Darwin


ARENAZIO, Francielly. ACUPUNTURA NA REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA DE SUBLUXAÇÃO ATLANTOAXIAL EM CÃES – RELATO DE CASO. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós Graduação)- Curso de Acupuntura Veterinária, Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017. RESUMO . Na medicina veterinária, a acupuntura tem sido cada vez mais usada em tratamentos de varias afecções, principalmente as neurológicas. A subluxação atlantoaxial é uma das lesões neurológicas que a acupuntura pode amenizar ou resolver os sinais clínicos. Essa afecção ocorre devido ao desenvolvimento inadequado ou agenesia do processo odontóide ou ausência de um ou mais ligamentos. Essa malformação pode causar danos à medula espinhal e gerar sinais de compressão medular. Relata-se neste presente trabalho o caso clinico de um cão da raça maltês que apresentava subluxação atlantoaxial e foi submetido à cirurgia de estabilização e encaminhado à acupuntura 50 dias depois apresentando tetraparesia. Foram realizadas quatro sessões com agulha seca levando à recuperação total dos sinais clínicos neurológicos, sendo que após a primeira sessão o animal já estava andando sozinho, evidenciando os resultados benéficos da acupuntura. Palavras-chave: Instabilidade. Atlantoaxial. Acupuntura. Cão.


ARENAZIO, Francielly. ACUPUNCTURE IN THE REHABILITATION OF POSTSIRURGICAL OF ATLANTOAXIAL SUBLUXATION IN DOGS- CASE REPORT. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós Graduação)- Curso de Acupuntura Veterinária, Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017. ABSTRACT In veterinary medicine, acupuncture has been increasingly used in treatments of various conditions, mainly the neurological ones. The atlantoaxial subluxation is one of the neurological lesions that acupuncture can help to resolve. This affection occur because of a malformation or agenesis of the odontoid process or absence of one or more ligaments. This malformation can cause damage to the spinal cord and cause compression. The case report presented here regards of this work was from a Maltese dog with an atlantoaxial subluxation and submitted to stabilization surgery, was sent to acupuncture treatment 50 days later showing tetraparesis. Complete recovery of clinical neurological signs was obtained after four dry needle acupuncture sessions. Also, after the first session the animal was able to walk by himself, evidencing the beneficial results of acupuncture. Keywords: Instability. Atlantoaxial. Acupuncture. Dog.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................8 2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 9 2.1 Anatomia do atlas e axis do cão.......................................................................... 9 2.2 Luxação Atlantoaxial – Etiopatogenia.............................................................. 10 2.2 Diagnóstico........................................................................................................ 12 2.4 Tratamento......................................................................................................... 12 2.5 Acupuntura para tratamento de doenças neurológicas...................................... 13 3 RELATO DE CASO........................................................................................ 15 4

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ...................................................................... 19

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 20


1

INTRODUÇÃO

A acupuntura é uma técnica usada desde o período paleolítico para tratamento da dor e de algumas doenças. Foi na China que esta ciência foi desenvolvida para tratamento de homens e seus animais de trabalho (FOGANHOLLI; FILADELPHO, 2006). Houve relatos do primeiro médico veterinário acupunturista em 947 a 928 a. C. no tratamento de cavalos. Em 590 a 960 a. C. foi formada a primeira escola de acupuntura veterinária (TORRO, 1997). Diversas doenças podem ser tratadas apenas com a acupuntura ou como um complemento da medicina veterinária convencional. É bastante indicada para tratamento de doenças neurológicas como paralisia e paresias de origens variadas (FOGANHOLLI & FILADELPHO, 2006). A subluxação atlantoaxial em cães é uma das afecções que causa lesão neurológica. Ocorre devido ao desenvolvimento inadequado ou agenesia do processo odontóide ou ausência de um ou mais ligamentos. Para ocorrer a subluxação geralmente ocorre uma fratura traumática do processo odontóde ou do ligamento transverso (FERNANDEZ, BERNARDINI; 2010). Acomete geralmente animais de porte pequeno como Poodles, Spitz Alemão e Chihuahuas (NELSON, COUTO; 2010). Essa malformação pode causar danos à medula espinhal e gerar sinais de compressão medular. A ocorrência de um leve trauma em cães jovens com instabilidade atlantoaxial congênita pode levar a uma luxação de C1-C2, causando dor cervical, tetraparesia ou até tetraplegia (NELSON, COUTO; 2010). Objetiva-se por meio deste trabalho revisar as causas e os tratamentos da instabilidade atlantoaxial em cães, bem como, relatar um caso clínico de um cão tetraparético tratado com acupuntura no pós-operatório.


2

REVISÃO DE LITERATURA

2.1

Anatomia do atlas e axis do cão

O atlas e o axis, C1 e C2 respectivamente, possuem uma articulação com características particulares comparadas ao restante da coluna vertebral (FERNANDEZ & BERNARDINI, 2010). O processo odontóide é uma projeção óssea do aspecto cranial do axis é firmemente seguro contra o arco ventral do atlas por uma bainha fibrosa e resistente, o ligamento transverso, mantendo o alinhamento destas duas vertebras e a integridade do canal vertebral. O odontóide também está unido à face ventral do forame magno e aos côndilos occiptais pelos ligamentos apical e alares respectivamente (NELSON & COUTO, 2010). Estes ligamentos ventrais são suplementados por um ligamento atlantoaxial dorsal resistente, situado entre o arco dorsal do atlas e a espinha craniodorsal do áxis (Figura 1) (SHIRES, 2007).

Figura 1 – Ligamentos que compõe a articulação atlantoaxial obtido de http://clinicalgate.com/applied-anatomy-of-the-cervical-spine/


Esta articulação é classificada como pivô, ou seja, realiza a rotação do atlas e da cabeça em um eixo longitudinal. O ligamento transverso é quem possibilita o movimento rotacional e impede a deflexão do processo odontóide no canal espinhal (PALMISANO, 2008).

2.2

Subluxação Atlantoaxial - Etiopatogenia

Algumas anomalias congênitas ou de desenvolvimento predispõem cães a terem uma subluxação atlantoaxial; nestes casos um trauma mínimo pode provocar falência na biomecânica desta articulação e gerar uma instabilidade (SHIRES, 2007). Dentre essas anomalias estão o desenvolvimento inadequado ou agenesia do processo odontóide que são as mais frequentes ou a ausência de um ou mais ligamentos que é mais raro (FERNANDEZ & BERNARDINI, 2010). Quando o processo estiver ausente, mal formado ou não existir inserções ligamentosas, é o ligamento atlantoaxial dorsal que irá sustentar a cabeça durante a flexão, podendo estirar ou romper, resultando em uma instabilidade e consequentemente uma compressão medular (Figura 2) (SHIRES, 2007).


Figura 2 - Compressão medular pelo processso odontóide (Stainki, D.R. et al. 1999)

Essa afecção geralmente acomete cães de pequeno porte e raramente cães de grande porte ou gatos (NELSON & COUTO, 2010). As lesões adquiridas devido a um trauma tem apresentação aguda e podem ocorrer em cães de qualquer raça ou idade e levar a um quadro mais grave como a tetraplegia (FERNANDEZ & BERNARDINI, 2010). Os

sinais

podem

aumentar,

diminuir

ou

serem

contínuos

e

ocasionalmente cães já adultos podem ter vários episódios de dor cervical e ataxia, que podem ou não estar associados a trauma leve (CHRISMAN, 1985). Cães que possuem instabilidade atlantoaxial congênita desenvolvem sinais clínicos de neurônio motor superior (NMS) geralmente entre seis e 18 meses de idade NELSON; COUTO, 2010).

Os sinais variam de acordo com o grau da lesão, dor

cervical e cabeça baixa em casos mais brandos e ataxia, tetraparesia, déficits proprioceptivos, ou até paralisia motora e respiratória em casos mais graves (SHIRES, 2007).


2.3

Diagnóstico

O primeiro exame de eleição é a radiografia, as projeções laterolateral e laterolateral obliqua podem visualizar a ausência ou malformação do processo odontóide (NELSON & COUTO, 2010). No caso de subluxação pode ser observado na radiografia um aumento do espaço entre o arco dorsal do atlas e a extremidade cranial processo espinhoso do axis (FERNANDEZ & BERNARDINI, 2010). A instabilidade é um processo dinâmico e pode não ser evidenciada no exame radiográfico (LORIGADOS et al, 2003). Portanto quando o diagnóstico não pode ser confirmado, é necessário sedar o animal para realizar uma radiografia com a cabeça levemente flexionada, o que pode permitir a observação da subluxação. Essa manipulação deve ser feita com muita cautela, pois a rotação ou flexão do pescoço pode comprimir a medula e causar paralisia respiratória (NELSON & COUTO, 2010).

2.4

Tratamento

O tratamento conservativo inclui repouso total, colete de imobilização cervical para evitar a flexão do pescoço e administração de analgésicos e traz melhora não definitiva dos sinais clínicos (STAINKI et al., 1999). O tratamento cirúrgico é o mais indicado para estabilizar a articulação, a técnica mais empregada é a abordagem ventral para inserção transarticular de parafusos (Figura 3). Outra técnica é a estabilização com placa ou pinos intra-articulares, fixando os extremos com resina acrílica (FERNANDEZ & BERNARDINI, 2010).


Figura 3 - Fixação com parafusos obtido de www.neurologiaveterinaria.blogspot.com.br/201 0/08/instabilidade-atlantoaxial.html

2.5 Acupuntura para tratamento de doenças neurológicas

A acupuntura tem sido cada vez mais aceita pelos médicos veterinários e proprietários como forma de tratamento de varias afecções, principalmente as neurológicas. Caso a lesão seja grave e irreversível, a acupuntura proporciona uma melhor qualidade de vida ao paciente (FOGANHOLLI & FILADELFHO, 2007). Vários estudos comprovam a eficiência da acupuntura em casos de doenças neurológicas. No trabalho de Joaquim. et al. (2008) noventa e três por cento dos animais com discopatia toracolombar, lesões neurológicas tiveram melhora significativa com o tratamento com acupuntura simples associada ou não outras técnicas da medicina tradicional chinesa (eletroacupuntura, moxabustão, hemopuntura e implante de ouro). Dentre estas doenças incluem hérnia de disco, espondilose, trauma medular, acidente vascular cerebral, paralisia facial, síndrome da cauda equina, sequela de cinomose, epilepsia, ataxia e diagnósticos não conclusivos (JOAQUIM et al., 2008). O resultado positivo da associação da acupuntura com o tratamento médico também foi evidenciado em um estudo em cães com discopatia toracolombar grau três e


quatro, onde antecipou a melhora do estado neurológico e o retorno do movimento dos membros pélvicos dos cães estudados (HAYASHI, 2006). Também auxilia no controle da dor nestes casos, sendo mais eficaz quando associado a eletroacupuntura em quadros agudos (DIAS et al., 2015).


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RELATO DE CASO

Um cão macho da raça Maltês com quatro meses de idade, apresentou os sinais clínicos de ataxia nos membros pélvicos, relutância para flexionar a cabeça e dor a palpação cervical com período evolutivo de um mês. Foi realizada radiografia laterolateral (Figura 4) e ventrodorsal (Figura 5) da região da coluna cervical e foi observado ausência do processo odontóide com subluxação atlantoaxial. O animal encontrava-se acordado durante o procedimento.

Figura 4 - Projeção Laterolateral mostrando aumento do espaço entre o arco dorsal do atlas e a extremidade cranial processo espinhoso do áxis.


Figura 5 evidenciando odontóide.

a

. Projeção ventrodorsal ausência do processo

O tratamento conservativo foi eleito de primeiro instante. O animal foi medicado com 2 mg de prednisolona a cada 12 horas durante 3 dias e depois feito o desmame com 1 mg uma vez ao dia e após em dias alternados, totalizando uma semana de tratamento. Também foi indicado repouso e colar cervical durante um mês. Nesse período o animal teve piora do quadro clinico e começou a ter ataxia nos membros torácicos. Verificou-se, portanto, a necessidade da intervenção cirúrgica. A técnica utilizada foi a de estabilização ventral com pinos. Após a intervenção cirúrgica o animal passou a ter tetraparesia espástica com preservação da nocicepção (dor profunda e superficial) e ausência de propriocepção consciente e inconsciente. O cão foi encaminhado para acupuntura com 50 dias de pós-operatório sem melhoras significativas dos sinais clínicos, ainda apresentando tetraparesia e rigidez da cervical. Na avaliação da medicina tradicional chinesa (MTC) o cão apresentava deficiência de Jing pré-celestial do Rim, pois nasceu com uma doença congênita. A estratégia do tratamento foi eliminar vento interno devido à paresia e nutrir o jing do rim.


O tratamento com acupuntura foi realizado semanalmente, com a técnica de agulha seca, sendo o tempo de permanência das agulhas de 20 minutos. Foram realizadas quatro sessões no total até a reversão do quadro clinico. A escolha dos pontos foi feita de acordo com função energética de cada um e a sintomatologia apresentada pelo animal. Os pontos utilizados foram R-3, B-10, B11, B-23, VG-17 E VB-20, cuja descrição anatômica e indicações encontram-se abaixo segundo XIE, 2011: R-3 Localizado na região medial do membro pélvico, entre o calcâneo e o maléolo medial da tíbia. Função: Ponto riacho-Shu e ponto fonte-Yuan, utilizado em casos de insuficiência renal, disúria, diabetes, doença do disco intervertebral, faringite, problemas de ouvido como otite e disfunção auditiva (XIE, 2011). Neste caso este ponto foi selecionado por beneficiar a essência e tonificar o yin e yang do Rim. B-10 Localizado caudal a asa do atlas 1,5 cun lateral a linha média dorsal. Função: usado para expelir vento frio, secreção nasal, febre, ponto local para dor cervical e ombro, doença do disco intervertebral (XIE, 2011). Este ponto foi utilizado como ponto local e expelir vento. B-11 Localizado na borda cranial da escápula, 1,5 cun lateral ao processo espinhoso da primeira vertebra torácica (T1). Função: Ponto de influência de ossos, portanto é usado em casos de osteoartrite e ponto local para doença do disco intervertebral, dor cervical, toracolombar e ombro (XIE, 2011). Este ponto foi selecionado como ponto local de cervical e por ser influência de ossos. B-23 Localizado 1,5 cun lateral à borda do processo espinhoso dorsal da segunda vertebra lombar (L2). Função: shu dorsal do rim, deficiência de yin e Qi do rim portanto é utilizado em casos de doenças renais, incontinência urinária, acumulo de liquido como edema, doença do disco intervertebral, fraqueza dos membros pélvicos e displasia


coxofemoral (XIE, 2011). Este ponto foi utilizado para tonificar a essência e o Yuan Qi (Qi Pré-natal). VG-17 Localizado na linha media dorsal 1,5 cun rostral ao VG-16 e à protuberância do occipital. Função: alterações neurológicas como epilepsia e vertigem, e também usado como ponto local para problemas na região cervical (XIE, 2011). Neste caso este ponto foi utilizado como ponto local de cervical. VB-20 Localizado na depressão caudal e lateral a protuberância do occipital, medial a borda cranial da asa do atlas. Função: expelir vento interno e externo como epilepsia e ponto local para afecções na cervical (XIE, 2011). Este ponto foi utilizado como ponto local e expelir vento interno. A partir da primeira sessão o animal voltou a andar sozinho com os quatro membros, apresentando ataxia moderada e rigidez cervical. Na segunda sessão o animal deambulava com menos ataxia e leve sensibilidade no pescoço. Já na terceira sessão o cão tinha uma ataxia leve e não sentia mais dores na região cervical. O tratamento durou quatro semanas para total recuperação do quadro neurológico.


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DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

A subluxação atlantoaxial geralmente acomete animais com menos de 24 meses e particularmente em raças de pequeno porte (BECKMANN et al., 2010). O paciente do caso clínico relatado tinha apenas quatro meses e era da raça Maltês, corroborando com a literatura. A causa mais comum da subluxação atlantoaxial é a agenesia do processo odontóide (BECKMANN et al., 2010). Esta também foi a causa da lesão do paciente tratado. A técnica cirúrgica ventral a qual foi realizada apresenta maior índice de sucesso e menor risco de recidivas como foi comprovado no estudo de Zani et al. (2015). A estabilização foi garantida, mas a tetraparesia e rigidez cervical ainda persistiram 50 dias após a cirurgia. Portanto foi necessária a implantação de outro terapia para recuperação destes sinais clínicos e a acupuntura foi a técnica de eleição. Vários estudos demonstraram resultados significantes em tratamento com acupuntura nos casos de doenças neurológicas como no estudo de Joaquin et al. (2008) a maioria dos animais recuperaram o controle neuromuscular ou a capacidade normal de deambular. Também auxilia no controle da dor e consequentemente diminuído a claudicação segundo Dias et al. (2015). Isso também ocorreu no paciente atendido, após o tratamento com a acupuntura voltou a deambular normalmente e não apresentou mais rigidez na região cervical a qual era causada por dor. Conclui-se a partir do relato de caso descrito acima, que a acupuntura foi uma forma eficaz de tratamento dos sinais clínicos neurológicos, causado pela subluxação atlantoaxial.


REFERÊNCIAS

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