Medicina veterinária integrativa no trauma cranioencefálico

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FACULDADE DE JAGUARIÚNA

MAÍRA BELLI

MEDICINA VETERINÁRIA INTEGRATIVA NO TRAUMA CRÂNIOENCEFÁLICO: Relato de Dois Casos

Jaguariúna 2017


MAÍRA BELLI

MEDICINA VETERINÁRIA INTEGRATIVA NO TRAUMA CRÂNIOENCEFÁLICO: Relato de Dois Casos

Trabalho de conclusão de curso de Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Acupuntura Veterinária, apresentado à Faculdade de Jaguariúna.

ORIENTADORA: Maria Luisa Buffo de Cápua

Jaguariúna 2017


Dedico este trabalho a Olorum, aos Orixás e às linhas da Umbanda; à minha família, à minha namorada e aos meus amigos com todo carinho.


AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente à minha orientadora, M.V, Dra Maria Luisa, por sua dedicação, paciência e confiança comigo durante o curso e no aprendizado no ambulatório da Unesp; e também ao Prof Stelio, Prof Jean e a M.V. Heloisa pela paciência, confiança, pelas orientações e ajuda nos momentos de necessidade. Gostaria de agradecer aos membros da banca, por participarem e opinarem neste trabalho dando sua honrosa contribuição. Também gostaria de agradecer aos meus colegas da pós que, durante estes dois anos, permaneceram unidos, sempre pensando no coletivo e ajudando uns aos outros em qualquer momento, além de terem sido de agradável convivência. Desejo tudo de melhor pra vocês. Espero sempre poder reencontrá-los. Agradeço o apoio da minha família, amigos próximos e da minha namorada, sem vocês eu não teria conseguido alcançar tudo o que alcancei nesses últimos dois anos. Sem vocês eu não teria conseguido chegar até aqui. Enfim, meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho e a conquista da residência em acupuntura pela FMVZ – Unesp Botucatu. Muito obrigada!


“Estar sem problemas é diferente de estar feliz. Nunca desista diante dos seus problemas, e mesmo que você desmorone, levante-se novamente e triunfe até fracassar. É aí que se encontram a alegria e a felicidade da vida. ” Daisaku Ikeda


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BELLI, MAÍRA. Medicina veterinária integrativa no trauma cranioencefálico: relato de dois casos. Jaguariúna, 2017. 20p. Trabalho de conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Senso em Acupuntura Veterinária – Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017. RESUMO O tratamento com acupuntura em pacientes emergenciais é seguro e bem-aceito. Em animais, a acupuntura é indicada para diversas doenças, porém é principalmente utilizada para distúrbios neurológicos, musculares e cutâneos, onde apresenta alto índice de recuperação. Cada vez é mais utilizada para o manejo da dor e outras condições agudas ou crônicas no cenário clínico. A acupuntura quando é usada isoladamente ou como adjuvante no tratamento das praticas hospitalares, melhores são os efeitos na saúde do paciente e menor o uso de analgésicos após o tratamento, contribuindo para a redução dos prejuízos pelo consumo excessivo de fármacos. O presente trabalho relata dois casos de trauma cranioencefálico (TCE): um cão com sequelas decorrentes do trauma e um gato em situação emergencial. Em ambos os casos houve melhora do quadro e foram necessárias de uma a quatro sessões de acupuntura para que os mesmos obtivessem alta médica. Em medicina veterinária, poucos são os conteúdos encontrados na literatura sobre a utilização de acupuntura em casos emergenciais e de TCE. Estudos são necessários para melhor elucidar a utilização e eficácia da acupuntura dentro deste contexto emergencial veterinário. Palavras chave: acupuntura, emergência, cão, gato.


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BELLI, MAÍRA. Veterinary integrative medicine in traumatic brain injury: two cases report. Jaguariúna, 2017. 20p. Trabalho de conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Senso em Acupuntura Veterinária – Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017. ABSTRACT The treatment with acupuncture in emergency patients is safe and well-accepted. Acupuncture is indicated to several animal pathologies, however it is mainly used to neurological, muscular and cutaneous disorders, presenting a high level of recovering. In the clinical scenario, acupuncture is increasingly utilized to pain management and others acute and chronic conditions. When acupuncture is used singly or as an adjuvant in the treatment, better are the effects to the patient’s health and lesser the use of analgesics after the treatment, contributing to reduce noxious effects by the excessive drug’s consumption. The present paper aims to relate two cases of traumatic brain injury: first a dog with trauma’s sequelae and second a cat in emergency situation. In both cases there was clinical improvement and it took one to four acupuncture sessions to they obtain a medical discharge. In veterinary medicine, few are the contents and articles about acupuncture and its use in traumatic brain injury and emergency. Researches are necessary to better elucidate the use and efficacy of acupuncture in the veterinary emergency context. Key words: acupuncture, emergency, dog, cat.


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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AVC – acidente vascular cerebral CCPA – Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais C – meridiano do Coração ECGPM – Escala de Coma de Glasgow Pediátrica Modificada F – meridiano do Fígado IG – meridiano do Intestino Grosso MTC – Medicina Tradicional Chinesa Pc – meridiano do Pericárdio PIC – pressão intracraniana R – meridiano do Rim SRD – sem raça definida TA – meridiano do Triplo Aquecedor TCE – trauma cranioencefálico VG – meridiano do Vaso Governador


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 9 2.1 Trauma Cranioencefálico ..................................................................................................... 9 2.2 Acupuntura no TCE ............................................................................................................ 11 3 RELATO DE CASOS CLÍNICOS..................................................................................... 14 3.1 Caso Clínico 1 .................................................................................................................... 14 3.2 Caso Clínico 2 .................................................................................................................... 15 4 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 16 5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 18 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 18


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1 INTRODUÇÃO

Os primeiros relatos da acupuntura veterinária datam da Idade do Bronze na China, que ocorreu entre 2200 e 500 a.C., compreendendo três dinastias: Xia, Shang e Zhou. Na dinastia Zhou, a medicina veterinária se tornou um ramo distinto da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Também nesse período, por volta do ano 650 a.C., um general militar conhecido como Bai-le escreveu o Canon of Veterinary Medicine (o Cânon da Medicina Veterinária) (SCHOEN, 2006). A acupuntura faz parte de um conjunto de conhecimentos teórico-empíricos, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que inclui técnicas de massagem (Tui-Na), exercícios respiratórios (Chi-Gung), orientações nutricional (Shu-Shieh) e a farmacopeia chinesa (medicamentos de origem animal, vegetal e mineral) (ALTMAN, 1997; SCOGNAMILLOSZABO & BECHARA, 2010). O objetivo central da Medicina Tradicional Chinesa e, portanto, da acupuntura é a busca por equilíbrio, tanto no que se refere às funções orgânicas quanto à relação do corpo com o meio externo. Em outras palavras, a acupuntura preconiza que a saúde é dependente das funções psico-neuroendócrinas, sob influência do código genético e de fatores extrínsecos como nutrição, hábitos de vida, clima e qualidade do ambiente (SCOGNAMILLO-SZABO & BECHARA, 2001; SCHOEN, 2006; MACIOCIA, 2007; XIE & PREAST, 2010). A acupuntura é realizada através da estimulação de pontos específicos do corpo, tendo como propósito atingir um efeito terapêutico e homeostático (SCHOEN, 2006; MACIOCIA, 2007; XIE & PREAST, 2010). Do ponto de vista da medicina ocidental, o agulhamento na acupuntura promove estimulação do sistema neuro-humoral, liberando hormônios e neuropeptídios nos músculos, medula espinhal e encéfalo. Estes mediadores químicos mudam a percepção da dor, ou desencadeiam a liberação de outros produtos químicos e hormônios, os quais influenciam o sistema de regulação interno do corpo (ZOLLMAN et al., 2011) Em animais, a acupuntura é indicada para diversas doenças, porém é principalmente utilizada para distúrbios neurológicos, musculares e cutâneos, onde apresenta alto índice de recuperação (SCOGNAMILLO-SZABO & BECHARA, 2010). O tratamento com acupuntura em pacientes emergenciais é seguro e bem-aceito. A sua combinação com o


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tratamento médico convencional pode reduzir dor e náusea nesses pacientes (ZHANG et al., 2014). Shih et al. (2013) demonstraram que pacientes com TCE que receberam tratamento com acupuntura reduziram os retornos e hospitalizações de emergência no primeiro ano após o trauma. Foram observadas também melhora nas funções cognitivas e qualidade de sono nesses pacientes. A terapia apropriada para pacientes com TCE permanece controversa em medicina veterinária pela falta de estudos retrospectivos sobre o tratamento dessa injúria em cães e gatos (PLATT et al., 2001). Atualmente, segundo Swaminathan et al. (2009), o manejo convencional dos pacientes com TCE é baseado na rápida estabilização, diagnóstico e redução do desenvolvimento de lesões encefálicas secundárias. Devido ao crescimento da utilização da acupuntura como método integrativo à medicina convencional, esse trabalho tem como objetivo fazer uma breve revisão de literatura sobre TCE e acupuntura como tratamento adjuvante nesse contexto emergencial, e relatar a utilização da acupuntura em dois pacientes. Sendo um dos casos um cão com sequelas provenientes de um TCE e o outro um felino em situação emergencial diagnosticado com TCE.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Trauma Cranioencefálico

O TCE é definido como lesão estrutural ou perturbação fisiológica induzida por uma força externa, porém nem todo paciente exposto a um trauma craniano vai sofrer TCE (BELTRAN et al., 2014). As principais causas de trauma mecânico em animais são decorrentes de atropelamentos, quedas, lesões por esmagamento ou por arma de fogo, ataques de outros animais e maus tratos (SANDE & WEST, 2010). Traumas cranianos severos estão associados à alta mortalidade tanto em seres humanos quanto em animais (PLATT et al., 2001). Segundo Ghajar (2000), os danos neurológicos não ocorrem imediatamente após evento (lesão primária), contudo, evoluem posteriormente (lesão secundária). As


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alterações encefálicas primárias são graduadas de acordo com a gravidade e classificadas em concussão, contusão, laceração e lesão axonal difusa (VERNEAU, 2005; SANDE & WEST, 2010). A maioria das lesões cerebrais secundárias é causada por hemorragias, edema cerebral, com aumento da pressão intracraniana (PIC), comprometimento da barreira hematoencefálica e uma subsequente diminuição da perfusão cerebral levando à isquemia, e alteração na reatividade vascular cerebral (GHAJAR, 2000; VERNEAU, 2005; SANDE & WEST, 2010). As sequelas são comuns, podendo desenvolver horas ou dias após o trauma; ocorrem pela liberação de mediadores inflamatórios, lesão axonal e hemorragia contínua (VERNEAU 2005; GEBHARD, 2008; SANDE & WEST, 2010). Em medicina humana, o TCE é indicado pelo início agudo de um ou mais das seguintes alterações: um período de perda ou consciência diminuída, alteração do estado mental, deficit neurológico, presença de lesão intracraniana (BELTRAN et al., 2014). A avaliação física inicial do paciente traumatizado, em medicina veterinária, deve ser focada nas anormalidades iminentes que colocam sua vida em risco (PLATT & OLBY, 2004; DEWEY & FLETCHER, 2008). Para tal, deve-se instaurar a sequência de atendimento emergencial, verificando as funções vitais e neurológicas do animal. (ASSIS, 2005; GOMES & NEUTEL, 2008; DEWEY & FLETCHER, 2008). Estudos em humanos demonstram que aproximadamente 60% dos pacientes com TCE apresentam lesões concomitantes em outros órgãos vitais (SANDE & WEST, 2010), portanto é importante não focar, numa primeira abordagem, no estado neurológico do animal, uma vez que alguns pacientes traumatizados se encontram em choque hipovolêmico. Este paciente, sem dano neurológico notável, frequentemente apresenta depressão do estado mental devido, principalmente, à hipotensão. Uma vez corrigida a volemia, o estado neurológico tende a melhorar (PLAT & OLBY, 2004; PLATT 2005; DEWEY & FLETCHER, 2008). A gravidade do quadro é classificada em leve, moderado ou severo baseado no nível de consciência do paciente ou através da Escala de Coma de Glasgow (GHAJAR, 2000). Simpson & Reilly (1982) publicaram a Escala de Coma de Glasgow Pediátrica, pois crianças até dois anos manifestam resposta verbal limitada. Essa escala também obedece à mesma escala ordinal de escores de pontuação descrita na Escala de Coma de Glasgow. Uma Escala de Coma de Glasgow Pediátrica Modificada (ECGPM) para cães foi proposta por Andrade et al. (2010) a fim de avaliar o nível de consciência de pacientes caninos (Tabela 1). O escore mínimo é 3, revelando arreatividade, e o máximo é 15, mostrando que o doente está desperto, alerta e totalmente responsivo. Quanto à classificação associada à gravidade, considera-se alteração grave o intervalo entre 3-8, moderada entre 9-12, leve entre 13-14 e


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normal 15. A queda de três escores na escala considera-se como sinal de alerta, pois o paciente pode estar mudado de faixa na classificação de gravidade. Devido à limitação de dados disponíveis que correlacionam a sobrevivência com uma pontuação numérica, a escala é melhor utilizada como meio de avaliação objetiva da progressão dos sinais neurológicos, em vez de um indicador de prognóstico (SANDE & WEST, 2010). A terapia apropriada para pacientes com TCE permanece controversa em medicina veterinária pela falta de estudos retrospectivos sobre o tratamento dessa injúria em cães e gatos (PLATT et al, 2001). Atualmente, segundo Swaminathan et al. (2009), o manejo convencional dos pacientes com TCE é baseado na rápida estabilização, diagnóstico e redução do desenvolvimento de lesões encefálicas secundárias. A adequada intervenção tem efeito significativo no resultado neurológico.

Tabela 1. Escada de Coma de Glasgow Modificada para Cães Indicador Critério/resposta Abertura ocular Espontânea Estímulo verbal/comando Estímulo verbal/comando/ao grito Estímulo doloroso Sem abertura Melhor resposta à vocalização Latido/rosnado Choramingo irritado Choramingo à dor Ganido à dor Sem resposta Melhor resposta motora Movimento espontâneo e normal Reação ao toque Reação à dor Flexão anormal – descorticação Extensão anormal – descerebração Nenhuma Total

Escore 4 3 3 2 1 5 4 3 2 1 6 5 4 3 2 1 15

Fonte: ANDRADE et al., 2010, p.49.

2.2 Acupuntura no TCE

De acordo com Maciocia (2007), os traumas físicos causam uma estagnação local do Qi (trauma leve) ou do Sangue (trauma severo). Embora o trauma possa parecer


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apenas uma causa transitória da doença, na prática, o efeito dele pode prolongar as manifestações, com estagnação local de Qi, Sangue ou ambos na área afetada. O diagnóstico de trauma encefálico e de coma pela MTC consiste em estase no Sangue e de distúrbio no Coração e Shen da mente (KLINE et al., 2006). Sangue estagnado aflige os órgãos Zang-Fu associados, tecidos e Meridianos, o que resulta em diversos sinais clínicos. Localmente, o Sangue Estagnado se manifesta por inchaço e dor. No nível do corpo todo, é observado como língua de cor roxo-profundo e pulso irregular, cortado (XIE & PREAST, 2012). Na acupuntura, o tratamento tem como objetivo aliviar a estase de Sangue, dispersar o Vento, remover a obstrução do fluxo de Qi nos canais e restaurar o vigor do Coração e do Shen. Os pontos de acupuntura podem incluir VG16 (dispersar o Vento), VG15, mais quatro ou dez pontos adicionais da cabeça e corpo, incluindo VG26, VG24, R1, C5 e C7 (acalma o Shen). De 30 a 50 tratamentos podem ser necessários em seres humanos com as disfunções citadas anteriormente, usando manipulação manual e eletroacupuntura (KLINE et al., 2006). O Quadro 1 demonstra, segundo Xie & Priest (2011), as funções e localização de alguns acupontos supracitados e de acupontos extras de crânio que possuem ações semelhantes, como dissipar o vento e auxiliar em problemas de distúrbios de Shen, por exemplo, que podem ser utilizados no tratamento do paciente traumatizado. Em casos emergências, o tratamento com acupuntura é bem aceito entre os pacientes (ZHANG et al., 2014) e é cada vez mais utilizada para o manejo da dor e outras condições agudas ou crônicas no cenário clínico. Observou-se que a acupuntura quando é usada isoladamente ou como adjuvante no tratamento das práticas hospitalares, melhores são os efeitos na saúde do paciente e menor o uso de analgésicos após o tratamento, contribuindo para a redução dos prejuízos pelo consumo excessivo de fármacos (KIM et al., 2013). Shih et al. (2013) demonstraram que pacientes com TCE que receberam tratamento com acupuntura reduziram os retornos e hospitalizações de emergência no primeiro ano após o trauma. O mecanismo de ação nesses casos não foi esclarecido, porém foram observadas também melhora nas funções cognitivas e qualidade de sono nesses pacientes. Em outro estudo, Shih et al. (2014) sugerem que pacientes com TCE tratados com acupuntura tem menor risco de ter acidente vascular cerebral (AVC) comparados aos pacientes que não receberam acupuntura. O edema cerebral decorrente de AVC pode ser parcialmente reduzido após terapia com acupuntura. A acupuntura pode induzir a vasodilatação e aumentar o fluxo


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sanguíneo cerebral. Também podem ocorrer alterações circulatórias localmente e distais aos pontos estimulados, incluindo o cérebro (KLINE et al., 2006). Acupuntura no VG26 e nos 12 pontos Poço foi associada com a recuperação da consciência pós-operatória e com a diminuição do tempo de recuperação em um paciente humano com TCE em estado grave. Um médico experiente pode usar a acupuntura como terapia complementar em pacientes com TCE tratados cirurgicamente que não conseguem recuperar a consciência (TSENG et al., 2013). A estimulação do VG26 promove a dilatação do sistema arterial, aumentando assim a pressão da perfusão capilar. Essa dilatação ocorre em ondas para diminuir a sedimentação das hemácias, aumentar a perfusão capilar e elevar o fluxo sanguíneo (KLINE et al., 2006). Assim, melhores resultados podem ser alcançados através da combinação de tratamentos ocidentais e chineses, acelerando e aumentando a eficácia do tratamento e, portanto, diminuindo os custos médicos (TSENG et al., 2013).

Quadro 1: Acupontos e suas funções Acupontos Funções Yin Tang Ponto de tranquilização, encefalite (Long-hui) VG20

Ponto de sedação, distúrbios de Shen, epilepsia, desordens do sono

VG16

Epilepsia, choque, desordens mentais e emocionais

VG2 An-Shen

Paralisia e paresia de membros pélvicos, epilepsia. Problemas de comportamento, distúrbios de Shen, vento interno, epilepsia

R1

Coma, status epilepticus, insolação

Nao-shu

Epilepsia e distúrbios de Shen

Fonte: Xie & Priest (2011).

Localização Na linha média dorsal da cabeça em uma linha entre as duas fossas temporais. Na linha média dorsal, em uma linha traçada da ponta das orelhas, no nível dos canais uriculares Na linha média dorsal, na depressão entre o osso occipital e a primeira vértebra cervical. Na linha média, em uma depressão no espaço sacrococcígeo. Na face lateral da cabeça, caudal à base da orelha, a meia distância ente TA17 e VB20. Na superfície plantar do membro pélvico entre o terceiro e quarto metatarso, embaixo do coxim central. Sobre o músculo temporalis, um terço da distância entre a base rostral da orelha e o canto lateral.


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3 RELATO DE CASOS CLÍNICOS

3.1 Caso Clínico 1

Foi atendido um canino, macho, Maltês, de sete anos de idade e pesando 3 kg, com histórico e sinais clínicos compatíveis com TCE. O animal deu entrada no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP Botucatu no dia 08/05/2015 na Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (CCPA). O proprietário informou que o trauma ocorreu por atropelamento poucas horas antes de levá-lo ao atendimento e que o mesmo se encontrava hígido antes do acontecido. No exame clínico tradicional o paciente apresentava sialorréia intensa, estado mental alterado (depressão), hemoptise, nistagmo vertical posicional leve, anisocoria (midríase unilateral direita), reflexo de ameaça negativo, reflexo pupilar foto motor diminuído, porém presente; reflexo palpebral e facial (focinho e orelha) normal; reflexo patelar aumentado; e responsivo somente aos estímulos dolorosos superficiais. Segundo a ECGPM, o animal foi classificado com a pontuação 12, indicando gravidade moderada. Instituiu-se o tratamento convencional com oxigenioterapia através de máscara, manitol 1000mg/kg durante 15 minutos e solução hipertônica 4ml/kg por via intravenosa; ranitidina 2.2mg/kg por via subcutânea. O animal permaneceu internado durante dois dias para acompanhamento. Permaneceu instável durante esse período, apresentando episódios de apatia e pouca responsividade a estímulos visuais e auditivos. Quando necessário, administrava-se manitol. Apresentou melhora no terceiro dia de tratamento e permitiu-se que o proprietário levasse o paciente para sua residência. Prescreveu-se dipirona (25mg/kg a cada oito horas, durante cinco dias) e cloridrato de tramadol (4mg/kg a cada oito horas, durante sete dias). Dia 11/05/2015, três dias após o trauma, o paciente foi encaminhado para o ambulatório de acupuntura. Apresentava andar em círculos, desorientação, ataxia e sialorréia. Os pontos escolhidos para tratamento foram: Yin Tang, VG20, VG16 e Nao-shu. Após quatro dias, o animal retornou para nova sessão e reavaliação. Observou-se melhora do quadro; o paciente estava alerta e andando normalmente. Não apresentava mais andar em círculos ou sialorréia. Foram escolhidos os mesmos pontos da sessão anterior. Nessa mesma data, o animal recebeu alta médica da CCPA.


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Na data de 22/05/2015, 14 dias após o trauma e sete dias após a última terapia com acupuntura, o paciente retornou para nova sessão e reavaliação. O tutor relatou que o animal voltou a latir e que houve melhora de 100% do quadro. Escolheram-se os pontos VG2, VG16 e o brilho dos quatro espíritos (cercando o dragão no VG20). Durante todo o tratamento, a técnica escolhida foi apenas agulha seca. O animal foi liberado das sessões de acupuntura.

3.2 Caso Clínico 2

Foi atendido um felino, macho, SRD, de 7 anos de idade e pesando 2,35 kg, com histórico de atropelamento e com o estado de consciência alterado. O animal deu entrada dia 14/05/2015 no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP Botucatu no dia 14/05/2015 na CCPA em caráter emergencial tanto pelo histórico quanto pelos sinais clínicos. O proprietário informou que o trauma ocorreu no dia anterior ao atendimento e que o mesmo se encontrava hígido antes do acontecido. Segundo a ECGPM, o animal foi classificado com a pontuação 7 às 9h, indicando alteração grave; e pontuação 11 às 17h, indicando gravidade moderada. O animal ficou internado no período diurno por 03 dias consecutivos. Foi instituído o tratamento padrão com oxigênioterapia através de máscara, loução hipertônica 4ml/kg e manitol 1000mg/kg durante 15 minutos. Dia 15/05/2015 o animal foi encaminhado para a acupuntura. Estava prostrado e com estado de consciência alterado e instável. Sua classificação na Escala de Coma de Glasgow Pediátrica Modificada era de gravidade moderada (pontuação 12). Houve a necessidade de manter o animal na oxigenioterapia, portanto a sessão foi feita no ambulatório de internação do Serviço de Cirurgia de Pequenos Animais. Os pontos escolhidos foram VG20, Yin Tang, AnShen, Nao-shu e R1. A técnica de acupuntura utilizada foi apenas agulha seca. O animal manteve-se estável durante o atendimento de retorno na CCPA, alerta e sem alteração neurológica, na data de 16/05/2015, três dias após o trauma. Foi prescrito Cefalexina (30mg/kg a cada 12 horas, durante cinco dias), Ranitidina (2.2mg/kg a cada 12 horas, durante cinco dias) e Nootron® (20mg/kg a cada 12 horas, durante 10 dias) para acompanhamento no domicílio.


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Dia 19/05/2015, seis dias após o trauma, o paciente foi reavaliado pela CCPA e encontrava-se em bom estado geral, sem sintomas neurológicos ou sequelas, porém com dificuldade para de defecar. Foi prescrito 1ml de óleo mineral a casa 12 horas durante cinco dias. A alta médica foi dada apenas dia 21/05/2015 após reavaliação. O animal voltou a defecar normalmente e não apresentava nenhuma sintomatologia neurológica.

4 DISCUSSÃO

O TCE, em medicina veterinária, é um resultado comum de traumas por atropelamentos, quedas, agressões, brigas ou esmagamento. Por exemplo, cães e gatos são frequentemente atingidos por automóveis, já em gatos, as lesões também podem ser resultantes de quedas de edifícios, enquanto equinos e ruminantes podem sofrer lesões cranianas durante períodos de excitação, quedas durante a monta ou em tentativas de contenção (SANDE & WEST, 2010; FINNIE, 2012). Nos casos clínicos relatados neste trabalho, tanto o cão (caso 1) quanto o gato (caso 2) foram vítimas de atropelamento. Na MTC, o trauma severo causa estagnação de sangue (KLINE et al., 2006; MACIOCIA, 2007) e aflige os órgãos Zang-Fu associados, tecidos e Meridianos, o que resulta em diversos sinais clínicos. Localmente, o Sangue Estagnado se manifesta por edema e dor (XIE & PREAST, 2012). O edema cerebral gera aumento da PIC, sendo a principal causa de lesão secundária em casos de TCE (GHAJAR, 2000; VERNEAU, 2005; SANDE & WEST, 2010). Embora o trauma possa parecer apenas uma causa transitória da doença, na prática, o efeito dele pode prolongar as manifestações, com estagnação local de Qi, Sangue ou ambos (MACIOCIA, 2007). De acordo com Xie & Preast (2011), as injúrias mecânicas externas podem levar também a estagnação de Qi causando a dissipação subsequente do Qi do meridiano. Essa dissipação perturba o Shen e leva à perda de consciência (síncope ou coma). Em ambos os casos relados, os animais perderam a consciência imediatamente após o trauma e permaneceram instáveis durante o período de internação. Contudo, o felino (caso 2) ao dar entrada no hospital recebeu um escore menor na ECGPM, classificando-o como grave, enquanto a classificação do cão (caso 1) foi moderada. A acupuntura pode induzir a vasodilatação e aumentar o fluxo sanguíneo cerebral. O edema cerebral decorrente de AVC pode ser parcialmente reduzido após terapia


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com acupuntura. Também podem ocorrer alterações circulatórias localmente e distais aos pontos estimulados, incluindo o cérebro (KLINE et al., 2006), acredita-se que estes foram os mecanismos que auxiliaram os dois pacientes a se recuperarem não só do edema, mas também do quadro clinico geral. O objetivo do tratamento, segundo Kline et al (2006), consiste em aliviar a estase de Sangue, dispersar o Vento, remover a obstrução do fluxo de Qi nos canais e restaurar o vigor do Coração e do Shen da Mente. Os pontos de acupuntura podem incluir VG16 (dispersar o Vento), VG15, mais quatro ou dez pontos adicionais da cabeça e corpo, incluindo VG26, VG24, R1, C5 e C7 (acalma o Shen). Em outra abordagem, pode-se reavivar o Yang para ressuscitar a síncope (ou coma) e suavizar o Qi do fígado. O tratamento consiste em: VG26, que estimula o cérebro e acorda o Shen; Pc9 também para acordar o Shen; Pc6 e TA5 protegem o coração e estimulam o Shen; R1 estimula o Qi do rim e abre os orifícios; e F3 e IG4 movem o Qi-sangue para resolver a estagnação (XIE & PREAST, 2011). Os acupontos utilizados em ambos os casos foram Yin Tang, VG20 e Naoshu. No primeiro caso, o cão recebeu também acupuntura no VG16 na primeira e segunda sessão, e na terceira e última sessão os pontos foram quatro cavaleiros, VG16 e VG2. O gato, além dos pontos acima citados, também recebeu acupuntura no Na Shen e R1. A escolha dos pontos foi baseada na literatura supracitada, além de considerar-se a função e utilização de cada acuponto. Demonstrou-se que pacientes com TCE que receberam tratamento com acupuntura reduziram os retornos e hospitalizações de emergência no primeiro ano após o trauma. Foram observadas também melhora nas funções cognitivas e qualidade de sono nesses pacientes (SHIH et al., 2013). Neste presente trabalho também foram observadas melhora nas funções cognitivas dos animais, na responsividade, interação com o meio e redução do tempo de hospitalização e retornos de emergência, além de melhora na marcha e de outras alterações neurológicas. Segundo Kline et al. (2006), de 30 a 50 tratamentos podem ser necessários em seres humanos com as disfunções decorrentes de TCE, usando manipulação manual e eletroacupuntura. Em outro estudo, relatou-se um caso em humano em que foram necessárias nove sessões de acupuntura para a recuperação da consciência pós craniotomia, havendo encurtamento do tempo da cura deste paciente com TCE em estado grave (TSENG et al., 2013). Entretanto, para recuperação total dos animais apresentados neste trabalho, usando apenas agulha seca, observou-se que foram necessárias somente de 1 a 3 sessões.


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5 CONCLUSÃO

Conclui-se que a acupuntura integrada à terapia convencional foi fator importante no progresso e recuperação dos casos relatados. Os resultados clínicos obtidos destes casos indicam que a acupuntura é uma técnica terapêutica integrativa importante e eficaz no tratamento de TCE, principalmente quando se refere à sequela neurológica decorrente desta. Porém, em medicina veterinária, poucos são os conteúdos encontrados na literatura sobre a utilização de acupuntura em casos emergenciais e de TCE. Novos estudos são necessários para melhor elucidar a utilização e eficácia da acupuntura dentro deste contexto emergencial veterinário.

REFERÊNCIAS

ALTMAN, S. Acupuncture therapy in small animal practice, The Compendium on Continuing Education for Practicing Veterinarian, v.19, n.11, p.1233- 1245, 1997.

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