CADEIRAS BRASILEIRAS
A COR NA ARQUITETURA PAULISTA
EDIÇÃO ESPECIAL 04.06
MODERNO E CONTEMPORÂNEO
Índice 04. EDITORIAL
07. CADEIRAS BRASILEIRAS 08. POLTRONA MOLE 09. CADEIRA PEG LEV 10. CADEIRA PELICANO 11. CADEIRA ZINA
12. ARQUITETURA PAULISTA 12. EDIFÍCIO PRUDÊNCIA 16. EDIFÍCIO LOUVEIRA 20. EDIFÍCIO POP MADALENA 24. EDIFÍCIO JOÃO MOURA
30. A EQUIPE
31. REFERÊNCIAS
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Editorial
A cor é um dos pontos mais importantes na arquitetura, uma vez que a arquitetura trata-se diretamente às pessoas, no âmbito fisiológico e psicológico. Nessa edição, abordaremos o uso da cor na Arquitetura Paulista, sendo elas modernas ou contemporâneas. O conceito à ser explorado é a comparação entre o uso da cor em diferentes tempos e como isso reflete na sociedade das respec vas épocas. Para isso, é do como base o estudo de Albert H. Munssel sobre cores. Nessa análise é explicitada a condição em relação à saturação e l uminosidade das cores predominantes usadas em cada obra. As cores podem ter muitas variações na saturação e luminosidade, o que causa diferentes efeitos no espaço, variando também a percepção que cada um de nós pode ter do mesmo.No que se refere à mobília, o estudo sobre as cores também pode ser amplamente explorado e, para isso, selecionamos quatro cadeiras também dos períodos moderno e contemporâneo onde, diferentemente das edificações selecionadas, foram u lizadas apenas cores análogas e acromá cas. Convidamos a todos a experimentar as diferentes sensações que o colorido desperta em cada um de nós. Equipe Croma z
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A luminosidade da ma z é referente ao quão clara ou escura ela aparenta ser. Já a saturação, se refere ao quão viva é a cor, consequentemente, quanto mais baixa a saturação, mais acinzentada é a ma z.
A iluminação e saturação de cada cor serão analisadas a par r desse esquema.
Com isso, podemos também analisar as ma zes usadas a par r desse esquema.
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CADEIRAS BRASILEIRAS O Modernismo influenciou também no Design. Muitos arquitetos passaram a projetar não só a edificação, mas também seus móveis por não encontrarem a linguagem pretendida no que já exis a.
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FICHA TÉCNICA
Criada a pedido de um fotógrafo
AUTOR | Sérgio Rodrigues / Lin Brasil LOCAL | Brasil DATA | 1957 ACERVO | Museu da Casa Brasileira, São Paulo – SP DIMENSÕES | 75x110x100 cm
para que o mesmo pudesse “mergulhar” na cadeira, a Poltrona Mole foi uma grata surpresa para o cliente, pelo modo com que Sérgio atendeu ao seu pedido. Sem braços e assentos comuns – retos em madeira ou metal -, com um modelo sem partes definidas e que envolve o corpo de quem se senta nela, a poltrona causou uma reviravolta no que se entendia sobre os modos de se sentar. Apesar da robustez, a poltrona transmite a sensação de relaxamento antes mesmo que a pessoa se sente. Seus braços que mais se parecem com almofadas, acomodam perfeitamente os braços de qualquer pessoa, independente de sua forma ou peso. O assento levemente inclinado contribui para proporcionar relaxamento e assegura que as pernas não sejam prensadas na borda da poltrona. Seu encosto largo e com acabamento em capitonê reforça a ideia de “abraçamento”. Toda feita em madeira maciça, couro e grandes almofadas, a
Poltrona Mole
Poltrona Mole tem sua linguagem e obje vos muito claros desde sua c o n c e p ç ã o, u n i n d o e s t r u t u r a , material, esté ca e forma em prol de um único obje vo: o conforto.
Detalhe.
Detalhe botão.
Detalhe apoio/pé.
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Cadeira Peg Lev
Depois da Segunda Guerra Mundial, os países ficaram economicamente muito abalados. Isso fez com que todos fossem obrigados a produzir em massa, para que os custos fossem reduzidos e o mobiliário pudesse ser acessível a todos. Apesar disso, os móveis ainda eram duráveis e de qualidade, pois repudiavam o capitalismo selvagem. Assim foi criada a Cadeira Peg Lev. O conceito “peg lev” foi pensado a par r da facilidade de locomoção, montagem e desmontagem desta cadeira. Sua estrutura é em madeira maciça, o reves mento em couro natural e as linhas leves que a desenham, a tornam mais atual e moderna. Em primeiro Cadeira Peg Lev
Detalhe.
FICHA TÉCNICA AUTOR | Michel Arnoult LOCAL | Brasil DATA | 1968 ACERVO | Museu da Casa Brasileira, São Paulo – SP DIMENSÕES | 66x63x73cm
momento, esse conceito não foi bem aceito e as linhas foram descon nuadas, só a par r do fim dos anos 80 foi que Arnoult retomou sua produção independente. A Peg Lev é uma cadeira de desenho simples, despretensioso. Encosto e assento são compostos apenas por couro, sustentado por barras de madeira maciça. A sensação, apesar de o assento ser em couro, é de estar sentado em uma cadeira rígida, portanto, pode cansar depois de algum tempo.
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FICHA TÉCNICA AUTOR | Michel Arnoult LOCAL | Brasil DATA | 2003 ACERVO | Museu da Casa Brasileira, São Paulo – SP DIMENSÕES | 73x55x66 cm Cadeira Pelicano
Detalhe.
Detalhe.
A Cadeira Pelicano pode ser sinte zada em uma palavra: simplicidade. Michel Arnoult quando a criou quis, sobretudo, priorizar a funcionalidade. Sua estrutura é feita de basicamente três elementos: sarrafos ver cais e horizontais de eucalipto maciço e uma lona de algodão. A lona ainda pode ser periodicamente re rada para lavagem. Tudo isso contribui ainda para que a cadeira seja de baixo custo. A Cadeira Pelicano se torna então, a evolução e consolidação dos ideais prá cos e funcionais de Michel Arnoult. A cadeira assemelha-se muito com as redes, muito u lizadas no Brasil e que agradam a todos. A lona se adapta ao corpo, independente do modo com que a pessoa se sente. Os braços, em ripas de eucalipto maciço, não condizem com o mesmo conforto do assento em lona.
FICHA TÉCNICA AUTOR | Zanini de Zanine LOCAL | Brasil DATA | 2017 DIMENSÕES | 50x64x81cm
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Com certo apelo industrial, a Cadeira Zina reflete toda a linguagem contemporânea de Zanini de Zanine. Seu assento de linho em formato de circunflexo suspenso por uma estrutura de aço contrasta graças ao antagonismo dos materiais. A falta de obviedade torna o mobiliário inesperado. Seu assento e encosto feitos com grandes almofadas tornam o “sentar-se” bastante confortável, sua forma levemente inclinada garante apoio à lombar, porém, seus braços finos em aço podem ser incômodos depois de algum tempo.
Cadeira Zina
Cadeira Zina
Detalhe.
Cadeira Zina.
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12 FICHA TÉCNICA Arquiteto | Rino Levi Colaboradores| Luis Roberto Carvalho Franco e Roberto Cerqueira Cesar Ano | 1944 Área do terreno | 3.942m² Área construída | 17.135m² Nº de pavimentos | 9 Uso | Habitacional Materialidade | Concreto Paisagismo | Roberto Burle Max Arte | Painel de Roberto Burle Max Construtora | Barreto Xande S.A. Localização | Av Higienópolis, 245 Higienópolis, São Paulo. RINO LE VI Rino Di Meno
Levi, mais
conhecido como Rino Levi, nasceu em 1901 na cidade de São Paulo e estudou arquitetura na Escola Superior de Arquitetura de Roma. E m 1 9 2 5 , q u a n d o a i n d a e ra estudante enviou para o jornal O Estado de São Paulo uma carta nominada: “Arquitetura e Esté ca das Cidades”, esta foi considerada uma das primeiras manifestações de arquitetura moderna no Brasil. Em 1927 inicia sua carreira independente que teve fim em 1965, mas apesar da brevidade, deixou u m gran de legad o de premiações.
Imagem: Isabela Semo Fachada principal.
h ps://ww .archdaily.com.br/br/779671/em-foco-rino-levi
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Imagem: Aparecida Silva Janelas na fachada principal.
A ARQUITETURA RESIDENCIAL VERTICAL PAULISTA E O MODERNISMO O edi cio que contribuiu para a concretização da arquitetura moderna residencial em São Paulo. Localizado na Avenida Higienópolis na Consolação, um bairro nobre da cidade de São Paulo, o edi cio Prudência é rodeado por edi cios modernos. Com jardins que envolvem os grandes pilo s no térreo e sinuosas rampas
Imagem: Aparecida Silva Janelas.
de acesso, a edificação se comunicava diretamente com o entorno, convidando a todos que passavam pela avenida a caminhar por entre as estruturas ou apenas contemplar da rua todas essas caracterís cas. Com uma torre única, o prédio é composto por 36 apartamentos de 315 a 350 metros quadrados e conta com dois pos de unidades. Um dos pos possui 4 dormitórios e duas vagas de estacionamento. Já o outro po, possui 6
Imagem: Beatriz Iório Desenho do piso e azulejos com uso das cores primárias.
dormitórios e três vagas de estacionamento. Ambos os apartamentos possuem dormitórios espaçosos, bem diferentes do que se é feito hoje em dia. O apartamento tem seus ambientes definidos a par r de um largo e comprido corredor central, que separa setores ín mo e social do setor de serviços. O arquiteto ao mesmo tempo em que dá ao morador flexibilidade para mudanças no layout dos espaços dos como nobres, não faz o mesmo com o setor de serviços, algo que reflete um modo de morar passado, onde não se podia misturar quem serve de quem é servido.
Imagem: Bianca Silva Acesso ao hall.
O edi cio Prudência é um marco no bairro não só por ser assinado por um grande arquiteto, mas também devido às cores. Azul, vermelho e amarelo, todas estão presentes, contudo a que se sobressai é o amarelo, que contrasta com o azul empregado em algumas das paredes recuadas da fachada. O amarelo não é apenas u lizado na fachada do prédio, ele também é u lizado nos corrimões que se destacam por suas curvas acentuadas e ao mesmo tempo delicadas.
Imagem: Aparecida Silva Janelas e sacadas.
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Imagem: Isabela Semo Rampa de acesso à entrada. Imagem: Beatriz Iório Entrada da garagem.
O paisagismo elaborado por Burle Marx evidenciou ainda mais a composição de cores. A vegetação empregada da a sensação de que o prédio está sendo envolvido por todo o verde, o que transmite
Imagem: Bianca Silva Rampa de acesso.
conforto e um sen mento de paz. Mas não foi só no paisagismo que Burle Marx contribuiu, ele também criou um grande painel, que se localiza perto do hall de entrada, p r óx i m o à p o r t a r i a . E st e é composto por tons de azul, branco e amarelo. Só é possível observar bem o painel de dentro do edi cio,
Imagem: Bianca Silva Rampa de acesso.
Imagem: Aparecida Silva Sacadas com caixilharia em amarelo.
pois atualmente, o prédio é cercado por grades no alinhamento, o que impossibilita a aproximação das pessoas e a integração da arquitetura com o espaço. O edi cio conta ainda com um playground para as crianças, que não estava previsto no projeto original. O prédio tem importância histórica, e não é di cil ver de tempos em tempos, estudantes de Arquitetura e Urbanismo visitando a obra que, até os tempos atuais, é exemplo de boa arquitetura em São Paulo.
Imagem: Bianca Silva Colunata com passagem de carros.
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Imagem: Isabela Semo Azulejos como decoração.
Imagem: Beatriz Iório Rampa de acesso à entrada.
Imagem: Isabela Semo Rampa passando por entre o jardim que dá acesso ao hall.
Devido à presença de uma cor quente como o vermelho, com saturação média e baixa luminosidade, a arquitetura desperta a sensação de aconchego. Outra caracterís ca, é que cores quentes proporcionam ao ser humano uma série de sen dos que remetem a sensações confortantes. Já o amarelo - que tem alta saturação e iluminação média-, traz sensação de alegria, energia e o mismo. O azul u lizado tem saturação alta e iluminação alta, ele transmite conforto e serenidade.
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FICHA TÉCNICA
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Arquiteto | Vilanova Ar gas Ano | 1946 Área do terreno | 1575 m² Área construída | 5400 m² Nº de pavimentos | 8 Uso | Habitacional Materialidade | Concreto Paisagismo | Vilanova Ar as Painel de fachada | Francisco Rebolo Gonzales Localização | Rua Piauí, 1081 VILANOVA ARTIGAS João Ba sta Vilanova Ar gas, nascido em 23 de Junho de 1915 em Curi ba, se mudou para São Paulo e se formou em Arquitetura pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 1937. Projetou a FAU-USP e ajudou a fundar o curso de Arquitetura e Urbanismo na USP. Foi Líder e idealizador da Escola Paulista, um movimento que prezava pela arquitetura brutalista com o uso de concreto armado e valorização da estrutura. Vilanova Ar gas foi também militante de muitos movimentos populares no Brasil, por conta disso, foi expulso da USP em 1969 e exilado durante a ditadura militar. Com mais de 500 projetos, o arquiteto já foi premiado tanto nacionalmente quanto internacionalmente e suas obras já foram objeto de exposições, pesquisas e publicações no mundo inteiro.
Imagem: Bianca Milagre Fachada lateral.
http://www.arquivo.arq.br/vilanova-artigas
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A ARQUITETURA MODERNA INTEGRADA À CIDADE
Com duas lâminas voltadas para a praça no centro do lote, a arquitetura de Vilanova Ar gas inova na concepção do espaço ao projetar pensando no cole vo.
Localizado em Higienópolis, um dos melhores bairros da cidade na década de 1940, o Edi cio Louveira foge do obvio com as unidades divididas em duas lâminas. Uma de suas par cularidades é a praça que une os dois blocos por meio de uma sinuosa rampa elevada. Esse par do demonstra de forma clara a intenção do arquiteto de integrar completamente a arquitetura com o espaço, se opondo a grande parte das edificações não só modernas, mas principalmente as contemporâneas, onde se cria uma célula independente à cidade, murando ou gradeando as edificações. Com duas empenas cegas voltadas para a Praça Vilaboim, a horizontalidade do edi cio fica ainda mais evidente. As fachadas voltadas para a Rua Piauí são compostas por vidro e venezianas amarelas e a abertura das janelas se dá por um sistema de contrapeso, onde ambos os painéis
Imagem: Bianca Silva Fachada lateral voltada para o jardim interno.
retangulares deslizam para cima e para baixo.
Imagem: Bianca Silva Acesso pela escada à lamina à direita.
Imagem: Bianca Silva Pilar e muro ao lado externo da edificação.
Imagem: Beatriz Iório Rampa de acesso à lâmina da esquerda.
Imagem: Bianca Silva Corredores na fachada interna.
18 As fachadas que se voltam pra praça interna torn am a arqu itetu ra democrá ca e revelam a empa a do arquiteto, visto que a decisão de criar as duas lâminas foi tomada para que os moradores de ambos os blocos
vessem vista pra praça,
beneficiando a todos. Os blocos são compostos por 7 e 8 andares – diferença que se dá devido aos pilo s posicionados em um dos acessos – e tem 2 apartamentos por andar com 144m² cada um. As unidades contam, originalmente, com 4 dormitórios, cozinha, área de serviço, banheiro, sala e terraço. Atualmente, grande parte dos moradores fez mudanças no layout, integrando alguns ambientes como sala, cozinha e dormitório. Os acessos a essas unidades são feitos de duas maneiras. Uma pela escadaria da Rua Piauí, que leva ao
Imagem: Aparecida Silva Rampa de acesso.
hall de elevadores de uma das unidades, outra é feita pela rampa da praça interna que nos leva a caixa de escadas dos dois blocos e ao hall de elevadores do segundo bloco. O fato de Ar gas ter recuado a escadaria, convida aqueles que passam pela Rua Piauí a se aproximarem para observar a praça interna do edi cio, evidenciando o par do arquitetônico.
Imagem: Aparecida Silva Vista da rua.
Imagem: Isabela Semo Pilares e escada.
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Imagem: Bianca Silva Imagem: Aparecida Silva Praça interna e acesso às edificações. Pas lhas usadas para reves mento.
Imagem: Bianca Silva Uso de cores primárias .
Imagem: Isabela Semo Imagem: Beatriz Iório Uso de pas lhas nos pilares. Rampa de acesso.
As cores escolhidas para as fachadas – originalmente vermelho e amarelo – são
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cores primárias, uma escolha em comum entre os modernistas. No que se refere ao edi cio em si, o emprego das cores de alta saturação como vermelho e de alta luminosidade como o amarelo, evidencia ainda mais a volumetria e torna a arquitetura mais alegre. Toda a parte estrutural e as empenas cegas são reves das
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por uma pas lha em tom de azul com alta luminosidade e o chão, com a mesma
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pas lha em um tom de verde com baixa saturação e alta luminosidade. Atualmente, as cores - em especial o vermelho - desbotaram por conta das intempéries, e apesar de haver manutenção, pode exis r variação em relação ao original. Em uma das fachadas de fundo, voltadas para o centro do lote, existe um parapeito em concreto que acaba por ser um elemento marcante na fachada em contraponto com os outros materiais empregados. Dos lados do parapeito, há dois módulos parecidos com os usados na fachada principal, porém, os vidros são basculantes. A outra fachada é composta por módulos retangulares em vidros com esquadrias amarelas que trazem muita iluminação natural pra dentro dos apartamentos.
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FICHA TÉCNICA Arquiteto | Andrade Morett Arquitetos Ano | 2011 Área do terreno | 1.533m² Área construída | 7.682m² Nº de pavimentos | 7 Uso | Misto Materialidade | Concreto e Aço Paisagismo | André Paoliello Paisagistas Associados Painel de fachada | Nitsche Arquitetos Localização | Rua Madalena, 44 - Vila Madalena, São Paulo.
Em 1997, foi fundada a associação dos arquitetos Vinicius Andrade e Marcelo More n, ambos formados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. A associação trabalha com projetos de variadas escalas e pologias, projetam tanto para o âmbito público como para o privado. Já par ciparam de muitos concursos e possuem obras premiadas.
Imagem: Beatriz Iório Fachada vista da Rua Madalena
htp://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/240/em-conversadescontraida-vinicius-andrade-e-marcelo-moret n-contam-como308150-1.aspx
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Imagem: Beatriz Iório Fachada com uso de brisés móveis.
Imagem: Isabela Semo Vista do hall de entrada.
O RESIDENCIAL QUE REFLETE A ENERGIA DESCONTRAÍDA DO BAIRRO As cores que chamam a atenção e refletem o espírito de um bairro como a Vila Madalena, boêmio e que não se prende à apenas uma esté ca, mas sim, preza a diversidade.
Imagem: Isabela Semo Corredores dos pavimentos.
Imagem: Bianca Silva Porta dos elevadores.
Localizado na Vila Madalena, bairro boêmio de São Paulo, o edi cio Pop Madalena é de uso misto e tem em seu entorno muitos bares, restaurantes e lojas, o que torna o bairro bastante movimentado tanto durante o dia, quanto à noite. Por ter frente para duas ruas diferentes, a Rua Madalena e Rua Simpa a, a edificação se aproveita das duas esferas da Vila Madalena, um lado mais agitado e o outro, mais tranquilo.
Imagem: Beatriz Iório Brisé soleil.
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O prédio se desenvolve em torno de uma grande árvore que tem caracterís ca não Imagem: Beatriz Iório Piscina e vista do bairro.
só de conforto, como também simbólica. A entrada principal do edi cio está na Rua Madalena, a cota mais alta do terreno, onde há uma praça sob uma marquise que acolhe as áreas de convívio e uma loja voltada para a rua. No centro da marquise há um mirante, de onde é possível observar todo o entorno do edi cio, caracterís ca que torna visível a grande importância e influência do bairro nessa arquitetura. A torre principal, localizada
Imagem: Bianca Silva Corredores.
acima da praça, que pode ser acessada pela caixa de escadas ou pelos elevadores, é composta por 7 andares de apartamentos com áreas variadas, entre 55m² a 250m². Os apartamentos são dispostos de forma linear, assim é possível que haja melhor ven lação e iluminação natural para todas as unidades,
Imagem: Aparecida Silva Detalhe dos brisés.
além disso, também possibilita mudanças no layout, integrando 2 ou mais unidades. Setores social e de serviço são integrados. No embasamento fica a lavanderia cole va e áreas para ginás ca, abaixo dele há outra loja que se abre para a Rua Simpa a. Uma das dificuldades encontradas para a implantação do edi cio foi o fato de ter um desnível de 16 metros, para isso, foi criado um platô para resolver a declividade.
Imagem: Isabela Semo Hall de entrada.
Imagem: Beatriz Iório Jardim interno.
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Imagem: Aparecida Silva Vista da forma do edi cio.
Imagem: Beatriz Iório Vista do edi cio voltado para dentro.
Imagem: Bianca Silva Detalhe parte lateral.
A volumetria do prédio é propositalmente explodida, criando cheios e vazios que equilibram a implantação do edi cio com o entorno e trazem mais permeabilidade. Os brises colocados nas fachadas voltadas para as ruas são feitos em chapa metálica colorida, a mistura de cores análogas, acromá cas e
Imagem: Beatriz Iório Brisés.
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AMARELO
primárias, resulta num equilíbrio. Enquanto o t u rq u e s a c o m b a i x a s at u ra ç ã o e a l t a luminosidade traz sensação de aconchego, o amarelo com alta saturação e luminosidade desperta alegria. Conceito que também faz alusão às duas esferas do bairro evidenciadas pelos arquitetos, a privacidade e a vida urbana. As fachadas voltadas para o centro do lote têm janelas piso-teto, o que proporciona maior entrada de luz natural e insolação.
VERDE -AZUL
AZUL
CINZA
24 FICHA TÉCNICA Arquitetos | Nitsche Arquitetos Associados Ano | 2009 Área do terreno | 11411 m² Área construída | 2539 m² Nº de pavimentos | 11 Uso | Comercial Materialidade | Concreto e Vidro Localização | São Paulo, Brasil
NITSCHE ARQUITETOS ASSOCIADOS | Lua e Pedro Nitsche LUA NITSCHE Nascida em 25 de Novembro de 1972 e m S ã o Pa u l o, s e f o r m o u e m A rq u i te t u ra e U rb a n i s mo p e l a Universidade de São Paulo em 1996. PEDRO NITSCHE Nascido em 25 de Julho de 1975 em São Paulo, se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo em 2000. Filhos de ar stas plás cos e com grandes obras concluídas, os irmãos Nitsche já possuem muitos projetos premiados e estão constantemente par cipando de concursos nacionais e internacionais.
h p://www.nitsche.com.br/escritorio/
Imagem: Aparecida Silva Fachada vista da Av. Sumaré
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O INTUITO DE EVIDENCIAR A ARQUITETURA ATRAVÉS DA COR Mesmo estando atrás da Av. Sumaré, os arquitetos decidiram destacar a arquitetura através do aproveitamento da topografia e no uso das cores, evidenciando-as. O Edi cio João Moura fica localizado no bairro de Pinheiros, próximo a uma das maiores Avenidas de São Paulo, a Avenida Sumaré. Com 12 metros de declividade, os arquitetos do escritório Nitsche tomaram par do dessa topografia acidentada criando 2 térreos, um na cota mais baixa do terreno, na Rua João Moura e outro nos fundos, voltado para a Avenida Sumaré. Imagem: Isabela Semo Porta dos banheiros.
Imagem: Beatriz Iório Fachada vista da rua João Moura.
Imagem: Isabela Semo Fachada vista dos fundos do terreno.
Imagem: Beatriz Iório Fundos do terreno, Imagem: Bianca Silva próximo ao café. Café aos fundos do terreno.
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Imagem: Bianca Silva Passarela que leva ao café.
Imagem: Aparecida Silva Pilares em concreto moldados por papelão.
Imagem: Isabela Semo Escadaria interna.
Com 11 pavimentos e um mezanino, os arquitetos veram a preocupação de que a edificação não parecesse um “edi ciogaragem”, isso porque devido à presença de lençol freá co, não seria possível fazer subsolos, por conta disso, foi determinado que os 3 primeiros pavimentos seriam garagem e a recepção projetada em 5 metros em relação ao recuo total de 10 metros da rua, funcionando como uma espécie de respiro e evidenciando a recepção. Uma das par cularidades desse edi cio é o térreo localizado na cota mais alta que funciona como uma praça com bancos, mesas, cafeteria, refeitório e com muita vegetação. Esse espaço é des nado para descontração dos funcionários. O edi cio é todo escalonado, como se fosse uma parábola na qual, conforme sobe o edi cio, as lajes vão diminuindo o comprimento. Em uma das fachadas maiores, onde existe um mezanino, existem apenas 2 pilares nas extremidades do prédio, o grande vão se dá por uma viga de concreto protendido. Os andares tem o layout bastante flexível, os únicos espaços fixos são caixa de escadas e banheiros. Alguns andares são totalmente abertos, com a compar mentação toda integrada, e outros, com as salas de reunião, possuem as divisórias em vidro e toda a arquitetura de interiores modulada. A arquitetura do edi cio também brinca com a relação de cheios e vazios, quando cria alguns espaços entre os pavimentos.
Imagem: Bianca Silva Sacadas vistas de cima (escalonamento).
27 A fachada lateral voltada para a avenida foi entendida pelos arquitetos como um grande painel, onde as vedações são coloridas e essas cores refletem a dinâmica paraboloide da volumetria do prédio. Por conta disso, foi criado uma espécie de degrade com cores análogas em cada andar. No primeiro, as cores predominantes são as azuis com alta saturação e baixa luminosidade e as verdes com baixa saturação e alta luminosidade. Na medida em que os painéis coloridos se aproximam do fundo do lote, as cores ganham menos saturação e mais luminosidade, até que terminam com o verde com alta luminosidade. As cores empregadas no interior do prédio foram escolhidas com base nas cores usadas pela empresa que ocupa a edificação, o Fbiz. Esse projeto não u liza todo o potencial constru vo da região, com varandas em todos os andares e pés-direitos amplos, os arquitetos visaram dar mais qualidade e valorização às áreas construídas. Todas essas caracterís cas trazem mais qualidade para o espaço corpora vo e o João Moura acaba por se destacar em meio a tantos outros prédios com uma arquitetura bela e alegre.
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Imagem: Beatriz Iório Área de espera
Imagem: Isabela Semo Escada de emergência.
Imagem: Beatriz Iório Sala de reunião.
Imagem: Beatriz Iório Área de produção com mezanino.
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BIBLIOGRAFIA XAVIER, Alberto; LEMOS, Carlos A.C; CORONA, Eduardo. Arquitetura moderna paulistana. São Paulo-SP: Editora Pini, 1983. CAVALCANTI, Lauro Pereira. Quando o Brasil era moderno. Guia de arquitetura 1928-1960. Rio de Janeiro: Gustavo Gilli, 2001.
REFERÊNCIAS h p://www.acropole.fau.usp.br/edicao/154 h p://www.arquivo.arq.br/ h ps://portalseer.u a.br/index.php/rua/ar cle/view/3129 h ps://www.archdaily.com.br/br/779671/em-foco-rino-levi h p://www.arquivo.arq.br/edificio-prudencia h p://www.arquivo.arq.br/edificio-louveira h p://www.arquivo.arq.br/vilanova-ar gas h p://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/14.165/5675 h ps://www.archdaily.com.br/br/01-43004/em-construcao-edificio-comercial-joao-moura-nitschearquitetos-associados h p://www.nitsche.com.br/jmoura/ h ps://www.archdaily.com.br/br/867005/edificio-pop-madalena-andrade-more n-arquitetosassociados
h p://www.andrademore n.com.br/projetos/pop-madalena/ h p://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/andrade-more n-edificio-residencial-popmadalena-sao-paulo h p://ideazarvos.com.br/pt/empreendimento/pop-madalena/
h p://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2614/1/Lays%20Sanches%20Lima1.pdf h p://www.mcb.org.br/ h p://www.studiozanini.com.br/produtos
h h h h
p://www.linbrasil.com.br/site/?lang=pt p://www.ins tutosergiorodrigues.com.br/ p://sergiorodrigues.com.br/site/ ps://www.sescsp.org.br/online/edicoes-
sesc/451_MICHEL+ARNOULT+DESIGN+E+UTOPIA#/tagcloud=lista
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A equipe
APARECIDA SILVA 19 anos.É muito cria va e se alimenta de música, não ra seus fones de ouvido por nada.
BEATRIZ IÓRIO 19 anos, microempreendedora. É apaixonada por arquiteura e muito dedicada aos seus projetos.
BIANCA SILVA 21 anos. Adoradora do aço corten, sempre encontra uma maneira de colocá-lo em seus projetos.
ISABELA SEMO 20 anos. Vegetariana pelos animais, a d ora fot o grafa r p ré d ios e é apaixonada por Cazuza e Rita Lee.