carybé
PA 4 - noturno 2 / 2020
Amora de Andrade - 180139860 Isabele Carvalho - 180102427 Vitor Silverio 180110471
s cam eo
ram-s ab
UMBANDA Umbanda é uma religião monoteísta e afro-brasileira, formada através de elementos do catolicismo romano e do Kardecismo francês, além do Candomblé africano e das crenças indígenas tupiniquins. A palavra Umbanda é derivada de um termo que significa “arte de curar” na língua bantu falada na Angola, o quimbundo. Surgiu em 1908, nos subúrbios do Rio de Janeiro e foi fundada por Zélio Fernandino de Moraes, o qual teria incorporado o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Este espírito o teria ajudado a criar a religião de Umbanda. A religião se espalhou pelo Brasil e em alguns países da América Latina, porém, segundo o Mapa das religiões, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de pessoas que se declararam umbandistas se resume a 0,23% da população brasileira (dados de 2011). O local para a realização das cerimônias da Umbanda chama-se Casa, Terreiro ou Barracão. Igualmente, são feitas várias celebrações ao ar livre, junto à natureza, em rios, cachoeiras ou na praia. A “gira”, nome que se dá ao culto da umbanda, é constituída por orações, cânticos e pela invocação de entidades, que “descem” nos médiuns. As entidades incorporadas dão passes, discursam e orientam os participantes do ritual. Nos rituais, geralmente se usam vestimentas da cor branca. O culto é o momento em que se estabelece um vínculo mais próximo entre os planos físico e espiritual. Dentre as finalidades do culto da umbanda, estão o aconselhamento, a orientação, a reafirmação da doutrina, o auxílio espiritual e a desobsessão (tratamento que procura afastar a interferência prejudicial de espíritos). Os umbandistas acreditam que os orixás e as entidades ancestrais habitam outro plano de existência. Os orixás são antigas divindades iorubás cujo culto foi trazido ao Brasil pelos negros escravizados. Dentre os orixás, os mais cultuados nos terreiros de umbanda são: Omolú, Oxalá, Iansã, Iemanjá, Xangô, Ogum, Oxóssi, Oxum, Nanã e Exu.
os inh
COMO FUNCIONA A GIRA?
1
3
atabaques
saudacao
casa cheia
Os que chegam para o ritual costumam tirar os sapatos, em respeito ao solo sagrada, o congá.
2
O ritual é iniciado com um pedido de proteção aos orixás protetores do terreiro. Também é feita uma defumação do ambiente, do peji, dos médiuns e do público, para preparar a chegada das entidades.
ponto riscado
São o instrumento sagrado da umbanda. Nos terreiros de Umbanda, o toque, cadência, força e luz espiritual do atabaque auxiliam na concentração, vibração e incorporação dos médiuns.
instrumento para trabalhos feito pelas entidades
altar (peji)
sintonia fina
Enquanto o público se acomoda médiuns e auxiliares se banham com ervas para entrar em sintonia com o mundo espiritual.
chao de terra
calcados do publico
5 Quem É quem? publico frequentam o terreiro em busca de auxílio.
auxiliares
São responsáveis pela recepção e direcionamento dos consulentes nas etapas de atendimento.
4 mediuns de passe São médiuns em desenvolvimento que incorporam suas entidades, as quais recepcionam os consulentes e os preparam para o atendimento. yalorixa ou babalorixa Líderes religiosos e administrativos do terreiro. Habitam o espaço e dedicam sua vida à religião.
incorporacao
Ao som dos atabaques, as entidades baixam. O primeiro a incorporar é a mãe ou pai-de-santo, seguido dos médiuns. As pessoas do público são encaminhadas para atendimento, contam seus problemas e recebem conselhos.
canta pra subir Depois que todos foram atendidos, os médiuns desincorporam e é feito o encerramento com uma defumação e mais cânticos de agradecimento. As pessoas costumam sair de frente para o congá seguindo a regra de “não dar as costas ao que é sagrado”. Fontes: Pai Carlos Buby e Roger Soares. Texto: Giselle Hirata Ilustração base: Luciano Veronezi
1
por josaf
omolú Omolú na Umbanda é um Orixá poderoso, dono da vida e da morte, responsável pela doença. A doença, muito temida pelo homem, nada mais é que uma mensageira do corpo e da alma. Orixá que representa o mistério da vida.
O orixá mais importante, é o criador da humanidade. Ele é a própria Umbanda em sua magnitude, sua cor é o branco, representando a paz, o amor, a bondade, a limpeza, a pureza espiritual, enfim, tudo aquilo que possa indicar positividade. Os domínios de Oxalá são todas as pessoas e todos os lugares. Seu reino é o nosso mundo.
iansã
Orixá feminina dos raios, tempestades, trovões e vendavais. Seu símbolo é o raio. Iansã foi batizada por Xangô, seu nome significa “a mãe do céu rosado” ou “a mãe do entardecer”. Ele dizia que Iansã era bela como o entardecer ou como um céu rosado. A Orixã Iansã é a senhora dos espíritos mortos, dos eguns.
iemanjá
Orixá feminina das águas salgadas, Iemanjá é a Rainha do Mar. Sua cor é o azul claro e o branco. Iemanjá é a padroeira dos pescadores. Para as religiões de matriz africana, é ela quem decide o destino de todos aqueles que entram no mar. Também é considerada como a deusa do amor a quem recorrem os apaixonados em casos de desafetos amorosos.
xango
Orixá da ju trovão. O s Xangô é o m um poderoso tem o contro raios e trov também ex pela boca. Q rei, segundo Xangô não esforço para outros territó seu poderoso
fá neves
ustiça e do símbolo de machado. É o orixá que ole sobre os vões, e que xpele fogo Quando fora o a lenda, o poupava a conquistar órios para o o reino.
ogum
Ogum é um orixá representado pela figura de um guerreiro. Ele é considerado o orixá que possui maior proximidade com os seres humanos depois de Exu. Ogum era uma figura bastante inquieta e gostava muito de representar seu pai nas lutas pela conquista de novos territórios. Logo assim, ele se tornou uma divindade que inspira a constante tomada de atitudes.
oxóssi
Representa o conhecimento e as florestas. Ele é representado pela figura de um homem que tem em suas mãos um arco e flecha, considerado uma espécie de guardião e caçador. Para a Umbanda, Oxóssi é ligado ao conhecimento e à natureza. Ele sempre enaltece tudo o que ela pode proporcionar, conforme a necessidade humana.
oxum
Oxum é considerada dona das águas doces. A orixá representa o poder feminino através do arquétipo da mulher elegante e amorosa, mas também inteligente, determinada, persistente, desinibida e senhora da fertilidade. Outros aspectos que se relacionam com ela são a riqueza, o amor, a prosperidade, a beleza e a sensualidade.
nanã
Nanã é um importante orixá feminino relacionado com a origem do homem na Terra. O seu domínio se relaciona com as águas paradas, os pântanos e a terra úmida. Do ponto de vista divino, sua relação com o barro, mistura de água e terra, coloca essa divindade nos domínios existentes entre a vida e a morte.
projeto em destaque:
CAMINHO DAS ÁGUAS Autor: Terceira Margem Arquitetura e Singularidades Projeto em parceria com Matéria Base Arquitetura | Espaço Saracura | Eng. Rodrigo Affonso Consultoria: Arquiteta Doutora Margareth da Silva Pereira | Arquiteto Mestre João Calafate Apoio: Designers Julia Sá, Hermano Freitas e Fernando Cunha
Bairro: Miguel Couto
fonte: terceira margem
Brasil
Rio de Janeiro
N
Nova Iguaçu
fonte: google earth
0m
MAPA DE CONTEXTO URBANO DO PROJETOLorem ipsum
100m
O projeto original está inserido em uma área residencial, em que as habitações possuem, em sua maioria, mais de um pavimento. Ademais, as esquinas são compostas por lotes comerciais, como por exemplo restaurantes, mercados e lojas de conveniência. Outrossim, existem duas igrejas católicas próximas ao terreiro
fonte: google earth
MAPA DE VIAS E PONTOS DE ACESSO
0m
100m
3
ASPECTOS AMBIENTAIS
0m
100m
fonte: google earth
MAPA DE VENTOS
Há presença de árvores de pequeno a médio porte, auxiliando na criação de pontos sombreados nas calçadas. Além disso, possuem alto poder de absorção da radiação solar por meio da fotossíntese, sem que tal energia seja devolvida ao meio.
ventos do sul
fonte: google earth
ventos do leste
ventos do noroeste
caminho das águas
O entorno composto majoritariamente por concreto, prejudicando o conforto térmico, uma vez que o concreto tem um alto poder de absorção e emissividade elevada. Vale ressaltar que, nas áreas sombreadas, as ruas não recebem radiação direta.
N 15%
NO
NE 10%
10 + m/s 8-10 + m/s 6-8 + m/s 4-6 + m/s 2-4 + m/s 0-2 + m/s
5%
O
E
SO
SE S
gráfico rosa dos ventos
gráfico das temperaturas
temperatura (ºC)
35 30 25 20 15 10
gráfico de temperaturas e zona de conforto
temp. média mensal (ºC) temp. média mensal max e min (ºC)
4
Caminho das Aguas O projeto Caminho das Águas visa a reforma, ampliação e ressignificação do Ilê Axé Omiojuarô, terreiro fundado em 1985 por Mãe Beata de Iemanjá. A proposta sustenta-se no tripé templo praça - centro cultural e pretende contribuir no combate à intolerância, ao racismo religioso e social, a partir do reconhecimento e da legitimação da cultura afro-brasileira. Além de uma reforma necessária que prevê a renovação e ampliação do Ilê Omiojuarô, o projeto contempla a criação de uma área urbana verde e de um espaço cultural, visando produzir uma relação direta deste terreiro com a cidade, historicamente inexistente pela exclusão e pelo preconceito.
A reforma do Ile Omiojuarô, a construção da Praça Alaketu e do Centro Cultural Mãe Beata de Iemanjá prevê um projeto que engloba desde a arquitetura até a contação de histórias, passando por diferentes práticas culturais e sociais. Além das atividades e possibilidades que surgirão após a execução do projeto, o próprio processo de construção prevê mais um espaço participativo, político e educativo. As técnicas construtivas, a relação com o ambiente e o modo de produção visam a autonomia dessa comunidade e a preservação do planeta. texto: Terceita Margem Arquitetura e singularidades
N
mapa de setorização
CCBMI
PRAÇA ALAKETU
ILÊ OMIOJUARÔ
5
caracterizacao do projeto A cobertura é composta por telhas metálicas com recolhimento de água da chuva
Pátio interno
Barracão Telhado verde
TELHA CERÂMICA INCLINAÇÃO 25%
Praça Alaketu
O projeto possui uma segunda pele na fachada que recebe mais radiação solar. Ela possui função bioclimática e também funciona como expressão do terreiro e do centro cultural para a cidade
CCBMI
A parte existente (alvenaria convencional) seria rebocada e pintada, já a parte nova proposta seria feita em terra crua.
6
FACHADA FRONTAL
CORTE AA
foto: Terceira Margem Arquitetura e Singularidades
0
1
3
5m
PÁTIO RANDEMI
WC LAVANDERIA PÁTIO OXALÁ
IEMANJÁ
ARMÁRIO IABÁS
EKEDIS
ESCADA
11
10
9 12
XANGÔ
8 13
PÁTIO
7 14
WC
A
6 15
A
5 16 4
WC
WC
WC
WC
17 3 18 2
1
ESPAÇO DOS ORIXÁS QUARTO
BARRACÃO DESP
COZINHA
WC
COZINHA DE SANTO
OXÓSSI ACESSO ILÊ
OMOLÚ
ESPELHO D'ÁGUA OSSAIM
ARÔ
OXÓSSI
OGUM
PRAÇA DO FOGO
ACERVO
REDÁRIO
COZINHA
MEMORIAL
FONTE DE IEMANJÁ
ACESSO CCMB SALA MULTIUSO CABOCLO
EXÚ
EXÚ
EXÚ
RECEPÇÃO
WC
WC
18
17
16
15
14
9
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13
12
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4
8
7
2
6
5
3
1
ACESSO RUA
ARMÁRIO
EXÚ
PLANTA BAIXA TÉRREO
N
0
1
3
5m
7
Taipa de pilão utilizada no projeto como forma de retomar aos orixás e rituais ligados a terra e natureza.
Redário projetado como espaço de socialização e implantado também em nosso programa de necessidades
Espelho d’água - a presença de água é bastante forte tanto nos rituais da umbanda como símbolo de limpeza espiritual
foto: Terceira Margem Arquitetura e Singularidades
Presença de árvores na área externa e interna por se tratar de uma religião com íntima ligação com a natureza.
Danças e rituais são feitos em áreas externas, podendo ser até fora do Terreiro, como em praias e cachoeiras
Perspectiva interna do pátio
8
setor cultural
estacionamento
setor de acolhimento
pra
aca
gira
setor religioso
9
programa de necessidades SETOR DE ACOLHIMENTO AMBIENTE SALA DE ATENDIMENTO (RECEPÇÃO) SALA DE EXPOSIÇÃO LOJA BANHEIRO BANHEIRO PNE CIRCULAÇÃO
DESCRIÇÃO
2 ÁREA (M )
ÁREA TOTAL (M2)
1
16
20
1
69
69
1
19
19
1 1
11 5
11 5
1
56
56
QUANT.
Espaço para atendimento e acolhimento ao público. Sala para exposições temporárias e para artefatos do memorial Para venda de peças de artesanato produzidas no terreiro, com capacidade de até 2 funcionários. 2 boxes com vaso sanitário e 1 lavatório 1 vaso; 1 lavatório Espaço destinado para circulação, escadas e elevadores
TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA
Ademais, esse setor conta com uma sala de atendimento que serviria desde tirar dúvidas gerais até serviços de assistencialismo da comunidade, se possível.
idade
Para o setor de acolhimento, a intenção seria de acolhimento do público no geral, com sala de exposições para mostrar produções artísticas ligadas a
paz
car
religião, uma loja de artesanato para dessa forma, além de levantar fundos para o Terreiro, conseguir disseminar as produções artísticas de matriz africana.
amor
Para esse projeto foi pensado a divisão em 3 setores principais: setor religioso, setor de acolhimento e o setor cultural, sendo todos interligados por uma grande praça.
180
joão brentano
bruna pra
ado
SETOR CULTURAL AMBIENTE
DESCRIÇÃO
QUANT.
2 ÁREA (M )
ÁREA TOTAL 2
(M ) ACERVO ARMÁRIO RESTAURANTE SALÃO DO RESTAURANTE SALA DE AULA SALA DE AULA AUDITÓRIO HALL RECEPÇÃO BIBLIOTECA
SALA MULTIUSO BANHEIRO PNE VESTIÁRIO COM BANHEIRO HALL CIRCULAÇÃO
Espaço destinado para guardar os símbolos religiosos, vestimentas e demais produtos do terreiro (memorial). Espaço reservado para objetos pessoais Cozinha para a confecção dos alimentos que irão ser vendidos e locais para oficinas acerca da culinária característica que envolve a Umbanda Mesas para as refeições Espaço reservado para treinamento, aulas, oficinas e debates para um público reduzido Espaço reservado para treinamento, aulas, oficinas e debates para um público reduzido Espaço reservado para palestras e apresentações; capacidade de até 98 pessoas sentadas Hall de entrada para o auditório Espaço para atendimento ao público com 2 funcionários Para uso de toda a comunidade, comporta até 1 funcionários e até 50 usuários Espaço destinado para reuniões, oficinas, ensaios e similares; Capacidade para 22 pessoas dançando, 145 pessoas sentadas e 215 pessoas em pé 1 sanitário, 1 lavatório e 1 chuveiro 3 boxes com vaso, 1 box com chuveiro Hall de entrada para o auditório Espaço destinado para circulação, escadas e elevadores
1
20
20
1
0,9
0,9
1
35
36
1
92
92
4
10
40
1
11
11
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152
1
64
64
1
5
5
1
146
146
1
103
103
2 2 1
6 20 64
12 40 64
1
247
247
TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA
Como forma de institucionalizar a Umbanda perante os diversos preconceitos sofridos por ser uma religião de matriz africana, foi proposto o setor cultural, prédio com salas espaçosas para oficinas, aulas, acerca de temas com intolerância religiosa e até mesmo culinárias típicas de terreiros. A fim, de se propagar conhecimento acerca dessa religião e desconstruir estigmas deturpados sobre a mesma
1032,9
espetáculo gira, grupo corpo
10
SETOR RELIGIOSO AMBIENTE ESCRITÓRIO DO BABALORIXÁ ESCRITÓRIO DO BABAKEKERÊ OU YAKEKERÊ SALA PARA REFEIÇÕES COZINHA DE SANTO CAMARINHA (DESPENSA) QUARTO DOS ORIXÁS QUARTO DOS ORIXÁS QUARTO DOS ORIXÁS QUARTO DOS ORIXÁS
ÁREA DE SERVIÇO
QUARTO QUARTO BANHEIRO PNE VESTIÁRIO COM BANHEIRO VESTIÁRIO COM BANHEIRO CIRCULAÇÃO
DESCRIÇÃO
2 ÁREA (M )
ÁREA TOTAL (M2)
1
9
9
1
9
9
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34
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24
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5
5
1
18
18
4
19
76
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39
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32
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1
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3
9
27
1
10
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2 1 1
5 10 9
10 10 9
1
197
197
QUANT.
Espaço para o líder espiritual e administrativo do terreiro Espaço para o líder espiritual e administrativo substituto do terreiro uso diário e em eventuais celebrações Espaço para preparo e armazenamento de alimentos e oferendas para o terreiro Espaço para guardar instrumentos e roupas cerimoniais Casas de Orixás separados de acordo com o culto Casas de Orixás separados de acordo com o culto Casas de Orixás separados de acordo com o culto Casas de Orixás separados de acordo com o culto Anexa ao espaço para guardar instrumentos cerimoniais e roupas, com lavanderia e dispensa para produtos de limpeza Quarto (atende 2 pessoas) para moradores temporários Quarto (atende 2 pessoas) para moradores temporários 1 sanitário, 1 lavatório e 1 chuveiro 1 boxes com vaso, 1 box com banheiro 1 boxes com vaso, 1 box com banheiro Espaço destinado para circulação, escadas e elevadores
TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA
Por fim, o setor mais importante seria o religioso. Compreendendo não só a Gira, nosso espaço de grande vão, como todo os setores de apoio para que os cultos aconteçam na gira, como salas que guardam as vestimentas e instrumentos usados nas cerimônias. Além disso, tem-se nesse espaço salas para o líder espiritual e administrativo do terreiro.
514
tronqueira assentamentos de exu
imagem religiosa
Barracão em 1958 (a) área reservada aos assistentes femininos, (b) altar católico, (c) assento de Exú,
(d) cadeiras de confirmação dos Ogãs, (e) coluna central, (f) lugar reservado a orquestra de atabaques,
(g) cadeira de confirmação das Ekedes, (h) porta sobre a ala esquerda, (i) porta sobre a ala direita, (j) escadaria
TOTAL DE ÁREAS CONSTRUÍDAS SETORES
DESCRIÇÃO
QUANT.
ÁREA (M )
ÁREA TOTAL (M2)
2
SETOR DE ACOLHIMENTO
Setor de entrada, atendimento ao público e acolhimento e espaço para exposições
1
180
180
SETOR CULTURAL
Setor para estudos, oficinas, palestras, apresentações e alimentação.
1
1032,9
1032,9
SETOR RELIGIOSO
Setor de apoio á gira, preparação de oferendas, administração
1
514
514
1
452,16
452,16
2
1
GIRA TRONQUEIRA
Espaço para celebrações; Capacidade de até 335 pessoas sentadas Espaço coberto que abriga o Exu
TOTAL DE ÁREAS CONSTRUÍDAS ESTACIONAMENTO
Fora esses setores, o paisagismo é algo destacável em nosso projeto, com o objetivo de destinar 2/3 do terreno para que o espaço construído haja uma maior conexão com a natureza, viés importante para a Um-
29,00
11,52
2
2181,06 334,08
banda. Portanto, foi-se pensado em espaços para evidenciar a natureza e assim homenagear os orixás, além de espaços de socialização como fontes, espelhos d’água e um redário. rubem valentim
11
acervo
restaurante
vestiário
auditório
sala multiuso
banheiro pne
camarinha
recepção
estacionamento
sala de aula
armário
praça
gira
tronqueira banheiro banheiro pne
loja sala de exposição
sala de atendimento
escritório do babalorixá
escritório do babakekerê ou yakekerê
a
quarto dos orixás quarto dos orixás
vestiário banheiro
pátio de entrada
a
área de serviço
quarto
cozinha horta
sala de refeições
fluxograma setor de acolhiento
setor religioso
setor cultural 12
capítulo 2
o chão sob os nossos pés ”nanã”, josafá neves
contexto e localização
N
Mapa do Brasil
N
Mapa do DF
Contextualização histórica e geral do Paranoá: A cidade teve origem na Vila Paranoá, acampamento de trabalhadores na construção da Barragem do Lago Paranoá em 1957, que ali permaneceram após o término das obras. Em 1960, o acampamento abrigava cerca de três mil moradores em 800 barracos, assentados próximos à barragem do Lago Paranoá. A Região Administrativa do Paranoá – RA–VII foi criada em 10 de dezembro de 1964 pela Lei 4.545/1964. Porém, a Vila cresceu e em 1980 já era a maior ocupação irregular do DF, com 25.000 moradores. Em 1989, por meio do Decreto nº 11.921, a Vila Paranoá foi fixada com a criação do atual parcelamento urbano e foram definidos os limites físico-administrativos atuais da RA-VII. Isso como consequência da longa trajetória de resistência e luta dos moradores. A área da antiga ocupação foi transformada no Parque Vivencial do Paranoá por não comportar ocupação urbana em razão de problemas geológicos e ambientais. Outro aspecto relevante é sobre a RA ser consolidada como a segunda maior região produtora, tendo 53000 hectares, atrás somente de Planaltina, gerando cerca de 5.000 empregos rurais com 1.926 propriedades. Atualmente, a Região Administrativa do Paranoá possui uma área total de 851,94 Km² e a população projetada para o Paranoá em 2010 é de 50.950 habitantes, distribuídos pelos seus vários setores, de acordo com os Cadernos de Demografia. Mapa de contexto urbano
terreno do projeto
parque vivencial do paranoá
N
0
600 m
14
N
0
600 m
curvas de nível 5 em 5 m
vias
rodovias
lago paranoá
terren
no do projeto
unidades educacionais
hospital regional do paranoá
equipamentos de lazer e segurança
equipamentos urbanos Próximo ao lote destinado ao projeto do terreiro existem equipamentos urbanos como hospitais, escolas e quadras esportivas que aumentam as potencialidade e diversificações de usuários do terreno.
parque vivencial do paranoá
Mapa de contexto urbano
15
PA R Q U E V I V E N C I A L D O PA R A N OA
N
0
100 m
Mapa do Parque Vivencial do Paranoá Fonte: Google Earth
curvas de nível 5 em 5 m área de intervenção
rodovias vias
lago paranoá
Hospital Regio
ciclovias
CEM 1 do Para
Analisando um recorte mais aproximado do terreno de implantação do nosso futuro projeto é importante destacar a inserção dele no Parque Vivencial Paranoá. Com 600 mil metros quadrados de área verde cortada por uma extensa pista para caminhada. O Parque Vivencial do Paranoá abriga ainda a igreja São Geraldo, considerada o segundo templo católico mais antigo do Distrito Federal.
Além do cunho histórico que o Parque carrega- lá existiu a antiga Vila Paranoá, que se originou em 1957, com a criação dos acampamentos de operários que chegaram para construir a barragem do Paranoá - tem se o contexto que ali já foi um parque muito utilizado pela população, principalmente os moradores do Paranoá e Itapoã (outra região administrativa próxima). Porém, o descaso com o local é tamanho que atualmente o parque se encontra muito subutilizado.
Vista aérea do parque
foto: Márcio Buson
Com o objetivo de contornar a atual situação e por reconhecermos a importância de se ter esse espaço público utilizado pela população, o projeto contará com amplas áreas com projetos de paisagismo e para socialização a céu aberto para toda a comunidade.
entrada
ciclovia
Dessa maneira, afim de reverter o quadro atual de abandono e que o entorno, composto na maioria por construções residenciais consiga aproveitar desse espaço público.
via
parada de ônibus
onal do Paranoá
Mapa esquemático de fluxos
anoá
Fonte: Google Earth
N
16
O terreno
A área a ser analisada conta com aproximadamente 8600 metros quadrados de terreno, apresentando uma porcentagem de inclinação maior no centro da zona. É composto, no total, por 12 curvas de nível, ou seja, o terreno possui uma diferença de, aproximadamente, 12 metros de altura entre uma extremidade e outra.
17
A N
vista superior do terreno
Corte AA
esc: 1:500
foto: Márcio Buson
Planta bai esc: 1:112
ixa do terreno 25
A
N
curvas de nível 5 em 5 m
vias
curvas de nível 1 em 1 m
rodovias
área de intervenção
Capela São Geraldo
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A S P E C T O S A M B I E N TA I S
ventos do leste
ventos do sul
ventos do noroeste
O terreno possui uma grande problemática no que tange a insolação. As fachadas voltadas para o poente sofrem incidência dos raios solares durante todo o dia, sendo necessário tratamentos por sombreamento e materiais que possuem inércia térmica elevada. Em relação ao solo, ele possui uma elevada absorção da radiação solar e baixa irradiação de calor, quando comparado as outras superfícies. O lago auxilia no conforto ambiental ao elevar a umidade do ar. Por fim, observa-se que a vegetação auxilia na estabilização dos efeitos do clima, reduzindo as sensações extremas que geram desconforto.
arborização
Localizado na cidade de Brasília, o parque está inserido na Zona Bioclimática 4, caracterizada por exigir aberturas médias, sombreamento nas aberturas durante todo o ano, paredes pesadas e coberturas leves com isolamento térmico. Outrossim, é ocupado pelo Bioma do Cerrado e apresenta Clima Tropical, o qual é caracterizado por possuir duas estações do ano bem definidas: inverno com temperaturas amenas e seco, e verão quente e chuvoso. Ademais, apresenta ventos predominantes provenientes do Leste. Além disso, ocorre uma tendência de ventos chuvosos provenientes do Noroeste.
percurso solar
sol nascente
sol do meio dia
sol poente
O Parque Vivencial Paranoá está inserido em um ambiente composto por massas arbóreas de médio porte, espalhadas ao longo do terreno. Vale ressaltar que a área a ser analisada possui uma menor quantidade de vegetação, quando comparado ao resto do parque. Fora isso, o solo da área é coberto, predominantemente, por gramíneas, sendo asfaltada apenas nas vias. Ademais, a área conta com a presença do Lago Paranoá. Tais aspectos citados acima influenciam na sensação térmica da região.
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O PA R T I D O O chão sob os nossos pés Com base nos estudos feitos sobre o processo de fundação dos centros de Umbanda, o Terreiro possui um Orixá principal que permeará nas diretrizes do projeto abrangendo desde aspectos estéticos da construção material, da casa de santo; ao seu sentido ritual e espiritual, assim como a sua inserção na esfera legal/jurídica enquanto associação religiosa. O orixá principal do Terreiro que guiará esses diversos aspectos e decisões projetuais da obra em questão é Nanã.
A anciã da sabedoria Nanã é um importante orixá feminino cultuada no Brasil nas religiões de matriz africanas. Segundo as crenças, Nanã retirou uma porção de barro do fundo do lago em que morava e depois deu forma ao homem. Consoante a isso, o seu domínio se relaciona com as águas paradas, os pântanos e a terra úmida. Do ponto de vista divino, sua relação com o barro, mistura de água e terra, coloca essa divindade nos domínios existentes entre a vida e a morte. Isso porque a água é o elemento que se liga à vida e a terra, à morte. É daí que compreendemos o seu trânsito entre essas duas poderosas realidades. Em suma, Nanã é um orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada e lama. Portanto, o projeto irá tirar partido dessa relação com a água e a terra molhada tanto na utilização de tijolo de adobe compondo a materialidade das construções, como também a presença de um amplo trabalho de paisagismo com espelhos d’água, a fim de contemplar os aspectos importantes para a presença de Nanã e a natureza no Terreiro.
O instrumento No culto de Nanã é observado que o Ibiri é o objeto que solenemente indica a sua presença. Sua finalidade é afastar os espíritos (eguns) para o seu espaço sagrado, e eliminar as energias negativas da comunidade, proporcionando a longevidade. O objeto se caracteriza como uma espécie de vassoura produzida a partir das folhas da palmeira, ornado com búzios, palha da costa, fio de conta e cabaça. Além disso, o instrumento sagrado possui um desenho com voltas sinuosas, que tomamos como partido no trabalho de piso do projeto, permeando o desenho das praças e acessos como escadas e rampas.
O barro primordial A orixá Nanã tem uma intrínseca relação com o barro já que é a responsável pela vida que conhecemos. Seu barro primordial moldou a vida e continua a moldá-la todos os dias. Por isso, na Umbanda, a Orixá Nanã fornece a energia e a matéria necessárias para as materializações e desmaterializações. É a força divina que molda tudo dando-nos, além da vida, a saúde e também a oportunidade das reencarnações. É da união da terra e da água que se possibilita a existência da vida vegetal. Afinal, sem a água para irrigar os campos nada existiria. E sem a vida vegetal não teríamos outras formas de vida na Terra que conhecemos hoje. Diante disso, o projeto será correlacionado tanto pela utilização de tijolo de adobe em diversas partes da obra, como também através do amplo trabalho de paisagismo que trará a dimensão de conexão com a natureza tão importante para a Umbanda.
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i m p l a n ta ç ã o
diagrama de fluxos e setorização
N
Em relação a implantação do projeto, foi pensado como uma solução para o terreno com um declive considerável e com o propósito de haver pouca movimentação de terra no local, a construção de duas grandes praças em níveis distintos. Por possuir um programa de necessidades amplo, o Terreiro foi fragmentado em 3 setores com a divisão marcada fisicamente por edifícios diferentes: Setor de Acolhimento, Setor Cultural e Setor Religioso. Porém todos são conectados através das praças criadas.
Além de abarcar os acessos e fluxos principais, as praças também irão abrigar um extenso trabalho de paisagismo que contemplará os jardins dos Orixás, parte importante do programa de necessidades do Terreiro. Como referência projetual temos os Jardins do paisagista Roberto Burle Marx por se tratar de extensos projetos com uma diferenciação visual tanto de plantas como espaços, sendo assim, uma referência aplicável para a necessidade de um jardim com orixás com diversas nuances distintas. praça dos cristais
foto: joana frança
Por fim, outra referência estudada para esse local seria Requalificação Urbana V-Plaza feita pelo escritório alemão 3Deluxe Architecture, nela há um ótimo trabalho de piso utilizando escadas e rampas que serão uma diretrizes presentes no projeto. Outro aspecto relevante para destaque é o trabalho de piso para a configuração de hierarquia dos setores definidos. Dessa forma, a Gira, nosso grande vão com 450m², seria implantado no alto do terreno, em um platô que valorizaria seu aspecto monumental.
V-Plaza
foto: 3Deluxe Architecture
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VOLUMETRIA
teste de disposição dos blocos sobre o eixo entre o ponto mais alto e mais baixo do terreno.
teste de disposição dos blocos sobre o eixo horizontal entre as extremidades do terreno.
definição da altura dos blocos de acordo com a topografia
disposição dos blocos adotada, respeitando os eixos definidos e com distribuição uniforme entre os blocos do terreiro.
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i m p l a n ta ç ã o
D
s s
s
mapa de implantação esc: 1:1000 N
D
s
rampas
vegetação
vias
tro
edificações
árvores
ciclovias
pr
espelho d’água
horta sagrada
estacionamento
Há estacionamento em dois pontos do projeto: um no início que dá acesso direto a entrada com as praças criadas; e o outro, o estacionamento secundário, é próximo ao Setor Religioso, dessa forma, se a pessoa deseja ir direto para a cerimônia ou em algo que o programa de necessidades do Setor Religioso abarca, será por lá o mais fácil acesso.
gira
religioso 19,00
17,00 cultural 12,00 10,00 acolhimento 6,00
6,00 3,00
onqueira
raça
corte DD esc: 1:500
22
cultural 12,00
cultural 12,00
6,00 4,00
3,00
3,00
7,00 escadaria 2,00
3,00
religioso 19,00
gira 17,00
10,00
10,00
acolhime 6,00
religioso 19,00
gira 17,00
10,00
corte AA esc: 1:500
religioso 19,00
gira 17,00
10,00
10,00
corte BB esc: 1:500
cultural 12,00
cultural 12,00
ento
3,00
corte CC esc: 1:500
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condicionantes bioclimátic os Considerando a locação dos edifícios, nota-se que os cuidados bioclimáticos de cada um já são perceptíveis. Visto que todas as edificações possuem fachadas voltadas para o Noroeste, serão necessários o uso de fachadas cegas ou duplas, além de vegetações arbóreas, as quais possuem a característica de absorver a radiação solar, diminuindo, consequentemente, a incidência da radiação na fachada. Já nas fachadas voltadas para o Sudoeste, a problemática de insolação pode ser resolvida com a criação de pequenas barreiras de ângulo beta. As fachadas voltadas para o Nordeste e Sudeste são caracterizadas por serem menos problemáticas, fazendo com que o conforto interno possa ser atingido com o uso de pequenos ângulos alfa e beta para proteção dos raios de sol nos meses de maior incidência solar.
Por estar inserido na zona bioclimática 4, estratégias como sombreamento das fachadas e ventilação cruzada se fazem necessárias. Além disso o projeto conta com a inércia térmica dos materiais construtivos, como o tijolo cerâmico, o qual proporciona uma diminuição das amplitudes térmicas e um atraso térmico dos fluxos de calor. O projeto conta com a vegetação do entorno em consonância com os espelhos d’água, constituindo ambientes de permanência que atinjam os padrões de conforto térmico. A gira, principal edifício em que o culto religioso acontece, sendo responsável por abrigar maiores quantidades de pessoas, conta com espelhos d’água e grandes aberturas em todas as fachadas permitindo que o ar circule livremente dentro da edificação. Os edifícios de acolhimento e cultural contam com parte de seu programa semienterrados como estratégia projetual, estando mais protegidos da radiação solar e e apresentando uma massa térmica adicional através da integração com a terra para estabilizar temperaturas de ar internas.
2 3
1
4 4 1 gira 2 edifício religioso 3 edifício de acolhimeto
NO SO
NE SE
4 edifício cultural
24
1
2
3
Gira 1
Edifício religioso 2
O termo nanan, Orixá principal do Terreiro, significa "raiz", aquela que se encontra no centro da terra. Seguindo essa lógica, tiramos partido para a Gira como um centro irradiador da composição construtiva da parte religiosa. A partir do centro da gira, partem dois semicírculos de espelhos d’água, o edifício religioso e as escadas e rampas principais de acesso a gita, também em semicírculo e concêntricas. Dessa forma, evidenciando o eixo que parte da Gira e, por conseguinte, sua importância no projeto.
O Edifício Religioso localiza-se juntamente com a Gira no nível mais alto do terreno, assim, através da hierarquização dos níveis para cada setor, com os setores de acolhimento e cultural mais rebaixados ao terreno, há a evidenciação do setor religioso como o ponto fundamental para o Terreiro. Outra diretriz projetual importante de se explanar é o material construtivo que irá permear tanto o Edifício religioso como os demais setores: o tijolo de adobe. Em sua composição com terra crua, água, palha e fibras naturais retoma a presença de Nanã até nos aspectos construtivos/estruturais do Terreiro.
4
4
Edifício de acolhimento 3
Edifício cultural 4
O Edifício de Acolhimento, como o nome já diz, possui o programa de necessidades para o acolhimento dos que chegam ao Terreiro independentemente de ser da religião, da comunidade vizinha ou de um outro contexto. Para isso, ele localiza-se no primeiro platô de praça projetado. Outro aspecto relevante em relação a sua implantação é a sua cobertura, foi-se pensado em uma laje de cobertura acessível, para que a partir desse platô inicial o usuário conseguisse chegar através dela ao nível do Setor Religioso.
O Edifício Cultural se encontra no segundo platô de praça criado. Com um programa de necessidades amplo, o edifício encontra-se divido em dois blocos para uma melhor implantação no terreno em relação aos aspectos de conforto. Possui dois andares e um subsolo, a construção ainda conta com uma permeabilidade expressiva, podendo ter acesso pelos corredores criados com a cobertura por diversas partes do terreno. Além disso, a maior referência projetual do Edifício Cultural vem do projeto brutalista do arquiteto João Figueiras Lima, Mansão dos Arcos.
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N
maquete do terreno
curvas de nível 1 em 1 m
National Assembly Building of Bangladesh
Gallery of Dong Yugan's Brick Art Museum
Maya Somaiya Library
Ayub National Hospital
26
27
capítulo 3
O ABRAÇO DE NANÃ
ILÊ AXÉ DE NANÃ O projeto localiza-se em Brasília, mais especificamente no Parque Vivencial Paranoá. Compreendendo um extenso terreno com 2191m² de área construída e com uma declividade considerável, característica que permeou fortemente as diretrizes projetuais em relação ao trabalho de piso desenvolvido para o Terreiro. Em relação a implantação do projeto, foi-se pensado como uma solução a construção de duas grandes praças em níveis distintos. Dessa forma, conseguindo aproveitar toda a espacialidade do terreno e criando vários espaços de conexão com a natureza e socialização dos usuários do projeto, como o redário. Com um programa de necessidades amplo, o Terreiro foi fragmentado em 3 setores com a divisão marcada fisicamente por edifícios diferentes: Setor de Acolhimento, Setor Cultural e Setor Religioso. Com base nos estudos feitos sobre o processo de fundação dos centros de Umbanda, o Terreiro possui um Orixá principal que permeará nas diretrizes do projeto abrangendo desde aspectos estéticos da construção material, da casa de santo; ao seu sentido ritual e espiritual, assim como a sua inserção na esfera legal/jurídica enquanto associação religiosa. O orixá principal do Terreiro que guiará esses diversos aspectos e decisões projetuais da obra em questão é Nanã. Portanto, o projeto tira partido da relação com a água e a terra molhada ligados ao orixá Nanã. Isso sendo perceptível tanto na utilização de tijolo de adobe compondo a materialidade das construções, como também a presença de um amplo trabalho de paisagismo com espelhos d’água, afim, de contemplar os aspectos importantes para a presença de Nanã e a natureza no Terreiro
A
Corte urbano AA esc: 1:500
A
Planta de implantação esc: 1:1000
N
29
30
Desenho de fluxos
COMPOSIÇÃO Abram-se os caminhos Na composição espacial do projeto, os assentamentos do terreiro foram distribuidos conforme um estudo de previsão de fluxos, utilizando do trabalho de piso como ferramenta para criação de caminhos que guiem os usuários pelo espaço de maneira uniforme. Tal estudo também foi utilizado no dimensionamento das circulações, prevenindo possíveis gargalos e situações de conflito entre fluxos.
Projeção ed. Religioso
Projeção ed. Acolhimento Projeção ed. Cultural
Diagrama de composição das fachadas
Traçado Inicial
Plantando o axé. Para um lugar se tornar um terreiro, é necessário que o axé (energia e força sagrada dos orixás) seja fixado através de rituais conhecidos como “pantar o axé”. O axé é assentado no centro do barracão, tornando-o um conglomerado (receptor e irradiador de forças sagradas, colocando-as em movimento). A partir desse conceito, foi pintado nas calçadas presentes no projeto seguem um padrão radial, partindo do centro da Gira. Estes funcionam como uma espécie de condutor das energias sagradas, representando o movimento dos corpos e da arquitetura, cujas curvas hora tangenciam, hora sobrepõem os eixos que irradiam do espaço sagrado unindo todo complexo como em um abraço.
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GIRA
Planta baixa esc: 1:200
N
O termo nanan, Orixá principal do Terreiro, significa "raiz", aquela que se encontra no centro da terra. Seguindo essa lógica, tiramos partido para a Gira como um centro irradiador da composição construtiva da parte religiosa. A partir desse conceito, as fachadas principais dos prédios partem de semicírculos. Outro aspecto relevante para destaque é o trabalho de piso para a configuração de hierarquia dos setores definidos. Dessa forma, a Gira, nosso grande vão com 450m², seria implantado no alto do terreno, em um platô que valorizaria seu aspecto monumental.
1
2
3
Diagrama de composição
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Domos de acrílico
Laje de concreto
Claboias de concreto armado
Malha de vigas V de concreto protendido
Viga de concreto protendido
Viga de concreto armado
Pilares de concreto armado
axonométrica explodida
Domo de acrílico branco
Manta Impermeabilizante
Calha Terminal direito
Planta de cobertura esc: 1:200
N
eixo
Detalhe da viga na clarabóia esc: 1:20
33
A
0
1
2
A
5m
Corte AA
34
Ed. Religioso
Perspectiva isométrica
R3 5 m²
R4 10 m²
R2 5 m²
R4 9 m²
R5 24 m²
R6 34 m²
R7 9 m²
R1 86 m²
Planta baixa pav. Térreo esc: 1:200
R8 9 m²
N
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
-
Circulação Banheiro PNE Camarinha Vestiário Cozinha Sala para refeições Escritório Escritório
R9 5 m²
R11 9 m²
R11 9 m²
R2 5 m²
R10 10 m²
R11 9 m²
R12 18 m²
R13 32 m²
R1 63 m²
N
Planta baixa primeiro pavimento esc: 1:200
R14 19 m²
R14 19 m²
R14 19 m²
R14 19 m²
R2 R9 R10 R11 R12 R13
-
Banheiro PNE Área de serviço Quarto Quarto Quarto de orixá Quarto de orixá
R15 39 m²
R1 48 m²
N
Planta baixa segundo pavimento esc: 1:200
R14 - Quarto de orixá R15 - Quarto de orixá
i = 1%
N
Planta de cobertura esc: 1:200
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O Edifício Religioso localiza-se juntamente com a Gira no nível mais alto do terreno, assim, através da hierarquização dos níveis para cada setor, com os setores de acolhimento e cultural mais rebaixados ao terreno, há a evidenciação do setor religioso como o ponto fundamental para o Terreiro. Outra diretriz projetual importante de se explanar é o material construtivo que irá permear tanto o Edifício religioso como os demais setores: o tijolo de adobe. Em sua composição com terra crua, água, palha e fibras naturais retoma a presença de Nanã até nos aspectos construtivos/estruturais do Terreiro.
B
B
0
1
2
5m
Corte BB
36
Ed. Cultural
Perspectiva isométrica
CB.2 152 m²
Planta baixa subsolo esc: 1:200
CB.1 - Hall CB.2 - Auditório
CB.1 64 m²
N
CA.5 10 m²
CA.5 10 m²
CA.5 10 m²
CA.2 5 m²
CA.3 6 m²
CA.1 54 m²
CA.3 6 m²
CA.4 20 m²
Planta baixa pav. Térreo bloco A esc: 1:200
CA.1 CA.2 CA.3 CA.4 CA.5
-
N
Circulação Recepção Banheiro Acervo Sala de aula
CB.3 71 m² CB.5 103 m² CB.4 20 m²
Planta baixa pav. Térreo bloco B esc: 1:200
CB.3 - Hall de entrada CB.4 - Vestiário CB.5 - Sala multiuso
CB.4 20 m²
N
37
F
E
CA.6 92 m²
CB.7 146 m²
CA.3 14 m²
CB.3 48 m²
CB.6 10 m²
CA.7 35 m²
E Planta baixa primeiro pavimento esc: 1:200
CB.6 11 m²
F CA.3 CA.6 CA.7 CB.3 CB.6 CB.7
-
Passarela Salão de restaurante Cozinha industrial Circulação Banheiro Biblioteca
N
i = 1%
Planta de cobertura esc: 1:200
N
Corte EE esc: 1:400
Corte FF esc: 1:400
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O Edifício Cultural se encontra no segundo platô de praça criado. Com um programa de necessidades amplo, o edifício encontra-se divido em dois blocos para uma melhor implantação no terreno em relação aos aspectos de conforto. Possui dois andares e um subsolo, a construção ainda conta com uma permeabilidade expressiva, podendo ter acesso pelos corredores criados com a cobertura por diversas partes do terreno.
C
0
1
2
C
5m
Corte CC
39
Ed. de Acolhimento
Perspectiva isométrica
A2 69 m²
Acima
A1 35 m²
A1 A2 A3 A4 A5 A6
A4 16 m²
A5 11 m²
A6 5 m²
-
Circulação Sala de exposição Josafá Neves Loja Sala de atendimento Vestiário Banheiro PNE
Planta baixa esc: 1:200
N
A3 19 m²
Acima
Planta de cobertura esc: 1:200
N
40
O Edifício de Acolhimento, como o nome já diz, possui o programa de necessidades para o acolhimento dos que chegam ao Terreiro independentemente de ser da religião, da comunidade vizinha ou de um outro contexto. Para isso, ele localiza-se no primeiro platô de praça projetado. Outro aspecto relevante em relação a sua implantação é a sua cobertura, foi-se pensado em uma laje de cobertura acessível, para que a partir desse platô inicial o usuário conseguisse chegar através dela ao nível do Setor Religioso.
D
D
0
1
2
5m
Corte DD
41
planta esquemática de paisagismo
Um bosque de folhas sagradas Em relação ao trabalho de paisagismo desenvolvido para o Terreiro vale destacar a presença das árvores sagradas na Umbanda no projeto localizadas perto do setor religioso. Na Umbanda há várias espécies de árvores sagradas que possuem um significado especial, muitos dos rituais são feitos próximos a elas, dentre elas tem no projeto a Romãzeira, o Coqueiro, Eucalipto, Bambu e Amoreira. Para suporte dos rituais também há uma horta localizada logo atrás do edifício religioso, nela estão plantadas variadas ervas importantes para a religião e cerimônias como a Camomila Flor e Noz Moscada.
Trapoeraba Roxa
A praça dos orixás Além disso, os espelhos d’água presentes perto da Gira, e nos dois platôs de praça trazem a presença da água na obra, elemento da natureza muito importante na religião umbandista e de grande representação para vários orixás. O paisagismo tem como um dos pontos importantes a Praça dos Orixás, nela possui também várias plantas sagradas como a Trapoeraba roxa, que remete a Nanã por conta de sua coloração lilás, Orixá que permeia as diretrizes partidárias do Terreiro. Ademais, nessa praça foi desenvolvido um desenho de piso inspirado no artista plástico brasiliense Josafá Neves, o qual possui um amplo trabalho que aborda temáticas da cultura afro-brasileira.
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bibliografia https://femininosagrado.com.br/sobre-nana-e-o-ibiri/ https://brasilescola.uol.com.br/religiao/nana.htm https://michaelis.uol.com.br/busca?id=e32B7 https://guiadaalma.com.br/nana-buruque/ https://fuep.org.br/orixas/nana/ https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-85872015000100063 https://www.3deluxe.de/architecture http://projeteee.mma.gov.br/