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aprenderia com seu novo comandante a importância de tecer redes de alianças com os chefes locais. Sinhô Pereira não seria, apenas, mais um comandante de Virgulino, mas também seu melhor mestre nas artes do cangaço.
2.3 De Virgulino a Lampião: o mestre tecelão e o aprendiz de cangaceiro
Por volta da última semana de junho de 1921, os irmãos Ferreira e os outros quatro cangaceiros rumaram para Pernambuco, em busca de Sinhô Pereira, que se encontrava na Passagem do Brejo, em direção a fazenda Carnaúba, de seu parente Manoel Pereira Lis (Né da Carnaúba). Os Ferreiras pediram permissão para entrarem no bando e Sinhô Pereira concordou. Em outubro de 1920, Virgulino já havia entrado em contato com Sinhô Pereira, quando Antônio de Matilde solicitou a ajuda dos cangaceiros dos Pereiras para atacar os Nogueiras. Em seguida ao encontro que selou a integração definitiva dos Ferreiras ao grupo de Sinhô Pereira, Virgulino, Livino e Antônio passaram novamente pela Serra Vermelha, objetivando matar os inimigos Zé Saturnino e João Nogueira. Cercaram a casa da fazenda Pedreira e abriram fogo, mas não encontraram os inimigos em casa. Estavam apenas a mãe (Dona Xanda), o cunhado de Zé Saturnino e outros dois homens. Dona Xanda era madrinha de Virgulino, o que faz o (a) leitor (a) lembrar que os pais de Zé Saturnino tiveram boas relações com os Ferreiras até o início do conflito. Dona Xanda pediu que os Ferreiras não atacassem mais sua casa, o que foi atendido por Virgulino. Contudo, Zé Saturnino ainda continuava sendo o maior inimigo. Ao saber da nova investida dos Ferreiras, Zé Saturnino, que não poderia mais contar com o tio Casimiro Honório – morto, vítima de um ataque cardíaco fulminante –, contratou mais jagunços e foi morar com a mulher e os filhos na fazenda Jatobá, nas proximidades de Vila Bela, sob a proteção do parente Chico Alves do Exu (LIMA IRMÃO, 2015, p. 108). Manter o serviço da jagunçagem não era barato, Zé Saturnino amedrontado com o crescimento da figura de Virgulino no cangaço ano após ano, decidiu sentar praça na força policial de Pernambuco, no dia 1 de novembro de 1926. Essa era uma forma de receber apoio bélico e financeiro direto do governo. Ao invés de gastar com o combate ao cangaceiro, passou a lucrar com isso. O chefe de polícia, o Major Teófanes Torres, aliado aos Carvalhos e Nogueiras Alves de Barro, alistou quatro homens de confiança de Zé Saturnino como soldados, e este último foi promovido em apenas um dia para o cargo de sargento: