Boletim InforMAR, Edição 1, Julho de 2016

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Ano 1 | Edição 1 Julho de 2016

OS OCEANOS PEDEM

socorro “Conheça as diferentes formas nas quais nossos oceanos são poluídos” — RESENHA

“Avaliação Acadêmica, matrícula 2016.2 e festa junina. Fique ligado nas datas” — VIDA ACADÊMICA


Caros colegas, É com muito prazer que nós, petianos do Programa de Educação Tutorial (PET) Oceanografia, trazemos até vocês a primeira edição do Boletim Informar, um períodico mensal sobre as atividades que ocorrem no Instituto de Ciências do Mar, Labomar. Este informativo nasceu da necessidade de comunicarmos a toda a comunidade acadêmica, e demais interessados, o que acontece entre as paredes de nosso querido Instituto. Apesar de ser um ambiente fisicamente reduzido, reconhecemos que muitas atividades acontecem mensalmente no espaço, sem que a comunidade tome conhecimento deles em tempo hábil. Acreditamos que a comunicação é um dos pontos mais importantes da vida acadêmica, e este boletim pretende constituir um espaço importante para a divulgação científica, de atividades de ensino, pesquisa e extensão que ocorrem em nossos laboratórios e salas de ensino, e eventos que afetem o dia-a-dia dos frequentadores do Labomar. Convidamos então a todos os alunos, professores, técnicos-administrativos, dentre outros interessados, a tornarem-se parte do nosso boletim, enviando notícias de interesse, artigos, pontos de vista, eventos e/ou opiniões para serem publicados neste informativo. As publicações serão mensais, sempre na primeira semana do mês da publicação. Nesta edição, em homenagem ao Dia Mundial dos Oceanos, que ocorreu no dia 8 de junho, e ao Dia do Meio Ambiente, que ocorreu no dia 5 de junho, trazemos como tema central a Poluição Marinha, com resenha de autoria da petiana Karina Pinheiro Gurgel, e revisão da Profa. Dra. Sandra Tédde Santaella, que gentilmente cedeu de seu tempo para que trouxemos informações precisas e atualizadas sobre o assunto. Para o mês de agosto, o tema central será Educação Ambiental. Desejamos uma boa leitura e contamos com a sua participação! RAFAEL VIANA, editor-chefe

Publicação editada pela Secretaria Executiva do

PET Oceanografia/UFC. Tem por objetivos esclarecer as principais atividades do Labomar e difundir notícias de interesse dos membros (discentes e docentes) e da sociedade. Os conceitos emitidos em artigos e resenhas são de exclusiva responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do PET Oceanografia. Permite-se a reprodução, total ou parcial, dos trabalhos, desde que seja, explicitamente, indicada a sua origem. Disponível para download no site do PET Oceanografia/ UFC e na página das redes sociais. AGRADECIMENTOS O PET Oceanografia agradece à professora Dra. Sandra Tédde Santaella por ter aceitado participar desta edição do Boletim InforMAR.

PARTICIPE DO BOLETIM INFORMAR Os artigos, resenhas e notícias para o Boletim InforMAR podem ser enviados para o e-mail boletiminformar@gmail.com. Ou serem entregues digitalmente na sala do PET, localizado no Instituto de Ciências do Mar. BOLETIM INFORMAR Ano 01, Nº 01, Julho de 2016 EDITORIAL Editor-chefe: Rafael Duarte Viana Editores: Marianna Rozas Freitas Cavalcante Revisores: Débora Moraes Duarte, Mariany Ferreira de Sousa, Richelle Gomes Marreiro Soares Diagramação: Rafael Duarte Viana Supervisão Geral: Profª. Dra. Maria Oziléa Bezerra Menezes


Próximos Eventos SETEMBRO

XXVIII Semana Nacional de Oceanografia

XIII Congresso Nacional de Meio Ambiente

Local: Guarapari/ES Data: 11 a 16 de setembro Mais informações: https://sno2016.com.br/

Local: Poços de Caldas/MG Data: 21 a 23 de setembro Mais informações: http://www.meioambientepocos.com.br/v.6/

OUTUBRO

VI Encontro da Rede BRASPOR Local: Fortaleza/CE Data: 24 a 27 de novembro Mais informações: http://braspor.wix.com/2016 NOVEMBRO

VII Congresso Brasileiro de Oceanografia XIX Congresso Brasileiro de Meteorologia Local: Salvador/BA Data: 05 a 09 de novembro Mais informações: http://www.cbo2016.org/

Local: João Pessoa/PB Data: 07 a 11 de novembro Mais informações: http://www.cbmet2016.com/

XIII Congresso de Geoquímica dos Países da Língua Portuguesa

XIII FENACAM

Local: Fortaleza/CE Data: 16 a 18 de novembro Mais informações: http://xiiicgplp.com.br/

Local: Fortaleza/CE Data: 21 a 24 de novembro Mais informações: http://fenacam.com.br/

Pan Ocean Remote Sensing Conference PORSEC 2016 Local: Fortaleza/CE Data: 03 a 11 de novembro Mais informações: http://porsec2016.virtual.ufc.br/

Conhece algum evento de interesse que não foi divulgado aqui? Mande o link do evento para boletiminformar@gmail.com e nós ajudaremos na divulgação!

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Charges

COMPROMISSO AMBIENTAL

ATIVIDADE CULTURAL Na ocasião, também foram arrecadados 73,5 kg de alimentos não perecíveis, de st i n a dos ao Proa Mor – Proteção aos moradores de Rua, um projeto voluntario que tem como objetivo, realizar ações de combate à fome e auxílio aos moradores de rua da cidade de Fortaleza.

Discentes do Labomar e comunidade realizam limpeza da praia do Meireles A 4 ª ed ição do Dia do Oceanógrafo, ocorreu no dia 04 de junho de 2016, no horário de 8h às 12h, na área da praia do Meireles correspondente a região em frente ao Jardim Japonês. Estiveram presentes ao evento, em média, 210 pessoas, sendo elas em sua maioria composta por professores, alunos e exalunos do Instituto de Ciências do Mar, além da presença do Grupo Escoteiro Francisco de Assis, composto por mais de 40 crianças e seus instrutores.

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Foi realizada a limpeza da praia durante o período de 1 (uma) hora por pessoas inscritas no evento e voluntá r ios, e recolhidos resíduos sólidos e outros materiais numa área da praia correspondente a 11 (onze) mil metros quadrados, e logo após coleta de lixo na praia, o publico foi liberado para desfrutar das atividades de lazer oferecidas pelo evento. Entre elas se destacavam: pilates, cama elastica, caiaque, stand up paddle, slackline, dentre outras.

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CineMAR: exibição de documentários nos meses de maio e junho

Todas as outras atividades tiveram duração até as 12h, instante em que o evento se encerrava. ■

Durante os meses de maio e junho, ocorreu o CineMAR, um projeto do PET Oceanografia e do Centro Acadêmico Ícaro de Sousa (CAIS), onde se teve o int u ito de proporciona r, através de documentários, um contato diferenciado com a Oceanografia. As sessões aconteceram quinzenalmente e procuraram abordar temas focados em áreas especif icas. Durante o mês de maio o tema principal foi a Biologia Marinha, através de documentários The Blue Planet, criado e produzido pela BBC. No mês de julho a temática de Poluição Marinha foi abordada, sendo exibido o documentário Plasticized, que retratou uma expedição transatlântica com o objetivo de documentar a quantidade de dispersão de fragmentos de plástico. A atividade possui previsão de retorno pa ra o seg undo semestre do ano. ■

Fonte: PET Oceanografia

Fonte: PET Oceanografia

Ao final do evento, todo o lixo recolhido foi destinado para a Ecofor, empresa responsável pela gestão de resíduos sólidos d a c i d a d e d e Fo r t a l e z a , onde receberão o tratamento necessário antes do seu destino final.

O evento também fez parte de uma mobilização nacional, promovida pela organização não-governamental Oceano À Vista, com o intuito de conscientizar a população sobre a preservação ambiental de nossas praias e oceanos e divulgar a profissão do Oceanógrafo.


INTERAÇÃO OCEANO-ATMOSFERA

“Possibilidade de desenvolvimento de La Niña no inverno de 2016 no Hemisfério Sul”, segundo NOAA O El Niño se dissipou e condições ENSO-neutras retornaram durante o mês passado, conforme indicado pela expansão de temperaturas da superfície do mar (TSM) quase ou abaixo da média em todo o leste do Oceano Pacífico equatorial.

Excetuando-se a região mais a oeste, Niño-4, os índices El Niño ficaram próximos de zero até o final de maio. As temperaturas subsuperficiais abaixo da média continuam e se estenderam para a superfície até o leste do Pacífico equatorial. Pela primeira vez em 2016, as anomalias atmosféricas ao longo do Oceano Pacífico tropical também foram consistentes com as condições ENSOneutras.

No geral, as condições ENSO-neutras estão presentes e o La Niña poderá se desenvolver durante o inverno no Hemisfério Sul de 2016, com cerca de 75% de chances de La Niña durante a primavera e o verão de 2016-17. A próxima discussão diagnóstico sobre o ENSO está programada para ocorrer no dia 14 de julho de 2016. ■

Fonte: NOAA

O índice tradicional e o índice de Oscilação Sul equatorial ficaram perto de zero, enquanto os ventos de alto e baixo nível ficaram ambos perto da média na maior parte do Pacífico tropical. A convecção também ficou perto da média sobre o Pacífico tropical central e na maior parte da Indonésia. Coletivamente, estas anomalias atmosféricas e oceânicas refletem uma transição do El Niño para as condições ENSO-neutras.

Muitos modelos favorecem o La Niña (a média dos 3 meses do índice Niño-3.4 menor ou igual a -0,5° C) durante a primavera no Hemisfério Sul. A maioria dos modelos dinâmicos indicam que o início do La Niña ocorrerá durante o inverno no Hemisfério Sul. Em contraste, alguns modelos estatísticos favorecem uma data de início mais tardia, com cerca de metade destes modelos indicando a persistência de condições ENSO-neutras durante o verão. Neste momento, os meteorologistas estão se inclinando na direção de uma fraca ou moderada La Niña, se este evento se formar.

Figura 1. Previsão das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) para a região El Ninõ 3.4 (5ºN-5ºS, 120ºW170ºW), obtida através de diferentes modelos.

POLUIÇÃO MARINHA

Empresa americana desenvolve embalagem de cerveja comestível Uma cervejaria da Flórida/EUA desenvolveu uma nova forma de evitar o impacto que o descarte de embalagens plásticas de fardos de cerveja tem sobre a vida marinha. A empresa Saltwater Brewery substituiu as antigas embalagens plásticas por embalagens 100% biodegradáveis, feitas a partir de cevada e trigo. Além de serem biodegradáveis, as novas embalagens provaram ser tão resistentes e eficientes quanto as tradicionais embalagens de plástico. Apesar do custo de produção das embalagens ecológicas serem mais altos, muitos clientes da empresa mostraram-se dispostos a pagar a diferença, sabendo que é a melhor solução para o meio ambiente e a vida marinha.

Peter Agardy, diretor-chefe da Saltwater B r e w e ry, comentou: “É um grande investimento para uma pequena cervejaria

criada para atender pescadores, surfistas e pessoas que amam o mar”.

A cervejaria artesenal juntou-se a We Believers, agência de publicidades, para desenvolver a apresentação de sua inovação ambiental. Segundo Gustavo Lauria, diretor criativo da We Believers, “a maioria das embalagens plásticas acabam em nossos oceanos e representam uma séria ameaça para a vida marinha”. Resíduos de alimentos e bebidas muitas vezes acabam nos oceanos e, de acordo com o Greenpeace, nossas águas oceânicas irão conter mais plástico do que peixes até 2050. ■

Figura 1. Embalagem de fardo de cerveja biodegradável. Uma alternativa para o plástico?

Fonte: Craftbeer.com

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POLUIÇÃO MARINHA POR

KARINA PINHEIRO

Tipos de poluição

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evido a imensidão e a profundidade dos oceanos, até alguns anos atrás o homem acreditava que poderia utilizá-los para acumular ou dispersar resíduos sólidos e líquidos em quantidades ilimitadas, sem que isso tivesse consequências importantes. Atualmente, basta olharmos para a extensão de cerca de 680 mil quilômetros quadrados de plástico em decomposição no Pacifico para nos darmos conta de que as atividades humanas afetam os oceanos em grandes proporções.

O que é Poluição Marinha?

Pode ser definida como a introdução direta ou indireta, pelo Homem, de substâncias ou fontes de energia que prejudicam a vida e a qualidade do ambiente marinho. A poluição das águas marinhas pode ocorrer de várias formas, sendo as mais comuns, pelas águas residuárias urbanas e por resíduos sólidos. Outras fontes de poluição, a partir do continente, são os resíduos de áreas agropastoris, de mineração, de atividades petrolíferas, lixiviação de solos e deposição atmosférica. Existem ainda as fontes de poluição internas ao ambiente marinho: navegação, mineração no fundo do oceano, extração de petróleo, derramamento de petróleo, acidentes com navios cargueiros, resíduos e vazamentos, lavagens de porões de navios. Vale ressaltar que mais de 80% da poluição marinha é causada por atividades no continente.

Poluição por resíduos sólidos Ocorre pela deposição no ambiente

marinho, direta ou indireta, de quaisquer objetos feitos pelo Homem, rejeitados de forma intencional ou não, descartados ou abandonados. As principais categorias deste tipo são: plástico, material de construção, material de pesca, papel, vidro, borracha, espuma, metal, tecido, isopor e madeira antropogênica, além da subcategoria das esférulas de plástico virgem, comumente chamadas de “nibs” ou “pellets”. Aproximadamente 80% dos resíduos se originam de atividades continentais e 20% de atividades que ocorrem no interior do ambiente marinho.

Poluição por plásticos Os plásticos são fabricados através da

polimerização de elementos, substâncias que são derivadas do petróleo de alta massa molar. Durante a sua fabricação emite inúmeros materiais tóxicos como o xileno e benzeno, e por serem fabricados a partir de derivados do petróleo, o plástico tem grande dificuldade de se degradar em meio a natureza, levando séculos para se decompor. No ambiente fragmentam-se em pequenos pedaços conhecidos como microplásticos e chegam aos oceanos por serem descartados de maneira incorreta, causando muitos efeitos, principalmente, sobre os animais marinhos. Dentre esses efeitos podemos citar o aprisionamento dos animais em pedaços de plásticos, fazendo com que o mesmo se desenvolva com

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materiais o envolvendo ou presos ao seu corpo, o sufocamento por grandes peças desse material, a obstrução do trato digestório e a diminuição do volume funcional do estômago, que podem causar a morte. Além disso há a transferência de POPs (poluentes orgânicos persistentes), que são considerados altamente tóxicos e possuem grande afinidade com os tecidos dos animais. Outros animais afetados são as aves marinhas, em especial os petréis e albatrozes, que ingerem o plástico durante a sua alimentação e os acumulam no seu trato digestório por longos períodos. Poluição sedimentar é o resultado do acúmulo de resíduos em suspensão bloqueando a entrada dos raios solares na lâmina d’água, interferindo na fotossíntese das plantas aquáticas.

Poluição

Águas residuárias são consideradas todas as águas que foram usadas nas mais diversas atividades e tiveram suas características alteradas. Podem ser classificadas como: águas residuárias domésticas, industrias, rurais e hospitalares. As águas que compõem a lixiviação do solo, a drenagem urbana e o chorume, também são consideradas águas residuárias. As águas residuais são uma das principais formas de poluição marinha, através delas são dispensados dejetos humanos, matéria orgânica, metais pesados, pesticidas, detergentes e produtos derivados do petróleo. Um dos inúmeros problemas causados pela disposição de águas residuais nos oceanos é que podem desencadear a proliferação de algas que produzem toxinas, e esse excesso de algas, por sua vez, é responsável por uma diminuição do oxigênio da água, e sua toxina é capaz de colocar em risco diversas espécies. por águas residuárias ou residuais

Poluição por hidrocarbonetos

Possui origem variada, sendo a maior fonte de origem terrestre, através de esgotos urbanos, de descargas industriais e da lixiviação de óleos usados provenientes de terras e estradas. O transporte marítimo também contribui para a entrada desses hidrocarbonetos nas águas, onde é estimado a entrada de 555 000 tonelada de petróleo por ano, através de acidentes com petroleiros, despejos de lastro e atividades normais dos navios – abastecimento ou a carga e descarga. A poluição atmosférica, relacionada com os gases libertados pelos motores de combustão, é responsável por levar hidrocarbonetos através da chuva, para as águas. Outros tipos de fontes de hidrocarbonetos são as fontes naturais e instalações fixas como, por exemplo, plataformas e refinarias de petróleo. Como efeito, ocorre a redução de processos de autodepuração, devido a menor oxigenação da água, que é resultante do impedimento das trocas gasosas pelo petróleo. Algumas propriedades da água sofrem alterações, como a redução de luminosidade, aumento da temperatura, complicações em processos biológicos e até diminuição do pH, o que ocasiona a diminuição de inúmeras espécies devido a morte do fitoplâncton e fauna marinha.

Poluição por pesticidas e componentes relacionados

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Os pesticidas

são compostos orgânicos bastante utilizados pelo h o m e m no combate as pragas. Quando utilizados excessivamente podem contaminar os lençóis freáticos e rios, levando-os para os oceanos. São compostos que não degradam com facilidade através da oxidação química, ou seja, possuem alta persistência no ambiente e acumulam-se no tecido do animal, pois são lipossolúveis. Alguns dos principais problemas relacionados a eles é esse grande potencial de bioacumulação, processo em que o animal absorve o conteúdo e retem em seu organismo, fenômeno que tende a aumentar à medida que temos um nível trófico mais elevado na cadeia alimentar. Aves oceânicas apresentaram altos níveis de contaminação por bifenilos policlorados (PCBs) e pesticidas organoclorados, devido a ingestão desses compostos durante sua alimentação ou pelo habito de ‘’ajeitar’’ suas penas com o bico. Os efeitos prejudiciais são tanto a morte iminente devido ao envenenamento, como uma diversidade de efeitos incluindo deformações, debilitações, entre outros problemas a saúde dos organismos marinhos.

P o l u i ç ão p o r m e ta i s pesados Os metais pesados

são elementos metálicos com densidade > 5 g.cm-3, possuem origem natural (erosão, minério de rochas, atividades vulcânicas, atmosfera etc.), mas após a revolução industrial, o Homem passou a usálos intensamente, modificando-os e tornando-os mais disponíveis para a incorporação biológica. Apesar de vários metais pesados serem componentes de várias enzimas, a maioria é tóxica, mesmo em concentrações baixas, além de serem poluentes conservativos. São considerados metais altamente reativos e bioacumulativos e que podem ser venenosos para organismos marinhos em altas concentrações. Exemplos deles são o estanho, o mercúrio e o chumbo. Os principais efeitos causados por esses metais são a morte de peixes, morte do plâncton, e a acumulação na carne dos peixes e dos moluscos, o que gera alterações na cadeia alimentar, devido ao fato de se concentrarem à medida que avançam na


cadeia alimentar que, consequentemente, ocasionará a modificação dos ecossistemas e da biodiversidade.

Poluição por rejeitos radioativos

Os radionuclídeos dispersos nos oceanos provêm de testes com artefatos nucleares, acidentes nucleares e a liberação de material radioativo pelas descargas de efluentes de reatores e usinas de reprocessamento e é difícil identificar os impactos ecológicos da radioatividade no oceano. Os processos de dispersão, acúmulo e transporte deles no ambiente marinho são influenciados por fatores físicos, químicos e biológicos. O plutônio, por exemplo, encontrado em águas marinhas pode ser precipitado e acumulado nos sedimentos e especialmente por órgãos específicos dos organismos marinhos. A acumulação e a transferência através da cadeia alimentar, afeta diversas espécies, incluindo o homem que ao consumir alimentos contaminados, pode adquirir enfermidades como câncer, prejuízos ao sistema imunológico e até problemas genéticos.

Poluição por efluentes termais

Consiste no aquecimento ou resfriamento das águas, até temperaturas prejudiciais aos ecossistemas. Em geral, ocorre pelo despejo de água residuária, em temperaturas mais elevadas que as condições ambientes em rios, mares e lagos. Muitas indústrias e quase todas as estações de produção de energia (nucleares ou a combustíveis fósseis) geram águas superaquecidas que são descarregadas nos ambientes aquáticos. A água quente diminui a solubilidade do gás oxigênio no meio, o que provoca mudanças não desejadas na flora e fauna como por exemplo, a morte de muitos peixes e outros animais aquáticos e mudanças no ciclo de reprodução de algumas espécies, além de acelerar reações de outros poluentes. Mudanças na temperatura também podem resultar em migração dos organismos para um ambiente mais adequado. Além disso, com o aumento da temperatura da água há aumento de produtividade do ecossistema, por exemplo, um aumento de 10 °C na temperatura da água, pode aumentar em 200% o

crescimento do plâncton. Mesmo as mudanças pequenas (1 a 2 °C) interferem significativamente no metabolismo dos organismos e provocam alterações nas células, que podem aumentar a mortalidade e afetar negativamente a reprodução.

Poluição por introdução de espécies invasoras

A introdução de espécies em habitat fora dos seus espaços naturais está aumentando deliberadamente devido às atividades de aquicultura, transporte de frutos do mar vivos, espécies usadas como isca, comércio de organismos ornamentais, acidentes, liberação intencional de espécies cultivadas em cativeiro, navios comerciais (responsáveis por até 80% das introduções em ambientes costeiros, incluindo água de lastro e incrustações). . Estima-se que a água de lastro de navios contêm cerca de 3.000 espécies de animais marinhos e algas. Quando essas espécies introduzidas encontram condições favoráveis, podem causar impactos significantes no novo ambiente, causando prejuízo no nicho ecológico das outras espécies nativa e colocando em perigo a diversidade biológica do local. Em compensação, algumas espécies podem falhar ao serem introduzidas e tentarem estabelecer populações reprodutivas em um novo meio.

Poluição sonora

De acordo com a Lei nº 6.938 de 1981, poluição sonora “Pode ser qualificada como qualquer alteração das propriedades físicas do meio ambiente causada por som puro ou por conjugação de sons, admissíveis ou não, que direta ou indiretamente seja nociva à saúde, à segurança e ao bem estar da população, além de ser considerada uma forma de degradação da qualidade ambiental.” No ambiente marinho é ocasionada pelos ruídos provocados por ecobatímetros, sonares, atividades militares, tráfego de navios e barcos, experimentos oceanográficos, testes sísmicos (prospecção de óleo e gás), perfuração de plataformas de petróleo, aerogeradores e dragagens. Os ruídos deslocam indivíduos e populações, modificam o comportamento; causam danos físicos; impedem a comunicação, a alimentação, a reprodução e facilitam a predação de organismos marinhos. Dessa forma, afetam principalmente baleias, golfinhos e botos, que se comunicam pela emissão de sons.

Poluição por artes de pesca Chamam-se artes de pesca a todos

os instrumentos ou métodos que permitem a captura de peixes, moluscos ou crustáceos. A poluição por artes de pesca ocorre quando animais não objeto da pesca são capturados ou mutilados por estas. Também faz parte deste contexto a chamada “pesca fantasma” que ocorre quando as artes de pesca são abandonados pelos pescadores ou caem acidentalmente no mar e, além de causar poluição por resíduos sólidos, continuam capturando, mutilando e matando animais marinhos. ■

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Você sabia?

Localização A mancha de lixo está localizada no Giro do Pacífico Norte, um dos cinco maiores vórtices de corrente do mundo.

No oce a no Pac í f ico existem duas grandes manchas de lixo, área entre o Havaí e a Califórnia que corresponde a Zona de Alta Pressão Subtropical do Pacífico Norte. Ainda é difícil saber os seus volumes exatos, mas estima-se que, juntas, possuem o dobro do tamanho dos Estados Unidos e que nos últimos dez anos esse volume triplicou.

O lixo concentrado nessa região, chega pelas correntes marítimas como, por exemplo, a Círculo Polar Antártica que liga os três oceanos da Terra. Assim, grande parte dos resíduos do Atlântico e do Índico acaba se dirigindo para o Pacífico. Já foram encontrados nesses depósitos diversos objetos como, sacolas plásticas, cones de trânsito, garrafas e muitos outros objetos formados por plástico.

Esses residuos afetam diretamente a saúde, crescimento e reprodução dos animais dessa área, influenciando na sua dieta e também na alteração hormonal. ■

Autor Karina Pinheiro Gurgel Freire Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) Oceanografia desde agosto de 2015. Já participou do programa Ciência Sem Fronteiras, na Espanha, e teve a oportunidade de absorver conhecimento e cultura de vários cantos da Europa.

Dra. Sandra Tédde Santaella Atua como professora titular da Universidade Federal do Ceará, lotada no Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR). Ministra aulas nos cursos de graduação em Oceanografia e de Ciências Ambientais e no programa de Pós-graduação em Ciências Marinhas Tropicais., com enfâse em poluição marinha e ambietal Participa como colaboradora no curso de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UFC e como orientadora pontual no Programa de Pós-graduação em Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Desenvolve pesquisas com tratamento biológico de águas residuárias, qualidade de água e poluição marinha.

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VIDA ACADÊMICA

Avaliação Institucional: um diagnóstico da graduação Entre os dias 20 de junho e 08 de julho, estudantes e professores de todos os cursos de graduação da Universidade Federal do Ceará devem participar da Avaliação Institucional.

O mecanismo tem por objetivos avaliar a percepção dos discentes e docentes sobre a qualidade dos cursos, da infraestrutura da universidade, as coordenações, dentre outros aspectos. Com os resultados, a Universidade pode realizar um diagnóstico da graduação, identificando pontos fortes e fracos do espaço acadêmico. Para realizar a avaliação, basta acessar os formulários disponíveis no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). A participação não é obrigatória para estudantes, mas é muito importante que todos se engajem, para garantir que o diagnóstico seja fidedigno. Na última edição, 60,64% dos alunos aptos participaram do processo.

Os alunos opinarão sobre os seguintes pontos: atuação dos docentes, atuação da coordenação e condições de funcionamento do curso (infraestrutura, biblioteca, laboratório), além de fazerem uma autoavaliação. Já os professores avaliarão o conjunto de alunos das turmas para as quais ministram aulas e as condições de trabalho, além de também realizarem uma autoavaliação.

Os dados coletados servirão de base para a elaboração de relatórios cujo objetivo é o aperfeiçoamento da graduação na UFC. No final do processo, os relatórios serão encaminhados para as unidades acadêmicas, que contarão com a participação das coordenações de cursos na elaboração de planos de melhoria com metas de curto, médio e longo prazo. ■

Fonte: Comissão Própria de Avalição/UFC

Matrícula 2016.2:

Venha pular fogueira!

Arraiá do Labomar

Fique atento aos prazos!

No dia 14 de julho (quinta-feira), às 18hrs no estacionamento do Labomar, ocorrerá a edição 2016 do Arraiá do Labomar, uma ação conjunta promovida pelos Centros Acadêmicos Icaro de Sousa (Oceanografia) e Maloca (Ciências Ambientais) para comemorar o encerramento do semestre letivo. Haverá no dia comidas típicas, brincadeiras de São João, quadrilha improvisada e música.■

Fonte: CAIS Centro Acadêmico Ícaro de Sousa

Sol, mar, férias.

O período letivo 2016.1 está chegando ao final, e entre sobreviventes e feridos nas avaliações finais, agora é hora de aproveitar o descanso de todo o trabalho do semestre. Mas antes de se desligar do mundo e aproveitar uma praia com os amigos, não esqueçam de marcar no calendário as datas mais importantes do período de matrícula para o semestre letivo 2016.2. Então anotem aí:

25 de julho - Fechamento do cálculo do IRA-Geral relativo a 2016.1 e publicação da oferta de turmas para matrícula no semestre 2016.2 27 a 29 de julho - Matrícula dos alunos veteranos (via Internet e nas coordenações de curso) 04 a 05 de agosto - Período de ajuste de matrícula 2016.2 para alunos veteranos (via Internet e nas coordenações de curso) Então, não marquem bobeira. Após a matrícula feita, agora é só tomar uma água de coco sob a sombra das palmeiras. ■

Fonte: CEPE/UFC

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“ATÉ 2015, NOSSOS OCEANOS TERÃO MAIS PLÁSTICOS DO QUE PEIXES”


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