ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
B OL E T I M E SC OL A R
Confluências
Confluências
(2ª Série) Nº 47 Dez 2019 / Abril 2020
COVID-19 O VÍRUS QUE CONFINOU O MUNDO
Palavras de tanta cor! se as escutássemos todas… se lhes déssemos tempo, a distância teria outro sabor. Manuel C. Gomes (fb, 14 de abril 2020)
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Confluências UMA PALAVRA JUSTA O prof. Manuel Cabeleira Gomes (Manuel Gomes, para os colegas e amigos), cumprida que foi uma longa missão inteiramente dedicada ao nobre mister do ensino, merece, sobretudo neste espaço, uma palavra especial. Depois de extinto o jornal escolar “Clarão” (dinamizado por uma turma do curso profissional de Comunicação), o prof. Manuel Gomes, em conversa informal com alguns colegas, apresentou ao então Departamento de Românicas a proposta de se criar um Boletim que, alargado a toda a comunidade escolar, pudesse manter viva a tradição editorial do Camões. Pouco tardou a concretizar-se o ensejo. Em novembro/dezembro de 2007, nascia o “Confluências” (com a nota de Abertura reproduzida ao lado), que ainda hoje vai resistindo. E nesta ‘teimosia’ de 13 anos esteve Manuel Gomes, acreditando sempre na força de projetos que sirvam e envolvam a escola e, sobretudo, os alunos. Por isso figura ainda neste número, justamente, o seu nome na Ficha Técnica. Uma Vida apaixonada de labor à causa da Educação, uma prática profissional disciplinada e exigente, uma intervenção pronta e discreta na comunidade, uma palavra permanente de apoio e encorajamento a todos os seus próximos, sem exceção; tudo isto (que ele diria, por modéstia, ser pouco), impõe uma Palavra de enaltecimento dos seus pares e, neste particular, de sincera Gratidão. (A. Souto e Lurdes Fernandes)
Título: Confluências Iniciativa: Departamento de Estudos Portugueses Coordenação de edição: António Souto, Manuel Gomes e Lurdes Fernandes Periodicidade: Trimestral Impressão: GDCBP Tiragem: 250 exemplares Depósito Legal: 323233/11 Propriedade: Escola Secundária de Camões Praça José Fontana 1050-129 Lisboa Telefs. 21 319 03 80 21 319 03 87/88 Fax. 21 319 03 81
Nos pátios ou na entrada, os plátanos do Camões, sob o olhar atento do patrono, acolhem o chilreio estridente dos
Periquitos-de-colar Nesta edição:
Uma palavra justa ……...………... Comunicado …………….........…… Em tempos de pandemia ………. Scriptomanias ………....………….. Uma crónica ………………..…....... Scriptomanias …………………….. Sociologia em ação ……….……… Cidadania e Desenvolv... ……..... Divulgação de projeto ……….…. A mulher em destaque… ……….. Um (re)encontro desejado …….. Rafael B. Pinheiro ……..………… A educação: a cativa que… …..... O.D.S. ………………………………... Era uma vez em Mafra ………..… Camusicando(s) …………………... No Natal passado …………...……. Breves ……………….........…………
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Confluências COMUNICADO Decreto-Lei aprovado no Conselho de Ministros de 09/04/2020 Suspensão das atividades letivas presenciais – 3.º período
Depois de auscultados os órgãos consultivos do Ministério da Educação e ouvido um vasto conjunto de entidades representativas do setor, foi aprovado em Conselho de Ministros o decreto-lei relativo à forma como ocorrerá o 3.º período do ano letivo 2019/2020, atendendo à situação epidemiológica que o país atravessa. O referido documento sintetiza-se nos seguintes pontos: Início do 3.º período: O 3.º período começa a 14 de abril, sem
atividades presenciais, continuando em vigor a modalidade de ensino à distância, tal como nas últimas duas semanas do segundo período. Haverá avaliação do 3.º período, pelo que a todos os alunos será atribuída uma nota no final do ano (que, naturalmente, deve atender ao conhecimento que o professor tem do trabalho realizado por cada aluno ao longo do ano e às aprendizagens desenvolvidas, tendo em conta as circunstâncias específicas de realização do 3.º período). (…)
Ensino Secundário: No dia 14 de abril as aulas começarão em
regime não-presencial. No 10.º ano, as aulas prosseguirão nesse regime até ao final do ano letivo As escolas vão estar preparadas para, se a evolução da situação epidemiológica o
permitir, recomeçar as aulas presenciais do 11.º e 12.º anos, sempre após o final de abril. Nos 11.º e 12.º anos, só haverá aulas presenciais das 22 disciplinas cujas provas finais são necessárias para o acesso ao ensino superior; nas outras disciplinas o ensino continuará a ser feito à distância. A não participação dos alunos em atividades presenciais por opção manifesta do encarregado de educação não constitui falta injustificada. Se as atividades presenciais forem retomadas, serão seguidas as normas de higienização e distanciamento social em vigor nesse momento. No caso das vias profissionalizantes, nos termos a definir pelas escolas, as provas de aptidão poderão realizar-se em regime não presencial e as práticas em contexto de trabalho poderão ser substituídas por práticas simuladas, entre outras soluções.
Provas e exames: Não serão realizadas as provas de aferi-
ção, nem os exames do 9.º ano. No ensino secundário serão realizados
exames das 22 disciplinas cujas provas finais são necessárias para o acesso ao ensino superior Cada aluno só realiza os exames de que necessita para acesso ao ensino superior. Assim, a nota do exame só releva para este efeito, não contando para a avaliação das disciplinas do ensino secundário Novo calendário de exames, após a conclusão das aulas a 26 de junho: a 1.ª fase realiza-se entre 6 e 23 de julho; a 2.ª fase realiza-se de 1 a 7 de setembro. As provas são ajustadas à possibilidade de escolha pelos alunos de itens/grupos em opção. (…)
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Confluências EM TEMPOS DE PANDEMIA A máscara que dói. Raramente aparecia nas rotinas diárias, entrava às quatro, saía à meia-noite, entrava às oito e saía às quatro e às vezes ao contrário. Era enfermeira. Chamava-se Fernanda. Por vezes, com os amigos, estendíamos os dias ou as noites sem a preocupação das horas. Mas com os enfermeiros não. A sua bússola era mais precisa. Cuidavam do corpo, desta natureza envolvida por pele de várias texturas e cores, sem a qual não há mais nada. Amanhavam-no como a uma planta, olhavam para a sua fisiologia que decompunham com o olhar, e sabiam de tudo. Podar uma unha, fazer um enxerto, administrar soro e oxigénio e imobilizar um fémur fraturado. Também sabiam como costurar por dentro; suturar com palavras, libertar uma garganta e limpar uma lágrima. Era o seu modo de salvar vidas, mas em tempo de paz estavam ocultos. Quando o Mister Boris reconheceu que estava vivo graças à Jenny e ao Luís de “perto do Porto”, tirou o véu da sua invisibilidade. O primeiro-ministro do Reino Unido demonstrou que tinha regressado de uma frente de batalha onde os enfermeiros estavam a salvar vidas, contrariando as bestialidades cometidas por muitos dos que se salvavam. Lembrei-me da Fernanda porque é da terra do Luís. Poderia mencionar o nome de muitos que nunca mais vi, mas sei que estão a salvar-nos nas várias Frentes. Nas longas tardes de sábado e de domingo, aparecia numa leitaria de bairro, “A Regional”, em horários
desencontrados, um enfermeiro que lançava pensamentos que causavam espanto, e que para mim ainda hoje são enigmas. Não tinham autor conhecido, eram frases sem livro e sem assinatura. Era como se aquele homem transportasse uma lanterna e emergisse dela uma desconhecida filosofia de sombras, iniciada com o juramento de Florence Nightingale, com muitos anos de caminho. Naquela mesa de café ficámos a saber que os enfermeiros são heróis de guerra, heróis invisíveis de todas as batalhas. Nesta que travamos não será diferente. Hoje, numa qualquer “Área Covid”, tomam uma refeição ligeira, alinham-se ombro a ombro e mesmo a suar dentro de dois fatos, com dois pares de luvas, máscara e viseira, e desidratados, não falham a puncionar uma veia, nem a colocar um cateter venoso. Por vezes não nos lembramos que nesta guerra a primeira linha de combate é ali onde estão, embora haja outras, móveis e fixas, como os laboratórios ou as nossas casas… O segredo destas mulheres e destes homens está inscrito no “Juramento da Lâmpada”, que lhes ilumina para sempre a juventude e lhes afasta o cansaço, de subirem as longas e duras noites. Aqueles que se vão salvando poderão fazer os relatos de guerra, como Mister Boris, porque os das trincheiras não têm tempo. Em época de paz entravam às quatro, saíam à meianoite, entravam às oito e saíam às quatro, mas agora não. Há uma máscara que dói. Jorge Castanho, Anotações e foto de Florence Nightingale (editada),
em tempos de confinamento. [Publicado no FB, 15/04/2020, e gentilmente cedido pelo A.]
CRÓNICAS DA PANDEMIA — BORIS JOHNSON (13-04-2020) No domingo de Páscoa, o primeiro-ministro britânico teve alta do hospital St. Thomas, onde esteve internado sete dias devido à COVID-19, três deles nos cuidados intensivos. Após a saída do hospital, Boris Johnson partilhou uma mensagem de agradecimento aos enfermeiros que cuidaram dele, em particular ao «Luís, de Portugal, de perto do Porto». Pois é, Luís… É muito difícil, mas acredita que estou contigo. Também me custa muito, que sou um gajo da aldeia, explicar aos outros de onde sou. «Ah, pertence a Sintra», «Vens pelo IC19?», «Não, não! Aquilo é mais para os lados de Loures». Mas estiveste bem! «Perto do Porto». Sucinto. E, sejamos francos, se calhar são poucos os da própria Invicta que conhecem Santiago de Subarrifana (ou lá de onde fores), não sejas tão duro com um conservador inglês… Não refiro a outra enfermeira a que Boris agradeceu diretamente, Jenny, também ela imigrante em terras de Sua Majestade. Dá que pensar… Quem se deve estar a rir é o responsável do serviço onde esteve internado o primeiro-ministro, que creio saber como votou no referendo de 2016. Um golpe de génio. Aprenda, senhor Boris, talvez o Brexit possa ser mais sério do que pensava, a sua vida poderá depender disso! Aruil (também perto de Odivelas) João Miguel Simões, 12º H
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Confluências SCRIPTOMANIAS O que é isto a que chamamos vida? Meros atores de um palco sem limites, desde que nascemos, cedo começa uma representação que perdura até ao dia em que o diretor nos dispensa e não avisa. Nesse início, agora bem distante, onde parte do passado ficou esquecido pela ausência de uma memória que não esteve presente, e que agora, no imediato, é impossível ser resgatada, pois não há pontas soltas que me levem ao primeiro pensamento. Novato nessas andanças, as falas e papéis maiores ficam para aqueles que já acompanham os que andam nisto há mais tempo. Inicialmente, foi fácil. O papel de criança ausente de qualquer responsabilidade não necessita de guião. Os pais sabem isso. No fundo, são os responsáveis pela minha entrada no mundo do espetáculo a que chamamos vida. Contudo, e para minha defesa e orgulho, naquele casting inicial de 1979, entre milhões de "concorrentes", fui eu que sobressaí por ser astuto e arrepiar caminho. Um furavidas. Quando se dá a troca de simples sons pelas palavras e a isto se junta o caminhar, caminha-se para palcos maiores onde, por vezes, soa melhor o improviso do que aquilo que o destino escreveu para nós. A tarimba, essa, chega depois de muita figuração e papéis secundários, onde lentamente subimos neste palco onde a vida só paga para ver. Tal como o teatro, a vida precisa de público. No dia em que não o vires, sem te aperceberes, és tu que já
Mundo Somos Todos Existem hoje no mundo aproximadamente sete mil milhões de pessoas abrangidas pela Declaração Universal dos Direitos do Homem. A existência desta Declaração é de extrema importância, pois torna presente a todos que se deve viver numa casa comum, com direitos e deveres, em fraternidade. Em Portugal, o regime político em vigor – a democracia – tem no providenciar bem-estar a todos os cidadãos um dos seus principais objetivos. Tem de haver respeito por parte dos órgãos de soberania pelas pessoas, e vice-versa, para haver entendimento e cooperação
não estás cá. Entre o início e o fim desta janela de tempo a que muitos chamam intervalo, ao qual não sabemos quando vai tocar a campainha e que muitos teimam em aparecer ao segundo toque, tentando enganar o contínuo, a quem se devia dar duas moedas para a viagem, vale lembrar que todos os papéis, por mais pequenos que sejam, são eles que te levam àquilo que és hoje. Como termina a peça? Como tantas outras. Com aplausos, seria bom. Deixo isso para o público. Eu quero imaginar que sim, até porque seguramente serei o único a ser obrigado a estar ali. Como se diz na gíria, estar de corpo presente. E quando? Para minha felicidade e de todos, ninguém sabe. Termos ilusão que controlamos a vida é mera aldrabice. O homem faz planos e Deus ri-se. O importante é andarmos iludidos o máximo de tempo com os papéis que formos arranjando. Sabes que há um guião, podes improvisar, mas no final é fazer figas para que tudo corra bem e dure o máximo possível. Sê sério naquilo que fazes sem levar a sério a vida, afinal, ninguém sai dela vivo. O que é que vais encontrar quando te arrancarem do palco? O que quer que seja aquilo em que penses, o ponto de interrogação estará sempre no final de cada frase que comeces. O que fica de quem vai? Tudo e nada. Outros deixam herança ou saudade. Espero deixar aquela que gera nostalgia ao ser soletrada e que tanto sentimento emprestou ao fado.
mútuas. Esta é uma tarefa complicada devido às diferenças que existem, sendo missão das entidades que governam proporcionar condições de dignidade e entreajuda entre todos. A concordância entre as pessoas é, muitas vezes, complicada, como em contexto de eleições, há que saber viver também em discordância. Cada indivíduo é único, pelo que sempre existirão ideias distintas, que é preciso saber aceitar e harmonizar para bem comum entre todos. Nos dias de hoje a facilidade com que se chega à irritação é muito grande e célere, muitas vezes devido à rapidez com que se conseguem informações... Por um lado, circulam notícias enganosas que são difíceis de
Bruno Ricardo Alves Salta RVCC (Turma 9/) verificar, por outro, criou-se uma nova realidade com as redes sociais. Importa ter sempre presente que ninguém consegue ser feliz sozinho, que precisamos uns dos outros e não podemos prescindir daqueles que estão próximos de nós. Somos muitos e diferentes a habitar um planeta e temos de nos suportar mutuamente para vivermos harmoniosamente em sociedade. Há que preservar a fraternidade e aprender continuamente com aqueles que nos rodeiam, já que a evolução é constante e rápida, e a dependência uns dos outros é cada vez maior. Catarina Soares, 12º A
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Confluências UMA CRÓNICA Ouvi dois amigos meus, muito próximos, a conversarem sobre como ‘evolui’ a população europeia. Dizia um que estamos a progredir, e que com o desenvolvimento das tecnologias iremos concretizar feitos que os nossos pais achavam ser loucura. Outro dizia que estamos a regredir, e que, com tantos avanços, acabaremos por recuar mais. No meio disto, senti-me tentado a intervir e a partilhar a minha opinião, que era, e continua sendo, inconclusiva e desinteressante. Juízo baseado numa viagem que fiz a São Tomé. Não me refiro às praias, ao clima, nem à economia, que distinguem esta pequena ilha do ‘Grande Continente’. Falo dos sorrisos, da leveza e da qualidade de vida! Saindo do aeroporto santomense, observa-se pouco mais de trinta carros, contrastando com os aeroportos europeus, em que há grandes companhias de transportes públicos apinhados de pessoas. Depois, em São Tomé, a família vai buscar o viajante com sorrisos e festas, quando na Europa este recebe as coordenadas para onde se dirigir, e que “se amanhe”. A cidade. As cidades europeias são organizadas, silenciosas, altíssimas, de construções magníficas e tristes. A cidade de São Tomé não é muito diferente. Uma confusão desnorteada, um barulho infernal, edifí-
cios de madeira com pouco mais de um andar, uma alegria contagiante. Sem automóveis, com bicicletas; sem jardins, com imaculados matos; sem tecnologias, com afetos; sem afastamentos, com contactos físicos. Assim crescem os jovens santomenses. A alegria não chega pelas coisas materiais, mas pelas relações que até hoje se constroem de tradições, assim com um “bom dia”, um ”obrigado”, um “passe bem”. Olhos nos olhos. Um aspeto curioso é que ambas as populações se caracterizam pela maneira de vestir e pelo turismo. Todos nós, pelo turismo, conhecemos as praias, a serenidade, os frutos santomenses, como também os comerciantes, a cultura, os lugares recreativos europeus. Porém, em termos de vestuário, há muito que se lhe diga: na Europa, são as grandes marcas e celebridades que sublinham a diferença; em São Tomé, o mais importante é andar vestido. E se se tiver a sorte de receber uma peça de roupa ou um par de sapatos de uma grande etiqueta, mesmo que usados, isso é motivo de festa para qualquer um. Diria, por fim, que a população europeia é desenvolvida, mas cada vez mais distante da felicidade, dado que se afasta cada vez mais da vida rural e induz todos os outros a uma inconsolável tristeza. Luís M. Silva, 12º H
SCRIPTOMANIAS
Imagem colhida na net e adaptada
Amizade
A Amizade pode ser tão complexa tão complexa como uma casa Uma casa onde as paredes mestras são os amigos mais chegados e tal como alguém com uma amizade estável as paredes estáveis fazem uma amizade firme, forte e duradoura
Uma casa onde as portas são amigos extrovertidos e tal como abrirmos uma porta que nos leva a outra divisão estes amigos constroem divisões novas lembrando frescas amizades Uma casa onde o teto é a família e tal como o teto que nos protege do frio, da chuva e do sol abrasador a família protege-nos nos momentos mais difíceis Por fim, as janelas lembram aqueles amigos que tal como estas permitem ver mais além para além da realidade e do horizonte Uma casa é, portanto como a amizade quanto mais fortes forem a arquitetura e a construção dessa casa mais forte será a nossa amizade e mais feliz será a nossa vida. Guilherme Reis, 12º C
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Confluências SCRIPTOMANIAS Um texto que procura Sentido Para este trabalho foi-nos pedido que escrevêssemos um texto livre, o que nos dá mais de mil opções para narrar, contar, descrever, e maravilhar qualquer um… A questão pertinente e que se coloca é: perante uma panóplia de temas, sobre o que é que vou escrever? Foram vários os assuntos em que pensei… Pensei em escrever sobre as duas famílias; sobre uma das minhas paixões mais antigas; sobre a paixão mais secreta; sobre aquele sentimento quase impossível de expressar; sobre o desporto da minha vida; sobre os lugares que conheci; sobre os momentos de longa duração que mais pareceram poucos milésimos de segundo; sobre uma das mais intensas e inesquecíveis experiências; sobre aquela fase estranha e complicada; sobre o aborto e a eutanásia; sobre esta prisão que nasceu comigo; até sobre o inferno em que vivemos e as soluções para o tornarmos mais verde… No geral, todas estas ideias são pequenos pensamentos que guardo dentro da minha cabeça, que raramente saem de lá, mas que continuam a sonhar com o dia em que os conseguirei expressar. Sempre tive uma imaginação muito fértil e complexa (já dizia o meu pai) mas desde cedo percebi que esta podia ser talvez a minha maior virtude e também a minha maior inimiga; porque passo muito tempo perdida com ela, horas e horas que passo a tentar perceber, refletir e aprender coisas novas, coisas estas, muitas delas, presentes neste texto: as “duas famílias”, constituídas pelos amigos e a família de sangue, são tudo para mim e a minha maior inspiração; o “sentimento” que tem nome saudade é o mais complicado, e também o mais antigo; o desporto que me faz sorrir, o volleyball; as viagens que fiz com aqueles que amo; os longos pequenos momentos representam os concertos, musicais e teatros que fiz e a que assisti; o intemporal e inesquecível Conservatório Nacional; a “fase estranha e complicada”, também conhecida por adolescência; o aborto e a eutanásia: escolhas e decisões; sobre o que é ser mulher e a prisão que isso significou/significa; e, por último, (mas nada mesmo) menos importante, o Aquecimento Global e o Desenvolvimento Sustentável. Tudo isto são pequenas partes de mim e dos meus valores e opiniões, talvez muito confusos e barulhentos aos olhos e ouvidos de alguns. Carolina Baptista, 10º H
Uma carta, talvez. Os dedos das minhas mãos não chegam para contar o número de vezes que já tentei escrever este texto. E não estou de todo a tentar desculpar a minha preguiça. A minha escrita anda, de facto, enferrujada, e há certas emoções que são difíceis de pôr por escrito, talvez por serem tão grandiosas que não é possível imaginá-las reduzidas à tinta da caneta. Posso ‘copiar’ Fernando Pessoa e mentir sobre os meus sentimentos enquanto escrevo. Perdoa-me. Mentir, não, fingir. No entanto, não devemos aproveitar a capacidade de comunicação que nos foi dada os nossos próprios sentimentos e contar as nossas próprias histórias? Penso que devemos. Ai!... é tanto o sentimento que eu tenho. E lá está, cada sentimento vem acompanhado por uma história. Podia escrever um poema sobre cada uma delas. Começaria por narrar o pouco que já vivi e acabaria a rimar o teu nome com saudade. Bem, não pretendo que este texto se torne muito pessoal. Eu sei, eu sei. Devemos contar os nossos sentimentos e expressar as nossas histórias, ou algo parecido. Talvez noutro dia?! Tenho muitas histórias para te contar, mas lembro-me de me dizeres que tenho de ir criar muitas mais. E hei de te contar essas também. Noutro dia. Se vou ser sincera, sem mentiras nem fingimentos? É verdade que possuo uma grande vontade de te contar estas histórias, pois desejo assim poder revivê-las. Tenho saudades, sobretudo das que tu já conheces de trás para a frente por as teres vivido comigo. Mas não as posso reviver agora, lamento! O gato está a destruir a árvore de Natal. Tenho de ir. A seguir vou deitar fora esta folha, comer qualquer coisa e criar novas histórias que nunca te irei contar. Beatriz Nunes, 12º C
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Confluências SOCIOLOGIA EM AÇÃO A INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS No dia 27 de novembro de 2019, os alunos de Sociologia, no âmbito das atividades desta disciplina, participaram num Workshop sobre métodos e técnicas de investigação em ciências sociais no ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa). A iniciativa teve como objetivo refletir com os alunos sobre a linguagem própria das ciências sociais, trabalhar sobre etapas do procedimento científico e fomentar a reflexão científica sobre sobre a realidade social. Os alunos distribuíram-se em seis grupos, sendo dado a cada um deles: um tema, a questão de investigação e os objetivos da investigação, bem como a indicação da técnica de investigação para recolha dos dados e tratamento da informação. Cada grupo trabalhou uma técnica adequada ao objeto de estudo: entrevista, inquérito por questionário, base de dados, observação participante e fontes históricas. Um Grupo trabalhou o conceito de investigação etnográfica (observação participante). Depois dos dados recolhidos e tratados, redigiu uma comunicação para apresentação dos resultados da investigação que realizou a todos os alunos participantes, em auditório. A Etnografia é uma metodologia das ciências sociais, principalmente da disciplina de Antropologia, em que o principal foco é o estudo da cultura e o comportamento de determinados grupos sociais. Com efeito, o grupo de “alunos-investigadores” que trabalhou esta metodologia observou e recolheu informação sobre os comportamentos dos estudantes em dois bares do ISCTE. O segundo Grupo trabalhou a construção de uma entrevista de investigação. O terceiro Grupo criou uma pequena base de dados, a partir das repostas dos alunos participantes online a um questionário sobre as suas atividades escolares. A quarta técnica abordada prendeu-se com a utilização de um Sistema de Informação Geográfica, de modo a que fosse possível aos estudiosos tirar conclusões a nível planetário. Por último, grupos de alunos debruçaram-se sobre a quinta possibilidade, a análise de fontes históricas de registos prisionais da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado) no inicio da guerra civil espanhola, que se prendia com a tese de doutoramento do orientador da atividade, Fábio Faria. Sobre esta última técnica, que foi a trabalhada com o meu grupo, ao longo da manhã, passo a descrevê-la com mais pormenor. Foi-nos possível olhar e analisar, tanto do ponto de vista da sua situação pessoal como prisional, os indivíduos detidos pela PVDE na fronteira de Portugal com Espanha. Após a análise, concluímos que a maior parte deles, do ponto de vista biográfico, não detinha quase instrução, à exceção de três: uma mulher professora, um homem proprietário de uma indústria e um outro mecânico. Na sua maioria eram solteiros, e as idades situavam-se entre os 17 e os 30 anos. Observando os dados prisionais, verificámos que a quase totalidade foi presa nos primeiros meses da Guerra Civil Espanhola (19361939). Presos acusados de serem comunistas, tendo todos sido expulsos de território nacional. Em suma, a manhã passada no ISCTE-IUL trouxe-nos a possibilidade de acrescentarmos conhecimento vasto sobre a investigação em ciências sociais que nos poderá vir a ser útil futuramente, enquanto estudantes e profissionais. P.S.: Um obrigado muito especial à professora de sociologia, Fernanda Henriques, por nos ter possibilitado esta visita. Filipa Coelho, 12º I
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Confluências CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO Armadilha para a captura mitida no Rio Minho. No entanto, a captura ilegal ilegal de meixão encontra- ocorre por todo o país. “A quantidade e o nível de infrações cometidas na da numa saída de campo pesca ilegal do meixão para venda no mercado negro, Coastwatch duplicou para cerca de 60 toneladas, em 2018, ao nível A Enguia-europeia Anguilla anguilla, conhecida da Europa” (ibidem). como meixão (enguia na fase larvar), é uma espécie O meixão é uma iguaria cara - 219 gramas (cerca de 650 espécimes) têm um valor estimado de 1 640 euros marinha que corre o risco de extinção. Segundo o Plano de Gestão da Enguia 2009 – 2012, no mercado final (países europeus e asiáticos). “o recrutamento da população de Enguia-europeia Na saída de campo Coastwatch, no dia 28 de janeiro, sofreu, durante as décadas de 1980 e 1990, um decrés- à Baia de São Martinho do Porto, durante a observacimo de 90% em toda a sua área de distribui- ção e registo de dados ambientais, descobrimos uma ção.” ( http://agriculturaemar.com/quercus-pesca-ilegal armadilha de pesca ilegal escondida entre a vegetação ribeirinha na foz do Rio Tornada. -meixao-aumenta-ano-para-ano-portugal-europa/ ) O meixão nasce no Mar dos Sargaços (uma região Após esta descoberta a GNR foi contactada para vir alongada no meio do Atlântico Norte) e espalha-se recolher a armadilha. A armadilha é composta de rede, pelos rios e lagos europeus, onde permanece durante plástico e ferro e de formato piramidal, como se ilustra anos, para depois voltar ao seu local de nascimento na imagem da foto. para se reproduzir e morrer. Gabriel Corrêa e Ricardo Moreira, 1º N Em Portugal, a captura de forma controlada só é per-
… E OUTROS ASSUNTOS A Onda da Nazaré Numa visita à Praia do Norte, a 28 de janeiro de 2010, não foi preciso passar muito tempo na mesma para, desde logo, ter ficado fascinado com as ondas gigantes avistadas da açoteia do Forte de São Miguel Arcanjo. O Forte da Nazaré, também assim designado, ergue-se em posição dominante num promontório que separa a praia da Nazaré e da, agora conhecida, praia do Norte. Este exemplar da arquitetura defensiva (estilo maneirista) foi construído em 1577, debruçando-se sobre o mar agitado, e visou a defesa da enseada dos ataques dos piratas argelinos, marroquinos, holandeses e normandos – que naquele tempo investiam sobre o litoral atlântico. A sua história foi-se construindo associada a episódios das invasões francesas (1811, ano da
expulsão dos invasores do nosso país) e, anos mais tarde, foi palco das lutas liberais (1828-1834). No início do século XX, depois de anos deixado ao abandono, terminada que estava a sua função militar, os pescadores manifestaram a intenção ao governo de ali se instalar um farolim e uma casa para o faroleiro, para apoio da atividade piscatória. O farol, hoje, sem a necessidade da permanência diária do faroleiro no Forte, ainda cumpre a sua função de guia dos pescadores. Recentemente, acolhe, também, o Centro de Interpretação do Canhão da Nazaré, desde que foi aberto ao público no verão de 2014. A função turística é hoje a vocação do Forte de São Miguel Arcanjo, ganhando uma dimensão Global com a descoberta das ondas gigantes do canhão da nazaré, que se tornaram famosas para a prática do surf. Acorrem à praia do Norte surfis-
tas de todo o mundo que a procuram as suas grandes ondas (30 metros a maior altura registada), com o objetivo de superarem os seus recordes pessoais ou metas atléticas – por exemplo, o atleta de alta competição Garrett McNamara. O Centro de Interpretação do Canhão da Nazaré permite compreender a geomorfologia da região e a sua relação com a formação das ondas, bem como a biografia dos surfistas mais conhecidos que por ali passaram e as pranchas que usaram para surfar as ondas. [Fontes diversas]
Nuno Cunha, 2º N
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Confluências CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO e Histórico ligado ao Mar de Cascais. Entrevista à Gestora do CIAPS e da Área ● Quais são os limites geográficos da zona das Marinha Protegida das Avencas Avencas? Ana Margarida Ferreira [foto ao – A Área Marinha Protegida das Avencas é definida lado] (Phd em Sistemas Costeiros) pela frente marítima do concelho de Cascais entre as praias de São Pedro do Estoril e da Parede, delimitada No âmbito do Projeto de Cidadania e pela Estrada Marginal e pela distância à costa de um Desenvolvimento Jovens Repórteres para o quarto de milha, conforme representação constante da Ambiente (Associação Bandeira Azul da Europa), a nossa Turma (2º M) tem vindo a realizar algumas planta de síntese, nos termos estabelecidos no artigo atividades nas disciplinas de Área de integração, Português, 83.º, na redação dada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 64/2016. Fotografia e Projeto e Produção de Fotografia. Na aula de Português, depois de uma pesquisa relativa à ● Quais foram os motivos da atribuição da clasÁrea Marinha Protegida das Avencas, construímos um guião sificação de AMP (Área Marinha Protegida) à de entrevista e entrevistámos, na forma escrita, a Gestora zona das Avencas? desta Área e do CIAPS (isto é, o Centro de Interpretação – As alterações definidas na Resolução do Conselho Ambiental da Pedra do Sal), Ana Margarida Ferreira. de Ministros n.º 64/2016, que reclassificou a AMP das ● Ana Margarida, quando e como é que foi criado Avencas, tiveram por finalidade a conservação e a o CIAPS? valorização do património natural e da biodiversidade – O Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do da AMP das Avencas, pressuposto de um desenvolviSal foi inaugurado em 2005 com o objetivo de divulgar mento sustentável, designadamente, a conservação e a a diversidade biofísica e riqueza cénica do litoral junto valorização do habitat rochoso entre marés e a promoà Zona de Interesse Biofísico das Avencas (ZIBA). ção de atividades de educação e sensibilização ambien● Quais são os objetivos do CIAPS? tal que visam o desenvolvimento de uma relação mais – Promover e divulgar o Litoral de Cascais e a Área estreita, consciente e harmoniosa entre o cidadão e o Marinha Protegida das Avencas e aumentar as boas ambiente práticas ambientais, bem como a redução de danos ● Quais são as atividades que são permitidas e as através da Educação e Sensibilização Ambiental que são proibidas na AMP? ● Como é que o CIAPS concretiza esses objeti- – Dentro dos limites da AMP das Avencas são intervos? ditos os seguintes atos e atividades: – O CIAPS possui um plano de atividades repleto de a) A introdução de espécies não indígenas, da flora ou ações de Educação Ambiental dirigidas às escolas e ao da fauna, de acordo com a legislação em vigor; público em geral. Igualmente conta com várias exposi- b) Recolha de amostras biológicas e geológicas ou ções temporárias angariadas através de uma vasta quaisquer atos que contribuam para a degradação ou rede de parceiros. Em 2020 será igualmente inaugura- destruição do património natural, com exceção das reada uma exposição permanente dedicada a divulgar o lizadas para fins exclusivamente científicos e devidalitoral de Cascais. mente autorizadas pela Agência Portuguesa do ● Que tipo de atividades, destinadas ao público Ambiente, I. P.; em geral e às escolas, são promovidas pelo c) Alterações à morfologia do solo e modificação do coberto vegetal, com exceção das intervenções de recuCIAPS? – Para o público em geral existem várias atividades peração ambiental autorizadas pela Agência Portugueda natureza que são modificadas trimestralmente con- sa do Ambiente, I. P.; soante a temática, existem igualmente palestras em d) Ações que possam vir a introduzir alterações na dias emblemáticos e algumas atividades para os mais dinâmica costeira e na modificação da costa, à exceção novos ao fim de semana. Mais informações poderão ser da manutenção de estruturas de defesa costeira exisconsultadas através do site www.cascaisambiente.pt. tentes; Em relação ao público escolar, a oferta educativa do e) A realização de operações de alimentação artificial centro passa por temáticas ligadas ao mar e à geologia das praias dentro dos limites da AMP das Avencas; uma vez que existem outros centros de interpretação f) A ancoragem de qualquer tipo de embarcação, com no concelho de Cascais que abordam as várias temáti- exceção dos casos de embarcações inseridas em projecas ambientais. tos de investigação científica ou de conservação da ● Do seu ponto de vista, o que se estaria a per- natureza, nas condições previstas nas respetivas licender se o CIAPS não existisse? ças ou autorizações; – Se o CIAPS não existisse estar-se-ia a perder um g) A instalação de unidades de aquacultura; importante ponto de divulgação do património Natural (Cont.)
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Confluências CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO (Cont.) h) A prática de desportos náuticos motorizados; i) A realização de competições de pesca desportiva; j) A apanha, lúdica ou profissional, de quaisquer exemplares da fauna e da flora locais; k) A pesca com quaisquer artes de arrasto, incluindo a ganchorra; l) A utilização de redes de emalhar. Dentro dos limites da AMP das Avencas podem ser realizadas várias atividades desde que devidamente autorizadas pela Capitania de Cascais: a) A realização de trabalhos de investigação/ monitorização; b) A realização de atividades de turismo de natureza; c) As ações de educação e sensibilização ambiental. d) Pesca lúdica à cana e caça submarina (sujeitas a condicionantes especificas do AMP das Avencas) ● Quais são as espécies de animais e o tipo de flora existentes na AMP? – Observaram-se 50 espécies de organismos sésseis e macroalgas. As algas foram o grupo com maior número de espécies registadas (32 espécies), sendo as mais abundantes a alga coral (Ellisolandia elongata) e a alga vermelha tufosa (Caulacanthus sp.). Entre os restantes organismos sésseis foram contabilizadas 18 espécies. De uma forma geral, os organismos mais abundantes foram cracas (Chthamalus sp.) e lapas (Patella sp.). Foram contabilizados 482 organismos móveis de 30 espécies diferentes. ● Como descreveria a AMP? – Especificamente entre a Praia da Parede e a Praia de São Pedro do Estoril foi definida a Área Marinha protegida das Avencas (ZIBA), dadas as especificidades e interesse geobiológico do local, sendo reconhecido o seu valor a nível de património natural. Devido às características geofísicas das extensas plataformas calcárias da zona intertidal referida e à sua complexidade de substrato é possível encontrar uma elevada biodiversidade quer a nível de fauna quer a nível de flora marinha. Além das espécies tipicamente do intertidal rochoso é ainda possível referenciar a existência de espécies que ainda não foram registadas noutros pontos do litoral do concelho de Cascais devido às elevadas exigências de habitat das mesmas, sendo de extrema importância a preservação desta área para a sua perduração. Estas características fazem da AMP das Avencas um
lugar único na Área Metropolitana de Lisboa onde é possível usufruir da Natureza de uma forma sustentável. ● O que tem a dizer sobre o ambiente geológico da AMP? – Penso que na descrição anterior está bastante evidente o valor do património geofísico da área. ● Apesar de ser uma área protegida, existem fontes poluidoras? – Sim, infelizmente apesar de ser uma área protegida ainda existem algumas fontes poluidoras como algumas águas pluviais que chegam à costa com contaminantes de resíduos domésticos. No entanto, a maior fonte poluidora é mesmo o Mar, pois a quantidade de resíduos que se encontram armazenados nos fundos marinhos e são arrastados até à praia principalmente no Inverno é alarmante. Muitos destes resíduos têm origem na outra ponta do mundo e viajam até às nossas costas através das correntes. ● Quais são as ameaças à biodiversidade? – A principal ameaça à biodiversidade da AMP das Avencas foi identificada como sendo a pressão humana causada pelo veraneio, uma vez que a capacidade de carga da praia é excedida diariamente durante a época balnear. O pisoteio, os resíduos deixados pelos veraneantes e os próprios protetores solares, provocam impactos num sistema que, apesar de ser muito resiliente, não suporta este tipo de carga diária. Concluída esta entrevista, resta-nos agradecer à Doutora Ana Margarida Ferreira a generosidade e a amabilidade com que cedeu o seu tempo aos alunos do Curso Profissional Técnico de Fotografia (2º M), esclarecendo prontamente as suas dúvidas, satisfazendo a sua curiosidade a respeito do Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal e da Área Protegida Marinha das Avencas que gere, e contribuindo inegavelmente para melhorar os seus conhecimentos sobre o papel do CIAPS na investigação dos sistema costeiros do litoral de cascais e na educação ambiental da população escolar e visitantes daa Avencas. Curso Técnico de Fotografia, 2º M
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Confluências DIVULGAÇÃO DE PROJETO “Agricultura sustentável: um novo conceito de hortas urbanas” “Para melhorar o bem-estar das pessoas e garantir que as gerações futuras vivam num planeta saudável, propomos uma transição ecológica e inclusiva.” Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia
No dia 20 de fevereiro decorreu, na Biblioteca, a apresentação do projeto “Agricultura sustentável: um novo conceito de hortas urbanas”, proposto por alunos do 12º B. O projeto visa a criação de uma horta hidropónica, com o objetivo de contribuir para uma maior consciência cívica e ambiental da comunidade, articulando várias áreas da Ciência e aberto a todos. Para viabilizar o projeto, a escola apresentou candidatura ao concurso “Fazer Acontecer”, da Câmara Municipal de Lisboa, que foi aceite, garantindo assim o orçamento necessário. Sendo um projeto que pretende envolver a comunidade escolar, foram estabelecidas parcerias com a Associação de Pais e Encarregados de Educação e com a Associação de Estudantes. Ficou também acordada a colaboração de Professores de várias disciplinas e Auxiliares da Ação Educativa. A hidroponia é uma técnica de cultivo em solução nutritiva aquosa, ecologicamente mais correta do que o cultivo em solo, por minimizar o desperdício de água, de nutrientes ou a proliferação de pragas, possibilitando o controlo dos fatores que interferem no cultivo e obtendo-se alimentos mais frescos e de maior qualidade. Além disso, as hortas verticais permitem produzir colheitas em áreas reduzidas, constituindo uma boa opção de agricultura urbana. A turma optou por uma construção vertical, composta por quatro níveis de tubos, através dos quais circulam as soluções nutritivas. As plantas são dispostas em pequenos orifícios ao longo da estrutura, as raízes ficam suspensas e fazem trocas diretas com a água. O projeto prevê ainda a construção de modelos acessíveis e inclusivos, mais baratos e resilientes, adaptáveis a condições variadas de espaço e luz. A nossa proposta de horta hidropónica, embora modesta, é um dispositivo concreto, certamente, com peças e ligações, mas é, acima de tudo, uma estrutura viva, de aprendizagem, construção, manutenção e, desejavelmente, reprodução. Por isso, esperamos a participação ativa de alunos de várias turmas, com diferentes valências e interesses… oriundos de diferentes culturas que se envolvam e deem continuidade a este projeto. Qualquer pessoa pode entrar em contacto com a turma através do e-mail [ 10bescamoesct@gmail.com ] Beatriz Barroca, 12º B
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Confluências A MULHER EM DESTAQUE... Dia 13 de fevereiro, recebemos as autoras do livro As primeiras mulheres pioneiras portuguesas num mundo de homens: Luísa Paiva Boléo e Margarida PereiraMüller. No âmbito do tema das mulheres, vieram apresentar-nos algumas das 59 mulheres destacadas neste livro. Por exemplo, Brites de Albuquerque que foi a primeira "capitoa" no Brasil. Por circunstâncias da vida, morre o marido e tem os filhos em Portugal a estudar. Por este motivo é obrigada a transformar-se na governadora da capitania de Pernambuco (onde hoje é conhecida) e apelidaram-na de capitoa. Mesmo após o regresso dos filhos o seu trabalho continuou e podemos afirmar que foi a primeira mulher em todo o continente americano a tomar as rédeas da governação. Já neste século, Noémie Freire destaca-se como a primeira submarinista portuguesa. De facto há muito tempo que a Marinha vinha a pensar em colocar mulheres nos submarinos mas havia vários constrangimentos de logística da vida dentro de um submarino. Estas e outras histórias prenderam a atenção de todos os presentes. Profª. Teresa Saborida (Bibliotecária)
… E OUTROS ASSUNTOS Uma palestra pelo Professor Doutor Fernando Uma palestra pelo Professor Doutor Henrique Leitão (Faculdade de Ciências da Univ. de LisCabral Martins (Fac. de Ciências Sociais e boa). Humanas da Univ. Nova de Lisboa), no âmbito da Semana da Leitura [09 a 13 de Março de 2020].
Sobre Sophia e Pessoa
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Confluências UM (RE)ENCONTRO DESEJADO Arlindo Manuel Caldeira é licenciado em História e investigador do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa Ex-Professor do ‘Liceu Camões’, Arlindo Caldeira veio de novo à ‘casa’ que foi sua, agora na qualidade de Autor, para um Encontro com os alunos no âmbito da disciplina de História. Autor já de um anterior livro sobre o tráfico, o investigador do Centro de História de Além-Mar da UNL mostra-nos a forma como as classes servis se foram inserindo na sociedade “metropolitana”. (…) Este livro fascinante é também a história de Lourenço, João, Florinda e Grácia, casos avulsos de uma tragédia sem fim que, infelizmente, em anos mais recentes tem voltado às páginas da imprensa pelos piores motivos, com alguns processos judiciais em torno de casos de escravatura. Luís Almeida Martins In [ https://visao.sapo.pt/visaose7e/livros-e-discos/2017-04-10 ]
RAFAEL BORDALO PINHEIRO A apresentação do livro Rafael Bordalo Pinheiro, uma vida em desenhos decorreu ontem [21 de janeiro] numa biblioteca cheia de alunos e professores para ouvir e ver desenhar os ilustradores. Estiveram presentes 3 dos 8 autores do livro: Bruno Pinto, argumentista, Filipe Gonçalves e Filipe Lopes, ilustradores. De facto, como foi explicado, este livro surge de um desafio lançado pelo nosso colega Filipe Gonçalves, ilustrador, aos seus amigos - e porque não fazer um livro sobre Rafael Bordalo Pinheiro? Com o acordo do Museu Bordalo Pinheiro e da EGEAC, lançaram mãos à obra. Convidaram mais um argumentista e cada um escreveu para 3 ilustradores desenharem. O livro é composto por 6 capítulos que contam a vida curiosa e prolífera deste homem que foi um criativo e nos deixou um legado precioso a nível da caricatura e da faiança que ainda hoje tem um papel importante na arte ceramista portuguesa. Ficam algumas fotos da sessão que terminou com o desafio aos ilustradores de desenharem o pintor Rafael Bordalo Pinheiro. Profª Teresa Saborida (Bibliotecária)
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Confluências EDUCAÇÃO: A CATIVA QUE ME TEM CATIVO In Observador, 16 jan. 2020 Há anos, António Guterres utilizou o slogan ‘Paixão pela Educação’ e, como humanista convicto, acreditou que um país mais formado seria um país melhor. Precisamos voltar a acreditar nesta paixão.
Nos últimos tempos, tem sido com profunda inquietação que me interrogo sobre qual foi o momento temporal em que a educação deixou de se tornar uma prioridade, uma paixão que prometia florescer, para deixar de ser tema. Proponho apenas três apontamentos sobre o que penso ser, atualmente, o estado da educação – o vale dos silêncios, os desaparecidos em combate mas, tal como Sísifo, continuamos convictamente a carregar a pedra, acreditando que algum dia chegaremos ao topo da montanha. E se por absurdo voltássemos a tentar? 1 O Vale dos silêncios. E sem se dar por nada, paulatinamente, ela aí está! A descentralização. Tal como afirma Susana Amador, Secretária de Estado da Educação, 2020 será marcado como mais uma mudança de paradigma na Educação, com o centralismo a diminuir significativamente e o avanço calado da descentralização a dar cumprimento a objetivos de maior eficácia, eficiência e proximidade das políticas públicas. A promessa é a de um olhar atento das autarquias no que à educação diz respeito – alimentação, transporte, sucesso, solidariedade, planeamento, recursos, correção de desigualdades e assimetrias, lógica de proximidade, investimento, equipamento e manutenção de edifícios escolares, mediante a prática já acumulada. É, talvez esta, a linguagem do silêncio – dar garantia de sucesso conseguido em todo o processo. Mas será que todas as autarquias dispõem das mesmas condições humanas, físicas e económicas para dar resposta a todos os objetivos de uma forma igualitária para todos os cidadãos? Será possível assegurar uma decisão administrativa que não tenha uma componente pedagógica? Faz sentido que coexistam no mesmo espaço escolar funcionários do município (assistentes técnicos e operacionais) e outros do Ministério de Educação (professores)? Ou não pertencemos todos ao mesmo projeto educativo de escola? Ou as escolas deixarão de ter uma identidade dentro da sua localidade? DGAE, DGEsTE, IGEC, IGeFE, CAP, diretores de escola e/ou agrupamentos, conselhos gerais, vão continuar a existir? Com que competências? Tantas questões se levantam e tanto o silêncio! 2 Desaparecidos em combate. No meio de um aparente e confortável oásis administrativo e financeiro, continua a verificar-se a ausência de políticas educativas consistentes. Na lógica aditiva de programas, metas, aprendizagens (fundamentais, mínimas, essenciais), competências do séc. XXI, referenciais, perfis, quais os documentos curriculares que prevalecem e que constituem o verdadeiro currículo? Na gula documental em que escolas e professores se afogam a comparar, selecionar, refletir, articular, fundamentar, incluir, excluir, opções que deviam ser simples, mas que não são, o que prevalece? Onde fica a reflexão, o debate, as opções, as decisões sobre o acesso ao ensino superior, a avaliação do desempenho docente, o estatuto do aluno e da ética escolar, o modelo de gestão e administração das escolas? Tudo está bem nesta quietude de benfeitorias em que, transferindo para as autarquias problemas crónicos (como o amianto, por exemplo), o Ministério da Educação se livra de contestações já ignoradas por todos. Continua a ser manifestamente evidente que é expetativa do Governo que muitos programas, planos, projetos
e decretos sejam implementados à conta da boa vontade de funcionários, professores e direções das escolas, caso contrário, as opções ficarão uma vez mais no papel, transformando-se em outros domínios de autonomia fracassados. Gastaram-se. Foram problemas que deixaram de servir. Verdadeiramente não se resolveram – gastaram-se. O que foi feito dos grandes temas, desaparecidos em combate, que continuam a dar corpo aos silêncios e aos desalentos? O que pensa o Ministro da Educação? E os partidos com assento na Assembleia da República? 3 E se por absurdo voltássemos a tentar? Dentro de quatro anos muitos professores vão sair do sistema, aqueles que poderiam assegurar a passagem do testemunho. De repente, passamos do excesso à carência. Como vai ser pensada a formação de professores para fazer face às necessidades? Quais são as propostas para a renovação da classe docente? Quem quer ser professor? Segundo o relatório do Conselho Nacional de Educação de 2019, só 0,02% dos docentes estão no topo da carreira com média de 61,4 anos de idade e 39 anos de tempo de serviço, e muitos dos mais jovens, estão ainda impossibilitados de fazer planos a médio ou a longo prazos, vivendo o dia-a-dia no fio da navalha, sem qualquer estabilidade. Apesar da escolaridade ser o indicador com maior impacto no crescimento económico, entre 2009 e 2018, os cursos da área de “Educação” foram os que registaram maior quebra de inscritos no 1º ano, pela primeira vez. Os professores encontram-se sem uma carreira valorizada e sem dignificação da classe, pelo que poucos jovens olham para a profissão como uma carreira de futuro promissor. Mas, tal como no mito de Sísifo, apesar do mundo ser um lugar estranho e desumano, é nele que grande parte da nossa vida é construída, com a esperança do amanhã. Há alguns anos, António Guterres utilizou o slogan ‘Paixão pela Educação’ e, como humanista convicto, acreditou que um país mais formado seria um país melhor. Precisamos voltar a acreditar nesta paixão. É que, apesar de tudo, as escolas continuam a estar dotadas de profissionais a quem os pais confiam “a guarda” dos seus filhos, em muitos casos mais de sete horas por dia; são eles que, em primeira mão, com o olhar cuidadoso e atento detetam problemas, dificuldades e os comunicam à família, no zelo do bem-estar e da saúde dos jovens, e são eles, que, apesar de todas as adversidades, continuam a levar a bom porto a sua missão – o desenvolvimento de competências a vários níveis (académicas, pessoais, sociais, profissionais), numa relação privilegiada com seres humanos em desenvolvimento. As escolas continuam a estar dotadas de pessoas que, no seu quotidiano, independentemente das condições adversas, demonstram a mesma motivação, a mesma vontade, o mesmo empenho e o mesmo espírito de missão para que todos os alunos tenham sucesso. Em maio de 2018, Guterres voltou a afirmar que a Educação deve ser a paixão de todos os governos, considerando-a a base para o desenvolvimento e a paz, pelo que, neste “momento absurdo” em que todos se calam, acredito que algum destes dias, um Ministério cheio de invisibilidades nos surpreenda com o debate, a reflexão, as propostas, as ideias, os compromissos de uma paixão renovada. A não ser assim, resta-nos voltar ao tempo em que ‘De todos os sonhos do homem, a única coisa que não falhou foi o sonho. E é por isso que ele continua’.
João Jaime Pires Diretor da Escola Secundária de Camões
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Confluências O.D.S. Rodrigo, Inês e Margarida Dias [12º F, oficina de multimédia b]
Um modo artístico de ‘interpretar’ os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável!
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Confluências ERA UMA VEZ… EM MAFRA De volta ao estudo da narrativa Memorial do Convento (J. Saramago), nada melhor do que admirar ao vivo a grandeza da Obra! Foi o que fizeram quase todos os alunos do 12º ano, em dias diferentes, mas com o mesmo sol (quase) primaveril!
Um dia memorável No dia 19 de fevereiro fomos nós visitar O Convento de Mafra e a rotina quebrar. Andámos de um lado para o outro, Passámos a manhã a aprender. Descobrimos que para a Rainha o Rei ver Meia maratona tinha ele que fazer.
Ao almoço comemos uma fatia do bolo Que a professora fez. Estava de comer e chorar por mais E o Gouveia até comeu três! Mas o bolo não foi da visita o final. Houve mais fotos e conversas E uma caminhada até ao autocarro, Que trouxe a Lisboa, a nossa capital... Guilherme Amaro, 12º C
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Confluências CAMUSICANDO(S)
Fotos de Ana Raquel Baptista, 12ºI
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Confluências NO NATAL PASSADO, SEM DISTANCIAMENTO
Fotos de Artur L. Antunes
ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES http://www.escamoes.pt BE/CRE
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Confluências
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http://esccamoes.blogspot.com/
“O Liceu Camões, em Lisboa, foi transformado em hospital para acolher os doentes com a "gripe espanhola", em 1918, interrompendo assim um ano letivo que, mal começou, registou baixas de alunos e professores atingidos pela pandemia.”
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Coisas da História
Manuel Cabeleira Gomes Prof. de Português Cessou as suas funções a 31 de março de 2020.
Felicidades! Página institucional da Escola Secundária de Camões https://liceucamoes.wixsite.com/camoes
A todos quantos colaboraram com a cedência de textos, fotos e cartazes para este Boletim, uma palavra de agradecimento.
Com o generoso apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal