BAHIA | 06
SAÚDE PÚBLICA
Por que pensar saúde pública para a população negra?
ENTREVISTA | 08 e 09
ANÁLISE
O cientista social Eduardo Mara reflete sobre o resultado das eleições presidenciais no Brasil
BA
Bahia
Salvador, novembro de 2018 ano 1 edição 04 distribuição gratuita
Novembro marca resistência negra O 20 de novembro, dia da Consciência Negra, marca a história das lutas populares pela libertação do povo negro
ARTIGO|10
CULTURA|11
VARIEDADES|13
ARTIGO
ANCESTRALIDADE
HORÓSCOPO
Reeleição de Rui Costa na contramão do cenário nacional
Capoeira se reinventa no tempo e ensina a arte da resistência ancestral
Confira as previsões para o mês de novembro
OPINIÃO | 2
Brasil de Fato BA
Salvador, novembro de 2018
EDITORIAL
“Sorrir enquanto luta é uma forma de confundir os inimigos”
RESISTÊNCIA. É com canto, dança, batuque e organização que o povo vem lutando e vai resistir nos próximos períodos
N
o último dia 28 de outubro o povo brasileiro foi às urnas fazer a escolha do próximo Presidente da República. A disputa eleitoral entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) foi marcada pela polarização de dois projetos para o país. De um lado, Haddad trouxe um plano de governo baseado nos direitos dos trabalhadores, garantia da educação e saúde públicas, fortalecimento das empresas estatais, combate às desigualdades sociais, de gênero e racial e geração de emprego. Do outro lado, Bolsonaro propunha o combate à corrupção e aumento da segurança pública, mas com ausência de iniciativas em todas as outras áreas fundamentais para a população. Infelizmente, o vencedor nas urnas foi o projeto de Jair. Durante o segundo tur-
no, assistimos a denúncia de agressões motivadas pelo discurso de ódio contra as pessoas que defendiam a candidatura de Haddad, mulheres, negros e LGBT. Em Salvador, na madrugada do dia oito de outubro, o Mestre de capoeira Moa do Katendê foi assassinado em um bar por um eleitor de Bolsonaro, após se posicionar em defesa de Fernando Haddad. O autor do crime desconhecia o legado cultural de Moa, o afoxé Badauê e a importância dele para a preservação da memória de resistência e luta dos negros. No mês da consciência negra, afirmar “Moa Vive!” é afirmar que esse povo está atento para resguardar sua memória. Esse povo que resiste desde que foi trazido escravizado de África nos navios negreiros, que foi explorado e açoitado por mais
É certo que esse povo vai quebrar as correntes do mal e construir a alvorada do dia em que não será necessário mais lutar, pois haverá um país justo de três séculos, mas que contribuiu muito na edificação da sociedade brasileira. Povo que resistiu a uma abolição feita apenas no papel, que teve de lidar com a criminalização da capoeira, dos batuques em locais públicos, e de exercer a religião; que resistiu a uma elite brasileira que sempre esteve no poder, submissa aos inte-
Expediente Brasil de Fato BA O jornal Brasil de Fato circula periodicamente com edições regionais na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mensalmente visibilizamos as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Conselho Editorial: Áttila Barbosa, Ivo Saraiva, Edmilson Barbosa, Gabriel Oliveira, Allan Lusttosa, José Carlos Zanetti, João Carlos Salles, Vitor Alcantara, Emiliano José, Luciene Fernandes, Elen Rebeca, Moisés Borges, Leomarcio Silva, Leila Santana, Sebastião Lopes, Beniezio Eduardo, Allan Yukio, Amanda Cunha, Lucivaldina Brito, Marival Guedes. Redação: Anaíra Lobo, Bruna Weyll, Bete Dantas, Carolina Guimarães, Cleidiane Barreto, Danilo Alves da Silva, Elias Santana Malê, Jamile Araújo, Jota Neto, Lorena Carneiro. Edição: Elen Carvalho (0005818/BA) | Revisão ortográfica: Júlia Garcia Diagramação: Diva Braga | Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br
resses internacionais e incapaz de ter um projeto de vida digna para os trabalhadores. A desigualdade social e racial, a precarização das condições de trabalho, as diferenças de remuneração com mesmo grau de escolaridade, o grande número de negros assassinados versus diminuição no caso de pessoas não negras, mostra que ainda há muito para ser feito, já que a primeira luta é para se manter vivo ao fim do dia. O povo negro nunca aceitou passivamente o açoite e as péssimas condições de vida. Fugiu das senzalas, criou quilombos e realizou revoltas. Tudo isso em defesa da liberdade e igualdade! Ao longo dos séculos, se organizou em terreiros, em grupos de capoeira, afoxés,
blocos afros, movimentos sociais do campo e da cidade. Manter seus costumes a partir da dança, dos tambores, das vestes, da culinária e do sorriso é uma forte característica. O poeta Sérgio Vaz diz que “sorrir enquanto luta é uma forma de confundir os inimigos”. E, sem dúvidas, será com dança, percussão, canto, amor, fé, resistência e luta que vamos enfrentar o próximo período, de um governo que já deu sinais de ser intolerante com a diversidade. Não se pode prever o futuro, mas é certo que esse povo vai quebrar as correntes do mal e construir a alvorada do dia em que não será necessário mais lutar, pois haverá um país justo, onde todos e todas serão iguais. CHARGE
GERAL l 3
Salvador, novembro de 2018
mandou
FRASE do mês
BEM
Divulgação
O únicos derrotados são os que baixam a cabeça e se resignam com a derrota Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, após resultados da eleição no Brasil.
Divulgação
Ricardo stuckert
Brasil de Fato BA
O que você espera do próximo governo federal que tomará posse em 2019?
E
spero a participação popular constante e inteligente. Que a resistência cresça e se fortaleça, costurada dia-a-dia através do exame coerente e do pensamento crítico. Que sejamos os donos do nosso próprio país e lutemos unidos sem perder a delicadeza jamais. Dos governos não espero nada apesar de muito temer.
Geisa Souza - Auxiliar Adiministrativa
Mirella Magaldi, Médica.
Legado do Mestre Moa é retratado em documentário
D
C
antor de Rap Emicida, que declarou apoio ao candidato Fernando Haddad (PT), fazendo campanha relevante através das redes sociais, postou em seu twitter, pós processo eleitoral, que continuará respeitando quem pensa diferente dele e aprecia quem se propôs a dialogar na rede social. Ele ainda afirmou que lutou e continuará lutando por outras idéias, mais humanas.
mandou
MAL
E
spero que seja menos caótico do que acreditamos que será. Que os ministérios não se extingam e que os impostos sobre os pobres não vão para as galáxias. Espero realmente ser surpreendida, de uma forma positiva, pois no momento tenho muitas dúvidas e medo da forma que o governo agirá.
Leo Ornelas
Emicida se posiciona pós eleições
ocumentário “Mestre Moa do Katendê: a primeira vítima”, dirigido por Carlos Pronzato e produzido por Paulo Magalhães, foi lançado no dia 23 de outubro em Salvador. O filme de 46 minutos traz depoimentos de mais de mais de 30 pessoas, entre familiares, membros do movimento negro e do cenário cultural afro-baiano, além de imagens de atos e cenas de arquivo de Romualdo Rosário da Costa, o Mestre Moa, capoeirista, compositor, educador e ativista cultural negro. O objetivo é celebrar sua memória, seu legado e realizações, bem como denunciar seu assassinato estimulado pelo discurso de ódio e intolerância no contexto político brasileiro.
Divulgação
Atriz faz declarações polêmicas
A
pós ter declarado publicamente apoio ao então eleito presidente do Brasil - Jair Bolsonaro (PSL), se tornando alvo de críticas por conta disso, a atriz Regina Duarte, em uma entrevista recente ao jornal Estado de São Paulo, afirmou não ver problema em dizer que “lugar de negro é na cozinha”. Ainda disse que falas de Bolsanaro relacionadas ao preconceito contra LGBTS seriam brincadeiras e ditas da “boca para fora”
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Blocos afros, samba-reggae e afoxés marcam luta e resistência negra soteropolitana Inácio Teixeira/Agecom
Divulgação Banda Didá
MATRIZES. Tais expressões artísticas carregam a força e a ancestralidade do povo baiano Por Jamile Araújo
ão há como falar N em movimento negro e resistência negra em Salvador e não pensar nas músicas,
danças e de toda a beleza das cores e estampas que caracterizam os blocos afros, samba-reggae e afoxés. Samba-reggae, resistência e protagonismo feminino Criada em 1993, a Banda Didá é formada apenas por mulheres, dedicada a fazer o Samba-Reggae, ritmo criado por Neguinho do Samba, também criador da Banda. Tem ainda o Bloco Afro Didá desde 1994 e o projeto Sódomo, que trabalha com crian-
ças. Mas outros trabalhos são realizados com teatro ou dança, sempre buscando fortalecer as mulheres. Viviam Caroline, percussionista e Diretora de Projetos da Didá, conta que a cidade não estava preparada para ter mulheres tocando tambor, pois a referência e o vínculo naturalizado era “corpo masculino e tambor”, e não “corpo feminino e tambor”. “Nós conseguimos tornar isso realidade. Hoje tocar tambor é uma realidade de mulher. Não é fácil, porque nenhum projeto social no país consegue viver de maneira tranquila. Especialmente projetos pautados em matriz afro-brasileira, o racismo tenta nos invisibilizar”, pontua. A percussionista diz não ser fácil conseguir patrocínio. “A questão econômica sempre está tentando reduzir o nosso brilho. Só que essa gente nossa, a história que a gente carrega tem uma potência, uma capacidade de transformação. Ainda é necessário renascer todos os dias e é assim que a gente tem feito com o bloco”, finaliza. Afoxés: “a força que vem de dentro”. “Os Afoxés surgem como um elemento de resistência. Os primeiros afoxés registrados como tal datam de 1895, momento muito próximo do pós-abolição. Os negros ainda tinham seus direitos restringidos pelo Estado e pelas elites brancas. E os afoxés começaram a
Bloco Didá fortalece a organização feminina através da cultura negra.
O afoxé através da alegria é esse espaço de resistência negra, de valorização das culturas afro-brasileiras ir para as ruas como forma de levar a alegria e as festividades negras para desfilarem nos carnavais”, diz o Artista, Gestor e Pesquisador Cultural, Chicco Assis. Segundo Chicco, a trajetória dos afoxés na história brasileira é de altos e baixos. Os primeiros afoxés registrados foram “Embaixada Africana” e “Pândegos d’África”. Houve momentos de proibição dos batuques nas ruas e de desarticulação. Em 1949 surgiu os Filhos de Gandhy, um dos afoxés mais antigos ainda em funcionamento na cidade. Já em 1978 foi criado o Afoxé Badauê, que trouxe inovações na forma de fazer o afoxé, no desfile e nas performances. Com Moa do Katendê e Jorjão Bafafé como fun-
dadores. “Pensar em afoxé, que tem como um possível significado “a força que vem de dentro”, é possível considerar como essa força que vem de dentro dos terreiros de candomblé, já que muitos afoxés nascem dentro dos terreiros. Moa do Katendê traduzia a palavra badauê como “mensageiro da alegria”. Então o afoxé através da alegria é esse espaço de resistência negra, de valorização das culturas afro-brasileiras, de valorização e de respeito das religiões de matriz africana”, ressalta. “Quando esses afoxés ressurgem na década de 70, agregam a juventude negra soteropolitana, dão fôlego para essa revolução racial que começou a acontecer a partir do carnaval”, afirma Assis. Pontua ainda sobre importância do diálogo entre os blocos afros, como o Ilê Aiyê que completou 45 anos, e os afoxés para a construção do movimento negro da Bahia e no Brasil. Para o pesquisador, a participação dos afoxés é muito significativa, mas por vezes é silenciada.
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Novembro negro cheio de atividades por toda a Bahia
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Lorena Carneiro e Jamile Araújo
mês de novembro chegou e com ele O uma variada agenda de atividades que celebram o mês da consciência negra a par-
tir do histórico de luta e resistência dos negros e das negras. Mas luta e resistência não é coisa do passado, ainda há muito a se fazer para para acabar com o racismo, até mesmo na Bahia, onde a auto declaração negra chega a quase 77%. Confira algumas dessas agendas!
CACHOEIRA/ RECÔNCAVO Acontece nos dias 24 e 25/11, a Mostra Negra de Artes Cênicas; às 20h no Cine Theatro Cachoeirano, em Cachoeira.
Nos dias 20 a 27/11, os Campi da Uni-
versidade Federal do Recôncavo Baiano recebem o XII Fórum Pró-Igualdade Racial e Inclusão Social do Recôncavo Maiores informações: www.ufrb.edu.br/ forum2018.
Entre 14 e 21/11 Cachoeira recebe o V
Ciclo de Debates: 130 anos de abolição? Resistências e políticas públicas de reparação, no Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB (Cachoeira)
SALVADOR No dia 20/11 acontece a 10° Lavagem da
Estátua de Zumbi dos Palmares, com o mote “Rebele-se contra as opressões: Mestre Moa do Katendê Vive!”; às 08h:30min, com cortejo saindo sede dos Filhos de Gandhy, até Praça da Sé.
Na tarde do dia 20/11, acontece a “XXXIX Marcha da Consciência Negra Zumbi dos Palma- res”, às 14h do Campo Grande até a Praça Munici- pal. Serão homenageados Osvaldão, revolucioná- rio negro na guerrilha do Araguaia, Marielle Fran- co, Moa do Katendê e Charlione Lessa. Entre 22 a 24/11, acontece a Semana Internacional Salvador e Suas Cores 2018: Cidades da Diáspora Negra - Laços África-Brasil, na Faculdade de Arquitetura da UFBA. Nos dias 7 e 14/11 a Sala de Coro do Teatro Castro Alves Espetáculo: “Isto não é uma mulata”, solo criado e atuado por Monica Santana,vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2015 na categoria Revelação; com ingressos de 20,00 inteira e 10,00 meia.
ALAGOINHAS Na cidade de Alagoinhas, entre os dias 28 a 30/11, acontece o I Fórum da Juventude Preta Baiana, na Universidade Estadual da Bahia – UNEB - Campus II.
BAHIA
(atividades em vários municípios)
Entre os dias 24/11 e 02/12 vai rolar a “Semana Nós por Nós”, atividades culturais e educativas, oficinas, atendimento jurídico, de saúde e feiras de agricultura familiar, realizadas pelo Levante Popular da Juventude nas periferias de diversos municípios.
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Por que pensar saúde pública para a população negra? SUS. Desafios aumentam com Emenda Constitucional que congela os gastos públicos por 20 anos
Comunica Levante
Prevê-se tempos difíceis para as politicas de equidade e para o SUS
Jamile Araújo
O
Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado a partir da constituição de 1988, que declarou que a “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Conquistado a partir da ampla mobilização, conhecida como movimento pela “Reforma Sanitária”, é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. E abrange desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Mas se o SUS tem como objetivo universalizar o acesso à saúde, por que há necessidade de se pensar a saúde especificamente para população negra? É o que explica Altair Lira, pesquisador, mestre em Saúde Coletiva e professor substituto da Universidade Federal da Bahia. Para ele, olhar os princípios de universalidade, equidade e integralidade do SUS não é suficiente para detectar as singularidades existentes. “É importante, den-
tro do planejamento em saúde, trabalhar com dados estatísticos confiáveis e não somente a “percepção ou senso comum”, contaminada de preconceitos e estereótipos. Dados obtidos dos sistemas de saúde demonstram que a população negra tem uma expectativa de vida seis anos menor que a da população branca (64/70 anos)”, comenta. Lira chama atenção de que não é somente a influência do racismo nas relações sociais, mas como o racismo se apre-
senta como estruturante das desigualdades sociais no Brasil e afeta a população negra no campo da saúde. “Os indicadores que retratam as desigualdades raciais no campo da saúde, seja no modo como tratam as doenças associadas a determinantes raciais/étnicos, como a doença falciforme, a hipertensão arterial e outras, seja associada à discriminação na atenção e na assistência ou ainda quando construímos o perfil epidemiológico da população negra, é marcante a observação Comunica Levante
População negra representa 80% dos usuários do SUS
da precocidade dos óbitos em todas as faixas etárias para a população negra em comparação aos demais grupos”, pontua. O pesquisador ressalta que a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), aprovada no Conselho Nacional de Saúde em 2006, é uma política de saúde importante e necessária com o objetivo de estar voltada para a população negra, em razão do perfil epidemiológico diferenciado da população branca, bem como do advento do racismo institucional que impede o acesso aos serviços de saúde de forma adequada. “Nesse aspecto é importante dizer que o racismo enquanto ideologia, se estrutura na manutenção de privilégios para setores historicamente beneficiados e que por outro lado manejam a partir de seus interesses o controle dos bens públicos (material e simbolicamente)”, conclui. Sobre os desafios para os próximos períodos, Altair reflete sobre a Emenda Constitucional que
congela os gastos públicos por 20 anos representa uma ação nefasta que impactará negativamente no SUS e aqueles que mais o utilizam, a população negra, quase 80% dos usuários do sistema. “Novos investimentos em pesquisas e cuidados não mais acontecerão, evidenciando negligência e falta de compromisso público”, pontua. Quanto ao próximo governo federal, Lira diz que os sinais não são promissores. “O Presidente eleito entende, por exemplo, que os gastos com o SUS são excessivos. Para fundamentar seu argumento ele utiliza de dados mal interpretados de um gráfico comparativo de países desatualizado e sem legenda. O mesmo, como deputado, votou a favor da PEC do Congelamento dos gastos. Prevê-se tempos difíceis para as políticas de equidade e para o SUS. Enfrentar o racismo, o machismo, a intolerância religiosa e todas as formas de preconceito e exclusão será um importante desafio do movimento negro brasileiro”, finaliza.
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O que esperar do próximo governo PERSPECTIVAS. Jair Bolsonaro e seu anunciado ministro da economia, Paulo Guedes, já mostram o que pretendem fazer a partir de janeiro
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Abr
Economia liberal e entrega do patrimônio público
Frédi Vasconcelos* De Curitiba (PR) o ganhar a eleiA ção para presidente, Jair Bolsonaro (PSL)
trouxe grande grau de incerteza em diversas áreas, por sempre ter sido um político de pouco destaque no Congresso Nacional, aparecendo apenas em pautas contra direitos humanos, gays, negros e pela defesa do armamento da população. Para entender o que pode representar seu governo, foram pesquisadas declarações e programa de governo em áreas essenciais como política, economia e liberdade de comunicação para traçar um possível cenário do que vem por aí nos próximos quatro anos.
Uma incógnita na política Jair Bolsonaro passou por sete mandatos no Congresso Nacional, não tendo grande destaque como deputado federal. Seu partido, o PSL, conquistou 10,1% das cadeiras da Câmara dos Deputados e 4,9% no Senado. Com esse quadro, o professor do Departamento de Ciência Políti-
dade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro. “Parece que ele (Bolsonaro) não conhece os temas, está indicando pessoas que têm o viés de classe, não a visão de público e do que é a gestão de um país. Nós estamos assistindo, de fato, retrocessos que são bastante preocupantes”, critica Ribeiro.
As medidas declaradas até agora pelo provável futuro ministro da Eco-
Nós estamos assistindo, de fato, retrocessos que são bastante preocupantes ca da USP Rogério Bastos Arantes, diz que seu governo terá três caminhos. O primeiro ir contra o discurso de campanha e aderir ao presidencialismo de coalizão. O outro é fazer o que chama de autoritarismo legal ou legalidade autoritária, modo de atuação parecido com o regime de 1964. Governando pela força, mas sempre buscando algum grau de legitimação processual. A terceira via seria o que chama
de “um governo errante, porém mobilizador, estimulador da violência na sociedade e beligerante internacionalmente”.
Fusão do Ministério da Agricultura com do Meio Ambiente A fusão anunciada na terça-feira (30) pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, representa uma ruptura com toda a política de controle urbano desenvolvida ao longo dos últimos 30 anos. A medida pode dar início a uma flexibilização da legislação ambiental em nome dos interesses do agronegócio, na análise do professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental da Universi-
nomia, Paulo Guedes, vão na direção de substituição de impostos, diminuição dos gastos públicos, reforma da Previdência Social, privatização de estatais e abertura econômica. Uma das medidas já anunciadas é que pretende vender estatais para diminuir a dívida pública e o pagamento de juros. Para ter ideia, uma das medidas sinalizadas é a possível venda das áreas de petróleo concedidas à Petrobras, chamadas de “cessão onerosa”. (*Com Rede Brasil Atual)
O Principais jornais do mundo mostram rejeição a Bolsonaro Da Redação O mundo assistiu com assombro à vitória do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro. Os principais jornais e canais de televisão do mundo trouxeram a notícia em suas capas com preocupação. O Washington Post, um dos mais importantes jornais dos Estados Unidos, destacou o tema da eleição no Brasil na sua capa da edição impressa. O título dizia: “Brasil elege presidente de extrema direita e preocupa grupos de direitos humanos”. Já o Le Monde, da França, afirma: “Bolsonaro, a vitória de um ilusionista sem escrúpulos”. Em um artigo de análise, o periódico francês publicou duras críticas a Jair Bolsonaro, dizendo que ele “é especialmente conhecido por sua violência verbal e suas reações ultrajantes. Durante muito tempo, o futuro presidente brasileiro não foi levado a sério”. Também na Europa, dois grandes meios do Reino Unido, o The Guardian e a BBC de Londres trouxeram a eleição de Bolsonaro como destaque. “Brasil agora tem o mais extremista dos presidentes de qualquer país democrático no mundo”, dizia matéria do Guardian. O jornal ressaltou também que o “Brasil troca política de esperança por raiva e desespero”.
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ENTREVISTA l 9
“Se sentir seguro para lutar exige organização popular” E
duardo Mara é cientista social, doutor em serviço social e professor da Universidade Joaquim Nabuco (Uninabuco), no Recife e também integrante da direção nacional da Consulta Popular. Conversamos com ele sobre a eleição do candidato Jair Bolsonaro (PSL), que vai tomar posse no dia primeiro de janeiro.
cráticos, dialogavam com o que estava em pauta na eleições, e isso é muito importante, ainda mais nas instituições pautadas pela Nós temos ciência, pelo pensamento científico e sequer levou uma grande adiante uma investigação batalha pela importante com uma denúncia muito bem feita de frente para um crime eleitoral que enreforçar o ideal volvia caixa dois, mentiras na eleição, inclusive envoldemocrático via o uso de dinheiro púna sociedade blico para financiar isso, por parte de deputados. brasileira Então essas duas balanças gente o que é democracia. me surpreenderam muito. A realidade é que o país precisa de mais democraBdF: E o destaque pocia e não de menos demo- sitivo? cracia. As imperfeições e a corrupção que ainda estão presentes no sistema políEduardo: Quem mantico não advém da demo- dou bem muito recentecracia, elas advém da fal- mente, nesse final da eleita de participação popu- ção e agora nesse final do lar. Nós temos uma gran- segundo turno, foi o Mide batalha pela frente para nistério Público Federal Daniel Lamir e Rani de reforçar o ideal democráti- em Santa Catarina, na ciMendonça co na sociedade brasileira. dade de Chapecó. Uma deputada eleita pelo PSL, BdF: O que você des- a Ana Campagnolo, comeBrasil de Fato: Na sua opinião, qual a impor- tacaria como aspecto tância histórica das negativo na eleição? eleições de 2018? Eduardo Mara: É uma importância gigantesca. Nesse momento, a eleição se tornou, de certa forma, um plebiscito sobre a democracia no Brasil, na qual se consolidou em boa parte da população uma visão de rejeição ao sistema político. Essa é uma disputa que se inicia desde 1988 com a constituinte, onde a gente conquista direitos, mas não consegue intervir nas estruturas do Estado. Estruturas que permanecem muito antidemocráticas. Então a eleição revela para a sociedade a importância de reforçar com muita
Eduardo: As estruturas do estado foram historicamente construídas de forma antidemocrática no Brasil. Vale reforçar negativamente a postura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante essas eleições. O TSE acatou denúncias, na minha opinião, completamente inconsistentes de crime eleitoral, perseguindo inclusive professores em sala de aula, proibindo manifestações públicas contra o fascismo, a favor da democracia, manifestações essas que sequer citavam nomes de candidatos, eram manifestações que construíram ideais demo-
Esse é o momento do trabalho com o povo, do diálogo, não a nada mais seguro e mais importante para a democracia do que as organizações populares
arquivo pessoal
çou uma escalada de perseguição ainda maior depois do segundo turno aos professores, pedindo para que os estudantes gravassem as aulas denunciando ideologização, como se um conteúdo científico sempre comportasse ideologias, um debate de ideias é sempre um debate de ideologias, e perseguindo os professores que faziam aula inclusive sobre os mesmos temas, fascismo, democracia, não se podia nem falar de revolução francesa em sala de aula. O Ministério Público Federal publicou uma nota contra isso, desaconselhando esse tipo de perseguição e reforçando a democracia em sala de aula e a liberdade do professor. BdF: Quem é Jair Bolsonaro e o que ele representa na política na- lar num programa. Então cional? ele fez o que? Qual é a jogada do Jair Bolsonaro? O que é que ele representa? Eduardo: O Jair Bolso- A única forma de defender naro representa primei- um programa antipopular ro o que há de mais atra- é dividindo a população sado na política eleitoral através do ódio. A campae na política institucional nha dele foi inteira pautado país há muito tempo. A da no ódio, aos LGBTs, aos linguagem dele é uma lin- negros e negras, aos quiguagem voltada para os lombolas, a toda a esquerinteresses dos latifundiá- da e os setores democrários, dos setores mais atra- ticos, a classe trabalhadosados da economia brasi- ra na prática. Ele represenleira. A política econômi- ta a institucionalização do ca que ele traz é uma po- fascismo. Ele vocacionou lítica econômica também aquele conservadorismo atrasada de retirada de di- que estava contido nas esreitos, ele tem uma políti- truturas do Estado para a ca indefensável. Não são sociedade, por isso ele sigsó as falas dele que são in- nifica a fascistização das defensáveis, a política que estruturas do Estado. ele defende é uma política de retirada de direiBdF: O que se esperar tos, de desmontes, de entregar o país a uma extre- de um governo Bolsoma miséria que é indefen- naro? sável. Por isso que ele não pôde nem ir para os debaEduardo: Eu queria diates e não pôde sequer fa-
logar inclusive com os próprios eleitores do Bolsonaro. O que a gente pode esperar, e isso já está sendo anunciado, é uma retirada gigantesca de direitos. O primeiro projeto que ele mandou, e ele nunca falou sobre isso durante toda a campanha, é a reforma da previdência e a retirada de direitos da grande maioria da população. Além disso, a privatização do patrimônio público é algo que a gente pode esperar com certeza deste governo. A segunda coisa é uma escalada da repressão e uma perseguição aos setores democráticos. Eu queria dialogar com os eleitores do Bolsonaro, porque eu sei que a maioria desses eleitores não votou contra a democracia, votou porque está descontente com as instituições democráticas e há uma diferença muito grande entre as
duas coisas. E é muito necessário que esses eleitores que têm críticas à forma como funciona a política no Brasil se engajem numa campanha pela democracia e para discutir a democracia que nós queremos. Nós temos que contar, não só com os eleitores que votaram no Haddad votando pela democracia, mas nós temos que dialogar com esse conjunto da população que não é antidemocrática, a nossa classe trabalhadora não é fascista. A gente esteve nas periferias discutindo com o povo. A maioria não é contra a democracia, inclusive a pesquisa do Datafolha durante as eleições diz que 55% dos brasileiros são favoráveis ao regime democrático. É necessário canalizar e fazer uma grande campanha para não deixar que ele feche as instituições democráticas, que é o canal por onde o
povo pode reivindicar seus as podem se mover? direitos e pode fazer valer os seus direitos e o controEduardo: Primeiro inle sobre o estado. dicativo básico é reunir-se. Reunir-se. Isso é muiBdF: Quais são as tare- to fundamental, porque fas da classe trabalha- por mais que o ódio seja dora organizada para o gigantesco, não é da maiopróximo período? ria. Existem grupos orgaEduardo: A primeira ta- nizados na sociedade civil refa nossa é conversar com hoje de corte fascista mesas pessoas, ir aonde o povo mo. E esses grupos são de está. Durante a campanha, alta e média classe, de genno segundo turno particu- te que votou em Bolsonaro larmente, uma série de or- porque realmente tem diganizações populares que ficuldades de relação com estavam dispersas, no Bra- a classe trabalhadora, tem sil inteiro, se encontraram ódio mesmo do povo, da numa campanha pela de- ideia de povo brasileiro. mocracia. Precisamos for- Eles não são muitos. Nós, talecer essas organizações classe trabalhadora, soonde elas estão, no seu tra- mos muitos. É bom lembalho com o povo, para fa- brar que essa escalada de zer com que elas ampliem repressão e ódio nasce de o diálogo para esclarecer um medo também. Os de sobre a importância da de- cima também tem medo, mocracia e um projeto de e eles têm medo das orpaís. Esse é o momento do ganizações populares. A trabalho com o povo, do única forma de fazer rediálogo, não a nada mais cuar o ódio, de fazer recuseguro e mais importante ar a repressão é fortalecer para a democracia do que o sentimento de coletivias organizações populares. dade, de solidariedade enNós iremos para a rua bri- tre a classe trabalhadora. É gar pelos nossos direitos, para isso que a Frente Brafaremos lutas como sem- sil Popular está organizanpre fizemos, mas o mais importante agora é construir força social que alimente a luta das ruas, que dê segurança para as pessoas que estão nos bairros. Muita gente ficou assustada com o resultado dessa eleição; se sentir seguro para lutar, para participar da política, exige organização popular. Nossa tarefa mais importante é reforçar e ampliar uma rede gigantesca de organizações populares por democracia no Brasil todo. BdF: E para quem não faz parte dessas organizações, que já sentem o medo desse governo, qual o indicativo e como essas pesso-
É para isso que a Frente Brasil Popular está organizando o Congresso do Povo, que é um grande mutirão de conversa nas comunidades do o Congresso do Povo, que é um grande mutirão de conversa nas comunidades, nos locais de trabalho, nas universidades, sobre a democracia e o projeto de país. Este é um lugar onde a gente se fortalece para pensar o Brasil e para planejar as nossas lutas de forma muito consciente, organizada, segura e reforçando o amor ao povo e a paixão pelo Brasil que a gente quer. Diva Braga
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Salvador, novembro de 2018
Artigo
Artigo 20 de novembro: aquilombados, resistiremos! Thais Conceição*
ia que ficou marcado na D história das lutas populares pela libertação do povo
negro, 20 de Novembro é a data do assassinato de Zumbi dos Palmares. É o símbolo da luta do povo negro pela libertação e se contrapõe ao 13 de maio - dia da abolição da escravidão oficial, quando a lei áurea foi assinada pela princesa Isabel. Zumbi liderou um dos mais importantes quilombos do nosso país junto à Dandara, o quilombo dos Palmares, na região da Serra da Barriga, atualmente no estado de Alagoas. Estima-se que o quilombo chegou a ter 20 mil pessoas no período do seu auge, em 1670. Resistiu por mais de 100 anos a tentativas de destruição e é um marco da resistência negra à escravidão. Já a história do 13 de maio de 1888 vem sendo contada como fruto da vontade e de um ato de bondade da princesa Isabel, apagando a história de luta e resistência dos negros no Brasil. A lei áurea ainda foi construída de modo perverso: os negros e negras passaram a ser livres, mas não tinham escolaridade, casa, acesso à terra, não eram aceitos nos postos de trabalho das cidades, não tinham meios para bem viver - tudo lhes foi roubado pelo regime escravocrata. O 20 de novembro foi instituído oficialmente como dia da Consciência Negra apenas
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Reeleição de Rui Costa na contramão do cenário nacional *Cláudio André de Souza
O 20 de novembro foi instituído oficialmente como dia da Consciência Negra apenas no ano de 2011 no ano de 2011, com a lei 12.519. No calendário escolar, o 20 de Novembro já era celebrado desde 2003, com base na lei n° 10.639. No entanto, para o povo negro, a celebração da data é mais antiga: foi proposta pelo grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, em 1971, e definido como dia de luta pelo Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978. A recente eleição de Bolsonaro como presidente constrói uma nova face para o racismo no Brasil, mais violenta e sem pudores. Tal como na época dos quilombos, é preciso resistir ao governo racista e aos senhores donos do poder, reafirmar o 20 de novembro como nosso dia de luta. E nos organizarmos para construir um projeto de vida, sem opressão de raça, gênero e orientação sexual, com educação, saúde e trabalho para todos. Povo Negro resiste! Thais Conceição é Psicóloga em formação e militante do Levante Popular da Juventude
vitória de Rui Costa A (PT) ainda no primeiro turno com 75,50% dos vo-
tos consagrou uma estratégia política considerada por algumas lideranças durante a pré-campanha arriscada por abrir espaço “exagerado” na chapa para a centro-direita, representada pelo PP e PSD. Na verdade, em face da adversidade de um cenário nacional que já mostrava a possibilidade de crescimento da extrema-direita somada à prisão e inelegibilidade do ex-presidente Lula, o Governador liderou um processo que manteve não somente o equilíbrio da coalizão para a sua reeleição, mas levou à frente a estratégia de construção de um diálogo político-partidário para as eleições presidenciais. A reeleição de Rui Costa foi impulsionada, sobretudo, por três fatores: a) geografia eleitoral: após a derrota do PT e da base do governo nas eleições municipais de 2016 nas maiores cidades baianas, o governo entendeu que era necessário levar políticas públicas que minasse uma avaliação negativa da gestão estadual junto à população. b) Equilíbrio coalizacional: o PT e o governador souberam conduzir uma aliança em nível local descolada das eleições presidenciais, preservando o apoio do PP, PR
o desafio de Rui será seguir a receita do primeiro governo (gestão) e PSD, que saíram das eleições municipais de 2016 com um grande número de prefeituras e vereadores. A manutenção da aliança com o “centrão baiano” se deu com equilíbrio de espaço entre as forças políticas. c) Lulismo e antipetismo: a força de Lula junto ao eleitorado baiano se mostrou um “carro-chefe” de alinhamento das eleições presidenciais às estaduais para os segmentos mais populares da população, no entanto, o êxito de algumas políticas públicas blindou o governo estadual entre uma parte da classes média e alta. Diante do revés eleitoral com a vitória de Bolsonaro, o desafio de Rui será seguir a receita do primeiro governo (gestão), sabendo que terá um contexto nacional e federativo muito mais adverso, bem como dar manutenção a uma aliança política local que evite o isolamento político. Professor de Ciência Política da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). E-mail: claudioandre@unilab. edu.br
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CULTURA | 11
Ê, viva a capoeira, camará! ANCESTRALIDADE. A capoeira se reinventa no tempo e ensina a arte da resistência ancestral Acanne.
Anaíra Lobo
andinga de “M escravo em ânsia de liberdade, seu
princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista”, escreveu Mestre Pastinha (18891981) sobre a capoeira no início do século XX, dando voz à liberdade e longevidade de uma arte secular do povo negro brasileiro. Apesar dos poucos registros históricos, sabe-se que a capoeira tem origem entre o século 16 e 17, a partir da conjunção de diversas manifestações culturais africanas, que foram adaptadas à necessidade de desenvolver uma luta de autodefesa e de resistência física e cultural contra a escravidão imposta pelo sistema colonial português. Não se sabe ao certo onde a prática teve início, se na Bahia, no Rio de Janeiro ou Pernambuco. Mas foi em terras baianas que ela ganhou a força de movimento de libertação e aquilombamento do povo africano e, posteriormente, dos afro-brasileiros. Estima-se, segundo o Banco de Dados do Tráfico Transatlântico de Escravos, que cerca de 1.700.000 milhão de africanos foram trazidos para a Bahia entre os séculos 16 e 19, transformando a região não apenas em um forte pólo escravagista, mas, principalmente, da resistência africana
Grupos de Capoeira mantém tradição viva em todo país.
A cultura dos marginalizados sempre foi uma forma de se organizar, mas também de ser feliz à diáspora. Não por acaso, grandes nomes reconhecidos da capoeira são baianos, a exemplo de Besouro Mangangá (1895-1924), o próprio Pastinha da tradição angola e Mestre Bimba (1900-1974) da tradição regional. Dava-se o nome de “capoeira” às vegetações rasteiras ou baixas, em meio às matas e plantações, que serviam como refúgio e também onde eram travadas as
lutas contra os capitães do mato. A prática da capoeiragem era fortemente reprimida por se tratar de uma arma e por isso, ao longo do tempo, negros e negras passaram a treinar seus movimentos dentro de uma roda aliando dança, música, teatralidade e brincadeiras para disfarçar a atividade. O berimbau, por exemplo, dava ritmo ao jogo, mas também anunciava a chegada de um feitor. E assim,
a união desses elementos transformou a capoeira em uma das mais fortes expressões artísticas afro-brasileiras. Tamanho foi o poder desta arte como instrumento de organização do povo negro, que em 1890, mesmo após a abolição oficial do sistema escravista, ela foi rotulada de “arte negra” e colocada como prática fora da lei pelo Código Penal da República, que dizia em seu Art. 402 ser proibido “fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação capoeiragem”. E assim permaneceu até 1930, quando foi apresentada ao então presidente Getúlio Vargas e reconhecida como elemento de identidade nacional. De lá pra cá, a capoeira passou por muitas trans-
formações e também ganhou o mundo. Em 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) registrou a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira como patrimônios culturais imateriais do Brasil. E em 2014, a Roda de Capoeira recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Hoje, a capoeira continua sendo de fundamental importância em um Brasil ainda marcado pelo racismo e extrema desigualdade social. A professora Jéssica Paranaguá, mulher jovem e negra, há alguns anos treina na Associação de Capoeira Angola Navio Negreiro (Acanne) e explica como a capoeira é ainda uma forma de enfrentar os problemas impostos pelo sistema. “Não é apenas um simples ato de gingar e mexer o corpo. A musicalidade, a historicidade, a forma como a cultura é transmitida para os mais novos pelo mestre. Ali, a gente aprende vários aspectos da cultura de matriz africana, da nossa ancestralidade e se fortalece para poder enfrentar as demandas sociais da atualidade, seja a questão racial, de gênero e sexualidades. A cultura dos marginalizados sempre foi uma forma de se organizar, mas também de ser feliz”, conclui.
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O que
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tu indica
Espetáculo teatral “OXUM”
Bahia Meu País
Divulgação OXUM dialoga com temas atualíssimos e necessários, trazendo a ancestralidade e a força das mulheres como força motriz dos processos de transformação social. Elen Carvalho
indicação deste ediA ção é a peça “OXUM” do Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA), que estreou em outubro e volta em cartaz dos dias 22 a 25 de novembro no Teatro Vila Velha em Salva-
dor. A direção é de Fernanda Júlia e Zebrinha e a dramaturgia de Daniel Arcades. A montagem dialoga com temas atualíssimos e necessários, trazendo a ancestralidade e a força das mulheres como propulsoras dos processos de transformação social que tanto precisamos.
Em cena, as atrizes apresentam as quatro qualidades de Oxum: Opará – Justiceira e guerreira; Okê ou Loke – caçadora; Abotô ou Yaboto – é a origem de Oxum, relacionada ao parto, ao nascimento e ao encantamento; e Ijimu, a feiticeira e senhora da fecundidade.
Percorrendo nossos sabores O queijo do sertão nordestino e baiano queijo coalho é típico dos sertões e semi-árido da O Bahia e do nordeste. Dizem que, há muito tempo, no período do crescimento das fazendas no interior do
nordeste, os sertanejos levavam leite armazenado em uma bolsa feita de estômago de algum animal em suas viagens. Como as viagens eram longas, o queijo “coalhava” e formava uma pasta que era o queijo coalho. Atualmente o queijo coalho ganhou fama nas praias e litorais baianos, o famoso “queijinho”. Feito na brasa e acompanhado com orégano ou melaço. Hoje ganha mais espaço na culinária nacional, no esforço de valorizar os sabores do nosso Brasil.
Prefeitura
Correntina escendo o planalto cenD tral, na divisa com o Goiás, um grupo de bandei-
rantes na busca de pepitas de ouro encontraram em meio as águas cristalinas e as árvores tortas do cerrado, um paraíso onde foram construindo suas vidas, relações espirituais, sociais e econômicas. Correntina possui 33.361 habitantes, economia baseada na agricultura familiar e banhada pelos rios Correntina, Arrojado, Santo Antônio, Guará e Rio do Meio. As mesmas águas que geram vida e retratam a leveza e bravura de um povo, está sob os olhos gananciosos do hidro e agronegócio, mas encontra na força popular a resistência. A fé em Deus e na natureza constitui a religiosidade do povo correntino, há festividades em homenagem a diversos santos/as. A mais famosa é a festa de Santo Reis (reisado). Em cada canto se pode enxergar as expressões de fé através das rezadeiras e benzedeiras que passam de geração em geração a força e sabedoria dos povos do gerais. Além de um povo alegre e acolhedor, o Ranchão e as Sete Ilhas são portas de entrada para as belezas da terra de águas cristalinas.
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VARIEDADES | 13
HORÓSCOPO DO MÊS DE NOVEMBRO ÁRIES - 21/03 a 19/04 Momento do seu prazer pessoal. Cuidados com a aparência, interesses por viagens e atividades sociais ficarão mais intensos. As coisas voltarão a fazer sentido. Abra sua mente para novas ideias e aproveite. ♉TOURO-20/04 a 20/05 Tudo que você se empenhou, começará a fluir. Muita positividade e expectativas, portanto trabalhe com calma e segurança. Faça a sua parte que o Universo faz a dele. Medite. ♊GÊMEOS - 21/05 a 21/06 O Geminiano terá dias intensos.Deixe que as pessoas sigam seus caminhos. Se permita viver novas experiências em sua vida. Se perceba mais e não tente dominar o mundo. As respostas de tudo, estão dentro de você. ♋CÂNCER -22/06 a 22/07 Continue se cuidando, mas sem esquecer do seu lado interno. Algumas mudanças à vista, mas terá equilíbrio necessário e fundamental para sua estabilidade. ♌LEÃO - 23/07 a 22/08 Depois de tanto empenho, finalmente chegou o momento da colheita. Aproveite e faça valer a pena. Sua coragem pode ser testada, mas depois do seu amadurecimento, você saberá o que é capaz de fazer. ♍ VIRGEM - 23/08 a 22/09 Saia da sua zona de conforto, e corra atrás dos seus ideais. Desafie, acredite, ouse mais. Aproveite seus conhecimentos e use suas ferramentas. Não deixe de dar atenção a sua saúde. ♎LIBRA -23/09 a 22/10 Depois de um mês agitado, novembro chega com boas notícias. Sem pressão. Com paciência e calma tudo chegará no seu devido lugar. Viva a sua liberdade e siga sua intuição. ♏ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Hora de cuidar da sua vida pessoal. Coloque ordem na sua casa interior, para fortalecer suas relações externas. Energias positivas trará mais Luz para o seu caminho. Sua espiritualidade estará mais aguçada. ♐SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Compreenda melhor suas próprias atitudes. Saiba ver o caminhar das coisas. Ganhe mais confiança e saberá o significado de tudo. Se abra para novas ideias.
CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/01
Observe a sua importância no geral, antes de tomar decisões precipitadas. Aos poucos tudo estará equilibrado, basta ter calma. Use sua inspiração para fazer algo diferente.
AQUÁRIO - 20/01 a 18/02
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Amplie seus horizontes, e vivencie no que você acredita. Aproveite seu poder pessoal e evolua. Siga em frente e faça a vida acontecer.
PEIXES - 19/02 a 20/03
Não basta pensar e falar. Hora de agir. Aproveite que os astros estão a seu favor, e corra atrás da sua independência. Pratique atividades físicas com moderação. Ivete Andrade (Alta Sacerdotisa das Tradições Wicca)
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Direitos de Fato
Amiga da Saúde
Trabalhadores em hospitais só podem ter regime de revezamento com autorização prévia
N
Minha filha de 2 anos adora café. Pode fazer algum mal?
esta semana, discutiremos um caso julgado na semana passada pelo Tribunal Superior do Trabalho em que foi considerada inválida a implantação do regime de 12h de trabalho por 36h de descanso para trabalhadores em hospitais em caso de não ter havido prévia avaliação e autorização do Ministério do Trabalho. Isto porque o trabalho de profissionais da saúde em ambiente hospitalar é considerado trabalho insalubre (exposto ao risco de infecção de agentes biológicos e doenças contagiosas), de maneira que a prorrogação da jornada de 8h em ambiente insalubre necessita da autorização de autoridade específica (fiscal do Ministério do Trabalho) nos termos da CLT, o que não ocorreu no caso julgado pelo TST. Assim, mesmo se o estabelecimento do regime de revezamento acontecer por norma coletiva (acordo ou convenção coletiva de trabalho), é impossível flexibilizar norma de saúde e segurança – de forma que o negociado não pode se sobrepor ao previsto na CLT. Portanto, nesse julgamento reafirmou-se a posição da Justiça do Trabalho de que trabalhadores em hospital apenas podem trabalhar em jornada diária de 8 horas, podendo trabalhar para além desse limite apenas se houver prévia fiscalização e autorização de autoridade do Ministério do Trabalho. *André Barreto é advogado no Recife (PE) e membro da Associação sileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Bra-
Priscila Ribeiro, 29 anos, psicóloga.
pesar de ser muito presente na alimenA tação dos brasileiros, o café não deveria ser consumido por crianças menores de
6 anos, Priscila. Ele tem efeito estimulante, podendo prejudicar o sono das crianças. Além disso, pode atrapalhar a absorção do ferro dos alimentos e levar à anemia. Mesmo para as crianças maiores de 6 anos, se for usado em excesso (mais que uma xícara ao dia), pode causar insônia, agitação, irritabilidade e dores no estômago. O café não é um vilão, ele traz benefícios também, desde que usado na medida certa e idade adequada. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.
Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173
Nossa Cozinha: Moqueca vegana de banana da terra Ingredientes
Modo de preparo
2 cebolas grandes 1 pimentão verde 4 tomates maduros sem sementes 1 pimenta de cheiro Coentro picado à gosto 2 colheres de sopa de azeite de oliva 6 banana da terra maduras 1 xícara de leite de coco 2 colheres de sopa de dendê Sal a gosto
Descasque a banana, corte em rodelas de 3 cm e reserve. Em uma panela grande, doure 1 cebola cortada em rodelas no azeite. Bata no liquidificador 3 tomates, ½ pimentão e a outra cebola, acrescente na panela. Quando começar a ferver, coloque sal, a banana, pimenta de cheiro, ½ pimentão e 1 tomate cortados em rodelas. Mantenha a panela tampada, em fogo baixo e deixe ferver por 15 minutos. Então coloque o leite de coco e o coentro, deixe ferver por mais 3 min e finalize com o dendê e um pouco de coentro. Pode servir com arroz branco, farofa de dendê e feijão fradi-
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Clubes europeus articulam criação de ‘superliga’ FUTEBOL. Uefa, no entanto, planeja aumentar repasses para barrar ideia Pedja Milosavljevic/AFP
ESPORTES | 1515
Arthur Zanetti conquista a prata nas argolas no Campeonato Mundial de Ginástica Ricardo Bufolin/CBG
da previsibilidade das ligas nacionais na Europa. A Itália, por exemplo, tem a mesma campeã, a Juventus, há sete temporadas, enquanto o Bayern é o atual he- Medalha conquistada em Doha, no Catar, xacampeão alemão. Na é a quarta na carreira de Zanetti 6 | BAHIA Brasil de Fato PE Salvador, França, setembro de 2018 o PSG ganhou cinco das últimas seis Brasil foi ao pódio edições da Ligue 1. Já na última sexta-feina Espanha, Barcelo- ra (2), no Campeonana (nove) e Real Madrid to Mundial de ginásti(quatro) conquistaram ca, em Doha, no Catar. 13 vezes a liga nacional Arthur Zanetti conquisORGANIZAÇÃO. II Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude irá Ideia da “superliga” surgiu em função da previsibilidade das ligas nacio- nas últimas 14 tempo- tou a medalha de prareunir 700 jovens de todo o estado nais na Europa radas. ta nas argolas, a quarPara barrar o projeto, ta de sua carreira, com Lorena Carneiro“Foo- como “convidados iniLevante Popular da Juventude plataforma a Uefa estuda uma mu- a nota de 15,100, ficantball scolas Leaks” e reveuniver- ciais”. Os 11 “fundado- dança na distribuição do atrás apenas do gresidades lou que a Uefa querocupaau- res” do torneio seriam de repasses aos clubes Eleftherios PetrouNós go existimos das, atos nas ruas, mumentarrosospichados: repasses fi- Real Madrid e Barcelo- da Liga dos Campeões nias, que é o atual camdiversas e vamos lutar e anotou são asaformas que a ju- na, da Espanha; Juven- que garantiria 150 minanceiros 16 clubes peão olímpico, ventude tem encontraeuropeus para evitar tus e Milan, da Itália; lhões de euros a mais 15,366. “Para mim, pode do para resistir ao golro, muita luta. “Levar viemos. Nós existimos que eles parapro asAcamnão eter sidolutar”. minha pe eformem à perda deuma direi- Arsenal, Chelsea, Liver- por temporada esses jovens vamos Mariametos nomultinaciogoverno Temer. pool, Manchester City equipes mais pa fortes. é construir um insJúlia Soares, estudan“superliga” Por lhor nota no ano, mas É pensando nessa retrumento contra o golte do 3º ano do ensinal destinada da Liga foi minha melhor série. beldia aliada acabar às diver- e Manchester United, sua vez, os times pe. A juventude alto- no médio em Salvador, sas expressões como da cul- da Inglaterra; Bayern Europa perderiam com competições Semreforça balanço de argolas, -sertaneja quanão vai ficar a participação tura popular que o Lede fora”, dos asecundaristas: a Liga vante dos Popular Campeões. deafirma eu- Marta cravei saída, que“A era da Ju- de Munique, da Ale- se 60 milhões Mamédio, de Guanam- importância dos seventude em Sal- manha; e PSG, da Fran- ros em receitas. Segundo umarealiza “declaraA plataeu buscava, para bi. Jorrane Quinto, odeque cundas no Acampaentre os dias 6 e ça.Já os cinco convi- forma “Football Itabuna,Leaks” destaca a immento tem a foi ver prinção devador intenções” obmim a série perfei9 de setembro o seu 2º portância Levante cipalmente comse a luta tida pela investigação, a do Uefa ta.e Sabia que, fizesAcampamento Esta- dados seriam Inter de também acusa como o acampamento pela vida da juventudual. Com o lema “Oro torneio começaria na Milão e Roma, da Itáde ter feito vista grossérie, iria para contribui para luta se de aquela de, que tem direito a ganizar a rebeldia para mulheres, uma educação temporada 2021 e en- lia; Borussia Dortmund, sa para violações donegros(as) fair o epódio”, disse opúbliatleta. defender a democraLGBTs: “Há dois anos ca, gratuita e de qualidos objetivos volveriacia”,11umclubes da da Alemanha; Atléti- play financeiro comeDono de duas medalhas o Levante muda a midade.” é fortalecer a organizasituação atual é a Espa- tidas por nha Uefa, que não “Opodeco ade Madrid, da Manchester foi ouro vida e hoje em olímpicas, dia As inscrições para em ção coletiva. Levan- dar popular”, todode o estado acampanposso dizerpuque sou o Acampamento são na riam desistir pelo organização nha; e Olympique City e PSG, evitando Londres 2012 e prata te quer sepor apresentar afirma Elen Rebeca da do em Salvador numa eu mesma. Sou mu- gratuitas e podem ser como uma ferramenmenos ta20 anos. Ou- Marselha, da França. A nições que pudessem Rio 2016, Zanetti foi ao de esperança para Silva, Coordenação Na- programação que in- lher, lésbica, sou feliz. feitas a partir da págimovimento. cluiteoficinas culturais, de O Acampa vai reforçar na do Bahiapela tros cinco times seriam ideiadoda “superliga” excluí-los competipódio no Levante Mundial a juventude, porque a cional Serão 700 jovens de debates, shows e, cla- quem somos e pra que no Facebook. principal forma de muagregados à “superliga” ria surgido em função ções europeias. (Ansa)
O Juventude baiana acampa em Salvador e usa arte para defender a democracia
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quarta vez. No currículo ele tem um ouro, na Bélgica, em 2013, e três pratas: Japão 2011, China 2014 e agora, no Catar, em 2018. “Essa prata marca um retorno, desde 2014 que eu não ia ao pódio em Mundiais. Foi um grande passo, agora é continuar trabalhando para o ano que vem, em que vamos tentar a vaga para a Olimpíada”, comemorou Zanetti. Arthur Zanetti conquista a prata nas argolas no Campeonato Mundial de Ginástica O Brasil foi ao pódio na última sexta-feira (2), no Campeonato Mundial de ginástica, em Doha, no Catar. Arthur Zanetti conquistou a medalha de prata nas argolas, a quarta de sua carreira, com a nota de 15,100, ficando atrás apenas do grego Eleftherios Petrounias, que é o atual campeão olímpico, e anotou 15,366. “Para mim, pode não ter sido minha melhor nota no ano, mas foi minha melhor série. Sem balanço de argolas, cravei a saída, que era o que eu buscava, para mim a série foi perfeita. Sabia que, se fizesse aquela série, iria para o pódio”, disse o atleta. Dono de duas medalhas olímpicas, foi ouro em Londres 2012 e prata na Rio 2016, Zanetti foi ao pódio no Mundial pela quarta vez. No currículo ele tem um ouro, na Bélgica, em 2013, e três pratas: Japão 2011, China 2014 e agora, no Catar, em 2018.morou Zanetti.
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NA GERAL Divulgação Cbbxe
Seleção brasileira de ginástica artística disputa Mundial
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ascida na comunidade Nova Holanda, Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Rebeca Lima já cravou seu nome na história do boxe brasileiro. Em 2017, no Campeonato Brasileiro de Boxe Juvenil, venceu Gleisiele Gomes, favorita ao título da categoria 60 kg, e se consagrou vencedora da competição. Com a vitória, surgiu o convite para integrar a equipe brasileira no Mundial Juvenil, na Hungria, quando conquistou seu feito histórico no esporte, a medalha de bronze. Ela é uma forte aposta nesta modalidade para as Olimpíadas de Tóquio, em 2020.
GOL Thaynara Lima
eleção feminina de ginástica artística voltou a disputar um final de Campeonato Mundial no último mês. O time ficou na sétima posição do torneio, que está sendo disputado em Doha, no Catar. O Mundial de Doha distribuiu três vagas para as Olimpíadas de Tóquio, conquistadas por Estados Unidos, Rússia e China. Este é o segundo melhor resultado da história do Brasil em Campeonatos Mundiais, atrás apenas do quinto lugar obtido em 2007, na Alemanha, na mesma posição que em 2006, na Dinamarca.
por Ezio Sales
m mais uma ação coordenada pelo seu Núcleo de Ações Afirmativas, o Bahia homenageou personalidades negras no confronto contra a Chapecoense no último dia 4. Cada atleta do Tricolor de Aço entrou em campo com o nome de uma destas personalidades. Zumbi dos Palmares, Dandara, Luiza Mahin, Milton Santos e Mestre Moa do Katendê estiveram entre os homenageados. Esta não foi a primeira ação do clube voltada às minorias, o combate ao machismo e à homofobia também já foram temas de ações. Cada vez mais o Esquadrão se mostra um clube democrático, um clube de todas/os.
A
Fox Sports firmou contrato com a primeira narradora do canal, que estreou no começo deste mês, no jogo entre Independiente e Colon, pelo Campeonato Argentino. Renata Silveira, que participou da transmissão da emissora na Copa do Mundo e chegou a narrar jogos do Brasil, será a primeira mulher oficialmente contratada pela Fox para assumir a narração. Com ela, já são três mulheres narrando em rede nacional: Luciana Mariano na ESPN e Elaine Trevisan na Rede Vida.
GOL
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CONTRA
Caso segue sem solução
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Reprodução
maior escândalo de abuso sexual do esporte brasileiro, envolvendo cerca de 14 denúncias de abuso infantil contra Fernando Carvalho Lopes, técnico da Confederação Brasileira de Ginástica desde 2016, continua sem solução. Há seis meses o caso se tornou público, mas a investigação já dura dois anos e meio. Os casos estão sendo acompanhados na delegacia de defesa da mulher de São Bernardo do Campo, que durante a investigação, mudou de delegada três vezes.
Quando as mulheres resistem!
Novembro Negro
DE PLACA
Cresce número de narradoras
CBG.
Rebeca Lima é promessa do Boxe para as Olimpíadas de Tóquio 2020
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Salvador, novembro de 2018
por Bete Dantas
ruxas, histéricas, recatadas, do lar. Inúmeros foram os mecanismos jurídicos e simbólicos utilizados para oprimir as mulheres. Por séculos impedidas de participar da vida pública, o que incluía jogar bola e até torcer, nota-se hoje um expressivo crescimento da participação feminina nos estádios. Da referência Rosicleide à organização em coletivos como o Feminino dos Imbatíveis, Camisa 12, Leoas da Barra, Elas na Bancada e outros, a participação ativa das rubro-negras escancara a obsolescência do discurso que reduz a torcedora ao “embelezamento”. Viva a luta das mulheres!
ERRATA
N
a edição anterior, no lugar da Coluna do Vitória atualizada foi publicado o texto referente a edição 2 do time de Jequié. . Na versão digital é possível conferir o texto do Vitória atualizado. A coluna Mandou Mal da última edição trouxe a informação de que os atos por #EleNão aconteceram em outubro, quando, na verdade, aconteceram em setembro. Pedimos desculpas aos leitores pelos equívocos.