Edição 05 do Brasil de Fato Bahia

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BAHIA | 05

CULTURA | 11

EXPRESSÃO

Reforma do Ensino Médio e impactos no ensino público

Manifestação cultural do povo brasileiro, samba é celebrado em dezembro

Dora Almeida

EDUCAÇÃO

BA

Bahia

Salvador, dezembro de 2018 ano 1 edição 05 distribuição gratuita

Bahia é afetada com saída de médicos cubanos

Somos o segundo estado que mais perdeu profissionais. Cerca de 54% dos inscritos em novo edital do programa Mais Médicos já atuavam no SUS e podem deixar descobertas outras unidades de saúde.

Araquém Alcântara

CIDADES | 04

RELIGIOSIDADE

Festa de largo movimentam Salvador no último mês do ano

MUNDO |07

CRISE

Economia venezuelana sofre com sanções dos Estados Unidos

ARTIGO|10

ARTIGO

25 de novembro: um dia que marca a história do feminismo popular


OPINIÃO | 2

Brasil de Fato BA

Salvador, dezembro 2018

EDITORIAL

Força do povo rege o compasso da mudança BALANÇO. É hora de trabalhar pela base e lutar pela garantia dos direitos da população

O

jornal Brasil de Fato é um esforço coletivo de organizações populares, sociais e sindicais para colocar as diversas vozes para ecoar no Estado da Bahia de uma forma diferente. Com um cuidado especial de ser feito pelo povo e para o povo, tendo como maior objetivo transformar a sociedade que vivemos em um lugar onde nossas diferenças não se tornem abismos, mas sim algo que nos aproxime. Um lugar com mais igualdade e afeto. Onde o debate é permitido, mas com diálogo e não de forma violenta. A população baiana merece informação de qualidade, construída com responsabilidade social. Merece um jornal comprometido com os interesses do povo, que promove a reflexão e o direito de ter dúvida. Estamos na nossa 5º

edição. Foram muitos os caminhos que nos trouxeram até aqui e sabemos que você que recebeu nas ruas, vielas,praças, pontos de ônibus, universidades, local de trabalho, é peça fundamental para que sigamos construindo essa ferramenta de comunicação popular. Passamos um ano muito difícil. Mas ele deixou evidente que a força popular tem grande potencial para mudar o momento político tão turbulento que estamos passando. Em janeiro se inicia o Governo do atual Presidente da República Jair Bolsonaro. Um governo que declarou abertamente que vai privilegiar determinados grupos de comunicação em prol de outros; que irá fazer reformas políticas-sociais-econômicas que vão prejudicar diretamente a vida do povo;

Segurando a mão um do outro e uma da outra seguiremos juntos e juntas na construção dessa terra chamada Bahia e desse país chamado Brasil que governará para as elites sociais desse país, para que elas, com sua ganância desenfreada, cresçam absurdamente.

Expediente Brasil de Fato BA O jornal Brasil de Fato circula periodicamente com edições regionais na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mensalmente visibilizamos as vozes, as lutas e o cotidiano do povo baiano. Contra o monopólio da comunicação, na disputa das idéias e na construção de uma comunicação popular. Conselho Editorial: Áttila Barbosa, Ivo Saraiva, Edmilson Barbosa, Gabriel Oliveira, Allan Lusttosa, José Carlos Zanetti, João Carlos Salles, Vitor Alcantara, Emiliano José, Luciene Fernandes, Elen Rebeca, Moisés Borges, Leomarcio Silva, Leila Santana, Sebastião Lopes, Beniezio Eduardo, Allan Yukio, Amanda Cunha, Lucivaldina Brito, Marival Guedes. Redação: Anaíra Lobo, Carolina Guimarães, Elias Santana Malê, Jamile Araújo, Jonas Santos, Lorena Carneiro. Edição: Elen Carvalho (0005818/BA) Revisão ortográfica: Júlia Garcia Diagramação: Diva Braga Tiragem: 30.000 exemplares Escreva para nós: redacaobahia@brasildefato.com.br Rede Social: facebook.com/brasildefatobahia Contato/Publicidade: redacaobahia@brasildefato.com.br

O papel do Brasil de Fato é fazer as devidas denúncias desse governo, mas, principalmente expressar o tamanho da força que o povo tem no Brasil e na Bahia. Força essa que teve votos que demarcaram um projeto de país, que em seu conteúdo pensava a melhora da vida povo. Sabemos que serão diversas as pedras no caminho, diria o poeta Carlos Drummond de Andrade. Mas serão pedras que vão rolar para longe de nós, afinal, somos maioria e o mundo pertence a nós. Não esqueçamos que é hora de trabalhar mais e mais pela base, em nossas nossas comunidades, associações de bairro, sindicatos, entidades estudantis, locais de trabalho etc. É hora de lutar

ainda mais pela manutenção dos direitos mínimos e básicos que alteram a vida do povo brasileiro. É hora de estarmos juntos e lembrar a todo momento que estar só não é solução para nada. Segurando a mão um do outro e uma da outra seguiremos juntos e juntas na construção dessa terra chamada Bahia e desse país chamado Brasil. Animai-vos povo baiense, pois a hora da nossa liberdade ainda não chegou. Nossos inimigos dirão que a luta terminou. Nós afirmamos que ela apenas começou e que verdade será divulgada. Um bom e feliz ano novo! Nos encontramos em janeiro nos pontos já conhecidos e em tantos outros que consigamos chegar. CHARGE


Ricardo Stuckert

Brasil de Fato BA

GERAL l 3

Salvador, dezembro 2018

FRASE do mês

mandou

BEM

Devemos proteger os mais vulneráveis e reconhecer aqueles que dão tudo, inclusive sua liberdade, para construir a paz Adolfo Pérez Esquivel, sobre as movimentações para que o ex-presidente Lula seja indicado ao Nobel da Paz.

O que você mais gosta no verão da Bahia ?

É

o start do Estado de poesia. No litoral, apreciar os dias mais lindos do mar, o s melhores dias para as trilhas, ver como nosso povo trabalha o ano inteiro, no verão mais um pouco e com muita alegria e ritmo, não se nega papo, a resenha do fim de tarde, o converseiro e a breja para matar o calor. Para mim começa a contagem para o São João. Yana Dádiva, auxiliar administrativo.

Justiça reduz pena de Rafael Braga

R

afael Braga foi preso em junho de 2013, durante a dispersão de um protesto. Ele foi abordado por dois policiais civis carregando frascos de Pinho Sol e água sanitária. O caso transformou-se em símbolo do racismo e da seletividade penal no Brasil. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro o absolveu da acusação por associação ao tráfico de drogas, com isso, sua pena foi reduzida para seis anos.

mandou

O

MAL

que eu mais gosto no verão na Bahia é a energia boa. Salvador é naturalmente um lugar de encontros singulares, mas eu tenho a impressão de que durante o verão as pessoas são ainda mais abertas e mais incríveis, mais ensolaradas mesmo.

Divulgação

Amanda Julieta é fotógrafa

Syngera é condenada pelo assassinato de sem terra no Paraná

A

Divulgação

transnacional suíça Syngenta foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Paraná, no dia 29 de novembro, pelo assassinato do agricultor sem-terra Valmir Mota de Oliveira e pela tentativa de assassinato da agricultora Isabel Nascimento de Souza. A decisão dos desembargadores da 9ª Câmara do Tribunal de Justiça do Paraná confirmou a sentença de primeira instância, de 2015, que determinou que a empresa tem responsabilidade pelo assassinato e deveria indenizar a família das vítimas por danos morais e materiais. A decisão ocorreu após 11 anos do assassinato.

Ameaça à democratização das universidades

A

nunciado no dia 22 de novembro como futuro ministro da educação pelo presidente eleito, Ricardo Vélez Rodrigues disse ainda que “nem todo mundo quer fazer uma universidade”. Colombiano, professor emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército, Vélez aponta um projeto de educação tecnicista e despreza o direito à educação superior e a uma formação crítica e cidadã para jovens.


CIDADES I 4

Brasil de Fato BA

Salvador, dezembro de 2018

Festas de largo movimentam Salvador no último mês do ano

RELIGIOSIDADE. Santa Bárbara, Iansã e Nossa Senhora da Conceição da Praia são reverenciadas pelos soteropolitanos neste período Jamile Araújo

hegado o mês de C dezembro, a população soteropolitana ini-

cia a agenda de manifestações religiosas e populares, as chamadas “festas de largo”. Iniciando pelo dia 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara, padroeira dos Bombeiros, e dia de Iansã, orixá dos ventos e das tempestades. Esta festa começa com uma queima de fogos às cinco da manhã, seguida de uma missa campal no Largo do Pelourinho, procissão, oferenda de caruru e distribuição de acarajé. São pontos de parada da procissão, o Quartel do Corpo de Bombeiros e o Mercado de Santa Barbara, também localizados no Centro Histórico. Já no dia 8 de dezembro, temos as festividades de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia. Os festejos duram mais de quatro séculos, datam do período da fundação da cidade de Salvador, em 1549, quando foi construída ainda enquanto uma capela, por desejo do então governador do Brasil, Thomé

Tatiana Azeviche /Setur

A convivência entre catolicismo e religiões de matriz africanas como forma de resistência histórica e cultural Todas essas festas levam milhares de pessoas às ruas de lugares históricos.

de Souza. O festejo conta com novenas, procissão, missas e festa no largo do Mercado Modelo, no Comércio. No mês de janeiro, acontece a lavagem do Bonfim, com o cortejo que sai da Igreja da Conceição da Praia até a Colina Sagrada, no bairro do Bonfim, formando um tapete branco de milhares de pessoas numa caminhada de oito quilômetros, para agradecer, reafirmar a fé e reverenciar o Senhor do Bonfim na Igreja Católica e o orixá Oxalá no candomblé e na umbanda. Banho de

folhas, lavagem das escadarias, as famosas fitas coloridas do Senhor do Bonfim amarradas nos pulsos ou no gradil da Basílica, distribuição de mungunzá são algumas das marcas desta festa. Todas essas festas levam milhares de pessoas às ruas e carregam uma característica do povo soteropolitano: a convivência entre catolicismo e religiões de matriz africanas como forma de resistência histórica e cultural. Sem contar na mistura entre “sagrado” e “profano”, visto

que após as manifestações religiosas de agradecimento e pedidos, há programações musicais, venda de bebidas e comidas. Modificam a cidade e envolvem a população na sua construção, nas cores, nas danças, nos aromas, na fé. Até mesmo nas que não são feriado municipal, Salvador para e recebe as graças e bençãos.

Distribuição de acarajé: fé e agradecimento

u de Oyá Nereji, da L Ilê Axé Oya Nereji Acorô Omim, que teve

sua vida mudada após participar de uma festa de Santa Bárbara anos atrás, conta sobre o poder de transformação que a fé teve em sua vida. Foi em um quatro de dezembro, na procissão, que sentiu a necessidade de seguir no candomblé. Há cinco anos Lu distribui acarajé na festa de rua, como forma de forma de agradecimento a Iansã. Ela prepara e frita os “bolinhos de fogo” de “comer” - tradução de acarajé [acará + ajé] em Iorubá - na madrugada e, logo cedo, se arruma para seguir para o Pelourinho. “A distribuição começou com um balaio pequeno, nos ou-

tros anos fui aumentando, e meus filhos de santo começaram a chegar e me ajudar. Sempre que eu distribuo o acarajé de Iansã no Pelourinho, volto ao início de tudo. E volto mais fortalecida”. Lu de Oyá diz ainda que oferece o balaio para Oxum para agradecer no dia oito de dezembro; e no mês de janeiro, no Bonfim, distribui mungunzá na porta da Igreja. “Peço misericórdia e que o manto sagrado dele caia sobre as pessoas, sobre a Bahia, o Brasil e o mundo, para nos trazer paz, porque Oxalá é paz. E eu peço a Oxalá que aquele milho branco leve paz a cada coração que pegue aquele copo”, finaliza.


Brasil de Fato BA

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Salvador, dezembro 2018

Melhoria do ensino para quem? Danilo Ramos/RBA

EDUCAÇÃO. Reforma do Ensino Médio prevê mudança do currículo comum e impacta ensino público Elen Carvalho, com colaboração de Carolina Guimarães

A Lei 13.415 vem sendo contestada pelos estudantes e profissionais da educação.

S

ancionada por Michel Temer em fevereiro de 2017, a Lei 13.415 prevê a reestruturação do ensino médio. A proposta tramitou como Medida Provisória (MP) e posteriormente foi transformada em lei. Tal fato já é motivo para argumentos contrários à sanção, já que se trata de uma reforma importante e complexa que foi aprovada em 120 dias. A Lei 13.415 altera modalidades articuladas ao sistema educacional brasileiro, como a profissionalização. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um instrumento de aplicação da reforma do ensino médio, foi homologada em dezembro de 2017 pelo Ministério da Educação e atualmente tramita no Conselho Nacional de Educação. Na sua formatação tem, como únicos conteúdos obrigatórios, matemática e linguagens. Um dos argumentos que justificaram a medida é o de

O ensino à distância muito mais exclui do que inclui que o ensino médio não é atrativo, não dialoga com a realidade dos jovens e tem taxas de evasão muito altas. Marta Lícia Teles de Jesus, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, afirma que a lei não tem legitimidade. “Toda proposta que pretende atender a questões ligadas ao direito, sobretudo ao direito à educação de qualidade, que mexe com currículo,

formação de professores, elaboração de materiais didáticos, precisa ter, no mínimo, legitimidade daqueles que estudam, que trabalham e que desenvolvem suas atividades voltadas para essa área”, afirma. A falta de diálogo na construção da lei também é observada por Natan Ferreira, presidente da União dos Estudantes da Bahia (UEB), como um problema. “Essa Reforma foi pensada sem diálogo com a comunidade estudantil, sem entender as nossas especificidades e as dificuldades que existem em cada estado. O que é que os estudantes entendiam da Reforma do Ensino Médio? A maioria das nossas problemáticas nas escolas não era currículo e sim a parte estrutural. Faltam laboratórios, salas para audiovisual ou para pesquisa”, pontua o estudante. Conteúdos como química, física, geografia e artes se diluem nos chamados “itinerários for-

mativos”, que serão ofertados a depender da organização curricular de cada escola. Marta afirma que, na prática, isso é um problema. “Na Bahia estamos tentando vencer o desafio de termos professores especialistas em todas as áreas que são necessárias para atuar no ensino médio. Isso quer dizer, professores de física formados em licenciatura em física e assim por diante. Como essas escolas, aqui no estado, vão ofertar os itinerários se não tem todos os profissionais necessários? Essa Reforma diminui, inclusive, a nossa capacidade de refletir sobre a necessidade de ter todos os profissionais com formação adequada para lecionar”, considera. O aumento do abismo entre ensino público e privado é colocado por Natan como uma das consequências do novo currículo. Ele questiona: “Quem serão os estudantes que não terão acesso a diversas matérias? O pobres, oriundos

das periferias das grandes cidades, dos interiores. Vai ficar ainda mais distante o sonho daqueles estudantes mais pobres de acessar a universidade, por exemplo. Porque as escolas privadas certamente irão manter os seus currículos”. O fato mais recente foi a autorização feita pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) da oferta de 20% da carga horária do ensino médio diurno e 30% do noturno à distância. Os conselheiros afirmam que o ensino não presencial deverá contemplar “preferencialmente” a parte flexível prevista pela reforma do Ensino Médio, mas abre brecha para que muitas escolas passem a ensinar pela internet também conteúdos da base comum. Para ser efetivada, depende da homologação pelo Ministro da Educação e poderá ser implementada já no próximo ano. Natan argumenta que os estudantes organizados na UEB são contra esta medida por entenderem que “vai contra o que viemos lutando que é uma escola participativa, inclusiva, de contato direto entre professores e alunos”. Ao que segue, ele afirma: “ensino à distância muito mais exclui do que inclui. E os estudantes que não tem acesso à internet? Como vai ser de fato passado esse conhecimento? Será que isso não é uma forma do Estado abrir mão das suas obrigações em torno da educação? É distante da nossa realidade hoje”.


6 | BRASIL

Brasil de Fato BA

Salvador, dezembro de 2018

Bolsonaro e Guedes devem sacrificar trabalhadores e estrangular Estado Evaristo sa / afp

ECONOMIA. Para especialistas, melhor é não se empolgar com recuperação de curta duração Da Redação economia brasiA leira encontra-se destroçada. Pode até

apresentar alguma recuperação no curtíssimo prazo, no novo governo de Jair Bolsonaro. Mas a recomendação é não se empolgar. Esse impulso inicial deve ser de curta duração e péssima qualidade: com trabalhadores sacrificados, um Estado estrangulado e muita concentração de riquezas e oportunidades. Esse é o retrato trazido por especialistas ouvidos com exclusividade pelo Brasil de Fato. Paulo Kliass, doutor em economia, afirma ser provável que o país “tenha, nos primeiros meses de 2019, já algum grau de recuperação. Por quê? Porque a economia está completamente destroçada”. Kliass acredita, contudo, que esse respiro pode ser “o que a gente chama no economês do ‘voo de galinha’: Pode dar um saltinho agora, melhora um pouquinho, porque a base é muito ruim, a base de comparação, mas não é um voo que se sustente”, explica Kliass, que é também especialista em Políticas Públicas e Gestão Governa-

Economistas acreditam que esse respiro inicial pode ser “o que se chama no economês do ‘voo de galinha’, que não se sustenta”.

O que a gente vai ver agora é, na verdade, um projeto econômico que não foi suficientemente debatido mental. Esther Dweck, professora de Estudos da Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concorda com o diagnóstico do colega. Esther vê uma economia brasileira em situação “muito fragilizada”, que para se recuperar dependeria de uma “atuação vigorosa do Estado”. A professora entende que a política a ser adotada pelo próximo governo deveria ser oposta a essa que está sendo desenhada. Para

ela, a economia poderá apresentar “um impulso inicial, mas será de curta duração e de qualidade péssima, com muita concentração”. Um cenário preocupante, para uma economia cujo Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,5% em 2015 e outros 3,6% em 2016. Com esse brutal recuo na soma das riquezas produzidas pelo país e com a tímida retomada que se delineia a partir de 2017, a professora aponta que é possível que demoremos

“quase dez anos para recuperar o nível que a gente estava em 2014”. A queda no PIB, que afeta de forma dura o país como um todo, produziu um dramático aumento do desemprego no Brasil, que em sua taxa mais recente, ao final de setembro, atingia mais de 12,5 milhões de pessoas (veja gráfico). Outros 4,8 milhões de brasileiros e brasileiras encontravam-se na situação de desalento ao final de setembro, o que significa que desistiram de procurar emprego. João Sicsú, professor do Instituto de Economia da UFRJ, destaca que, “para o Brasil sair dessa situação, é preciso haver investimentos públicos”, mas aponta que “não vai haver investimentos públicos”, uma vez que o novo governo “está preocupado com

outras coisas: em privatizar, em desregulamentar, em retirar direitos trabalhistas”. A reforma trabalhista aprovada pelo Congresso Nacional no final de 2017 não entregou os milhões de empregos prometidos. No preciso diagnóstico feito pela agência de notícias Repórter Brasil, após um ano de sua aprovação, o que tivermos foi: “aumento da informalidade, redução no número de acordos coletivos, perda de direitos para trabalhadores rurais e enfraquecimento dos sindicatos”. Bolsonaro e sua equipe econômica devem trabalhar no sentido de aprofundar o que está dando errado agora, na leitura de Paulo Kliass. Nesse sentido, o Brasil deve viver uma “continuidade da política de austericídio”, conforme nos explica o especialista. Austericídio vem da junção de austeridade com morte. Isto é: a implementação de medidas de cortes de gastos públicos tão severos que têm como consequência a morte de pessoas. Pedro Rossi avalia que “o Brasil assinou um cheque em branco em termos econômicos” nas eleições, que foram marcadas por um debate muito raso nesse campo. “O que a gente vai ver agora é, na verdade, um projeto econômico que não foi suficientemente debatido”. Para Rossi, o governo precisará “ter muita habilidade, política, para poder encaminhar esses temas”.


Salvador, dezembro de 2018

Brasil de Fato BA

MUNDO | 7

Venezuelana sofre com sanções dos EUA ECONOMIA. Setores público e privado não têm conseguido fazer pagamentos e compra e venda no exterior Divulgação ALBA Da Redação

esde 2015, a Venezuela vive uma D grave crise política e eco-

nômica. Os conflitos entre o governo e a oposição provocaram diversas formas de pressão internacional, classificadas pelo governo de Nicolás Maduro como “guerra econômica”. A partir de 2017, o presidente dos EUA, Donald Trump, aplicou uma série de sanções econômicas sobre autoridades venezuelanas, mas também sobre o governo e as empresas privadas do país e também estrangeiras que atuam na Venezuela. O país latino-americano também foi proibido de fazer qualquer transação na moeda norte-americana. Muitas contas foram fechadas e recursos públicos bloqueados no exterior. De acordo com o ministro da Economia da Venezuela, Tarek el Aissami, justo quando o país começava a se recuperar, os EUA aplicaram novas sanções, no final de setembro, que afetou empresas privadas, empresários e particulares que comercializavam com a Venezuela. “O setor industrial e o farmacêutico terão suas contas em dólares fechadas pelos EUA e proibidos de fazer qualquer negociação em dólares”, indicou Aissami, em suas últimas declarações à imprensa na semana passada. Essa sanções impactaram o setor público e, sobretudo, o privado nas

Campanha denuncia ingerência do governo dos Estados Unidos nos assuntos internos da Venezuela

Aplicam

sanções, nos impedem de pagar os compradores de títulos da dívida venezuelana e por outro lado falam em ajuda humanitária

últimas semanas, que não têm conseguido fazer pagamentos nem compra e venda no exterior. A Venezuela é um país totalmente dependente da importação de itens básicos, como alimentos, remédios, peças para carros e maquinas, e medidas de bloqueio em transações comerciais podem gerar mais dificuldades para a população do país. Os erros na condução econômica do país, que priorizou a renda petroleira em relação ao desenvolvimento da indústria nacional e da agricultura são apontados por especialistas. O próprio presidente Nicolás Maduro reconheceu, em julho deste ano, que ocorreram erros e, portanto, é necessário uma “mudança total” na economia venezuelana. “Os modelos produtivos que testamos até agora fracassaram, e a responsabilidade é nossa, é minha. Va-

mos produzir uma mudança total”, declarou. A nova realidade exige uma engenharia financeira inédita, construída com intermediários junto ao sistema financeiro internacional, de acordo com o ministro da Economia. Esse cenário leva a uma alta dos preços dos produtos, subindo o custo de vida. “Os intermediadores bancários estão imponto taxas altíssimas para negociar com a Venezuela, se aproveitando dessa situação para enriquecer”, denuncia. Tarek el Aissami disse ainda que o governo dos EUA tem exercido pressão para que a Venezuela aceite ajuda humani-

tária, no entanto, essa pode ser uma das estratégias dos estadunidenses para abrir passo a uma intervenção militar, de acordo com as regras da ONU. Contudo, para Aissami, se o governo dos EUA realmente tivesse interesse em ajudar os venezuelanos bastaria retirar as sanções econômicas para que o país pudesse melhorar sua situação econômica. “Veja a dúbia ação dos EUA. Aplicam sanções, nos impedem de pagar os compradores de títulos da dívida venezuelana e por outro lado falam em ajuda humanitária”, critica o ministro.


8 | ENTREVISTA

Salvador, dezembro de 2018

Brasil de Fato Bahia

ENTREVISTA l 9

Qual o impacto da saída dos médicos cubanos do Brasil para o povo baiano? SAÚDE. Para falar sobre o assunto, conversamos com o Hêider Pinto, médico e professor da UFRB Arquivo pessoal

Jamile Araújo

governo de Cuba O anunciou a saída do programa Mais Médicos no dia 14 de novembro. A decisão foi tomada após o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciar que faria alterações nos acordos firmados desde o início do programa em 2013. A atuação dos médicos cubanos teve maior concentração em áreas periféricas das grandes cidades e municípios menores com pouca infraestrutura. Foram mais de oito mil profissionais que ocuparam as vagas anteriormente ofertadas a médicos brasileiros e estrangeiros de outras nacionalidades. COMO FUNCIONA O PROGRAMA MAIS MÉDICOS De acordo com Hêider Pinto, Médico Sanitarista, professor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano - UFRB, e responsável pelo Programa Mais Médicos de 2014 a 2016, o programa “Mais Médicos” trabalha três eixos. “O primeiro eixo é o provimento emergencial, que garante médicos para atuar na atenção básica nos locais que têm necessidade. O segundo é o da infraestrutura, que tenta garantir estrutura, condições de trabalho adequadas nas unidades de saúde para atender a população. E o terceiro é o da formação, o mais estruturante do programa, que busca formar a quantidade de médicos que o Brasil precisa. Além de prever a mudança da formação médica, adequar a formação às necessidades da população e do SUS. Expandindo

e interiorizando os cursos de medicina, ampliando o acesso para a população de baixa renda por meio das cotas e PROUNI e FIES”. PARTICIPAÇÃO DE MÉDICOS ESTRANGEIROS O médico explica que só foi necessário ter médicos brasileiros formados fora do país, estrangeiros e da cooperação internacional com Cuba porque, na primeira chamada com médicos brasileiros em 2013, não foram preenchidas nem 30% das vagas. “O programa prevê que todas as vagas obrigatoriamente devem ser oferecidas a médicos com registro no Brasil. As vagas não ocupadas depois dessa seleção são oferecidas a médicos brasileiros sem registro no Brasil, portanto formados fora do Brasil. Dessas, as não ocupadas são oferecidas a médicos estrangeiros sem registro no Brasil, e as restantes, depois dessas três chamadas, é que são oferecidas a cooperação internacional, feita com a Organização Pan Americana em Saúde (OPAS) e com Cuba”, comenta. RESPOSTA DA POPULAÇÃO Segundo o professor, a resposta da população foi muito positiva. As pessoas “consideram que ampliou o acesso, que são mais bem tratadas com os médicos do programa do que antes, que passaram a contar com médicos todos os dias perto de suas casas, com atendimento humanizado”, observa. No início, acreditava-se

A atuação dos médicos cubanos teve maior concentração em áreas periféricas e municípios com pouca infraestrutura que a língua seria uma barreira e isso não foi verificado. “Menos de 3% das pessoas saem das consultas com dificuldade de entendimento do que elas precisavam fazer. Porque embora tenha a língua diferente, tem a adaptação rápida e esses profissionais fazem o esforço de serem entendidos”. A população destaca dois principais elementos, a questão da humanização do atendimento e a resolução dos problemas de saúde. “Vários estudos mostram a melhoria nos indica-

dores de saúde, desde mortalidade infantil, aumento de pré-natal e diminuição de partos prematuros, passando até por melhoria dos controles de hipertensão e diabetes, melhor cuidado com saúde mental dentre outras coisas”, pontua. IMPACTO COM A SAÍDA DOS MÉDICOS CUBANOS “A saída de oito mil médicos é um problema gravíssimo, porque eles tão saindo dos lugares onde mais se precisa. São os municípios mais

pobres, populações mais vulneráveis, até em capitais como Porto alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Teresina, São Luis, Belém e Manaus”. A maior parte das cidades com grande percentual da população na extrema pobreza que foram mais beneficiadas pelo Mais Médicos estão na região norte e nordeste do país. “A Bahia, por exemplo, é o estado que tem proporcionalmente a maior número de médicos cubanos. Então, o efeito é muito danoso para essa população. Pessoas que passaram a ter médicos atendendo todos os dias da semana, perto de suas casas, com dignidade, humanidade, qualidade, resolvendo seus problemas, pela primeira vez, agora se veem voltadas a condição de 5/6 anos antes, quando elas não tinham esse tipo de atendimento”. O Ministério da Saúde divulgou no último dia 29 que 98% das 8,5 mil vagas abertas após a saída dos cubanos tinham sido preenchidas, embora ainda só 13% tinham se apresentado. Segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – CONASEMS, 40% dos médicos que se inscreveram para preencher as vagas já atuavam no SUS. Na Bahia, mais de 400 médicos dos 765 inscritos já trabalhavam na Estratégia de Saúde da Família, o equivalente a 54,4% do total. Logo, se trata de uma migração de profissionais e não a chegada de novos.

to tinha respondido uma demanda inicial de 13 mil médicos que as prefeituras fizeram. Atuando em mais de quatro mil municípios do país, garantiu médicos nesses municípios, que chegara a ter 18.240 médicos atendendo 63 milhões de habitantes. Com a entrada de Temer reduziram para 16 mil, e agora perdeu 8 mil, o que corresponde a metade dos médicos do programa”. Ele ressalta que no eixo infraestrutura, eram previstos investimentos de 5 bilhões de reais para construção de 6 mil unidades básicas de saúde e reforma de outras quase 20 mil. Até 2016 tinham sido feitas mais da metade dessas obras, mas depois foram paralisadas com o ajuste fiscal implementado no Brasil. “O eixo formação, que era para expandir as escolas de medicina para o Brasil ganhar sustentabilidade na quantidade de médicos, mudar a formação médica, garantir a residência médica em família e comunidade, foi bloqueado durante o governo Temer. O programa vinha funcionando muito bem em todos os eixos até o golpe de 2016, quando se paralisou o eixo de infraestrutura e formação, para atender interesses de quem aposta na medicina privatista, especialista e ineficiente. E com a eleição de Bolsonaro se desmontou o eixo provimento”, conclui.

BALANÇO DO PROGRAMA

“A saída é com muita luta, porque com a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos da saúde pelos próximos vinte anos, com o desinvestimento na atenção bási-

Segundo Hêider, o balanço até o momento era muito positivo. “O eixo provimen-

CONGELAMENTO DOS GASTOS EM SAÚDE E DESAFIOS

Araquém Alcântara

Mais do que nunca é importante integrar as mobilizações Araquém Alcântara

ca, com a saída de mais de 800 profissionais da Bahia, desmonte do SUS e valorização dos planos de saúde populares é uma situação muito temerária para a população brasileira, principalmente aquela que não pode pagar pela sua saúde”. Para Hêider não há outra solução a não ser lutar para garantir o que está escrito na constituição: a saúde é dever do Estado. “Mais do que nunca é importante integrar as mobilizações. Todos os movimentos, organizações, docentes, intelectuais, movimentos populares, sindicatos, e organizações políticas precisam colocar na pauta um conjunto de elementos que tem que garantir o mínimo de estado de bem estar social no país, a saúde está dentro disso. Então é importante que a pauta para garantir o direito à saúde, serviços na quantidade e na localização que a população precisa e atendimento com dignidade é algo que tem que estar figurando entre as prioridades de todos os movimentos”, finaliza.

Araquém Alcântara


10 | OPINIÃO

Salvador, dezembro 2018

Artigo 25 de novembro: um dia que marca a história do feminismo popular

Brasil de Fato BA

Artigo

A história por trás de Luiz Gama *Mouzar Benedito

Lua Marina*

O

25 de novembro foi definido pela ONU como Dia Internacional de Enfrentamento à Violência Contra Mulheres em 1999. Porém, há décadas já era um dia de luta para as mulheres latino-americanas, que estiveram presentes nas diversas lutas por libertação travadas neste continente, na resistência à escravidão, nas guerras por independência e na oposição popular aos governos ditatoriais que se instalaram em várias nações. Essa é a origem e razão de ser do feminismo popular que reivindicamos, construído por mulheres que se colocaram em luta pela transformação radical da sociedade. A ditadura de Rafael Leónidas Trujillo - 1930 a 1961- na República Dominicana teve entre seus principais inimigos as três mariposas, como ficaram conhecidas as Irmãs Mirabal – Minerva, Patria e María Teresa. Elas foram assassinadas em 25 de novembro de 1960 pela ditadura, fato que comoveu o país e foi o estopim da revolta popular que a levou ao fim. Alguns afirmam ser esta uma data comemorativa, embora pareça haver muito pouco a ser celebrado, sobretudo em nosso país, onde registram-se alarmantes índices de violência de gênero.

As mulheres têm levado a mensagem da resistência, da luta e da organização Segundo dados do Mapa da Violência de 2015, nos últimos anos, houve um agravamento das mortes de mulheres, com aumento de 21% em relação à década passada. Isso recai mais cruelmente sobre as mulheres negras, pois nesta parcela populacional, o feminicídio aumentou 54% enquanto que entre as mulheres brancas, diminuiu 9,8%. Essa realidade é enfrentada pelas mulheres na luta política. Em um contexto de eleição de um governo autoritário, com ameaças de graves retrocessos e de violenta repressão, as mulheres têm levado a mensagem da resistência, da luta e da organização. Com a licença de Pablo Neruda, a quem pertence a metáfora original, a cada 25 de novembro, anunciamos: podem matar uma, duas ou até três mariposas, mas jamais poderão deter o tempo das borboletas. *Professora e pesquisadora em Direito e Filosofia, militante da Consulta Popular

U

m dos grandes lutadores contra o escravismo no Brasil, a quem a história oficial não dá muita importância, é Luiz Gama. Ele nasceu em Salvador, em 1830, filho de uma negra livre, Luíza Mahin, e de um fidalgo de origem portuguesa. Sua mãe participou de todas as revoltas negras de Salvador no início do século XIX. Em 1837, depois da tentativa de proclamar a “República Bahiense”, na Sabinada, ela teve que fugir para não ser presa e provavelmente morta. Deixou o filho com o pai e foi para o Rio de Janeiro. E o pai se revelou um canalha: vendeu como escravo o filho que completara 10 anos de idade, para pagar dívidas de jogo. Levado para São Paulo, ele não foi comprado por ninguém, pois quando sabiam que era baiano os senhores de escravos paulistas temiam que induzisse outros escravos a se rebelarem, porque na Bahia houve muitas revoltas contra a escravidão. Assim ficou sendo escravo do próprio traficante. Luiz Gama aprendeu a ler e escrever com um estudante que se hospedou na casa onde era um escravinho que fazia de tudo. Mais tarde, conseguiu provar na Justiça que era um homem livre,

Foi também poeta e jornalista, sempre militando contra o escravismo não podia ser escravizado. Depois leu a biblioteca jurídica inteira de um desembargador com quem foi trabalhar, tornou-se um rábula, advogado não formado, que na época podia exercer a profissão, dedicando-se a libertar escravos. Foi também poeta e jornalista, sempre militando contra o escravismo. Conseguiu libertar mais de 500 escravos e, no fim da vida, estava se convencendo de que precisava usar outras formas de luta para combater o escravismo. Morreu seis anos antes da Lei Áurea. Mas seu espírito combina mais com outra data: 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares. Durante o julgamento de um escravo que matou o senhor que o maltratava muito disse: “O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata, sempre, em legítima defesa”. Escritor, geógrafo e contador de causos


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Salvador, dezembro 2018

CULTURA | 11

Manifestação cultural brasileira, samba é celebrado em dezembro EXPRESSÃO. Dia do Samba foi instituído há 46 anos pela Câmara de Vereadores de Salvador Dôra Almeida

Anaíra Lobo e Elen Carvalho

“Eu sou o samba A voz do morro sou eu mesmo sim Senhor Quero mostrar ao mundo que tenho valor Eu sou o rei dos terreiros” ais do que um ritM mo musical, o samba é expressão cul-

tural brasileira e aparece em várias configurações. Cantado, dançado e tocado por pessoas diversas, em locais que vão É um ritmo que é pulsante, ele chega em todo mundo, atinge todo mundo”, afirma Juliana. desde rodas com os amigos, encontros de família até grandes shows, seu dia é comemorado ra, historiadora e mesno 2 de dezembro há 46 tre em Cultura e Socieanos. A data foi escolhi- dade. da em Salvador pelo enConfira: tão vereador Luis Monteiro Costa, que a propôs como homenagem ao compositor Ary BarUma das conclusões roso na data de sua prique a gente chega é enmeira visita a Bahia. tender que o samba é híO nascimento ofiproporção de espetácubrido em si, na sua conscial do Samba data do lo, mas sai daqui. O samdia 27 de novembro de trução musical. Primeiro, ba, que era uma coisa fei1916, quando ocorreu o é um ritmo afro-brasileita nos morros, nos gueO samba sai daqui pela tos, nas favelas, consegue registro da música Pelo ro. É importante que esmigrante, dialogar com pessoas de Telefone, composição teja claro que ele é afro- população -brasileiro porque a ma- principalmente da região outras instâncias sociais. de Donga, na Biblioteca triz, a clave - o kabila Nacional. Mas o Sam- vem de África. Mas os do Recôncavo, e vai para ba de Roda já existia na instrumentos que com- o Rio de Janeiro que era Bahia, em todo o Re- põe a sua estruturação então capital do Brasil. Essa população sai daqui côncavo, desde o início são de ascendência ára- em busca da confirmaA mesma matriz Bantu, do século XIX, integra- be. Isso nos ajuda a en- ção de suas liberdades, já da região de Congo e Ando às festas dos terrei- tender que é uma coi- que eram negros libertos, gola, aportou em diferenros de Candomblé. sa própria, é um gêne- alforriados, mas que não tes lugares no Brasil. Isso Para falar um pouco ro musical que nasce no conseguiam exercer essa vai se hibridizar de várias do assunto, conversa- Brasil com as contribui- liberdade na prática no formas e criar essas vamos com Juliana Ribei- ções culturais do povo interior da Bahia. E, no riações. O kabila é a céluro, cantora, composito- brasileiro. Rio, o samba ganha outra la base, está em tudo no

Raízes

Quando se fala em samba, sempre remete à ideia de comunidade, de família, de alegria, de pertença”

Surgimento

Variações

samba. Aqui, deu origem ao samba-chula, ao samba de roda. Sai daqui e vai pro Rio de Janeiro, se hibridiza com o jongo, por exemplo, um dos antecessores do samba mais pujantes, que até hoje se faz muito. Depois vai cair na célula do samba que a gente conhece hoje. A mesma matriz que sai de África chega no Brasil e vai construir variações diferentes de acordo com a região, pela questão cultural mesmo, pelas tribos indígenas daquele lugar, pelos instrumentos portugueses que tinham acesso.

Samba na atualidade Existem várias funções sociais. Quando se fala em samba, sempre remete à ideia de comunidade, de família, de alegria, de pertença, mas o samba acima de tudo é o lugar onde eu sei que vou encontrar os meus e onde posso falar das minhas questões. O samba é música de protesto e sempre foi, quando o hip hop nem tinha chegado no Brasil. Sempre foi o samba. Eu acho que ele tem várias funções e é justamente por permitir, de uma forma muito bacana, elegante, bonita e sem clichês, que a gente fale dos nossos sofrimentos. É um ritmo que é pulsante, ele chega em todo mundo, atinge todo mundo, né? Eu digo que o samba é uma música pensante e dançante.


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O que

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Jamile Araújo

esta edição a indicaN ção vai para a exposição Àṣẹ - Poéticas de Empoderamento. Asé conta, a par-

Asè - Poéticas de Empoderamento

tir de fotos, vídeos, objetos e documentos, a história, as lutas, a resistência, o legado e a beleza dos Blocos afro e do movimento negro baiano. É dividida em cinco par-

tes: origens, momento que celebra as raízes, os espaços de vivência coletiva, com homenagem ao candomblé; música, enquanto saber ancestral e veículo de informação, que conta a história do povo negro, com destaque para os ritmos e letras; estética, trazendo beleza e comportamento como ferramentas no processo de construção de identidades e subjetividades; dança, partindo do corpo como espaço de memória, de expressão e de autoconhecimento; além de uma linha do tempo, com momentos importantes da história de cada um das entidades homenageadas. Asé tem produção executiva de Claudia Lima, da Janela do Mundo, e curadoria dos próprios blocos e afoxés. A exposição pode ser visitada gratuitamente na Caixa Cultural Salvador até o dia 30 de dezembro, de terça a domingo, das 9h às 18h. A Caixa Cultural fica na Rua Carlos Gomes, nº 57 – Centro. Não perca!

Percorrendo nossos sabores Farinha de Mandioca farinha de Mandioca, produto da Maniba (MaA nihot esculenta) ou Mandioca Brava, como é popularmente conhecida, é muito importante para o re-

Jonas Santos.

côncavo baiano. Um dos componentes essenciais da dieta do povo brasileiro é base da alimentação do povo nordestino. A mandioca é uma planta de onde se aproveita tudo, desde a raiz, caule até as folhas. A farinha é apenas um dentre os vários produtos da versátil planta. Seu cultivo emprega muita gente. De herança indígena, o cultivo da Maniba gera além da farinha, a goma e a tapioca. Seu caule raspado é usado para alimentação de bovinos e sua folha produz a Maniçoba.

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Bahia Meu País

Reprodução

Ilha de Itaparica km de Salvador pela tra13 vessia marítima, chega-se à Ilha de Itaparica na Baía

de Todos os Santos. Dividida entre os municípios de Itaparica e Vera Cruz, sua costa tem mais de 36 km de praias e é cercada por corais denominados “Recifes das Pinaúnas”. Possui fontes de água doce que estão entre as mais importantes do Brasil. A Ilha foi palco de revoltas como a luta pela Independência da Bahia (18211823), sendo o berço da guerreira negra Maria Felipa. Também é cenário da obra “Viva o povo brasileiro” de João Ubaldo Ribeiro, um filho da terra. Sua exuberância natural pode ser comprovada pelas praias de Aratuba, Cacha Prego e Penha, e nos passeios de barco até a Ilha do Amor e às Caramuanas, ponto para mergulho que abriga recifes com menor interferência humana na Baía. A terceira igreja fundada no Brasil, datada de 1560, está na localidade de Baiacu. As ruínas estão sustentadas por raízes e troncos de gameleira, numa simbiose secular. O descaso aliado ao atropelo do crescimento da região metropolitana, não foram capazes de destruir a beleza do lugar e do povo pescador e marisqueiro que resiste em seu modo de vida, abraçado pelo mar.


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Salvador, dezembro 2018

HORÓSCOPO DO MÊS DE DEZEMBRO

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CAÇA-PALAVRA

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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Os trabalhos de Hércules Hércules é um SEMIDEUS da MITOLOGIA grega, filho de Zeus com a mortal Alcmena. Hera, a mulher de seu pai, tentou de todas as maneiras eliminá-lo e, como não conseguiu, fez com que ele enlouquecesse e pusesse fogo à própria casa, matando sua família. Desnorteado, foi ao ORÁCULO de Delfos, que o instruiu a servir a seu PRIMO Euristeu, para se REDIMIR das mortes. A ele foram designadas doze TAREFAS consideradas IMPOSSÍVEIS de serem realizadas por um MORTAL, mas ele foi bem-sucedido. Eis os doze trabalhos de HÉRCULES: matar o leão de NEMEIA; matar a Hidra de Lerna, uma SERPENTE com sete cabeças venenosas; capturar o JAVALI de Erimanto; capturar a CORÇA de Cerineia, com CHIFRES de ouro e cascos de bronze; expulsar as aves do lago de Estinfale; limpar os ESTÁBULOS do rei Augias em um dia; capturar o touro SELVAGEM de Minos; domar os CAVALOS do rei Diomedes que devoravam homens; obter o cinto de Hipólita, rainha das AMAZONAS; buscar o gado de Gerião; levar as maçãs de ouro do JARDIM das Hespérides para Euristeu; e capturar CÉRBERO, o cão de três cabeças que guardava as portas do inferno.

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Solução

ÁRIES - 21/03 a 19/04 Dezembro com mais entusiasmos e vontade de viver plenamente. Aproveite sua autoconfiança para traçar novas metas para 2019. Use sua mente brilhante. ♉TOURO-20/04 a 20/05 Mês intenso e positivo. Terá que tomar decisões importantes, mas não saia do eixo. Hora de tocar seus sonhos. 2019 te aguarda. ♊GÊMEOS - 21/05 a 21/06 Você terá vontade compartilhar suas alegrias com seus amigos. Mas faça isso com prudência. Conseguirá administrar melhor a paz em sua vida. Mais tranquilidade em 2019. ♋CÂNCER -22/06 a 22/07 Faça sua retrospectiva do ano e orgulhe-se de si mesmo. Hora de usar sua inspiração e sair do seu cotidiano. Aproveite as oportunidades que a vida vai lhe oferecer em 2019. ♌LEÃO - 23/07 a 22/08 Após esse ano difícil, está na hora de se presentear. Nada e ninguém poderá impedir sua felicidade. Mantenha sua serenidade, e entre pleno em 2019. ♍VIRGEM - 23/08 a 22/09 Muitas vezes para obtermos sucesso é necessário mexer em alguns pauzinhos. Faça isso sem medo para mudar alguns pontos específicos da sua vida em 2019. ♎LIBRA -23/09 a 22/10 Apesar de todas as dificuldades que teve que superar este ano, você vai descobrir que está feliz e que a vida é bela. Aproveite para colher seus frutos em 2019.

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♏ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Final de ano cheio de energias positivas. Ouça conselhos e orientações. Vai te ajudar muito nas suas escolhas e decisões de 2019. ♐SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Hora de desacelerar. Momentos de paz e harmonia. Relaxe, respire fundo e reveja o ano que passou. Mais equilíbrio e personalidade para 2019.

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A I E M E N

O R A C U L O P R S S O P M I M E S O E V

VISITE NOSSA PÁGINA

♑CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/01 Momento de ver o que foi bom e o que pode melhorar. Aproveite seu amadurecimento e defina suas prioridades. Sucesso pleno e absoluto em 2019. ♒AQUÁRIO - 20/01 a 18/02 Finalmente um mês com tranquilidade. Se liberte das energias negativas. Momento especial no que diz respeito à sua espiritualidade em 2019. ♓PEIXES - 19/02 a 20/03 Depois de tantos desacertos nesse ano, pense em soluções reais. Nem tudo tem que ser como você quer. Muitas oportunidades estarão a sua disposição em 2019. Ivete Andrade (Alta Sacerdotisa das Tradições Wicca)


VARIEDADES | 14

Brasil de Fato BA

Salvador, dezembro 2018

Direitos de Fato Reforma da previdência: um ataque aos direitos dos brasileiros esta edição, iremos abordar um dos primeiros ataques aos direitos N sociais dos trabalhadores já anunciados pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro: a retomada da Reforma da Previdência. Hoje, para se apo-

sentar pode-se optar, em geral, pela aposentadoria por idade, em que se exige 180 meses de contribuição e a idade mínima de 65 anos para homens e de 60 anos para mulheres, tendo uma redução de 5 anos no caso de trabalhadores rurais ou pela aposentadoria por tempo de contribuição, na qual se aplica a Regra 85/95 – a soma da idade mais o tempo de contribuição deve ser de 85 anos para mulheres e 95 anos para homens. O anúncio do novo governo indica que se instituirá uma idade mínima única (65 anos) e o “sistema de capitalização”. Neste, cada trabalhador terá uma conta individual, de forma que cada um guarda o dinheiro para sua própria aposentadoria e apenas receberá o que depositou nesta conta, uma verdadeira poupança. É um sistema diferente do atual, chamado de “repartição”, baseado na solidariedade geracional, em que o trabalhador da ativa paga os benefícios de quem já está aposentado e quem pagará sua aposentadoria, no futuro, é quem estiver trabalhando quando esse tempo chegar. Ou seja, o presidente eleito quer criar um sistema de aposentadorias em que será muito mais difícil para os mais pobres se aposentarem. *André Barreto é advogado no Recife (PE) e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).

Amiga da Saúde Fiz um teste rápido de gravidez no Centro de Saúde e deu positivo. Não pediram o de sangue. Posso confiar que estou grávida? Jucimara Lopes, 24 anos, artesã.

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ode confiar sim, Jucimara. Os testes rápidos de gravidez são altamente confiáveis quando o resultado é positivo. A maioria desses testes consegue detectar a gestação em torno de 7 dias de atraso menstrual, ou até menos, dependendo do fabricante. Já o exame de sangue comum identifica a gestação mais cedo (em torno de 8 dias de fecundação), antes mesmo do atraso menstrual. O pré-natal deve iniciar o quanto antes e por isso o teste rápido é um aliado importante. Se você permanecer insegura, peça para fazer o teste sanguíneo no centro de saúde.

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Único de Saúde I Coren MG 159621-Enf.

Para entrar em contato e tirar dúvidas mande um email para contato.pe@brasildefato.com.br ou um whattsapp para 8199060173

Nossa Cozinha: Pão de panela de pressão Phillyp Mikell

INGREDIENTES

MODO DE PREPARO

1 ovo 1 copo de leite morno ou água 25 g de fermento biológico 1 colher de açúcar 500 gramas de farinha de trigo ½ xícara chá de óleo Sal a gosto Margarina para untar Fubá para enfarinhar 200 g de bacon e calabreza em cubos 200 g de queijo mussarela ½ xícara de azeitonas picadas

Misture todos os ingredientes formando uma massa lisa e deixe crescer por 40 minutos Depois, misture o recheio na massa e coloque na panela de pressão untada com margarina e fubá. Pincele com gemas, polvilhe com orégano e queijo ralado Deixe crescer por 10 minutos e coloque no fogo por mais 30 minutos. Bom apetite!


Brasil de Fato BA

Fabio Rodrigues Pozzebom- Agência Brasil

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Salvador, dezembro 2018

ESPORTES | 1515

Ciclismo traz benefícios tanto para o Brasil de Fato PE Salvador, setembro de 2018 para a musculatura coração, quanto

Juventude baiana acampa em Salvador e usa arte para defender a democracia

cia sempre a alimentos mais naturais, como frutas e raízes, carboidratos mais complexos. Também é necessário hidratar-se durante a atividade física, assim como no resto dia. Nosso organisLorena Carneiro Levante Popular da Juventude mo precisa da hidratação, moramos em um scolas e univerpaís onde faz muito casidades ocupaNós existimos lor, é preciso estar semo lazer nos fins de sedas, atos nas ruas, mulares, fortalecer o bomros pichados: diversas pre bebendo água”, recondiPara ir ao trabalho, passear ou como modalidades esportiva, bici- beamento do coração, mana: “Senti um e vamos lutar são as formas que a juforça. evitar hipertensão e cionamento físico mecleta é um dos meios detem transporte mais tradicionais. ventude encontrase sente bem Outra recomendação outras doenças crôni- lhor,ro,você do para resistir ao golmuita luta. “Levar que viemos. Nós existimos ele deixa para os mais disposto”, reforça. e à perda de direida atividade rítmica e cas, como obesidade e esses jovens pro Acam- iniciantes, e vamos lutar”. Maria SAÚDE.pe Exercício é que eles No entanto, o persotos no governo Temer. pa é construir um ins- Júlia Soares, estudancíclica, essa modalida- diabetes”. Além disso, comecem com pequenal trainer afirma que, trabalhaÉdiferentes pensando nessa retrumento contra o gol- te do 3º ano do enside esportiva é bastante Jefferson relembra que beldia aliada às diverdistâncias, como além regupe.da A prática juventude alto- nas no médio em Salvador, a atividade em biciclepotencialidades do e ideal para o sas expressões dacompleta cul5 ou 10 km, para irem lar, é preciso que os ini-sertaneja não vai ficar reforça a participação dos tas também ajuda “forcorpo e tura ajuda na que odesenvolvimento popular Lesentindo como está de fora”, afirma Marta dos secundaristas: “Ao ciantes prestem atende energia talecendo a musculaPopular dasistemas JuMamédio, de Guanammelhoravante do condiimportância dos senível de condicionação em outras questões ventude realiza emaeróbico Sale anaeróbico, tura dos membros infeJorranecontribuir Quinto, de mento cundasfísico. no AcampaPor fim, quebi. poderão cionamento físico vador entre os dias 6e a depender da intensi- riores, dependendo da Itabuna, destaca a immento tem a ver prinJefferson chama atenpara o alcance de bons 9 de setembro o seu 2º força e do tempo, bedade e da duração. portância do Levante e cipalmente com a luta ção para os equipaAcampamento Estaresultados. O primeiro como o acampamento pela vida da juventuJefferson Reis, neficiando também a Marcos Barbosa dual. Com o lemaSegundo “Orurança, deles é a prática há-de mentos resistência muscular”. contribui parade luta de, que de temseg direito a físico, persoganizar a rebeldiaeducador para que são essenciais para bitos saudáveis, como mulheres, negros(as) e uma educação públiJefferson afirma que nal trainer e ciclista há defender democralém de ser uma dos atividadee segura. “É boa “Há alimentação dois anos uma ca, gratuita de qualiessas melhoras foram umaLGBTs: cia”, um dos objetivos meios de transpor- mais de 10 anos, uma importante tomar os deo Levante muda a midade.” percebidas por ele no e beber água. “[É funfortalecer a organizadas principais vantate maiséção tradicionais dar a situação atual é a nha vidaestar e hojeseem dia vidos As cuidados inscriçõesutilizanpara alicoletiva. “O Levanpróprio corpo, naacampanme- damental] gens do ciclismo são organização popular”, todo o estado posso dizer que sou o Acampamento do mundo, a bicicleta de bem, evitan- do os equipamentossão te quer se apresentar dida em queSalvador mantevenuma a mentando os benefícios que a atiafirma Elen Rebeca da do em eu mesma. Sou inmu- segurança, gratuitas eporque podempode ser também como é famosa por uma ferramendo comer produtos prática para se deslocar Coordenação programação que in- lher, lésbica, sou feliz. feitas a partir da págitraz para o co- Naser utilizada poresperança espor- vidade ta de para Silva, acidentes de trâne reforçar fritu- haver cional do movimento. durante a semana, e a dustrializados clui oficinas culturais, O Acampa vai na do Levante Bahia ração: “Vamos evitar a juventude, porque a tistas para a prática do sito” conclui. ras, dando preferêna bicicleta Serão 700 jovens utilizar de debates, showspara e, cla- quem somos e pra que no Facebook. cardiovascumuciclismo.principal Fazendoforma uso dedoenças

muitodo importante ORGANIZAÇÃO. II Acampamento É Estadual Levante Popular da Juventude irá tomar os devidos cuidados reunir 700 jovens de todo o estado utilizando os equipamentos de segurança

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ESPORTES | 16

Brasil de Fato BA

Salvador, dezembro de 2018

NA GERAL

GOL

BaVi lança campanha pelo respeito às mulheres no futebol

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Reprodução site

Jackie Silva receberá troféu Brasil para (só) gringo ver no Prêmio Brasil Olímpico spírito de liderança, coragem E e eficiência técnica e física são algumas das marcas da carreira esportiva de Jaqueline Louise Cruz Silva, homenageada com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, no Prêmio Brasil Olímpico 2018, no próximo dia 18. A carioca, de 56 anos, cravou seu nome na história do esporte nacional ao se tornar a primeira brasileira a conquistar, ao lado de Sandra Pires, o ouro olímpico nos Jogos de Atlanta 1996.

o último dia 16 de novembro, N ao bater por 1x0 o Uruguai, em amistoso, o Brasil atingiu uma nova

marca: a de ter como “casa” um estádio estrangeiro. Com aquele jogo, o Emirates Stadium, em Londres, se tornou o estádio que mais recebeu jogos do Brasil desde 2000, com oito partidas, empatado com o Morumbi, em São Paulo. Excluindo os jogos da Copa do Mundo no Brasil e as eliminatórias da Copa e contando apenas os amistosos, veríamos que a Seleção faz mais jogos na Inglaterra e Estados Unidos que no próprio Brasil.

Sempre avançando por Ezio Sales

DE PLACA

Thaynara Lima

s esporte clube Bahia e O Vitória lançaram no último clássico do dia 11 de no-

vembro a campanha #mulheresnofutebol. Feita em conjunto com o Ministério Público do estado da Bahia, a partir de um termo de cooperação técnica assinado pelos clubes, a campanha tem por objetivo incentivar o respeito às mulheres nos estádios dentro e fora de campo, combatendo a discrimimação contra torcedoras, árbitras, médica dos times, bandeirinhas. A ação dos clubes cumpre papel importante no diálogo com a sociedade e no combate à violência contra as mulheres.

GOL

CONTRA

Fim do Ministério do Esporte

partir do ano que vem, o Esporte passa a dividir a pasA ta com a Educação e a Cultura. De acordo com seu site oficial, o ME é responsável por construir uma Política Na-

cional de Esporte e trabalhar ações de inclusão social por meio do esporte, garantindo o acesso gratuito a prática esportiva, qualidade de vida e desenvolvimento humano. A decisão era esperada já que a palavra “esporte” sequer era mencionada no programa de governo de Jair Bolsonaro no TSE. Isso não significa que os investimentos na esfera esportiva vão acabar, mas que precisamos estar alertas.

A tragédia Ricardo David

Declaração da Semana

por Bete Dantas

o fim de cada temporada é inevitáor mais conturbado que tenha termiN vel olhar para trás e relembrar o que P nado o ano de 2017 no Vitória, jamais aconteceu no ano que se finda. O que imaginaríamos que 2018 poderia ser ainda pode ser uma tarefa complicada para alguns, já que nunca é fácil rememorar as tristezas, é prazeroso para a torcida do Bahia. O ano não foi o ideal, isso é verdade, sobretudo por conta da perda do título do Nordestão. Porém, o clube voltou a chegar às quartas de final da Copa do Brasil depois de muito tempo e chegou pela primeira vez às quartas de final da Sul-americana, sendo eliminado devido a erros de arbitragem. O ano não foi perfeito, mas nos permite olhar para o futuro com esperança e felicidade.

pior. Após renúncia de Ivã de Almeida, Ricardo David foi eleito prometendo modernização e inovação. Comprometeu-se com a criação de um centro de inteligência para acompanhamento do mercado; gestão profissional; títulos; competitividade; captação de novos sócios. Ficou apenas na promessa. Como saldo da sua gestão temos: Vitória eliminado de todas as competições que disputou e um vergonhoso rebaixamento para segunda divisão. Por orgulho ou pirraça, RD insiste em ignorar os clamores da torcida pela sua renúncia.

Há mais denúncias de racismo no futebol. O pacto de silêncio foi quebrado Marcelo Carvalho, idealizador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, organização que monitora e divulga casos de racismo, além de promover ações educativas sobre o tema.


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