Edição 95 do Brasil de Fato MG

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Lidyane Ponciano

MUNDO 11

Reprodução / Torcida Mafia Azul

16 ESPORTES

“Queremos uma O Mineirão é mudança real” nosso? Em discurso aos movimentos populares, Francisco critica o Capitalismo e diz que o futuro está nas mãos do povo organizado

Minas Gerais

17 a 23 de julho de 2015 • edição 95 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

Crise é dos bancos, Grécia paga o pato

5 MINAS

Reprodução

Thiago Santos

12 CULTURA

Após reforma dos estádios, ingressos brasileiros são os mais caros do mundo. Torcedores protestam contra Minas Arena

Reprodução / Left.gr

Lá da Favelinha pede doações

Anticoncepcionais no paredão

Centro Cultural do Aglomerado da Serra promove aulas de arte gratuitas para população e precisa de ajuda para manter atividades

Para tomar a pílula, é necessário fazer consulta prévia. Decisão final é da mulher

Desde 2008, a Grécia passa por uma crise que aumenta o desemprego, os juros e inflação, por culpa de dívidas de bancos privados. População votou em plebiscito pelo fim de medidas de austeridade. Um novo acordo promete estabilizar a economia do país e evitar um colapso financeiro, Tradicional festa junina de mas pode também significar mais privatizações e menos direitos BH reuniu 120 mil pessoas. 30 quadrilhas competiram e Feijão 10 MUNDO Queimado foi a campeã

9 ENTREVISTA

Reprodução

Arraial de Belô anima cidade

Divulgação PBH

13 CULTURA

Dois anos de Mais Médicos Ministro da Saúde analisa programa que ampliou atendimento de saúde para mais de 63 milhões de pessoas


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

editorial | Brasil

Em meio à briga de cachorros grandes

Confira página especial que abriga uma análise de três votações relevantes e polêmicas: a terceirização, a redução da maioridade penal e financiamento empresarial de campanhas. Os dados apresentam uma “bancada” que não só inclui legendas da oposição, mas também grande parte da base aliada. Acesse: http://facesdecunha.brasildefato.com.br

ESPAÇO dos Leitores

Perfeita colocação porque verdadeira, inteligente e elegante. Características que os nossos partícipes da “casa grande” nunca tiveram porque mentirosos, grosseiros, preconceituosos e ignorantes, mesmo que especialmente ‘universitários’. Troccoli FT comentando o artigo “Imagem não é tudo”, de João Paulo Cunha

Eu sempre olhei torto para o Vaticano, mas tenho que dar o braço a torcer e aplaudir Vossa Santidade. André Vieira comentando a matéria “Os papas falavam para os pobres. Francisco chama os movimentos para ouvir”

Que sensacional... Tô doida pra ver! Valéria Singi Siqueira comentando a matéria “Filme conta as histórias dos moradores da maior favela de Belo Horizonte”

É incrível como uma única pessoa consegue destruir todo um sistema que já não é democrático e deixa-lo ainda pior. FORA CUNHA! Thiago Dehon de Souza comentando a matéria “Pacote de Cunha bane Luciana Genro e Marcelo Freixo dos debates na TV”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br Giovani Clark

As disputas internacionais têm ção de projetos políticos pautados influência direta na luta política na garantia da soberania nacional de cada país. Ao longo da história, e na ampliação da cidadania polítiquando houve simultaneamente ca e social através de reformas decrise econômica e acirramento das mocráticas e populares. disputas entre as grandes potênO acúmulo de frentes de batacias econômicas e militares, tive- lhas, militares e diplomáticas, em mos chance de mudanças nos pa- meio a uma profunda crise ecoíses dependentes. nômica ameaça a ordem unipolar Assim ocorreu na primeira me- do imperialismo estadunidense. tade do século XIX quando o en- Potências econômicas e militares volvimento como a Rúsde Portugal e sia e a China, Papa denuncia mazelas Espanha nas que desponta do capitalismo guerras nacomo grande p o l e ô n i ca s potência ecoabriu espanômica, arço para a independência em mui- ticulam interesses comuns e em tos países da América Latina. A Pri- contradição com os interesses dos meira Guerra Mundial (1914-1918) EUA. contribuiu para abertura de uma Some-se a isto tudo a emergênvaga revolucionária entre 1917 e cia do Papa Francisco com sua po1923. A polarização entre o campo lítica de reforma interna na Igreja capitalista e socialista no pós-Se- Católica, buscando resgatar a opgunda Guerra (1939-1945) favore- ção da Igreja pelos pobres e o comceu a emergência dos movimentos promisso dos cristãos com a transde libertação nacional em diversas formação das estruturas da sociepartes do mundo. dade. Um Papa que denuncia as Um contexto internacional favo- mazelas do capitalismo e estimurável é um fator fundamental pa- la as novas gerações a buscar uma ra o êxito de projetos políticos de- nova ordem econômica. Foi esta a mocráticos e populares. Neste mo- mensagem que o Papa deixou na mento, podemos identificar algu- sua passagem pela América do Sul. mas movimenAo mestações no cemo tempo, nário geopopara não Especulação financeira é lítico que poperder esraiz da crise dem favorecer paço no xaa luta dos podrez geovos. político, o imperialismo estaduniA hegemonia do capital finan- dense potencializa sua agressiviceiro, rentista, que vive apenas da dade militar e diplomática em diespeculação, e a desregulação dos versas partes do mundo. Busca defluxos de capitais de curto prazo sestabilizar os governos progresestão na raiz da atual crise econô- sistas da América Latina, viabilimica global. Além disso, sucumbiu za guerras para garantir o controle o velho mito liberal de que as for- de reservas de petróleo, tenta isoças espontâneas do livre mercado lar política e militarmente Rússia são o caminho para a conquista do e China e insiste em impor o neobem estar. liberalismo como modelo para os As experiências de governos ne- países. oliberais reduziram direitos sociais Por isso, é fundamental que as e ampliaram a pobreza no mun- forças populares tenham estratédo. A rejeição às políticas neolibe- gias políticas bem definidas que rais em escala global abre a possi- coloquem na ordem do dia a consbilidade da retomada de constru- trução de um projeto popular.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Pedro Cíndio, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Acsa Brena, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Olivia Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Fotografia: Larissa Costa. Estagiária: Raíssa Lopes. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Diagramação: Bruno Dayrell. Tiragem: 40 mil exemplares.


CIDADES

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

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Parada LGBT faz 18 anos em BH DIREITOS No domingo (19), trio elétrico e milhares de pessoas vão para a Praça da Estação Reprodução / SMADC

Rafaella Dotta A Parada do orgulho LGBT chega à maioridade em Belo Horizonte. No domingo (19), acontece a 18ª Parada na Praça da Estação a partir das 12h, e pretende receber de 50 a 100 mil lésbicas, gays, bissexuais, trans e apoiadores. O evento fecha a Jornada pela Cidadania LGBT, que teve início em 27 de junho. A Jornada foi composta por uma série de debates, discussões e rodas de conversa envolvendo os direitos civis das pessoas LGBT. Um dos destaques foi a “Vivência Drag”, organizada pelo movimento Levante Popular da Juventude, em que uma drag queen se apresentou e falou sobre as dificuldades e felicidades de ser quem é. Na quinta (16), três dias

antes da Parada, foi distribuído o Prêmio Cidadania LGBT, para contemplar pessoas e instituições que fortaleceram os direitos LGBT durante o último ano. Entre os premiados estão a ministra Carmen Lúcia, do Superior Tribunal Federal, e

dar. A enquete “Qual o intuito da Parada Gay pra você?” recebeu aproximadamente 500 respostas. Dessas, 261 pessoas afirmaram: lutar por direitos. Wanatta Rodrigues, participante da Parada LGBT há 4 anos, comenta: “Ser bicha é um ato político, gente! Ser lésbica também. Botar a cara no sol é pra poucos, porque não é só botar a cara no sol não. É queimar tamParada foi precedida de rodas de debates e bém, é expor pro povo que eventos como a “Vivência Drag” vai querer bater e enfrentar”. Para Thiago Costa, mesmo após 18 anos a Parada de BH continua sendo imas faculdades PUC Minas e ta, do Centro de Luta pe- portante de ser realizada UNA. la Vida e Orientação Se- todo ano. “É o nosso maior xual (Cellos), organizado- evento de visibilidade. Vá“Parada” pra lutar ra do evento junto a orga- rias pessoas pela primeira “Organizamos essa série nizações sociais e apoio do vez podem mostrar seu afede atividades, da Jornada, governo. to sem medo de ser atacapara mostrar que a Parada No evento virtual, no Fa- das. E pela primeira vez sené uma ação política e não é cebook, participantes da tir orgulho de ser o que são. a única”, afirma Thiago Cos- Parada parecem concor- Não vamos parar”, conclui.

Terceirizados de Contagem ficam sem salário

PERGUNTA DA SEMANA

TRABALHO Empresa e prefeitura não assumem responsabilidade e trabalhadores correm risco de perder emprego Sindute

Trabalhadores terceirizados que ocupam cargos nas escolas municipais de Contagem estão sem receber seu pagamento, além dos benefícios que têm direito. De acordo com o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Contagem a empresa Ampla Terceirização de Serviços Ltda, que presta o serviço para a prefeitura, fechou as portas e nenhum pagamento foi efetuado. Na terça-feira e na quarta-feira (13 e 14), os trabalhadores fizeram uma manifestação na porta da prefeitura exigindo respostas. Segundo a Secretaria de Educação de Contagem, a prefeitura repassou os valores contratuais à empresa, que por sua vez não repassou aos trabalhadores. Já a empresa alega que a prefeitura não fez o repasse e por conta disso não efetuou o pagamento aos servidores. Em nota oficial, a pre-

Desde que o papa Francisco assumiu o mais alto cargo da Igreja Católica, em 2013, seus posicionamentos têm sido diferentes dos de outros papas. Declarações sobre tolerância religiosa, justiça social, homossexualidade, meio ambiente e outros temas têm chamado a atenção do mundo. Por isso, o Brasil de Fato MG pergunta:

O que você acha das opiniões do papa?

Prefeitura diz em nota que se o pagamento não foi feito em 24h, o contrato com a empresa será encerrado

feitura afirma que está em dia com os pagamentos das empresas terceirizadas do município, e que uma notificação foi enviada para a empresa Ampla. A nota conclui que sem o pagamento dos trabalhadores

terceirizados em 24 horas, o contrato de prestação de serviço será encerrado. Caso isso aconteça, os 180 funcionários que prestam serviço pela Ampla devem ser despedidos. (Da redação)

Acho importante ele vir com essa posição porque a Igreja Católica sempre foi muito severa, excluindo algumas pessoas que ficam à margem da sociedade, como as mulheres que abortam, os homossexuais, as mulheres que querem ter sexo casual e usar contraceptivo, e etc. Eu acho que o papa está atualizando a Igreja sobre as coisas que no dia a dia já são comuns. Ele está vendo pelo ponto dos excluídos também. Brisa Martins, recepcionista

Acho que esse papa é mais humanista do que outros papas que têm aquela coisa da Igreja conservadora. Ele trabalha mais com a verdade. A verdade às vezes machuca, dói, mas é uma coisa que nos satisfaz. A importância desse Papa não é só pros homossexuais, mas pra humanidade. Esse Papa vem falar que precisamos nos entender melhor, que estamos perdendo essa qualidade no cotidiano. Isac Evangelista da Silva, educador cultural


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CIDADES

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

Trabalhadores realizam curso de teologia popular

Mandou

BEM

RELIGIÃO Movimentos populares e pastorais discutem o compromisso com transformações na sociedade Thiago Alves

Pablo Dias Cerca de 60 pessoas organizadas em diversas pastorais e movimentos sociais do campo e da cidade participam da primeira etapa do Curso de Teologia Popular que acontece entre os dias 13 e 15 de julho na Escola Família Agrícola de Jequeri – EFAJ, Zona da Mata de Minas Gerais. Com o tema gerador “O povo faz teologia”, o curso tem por objetivo retomar os princípios da Teologia da Libertação e das experiências eclesiais e populares no Brasil e na América Latina, além do histórico e o pensamento social de grandes nomes da Igreja como Dom Luciano Mendes de Almeida. O pensamento e a prática proposta pelo Papa Francisco também será aprofundado como inspiração tanto para cristãos quanto para militantes das mais diversas

Cerca de 60 pessoas participam da primeira etapa do curso de teologia popular, em Jequeri

causas populares. Para João Rezende, do Movimento Boa Nova (Mobon), a opção por uma teologia baseada na prática de

Jesus é importante para a atuação da Igreja junto dos empobrecidos. “Retomando os passos da espiritualidade da libertação é pre-

ciso ter aquela santa indignação que questiona a sociedade, que não espera os milagres para resolver nossos problemas sociais. Tirar o pecado do mundo significa que Jesus vai até a raiz do que aflige a humanidade resumindo no que podemos chamar de injustiça”, comenta. Os participantes também terão aulas sobre o modelo energético brasileiro, os desafios na construção de alternativas e a luta contra as altas tarifas. O Curso de Teologia Popular é uma iniciativa da Escola Nacional de Energia Popular em parceria com o Movimento Eclesial Popular Evangélico, Movimento dos Atingidos por Barragens, Mobon, entre outras organizações e será realizado em quatro etapas de 6 em 6 meses com término previsto para janeiro de 2017.

A ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que ganhou o prêmio Nobel da Paz, comemorou seus 18 anos com a abertura de uma escola para 200 meninas sírias. Ela clamou pela atenção de lideranças mundiais ao tratamento às crianças sírias. “Peço aos líderes que devemos investir em livros em vez de balas”, disse. O Líbano recebeu quase 1,2 milhão de pessoas que fugiram da guerra civil síria, que acontece desde 2011.

Mandou

MAL

Encontro de Mestres e Maestros do Candomblé em Contagem INTEGRAÇÃO Evento promove a valorização da religião de matriz africana com palestras, atividades culturais e homenagens Reproducao / ALSP

Raíssa Lopes No próximo final de semana, acontece em Contagem o 3º Encontro dos Mestres e Maestros do Candomblé do Brasil. Esse será o primeiro evento nacional, onde se reunirão importantes expoentes da religião, de todas as regiões do país. O lema da edição é “juntos somos mais fortes” e, de acordo com Márcio Eustáquio, presidente do Afoxé Bandererê, um dos grupos organizadores, a escolha da frase se deu pela necessidade de união que os candomblecistas vivem atualmente. “A gente sempre teve que se apoiar, mas a intolerância está chegando à beira da barbárie. Precisamos nos organizar politicamente para conseguir res-

peitabilidade. Eu não gosto da palavra tolerância porque não quero ser tolerado, quero ser respeitado”, salienta Márcio.

“A gente sempre teve que se apoiar, mas a intolerância está chegando à beira da barbárie” Na programação estão palestras, apresentação de cantigas, Samba da Meia Noite, premiação e homenagem aos mestres mineiros, entre outras atrações. Durante o encontro, também será realizado um documentário voltado para a capacitação de professores, principalmente da rede pública de ensino.

Para as 15h30 de sábado (18), está agendada uma roda de conversa das mulheres. “Diferente da nossa sociedade, o candomblé é um matriarcado. É uma religião completamente voltada para as mulheres, e a opinião delas é muito importante. As pautas serão as que elas determinarem no momento”, conta Márcio. Além do Afoxé Bandere-

rê, participam da organização a Associação dos Mestres e Maestros do Candomblé do Brasil (AMMCB), com apoio do Governo Federal, Governo do Estado de Minas, Prefeitura de Contagem e Prefeitura de Nova Lima. O encontro acontece a partir das 9h do dia 18, na Escola Municipal Heitor Villa Lobos.

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, se irritou com um jornalista que o questionou sobre as ausências nas negociações com as ocupações urbanas. “Eu sei que você é um militante da causa e esse assunto me cansa muito. É um militante fantasiado de jornalista”, disse o prefeito. A entrevista foi ao ar na Rádio Itatiaia, onde o repórter faz estágio. Desde o início do diálogo entre ocupações, governo estadual e PBH, em fevereiro, nenhum representante do poder municipal compareceu.


Belo Horizonte, 17 a 23 de maio de 2015

Pílula anticoncepcional: solução ou problema? Reprodução

Raíssa Lopes

encaminhada com urgência ao angiologista, que não concordou com diagnóstico e me olhou como se eu fosse louca. As dores só pioravam e um dia, na UPA, finalmente atenderam meu pedido de fazer um doppler. Eu tinha trombose profunda em todas as veias da perna e coxa”, desabafa a atleta. Riscos Os impactos da pílula na vida da estudante Deborah Gontijo, de 26 anos, não lhe proporcionaram risco de morte, mas também foram muito incômodos. Ela conta que iniciou a Diane 35 com 15 anos, também por indicação ginecológica para tratamento de ovários policís-

ticos, diminuição dos pelos e acne. Usou durante três anos e, entre os efeitos colaterais, sentiu diminuição do desejo sexual, inchaço no corpo (principalmente seios), varizes, peso e dor forte nas pernas, falta da lubrificação do canal vaginal e alterações de humor. “Nenhum ginecologista falou sobre as reações adversas e, quando eu mencionava, eles simplesmente indicavam drogas para diminuir os sintomas e dificilmente ligavam as causas ao uso dos anticoncepcionais”. Deborah testou o anel vaginal e também o adesivo. Este último, segundo a jovem, teria piorado seu quadro de síndrome do pânico.

Análise prévia é imprescindível A ginecologista Danielle Cunha Martins chama a atenção para a falta de orientação dos profissionais. Ela revela que, antes de começar qualquer tratamento contraceptivo, é necessário que a mulher conheça todos os métodos existentes e seja alertada de cada risco que eles possam gerar. Danielle também destaca que uma entrevista sobre o histórico de saúde da paciente e de sua família é primordial para evitar complicações futuras. “A decisão de usar ou não o medicamento deve ser da mulher e não do médico. E ,mesmo que ela procure o consultório exigindo o re-

médio, deve ser instruída. Pacientes com pressão alta, enxaqueca, ocorrência de trombose, doenças do coração, derrame, diabetes e tabagismo devem utilizar contraceptivos não hormo-

“A decisão de usar ou não o medicamento deve ser da mulher e não do médico” nais. Mulheres com tendência à trombose devem evitar anticoncepcionais à base estrogênio e dar preferência àqueles com progesterona”, recomenda Danielle. A médica acredita que,

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Artigo

SAÚDE Médica defende que pacientes que optarem por esse tipo de contracepção devem ser examinadas previamente

A pílula anticoncepcional surgiu em 1960 e mudou consideravelmente a vida das mulheres. Na época, o medicamento foi tido como “libertador” porque tirava das mãos dos homens o controle sobre a decisão de engravidar ou não. Porém, com o passar dos anos, muitas usuárias começaram a relatar efeitos colaterais pelo uso do remédio. A esportista Renata Asaro descobriu aos 19 anos que não se dava bem com o método. Aos 42, devido a um cisto de 6 cm encontrado no ovário direito, foi indicada por sua ginecologista a usar a pílula Yasmin por quatro meses. Segundo a médica, era a mais recomentada para o tratamento. “Faltava uma semana para a cartela acabar, quando senti uma dor no calcanhar que foi só piorando, até eu não conseguir apoiar o pé no chão. Fui ao médico, que me encaminhou ao neurologista com a certeza de que era problema no nervo ciático”, declara. Renata tomou injeções de cortisona, vitamina B, e se consultou com mais de quatro médicos para chegar à suspeita de trombose. “Fui

MINAS

de forma geral, os anticoncepcionais têm vantagens, principalmente a autonomia sobre a gestação. Deborah também valoriza o controle conquistado pela pílula, mas questiona as entidades que são favorecidas pela distribuição indiscriminada do medicamento. “Antes, acreditava que a pílula era uma emancipação feminina, mas, a custo do quê? Compreendo que deve haver planejamento familiar, mas me questiono se é realmente esse o interesse da indústria farmacêutica. Não considero empoderamento da mulher algo que apenas se encaixa nesse modelo masculinizado de sociedade”.

Pagar pra apanhar João Paulo Cunha Teve grande destaque a reportagem da revista Piauí deste mês, que narra a guinada à direita da rádio Jovem Pan, de São Paulo. Ao lado de perfis de nomes de ponta do conservadorismo protofascista nacional, como Reinaldo Azevedo e Rachel Sheherazade, o texto revela o que todo mundo sabe: que o jabá político rola solto no jornalismo brasileiro. A reportagem crava até mesmo o teto da tabela paga a profissionais dispostos a cumprir a pauta da prefeitura de São Paulo, então administrada por Gilberto Kassab (PSD-SP), hoje ministro das Cidades: R$ 10 mil. Mas a Pan não tinha contrato de exclusividade, já que utilizava expediente semelhante com o governador Geraldo Alkmin (PSDB-SP), vendendo publicidade como material editorial, no conhecido produto batizado de “plubieditorial”. A conta, em publicidade, conjuga três variáveis: a grana investida, o poder de controlar a mensagem e o resultado esperado. Quando se paga pelo tempo e pelo espaço, o controle sobre o conteúdo é total, mas o retorno é baixo em matéria de credibilidade. Afinal, as pessoas Está na hora de enfrentar sabem que estão com coragem a ditadura dos ouvindo o que o meios de comunicação dono da voz quer. É caro, mas não garante resultado. Quando a mensagem chega como uma produção dos meios de comunicação, o material é considerado editorial e carrega com ele o valor de quem o produziu. Assim, uma notícia não custa nada, o controle foge das mãos da fonte, mas o material tende a ser consumido como verdade. É barato, mas vale mais no mercado da opinião. O jabá e o publieditorial são a prostituição dessa regra: o público recebe propaganda como sendo reportagem, versão como se fosse fato. O patrocinador paga mais caro, os meios ganham mais dinheiro e a sociedade democrática perde tudo. O jabá deturpa o gosto musical pela imposição e repetição; o falso jornalismo corrompe a opinião pública pela distorção intencional. Hoje, salvo quando pegos com a boca na botija, como no caso da Joven Pan, os veículos de comunicação não se deixam flagrar tão facilmente em seu comércio. Eles deixaram de vender produtos para vender ideias. Foi assim com a campanha pela privatização da Vale, por exemplo, e está sendo assim com a Petrobras. Não há uma operação publicitária clássica para acabar com a empresa, mas uma guerrilha de informação contra seus fundamentos nacionalistas e modelo de exploração do pré-sal. Os políticos do PSD e PSDB pagaram para sair bem na fita. É um ato ilegal e imoral, mas que se traduz numa vantagem no mercado da opinião. O governo de Dilma Rousseff, não se sabe por que, paga para apanhar, financiando uma imprensa que distorce, mente e instiga o golpe contra a democracia. Romper com esse tipo de atitude é uma postura honrosa, não retaliação ou censura. Está na hora de enfrentar com coragem a ditadura dos meios de comunicação familiares e propor novas formas de relacionamento, mais transparentes, altivas e republicanas. Inclusive lançando mão do poder de utilizar o tempo das concessões públicas de rádio e TV para informar a sociedade de forma responsável e menos onerosa para o contribuinte.


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MINAS

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

MST pede investigação de ataques de bombas e queda de avião TERRA Após ação criminosa contra uma ocupação, um dos aviões caiu e fez duas vítimas Reprodução

Sem-terra denunciam que 12 pistoleiros invadiram o acampamento na sexta (10) e soltaram fogos de artifício contra as barracas. Durante a fuga, um dos tratores que acompanhavam os pistoleiros foi deixado para trás

burgo, Eldorado dos Carajás, entre outros”. O MST relata que outros ataques haviam sido feitos contra as famílias acampadas. Entre estes, um ocorrido na madrugada da sex-

Programa Outras Palavras O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), é exibido aos sábados nas TVs Band Minas, Band Triângulo e Candidés, das 10h às 10h30. O Outras Palavras é um Programa, que tem como objetivo promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores. Além do Educação em Debate, o Programa conta com os quadros: Profissão Educador, Tira-dúvidas, Choque de Realidade, Momento CNTE, Agenda, Momento CUT Minas e o Humor na Educação. Fique ligado no programa Outras Palavras!

ta-feira (10), quando cerca de 12 pistoleiros entraram no local e soltaram fogos de artifícios sobre as barracas, ferindo um dos moradores com queimaduras no corpo. Os sem-terra re-

gistraram as ameaças em um boletim de ocorrência na delegacia local. Procurada pela reportagem, a prefeitura de Central de Minas não retornou o pedido de informações. “Os acampamentos da região estão sob ameaça. Pedimos segurança para as famílias, pois estamos lutando por um direito”, afirma Sílvio Netto, da direção estadual do MST. Reforma agrária em Minas De acordo com Sílvio, há pelo menos 6 mil famílias morando em acampamentos em Minas Gerais. Os sem-terra cobram o assentamento dessas pessoas e a resolução de problemas como a geração de renda e o acesso a políticas públicas.

Outras s a r v a l a P Todos os sábados, nas TVs Band Minas, Band Triângulo e Candidés

10h às

10h30

www.sindutemg.org .br Filiado à

Junho/2015

Da redação de ser prefeito, Genil é dono de uma das maiores reUma fazenda ocupada des de posto de combuspor 200 famílias do Movi- tível na região e, em 2013, mento dos Trabalhadores foi acusado de tráfico de Rurais Sem Terra (MST), combustível. Ele também em Tumiritinga, no Vale foi suspeito de envolvido Rio Doce, sofreu ata- mento com o tráfico interques com bombas vindos nacional de pessoas. de dois aviões, na tarde de terça-feira (14). Morado- Violência no campo res da área haviam entraEm nota, o MST relado em contato com a Po- ta a situação de conflito lícia Militar (PM) denun- da área e informa que esciando as ameaças. No fi- pera que as autoridades nal da tarde do mesmo competentes investiguem dia, houve a queda de um o caso. O movimento afirdos monomotores, dei- ma que se coloca à “disxando como vítimas fatais posição para o diálogo pao prefeito da cidade vizi- ra fazer avançar a Reforma nha Central de Minas, Ge- Agrária, mesmo que esnil Mata da Cruz (PP), e ta esteja praticamente paum funcionário da Prefei- ralisada. Essa disposição tura. Os motivos da queda nunca nos faltará, mesmo ainda estão sendo investi- com vários tipos de violêngados pela polícia. cia que temos sofrido, coSegundo o MST, além mo o massacre de Feliz-


Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

Acompanhando

Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Leandro Taques / Jornalistas Livres

Na edição 45... Viaduto desaba e expõe possíveis irregularidades nas obras do BRT ...E agora O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou, na terça (14), 11 pessoas pela queda do Viaduto Batalha dos Guararapes em Belo Horizonte. Entre os denunciados estão o ex-secretário de Obras da PBH, José Lauro Nogueira Terror, além de engenheiros da Consol e da Cowan, empreiteiras responsáveis pela obra. O documento destaca a sucessão de falhas e erros que levaram ao desabamento. Os denunciados podem ser condenados pelo crime de desabamento, previsto no artigo 256 do Código Penal, com pena de um a quatro anos e multa. No início do ano, a Polícia Civil já havia indiciado 19 pessoas no inquérito que apurava o incidente.

Na edição 94... Deputados e senadores votam regras eleitorais ...E agora Na quarta (15), a Câmara de Deputados, em votação de segundo turno, voltou atrás e manteve o tempo de mandato de governador, presidente, prefeito e deputados em 4 anos, e não mais em 5 conforme votação em primeiro turno. Manteve, por outro lado, a decisão do fim da reeleição. A votação em segundo turno do financiamento empresarial de campanha foi adiada para agosto, após o recesso parlamentar. “Esta é uma antirreforma política: está sendo feita pra manter tudo como está”, afirmou Alessandro Molon (PT-RJ).

Contra a Redução No dia 14, quando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 25 anos, pessoas foram às ruas em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e São Paulo protestar contra a redução da maioridade penal. Votada no plenário da Câmara dos Deputados no último dia 2, a proposta diminui a maioridade penal de 18 para 16 anos no Brasil nos casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.

Lindbergh Farias

Padre João

Mudar a política econômica Desafios da Educação e enfrentar o golpe do Campo Os jornais me deixam indignado. Jamais pensei que o Brasil iria reviver seu passado obscuro: uma conspiração aberta, contra uma presidenta eleita democraticamente. É lamentável constatar que entre os principais envolvidos nessa conspiração estão as principais lideranças do PSDB. Advirto que um golpe sabe-se como começa e nunca como termina. Em 1964, dizia-se que o golpe duraria até 1965. Durou vinte e um longos anos. O governo que elegemos, da honrada presidenta Dilma Rousseff, parece ainda não ter noção da gravidade da conspiração para derrubar o seu governo ainda este ano. Em Brasília, não é segredo para ninguém a aliança do PSDB com setores do PMDB. Argumentam, no bastidor, que o governo é fraco na relação com o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal. Em público os tucanos aplaudem o juiz PSDB e setores do PMDB tramam Sérgio Moro, em privado falam de abusos no processo abertamente e prometem que, se chegarem ao poder, tudo mudará. De outro lado, a política econômica mergulhou o país em recessão. O Levy impôs ao país, conscientemente, uma recessão mastodôntica. A arrecadação do Estado não para de cair. Mais a elevação das taxas de juros (cada 0,5% de subida na Selic significa R$ 7 bilhões de impacto fiscal negativo). A massa salarial real habitual (sem o 13º salário) diminuiu 10% entre novembro do ano passado e maio deste ano. A consequência dessa política econômica recai sobre os ombros dos trabalhadores e dos mais pobres. É a confiança dessas pessoas que temos que reconquistar. Isso só será possível se o governo entender a gravidade da crise, esquecer um pouco o Levy e o ajuste fiscal. A nossa “Dilma coração valente” tem que reaparecer e governar com o programa vencedor das eleições. Lindbergh Farias é senador da República pelo PT-RJ. Leia íntegra do artigo em www.viomundo.com.br

Vivemos momentos de crise de valores e aumento de forças conservadoras que estimulam a intolerância, o ódio de classe, de gênero e de raça. A educação é um instrumento de libertação e fonte de riqueza. É inadmissível compactuar com o fechamento das escolas rurais no Brasil. Uma verdadeira violência. Não podemos admitir que uma criança acorde às 3h da manhã para chegar à sala de aula porque o prefeito fechou a escola. A Constituição Brasileira é muito clara sobre os direitos de acesso à educação. Esta responsabilidade é da União, Estados e Municípios. Fechar escolas rurais e expor crianças, adolescentes e jovens a esse processo perverso nos coloca na contramão da história. Pelos dados do MEC, foram fechadas 32.500 escolas de 2003 a 2013. No Fórum Nacional de Educação no Campo, movimentos sociais e entidades denunciam cons- Fechamento das escolas tantemente escolas sen- rurais é uma verdadeira do fechadas arbitrariaviolência mente. A lei 12960/14 veda o fechamento de escolas do campo sem a manifestação da comunidade escolar e dos conselhos de ensino. Na Frente Parlamentar Mista pela Educação do Campo temos provocado os deputados do Brasil para essa situação vexatória. Esta agressividade contra a população do campo não está dissociada dos impactos do agronegócio e da ideologização do campo sem gente, vazio e mecanizado. É preciso conter esse retrocesso e garantir políticas públicas para as famílias continuarem vivendo e sobrevivendo do campo, com dignidade e acesso a todas as políticas. É preciso envolver governos e legislativo, movimentos sociais, organizações de trabalhadores rurais, universidades para mudarmos esta realidade. A escola deve estar no campo, perto do aluno e com uma pedagogia adequada. Padre João é deputado federal pelo PT


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BRASIL

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

Vingança de Cunha deve piorar a crise política CÂMARA Doleiro Alberto Youssef declarou à Justiça que Cunha foi “destinatário final” de propina Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr

O Congresso Nacional entra em recesso a partir da próxima semana, no que promete ser um raro momento de calmaria no mundo da política, mas que deve durar não mais do que 15 dias. É que antes da suspensão das atividades legislativas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avisou que vai retaliar ainda mais o governo federal caso seja denunciado por corrupção pelo Ministério Público Federal, como desdobramento das investigações na Operação Lava Jato. O doleiro Alberto Youssef declarou à Justiça Federal que Cunha foi o “destinatário final” da propina paga pelo aluguel de navios-sonda para a Petrobras em 2006. Nos bastidores, se diz que a denúncia é praticamente certa

se metade (42,9%) da população, segundo pesquisas recentes. Para Eduardo Cunha, a relação entre PT e PMDB é como o fim de um casamento em que os cônjuges dormem em quartos separados e que a possibilidade de uma nova aliança entre as duas legendas “é de 0%”, segundo declarou a jornalistas. O presidente da Câmara faz novas chantagens ao governo do PT

para as próximas semanas, o que abrirá caminho para um processo judicial contra o deputado. PMDB lança candidatura A reação de Cunha contra o governo ocorre na semana em que líderes do PMDB, incluindo o próprio vice-presidente Mi-

chel Temer, confirmaram que o partido pretende lançar candidatura própria à presidência da República. O nome mais destacado é o do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. No entanto, o político tem derrapado na avaliação de sua gestão à frente da capital, com reprovação de qua-

CPI do futebol é instalada no Senado Lucio Bernardo Jr / Câmara dos Deputados

A comissão de senadores que vai investigar supostas irregularidades em contratos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi instalada na última terça-feira (13). Os parlamentares também prometem investigar contratos da CBF relacionados a campeonatos organizados pela entidade, à Copa das Confederações de 2013 e à Copa do Mundo de futebol de 2014. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 180 dias. A comissão terá 11 parlamentares e o senador Romário (PSB -RJ), um dos principais críticos da entidade, foi eleito presidente da CPI. Investigações do FBI, a polícia federal dos EUA, indicam que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, teria recebido R$ 19,6 milhões em propina em um

Votações polêmicas continuam A partir de agosto, o Congresso vai retomar a votação de temas polêmicos, que ao longo dos últimos meses evidenciaram o fortalecimento dos setores empresariais e do mercado financeiro. Entre eles, está a questão do financiamento de campanhas, considerado a fonte da corrupção no país, tema que foi retirado por Cunha da votação nesta semana.

“Para se ter uma ideia, apenas as dez maiores empresas elegeram 70% do parlamento. Ou seja, a democracia representativa foi sequestrada pelo capital, e isso gerou uma hipocrisia dos eleitos e uma distorção política insuperável”, exemplifica João Pedro Stedile, do MST, que compõe a campanha por um plebiscito por uma constituinte exclusiva do sistema político. Nas últimas eleições, em 2014, as empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato doaram um total de R$ 438 milhões para diversos candidatos, de presidente a deputados e senadores. Os projetos que alteram regras do sistema eleitoral ainda serão analisados pelo Senado, que já começou a discutir o tema e deve concluir as votações nos próximos meses.

Petroleiros anunciam greve Reproducao - FUP

Ronaldo , um dos principais críticos da CBF, será presidente da CPI

esquema de corrupção envolvendo a organização da Copa América. O dirigente também é apontado como destinatário de propina decorrente de contrato de uma competição nacio-

nal. Há suspeitas de superfaturamento na compra de direitos de transmissão de competições entre a entidade, empresas de marketing e até meios de comunicação.

Entre os dias 14 e 23 de julho, os petroleiros promovem mobilizações em terminais e refinarias, que culminarão com uma paralisação geral no dia 24. A expectativa é que 60 mil trabalhadores se juntem à greve. Eles protestam contra o projeto de lei de José Serra, em tramitação no Senado, que muda o regime de partilha na exploração do pré-sal. Com a pressão, os petroleiros cobram que o projeto seja discutido com a sociedade antes de ser votado, pois pode significar uma perda significativa para o país.


ENTREVISTA

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

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“O Mais Médicos deixou de ser uma política de governo e passou a ser uma política de Estado” DIREITOS Ministro da Saúde fala sobre os dois anos do projeto que ampliou o atendimento básico de saúde para mais de 60 milhões de pessoas Fábio Pozzebom / ABr

Do Site Saúde Popular Lançado em julho de 2013, o Programa Mais Médicos completa dois anos. Neste tempo, resultados importantes, como a ampliação do atendimento básico de saúde para mais de 60 milhões de brasileiros e a abertura de novos cursos de medicina, foram alcançados. Em entrevista ao site Saúde Popular, o médico sanitarista e ministro da Saúde, Arthur Chioro, comentou o programa que, para ele, “deixou de ser uma política de governo e passou a ser uma política de Estado e do SUS”.

“Hoje temos um modelo que vem funcionando de forma eficaz, transformado em lei pelo Congresso Nacional” Após dois anos de Mais Médicos, como o senhor avalia esse período de execução do programa? As críticas foram superadas? Arthur Chioro: Estamos muito satisfeitos com os resultados já obtidos pelo Mais Médicos. Seus resultados concretos mostram que ele tem sido expressivo na melhoria da assistência à população e na expansão do atendimento na atenção básica em todo país. Isso já foi confirmado pela própria população atendida: 95% das pessoas disseram estar satisfeitas ou muito satisfeitas com a atuação dos médicos do programa. O senhor falou que o Mais Médicos não tem prazo de validade. O que isso significa? O Programa Mais Médicos foi instituído por lei, e suas medidas poderão ser implementadas pelo tempo que for necessário à re-

cializar “na parte” ele se especializará “no todo”.

“A única coisa que esse decreto legislativo poderia obter seria a exclusão de milhões de brasileiros do acesso digno à saúde nos locais mais pobres do país”

Arthur Chioro, Ministro da saúde fala sobre os dois anos do programa que atendeu 63 milhões de brasileiros

solução do problema de escassez de médicos, no âmbito do provimento emergencial. Apesar de cada médico permanecer no país por três anos, prorrogáveis por mais três, nada impede que se realizem novos processos de seleção de profissionais, sempre com prioridade para médicos brasileiros com registro do país.

“A meta do Governo Federal é criar 11,5 mil vagas de graduação [em medicina] até 2017” Além disso, as medidas de formação e residência fazem parte de um longo processo de reestruturação do ensino médico que não vai acontecer de uma hora para outra. As metas traçadas vão até 2026, portanto, mais 11 anos. Não pode existir “validade” para um programa deste tipo, tão complexo e que se propõe a encarar tantos desafios. O Mais Médicos, após a conversão da Medida Provisória em Lei, em outubro de 2013, deixou de ser uma política de

governo e passou a ser uma política de Estado e do SUS. Além de levar médicos para regiões vulneráveis, o programa tem pontos estruturantes, como abertura de cursos que contemplem a demanda social, mudando a lógica da formação médica do país. Como isso vai mudar a distribuição dos médicos no território, fixando profissionais em áreas carentes? Com as novas diretrizes curriculares de medicina, 30% do internato da graduação, composto de atividades práticas, será realizado em unidades básicas de saúde e serviços de urgência e emergência do SUS. Mudanças qualitativas na formação vêm sendo também acompanhadas por uma expansão contínua, mas criteriosa, do ensino médico, tanto no nível da graduação, quanto da residência, sempre com qualidade e direcionado às regiões com proporções menores que a desejada de médicos por habitante e vagas de curso de medicina por habitante. Pelo novo método, já foram autorizados 39 novos cursos de medici-

na em cidades que não contam com faculdades na área e que não são capitais, e outros 22, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, estão em vias de autorização. O mercado de especialidades ainda é controlado pela demanda de mercado. Quais as dificuldades para enfrentar esta questão? O Programa tem uma dimensão dirigida à formação de especialistas através da residência médica, estimulando nossos médicos a se interessarem pelas especialidades mais importantes para a população e para o SUS. Atualmente, a profissão de médico de família, por exemplo, não é vista como “prestigiosa” ou “gratificante”, e isso precisa mudar se o nosso objetivo é construir uma atenção básica resolutiva e um SUS mais efetivo. Sendo assim, outra mudança promovida pela Lei do Mais Médicos foi determinar que, para que um médico faça uma residência médica em qualquer especialidade, ele antes terá que fazer 1 ou 2 anos de residência em Medicina Geral de Família e Comunidade. Então, antes de se espe-

O PSDB propôs um decreto legislativo que impede a parceria com Cuba porque isso seria uma forma de transferir recursos para a ilha. Como responder as críticas feitas ao programa, sobretudo em relação à parceria com Cuba? O projeto de decreto legislativo da liderança do PSDB, no Senado, é um verdadeiro atentado contra o programa. Ele significa a derrocada do Mais Médicos, porque nós perderíamos, imediatamente, 11.429 médicos, que são os profissionais cubanos engajados no programa. É difícil entender como alguém com algum comprometimento com a saúde pública proponha algo assim. Vale lembrar que, até 2014, 59% das prefeituras do PSDB aderiram ao Programa Mais Médicos e também seriam prejudicadas. O acordo firmado com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) cumpre todos os requisitos estabelecidos pela legislação, tanto do Programa Mais Médicos, quanto daquelas que versam sobre cooperações internacionais. A única coisa que esse decreto legislativo poderia obter seria a exclusão de milhões de brasileiros do acesso digno à saúde nos locais mais pobres do país. Mais uma vez, o PSDB faz oposição ao Brasil para prejudicar o PT e o nosso governo. Confira a íntegra em: https://saude-popular.org


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MUNDO

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

Crise grega: princípios e saídas AUDITORIA Dívida do país começou em 2008, como forma de salvar bancos privados Dominique / GUE / NGL

Pedro Cíndio A crise que a Grécia enfrenta, tão falada em jornais e televisão, é apenas um dos reflexos de um acordo financeiro para salvar bancos privados, iniciado em 2008. Após uma alta de créditos com juro baixo e dólar mais fraco, os bancos começaram a entrar em crise após ofertar mais de 20 vezes o que tinham em caixa. O resultado disso foi um colapso financeiro que, segundo a auditoria da dívida pública, é incalculável. Em 2010, o governo grego administrado pelo Pasok (Movimento Socialista Pan -Helênico, partido socialdemocrata grego) aceitou uma política de contenção de investimentos – conhecida como “austeridade”imposta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e Comissão Europeia. O país pegou 110 bilhões de euros em empréstimos para resolver o problema de finanças. Com o resultado fraco – o empréstimo não resolveu problemas ligados a pensões, salários e produção - , um novo empréstimo foi feito em 2012, de 130 bilhões de euros. Com a soma dos dois empréstimos, deu-se o valor equivalente a 170% do Produto In-

terno Bruto da Grécia. Em entrevista ao Opera Mundi, a auditora federal Maria Lucia Fattorelli, que fez a auditoria da dívida grega, afirma que o empréstimo não veio em dinheiro, mas sim na compra de papéis, títulos podres. A Grécia comprou as dívidas dos bancos. “Isso não é dívida pública, isso é outra coisa. Deveria ser considerado um empréstimo aos bancos privados, não uma dívida pública do país”, critica. Plebiscito Em sua campanha para primeiro ministro da Grécia, Aléxis Tsípras, do partido de esquerda Syriza, criticou duramente o plano de austeridade imposto pela Europa em relação à dívida. Em junho, Tsípras convocou um plebiscito pa-

“É preciso lutar contra a oligarquia que levou o país até aqui” ra que a população decidisse se aceitava a proposta da Europa ou não. Com a vitória do ‘não’, Nikos Filis, o porta-voz do Syriza, afirmou que o resultado dá “força ao governo para se mover com rapidez e Pietro Naj-Oleari / European Parliament

Primeiro ministro grego se compromete a seguir buscando a soberania do país

Tanto a Grécia como a Europa concordam que não seria interessante o país sair da Zona do Euro

poder chegar a um acordo que normalize a situação do sistema bancário”. A vitória permitiu que o governo reavaliasse o plano oferecido pela Zona do Euro e enfrentasse, com respaldo público, as chantagens feitas pela chanceler alemã Angela Merkel. Ela ameaçou não cooperar com a ajuda – e assim fechar os bancos gregos - e não negociar mais com o governo eleito. Porém, com pressão do FMI, Merkel teve que abrir novas negociações e, no dia 13, ambos os lados chegaram a um acordo comum. Novos empréstimos Apesar de ser rigoroso com o país, com a exigência de que a austeridade seja reforçada e que sejam feitas mais privatizações, o novo resgate financeiro aprovado para a Grécia foi um bom sinal, segundo o primeiro-ministro grego. Ele disse que vai continuar buscando restabelecer a soberania nacional e que “agora é preciso lutar contra a oligarquia que levou o país até aqui”. Neste momento, tanto a Europa quanto a Grécia concordam que não seria vantajoso o país sair da

Zona do Euro. Como a Grécia utiliza a moeda do bloco, não teria capacidade de botar em circulação uma nova moeda, menos ainda força política e financeira para isso. Para a União Europeia, para reestruturar o país seria necessário um gasto de 127 bilhões, enquanto sua saída geraria uma perda entre 230 bilhões até 1 trilhão de euros. Na manhã de quintafeira (16), o Eurogrupo liberou um empréstimo de 7 bilhões de euros para a Grécia e o Banco Central Europeu liberou mais créditos aos bancos do país.

Muitos foram críticos à assinatura do termo, que poderia significar uma traição à vontade popular expressa no plebiscito. O primeiro ministro ressaltou que é contra diversos aspectos do acordo e disse se tratar de “uma chantagem ao povo e ao governo grego”. “Que opções, que alternativas tínhamos? Uma era aceitar o acordo, com o qual não concordávamos; a outra era aceitar uma quebra do Estado e finalmente, uma terceira, era o projeto grexit [saída da Grécia da zona do euro] e uma moeda paralela”, afirmou.

Reflexos no Brasil No Brasil, os reflexos dessa crise na Grécia estão sendo sentidas na alta do dólar e nas exportações. A União Europeia, desde 2007, é o principal comprador de produtos agrícolas das exportações brasileiras. No primeiro bimestre deste ano, foram US$2,2 bilhões em exportação, especialmente soja e milho. Já a Grécia aumentou as exportações para o Brasil, dentre elas o mármore e naftas, combustível para uso de petroleiras. Esse comércio, ao que tudo indica, não será afetado.


MUNDO

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“Digamos não a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir” PACTO PELA JUSTIÇA Leia trechos do discurso do papa Francisco aos movimentos populares Lidyane Ponciano

O papa Francisco acabou de percorrer três países da América do Sul, Equador, Bolívia e Paraguai. Além de celebrar missas abertas, se reunir com representantes da Igreja e visitar centros de desassistidos, ele também participou do Encontro Mundial de Movimentos Populares, que aconteceu de 7 a 9 de julho, em Santa Cruz de la Sierra. Confira abaixo trechos do discurso proferido aos 1500 militantes de organizações sociais. Sistema capitalista é insuportável Proponho que nos coloquemos estas perguntas: reconhecemos que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade? Reconhecemos que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos que as coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante? (...) Reconhecemos que este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza? Se é assim, digamos sem medo: queremos uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos... E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco. O esterco do diabo Hoje, a comunidade científica aceita aquilo que os pobres já denunciam há muito. Estão castigando a terra, os povos e as pessoas de forma selvagem. E, por trás de tanto sofrimento, tanta morte e destruição,

reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe Terra. A economia não deveria ser um mecanismo de acumulação, mas a condigna administração da casa comum. Isto implica cuidar zelosamente da casa e distribuir adequadamente os bens entre todos. (...) A justa distribuição dos frutos da terra e do trabalho humano não é mera filantropia. É um dever moral. Para os cristãos, o encargo é ainda mais forte: é um mandamento. Trata-se de devolver aos pobres e às pessoas o que lhes pertence.

Pela segunda vez, papa Francisco se reúne com representantes de movimentos populares

sente-se o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia chamava “o esterco do diabo”: reina a ambição desenfreada de dinheiro. O serviço ao bem comum fica em segundo plano. Quando o Capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o ser humano, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum. Futuro está nas mãos do povo organizado Que posso fazer eu, recolhedor de papelão, catador de lixo, limpador, reciclador, frente a tantos problemas, se mal ganho para comer? Que posso fazer eu, artesão, vendedor ambulante, carregador, trabalhador irregular, se não tenho sequer direitos laborais? Que posso fazer eu, camponesa, indígena, pescador que dificilmente consigo resistir à propagação das grandes corporações? Que posso fazer eu, a partir da minha comunidade, do meu barraco, da minha povoação, da minha favela, quando sou diariamente discriminado

e marginalizado? Que pode fazer aquele estudante, aquele jovem, aquele militante, aquele missionário que atravessa as favelas e os paradeiros com o coração cheio de sonhos, mas quase sem nenhuma solução para os meus problemas? Muito! Podem fazer muito. Vocês, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podem e fazem muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas su-

as mãos, na sua capacidade de organizar e promover alternativas criativas na busca diária dos “3 T” (trabalho, teto, terra) e também na sua participação como protagonistas nos grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se acanhem! Pôr a economia a serviço da humanidade Digamos NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro

Os crimes da Igreja Cometeram-se muitos e graves pecados contra os povos nativos da América em nome de Deus. Reconheceram-no os meus antecessores, afirmou-o o Conselho Episcopal Latino-Americano e quero reafirmá-lo eu também. Como São João Paulo II, peço que a Igreja “se ajoelhe diante de Deus e implore o perdão para os pecados passados e presentes dos seus filhos”. A íntegra deste discurso está disponível no link: migre.me/qLKN2

O desenho de Espinal Reprodução

O presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Evo Morales, presenteou o papa Francisco com um símbolo que despertou a curiosidade de muitos. A imagem combina a cruz, ícone do cristianismo, com a foice e o martelo, insígnias dos movimentos de es-

querda. O presente de Morales é uma reprodução de uma obra artística do jesuíta espanhol Luis Espinal. O religioso foi torturado e morto na Bolívia em 1980, por paramilitares. O próprio papa, nessa viagem, visitou o local onde o corpo de Espinal fora encontrado e pronunciou algumas palavras a respeito do caso. Quando desenhou o crucifixo que foi reproduzido e dado a Francisco, Espinal afirmou ser a representação da ideia de que o Evangelho deve estar próximo aos operários e camponeses.


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CULTURA

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

Lá da Favelinha precisa de ajuda

Livro e Vila da Paz: “colorido só por fora”

EDUCAÇÃO PELA ARTE Centro Cultural independente que atende moradores do Aglomerado da Serra recebe doações para manter atividades

Reprodução / Facebook

Foi em 2004 que surgiu o projeto hoje conhecido como Centro Cultural Lá da Favelinha. A partir de uma oficina de MCs ministrada pelo artista mineiro Kdu dos Anjos, formou-se um grupo musical. Daí, logo foi criada uma biblioteca que, aberta à comunidade, acabou por se tornar o espaço independente que busca difundir a arte e a literatura entre os moradores do Aglomerado da Serra. Atualmente, além da biblioteca comunitária que funciona durante todos os dias da semana, o projeto oferece aulas de inglês, capoeira, danças urbanas, rap, grupos de estudos da cultura Hip Hop e eventos como “Sarau da Favelinha” e “Música Popular da Favelinha”. Todas as ações são gratuitas e realizadas a com a ajuda de voluntários. Sem recursos para manter o local desde o início de 2015, Kdu iniciou uma campanha online para ar-

Divulgação

LITERATURA POPULAR Jessé Duarte lança seus 12 contos sobre a periferia de Contagem Divulgação

recadação de doações com o objetivo de pagar o aluguel da casa, água, luz, limpeza, e lanches para os jovens que participam das atividades. O valor final contabiliza um ano de fun-

cionamento do centro. Para conhecer mais sobre o projeto e contribuir com a causa (são aceitos valores de R$ 10 a R$ 3.000), acesse www.beta. benfeitoria.com/favelinha.

Por fora cor, por dentro, precariedade e contradição. A inspiração para o nome do primeiro livro de Jessé Duarte, que será lançado na sexta-feira (17), se deu por causa de um projeto social para o qual são doadas tintas para que os moradores da Vila da Paz pintem a fachada de seus barracos. “Colorido Só Por Fora: Contos Periféricos” reúne 12 contos que narram poeticamente o cotidiano de lugares periféricos, dando visibilidade aos sujeitos que vivem nesses lugares. “O que eu quis foi dar voz aos personagens da periferia, como um catador de papelão e um travesti”, conta Jessé. O lançamento do livro integra o F5 - Festival de Cultura Independente de Con-

tagem, e acontece na Vila da Paz, no bairro Industrial de Contagem. “Minha expectativa é a melhor possível. Escrevi uma carta a mão, xeroquei 1.200 cópias e enviei, num envelope verde e amarelo, para cada casa da Vila”, conta Jessé. O livro, produzido de forma independente, conta com ilustrações de Rodrigo Marques, também morador da Vila da Paz. O “Colorido Só Por Fora” conta também com uma capa que pode ser colorida pela pessoa que comprar o livro. Serviço O que: Lançamento do livro “Colorido Só Por Fora: Contos Periféricos” Quando: sexta (17) Onde: Rua Paulo de Frontin, 1500. Industrial, Contagem Livro: R$ 10 Como chegar de ônibus Referência: A Vila da Paz fica atrás da PUC Barreiro. Vindo de BH: 35, 33, 32 Vindo da Pampulha: 6350 Vindo de outras regiões de Contagem (descer a João César): 1730, 1740, 2730, 2720, 1950


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CULTURA

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Culinária na praça valoriza comidas regionais POÇOS DE CALDAS Oficina de cozinha e degustação mostra formas de usar ingredientes locais Moradores de Poços de Caldas poderão participar e degustar, na próxima semana, da Oficina “Gastronomia na Praça”, que ensina receitas com ingredientes da região. A atividade acontece de 20 a 25 de julho, das 10h às 12h na praça Pedro Sanchez, e promete estimular a criatividade dos cozinheiros de plantão. “Nosso desejo é popularizar esta cultura entre aqueles que ainda não a conhecem e mostrar aos nossos conterrâneos

o quanto nossa gastronomia é rica e saborosa”, explica o chef de cozinha João Ricardo Justo, que vai ministrar a oficina. As três receitas serão pão de queijo recheado com pernil, filé mignon com molho de rapadura flambado na cachaça e frango acebolado no óleo de urucum com molho de requeijão e purê de batata. Além do “tempero” regional, Renan Moreira, Gestor Cultural e Assessor de Comunicação do Caminhos Gerais, declara que a oficina pretende valorizar os

Frango acebolado no óleo de Urucum com molho de requeijão e Purê de batata (Serve 4 pessoas) Ingredientes: Peito de frango - 800 gramas Azeite - 20 ml Cebola - 2 unidades Alho - 3 dentes Óleo de Urucum - 20 ml Requeijão -200 gramas Caldo de Legumes - 150 ml Para o Purê de Batata: Batata – 400 gramas Manteiga – 20 gramas Queijo – 100 gramas Modo de Preparo: Corte o peito de frango em tiras, tempere com sal e pimenta do reino e reserve. Aqueça uma panela com o óleo de Urucum, doure o frango e reserve. Na mesma panela refogue a cebola e o alho, retorne o frango à panela e misture. Acrescente o caldo de legumes e deixe cozinhar até que o frango esteja no ponto. Por último acrescente o requeijão e misture bem. Finalize com salsinha picada. Separadamente cozinhe as batatas, e com elas ainda quente amasse até que fique no ponto de purê. Em uma panela derreta a manteiga, acrescente o purê, tempere com sal a gosto. Acrescente o queijo e misture. Produtos típicos utilizados: Batata e Requeijão poços-caldense. Traz à tona a história do requeijão poços-caldense, harmonizando com a batata, um produto típico da agricultura sul-mineira.

produtores e a economia local. “É uma prática de cidadania valorizar nossa culinária”, comenta. A oficina é construída pelo Circuito Turístico Caminhos Gerais, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. Não é preciso fazer inscrição e a participação é gratuita. Abaixo, você confere uma pequena entrevista com o chef, sobre dicas e a “culinária de aventura”, e uma das receitas que serão apresentadas: João Ricardo Justo,

chef de cozinha do “Justo no Terraço” Por que fazer essa culinária diferente? Queremos mostrar que todas as receitas são adaptáveis. Às vezes você tem na sua cidade determinado produto e pode trazer para as receitas. A nossa intenção é instigar as pessoas. Existem benefícios nos produtos regionais? Produtos feitos em menor escala são feitos de maneira diferente e agregam valor para a receita. O produto ar-

tesanal tem mais sabor, tem sabor do interior, como o queijo artesanal. A intenção também é fortalecer os pequenos produtores. Quais são esses ingredientes? Vinho branco, rapadura, cachaça, requeijão cremoso. Esse requeijão cremoso é bem legal. Foi desenvolvido aqui em Poços de Caldas, por Carvalho Dias. A receita do requeijão já existia, mas aqui ele se tornou mais denso. E dá outra característica pra receita.

Festa junina ganha a cidade TRADIÇÃO Arraial do Belô tem público de 120 mil pessoas e brinda a quadrilha Feijão Queimado como campeã Samuel Mendes / PBH

Começou, no dia 27 de junho o Arraial do Belô, que aconteceu em várias regiões da cidade e realizou o Concurso Municipal de Quadrilhas Juninas na Praça da Estação. A vencedora do grupo especial, divulgada nesta terça (14), foi a quadrilha Feijão Queimado, que leva para casa seu décimo segundo troféu de campeã. As quadrilhas do grupo especial se apresentaram de 10 a 12 de julho na Praça da Estação, com um público de aproximadamente 50 mil pessoas, e a apuração das notas aconteceu na terça (14), no Parque Municipal. A segunda colocação ficou com Grêmio Recreativo e Cultural São Gererê, o terceiro ficou com Junina Forró de Minas e o quarto com Forró Alegre dos Cata-Latas. Ao todo, a festa teve a participação de 30 grupos juninos, competindo nas categorias especial e grupo de acesso. Estimase que o público chegou a 120 mil pessoas, levan-

do o Arraial do Belô a entrar no circuito das grandes festas juninas do país, segundo a Secretaria Municipal de Turismo (Belotur), realizadora do even-

to. As primeiras colocadas recebem o prêmio de R$ 12 mil, R$ 10 mil, R$ 8 mil e R$ 6 mil, respectivamente.


14 VARIEDADES

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

Novela

Prenderam o Ivan porque ele era negro que

Imagine a cena: você está fazendo sua atividade física, correndo pelas ruas do bairro e de repente uma viatura da polícia para, soldados saem correndo e de forma truculenta e ameaçadora te prendem, sem se-

quer dar tempo de você entender o porquê. Eles alegam que você é suspeito de ser o assaltante que anda roubando idosos na região. Imaginou? Foi isso que aconteceu esta semana em Babilônia, novela das 21h, com Ivan (Marcello Melo). Ele foi confundido com um assaltante simplesmente por ser negro. Mesmo dizendo ser professor de educação física, mesmo solicitando falar com a irmã advogada Ivan foi conduzido para a delegacia e preso e. Depois de resolvido o mal entendido, o moço, dian-

te da situação de violação de seus direitos, deixa claro para a delegada que sofreu racismo, num discurso forte e revoltado. Essa cena é mais comum do que se imagina. Diariamente, pessoas negras são vítimas de racismo institucional. A polícia é uma das que mais usam a cor/raça como elemento de filtragem em suas abordagens. Aconteceu com um aluno de um amigo, que foi preso acusado de roubar o próprio carro. O estudante chegava à faculdade, situada num bairro de classe alta, e enquanto esperava o

Amiga da Saúde

Até semana que vem! Joaquim Vela

CAÇA-PALAVRAS

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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Sou um pouquinho acima do peso e quando uso saias fico assada na região interna da coxa. Como prevenir? E quais os cuidados depois que já estiver machucado? Hanaí Gomes, 27, decoradora.

aí de que não há racismo no Brasil. A história de Ivan e do estudante mineiro são exemplos de que a discriminação racial persiste neste país. Negros e negras têm menos oportunidades educacionais, profissionais e são vítimas constantes de violações de direitos humanos. É preciso denunciar o racismo e lutar pela igualdade e justiça social. Eu estou nessa luta. Vem comigo?

horário de início das aulas, decidiu ficar dentro de seu carro, estudando. Mas algum vizinho denunciou para a PM que havia um rapaz em “atitude suspeita”. Isso foi o suficiente para que a polícia chegasse e o abordasse de forma truculenta. Ele, como Ivan, tentou se defender, mas de nada adiantou: o simples fato de ser negro foi suficiente para que ele tivesse seus direitos desrespeitados. O aluno foi conduzido para a delegacia e agora responde por desacato à autoridade policial. Há um mito disseminado por

Reprodução

Áustria Localizada no centro da Europa, a ÁUSTRIA possui um TERRITÓRIO com 83.879 km2, dos quais dois terços são ocupados pela CORDILHEIRA dos Alpes. Por esse motivo, o país abriga inúmeras estações de ESQUI. A Áustria, desde sempre, serviu como CORREDOR de passagem entre o leste e o oeste do continente europeu, o que justifica as centenas de CASTELOS medievais, FORTES e MOSTEIROS encontrados na região. A capital, VIENA, conta com diversos MUSEUS e construções BARROCAS. Além disso, entre os séculos XVIII e XIX, a cidade foi a capital mundial da MÚSICA clássica. Com 8,4 milhões de habitantes, o país tem altos padrões de vida e de desenvolvimento. O IDIOMA oficial é o alemão, sendo que o ESLOVENO também é falado. Em 1995, entrou para a UNIÃO Europeia e, em 2002, adotou o euro como MOEDA, em substituição ao XELIM austríaco. Além da capital, outras cidades importantes do país são: Graz, Linz, SALZBURGO e INNSBRUCK. G E W E N Z X I R F V L V V

A R D A E A T H I W O A F N

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Solução

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Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.

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Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde

W O N J J Z I O S B N X L I

A N E A I V S O R I X O N E V O L I F M

Querida Hanaí, para evitar as assaduras entre as pernas, é necessário reduzir o atrito que ocorre ao caminhar, quando uma coxa vai esfregando na outra até que chega à lesão da pele. Você pode usar um óleo, como a vaselina líquida, por exemplo, que facilitará o deslizamento da pele na região e evitará a assadura. Os talcos também podem sem usados com a mesma função. Quando não for possível prevenir e a pele ficar machucada, evite banhos quentes, use roupas leves, evite esfregar o local avermelhado. Aplique pasta d’agua no local ou outra pomada para assadura. Caso em alguns dias não haja melhora, procure ajuda de um profissional de saúde.

V R T W L F T V A I O U K J


ESPORTES

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

na geral

na geral

Três Toques

Bebidas nos estádios Reprodução

Pan sem grandes novidades

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou, na terça (14), em segundo turno, o Projeto de Lei 1.334/2015, que autoriza a venda e consumo de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol de Minas Gerais. A venda é autorizada a partir da abertura dos portões até o fim do intervalo e o consumo se restringe ao bar, não podendo o torcedor levar bebidas para as cadeiras.

Mundial Paralímpico de Natação CPB

Wallace Oliveira

Até o fechamento desta edição, o anfitrião Canadá disputava com os Estados Unidos o topo do ranking de medalhas do Pan 2015. Em quase todos os Pan-Americanos, os ianques ocuparam o primeiro lugar. Isto só não ocorreu em dois momentos. Em 1951, a Argentina foi a maior medalhista, nos jogos de Buenos Aires. Em 1991, nos jogos de Havana, Cuba foi o país com melhor desempenho, ao conquistar 140 medalhas de ouro, dez a mais que os estadunidenses. Se o Canadá garantir o predomínio em Toronto, será mais uma exceção que confirma a regra: é preciso competir dentro de casa para bater os EUA.

Top 3

Wikimedia

O Brasil começou os Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 pensando alto. Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a meta é terminar as competições entre os três principais países em número de medalhas. Para tanto, o COB enviou sua segunda maior delegação na história do Pan, com 600 atletas. O Top 3 foi atingido na última quartafeira (15), quando o Brasil ultrapassou Colômbia e Cuba. O bom desempenho tem sido puxado, até o momento, pelo judô e a natação.

Cuba ainda é uma potência

Em Glasgow, Escócia, foi disputado o Mundial Paralímpico de Natação, contando com 571 atletas de 67 países. A delegação brasileira participou com 23 atletas. Na quarta-feira (15), o destaque novamente foi o multimedalhista Daniel Dias, que venceu os 200m livre S5, faturando seu terceiro ouro na competição. Ele já tinha chegado ao topo do pódio em duas outras provas individuais, além do revezamento 4 x 50 metros livre.

A contar desde 1951, quando começou o Pan, o predomínio é dos Estados Unidos, que conquistaram, até a edição passada, 1.861 ouros, 1.379 pratas e 932 bronzes. Surpreendente, porém, é o desempenho cubano no segundo lugar, com 839 ouros, 566 pratas e 527 bronzes. Não é escusado lembrar: a ilha tem 11,2 milhões de habitantes (menos que o Rio Grande do Sul) e um Produto Interno Bruto de US$ 78 bilhões (metade do PIB de Minas Gerais). E, não obstante ser um país pequeno, a nação de Fidel e Raúl tornou-se potência esportiva continental. Foi de Cuba, aliás, o melhor desempenho entre os países latino-americanos nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Pratique esportes

Ciclismo

Onde:

Praça Arnaldo Janssen, BH.

Quando:

19 de julho, das 9 às 11h30.

Informações:

bikeanjobh@gmail.com

15

O Pedal do Chaves reúne crianças andando de bike, com segurança, e levandoas a conhecerem as ruas da cidade por um novo ângulo. O projeto também tem palestras, jogos e batepapos.

O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.

Apologia ao militarismo? Ministério da Defesa

Durante os jogos do Pan 2015, atletas brasileiros têm prestado continência na execução do hino nacional. Alguns deles são militares e participam de um programa de treinamentos que é fruto da parceria entre os ministérios do Esporte e da Defesa. Há rumores de que os atletas foram orientados a fazerem o gesto. A conduta foi interpretada por muitas pessoas como uma apologia ao militarismo, o que rendeu críticas. Em nota, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) afirma que a prática é espontânea e mero sinal de patriotismo e reconhecimento às Forças Armadas, sem nenhuma conotação política e obrigatoriedade. Vale lembrar que, recentemente, o COB proibiu manifestações de cunho político por parte dos atletas brasileiros.

VocêSabia? As primeiras competições esportivas de ciclismo aconteceram na Inglaterra, no final século XIX, quando foram desenvolvidas bicicletas capazes de alcançar velocidades mais altas. A modalidade tornou-se esporte olímpico em 1896, nos jogos de Atenas.


16 ESPORTES

Belo Horizonte, 17 a 23 de julho de 2015

DECLARAÇÃO DA SEMANA

CURTO E GROSSO

Reprodução / Twitter: @LevirCulpi

O Mineirão é nosso

Reprodução

Wallace Oliveira O “sucesso” das novas arenas do futebol brasileiro é uma moeda de dupla face: menor público e maior renda de bilheteria, garantida pelo elevado preço dos ingressos. Um estudo da Pluri Consultoria, divulgado em 2014, apontou os ingressos brasileiros como os mais caros do mundo, levando em conta o poder de compra da população. Num país que tem 16 cidades com mais de um milhão de habitantes e onde o futebol é um esporte tão popularizado, a imensa maioria das pessoas mal sonha frequentar esses estádios. O Brasileirão do ano pas-

sado teve a pífia média de 16.555 frequentadores, com taxa de ocupação de 40%. E os outros 60%? O novo Mineirão, com capacidade para 61.846, raramente ultrapassa as 50 mil pessoas. Dinheiro público para custear vagas ociosas, em recintos administrados por empresas que não param de lucrar. Era essa mesmo a ideia?

Muita ideia e não muda nada.

Para protestar contra essa situação, a torcida cruzeirense Resistência Azul Estrelada marcou um ato no Mineirão, no dia 9 de agosto, às 14h30. Essa luta não é de uma torcida apenas, mas de todos os que compreendem que o Gigante da Pampulha não pertence à empresa que o administra, mas a todo o povo mineiro.

Levir Culpi, técnico do Galo, comentando as reuniões da CBF para discutir propostas para o futebol nacional.

Gol de placa Carlitos Tevez voltou! Após 11 anos jogando fora da Argentina e mesmo estando no auge da carreira, o atacante retorna ao clube que o revelou ao mundo: o Boca Juniors. Ao sair da Juventus, Tevez abdica de uma remuneração mais alta e da visibilidade proporcionada pelo futebol europeu.

Gol contra José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça por seu envolvimento no escândalo da FIFA. Para sua defesa, contratou o deputado Fernando Capez (PSDB-SP). O problema é que Capez não se licenciou de seu cargo público para prestar esse serviço particular de advocacia.

OPINIÃO América Bráulio Siffert Invicto há seis jogos e sem ter perdido em casa, o América vai se firmando como sério candidato ao acesso. Além da vontade dos jogadores, que é o que mais tem se destacado, o time começou a crescer coletivamente e a ter lampejos de bom futebol. O que continua faltando é uma presença mais efetiva do meio campo, muito dependente

de Mancini. Quando em campo, ele se esforça e até consegue organizar algumas jogadas, mas a idade avançada impossibilita grandes rendimentos. Quando ausente, o meio fica totalmente perdido. O técnico já deveria ter testado alternativas para a ausência de Mancini e mesmo para substituí-lo durante os jogos. Renatinho e Xavier, da base, podem tranquilamente suprir essa necessidade.

OPINIÃO Atlético Rogério Hilário Com o desempenho avassalador fora de BH e a regularidade dentro de casa, o Atlético tem condições de se manter na liderança ou até ampliar a vantagem no primeiro turno. O divisor de águas será o confronto com o Corinthians. Depois, o Galo terá mais três jogos na capital (Figueirense, São Paulo e Grêmio) e dois em campos adversários (Goiás

e Chapecoense). O maior trunfo de Levir Culpi tem sido o futebol solidário, com movimentação e empenho dos jogadores. Desta forma, ausências de Luan, Dátolo e Marcos Rocha vêm sendo superadas pela ascensão técnica de Giovanni Augusto e de Thiago Ribeiro e o reaproveitamento de Leandro Donizeti. O treinador é teimoso, mas acabou cedendo diante das circunstâncias.

OPINIÃO Cruzeiro Léo Calixto Mais uma tentativa de contratação feita pela direção celeste pode não se confirmar. O nome da vez é o polivalente Cícero, ex-Fluminense, São Paulo e Santos. Na coluna anterior, eu havia dito que o meio campista que reunia as características ideais para assumir a titularidade na equipe celeste era Renato Augusto. Confesso que a busca por

um acerto com o meia Cícero me surpreendeu positivamente. É um nome que, se vier, colocará o Cruzeiro em outro patamar dentro do Campeonato Brasileiro. Mas o problema está exatamente na expressão “se vier”, pois, com a quantidade de negociações fracassadas que a direção celeste acumula em 2015, não estranharíamos se Cícero não viesse mais para a Toca da Raposa II.


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