Divulgação / Fox Life Reprodução
CULTURA 13
Fala, Carol Uma das maiores funkeiras da atualidade, MC Carol fala sobre feminismo, preconceitos que rondam o mundo do funk e releva admiração por Dandara
Minas Gerais
Mídia Ninja
9 BRASIL
Margaridas em Brasília Cerca de 70 mil mulheres marcham em Brasília por políticas públicas que garantam autonomia econômica e igualdade no campo
14 a 20 de agosto de 2015 • edição 99 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
O que querem os atos de 16 e 20 DIA 20
Convocada para 16 de agosto, manifestação tem como tema central o pedido de impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff. Além disso, movimentos de direita e partidos se unem para reivindicar a invalidação das eleições presidenciais de 2014, sob a alegação não comprovada de fraude. Em suas inserções na TV, PSDB divulga apoio aos protestos.
Movimentos sociais criam a Frente Brasil Popular, que busca pressionar a política a seguir outros rumos, porém, com respeito às eleições de 2014. O ato de 20 de agosto é contra o ajuste fiscal promovido pelo governo, em defesa da verba do pré-sal para investimentos em educação e saúde e por reformas populares.
DIA 16 Isis Medeiros
4 MINAS
9 BRASIL
Protestar agora é crime Câmara dos Deputados aprova lei que pode tipificar manifestações e reivindicações populares como atos de terrorismo
11 ENTREVISTA
Ataque ao petróleo brasileiro “A Lava Jato é uma operação montada para atingir economicamente o país e não simplesmente para discutir a corrupção”, diz Joceli Andreoli
Polícia reprime manifestação com violência excessiva Sem justificativa, ato contra aumento da tarifa de ônibus foi cercado e atingido por bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. Novo protesto está marcado para sexta (14)
CIDADES 3
8 BRASIL
Agenda não interessa ao Brasil Dilma acena positivamente às propostas de Renan Calheiros, mas movimentos acreditam que medidas vão gerar perdas de direitos para trabalhadores
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
editorial | Brasil
Novas manifestações virão
ESPAÇO dos Leitores
Nosso mais sincero agradecimento ao Jornal pela matéria da edição 98. O atencioso repórter Wallace Oliveira faz uma denúncia transparente e refinada da arbitrariedade promovida pela equipe URBEL/ PBH atuando em terras do Patrimônio Público Federal da União. Incluímos aqui também nosso reconhecimento à carinhosa fotógrafa Rafaella Dotta e toda a equipe jornalística. Comunidade Vila Artur de Sá em bairro União-BH por e-mail
Eu tô besta com o tanto de gente que não viu racismo nessa palhaçada... Thaís Mariano comentando o artigo “O “Africano” segundo o ‘Pânico na TV’” de Gabriel Rocha
O corporativismo está com os dias contados! É preciso dar um basta à mercantilização da medicina e o Mais Médicos irá colaborar muito para isto! Savio Theodoro comentando a matéria “Médicos Populares se solidarizam com estudante atacada por discurso sobre políticas de saúde”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br Giovani Clark
As manifestações contra o au- Tal possibilidade de repressão já mento das tarifas de ônibus deram havia sido sinalizada este ano duo início para as mobilizações mas- rante atos e greves de trabalhadosivas de junho de 2013 que percor- res e também nas ocupações urbareram o país. Assim como no ato de nas da capital. quarta-feira, a repressão brutal da A manifestação que questionava Polícia Militar às manifestações só o aumento e o ataque ao direito de fez crescer a ir e vir do poindignação vo belorizonRepressão fará aumentar as e a solidarietino foi remanifestações legítimas dade entre primida sob o povo brao pretexto de sileiro, marestar impecando o estopim das maiores ma- dindo o direito de ir e vir da popunifestações da história recente do lação! É inadmissível que o goverpaís. no estadual de Pimentel, que se Marcada pela rotina de cansaço, propunha a ouvir, e diz estar aberviolência e tormenta, provocada to ao diálogo, não escute as ruas ou pela falta de investimento no trans- mesmo não detenha o controle abporte público de qualidade, aliada soluto ou contenha com ímpeto as às relações espúrias entre empre- divergências no seio da Polícia Misas de ônibus e governos, a mobili- litar. dade urbana, assim como a luta por As manifestações, de ordem ecomoradia, consiste num dos princi- nômica ou política, além de serem pais eixos da reforma urbana, de da natureza de um regime demoque Belo Horizonte e o Brasil tan- crático, servem para aperfeiçoá-lo. to precisam. Não fosse a presença ostensiva e reO ato realizado na quarta-feira pressiva da PM, provavelmente não na Praça 7 reuniu cerca de mil ma- haveria conflito ou feridos. A pauta nifestantes e denunciava o aumen- contra o aumento da tarifa de transto abusivo da porte, por tarifa do ônium transbus em Be- População cansou das péssimas porte públilo Horizonte co de quapela segunda condições do transporte público lidade, por vez em 2015 e acesso à moo caráter emradia digna, presarial da prefeitura de Marcio enfim, pela reforma urbana, se soLacerda, que, de costas para o po- ma ao conjunto de reformas estruvo, aprovou o aumento da passa- turais (agrária, política econômigem passando por cima inclusive ca e financeira, democratização da de liminar da Justiça que suspendia mídia, reforma política) que o país o aumento por 180 dias. tanto precisa. O protesto, convocado pelos moEstas bandeiras estarão presenvimentos Tarifa Zero e Passe Livre, tes novamente no dia 20 de agosto, seguia tranquilo e pacífico e em ne- por mais direitos e por mudança na nhum momento apresentou qual- política econômica, convocado paquer risco à integridade da popula- ra as 16h, na praça Afonso Arinos. ção ou dos policiais. Nenhuma força será capaz de Repudiamos e condenamos a conter as lutas do povo brasileiro, ação da Polícia Militar contra os pois elas expressam o desejo e o inmanifestantes, pelo seu caráter tru- teresse das grandes maiorias deste culento, intransigente e abusivo. país.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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CIDADES
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
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Ato contra aumento da tarifa sofre repressão violenta em BH ÔNIBUS Sem motivo e sem clima de tensão, PM abriu fogo contra manifestantes que protestavam contra o aumento ilegal do transporte Isis Medeiros
Rafaella Dotta Será realizado, na sexta-feira (14) às 17h, mais um ato contra o aumento da tarifa de ônibus em Belo Horizonte, com concentração marcada na Praça Sete. O protesto será o segundo na mesma semana, depois da violência policial sofrida na quarta (12) , pelas pessoas que se manifestavam contra o reajuste de R$3,10 para R$3,40. Na quarta, cerca de mil pessoas marcharam, saindo da Praça Sete em direção à prefeitura. Travados por uma barreira policial, decidiram subir a rua da Bahia, onde a ofensiva policial começou. O lojista Watison Gonçalves conta que bombas de gás lacrimogênio começaram a
Protesto seguia pela rua da Bahia quando sofreu uma ofensiva de balas de borracha e gás lacrimogênio
ser atiradas sem nenhum motivo. “A polícia fechou as ruas, não deixando nenhum
carro passar, e começaram a soltar bomba no meio do povo. Do nada. A manifestação estava tranquila, pa-
cífica. Tivemos que abrigar o pessoal aqui na loja, ligar os ventiladores. Todos estavam com os olhos
muito vermelhos e tossindo. Caos total”, lembra Watison. Cerca de 80 pessoas se refugiaram no Hotel Sol, fugindo dos tiros e bombas, e foram encurralados pela Polícia Militar. De lá, 50 foram encaminhados à delegacia de flagrantes, sendo liberados às 3h da madrugada de quinta (13). Foram também inúmeras as denúncias de jornalistas impedidos pela PM de exercer sua profissão. Pelo menos dois, dos jornais O Tempo e do Brasil de Fato MG, foram atingidos por balas de borracha. Wallace Oliveira, repórter do Brasil de Fato, levou um tiro na perna depois que a manifestação já tinha acabado, por estar produzindo um vídeo para o jornal.
Defensoria entra com recurso contra aumento do ônibus TARIFA Ação Civil pede nova liminar de suspensão do reajuste de 9,7% O preço das passagens de ônibus em Belo Horizonte aumentou na sextafeira (7), de R$ 3,10 para R$ 3,40 (9,7%). A nova tarifa começou a valer já na manhã do sábado (8), e pegou muitos usuários de surpresa. O reajuste estava sendo adiado pela Justiça desde junho, mas a decisão foi revertida em segunda instância. Nessa terça-feira (11), a Defensoria Pública ingressou com uma nova Ação Civil Pública, na 4ª Vara de Feitos da Fazenda Pública Municipal, pedindo por uma nova liminar que suspenda o aumento. A proposta prevê que seja realizado outro estudo, dessa vez em formato de auditoria fiscal, contábil e financeira. No documento, o órgão pede também que a Ernst & Young, empresa que solicitou o aumento da tarifa, seja proibida de participar. Essa foi a terceira vez
que a Defensoria Pública entrou com pedido para tentar barrar o reajuste. Abaixo-assinado Uma petição online está sendo realizada pelo Movimento Tarifa Zero. No
texto, o grupo reafirma a ilegalidade do aumento e afirma que o reajuste “fere diretamente o disposto pela Lei de Política Nacional de Mobilidade Urbana e o Contrato de Concessão”. (Com Raíssa Lopes)
Site de Saúde Popular no ar
Onde denunciar as agressões? Nos casos de reclamações sobre a atuação da polícia, a Ouvidoria da Polícia do Estado de Minas Gerais pode receber as denúncias. Não é preciso que a pessoa se identifique. Pode ser feita online através de www.ouvidoriageral.mg.gov.br ou pelo telefone 162. Segundo o ouvidor Paulo Alkmin, a Ouvidoria já abriu um procedimento sobre os acontecimentos de quarta (12), com base em denúncias e nas informações veiculadas pelos jornais. O processo será enviado à Corregedoria da PM e para a Promotoria de Direitos Humanos, pedindo que se abra uma investigação. Também na quarta, a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania ouviu durante todo o dia relatos dos abusos cometidos pela polícia. O recolhimento de depoimentos continua na sexta (14), das 9h às 17h, na Avenida Amazonas, 558. O objetivo é organizar um dossiê com relatos, vídeos, exames de corpo delito a ser entregue ao governo estadual.
Foi lançado oficialmente, na última terça (11) em São Paulo, o site Saúde Popular, portal que reúne notícias, reportagens, vídeos, artigos e áudios que, a partir de exemplos cotidianos, reafirmam o direito à saúde como algo que pode e deve ser garantido por um sistema público, gratuito e universal. Confira: https://saude-popular.org
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MINAS
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
O que está em jogo no Brasil? Duas manifestações estão sendo convocadas neste mês de agosto. Esquerda e direita se enfrentam. No dia 16, grupos como o “Vem pra rua” e partidos como o PSDB chamam ato contra a corrupção e pelo impeachment, com ampla repercussão na mídia. Já no dia 20, que tem recebido pouca cobertura da imprensa, movimentos populares e organizações de esquerda criticam ajuste fiscal e pedem mais democracia. Confira as principais bandeiras e quem está convocando os dois atos.
Dia 16
Dia 20
O que querem:
O que querem:
• Invalidação das eleições 2014: recontagem e investigação das eleições presidenciais de 2014 • Votação do impeachment de Dilma Rousseff: foram protocolados na Câmara dos Deputados 13 pedidos de impeachment da presidenta. A oposição pede que Eduardo Cunha, presidente da casa, os coloque em votação • Prisão do ex-presidente Lula: por suposto envolvimento em casos de corrupção investigados pela operação Lava Jato • Mais CPIs: aprofundamento das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em instituições estatais e públicas, como a Petrobras e o BNDES
• Defesa dos direitos dos trabalhadores: contra as medidas econômicas de ajuste fiscal que retiram direitos, o aumento do preço dos alimentos, da água, luz e transporte, e pela retomada do emprego • Mais democracia: a favor da reforma política e contra o financiamento empresarial das campanhas eleitorais, a favor do respeito às eleições de 2014 e da regulamentação dos meios de comunicação • Soberania nacional: contra a entrega do petróleo brasileiro a empresas transnacionais e a transferência de dinheiro público para o exterior por meio de contas secretas • Reformas estruturais e populares: a favor da taxação das grandes fortunas, da reforma urbana, agrária, tributária e educacional • Integração latino-americana: a favor da integração dos países latino-americanos, através do Mercosul, CELAC, Unasul e integração popular
Partidos de oposição divulgam apoio aos protestos
Frente Popular critica retirada de direitos e cobra mais democracia Lidyane Ponciano
Maíra Gomes
Os eventos são convocados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), pela página Vem Pra Rua e Revoltados ON LINE. Alguns dos partidos da oposição ao governo federal também convocam ou apoiam a manifestação: PSDB, DEM, Solidariedade e PPS. Nos dias 6 e 8 de agosto, o PSDB utilizou seus espaços na TV para divulgar apoio aos protestos. A atitude que une os três grupos são as publicações contra o Partido dos Trabalhadores, ações que pressionam o poder judiciário a realizar prisões de integrantes do governo federal, tanto de partidos da base aliada quanto de
empresários brasileiros. Esta não é a primeira proposta de impeachment de Dilma Rousseff desde as eleições presidenciais de outubro de 2014. A recontagem de votos, as manifestações de 15 de março, a pressão para relacionar Dilma com ações de corrupção e as “pedaladas fiscais” foram algumas destas tentativas. Entre as organizações há, ainda, a divisão entre os que querem a deposição da presidenta por vias democráticas e os que defendem uma intervenção militar. Outros apostam na estratégia de desgastar o governo até 2018, levando à sua derrota eleitoral.
A manifestação de 20 de agosto está sendo convocada pela Frente Brasil Popular, composta por organizações como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE), Levante Popular da Juventude, Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), além de partidos como o PT, PCdoB e Consulta Popular. Iniciado em São Paulo, o Grupo Brasil existe há dez anos e reúne os maiores movimentos sociais e sindicais do país para debater conjuntura e política. A partir do início deste ano, o grupo passa a se articu-
lar como “Frente Brasil Popular”. No dia 20, atuam em dois temas centrais: respeito às eleições de 2014 e contra os ajustes do governo federal, como os cortes no seguro-desemprego e no FIES. A articulação também lançou um documento nacional, onde lista seis temas amplos defendidos por todas as organizações. As bandeiras vão desde os últimos projetos aprovados na Câmara dos Deputados, até a integração entre países latino-americanos. Em Minas Gerais, o lançamento da Frente aconteceu em 7 de agosto e contou com a presença de 300 pessoas e do teólogo Leonardo Boff.
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
Belo Horizonte recebe o XVIII Encontro Nacional de Direitos Humanos MOVIMENTO Temas centrais são reforma política e participação social Divulgação
Larissa Costa Na última quinta-feira (13), iniciou em Belo Horizonte o XVIII Encontro Nacional de Direitos Humanos. Pela primeira vez na capital mineira, o evento recebe 350 participantes de todo o Brasil, sendo que desses, 200 são delegados, eleitos pelas articulações estaduais, que terão direito a voto na escolha da nova coordenação do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH). O MNDH é um movimento social que atua na promoção dos direitos humanos no Brasil. Fundado em 1982, atualmente conta com mais de 400 entidades filiadas, que vão desde grupos de bairros até organizações não governamentais. A cada três anos, o movimento organiza o encontro nacional, que, além de renovar coordenação,
propõe a reflexão e o debate de temas que se relacionam com a luta histórica do povo brasileiro por direitos. Gildázio Alves dos Santos, atual conselheiro nacional do MNDH por Minas Gerais, conta que um
dos objetivos do encontro é propiciar um espaço de formação e articulação de sujeitos que atuam na área de direitos humanos. Com o tema Participação Social e Reforma Política para a Garantia de Direitos Humanos, o encontro con-
ta com mesas redondas, rodas de diálogo sobre assuntos diversos, como redução da maioridade penal, extermínio da juventude negra e democratização da comunicação. “Com o avanço do conservadorismo, avaliamos a necessidade de trazer temas novos para o debate no encontro, como taxação das grandes fortunas, a situação dos povos e comunidades tradicionais, criminalização dos movimentos sociais e descriminalização das drogas”, aponta Gildázio. O ato pela reforma política, que aconteceria na quinta (13), foi cancelado frente à truculência da policia militar na manifestação contra o aumento da tarifa na quarta (12). O encontro é aberto é vai até domingo (16). Para mais informações, acesse migre.me/r7PTs
Ministério Público pede arquivamento de investigação do aeroporto de Cláudio JUSTIÇA Processo investigava construção de pista em fazenda de tio de Aécio Neves Vinicius Gomes / Revista Forum
O Ministério Público de Minas Gerais pediu para arquivar a investigação sobre o aeroporto construído pelo Governo de Minas Gerais na cidade de Cláudio, região centro-oeste do estado. Para os promotores, não há sinal de superfaturamento da obra ou indícios de que a família do então governador Aécio Neves (PSDB) tenha sido beneficiada. O assunto veio à tona durante as eleições de 2014. O aeroporto, construído em terreno de tio avô de Aécio, tinha uso restrito e as chaves ficavam em poder de um primo de Aécio. Além disso, a pista não tinha homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Aeroporto foi construído em terreno do tio avô do senador Aécio Neves
MINAS
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AGENDA 04/09
O Encontro Nacional por uma Constituinte Exclusiva e Soberana para mudar o Sistema Político do Brasil acontecerá em BH no dia 4 de setembro. O encontro será para definir os rumos da campanha, iniciada em 2014 com um plebiscito popular, e dar continuidade à articulação, formação e luta para mudar as regras do jogo da política e ampliar a democracia no país.
05 /09
Belo Horizonte também vai sediar, no dia 5 setembro, uma Conferência Nacional Popular em defesa da democracia e por uma nova política econômica. Neste dia, será lançada oficialmente a frente popular que vem sendo articulada nos estados por diversos movimentos sociais, partidos políticos e organizações populares. O evento é aberto e acontecerá durante todo o sábado na ALMG.
07/09
No dia 7 de setembro, acontece, em várias cidades do país, o 21º Grito dos/as Excluídos/ as. Organizado por pastorais sociais e movimentos populares, o lema deste ano, “que país é este, que mata gente, a mídia mente e nos consome?”, pretende discutir com a população o papel do Estado, a democratização da comunicação e a reforma política. Em Belo Horizonte, o próximo seminário de construção será no dia 22 de agosto, às 14h, no Vicariato Social (Rua Além Paraíba, 208, Lagoinha).
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MINAS
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
Ranking de escolas mostra problemas no ensino DESIGUALDADE Das 19 melhores escolas de Minas, apenas três são públicas
Roosewelt Pinheiro / ABr
Artigo
Frente e fundo João Paulo Cunha
Escolas que tiveram notas maiores estão em bairros com melhor IDH
Pedro Cindio No último dia 05, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou o resultado das melhores escolas do Brasil, conforme colocação no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Minas Gerais teve 19 escolas entre as 100 melhores do país, porém, apenas três são públicas (uma federal e duas militares) e 16 são da rede privada. As escolas classificadas como melhores compartilham outros índices, como o socioeconômico, classificado como “muito alto”, ou “alto”, a partir dos locais onde se localizam. Mesmo a escola estadual que está em sua melhor colocação – EE Pedro I, que aparece na 1.879º posição nacional – apresenta um Índice de Desenvolvimento Humano superior às outras públicas. Em resumo, quanto maior o
IDH do local da escola, melhor o desempenho do aluno. Segundo o Secretário Adjunto de Educação Carlão Pereira, esse é o principal componente para que as escolas tenham um resultado superior no Enem. “As escolas particulares fazem seleções, da mesma forma que as federais e militares. Já a escola estadual não pode negar vaga, o requisito é apenas morar na região. O que devemos fazer é a melhoria estrutural, de formação dos professores e dialogar mais com a comunidade que as escolas atendem”, aponta. Formação do corpo docente Um estudo realizado pela Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que a qualificação do
professor também influencia muito na escolaridade. Um grande problema é que a falta de estrutura da rede pública faz com que professores com formação superior acabem indo para a rede particular de ensino. O mais comum são professores que se formam em universidades públicas atuarem na rede particular e os que se formaram na rede particular acabam lecionando na rede pública. Uma inversão de formação e resultado. As escolas têm uma importante base para isso. Segundo o estudo, elas precisam se abrir mais para a sociedade, conhecer melhor a realidade de onde está localizada, com a direção atuando diretamente na comunidade. Hoje as escolas ficam fechadas durante o final de semana e não acompanham a realidade, colocando grades e muros altos em sua estrutura.
O surgimento de frentes de esquerda por todo o país é um sinal positivo de reação aos ataques à democracia e às conquistas sociais. Uma frente de esquerda precisa consolidar um programa único, que organize a insatisfação popular em direção a um projeto progressista. Há o momento da conjuntura e a tarefa da construção. Há um pacote de maldades definindo o cenário, contra o qual é preciso se insurgir: ameaça de golpe contra a democracia, interesses do capital rentista, ideologização da imprensa, projetos entreguistas indisfarçáveis das riquezas do país, pauta regressiva no Congresso. Por tudo isso, é preciso ir ao fundo da frente. Ainda que a garantia de condições de governabilidade se coloque como imprescindível neste momento, há limites que precisam ser assinalados para convocar o apoio. As frentes não podem se desarticular de suas bases, de seus projetos de fundo. Por mais que possa parecer contraditório, o que dá vitalidade a uma frente são suas divisões, não suas alianças episódicas. Alguns exem- Contra o golpe, agora. Mas a plos deixam clara favor do povo, sempre a complexidade desse jogo dialético. Como a mudança do comportamento da imprensa. De agente de açodamento do golpe, ela passou a ser fiadora da legitimidade do mandato presidencial. Não se trata de uma tomada de consciência. A grande imprensa nunca fez jornalismo. Não fazia quando atacava o governo e não faz quando o defende por motivos que dizem respeito aos seus interesses de sustentabilidade em um mercado combalido. A relação com a proposta de agenda do Senado é outro exemplo. A pauta é conservadora, antipopular, agride direitos e reforça o estilo de coalizão que vem ferindo de morte a capacidade de governar democraticamente. Uma perspectiva de ajuste recessivo que a própria presidente Dilma Rousseff assume como próxima de algumas ideias do governo. Não existe conciliação possível entre Agenda Brasil e movimentos sociais. O mesmo comportamento evasivo se percebe em relação aos movimentos sociais. A recente Marcha das Margaridas foi exaltada por sua inegável força política e simbólica, mas suas reivindicações históricas há muito mofam na prateleira das políticas públicas escanteadas. Não basta apenas marchar com as Margaridas, mas sim transformar em realidade suas bandeiras. Se há uma inclinação da sociedade em direção à sustentação do mandato presidencial, é preciso que o sinal venha do outro lado com a mesma intenção e intensidade. Isolados, os movimentos começam a assistir novamente sua criminalização. Em Belo Horizonte, a passeata contra o aumento de passagens de ônibus foi tratada à bala de borracha e ranger de dentes da Polícia Militar. Os próximos passos da frente, desdobrada da tarefa da urgência da conjuntura, já estão previstos: a reforma política por meio de Constituinte popular, a defesa da Petrobras e do sistema de exploração do pré-sal, a regulação da mídia, a taxação das grandes fortunas, a troca do ajuste fiscal pelo investimento social, a qualificação dos serviços públicos, a ampliação da participação social em todas as arenas de decisão. A esquerda tem o desafio presente da união. Contra o golpe, agora. Mas a favor do povo, sempre.
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
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Foto da semana
OPINIÃO
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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Rafael Gaia / NINJA
Na edição 94... Polêmico, Uber divide opiniões ...E agora A Câmara Municipal de Belo Horizonte criou comissão para solucionar o impasse entre motoristas do Uber e taxistas na capital. A decisão foi tomada após uma audiência pública, realizada na segunda-feira (10), que discutiu os aplicativos de transporte de passageiros na cidade. A comissão será formada por vereadores, representantes da BHTrans e do sindicato dos taxistas e terá 40 dias para criar um projeto de lei sobre o tema. Na edição 28... Enfermeira agredida pelo ex-chefe ...E agora A pesquisa “Perfil da Enfermagem no Brasil”, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi apresentada durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em 11 de agosto. O resultado da pesquisa serviu de base para, mais uma vez, os enfermeiros reforçarem o pedido de 30 horas semanais de trabalho. Atualmente, 32% dos profissionais de enfermagem fazem jornadas de 41 a 60 horas semanais. Outro dado que impressionou os presentes foi que 47,5% dos enfermeiros entrevistados afirmaram não serem tratados com respeito pela população.
Começou no dia 8 de agosto o Curso de Realidade Brasileira (CRB) de BH, com a proposta de estudar grandes pensadores do nosso país. A turma é formada por 130 integrantes de movimentos sociais e sindicais, e terá duração de seis meses. Os encontros serão realizados em sete dias ao longo do período.
Altamiro Borges
Jacques Távora Alfonsin
Não dá para confiar nos Marinho
Manifestações públicas não são terroristas
A famiglia Marinho, que utilizou todos os seus veículos de comunicação para desgastar o governo Dilma e para insuflar as marchas golpistas de março e abril, parece que desembarcou da aventura dos que propõem o impeachment da presidenta. Em editorial sexta-feira (7), o jornal O Globo criticou o oportunismo do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, e a “marcha da insensatez” da oposição. Circula a informação que o chefão João Roberto Marinho, teria se reunido com senadores para defender “que Dilma seja sucedida por quem ganhar as eleições de 2018. Ou seja, impeachment, não”. No editorial, intitulado “Manipulação do Congresso ultrapassa limites”, o jornal anuncia o seu rompimento com Eduardo Cunha, a quem sempre protegeu. “Ele age de forma assumida como oposição ao governo Dilma na tentativa de demonstrar força para Rede Globo desistiu escapar de ser denunciado ao do golpe? Supremo, condenado e perder o mandato, por envolvimento nas traficâncias financeiras desvendadas pela Lava Jato. Daí, trabalhar pela aprovação de ‘pautas-bomba’, destinadas a explodir o Orçamento e, em consequência, queira ou não, desestabilizar de vez a própria economia brasileira”. E conclui: “É preciso entender que a crise política (...) turbina a crise econômica, por degradar as expectativas e paralisar o Executivo. (...) Logo, a recessão tenderá a ser mais longa, e em decorrência, o ciclo de desemprego e queda de renda”. A história do Brasil – com o suicídio de Vargas, a desestabilização de Kubitschek, o golpe contra Jango, o boicote às Diretas Já, a farsa do “caçador de marajás”, a blindagem ao “príncipe da privataria” e outras ações golpistas – desaconselha qualquer tipo de ilusão no que se refere à Rede Globo e demais veículos da família.
A Câmara dos Deputados votou projeto de lei nº 2016/2015, de autoria do Poder Executivo, que trata de “dispor sobre organizações terroristas”. Os debates em torno da melhor redação da projetada lei vão desde uma grande desconfiança sobre possíveis abusos da autoridade policial ou judiciária no enquadramento de tudo quanto possa ser considerado terrorismo, até as defesas nela previstas como expressamente excludentes dessa possibilidade. Se existe um risco de, se for transformado em lei esse projeto, alguma interpretação futura, administrativa ou judicial, abusar da sua letra e também enquadrar manifestações legítimas em prática do terrorismo, não há como garantir defesa segura. Perigo, como outras paLei sobre terrorismo lavras da lei, como “ameapõem em risco ça”, “iminência”, está muito sujeita a um modelo indemocracia terpretativo moldado à cultura, à ideologia, aos costumes, à tradição, aos “precedentes legais, jurisprudenciais, doutrinários” e até ao lugar social ocupado pela/o intérprete da lei. Autoridades judiciárias ou administrativas podem e devem ter plena consciência disso, a lei processual permitindo até a inspeção judicial como forma de prova desse drama humano tão presente em nosso país. Quem se acha com direito ao “auxílio moradia”, por exemplo, sabe bem o sentido e a referência do que seja uma casa. Não haverá nessa vantagem excepcional, extraordinária, reveladora de um comprovado privilégio, um motivo a mais para se julgar como ilegais, atos de desespero como os que ocorrem em muitos conflitos fundiários urbanos e rurais do Brasil? Pior do que considerar terrorismo aquelas manifestações de protesto é desconsiderar como terroristas certas aplicações de lei indiferentes à pobreza e à miséria do povo brasileiro.
Altamiro Borges é jornalista e editor do Blog do Miro.
Jacques Távora Alfonsin é procurador aposentado do Rio Grande do Sul.
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BRASIL
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
Movimentos afirmam que Agenda Brasil será “desastrosa para o país” RETROCESSO Para organizações sociais, proposta de Renan Calheiros vai “contra direitos sociais conquistados na Constituição” Marcelo Camargo / Agência Brasil
José Coutinho Jr. e Wallace Oliveira O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), apresentou ao governo a chamada Agenda Brasil na segunda-feira (11), plataforma que contém uma série de medidas e propostas que teriam como objetivo enfrentar a crise política e econômica pela qual o país passa e garantir governabilidade, restabelecendo o diálogo entre Legislativo e Executivo. A presidenta Dilma Rousseff recebeu positivamente a agenda, dizendo que iria estudá-la. “Muitas das propostas do presidente Renan coincidem plenamente com as nossas e são propostas muito bem-vindas”, afirmou ela. Entretanto, a maioria das 27 propostas presentes na Agenda Brasil, segundo os movimentos populares ouvidos pelo Brasil de Fato, representam um retrocesso nos direitos trabalhistas, na questão ambiental e na área da saúde. Para Valter Pomar, historiador e dirigente nacional do PT, a agenda não é apenas um pacote de medidas para combater a crise, e sim uma ofensiva aos direitos garantidos na Constituição de 1988. “O grande capital, a oposição de direita e a grande mídia acham que os direitos previstos na Constituição de 1988 tornam o país ingovernável”. Pomar classifica os impactos da aprovação da agenda como “desastrosos”. “Mas ainda mais desastroso seria a adesão do governo a esta agenda”. Benedito Barbosa, dirigente da Central de Movimentos Populares (CMP), acredita que a Agenda Brasil vai colocar o governo Dilma “de joelhos”. “A direita, na figura de Renan Calheiros, em troca do ‘pacto pela governabilidade’, quer impor essa proposta neoliberal ao governo, isolando as pautas sociais”.
Meio ambiente Treze organizações ambientais, dentre elas o Greenpeace e o Instituto Socioambielta (ISA), divulgaram nota conjunta contra as propostas, afirmando que as medidas “aprofundam os retrocessos em questões socioambientais, rifando os direitos territoriais indígenas e a regulação ambiental, colocando o país na contramão das respostas que exige a crise climática”. A nota também aponta que a agenda ignora a crise hídrica e energética pela qual o país passa, que demandariam o aumento da conservação ambiental, não a sua redução, e que as empreiteiras irão ganhar com a falta de controle estatal proposto pela Agenda. Mineração A Agenda Brasil também faz referência à revisão da legislação a respeito da mineração, objetivando a atração de investimentos. Para Maria Júlia Andrade, do Movimento pela Soberania Popular frente à Mineração, todas as discussões prévias sobre o assunto e a participação popular estão sendo “tratoradas” nesse momento. “O projeto de Código que está tramitando há dois anos está sendo agora rifado pela tentativa de salvar o governo. O grande dilema que havia no Código era uma divergência entre PT e PMDB, em torno da apropriação do Estado das riquezas. É inaceitável. É uma moeda de troca. Temos tentado há dois anos incluir pautas de interesse dos povos, e colocar isso agora significa dizer que esse processo tende a ser mais tratorado do que a gente está sendo”, critica. Saúde Em relação à saúde, o SUS é o principal alvo da Agenda. Calheiros propõe “cobrança diferenciada, por
Joaquim Levy (à esq.), ministro da Fazenda, com Renan Calheiros, presidente do Senado
faixa de renda”, alterando o acesso e o custeio dos serviços. “Qualquer proposta que pense o financiamento do SUS, cobrando procedimentos realizados, vai provocar uma profunda distorção no sistema. Se até no financiamento público você remunerar pelo procedimento já gera distorção na organização do serviço de saúde, imagine se você coloca o financiamento privado?”, questiona Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e um dos criadores do programa Mais Médicos. Trabalho O documento apresenta-
do a Dilma, segundo Frederico Melo, assessor do Departamento Intersindical de Estatísitcas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) é uma carta de princípios, que faz indicações passíveis de interpretações diversas. Para ele, nem todos os pontos são ruins. É o caso, por exemplo, da proposta de “condicionar as alterações na legislação de desoneração da folha e o acesso a crédito subvencionado a metas de geração e preservação de empregos”. Isto significa que, para que possam acessar crédito, os empregadores devem se comprometer com a garantia do emprego. “É uma rei-
vindicação antiga do movimento sindical”, explica. Melo alerta, entretanto, para o ponto referente à regulamentação das terceirizações: “A redação do documento é vaga, mas, aparentemente, é um reforço ao que ficou conhecido como PL 4330 (agora PLC 30). Sob o pretexto de regulamentar as relações de emprego terceirizadas, acaba abrindo a possibilidade de terceirização irrestrita. Isto seria ruim para os trabalhadores, tanto do ponto de vista dos direitos quanto da organização sindical, que será fragilizada e mais fragmentada, com o aumento das terceirizações”.
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BRASIL
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Câmara aprova lei antiterror, que pode criminalizar movimentos populares PROTESTOS Segundo deputados que se opõem ao projeto, texto tem como objetivo aumentar a repressão do Estado Tomaz Silva / Agência Brasil
Da redação A Câmara dos Deputados aprovou a lei antiterror, em votação nesta quarta-feira (12). O (PL 2016/15), que foi votado em caráter de urgência no plenário, teve aderência de todos os partidos, com exceção de PSOL e PC do B. O PL tipifica o terrorismo como a prática, por um ou mais indivíduos, de ações com a finalidade de intimidar o Estado, uma organização internacional, pessoa jurídica nacional ou estrangeira, ou ainda representações internacionais; em atos com a intenção de coagi-los a agir ou a se omitir, provo-
Lei abre brecha para protestos políticos serem considerados terrorismo
cando terror, expondo ao perigo a pessoa, o patrimônio, a paz pública e a incolumidade pública. Para a deputada e líder do PC do B na Câmara, Jandira Feghali, a lei dá margem para a criminalização de movimentos sociais e protestos políticos. “Uma manifestação de estudantes ou de professores poderia ser enquadrada como ato terrorista. A lei poderia ser usada para criminalizar tentativas de reivindicação do povo ao Estado, o que foi praxe na ditadura”, afirma. Apesar do texto isentar “manifestações políticas, so-
ciais ou sindicais” de qualquer restrição e punição, a deputada acredita que o texto é “amplo e genérico, a interpretação ficará na cabeça de quem julgar”. O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), em entrevista ao Opera Mundi, lembra que os crimes tipificados no projeto “já são contemplados no Código Penal. Mas o que temos mesmo é o terrorismo de Estado, sobretudo das polícias nas favelas”. A pena de uma ação classificada na lei antiterror pode variar de 12 a 30 anos. O projeto de lei segue para ser avaliado pelo Senado.
Marcha das Margaridas reúne 70 mil mulheres em Brasília FEMINISMO Trabalhadoras rurais reivindicam politicas públicas que garantam autonomia econômica Coletivo de Comunicadoras da Marcha Mundial das Mulheres
Coletivo de Comunicadoras da Marcha Mundial das Mulheres A 5ª. Marcha das Margaridas, maior manifestação de mulheres da América Latina, aconteceu em Brasília nos últimos dias 11 e 12 de agosto. Cerca de 70 mil mulheres, de todo o Brasil, se reuniram em torno de reivindicações para construir justiça e igualdade no campo, nas águas e nas florestas. Com o lema “Margaridas em marcha por desenvolvimento sustentável, justiça, soberania, liberdade e igualdade”, as mulheres apresentaram uma pauta com reivindicações de políticas públicas de fortalecimento às alternativas feministas e agroecológicas. Dentre as demandas colocadas das mulheres, está a reformulação DAP (Declaração de Aptidão ao PRONAF), para ampliar sua autonomia e fortalecer o trabalho. Além disso, as Margaridas exigem a aplicação em todo o Brasil do proje-
to “Terra, terreiro e quintal”, para as mulheres que produzem para autoconsumo, e mais apoio à formação e manutenção dos grupos produtivos de mulheres como forma de ampliar a participação delas no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Fora Eduardo Cunha e Joaquim Levy Na quarta (12), as mulheres saíram em marcha em direção ao Congresso
Nacional. Ao som de palavras de ordem como “Fora já, fora já daqui, Eduardo Cunha e Levy”, as militantes anunciaram sua crítica às políticas econômicas do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Além disso, as mulheres demarcaram sua oposição ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem colocado na pauta da Casa questões importantes para as mulheres como a terceirização e a redução da maioridade penal.
A coordenadora de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alessandra Lunas, em sua fala no ato, ressaltou a defesa do Estado laico, dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e a oposição à redução da maioridade penal. A principal pauta desta Marcha das Margaridas é aprofundar a luta contra a violência sexista e a ampliação de políticas especificas para as mulheres rurais, como a criação de creches no campo. Nas ruas, as militantes afirmaram sua defesa pela democracia, a necessidade de mais mudanças e as conquistas obtidas através da Marcha. Para elas, a luta por justiça social, igualdade e liberdade é imprescindível neste momento de forte avanço do conservadorismo no Brasil. O ex-presidente Lula, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias e a presidenta Dilma Rousseff estiveram presentes no encontro. Dilma ga-
rantiu que vai manter políticas de fomento para mulheres assentadas e anunciou propostas para aumentar a produtividade da agricultura familiar, além da criação de patrulhas rurais da Lei Maria da Penha, como parte de uma política de tolerância zero em relação à violência contra a mulher.
Margarida Alves A Marcha recebe o nome da liderança sindical Margarida Maria Alves, paraibana e a primeira mulher a presidir uma central sindical, lutava pelo direito dos trabalhadores e não se calava diante das dificuldades. Só teve sua voz calada quando foi assassinada por um matador de aluguel numa noite de agosto de 1983. As mulheres que seguem a manifestação que recebe seu nome ainda lembram de uma de suas mais famosas frases: “Da luta eu não fujo”.
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MUNDO
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Primeiro turno das eleições do Haiti termina com 3 mortes e mais de 130 detidos AMÉRICA Eleições são as primeiras realizadas no país desde 2011 Reprodução
Três pessoas morreram no Haiti, vítimas de violência na realização do primeiro turno das eleições parlamentares no domingo (10/8), segundo declarações do primeiro-ministro do país, Evans Paul. Além disso, três agentes policiais ficaram feridos e 137 pessoas foram detidas, enquanto 4% dos centros eleitorais foram alvos de algum tipo de atentado. O resultado da votação deverá ser divulgado em oito a dez dias. Como previsto, a participação na votação foi de 15%. Isso se deve, de acordo com o presidente do CEP (Conselho Eleitoral Provisório) haitiano, Pierre Louis Opont, aos atos de violência e ao fato de o voto não ser obrigatório.
Somente em Porto Príncipe, capital do país, três colégios eleitorais foram fechados após enfrentamentos. Meios de comunicação locais reportaram ainda que em Savanette, no centro do país, a votação foi suspensa após terem sido registrados disparos na rua. Opont ressaltou, no entanto, que, “em termos gerais”, foi cumprido o objetivo eleitoral para eleger 139 parlamentares, entre os mais de 1.850 candidatos. As eleições são as primeiras realizadas no país desde 2011, quando o atual presidente, Michel Martelly, assumiu o cargo e ocorreram com três anos de atraso. Agressões Gary Jean-Baptiste, partidário de Martelly, foi assassinado no domingo. Como
no Caribe, América Latina e ao redor do mundo, e ao mesmo tempo, fazê-lo com adesão às regras do Estado de direito”, disse o candidato em um comunicado.
vingança, outros dois homens também teriam sido mortos. Nestor Michelet, candidato à presidência do Haiti pelo Correch (Coalizão para a Convenção da Reconstrução da Reconciliação dos Cidadãos Haitianos),
foi ferido. Os três agressores fugiram após o ato. Com diversas fraturas e um braço quebrado, Michelet foi hospitalizado. “Eu espero que possamos coletivamente criar um marco na democracia, um sinal de preparo para nossos irmãos e irmãs
Eleições Esta será a segunda vez na história que um presidente haitiano entregará o posto após a realização de eleições democráticas. Serão eleitos o presidente, 20 senadores, 119 deputados para a Assembleia Nacional, 140 prefeitos e 1.280 representantes da administração local. No total, há mais de 1.853 candidatos. O segundo turno das eleições legislativas será no dia 25 de outubro, mesmo dia do primeiro turno para presidente. O segundo turno das presidenciais está previsto para 27 de dezembro.
Uma iniciativa inédita. Pela primeira vez, ao longo de seus 35 anos, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) e a Subseção do DIEESE realizam uma pesquisa online (via Internet), para traçar o perfil dos educadores e das educadoras no Estado.
A amostra será coletada nos meses de agosto e setembro deste ano em todas as regiões do Estado, para todas as carreiras da educação. O objetivo do Sindicato é coletar dados sobre o ambiente em que os educadores e educadoras trabalham e a profissão que exercem. O Sind-UTE/MG pretende ainda se instrumentalizar para aprimorar, ainda mais, os seus processos de negociação com o Governo do Estado e, assim, atacar os problemas existentes na escola pública e na profissão de educador. Se você é trabalhador em educação da rede estadual, nos ajude, respondendo a pesquisa através do site: www.sindutemg.org.br
Subseção
Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais - Sind-UTE/MG
Rua Ipiranga, 80 | Floresta • BH • MG - Tel.: (31) 3481-2020
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Opera Mundi
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ENTREVISTA 11
“O verdadeiro golpe é fazer o governo ceder em suas políticas” DISPUTA Joceli Andreoli, do MAB e do Quem Luta Educa, avalia que há interesses externos por trás da criação de cenário de crise Lidyane Ponciano
Joana Tavares A conjuntura política está agitada. De um lado, setores da direita e de oposição ao governo federal pressionam para desgastar cada vez mais o PT e ver suas propostas aprovadas. De outro, setores da esquerda social buscam se articular para tentar barrar o golpe, contra a retirada de direitos e para pressionar por mudanças progressistas. Joceli Andreoli, do Movimento dos Atingidos por Barragens e da articulação Quem Luta Educa, acrescenta ao cenário o interesse do grande capital na América Latina e, especialmente na Petrobras e no pré-sal.
“O que está acontecendo no Brasil faz parte de uma estratégia construída pelos Estados Unidos para se recolocar na América Latina” Brasil de Fato - Temos ouvido falar muito em “crise”. Crise econômica, crise política. De onde vem essa crise? Ela poderia explicar um pedido de retirada de Dilma da presidência? Joceli Andreoli - Existe uma crise do capitalismo, do ponto de vista internacional. Talvez uma das crises de maior contradição, porque há um grau de concentração muito grande de riqueza. Por exemplo, hoje, 80 pessoas têm a mesma riqueza que 3,5 bilhões de seres humanos. Essa crise, principalmente nos países centrais, faz com que a disputa se acirre na América Latina. O que está acontecendo no Brasil faz parte de uma estratégia construída pelos Estados Unidos para se recolocar na América Latina. Essa estratégia começou a ser implemen-
“Existe uma diferença enorme nos dias 16 e 20 de agosto: eles simbolizam uma divisão entre o retrocesso e a defesa de um projeto popular”
Joceli Andreoli: “Está nascendo um germe pra nós construirmos uma nova vanguarda de esquerda”
tada com mais força a partir de 2012, percorreu as eleições de 2014, quando houve um claro apoio ao PSDB como forma de reverter políticas sociais, e segue. Essa estratégia impulsiona a crise econômica por uma ação política. Cria-se uma crise política para paralisar o Brasil economicamente.
“A Lava Jato é uma operação montada para atingir economicamente o país e não simplesmente para discutir a corrupção” Como a operação Lava Jato entra nesse contexto? A Lava Jato é uma operação montada para atingir economicamente o país e não simplesmente para discutir a corrupção. E ela está atingindo seu objetivo, porque paralisa as construtoras nacionais, atinge a imagem do Partido dos Trabalhadores com o tema da corrupção e desgasta a principal empresa pública do país, a Petrobras. A Petrobras é responsável por garantir, a partir da exploração do pré-sal, um novo desenvol-
vimento da indústria no país, com regras que garantem a preferência pela indústria nacional. Garante ainda a renda do pré-sal para programas sociais, como os royalties para saúde e educação. A Petrobras é uma empresa com grande capacidade técnica e tecnológica e passa a ser a grande empresa de disputa do petróleo no momento. É a única que detém a tecnologia de exploração do pré-sal. Há possibilidade de golpe? Não podemos descartar essa possibilidade. No entanto, não está colocado um golpe do ponto de vista de derrubar a presidenta, mas uma artimanha para colocar o governo refém, para que ele vá cedendo em suas políticas sociais, para que se desgaste ao ponto de não ter mais condições de se eleger. Esse é o verdadeiro golpe: fazer o governo ceder em suas políticas. É um golpe sobre o povo brasileiro, que faz retroceder as políticas sociais em um momento em que o país poderia avançar. Essa crise não é real do ponto de vista do desenvolvimento econômico do Brasil. Há condições concretas de retomar as taxas de crescimento, inclusive contando com a renda do pré-sal.
A direita está se colocando em ofensiva e chamando a população para participar do ato de rua no dia 16 de agosto. As forças de esquerda chamam para outro ato, no dia 20. O que significam essas duas convocações? As manifestações da direita, como essa do dia 16 de agosto, não têm nada a ver com os interesses do povo brasileiro. Não nos interessa retrocesso da democracia, não interessa a defesa de golpe ou volta dos militares. Essas atitudes conservadoras, reacionárias, não interessam ao povo. Elas interessam a uma minoria que vem pautando certa massa que é conduzida pelos meios de comunicação a ir pra rua. Há um sentimento legítimo de querer mais e esse sentimento é utilizado pela grande mídia para colocar muita gente na rua. O dia 16 serve a uma das últimas tentativas de um setor do PSDB, especialmente do Aécio Neves, que tem como estratégia principal o impeachment da presidenta Dilma. Já o dia 20 é de construção autônoma dos trabalhadores, dos movimentos sociais, das centrais sindicais, dos movimentos de juventude que querem mais do Brasil, um país diferente, voltado para o povo brasileiro e que, até o momento, não conseguimos conquistar. É um movimento de reivindicação por reformas estruturais em nosso país. Também é um ato para questionar os rumos que o governo tem adotado, co-
mo o ajuste fiscal. É um ato que reivindica a defesa da Petrobras porque percebe que o pré-sal e a Petrobrás são estratégicos para a construção do projeto do país. Coloca também a necessidade da reforma política para a ampliação da democracia. Existe uma diferença enorme nessas duas datas, elas simbolizam uma divisão entre o retrocesso, o fascismo e o conservadorismo, por um lado, e a defesa do avanço popular do outro lado, com mais democracia, em defesa da soberania do povo, da construção de um projeto popular.
“Eu acredito que o PT não expresse mais o sentimento da sua militância” Como você avalia o papel do PT hoje e como essas forças de esquerda se relacionam com o governo petista? Acredito que o PT não expresse mais o sentimento da militância. Está provado que o PT não é mais um partido que tem a possibilidade de conduzir uma estratégia de avanço social e transformações estruturais. No entanto, a militância do PT, os milhões que existem no Brasil, se colocam com ânimo para essa construção. A militância, aqueles que muitas vezes não estão em cargo ou posto nenhum, se coloca de corpo e alma na luta social. Está se reconfigurando um novo estilo no Brasil, em que a militância do PT vai além do próprio partido. Acho que esse é o momento positivo de construção de uma aliança diversa, por isso uma frente, com militantes de muitas e diferentes organizações. Ou seja, está nascendo um germe para construirmos uma nova vanguarda de esquerda para fazer as tarefas que precisam ser feitas no Brasil.
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CULTURA
que e
Ufa! Finalmente Sérgio (Cláudio Lins) conseguiu sair do armário e revelar o seu amor por Ivan (Marcello Melo Jr) em “Babilônia”, que já entra na reta fi-
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Como qualquer casal nal. E não só isso: o ex-enrustido também contou toda a verdade para seu irmão e seu sobrinho e agora assumiu o namoro com o professor de educação física. Mas não foi fácil para Sérgio. E nem era para ser! Ele representa a geração que ainda tem de esconder a sexualidade em nome da carreira, da família e do medo do preconceito. Foi casado, amou a esposa, mas reprimiu seu desejo por outros homens. Separou-se e deu de cara com Ivan, garoto bonito, sedutor, papo reto e bem resol-
vido, por quem se apaixonou e quem o ajudou a superar os obstáculos de se reconhecer e se aceitar gay. Ivan teve de ser paciente. Ele é de outra geração, encontrou uma sociedade um pouco mais aberta à diversidade sexual. O jovem acabou entendendo que precisava ser compreensivo com o novo parceiro, respeitar seu processo, até conseguir desvelar que não havia nada de errado em se sentir atraído por outro homem. Salvou-o de continuar levando uma vida oculta, triste, incompleta. Os dois agora têm o de-
Novela safio de construir uma relação, como qualquer casal. Vão ter de ajustar manias e projetos, como qualquer casal. Vão brigar e se perdoar, como qualquer casal. Vão dividir as angústias e as alegrias da vida, como qualquer casal. Talvez a relação não seja eterna, como a de muitos casais, mas já terá valido a pena o encontro dos dois porque é fruto de uma transformação na vida de duas pessoas. E na de muita gente também, gente da vida real, que pôde conhecer um pouco mais das dificuldades e superações que homossexu-
ais vivenciam em nome da felicidade e do amor. Mais um avanço da pauta LGBT nas telenovelas. E só para completar: eu adorei a trilha sonora do casal, a música “Ilusão à toa”. Para quem está acostumado a ouvir Gal Costa embalando o romance de muitos casais heteros na TV, foi muito bom ver os flashbacks apaixonados de Ivan e Sérgio ao som da letra da canção. Ouça você também! Até semana que vem! Joaquim Vela
Livro sobre Lamarca é relançado
Zeca Polina lança disco na próxima quinta
MEMÓRIA Trajetória do capitão guerrilheiro serviu de base para dois filmes
AUTORAL Músico mineiro releva influências do rock, blues e música caipira em álbum solo
Divulgação
A trajetória de luta do capitão Carlos Lamarca, um dos principais líderes da oposição armada à ditadura militar, assassinado pelas forças da repressão no sertão da Bahia em 1971, permanece viva. Este é um dos motivos que justificam o relançamento da versão atualizada do livro “Lamarca, o capitão da guerrilha” (Editora Global), dos jornalistas baianos Oldack de Miranda e Emiliano José, que chega à 17ª edição. A biografia será lançada segunda-feira, dia 17, às 19h, em Belo Horizonte, na sede do Sindicato dos Jornalistas (Avenida Álvares Cabral, 400, Centro). Lançado originalmente em 1980, o livro faz uma minuciosa reconstituição da vida e atuação política de Lamarca. A cada nova edição, os autores incorporam revelações, fruto de intensa pesquisa em arquivos públicos e acervos particulares, além de descobertas apresentadas em obras e reportagens de outros autores. Na atual edição, eles corrigem versões anterio-
res e afirmam que Iara Iavelberg, companheira de Lamarca, não se suicidou como havia sido noticiado oficialmente, mas foi assassinada. O fato foi comprovado pela investigação da Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos. O livro “Lamarca, o capitão da guerrilha” serviu de base para dois filmes. O primeiro, o curta “Portas de fogo”, de 1984, do cineasta Edgard Navar-
Divulgação
ro, teve sua estreia impedida por ação da Polícia Federal e só foi liberado um ano depois. O segundo filme inspirado no livro é o longa-metragem “Lamarca”, dirigido por Sérgio Rezende e lançado em 1994, com Paulo Betti no papel do capitão. O filme foi lançado sob pressão de Nilton Cerqueira, o militar que executou Lamarca, que tentou impedir a estreia da produção. A capa da nova edição é do artista gráfico Elifas Andreato, o mesmo que ilustrou a primeira edição da obra. Desta vez, no lugar do retrato de Lamarca, o artista mostra um homem coberto por um manto vermelho, quepe verde-oliva, sem rosto, fuzil na mão, acolhendo a bandeira nacional, como se estivesse plantando uma semente de esperança no solo seco do sertão. O novo posfácio recupera registros da presença do exemplo de Lamarca na região de Brotas, onde ocorreu o cerco e a morte do capitão. (Da redação)
Na próxima quinta-feira (20), o cantor e compositor Zeca Polina lança o seu primeiro disco solo, de mesmo nome, às 21h, no bar Autêntica. Essa será a última apresentação do músico antes da partida para o Canadá, onde também divulgará o álbum. Após o show de lançamento, será realizada uma grande sessão de improviso. Os ingressos custam R$ 10. Zeca Polina é o nome artístico de Thiago Marques, multi-instrumentista mineiro com mais de 15 anos de carreira. Marques já participou
de diversos grupos musicais e tocou em lugares como México, Inglaterra e Estados Unidos. Trabalho mais recente do artista, o disco conta com influências da música caipira do Brasil, blues, rock’n’roll, valsa, e entre outros ritmos. Para ouvir e fazer download do disco, acesse o site do cantor: www.zecapolina.com.br. Serviço Lançamento do disco “Zeca Polina” Quando: quinta (20), às 21h Onde: Bar Autêntica (Rua Alagoas, 1172, Savassi) Quanto: R$ 10
CULTURA
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MC Carol, herdeira de Dandara MÚSICA Uma das principais funkeiras da atualidade, cantora fala sobre preconceito, feminismo e inspiração Raíssa Lopes e Rafaella Dotta Aos 21 anos, ela conquistou o status de diva e é apontada como a sucessora de Tati Quebra Barraco. À primeira vista, Carolina Lourenço de Oliveira pouco se parece com MC Carol, artista imponente que se apresenta no palco. Tímida e reservada, a dona dos sucessos “Bateu uma onda forte” e “Minha vó tá maluca” aos poucos solta o característico vozeirão e revela à equipe do Brasil de Fato MG todo o carisma que cativou fãs por todo o país. “Acho esse negócio de diva uma palhaçada! Eu sou é bandida, Carol Bandida. Essa definição pra mim é coisa de Beyoncé, Madonna. Eu
sou uma pessoa normal”, comenta Carol, aos risos. Apesar de não se ver como diva, diz com orgulho que é feminista e que, independentemente de cantar que seu “namorado é maior otário” por lavar suas calcinhas, homem tem sim que realizar tarefas domésticas. “O que eu canto nem sempre é realidade. Muitas vezes a música inteira não é. Agora, “Minha vó tá maluca” é. Ela realmente comprou uma peruca”, declara. Vista por muitos como exemplo de resistência – é mulher, negra, gorda, e de periferia - Carol sabe da importância e poder social que tem. Para ela, o preconceito existe e deve ser combatido. “Eu sou de luta sim. Porque algumas
pessoas acham que pra ser aceito tem que ser branco, magro e ter cabelo liso. Mulher no funk tem que ter ‘corpão’, tem que usar praticamente um biquíni no palco e eu vim contrariando tudo isso”, aponta a cantora, que já foi expulsa de um táxi quando o motorista percebeu seu tom de pele. Dandara e Zumbi como inspiração Além do humor com que procura escrever suas letras, recentemente a MC se aventurou por outros temas. Foi assim que surgiu o também hit “Não foi Cabral”, desenvolvido pela artista como uma resposta ao que aprendeu na escola sobre o descobrimento
Angela Fotuti
do Brasil. Na música, além de questionar a versão oficial da história, Carol cita Dandara e Zumbi, lideranças negras que lutaram contra a escravidão. Questionada sobre a razão, ela é enfática: “se não fosse por eles, eu não estava aqui”. “A minha professora falava que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, mas ele invadiu. Ela tocava muito no nome da Princesa Isabel, porque próximo ao Morro do Preventório [comunidade onde Carol vive até hoje] existe a casa de bonecas on-
de ela brincava. E lá também existe um cemitério onde os escravos eram enterrados. E mesmo assim a professora repetia que ela foi a salvadora dos negros, e não foi”, diz. “Dandara e Zumbi representam tudo. Se hoje eu estou aqui nessa mesa, tranquila, dando uma entrevista, é graças a eles e não graças à Princesa Isabel. Como os escravos já deveriam ser libertados naquela época, resolveram colocar uma branca como ‘rainha dos negros’. Mas eram Dandara e Zumbi que lutavam”, completa Carol.
Confira a letra de
“Não foi Cabral”, de MC Carol Professora me desculpe Mas agora vou falar Esse ano na escola As coisas vão mudar Nada contra ti Não me leve a mal Quem descobriu o Brasil Não foi Cabral
MC Carol é exemplo de resistência e sabe do poder que tem
Servidor público municipal de Belo Horizonte, fortaleça o seu sindicato! Conheça os canais de comunicação do Sindibel:
SINDIBEL Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte
www.sindibel.com.br facebook.com/sindibel (31) 3272-9865
Pedro Álvares Cabral Chegou 22 de abril Depois colonizou Chamando de Pau-Brasil Ninguém trouxe família Muito menos filho Porque já sabia Que ia matar vários índios Treze Caravelas Trouxe muita morte Um milhão de índio Morreu de tuberculose Falando de sofrimento Dos tupis e guaranis Lembrei do guerreiro Quilombo Zumbi Zumbi dos Palmares Vitima de uma emboscada Se não fosse a Dandara Eu levava chicotada
14 VARIEDADES
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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.
Os sobrenomes I
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Solução
1 xícara de chá de cheiro verde 2 ovos grandes 1 xícara de chá de parmesão ralado 1 xícara de chá de farinha de trigo 3 xícaras de chá de arroz cozido Sal e pimenta a gosto
MODO DE PREPARO Misture todos os ingredientes em uma tigela com o auxílio de uma colher. Aqueça o forno a 200º graus por aproximadamente 10 minutos. Faça os bolinhos com o auxílio de uma colher e junte um refratário. Asse por cerca de 30 minutos. Dica: Pincele um pouco de gema de ovo sobre o bolinho e polvilhe com queijo parmesão. Tempo de preparo 50 min Rendimento: 10 porções
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D A D E S N N F C I A I T R A S G I F I C O D E N H A G
ilustração: fernando
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F A L O R E E S P E C S T M O N T A A C I
Para acompanhar o nome PRÓPRIO, esse adendo adotava, sobretudo, características GEOGRÁFICAS da região em que a pessoa vivia, como “SILVA” para os que moravam próximo a alguma selva ou FLORESTA; “COSTA”, para quem HABITAVA junto ao mar; ou, ainda, “ROCHA”, para aqueles cuja RESIDÊNCIA encontrava-se perto de uma MONTANHA. Características físicas e morais também podiam dar origem a um sobrenome, como “SEVERO”.
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R A C I F I T N E D I A O V I A R T P I S O B R E N O M E B R A P A H H O R E V E S C O C O S T A R
Até o século XII, as pessoas eram conhecidas apenas pelo seu nome. Porém, com o crescimento das CIDADES, das relações COMERCIAIS e a DISTINÇÃO cada vez mais clara entre as classes SOCIAIS, surgiu a necessidade de algo mais ESPECÍFICO para IDENTIFICAR os indivíduos: o SOBRENOME.
INGREDIENTES
© Revistas COQUETEL
Amiga da Saúde Amiga da saúde, tenho ouvido falar sobre uma conferência de saúde que vai acontecer neste ano. Para que serve esse evento? Kátia Junqueira, 49 anos, desempregada. Querida Kátia, está previsto para acontecer entre os dias 1º e 4 de dezembro de 2015 a 15ª Conferência Nacional de Saúde. Lá serão definidas as diretrizes para as políticas de saúde nos anos seguintes. Esse processo se inicia com conferências locais nas unidades de saúde, passando por etapas regionais e estaduais para então chegar à nacional. Em todas essas etapas é obrigatória a participação de usuária(o)s, trabalhadora(e)s e gestora(e)s, eleita(o)s nas etapas anteriores. Quem não foi eleito também pode participar como observador, sem direito a voto. Ainda dá tempo de participar das etapas estaduais. Em Minas Gerais, será de 1º a 4 de setembro. As conferências são muito importantes para a construção do SUS. Entretanto, nem sempre o que é definido lá sai do papel, pois as propostas podem esbarrar nos interesses da elite. É necessário que o povo fiscalize e esteja mobilizado para fazer valer os seus direitos! Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
Sofia Barbosa Coren MG 159621-Enf.
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
na geral
Melhor Jogadora da Europa
Wikimedia
15
na geral
Três Toques A regra é clara
ESPORTES
Wallace Oliveira
Protesto da arbitragem Facebook / Thaisa Vôlei
Desde o dia 4 de agosto, está em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, que permite punir clubes de futebol que não pagam em dia suas dívidas fiscais e trabalhistas. Ora, neste início de mês, vencem os prazos para quitar vários compromissos, como os salários referentes a julho, o FGTS e o imposto de renda, tanto de jogadores quanto de funcionários. Será que os clubes vão pagar a conta? Não pagando, serão punidos? E o que será feito com os dirigentes dos clubes inadimplentes? Que a lei tenha sido escrita já é uma grande conquista do Bom Senso FC, mas uma luta ainda maior e mais difícil é fazer com que as regras que estão no papel sejam cumpridas. Na quarta-feira (12), a União das Federações Europeias de Futebol (UEFA) divulgou as três finalistas ao prêmio de melhor jogadora da temporada 2014/2015. A entidade indicou duas alemãs, Dzsenifer Morozsán e Célia Sasic, e a francesa Amandine Henry, do Lyon. Elas foram escolhidas por um grupo de 18 jornalistas. A vencedora será anunciada no próximo dia 27, em Mônaco. Nenhuma delas havia sido indicada antes para finalista do prêmio.
Desafio Transforma
Comitê Paralímpico Brasileiro
Potência paralímpica Ninguém mais alcança o Brasil. Com o maior número de medalhas de ouro, prata e bronze, a delegação brasileira confirmou seu favoritismo nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015. O bom desempenho tem se dado em todas as modalidades, mas cabe destaque para a natação e o tênis de mesa. Foi com os tenistas de mesa, aliás, que Brasil quebrou seu próprio recorde em pódio de uma mesma edição e numa mesma modalidade, conquistando 27 medalhas.
A primeira vez a gente não esquece Na quarta-feira (12), o judô do Brasil conquistou sua primeira medalha na história do Parapan, em disputas com número significativo de competidoras. Em Guadalajara (2011), a brasileira Michele Ferreira faturou o ouro, mas, na época, havia apenas duas lutadoras na categoria dos 52 kg. Nesta edição, ela enfrentou quatro diferentes adversárias, venceu todas as lutas e subiu ao topo do pódio. O ouro de Michele reflete não apenas a qualidade do judô paralímpico brasileiro, mas também o crescimento da modalidade no continente. Divulgação
O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016 realizou um concurso para definir a música oficial da torcida. Cinco escolas disputaram a final, três delas de BH: a E.M. Deputado Renato Azeredo, a E.M. Geraldo Teixeira da Costa e a E.M. Gracy Vianna Lage. Venceu a canção dos alunos do Centro Educacional Sesi 355, de Jundiaí/SP, que será gravada por atletas. As músicas podem ser ouvidas pelo link: desafiotransforma.com. br.
Pratique esportes
Terceira idade Onde:
Centros de Referência em Assistência Social de Contagem.
Informações: (31) 3352-2858 (31) 3352-2847
O programa “Vida Saudável”, da Secretaria da Pessoa com Deficiência, Mobilidade Reduzida e Atenção ao Idoso, oferece aulas de ginástica, alongamento, xadrez, basquete e futebol, entre outras atividades. Idade mínima: 60 anos.
O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.
A MP do futebol foi saudada pelos jogadores do Bom Senso, mas não agradou os árbitros e bandeirinhas de futebol. É que a presidenta Dilma vetou o trecho do documento que estabelecia que fosse repassado à arbitragem o valor de 0,5% dos direitos de transmissão pagos pela Globo. Em protesto, nos jogos da 18ª rodada do Brasileirão, os árbitros entraram em campo com uma tarja preta na manga da camisa, fizeram um minuto de silêncio e ergueram uma placa de substituição de jogadores com o número 5. Além disso, na noite da última quinta-feira (13), a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol se reuniu para deliberar sobre uma possível greve no fim de semana, na 19ª rodada. Até o fechamento desta edição, a reunião ainda não havia terminado.
VocêSabia? Em 2013, o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo realizou um estudo com 92 idosos. Os 48 idosos que praticavam exercícios físicos tinham uma procura por atendimento médico 35% menor, frente aos 44 pacientes sedentários.
16 ESPORTES
Belo Horizonte, 14 a 20 de agosto de 2015
DECLARAÇÃO DA SEMANA
CURTO E GROSSO
Facebook / Cristóvão Borges
“Uma cerveja, por favor” “ Reprodução / Humor e Malte
Wallace Oliveira Proibida em 2007, a cerveja com álcool está de volta. Mais de 25 bares passaram a vender a gelada no Mineirão até o fim do primeiro tempo da partida. O consumo foi autorizado até o final do intervalo. Fruto de uma interpretação distorcida do Estatuto do Torcedor, que proibiu o porte de “substâncias ou objetos causadores de violência”, a suspensão da cerveja seguia a lógica de afastar dos estádios toda violência que o Estado não resolve em lugar nenhum. O que se
queria, afinal, era prevenir contra os confrontos ou apenas dar tranquilidade aos negócios do Mineirão? Se o problema fosse manter a paz, a proibição não serviria para nada. Quem tem vontade de encher cara bebe fora do estádio. Se, além disso, estiver disposto a quebrar o pau, não vai evitar a briga só porque está do lado de fora. Em pouco tempo, ficou claro que os empresários perdiam uma boa opção de vendas. Agora, o retorno da breja serve a um propósito muito claro: aumentar o faturamento. Cedo ou
O racismo existe e ele é camuflado, como tem sido aqui comigo em relação a essas críticas
”
Cristóvão Borges, treinador do Flamengo, comentando as críticas de cunho racista que tem sofrido, especialmente pelas redes sociais.
tarde, a mudança aconteceria. Torcedor gosta de misturar futebol com festa e, às vezes, bebida. Empresário só gosta mesmo é de dinheiro.
Gol de placa Nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015, o Brasil lidera o quadro de medalhas com folga. Destaque para a equipe de natação e o brasileiro Daniel Dias, o melhor do mundo na modalidade. Outro esporte no qual o Brasil tem se destacado é o tênis de mesa, com seis ouros.
Gol contra Na partida entre Cruzeiro e Palmeiras, no domingo (9), dezenas de torcedores do Palmeiras vieram de São Paulo para acompanhar seu time, mas não conseguiram comprar a meia entrada, mesmo portando a documentação. Que não pôde pagar R$ 120 ficou sem ingresso.
OPINIÃO Bráulio Siffert Com uma vitória convincente em cima do Ceará fora de casa, jogando com vontade, segurança e eficiência, o América confirmou a boa fase e praticamente garantiu a sua permanência no G4 ao fim do primeiro turno. As ótimas participações de jogadores antes questionados, como Walber, Alisson e Felipe Amorim, demonstraram
que a equipe está unida e a cada jogo supera as deficiências e falhas técnicas pessoais e coletivas e alcança as vitórias com naturalidade. Se mantiver essa pegada, o acesso virá. Embora teimoso e sem muita apuração técnica, Givanildo confirma que nas divisões de acesso o que pesa positivamente é a experiência, o controle da equipe e a paciência, atributos que possui de sobra.
OPINIÃO Rogério Hilário O Atlético vive um período de dependência de Lucas Pratto. O atacante argentino, quase um desconhecido ao chegar ao clube, tornou-se imprescindível. O elenco, antes com centroavante em demasia, atualmente tem apenas um. Os outros atuam pelos lados do campo, abrindo espaços, fazendo assistências e ajudando na marcação. Quando o ar-
tilheiro é impedido de jogar, a agressividade do ataque se esvai. Faltam referência, oportunismo, força e talento. Levir Culpi tem buscado soluções táticas. Ao seu feitio, procura escondê-las, pois o esquema do Alvinegro pode ficar manjado pelos adversários. O treinador é capaz de criar alternativas mirabolantes. Mas o maior milagre mesmo é Lucas Pratto estar em campo sempre.
OPINIÃO Léo Calixto Está chegando o fim o primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2015. A esperança da China Azul é que a irregularidade do Cruzeiro acabe. Penso que, na vida, as coisas não acontecem por acaso, tudo é histórico. A construção do amanhã é feita hoje por nós. Assim, analiso também o futebol. O desenvolvimento dos clubes é fruto do traba-
lho empregado pelas pessoas que os constroem: direção, equipe técnica, jogadores e, lógico, a torcida. A postura dos jogadores em campo melhorou, o esquema com três volantes, que se transforma em um 4-1-41, parece ser o que melhor se adequa às peças disponíveis no elenco. Nos resta uma torcida mais presente e uma direção capaz de gerir o clube rumo ao futuro.