Capa da Edição 01 Reprodução
OPINIÃO 2
Beth Freitas
13 CULTURA
Um jornal de Festa na muita gente praça, vem! O BFMG comemora 2 anos e 100 edições e reafirma seu compromisso de fazer uma comunicação comprometida com os interesses do povo
Minas Gerais
Para comemorar, o BF faz uma festa na rua com muita música. Uma das atrações é o grupo Coco da Gente. Conheça mais sobre a banda e as outras atrações
21 a 27 de agosto de 2015 • edição 100 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
Edição
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Anos Esp
ecia
l
Milhares vão às ruas por mais democracia
Mais de 8 mil pessoas foram às ruas de Belo Horizonte na quinta-feira (20) protestar contra o ajuste fiscal, a precarização do trabalho, a retirada de direitos e o avanço do conservadorismo. Organizado por centrais sindicais, movimentos populares e de juventude, o protesto criticou tentativas de golpe e cobrou mais democracia no país. Atos aconteceram em 19 estados e dezenas de cidades.
Isis Medeiros
11 ENTREVISTA
8 BRASIL
Farinha do mesmo saco
Cunha pode ser réu na Lava Jato
Para Venício Lima, mídia comercial parece ter um “super editor”, que deixa as matérias jornalísticas com as mesmas posições políticas
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), é acusado de ter recebido R$ 5 milhões em propina
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
editorial | Brasil
Dois anos de um jornal popular
ESPAÇO dos Leitores
“Até quando vão tratar as manifestações legítimas de forma violenta e arbitrária?” Michelly Ferreira comentando o vídeo “Repressão contra protesto da tarifa em BH”
“Desejo uma comemoração à altura do Brasil de Fato, [...] de longe meus parabéns e que continuem a fomentar e persistirem enquanto canal de informação na contra mão dessa mídia manipuladora” Sãozinha Menezes
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br anota aí o número do Brasil de Fato no WhatsApp: 31 8979-8859
Ufa! 100 edições, dois anos de cir- públicas têm dificuldade de alcance. culação. É claro que dá muito traSe tivemos alguns avanços com a balho fazer um jornal toda sema- internet, se agora é mais fácil colocar na, com uma equipe fixa peque- conteúdo em rede, precisamos penna, com poucas condições financei- sar em duas coisas: como está o acesras e materiais. Mas nos dá muito or- so à internet no país? E quais são os gulho chegar até esta edição e saber sites e blogs mais acessados? Muita que não somos apenas essas poucas gente pode falar na internet, mas sepessoas que rá que são oufazemos es- O Brasil de Fato sabe de que lado vidos? te jornal. O Já os jornais está: do lado do povo Brasil de Fae revistas funto Minas Gecionam como rais é de muiempresas e, ta gente. Quem sugere pauta, quem teoricamente, qualquer um pode ter dá entrevista, quem escreve, quem uma. Mas por que existem tão poudivulga, quem distribui, quem lê, cas opções de jornais? Por que eles quem repassa, quem compartilha são tão parecidos? Porque a verdana internet, quem cuida do espaço, de é que é caro fazer um jornal. Disquem faz as contas, quem faz foto, tribuir, mandar para as bancas, chequem diagrama, quem revisa, quem gar em toda a cidade, em todo o esanuncia, quem fala dele, quem criti- tado, em todo o país. Faz isso quem ca, quem se forma, quem discute... tem dinheiro. E quem tem dinheiÉ uma vitória de todos nós termos ro tem interesses, tem lado na polítichegado até esta edição 100, porque ca. E usa seus instrumentos – TVs, ráo Brasil de Fato é mais um barquinho dios, jornais, revistas – para defender que rema contra a corrente. A maré, seu projeto. o comum, são esses grandes meios Por isso precisamos celebrar: prode comunicação que falam o que os duzir por dois anos uma imprendonos querem, que têm muito di- sa alternativa é mérito do povo minheiro, que não representam o Brasil neiro, que se organizou para consereal, que não guir as conmostram os dições míniProduzir por dois anos uma dilemas e almas para por ternativas do imprensa alternativa é mérito do o jornal na povo. O Brarua. Sabemos povo mineiro sil de Fato saque precisabe de que lamos de muido está: do lado do povo. Por isso te- to mais. Mais produção, mais fotos, mos uma “visão popular do Brasil e mais denúncias, mais alcance. Predo mundo”. E, desde agosto de 2013, cisamos crescer para todo nosso estambém das nossas Minas Gerais. tado. Precisamos cumprir nosso paInfelizmente, o povo não é dono pel de representar com qualidade os dos meios de comunicação. E por modos de ser e viver do povo de Mique isso acontece? Muito se fala em nas Gerais. liberdade de expressão. Mas uma Convidamos cada um de vocês coisa é o direito de falar, a outra é a para nos ajudar nesses desafios e nos possibilidade de falar de fato. Apesar outros que virão. Viemos para ficar. de as concessões de rádio e TV se- A teimosia e a garra do povo lutador rem públicas, quem acaba ganhando de Minas Gerais nos inspiram todos são grandes grupos econômicos, que os dias para fazer deste o nosso jornão têm que prestar contas para nin- nal. Escreva, palpite, assine, divulguém. Já as rádios comunitárias são gue, construa com a gente esse soperseguidas e criminalizadas. As TVs nho coletivo que é o Brasil de Fato comunitárias não têm recurso. As Minas Gerais.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Pedro Cíndio, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Acsa Brena, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Olivia Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Fotografia: Larissa Costa. Estagiária: Raíssa Lopes. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Diagramação: Bruno Dayrell. Tiragem: 40 mil exemplares.
CIDADES
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
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Após mobilização, sem-terra conquistam assentamentos MST Governo se comprometeu com desapropriação de três áreas, entre elas está Felisburgo Rafael Gaia
Da redação Durante o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar em Minas Gerais, na Assembleia Legislativa, o Ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, e o governador Fernando Pimentel (PT) anunciaram a desapropriação de três áreas simbólicas para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As três áreas conquistadas são a Fazenda Gravata, em Novo Cruzeiro, município palco da primeira grande ocupação de terra de Minas Gerais, onde o acampamento está organizado há 14 anos. A outra é a antiga usina Ariadnópolis, em Campo do Meio. Segundo o MST, a fazenda é “um exemplo do processo de decadência que tomou conta do campo brasileiro na produção de cana. A terra está abandonada pelos latifundiários e abriga mais de 400 famílias acampadas há 16 anos”.A terceira área é a antiga fazenda Nova Alegria, no município de Felisburgo, onde aconteceu uma chacina no ano de 2004, que
deixou cinco pessoas mortas, vários feridos – inclusive uma criança baleada no olho – no caso que ficou conhecido como “Massacre de Felisburgo”. “Queremos tocar nos casos exemplares de desapropriação e de consolidação da Reforma Agrária, especialmente no caso de Felisburgo, que é um caso marcado pela estupidez, pela brutalidade, pela violência, pelo sangue”, afirmou Patrus. De acordo com Silvio Netto, da coordenação do MST, o massacre teve a “corresponsabili-
dade de quem estava à frente do Estado Mineiro, que não ouviu e não fez nenhuma movimentação para solucionar o conflito e deixou chegar ao massacre”.O governador Fernando Pimentel também destacou que as três áreas serão anunciadas oficialmente pela Presidente Dilma Rousseff no início de setembro. Agricultura familiar Os dois representantes do Estado também se comprometeram com o desenvolvimento dos assentamentos
Atingidos por barragens ocupam sede da Cemig
no que se refere à infraestrutura básica, comercialização e fortalecimento do cultivo de produtos agroecológicos.“Estamos no ministério para avançar na Reforma Agrária e no desenvolvimento da agricultura familiar. O nosso desejo, o nosso compromisso, é fazer do espaço da agricultura familiar um espaço de produção de alimentos, alimentos saudáveis, alimentos efetivamente que promovam a saúde e a vida das pessoas. Daí nosso compromisso com a agricultura orgânica, especialmente com a agroecologia”, defendeu Patrus. Jornada Mineira por Reforma Agrária O MST iniciou na manhã da última terça-feira
(18) a Jornada Mineira por Reforma Agrária, marchando com dois mil sem-terra até a Cidade Administrativa, sede do governo estadual, em Belo Horizonte. Os trabalhadores rurais avaliaram que houve avanços significativos no diálogo, inclusive o compromisso com algumas de pautas como como a criação de dez escolas do campo, o investimento na infraestrutura dos assentamentos, com criação e consolidação de agroindústrias, a erradicação da pobreza no campo, com um Plano Emergencial, entre outros.“Enquanto houver um pobre no campo o governo não irá descansar, vamos erradicar a pobreza do campo”, afirmou, Odair Cunha, secretário de governo.
PERGUNTA DA SEMANA Com as mãos de muitas pessoas, chegamos às 100 edições e aos dois anos de jornal. O Brasil de Fato foi lançado em 2003, e, desde 2013, cresceu e agora tem edições regionais e no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A edição número zero do projeto mineiro foi lançada em maio. Em agosto, começou a circular de forma contínua e mantém seu compromisso de levar uma visão popular do Brasil, do mundo e de Minas. Qual recado você deixa para os 2 anos do Brasil de Fato MG?
ENERGIA Comunidades cobram financiamento de projetos e análise de dívidas sociais Da redação No início da manhã de quinta-feira (20), cerca de 400 pessoas de todas as regiões de Minas Gerais ocuparam a sede da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para cobrar agilidade na pauta dos atingidos por barragens no estado.O protesto começou às 8h e terminou às 13h, depois de uma reunião com representantes da empresa. O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) reivindica o apoio financeiro
para a efetivação de três projetos, dentre eles o Cinema no Campo, que incentiva a formação cultural nas comunidades atingidas através da exibição e debate de filmes. Promessa não cumprida No dia 11 de março deste ano, o presidente da Cemig, Mauro Borges, se comprometeu a fazer um diagnóstico dos passivos sociais, em parceria com a Fundação João Pinheiro, da região atingida pela barragem de Irapé, localizada no Vale do Jequi-
tinhonha. Entretanto, nenhuma atitude foi tomada. A militante do MAB Alex Sandra Maranho também cobrou do atual governo estadual uma postura em relação à estatal e aos direitos dos atingidos. “Reunimos uma ampla articulação de movimentos populares para lutar por esse governo e agora vamos exigir que as pautas que o elegeram sejam cumpridas”, afirmou. Na segunda (24), os atingidos fazem uma reunião com representantes do governo de Minas Gerais.
O Brasil de Fato é um grande meio de comunicação de Minas e do Brasil, se construiu como a nossa alternativa de jornal popular. Nós do Mídia NINJA estamos juntos nessa. Parabéns!
Talles Lopes, integrante do Mídia NINJA
O Brasil de Fato é a realidade de fato no papel, que mostra o nosso Brasil e a nossa Minas Gerais. Comemoramos os dois anos e desejo mais 20 anos e muito mais! Florence Poznanski, da coordenação do comitê mineiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
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CIDADES
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
Barraqueiros do Mineirão protestam contra edital da Prefeitura IMPASSE Licitação beneficia quem pode pagar mais caro Larissa Costa / BFMG
Wallace Oliveira Na segunda-feira (17), membros da Associação de Barraqueiros da Área Externa do Mineirão (Abaem) ocuparam a entrada da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Eles protestam contra a licitação que define quem poderá vender alimentos no entorno do Estádio Governador Magalhães Pinto. Publicado pela Regional Pampulha no dia 7 de agosto, o edital prevê espaço para 96 barracas ou tendas a serem instaladas nas avenidas Alfredo Camarate, Palmeiras, Carlos Luz e avenida C, com autorização para vender alimentos em dias de jogo. A concorrência é do tipo “maior oferta”, o que significa que o ponto se-
rá concedido a quem pagar mais. O valor mínimo estipulado é de R$ 200 por mês. Para os barraqueiros, o critério da maior oferta é desvantajoso e excludente: “Exclui as pessoas de baixa renda. Maior oferta é para quem tem dinheiro. Quem trabalha no comércio de ambulantes não são grandes empresários”, critica Ernani Francisco Pereira, membro fundador da associação. Segundo o vereador Adriano Ventura (PT), a postura da PBH descumpre compromissos assumidos com os barraqueiros: “Ano passado, em audiência pública, a Prefeitura garantiu que, se o Ministério Público referendasse a presença dos barraqueiros, a PBH iria licenciá-los”, explica.
Questão será discutida em audiência Na tarde da quinta-feira (20), os barraqueiros realizaram um ato público em frente à PBH, reivindicando a suspensão da licitação. Já no dia 26 de agosto, o problema será debatido em audiência pública na Câmara dos
Vereadores de Belo Horizonte. A reportagem entrou em contato com a Regional Pampulha, mas, até o fechamento desta edição, ainda não havia recebido resposta.
FOT
LEGENDA Mídia Ninja
Famílias trabalhavam no local há anos Desde a inauguração do Mineirão, em 1965, trabalhadores popularmente conhecidos como barraqueiros do Mineirão comercializavam comidas e bebidas ao redor do recinto. Em 2010, havia 150 famílias trabalhando nessa condição, quando foram retiradas do local, por conta das obras de adequação para a Copa de 2014. “Tiraram a gente para fazer a reforma do Mineirão e não deram nada. Prometeram que a Minas Arena iria nos cadastrar e estipularam uns cursos para fazermos. Fizemos os cursos e aguardamos nosso retorno, mas isso não aconteceu. Estamos até hoje sem trabalhar, passando dificuldade”, relata Isabel Cristina Rocha, presidenta eleita da Abaem.
O despejo das famílias que vivem na Ocupação Izidora (que inclui as ocupações Vitória, Rosa Leão, Esperança e Vitória), na Região Norte de Belo Horizonte, foi suspenso nessa terça-feira (18) por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No dia 29 de junho, a assessoria do STJ informou que a liminar valeria apenas para quatro famílias, informação que posteriormente foi negada. A interrupção da reintegração de posse abrange todos que vivem no local. No entanto, a medida é temporária e ainda pode ser revertida. O STJ determinou a emissão de telegrama para comunicar a decisão ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e à Advocacia Geral do Estado.
FATOS EM FOCO
Famílias continuam na Izidora Em agosto, foi lançado na internet o vídeo “Quem é quem na mineração”, com o intuito de evidenciar quem são as pessoas que se beneficiaram com o Novo Código de Mineração, que excluiu trabalhadores, agricultores, indígenas, quilombolas e moradores do entorno das minas da versão mais recente do documento. O vídeo também chama a atenção para a origem do financiamento da campanha do deputado Leonardo Quintão, relator do marco regulatório. No vídeo, o político assume que toda a verba arrecadada por ele foi recebida das próprias mineradoras. Par ver o vídeo, acesse: migre.me/ rfnY9
Caminhada das Lésbicas em BH Em 29 de agosto, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, acontece em Belo Horizonte a 11ª Caminhada das Lésbicas e Bissexuais da Grande BH, com o tema “Visibilidade e Luta para garantia de direitos”. A concentração para a passeata acontecerá na Praça Sete, a partir das 12h. Como parte do movimento, rodas de conversa também estão sendo organizadas ao longo da semana. No dia 26, a luta da mulher negra e lésbica por direitos será pauta de debate realizado na Rede Afro LGBT Mineira. No dia 28, o batepapo acontecerá na Praça Raul Soares e abordará como é se descobrir lésbica. Para visualizar a programação completa, acesse o link migre.me/ rfmMV.
MINAS
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
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Manifestação por direitos reúne milhares em BH MOBILIZAÇÃO Movimentos criticam ajuste fiscal, são contra o golpe e cobram mais democracia Isis Medeiros
Rafaella Dotta “Que os ricos paguem a conta”, era o grito de mais de 8 mil manifestantes nesta quinta (20), reunidos na praça Afonso Arinos, em Belo Horizonte. O protesto foi convocado pelos que não concordam com o impeachment de Dilma Rousseff, porém, também não estão satisfeitos com o governo. Eles pedem mudanças das medidas econômicas adotadas nacionalmente. Os jovens garantiram presença significativa no ato, com tambores e faixas coloridas. Priscila Araújo, do Levante Popular da Juventude, defende que a presidenta deve enviar ao Congresso medida que “taxe as grandes fortunas, que seria uma medida que traria mais benefícios para o país como um todo”. O Levante critica medidas recentes do governo que atingem apenas a classe trabalhadora enquanto deixam intactos os lucros dos grandes empresários. Cerca de 500 moradores de ocupações urbanas de Belo Horizonte também foram às ruas. Leonardo Péri-
cas.
Segundo organizadores, ato por direitos reuniu 8 mil pessoas em BH
cles, do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB) e um dos líderes das ocupações, concorda que o cenário é de um desenfreado aumento do custo de vida dos trabalhadores. Ele defende que o país precisa de uma série de reformas populares. “O problema colocado agora não é tirar Dilma. Vai colocar quem no lugar?”, questiona. “O que precisa
agora é pensar nas reformas, que podem propiciar melhoras reais. Precisamos de reforma urbana, agrária, de queda da taxa de juros, e assim dá pra ter dinheiro para investir em programa social”, argumenta Leonardo. Agenda Brasil Um dos principais temas do protesto foi a rejeição da Agenda Brasil, colocada por Renan Calheiros
16 de agosto teve perfil conservador RETRATO Segundo pesquisa da UFMG, maioria dos manifestantes é contra programas sociais Em Belo Horizonte, cerca de 6 mil pessoas foram às ruas em 16 de agosto. O protesto,que tinha como tema principal o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), começou na Praça da Liberdade às 10h e terminou por volta das 14h na praça da Savassi. As características de quem compareceu foram mapeadas por uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, “Perfil Ideológico e Atitudes Políticas dos Manifestantes de 16 de agosto”, coordenada pela professora Helcimara Telles.
Os dados mostraram que 80% dos manifestantes votaram em Aécio Neves (PSDB) em 2014. Das opiniões políticas, 74% acreditam que a maioridade penal deve ser reduzida, 74% acham que pessoas que recebem auxílios como o Bolsa Família ficam “preguiçosas” e 78% são contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para 55%, o principal problema do Brasil é a corrupção, e só 0,9% acredita que Dilma seria o maior problema. Porém, a maior divisão de opiniões está no apoio
à intervenção militar. Para a pergunta: “Em situação de muita desordem, os militares devem ser chamados a tomar o poder?”, 46,8% afirmaram que sim, e 47,2% dizem que não. Em São Paulo, cidade que teve a maior manifestação, uma pesquisa da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) e Universidade de São Paulo (USP) mostrou que quase metade das pessoas presentes tem renda familiar superior a R$ 7.880 e 70% são brancos.
(PMDB), presidente do Senado, e propostas de Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara. A Agenda Brasil é um conjunto de projetos de leis que, entre outras medidas, prevê aumentar o tempo da aposentadoria, aprovar o PL 4330 para liberar as terceirizações, afrouxar regras de proteção ambiental, diminuir direitos indígenas e privatizar empresas públi-
BH Na capital, o protesto foi organizado pela Frente Brasil Popular, pela articulação de movimentos sociais Quem Luta Educa e por centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB), e por movimentos como o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), e o Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB). O ato teve início às 16h, na praça Afonso Arinos, e fez uma intervenção no Ministério da Fazenda, com um protesto contra os altos juros praticados no Brasil. A manifestação acabou no viaduto Santa Tereza, com a apresentação de diversos artistas, como Flávio Renegado. Os atos ocorreram em outras 21 capitais de estados do Brasil e também em cidades como Juiz de Fora, Montes Claros, Uberlândia e Governador Valadares.
Dia 20 mobiliza todo o Brasil Brasil de Fato
Atos aconteceram em 19 estados e dezenas de cidades do país. Em São Paulo, reuniu mais de 60 mil pessoas. Em Curitiba (foto) mais de 5 mil pessoas defenderam a Petrobras e a democracia.
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MINAS
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
Artigo
Cem vezes presente João Paulo Cunha Ao completar 100 números e dois anos nas ruas, o Brasil de Fato Minas Gerais estabelece uma marca importante, mas sobretudo reafirma um compromisso. É possível fazer jornalismo sério, crítico, independente e que respeite o leitor. Além disso, desfaz os laços falsamente estabelecidos entre o popular e o popularesco, que gerou uma indústria de superficialidade, mau gosto e preconceito dos chamados “jornais populares”. Com notícias que vão dos problemas do cotidiano à política internacional, passando pelas grandes questões nacionais, debate de ideias, abertura à pluralidade de análises, cultura e esporte, o BF criou um instrumento de informação que é também ferramenta de mobilização. Há várias crises em torno da comunicação no Brasil. Por um lado, o negócio manca frente ao novo cenário, sobretudo em razão das plataformas digitais e do modelo calcado numa aliança com propostas ultraliberais em economia e conservadoras em política. Além disso, a imprensa tradicional perdeu a capacidade de se constituir como lugar de construção da opinião pública. Sem impacto econômico – pela perda da publicida-
de – e sem expressão política – pela indisfarçável motivação burguesa – sobrou à imprensa assumir seu perfil de classe. Deixou de fazer jornalismo. Dessa forma, a informação foi ficando cada vez mais subsidiária ao pensamento único e à ideologia, com um direcionamento cada vez mais partidário e interessado. Se durante
O BF criou um instrumento de informação que é também ferramenta de mobilização muito tempo havia um cisma entre a empresa e os jornalistas, hoje esse espaço de contradição se dissolveu. Hoje os jornalões não se garantem nem pela circulação nem pela publicidade. Por isso, em vez de venderem produtos, criaram pacotes de projetos de poder. Negociam pelo alto. Por essas e outras o campo da comunicação se tornou uma trincheira de disputa de narrativas públicas. E é nessa batalha que o
Brasil de Fato Minas Gerais tem marcado sua trajetória. Várias questões de interesse público receberam no jornal um tratamento editorial consequente, com apuração firme e nítido compromisso com os fatos. Há dois tipos de notícia: a que não quer aparecer e a que reivindica o excesso de exposição. O BF vem fugindo das duas armadilhas: escancarou vários desvios encobertos, como, por exemplo, os descaminhos e crimes da administração tucana de Aécio Neves em Minas; e não deu espaço para as vedetes da indústria do espetáculo, franqueando suas páginas para a expressão da cultura popular. Contemporâneo das lutas sociais, participante das grandes articulações políticas populares, instrumento de contra-informação à mídia hegemônica, o BF tem sido espaço para vozes comprometidas e para uma visão de mundo socialista e popular. Não é uma contradição ter lado e ser independente. É uma difícil construção feita de crítica permanente, do duro exercício do jornalismo como instrumento de compreensão da realidade e da consciência que a verdade é sempre revolucionária.
Ouro Branco enfrenta alto índice de criminalidade SAÍDAS Audiência pública mostrou que população e deputados pensam em soluções divergentes Reprodução
Câmara Municipal debate índice de violência na cidade. Em 2014, eram 20 vinte ocorrências criminosas, neste ano já são 40
Rafaella Dotta O nível de criminalidade na cidade de Ouro Branco, na região Central de Minas Gerais, preocupa governo e sociedade. Para debater o tema, a Câmara Municipal recebeu um debate realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 7 de
agosto. O índice, que era de 20 ocorrências criminosas nos primeiros seis meses de 2014, saltou para 40 em 2015. Segundo denúncias dos cidadãos, a tentativa de estupros também é preocupante. Na audiência compareceram os deputados Sargento Rodrigues (PDT), Fred Costa (PEN) e Glay-
con Franco (PTN). Eles defendem que o município aumente o número de policiais militares, crie um presídio e um centro de internação de menores infratores. As mesmas propostas que foram encaminhadas na audiência. Em contrapartida, representantes da sociedade civil cobraram medidas
mais simples e que consideram mais eficientes para a redução da criminalidade. A melhoria na fiscalização de lotes vagos e a manutenção da iluminação pública, que a partir de janeiro se tornou responsabilidade municipal, foram pontos destacados. Em relatório apresentado pelo Diretório Acadêmico da Universidade Federal de São João del Rei,
Sociedade defende fiscalização nos lotes vagos e iluminação pública que possui campus na cidade, os estudantes alertam para a ineficiência do aumento de cadeias como medida de segurança pública. “Usamos a pesquisa do Mapa da Violência pra mostrar que aumento da
PM não melhora segurança pública”, defende Vinicius Simon, estudante de Engenharia Química e integrante do Diretório. A vereadora Nilma Aparecida Silva (PT), também presente na audiência, concorda que a construção de presídios e centros para menores não é a política ideal para a cidade. “Ninguém quer para si, como município, um presídio ou similares”, diz. Para ela, é preciso pensar em políticas integradoras, que apresentem à sociedade um cidadão reconstruído. Já o vereador Charles Silva Gomes (PMN), que requereu a audiência, defende, como medidas imediatas, a reabertura da Defensoria Pública e a cobrança de medidas compensatórias da Gerdau. Ele afirma que a mineradora inutiliza quantidade de terras significativa e causa danos sociais à cidade.
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
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OPINIÃO
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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Robson de Oliveira
Na edição 22... Dez anos da chacina de Unaí ...E agora Acusados de mandantes da chacina de Unaí serão julgados Foi marcado para 20 de outubro o julgamento dos acusados de serem mandantes da chacina de Unaí, em que quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foram assassinados a tiros. O julgamento do crime - que ocorreu em 28 de janeiro de 2004 envolve o fazendeiro Norberto Mânica e os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. No início, constavam no processo nove acusados. Três já foram condenados, um morreu, outro teve a ação prescrita e os demais processos foram desmembrados (casos do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica e dos acusados de serem executores). A data do julgamento pode ainda ser alterada.
Na edição 99... Defensoria entra com recurso contra aumento do ônibus ...E agora Após adiar a reunião do Conselho Municipal de Mobilidade por um mês, a Prefeitura cancelou a audiência púbica prevista para o próximo dia 2. A audiência aberta à população não foi confirmada na Comissão de Transportes da Câmara por falta de quórum. Na última hora, o vereador Autair Gomes (PSC) abandonou o plenário, quando havia sido atingido o quórum mínimo. Na próxima terça-feira (25) está previsto o 3º ato contra o aumento, às 11h, em frente ao CEFET I (Amazonas, 5253).
SERRA DO GANDARELA - A “Fazenda Velha” é uma área pública localizada no município de Rio Acima, a menos de 40 km de BH. Com uma grande diversidade de espécies de fauna e flora, a paisagem de transição apresenta os biomas mata atlântica e cerrado. É um excelente lugar para visitar e conhecer as belezas naturais, cachoeiras e sítios arqueológicos. Atualmente, há um projeto da empresa Vale que visa à implantação de uma barragem no local para alimentar a indústria de mineração.
Nathalia Neiva
João Sicsú
O que está em jogo na saúde pública
Desemprego sobe. Qual a saída?
Qual é a sua impressão sobre o SUS? Muitas opiniões vêm de vivências boas ou ruins de quem usa. O SUS é construído por milhões de trabalhadores e ainda precisa de muitas conquistas para dar certo, como a ampliação do financiamento. Em 27 anos de existência é possível identificar muitas conquistas. A partir do princípio da universalidade, todos os brasileiros, independentemente da renda, deve ser atendido ao procurar uma unidade de saúde. Assim, pessoas de diferentes níveis econômicos têm acesso a transplantes de órgãos, hemodiálise, tratamento quimioterápico, vacinas, e muitos outros procedimentos. Existe um esforço para fortalecer a saúde pública, porém há aqueles que não se beneficiam com isso e querem lucro: os planos de saúde. Para esses só é possível gerar dinheiro se há o que ser comercializado, ou seja, transformar em mercadoria cada consulta Cobrança no SUS é clínica ou exame. Interferem perda de direito diretamente na política por meio do financiamento das campanhas eleitorais. Nas eleições de 2014 o investimento foi de R$ 54,9 milhões para 131 candidatos, entre eles Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados. Uma tentativa de fazer fracassar o SUS foi apresentada por Renan Calheiros, presidente do Senado, com o documento “Agenda Brasil”. Com a desculpa de tirar o país da crise econômica, a Agenda propõe a cobrança de serviços prestados no SUS de acordo com a faixa de renda. Isso quer dizer que um trabalhador que ganhe um salário mínimo teria acesso ao que pode pagar e não ao que necessita, o que é uma perda de direito dos trabalhadores brasileiros. O financiamento das campanhas eleitorais pelos planos de saúde dá origem à corrupção e prejudica todo o povo brasileiro. A defesa do SUS, portanto, envolve uma reforma politica.
Mês após mês o desemprego sobe. E é sempre maior que o mesmo mês de 2014. E o rendimento médio real dos trabalhadores nas seis grandes regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE recuou 5,0% em relação a maio de 2014. É verdade que o desemprego já foi muito maior do que é hoje. Em maio de 2003, era 12,9%. O nível de desemprego ainda não pode ser considerado alarmante. Mas a trajetória crescente é desesperadora. O emprego formal, com carteira assinada, também vem sofrendo queda acentuada. No Brasil da última década, o mais importante instrumento de inclusão social foi o acesso ao trabalho e, especialmente, o trabalho com carteira assinada. O emprego com carteira assiAjuste fiscal atende a nada concede direitos de quem tem dinheiro férias, de 13º salário, de seguro-desemprego etc. E oferece, além disso, a possibilidade da compra a crédito. A atual exclusão social decorrente do desemprego é resultado da política de austeridade do governo que visa o chamado ajuste fiscal. O governo deseja reduzir o déficit nas contas públicas. E corta gastos e direitos trabalhistas e sociais. Sim, é preciso reduzir o déficit do ano passado que foi de 6,7% do PIB. Tal déficit foi produzido devido à baixa arrecadação, já que o crescimento econômico foi pífio. Aos empresários, foi feita uma transferência, na forma de desonerações, de mais de R$ 100 bilhões (2,1% do PIB). Ao rentistas, foram pagos mais de R$ 300 bilhões (6,1% do PIB). O país tem que voltar a crescer para gerar empregos, arrecadação tributária e melhorar suas contas públicas. É preciso gastar, e não cortar gastos públicos, para estimular o crescimento. É preciso gastar certo e com qualidade. Gastos públicos com pagamentos de juros e desonerações não geram empregos.
Nathalia Neiva compõe a Rede de Médicas e Médicos Populares
João Sicsú é professor de Economia da UFRJ
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BRASIL
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
Cerco se fecha para Eduardo Cunha CORRUPÇÃO Acusado de receber 5 milhões de dólares em propina, presidente da Câmara é denunciado no Supremo Tribunal Federal (STF) Lula Marques Agência PT
Pedro Rafael Vilela, De Brasília (DF) O procurador-geral geral da República, Rodrigo Janot, entregou, na tarde desta quinta-feira (20), ao Supremo Tribunal Federal (STF), denúncia de recebimento de propina pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em contratos da Petrobras investigados pela Operação Lava Jato. A base da denúncia são as acusações do empresário Júlio Camargo, que confessou ter pago propina de 5 milhões de dólares a Cunha, para que ele facilitasse contratos de navios-sonda entre a Samsung e a Petrobras. Pelo aluguel de dois navios, a Petrobras teria desembolsado US$ 1,2 bilhão. O pagamento de propina para Cunha e outros envolvidos nas transações seria superior a 40 milhões de dólares. Se o STF aceitar a denúncia, o parlamentar passará a ser réu no escândalo de corrupção. Cunha sofreu outra der-
rota na quarta (19), quando o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, negou seu pedido para retirar da Justiça Federal do Paraná a ação penal que envolve seu nome. Além de Cunha, o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI) e o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) também devem constar na lista do procurador-geral, Rodigo Janot. Todos negam as acusações. Afastamento do cargo Se Eduardo Cunha se tornar réu, sua permanência na presidência da Câmara, que ele ocupa há pouco mais de seis meses, se tornará insustentável, segundo juristas. Para Leonardo Barreto, doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), a estratégia de Cunha em confrontar o governo acabou dando errado. “Após ser acusado, ele pautou o impeachment para criar uma cortina de fumaça ou uma narrativa que favorecesse
Vice está na mira Caso venha a ser afastado da presidência da Câmara, Eduardo Cunha daria lugar ao 1º vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA). O problema é que Maranhão também é um dos 44 deputados investigados na Lava Jato, apontado como um dos beneficiários do pagamento mensal de propina fruto do esquema de corrupção da Petrobras. Em depoimento da delação premiada, o doleiro Alberto Youssef, operador financeiro do esquema, diz que Maranhão fazia
parte da ala de “menor expressão” do PP em 2010 e recebia repasses mensais que variavam de R$ 30 mil a R$ 50 mil. O parlamentar sempre negou relações com o doleiro. “Com a saída de Cunha, a Câmara vai passar a discutir uma maneira de eleger outro presidente. Isso tira a condição para um processo de impeachment da Dilma, porque o parlamento vai estar conflagrado e mobilizado para se reajustar”, avalia Leonardo Barreto, doutor em ciência política pela UnB.
sua defesa. Agora, isso vai depender do que estiver dentro da denúncia, se a acusação for consistente”, avalia. Barreto não acredita que o peemedebista vá para o tudo ou nada contra o governo. “Ele queimou já todos os cartuchos, radicalizou demais. E, na votação do reajuste salarial para as carreiras do Judiciário, na semana passada, ele foi completamente desautorizado pela classe empresarial e pelo seu próprio partido”.
Eduardo Cunha pode ser acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Câmara dos Deputados aprova novas regras do FGTS Da redação, com Portal Vermelho O Projeto de Lei que reajusta o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com índices maiores que os atuais, foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados na terça-feira (18). O PL segue agora para aprovação do Senado.
ANÚNCIO
Com as novas regras, os depósitos feitos a partir de 1º de janeiro de 2016 serão reajustados, a partir de 2019, pelo mesmo índice da poupança (TR mais 6% ao ano). De 2016 a 2018, haverá uma transição. Em 2016, deverá ser usado parte do lucro do FGTS para remunerar as novas contas individuais dos trabalhado-
res em montante equivalente a 4% ao ano. Em 2017, o reajuste deverá ser de 4,75%; e, em 2018, de 5,5%. Os reajustes maiores serão apenas para os depósitos feitos a partir de 2016, que ficarão em conta separada dos depósitos atuais, cuja remuneração continuará a ser a taxa referencial mais 3% ao ano.
BRASIL
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
Projeto de Serra para o pré-sal vai tirar da educação R$ 25 bilhões por ano
Valter Campanato / ABr
FUNDO SOCIAL Mudança no regime de exploração do petróleo pode comprometer Plano Nacional de Educação Da redação, com RBA Especialistas apontam que a educação brasileira poderá perder R$ 25 bilhões ao ano, se for aprovado o projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP), que altera o regime de exploração do pré-sal. Em projeção para os próximos 15 anos, o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) estaria definitivamente impedido. A estimativa é da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A proposta de Serra não altera a destinação e nem os valores dos royalties, mas pode diminuir muito a arrecadação do Fundo Social, pois retiraria da Petrobras a exploração exclusiva de todos os campos do pré-sal.
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FATOS EM FOCO
Taxa de desemprego atinge 7,5% em seis regiões metropolitanas A taxa de desemprego nas seis das principais regiões metropolitanas do país chegou a 7,5% em julho deste ano, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada hoje (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é superior ao nível de 6,9% de junho deste ano e aos 4,9% de julho de 2014.
Ou seja, qualquer outra empresa privada poderia assumir essa função, com os devidos ganhos. Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, aponta que este é o momento de investir em educação. “A nossa sociedade vive o último ‘bônus demográfico’. É a última etapa da nossa história em que a maior parte da nossa população é jovem”, alerta. Para a ex-presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) Cleuza Repulho, “é importante ficar atento a isso e não abrir (a exploração do pré-sal) para outras empresas. A Petrobras passa por um momento difícil, mas isso vai passar”.
Mc Donald´s no alvo
Lula vai à Justiça contra ‘O Globo’ Reprodução
Da redação
tipo de ligação do empreendimento com o doleiro Alberto Youssef, réu no processo da Operação Lava Jato. O Instituto Lula afirma que antes de a matéria ser publicada, esclareceu ao jornalista que Marisa Letícia, esposa do ex-presidente, adquiriu a prestações, uma cota no empreendimento e que a família do ex-presidente não tem nenhum apartamento, “quanto menos um triplex”.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com ação contra o jornal O Globo pedindo reparação por danos morais referentes à matéria intitulada “Dinheiro liga doleiro da Lava Jato à obra de prédio de Lula”, publicada no último dia 12. O texto afirma que Lula seria dono de um apartamento triplex no Edifício Solaris, no Guarujá, litoral paulista, e aponta algum
Aprovada redução da maioridade penal A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (19), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Segundo o
documento, serão presos jovens que cometerem homicídios considerados dolosos, lesão corporal seguida de morte e crimes hediondos, como estupro. O texto seguirá agora pa-
ra o Senado, onde precisa passar por duas votações para ser promulgado. A bancada do PT na Câmara, desfavorável à medida desde o início, pretende entrar com uma ação
no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a tramitação do projeto, que afirmou ser “inconstitucional e antirregimental”.
A rede de lanchonetes McDonald’s foi alvo de denúncias no Senado nessa quinta-feira (20). De acordo com informações da Agência Brasil, os senadores argumentam que além da comercialização de lanches, a rede exporta um modelo empresarial que resulta em lucros bilionários, mas é apontado como mau exemplo quando o assunto são as relações trabalhistas, o que geraria prejuízo aos cofres públicos. O alerta aconteceu durante audiência pública, e foi feito pelo diretor de Campanhas Globais do Sindicato Internacional de Trabalhadores em Serviços (Seiu, a sigla em inglês), Scott Courtney.
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MUNDO
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
Premiê da Grécia renuncia ao cargo e convoca eleições antecipadas DÍVIDA Com o anúncio de Tsipras, esta será a segunda eleição do ano para os gregos Opera Mundi O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou que vai renunciar e propôs à nação nesta quarta-feira (20) eleições antecipadas. A imprensa local fala na possível data de 20 de setembro para o pleito. Apesar da renúncia, Tsipras só sairá do cargo quando for formado um bloco para o novo governo. “Eu apresentarei minha renúncia, bem como a renúncia do meu governo ao presidente da República”, declarou o premiê em discurso ao vivo na televisão grega. “Mas eu me sinto na obri-
gação de submeter meu balanço ao seu julgamento. Vou perguntar ao povo grego. Vocês vão decidir quem vai dirigir o povo grego no futuro”, acrescentou à população A decisão vem poucas horas após o MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) dar sinal verde ao desembolso inicial de 23 bilhões de euros a Atenas, possibilitando o governo grego a pagar uma dívida no valor de 3,4 bilhões de euros ao BCE (Banco Central Europeu). Com o anúncio do premiê, esta será a segunda eleição do ano para os gregos. Em 25 de janeiro,
Nove manifestantes são detidos em protesto após polícia matar jovem negro nos EUA Reprodução
o Syriza venceu a disputa com 36% dos votos. Como a legenda ficou a apenas duas cadeiras da maioria absoluta no parlamento (149 dos 300 assentos), ela se aliou aos Gregos Independentes, legenda da direita nacionalista, para conseguir formar uma coalizão antiausteridade.
Opera Mundi De acordo com a polícia municipal, as detenções ocorreram após os mais de 150 manifestantes simpáticos ao movimento Black Lives Matter (“A vida dos negros importa”, em tradução livre) bloquearem o tráfego nas principais vias da cidade e lançarem tijolos em direção às forças de segurança. Na quarta-feira (19), dois agentes foram cumprir um mandado de busca e apreensão em uma casa localizada em um dos bairros mais violentos, no norte de Saint Louis. Contudo, quando estavam entrando na residência, dois jovens negros fugiram pe-
los fundos. Segundo o chefe da polícia da cidade, Sam Dotson, os oficiais ordenaram que a dupla parasse de correr, mas um deles teria apontado uma arma para os policiais, que atiraram quatro vezes e acabaram matando Mansur Ball-Bey, de 18 anos. Saint Louis é a maior cidade de uma região metropolitana que também engloba Ferguson, que ficou famosa em todo mundo após a morte do jovem negro desarmado Michael Brown, há pouco mais de um ano, gerando uma onda de manifestações contra a violência policial e o racismo institucional nos EUA.
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
ENTREVISTA 11
“Boa parte da mídia brasileira abdicou de fazer jornalismo para fazer oposição política” COMUNICAÇÃO O professor Venício Lima discute o papel e desafios da mídia hoje Marcos Labanca
Joana Tavares Pesquisador há décadas sobre o papel social da mídia, o professor aposentado da Universidade de Brasília Venício Lima é autor de vários livros sobre o assunto e segue refletindo sobre o comportamento dos veículos de comunicação, a necessidade de regulação do setor e o papel da comunicação alternativa e pública. Brasil de Fato - Temos visto uma cobertura cada vez mais parecida, especialmente da política, nos veículos da mídia hegemônica. Apesar de pequenas diferenças, parece haver uma homogeneização no tratamento de alguns temas, como na questão da crise e da operação Lava Jato. Como você avalia esse comportamento? Venício Lima - Na verdade, não acho que constitui uma novidade. Há muitos anos, em livro que publiquei com o [Bernardo] Kucinski [“Diálogos da perplexidade: reflexões críticas sobre a mídia”], comentamos essa questão da posição homogênea da grande mídia. É a ideia de que a grande mídia funciona como se tivesse
“Os oligopólios de mídia no Brasil têm interesses comuns e defendem basicamente as mesmas propostas e são contra as mesmas políticas” um supraeditor, como se as principais notícias, a pauta, a narrativa, fossem cotidianamente editados por um super editor, que dá a elas o mesmo enquadramento. Isso é tão verdadeiro que às vezes as mesmas palavras aparecem reiteradamente,
Venício Lima: “Acho fundamental grupos que conseguem, com todas as dificuldades, produzir de alguma forma uma imprensa alternativa”
para os mesmos assuntos, para a mesma pauta, em diferentes veículos. Isso expressa apenas o fato sabido e conhecido de que os oligopólios privados de mídia no Brasil têm interesses comuns e defendem basicamente as mesmas propostas e são contra as mesmas propostas, projetos e políticas. A que você atribui essa recente inflexão em alguns veículos, como a Folha e O Globo, na questão do golpe ou impecheament contra a presidenta? Os grandes oligopólios no Brasil têm, sobretudo o grupo Globo, historicamente conseguido se adaptar às conjunturas e preservar seu interesse. E, correspondente a isso, o Estado brasileiro também historicamente não tem sido capaz de fazer prevalecer a natureza de serviço público, sobretudo na radiodifusão. O que se sabe agora é que hou-
ve uma reunião do secretário de comunicação da presidência com os controla-
“O Estado brasileiro historicamente não tem sido capaz de fazer prevalecer a natureza de serviço público, sobretudo na radiodifusão” dores do grupo Globo e nove senadores do PT. Depois desses encontros, de fato observa-se uma inflexão na cobertura política e um posicionamento diferente com relação ao impeachment da presidente. O que não se sabe é se houve – e muito provavelmente houve – algum tipo de entendimento, de acordo.
Na sua avaliação, por que os governos do PT não avançaram na questão da regulação do mercado de comunicação? Essa pergunta tem que ser feita aos governos do PT. Eu não consigo compreender. Houve momentos em que se acreditava que os governos petistas iam pelo menos propor uma atualização da legislação, a regulação dos artigos que estão na Constituição. Tenho dito que esses governos caíram numa armadilha de acreditar que seria possível que os oligopólios de mídia apoiassem um projeto político que beneficiasse as classes populares, que promovesse a inclusão. Assim, a negociação com eles, as verbas publicitárias, empréstimos etc, deveriam ser a prioridade da política de comunicação do governo. Em detrimento da comunicação, como, aliás, manda a Constituição. Você escreveu que não temos no país uma “narrativa pública alternativa”. Na sua avaliação, como os veículos comunitários, sindicais e populares poderiam avançar para pautar a pluralidade de vozes e visões de mundo? Tem uma questão histórica, na mídia alternativa brasileira, incluindo as TVs e rádios comunitárias, a mídia sindical, o sistema público de um modo geral, que é a dificuldade de unificar sua narrativa. Há avanços, mas são ainda muito tímidos em relação ao que seria necessário. Eu considero absolutamente crítica a necessidade de apoio do governo ao sistema público de comunicação. Inclusive uma coisa que esquecemos é que as pessoas que acreditam na necessidade de uma mídia alternativa à comercial devem apoiar a TV pública assistindo sua televisão e ouvindo suas emissoras de rádio.
Ao mesmo tempo em que assistimos ao fortalecimento da mídia comercial, aumenta o número de demissões e se discute o futuro do jornalismo. O que se desenha para o cenário da comunicação hoje?
“Esses governos [do PT] caíram na armadilha de acreditar que seria possível que os oligopólios de mídia apoiassem um projeto que beneficiasse as classes populares” Essa não é uma peculiaridade brasileira. É algo que está acontecendo na sociedade contemporânea e decorre de uma transição tecnológica, cujos resultados não sabemos ainda. Há uma nova geração surgindo que não terá os mesmos hábitos de consumo de mídia. Mas não compartilho o entusiasmo, muitas vezes acrítico, com relação ao acesso à informação que as novas tecnologias possibilitam. Os dados confirmam que, apesar da transição e das mudanças de plataforma tecnológica, os grandes produtores de conteúdo continuam os velhos grupos da mídia tradicional. Essa geração, embora embevecida com as redes, vai precisar de informação de qualidade. Eu não posso ser exemplo, já tenho meus 70 anos, mas sou seletivo no dinheiro que gasto para receber informação. Boa parte da mídia brasileira não me interessa porque abdicou de fazer jornalismo para fazer oposição política. Quero informação para compreender o mundo e me ajudar a tomar posições.
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CULTURA
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
Viva as 100 edições! É mais um ano de vida que o Brasil de Fato MG completa nesta semana! E nada mais nada menos lançando a sua centésima edição. Motivo de sobra para comemorar e fortalecer ainda mais esse trabalho sério, profissional, militante de levar informação de boa qualidade sobre os fatos políticos, econômicos e sociais de Minas e do nosso país. Eu tenho certeza de que só com uma equipe competente, dedicada e organizada, com muito amor ao trabalho
e à militância por um mundo melhor um trabalho desse tipo poderia ser feito. Fico muito feliz de ter a oportunidade de contribuir com esse projeto de promoção da comunicação popular. Conheci o Brasil de Fato em 2003, quando ele foi lançado. Eu tinha acabado de entrar no curso de Ciências Sociais na UFMG. Alguns colegas de curso e militantes mobilizados com o jornal divulgaram a iniciativa na faculdade e logo foi possível perceber
seu compromisso em produzir e veicular uma visão diferente sobre a realidade social. Um destes colegas até hoje está envolvido com o jornal. Que bonito perceber como militância tem a ver com projeto de vida! Logo depois, a vida me presenteou com uma amiga, que tanto amo. Ela era diferente de outras amigas porque desejava, não da maneira como quase todo mundo deseja, um mundo melhor de maneira concreta, focada na ação transformadora e não no pla-
no das ideias ou do laissez-faire. Uma amiga que foi embora de sua cidade para se dedicar ao projeto, ampliar sua vivência como militante e aprender mais a fazer comunicação popular. De repente, a vida nos aproxima ainda mais. Fomos dividir a casa, a rotina, viramos irmãos. E um dia, deitados no sofá vendo novelas, após um dia de trabalho no Brasil de Fato MG com só duas edições publicadas, ela me convidou para criar uma coluna sobre novela, um dos meus entretenimentos preferidos. E aí eu pude estar mais perto do jor-
nal, presente há tanto tempo na minha vida e fazer isso de escrever, que é tão bom! Além de conhecer essa gente engajada que dedica sua vida e sua militância ao projeto. A todos vocês o meu obrigado! Mas em especial àquele meu colega lá do curso de Ciências Sociais e mais ainda à minha irmã, mulher e guerreira tão empenhada nesse desejo de transformar. Parabéns Brasil de Fato MG! Um abraço a todos, Joaquim Vela
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
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CULTURA
Brasil de Fato MG comemora dois anos de circulação FESTA Com diversas atrações culturais, evento acontecerá na sexta, na Praça Afonso Arinos Da Redação Já são dois anos que o Brasil de Fato MG está nas ruas de Belo Horizonte e, mais recentemente, em Contagem, Betim, Alfenas, São João del Rei, Varginha e Pouso Alegre. E é com muita alegria que, na sexta (21), será
comemorado este segundo aniversário. Será uma festa e tanto, com música, dança e cultura popular. Será no centro de BH, na Praça, esquina entre a Álvares Cabral e a rua da Bahia, onde fica o monumento com a frase de Rômulo Paes “A minha vida é esta, subir Bahia e descer
Floresta”. É uma comemoração gratuita e aberta para todos aqueles que fazem parte do Brasil de Fato MG, sobretudo leitores e leitoras, que tornam realidade a vontade de construir uma comunicação popular comprometida com o povo mineiro.
Programação:
Participe conosco! Serviço Quando: 21 de agosto Onde: Praça Afonso Arinos, no momumento “A minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta”. Que horas: A partir das 19h
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Coco da Gente
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Pereira da Viola DJ Marcelo Pereira (di Parrí) •
Black Arte
Coco da Gente mistura samba-de-coco, ciranda, samba-de-roda, teatro e capoeira CULTURA POPULAR Grupo será uma das atrações da festa de dois anos do BFMG Beth Freitas
Larissa Costa “O coco é um trem que pega a gente de jeito, seu batuque, sua cantoria, dança e energia são contagiantes”. É assim que Pedro Campolina define o samba-de-coco, algo que, na opinião do idealizador e membro do grupo Coco da Gente, é algo quase inexplicável. “Só brincando o coco mesmo pra entender e sentir”, afirma. Com origens no Nordeste brasileiro, o coco é uma dança de roda acompanhada de cantoria e de som de instrumentos de percussão, como ganzá, pandeiro e surdo. Para Pedro, o maior desafio enfrentado pelo grupo é que o coco ainda não é uma manifestação cultural muito conhecida em Minas Gerais. “Mas, ao mesmo tempo que é um desafio, é uma coisa boa, pois ver a surpresa no rosto das pessoas e o tanto que elas se entregam quando escutam o coco, é bom demais da conta”, diz. Formado por cinco artistas, o Coco da Gente reúne composições autorais e releituras de mestres da cultura popular. Suas influências musicais são os griots, assim chamados os mais velhos, mestres detentores dos segredos e saberes ancestrais. Há dois anos na
estrada, já tocaram em vários festivais mineiros e fizeram shows em Alagoas, Pernambuco, Espírito Santo e na Argentina. Pedro conta que a ideia para a criação do grupo apareceu nas aulas de capoeira que ele ministrava na praça do Orlando, em Santa Tereza. “Depois da capoeira, começamos a fazer um samba de roda e aos poucos fui passando pra turma o que eu sabia de coco. A coisa foi ficando bonita e o batuque do coco foi ficando cada vez mais forte”, lembra. O próximo passos do Coco da Gente é lançar seu próprio CD, o que está previsto para o início do ano que vem. Ainda sem nome definido, Pedro conta que a ideia do disco é registrar as composições autorais, contar um pouco da trajetória do grupo e apresentar as formas distintas de se tocar o coco em cada localidade por onde andaram. Agenda de Shows 21/08/15: Comemoração de 2 anos do Jornal Brasil de Fato - BH/MG 18/09/15: Espaço Cultural Suricato - BH/MG 19/09/15: Lançamento do CD Boi do Além, de Sandro Medeiros - Contagem/MG 11/10/15: Festival das Crianças/Corrida de Bike Lapinha da Serra/MG
Pereira da Viola presente! “Me sinto muito feliz de comemorar junto com o Brasil de Fato mineiro mais este aniversário. Foram dois anos de informação não cerceada pelos grandes grupos econômicos. Sou contemplado pelos editoriais e acredito que vários violeiros amigos meus também se sentem contemplados com o nível de informação oferecido pelo Brasil de Fato. O jornal tem uma visão abrangente, inteligente e real. Fico muito feliz de fazer parte desse corpo”. Pereira da Viola é cantador, violeiro, compositor e membro do Conselho Editorial desde 2012. Nascido em Teófilo Otoni, é um grande representante da cultura popular de Minas Gerais.
Guilardo Veloso
14 VARIEDADES
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
Pudim de maracujĂĄ
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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Bata no liquidificador o leite condensado, o suco de maracujå, os ovos e a manteiga ou margarina. Coloque em uma forma redonda, untada com manteiga e farinha de trigo. Leve ao banho-maria por 60 minutos. Espere esfriar e desenforme. À parte, tire as sementes dos maracujås e faça uma calda com açúcar cristal. Coloque sobre o pudim e sirva frio ou gelado. Tempo de preparo 1h 00min Rendimento 6 porçþes
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Amiga da SaĂşde
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OlĂĄ amiga da saĂşde, vejo que atualmente ĂŠ muito comum as pessoas terem dor de estĂ´mago. Por que isso acontece?
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Paola Braga, 29 anos, educadora infantil
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BANCO
2 latas de leite condensado (se preferir use o desnatado) 200 ml de suco de maracujĂĄ 4 ovos 2 colheres de manteiga ou margarina 2 maracujĂĄs grandes
MODO DE PREPARO
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INGREDIENTES
Querida Paola, para um bom funcionamento do nosso sistema digestivo, algumas coisas sĂŁo fundamentais: escolher bem os alimentos, mastigar direito, fazer intervalos de no mĂĄximo 3 horas entre as refeiçþes, evitar situaçþes de estresse. Entretanto, vivemos numa sociedade que nĂŁo favorece a boa alimentação. No entanto, nesses dias de hoje, as pessoas sĂŁo muito exploradas no trabalho e ĂŠ praticamente impossĂvel escapar da correria e do estresse. Isso faz com que muitas pessoas acabem se descuidando da alimentação e da saĂşde e tenham problemas de estĂ´mago, alĂŠm de tantos outros. O uso exagerado de agrotĂłxicos nos alimentos tambĂŠm contribui para dores de estĂ´mago e nos predispĂľem a doenças como câncer, gastrites e Ăşlceras. Mande sua dĂşvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui vocĂŞ pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da SaĂşde Coren MG 159621-Enf.
ESPORTES
Belo Horizonte, 21 a 27 de agosto de 2015
DECLARAÇÃO DA SEMANA
CURTO E GROSSO
Marcelo Sadio / vasco.com.br
O gol fora de casa
Marco Zambrano / Site do Cruzeiro
Wallace Oliveira Os mineiros se deram mal no primeiro jogo das oitavas da Copa do Brasil. O Cruzeiro perdeu para o Palmeiras por 2 a 1, no Allianz Parque. No Independência, o Atlético empatou em 1 a 1 com o Figueirense. Para o segundo jogo, o Galo tem um time tecnicamente superior, mas pode pagar caro pelo gol sofrido em casa. Em Santa Catarina, terá dificuldades para furar a defesa do Furacão. Já o Cruzeiro, apesar da derrota, foi melhor no jogo de ida e marcou um tento fora. No Mineirão, todavia, enfrentará uma equipe que se destaca nos contra-ataques. A regra do “gol qualificado” surgiu em 1965, durante
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“
Se eu achar que o Vasco vai ser rebaixado, vou procurar o ponto mais distante da Sibéria e vou para lá.
”
Eurico Miranda, presidente do Vasco, contando onde vai passar as férias do fim do ano.
as quartas de final da Copa da Europa, num confronto entre Liverpool (ING) e Colonia (ALE). Após três empates, o vencedor foi definido no cara ou coroa. Deu Liverpool. Os alemães protestaram. Para a edição subsequente, estabeleceu-se que, havendo resultados iguais,
classifica-se quem mais gols fizer na casa do adversário. Todo mundo já foi beneficiado ou prejudicado pela regra, mas muitos a contestam. Afinal, há quem jogue só para fazer um golzinho no território do inimigo e depois segurar a classificação na base da retranca.
Gol de placa
O atacante belga Lukaku, do Everton, estava no aquecimento para o jogo contra o Southampton, quando acertou uma bolada numa senhora. Imediatamente ele subiu às arquibancadas e pediu desculpas pelo incidente à torcedora do time rival. O Everton venceu por 3 a 0, com dois tentos de Lukaku.
Gol contra
Terminado o primeiro turno do Brasileirão, o Vasco é líder em todos os piores indicadores do campeonato: é o time que mais perdeu (12), o que menos ganhou (3), o que mais tomou gols (31), o que menos fez gols (8) e o que tem o pior saldo (-23). Que fase, meu povo!
OPINIÃO Bráulio Siffert O América foi superior ao Botafogo, com mais organização em campo e mais chances de gol; porém, por falta de capricho nas finalizações e pelos erros da arbitragem, acabou perdendo de virada e caindo para terceiro lugar na classificação da série B. Por parte do América, os destaques positivos foram a vontade dos jogadores, a qualidade e tran-
quilidade de Leandro Guerreiro e os bons lançamentos de Toscano; e de negativo foram os erros ofensivos e defensivos de Robertinho e a falta de consistência e capricho do ataque. A arbitragem, como de praxe, pendeu para o lado do mais forte: deixou de marcar um pênalti claro de Serginho em Toscano e marcou uma falta inexistente em Daniel Carvalho que resultou em gol.
OPINIÃO Rogério Hilário Atacado pela arbitragem, o Atlético se concentra nos bastidores para evitar novos percalços. Embora com atuação inferior à da derrota para o Grêmio, o Alvinegro teve o fracasso em Santa Catarina motivado, inicialmente, pela expulsão injusta de Leonardo Silva. O segundo gol da Chapecoense, um absurdo só possível no nosso futebol, jogou a
pá de cal. Lembrome da várzea. À falta de um árbitro da federação, valia o juiz de barranco – um convidado que estivesse no local com a pretensão de assistir ao jogo. Eles erravam menos. No fim das contas, uma constatação: com dor de cotovelo e despeito pelas conquistas mineiras, vale tudo para os paulistas (leia-se Corinthians) recuperarem a hegemonia nacional da bola.
OPINIÃO Léo Calixto Enfim, o Cruzeiro estreou na Copa do Brasil 2015. E, mesmo com a derrota por 2 a 1 para o Palmeiras, na última quarta (19), o Maior de Minas ainda está vivo na competição. A boa apresentação, fora de casa, contra um adversário mais forte tecnicamente, não escondeu os recorrentes erros infantis na marcação e na transição da defesa para o ataque. E são
exatamente esses erros que não permitem, já há algum tempo, que as boas atuações em alguns jogos evoluam para vitórias. O tão sonhado equilíbrio da equipe passa por melhores posturas individuais de alguns atletas. Mayke, Marquinhos, Damião e Charles são exemplos de jogadores que, ou estão atuando abaixo do que podem apresentar ou chegaram a seu limite técnico.
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