ENTREVISTA 11
Reprodução
Ai, Em defesa da que calor! Petrobras Sobe a temperatura e cai a umidade do ar em Belo Horizonte. O Brasil de Fato dá dicas para evitar problemas neste tempo seco
Fernando Frazão / Agência Brasil
Diretor do sindicato dos petroleiros comenta ataques contra a empresa, que é a principal produtora de riquezas para o país
CIDADES 3 Minas Gerais
25 de setembro a 01 de outubro de 2015 • edição 105
• brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita
Cabelo natural é só felicidade Mulheres de cabelo crespo e cacheado abandonam o alisamento e assumem o natural. A transição é um processo árduo, mas a recompensa vai além de cabelos lindos e soltos. Para Paula (esq.), Lorena (centro) e Ana Carolina, trouxe também aumento da autoestima, do autoconhecimento e do empoderamento
Isis Medeiros
MINAS 5 BRASIL 8
Manifestação no dia 3 Organizações sociais convocam população para ato no sábado. Entre as pautas, estão críticas ao ajuste fiscal e defesa da democracia e direitos
BRASIL 9
Confusão nas praias do Rio O Rio de Janeiro continua lindo e contraditório. Prova disso é o conflito do último fim de semana nas praias entre polícia, jovens negros e playboys
MINAS 6
Fascismo no ar Enquanto Aécio usa aviões do governo para visitar praias no Rio, líder do MST é atacado em aeroporto. Artigo critica apego da burguesia a privilégios
2
OPINIÃO
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Editorial | Brasil
Por que a crise impacta mais a vida das mulheres?
ESPAÇO dos Leitores “Esse filme é lindo. Poético, esperançoso, muito bonito” Flávia Resende, comentando a matéria “Verdade na área de serviço”
“Cada vez mais é tudo ou nada na luta contra o golpismo da direita!!” Cacá Meireles, comentando o editorial “O povo não deve pagar pela crise”
“Quem viveu e conhece a luta pela terra em Minas Gerais tem a dimensão deste feito. É de arrepiar...só de pensar, já é motivo de se emocionar...” Cazu Shikasho , comentando a matéria “Trabalhadores rurais perto de conquistar a terra”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
anota aí o número do Brasil de Fato no WhatsApp: 31 8979-8859
Atualmente, o mundo vive um presas entendem que esses serviços momento de intensificação da cri- podem ser feitos gratuitamente pese econômica. Os impactos aqui no las mulheres dentro de casa. Então Brasil são sentidos por todos os tra- por que gastar com isso? O resulbalhadores, mas em especial pe- tado é sobrecarga de trabalho das las mulheres, principalmente as ne- mulheres, que têm suas as jornadas gras. triplicadas. Mas, afinal, o que é essa crise? A Momentos de crise também crise acontece quando as empresas, acentuam a violência. E isso se dá na busca por em diversas mais lucro, esferas. Uma Quando vêm as demissões, produzem delas se relamais do que ciona à ideia as mulheres costumam ser as as pessoas machista de primeiras da lista podem cono espaço púsumir. Como blico – entenos donos dessas empresas nunca dido como tudo que está para além querem deixar de ganhar, demitem da casa – ainda não deve ser ocupaos trabalhadores e trabalhadoras e do pelas mulheres. pressionam os governos para que Há que se perceber que a crise tomem medidas que retiram direi- não é uma fabricação do governo tos, cortam políticas sociais, como Dilma. Mas suas medidas neolibeeducação e saúde, e aumentam ta- rais, que cortam direitos, têm penarifas de serviços, como a de água e lizado o povo e isso significa atingir energia. Isso é o que tem aconteci- fortemente as mulheres, que hoje do neste momento com o governo são cerca de 51% da população braDilma. sileira. Como o machismo ainda faz parNo último fim de semana, o gote da organização da sociedade bra- verno federal esboçou fundir quasileira, a maioria das mulheres ocu- tro pastas em torno do Ministério pam postos de trabalhos mais pre- da Cidadania, dentre elas a Secrecarizados e quando vêm as demis- taria de Mulheres e a de Igualdade sões, elas costumam ser as primei- Racial. ras da lista. A criação Os últimos dessas dudados da Pesas secretarias Momentos de crise também quisa Naciore pre s e ntou acentuam a violência nal Por Amosuma decisão tra de Domipolítica funcílios (PNAD) damental no mostram que a taxa de desocupa- reconhecimento da desigualdade ção, considerando pessoas em ida- de gênero e raça/etnia que se arrasde de trabalhar sem emprego, é ta há séculos no país. Há muito que maior entre as mulheres em todas ser feito ainda, mas essas pastas reas regiões do Brasil. A taxa média de presentam ganhos importantes na desemprego no país subiu, no se- busca pela dignidade das mulheres gundo trimestre de 2015, para 8,3%. e do povo negro. O índice para as mulheres é 9,8% e As medidas que ajustam a ecopara os homens foi de 7,1%. nomia, dentre elas a redução jusAlém de sofrerem mais com o tamente de órgãos que contribuídesemprego, são as mulheres as am para reduzir a injustiça, não remais atingidas quando as empresas solverão a crise nacional, pelo concortam gastos com serviços referen- trário, acirram e aprofundam ainda tes ao trabalho doméstico e de cui- mais as desigualdades. O povo não dados com crianças e idosos, como permitirá o golpe, mas também toalimentação, creches, saúde, lava- lerará a continuidade dessa política gem de roupas e uniformes. As em- econômica.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br / TELEFONES: (31) 3309 3304 /3568 0691
conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Deliane Lemos de Oliveira, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Pedro Cíndio, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboradores: Acsa Brena, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Olivia Santos, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Fotografia: Larissa Costa. Estagiária: Raíssa Lopes. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Diagramação: Bruno Dayrell. Tiragem: 40 mil exemplares.
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
CIDADES
3
Conselhos tutelares fazem processo eleitoral unificado DIREITOS Órgãos zelam pela proteção da criança e adolescente, mas ainda enfrentam muitas limitações Gercom Leste / PBH
Wallace Oliveira Pela primeira vez no Brasil, as eleições para conselheiros tutelares acontecerão simultaneamente em todos os municípios. O pleito foi marcado para o dia 4 de outubro, das 8 às 17 horas. Pode votar qualquer cidadão maior de 16 anos, que esteja em dia com a Justiça Eleitoral. “Agora, com o processo de escolha unificada, é possível realizar uma formação continuada dos conselheiros, porque se pode fazer um acompanhamento e avaliação melhor durante o período”, avalia Marilene Cruz, da equipe de coordenação da Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Ela também vê como um avanço o artigo 134 da lei, que dispõe sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, bem como sobre os direitos dos conselheiros, como salários, cobertura previdenciária, férias e licença -maternidade: “Antes, cada município definia a seu bel prazer. Agora, isto é lei”, ex-
Algumas coisas que o/a conselheiro/a tutelar faz • Atender crianças e adolescentes e seus pais ou responsáveis. • Requisitar serviços públicos de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança. • Encaminhar ao Ministério Público infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente. • Assessorar o Poder Público local na elaboração da proposta orçamentária para programas de atendimento aos direitos da criança e adolescente.
plica. Dificuldades Os conselhos tutelares são órgãos públicos criados em 1990 pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Sua função é zelar pela proteção de menores, atuando na apuração de denúncias de ameaças ou violações de direitos, fiscalização de entidades, mobilização da comunidade e cobrança por um melhor acompanhamento de familiares e do poder público. O Cadastro Nacional dos Conselhos Tutelares, realizado em 2012, identificou 5.906 conselhos estruturados no Brasil. São 632
a menos do que a proporção necessária, que seria de um para cada 100 mil habitantes, segundo o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Em muitos lugares, os conselhos enfrentam limites, como falta de recursos, problemas de estrutura e dificuldades para encaminhar demandas: “O Conselho Tutelar não executa uma ação. Ele conversa, apura e leva a criança ou a família para um acompanhamento psicológico ou jurídico. Para tanto, é preciso que os equipamentos sociais estejam funcionando, mas nem sempre isso acontece”, relata Marilene Cruz.
Coisas que o/a conselheiro/a tutelar não faz • Busca e apreensão de menores. Isso é papel do oficial de Justiça. • Emitir autorização para viajar. Isso é papel do Comissário da Infância e Juventude. • Autorização de guarda. Quem faz isso é o juiz.
Lua gigante no domingo Reprodução
Calor forte e baixa umidade do ar acendem alerta em BH TEMPERATURA Primavera chegou, mas só deve cair chuva em outubro Da redação Belo Horizonte vem enfrentando um clima de muito calor e tempo seco. E essa combinação ainda vai durar um tempo na região. A baixa umidade é causada pelo predomínio de uma massa de ar seco que está sobre o Brasil. Não há previsão de chuva para Belo Horizonte até o início de outubro, segundo o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Clima Tempo.
A capital entrou em estado de alerta. No último sábado (19), a temperatura bateu os 34 graus e a umidade do ar chegou a 8%, equivalente ao clima de deserto. As queimadas tendem a aumentar nessa época, como ocorreu no último final de semana na Serra do Rola Moça. Nessa situação, idosos e criança são os que mais sofrem as consequências. Além de problemas respiratórios, é comum o cansaço e mal estar
Para evitar problemas, seguem algumas dicas para enfrentar o tempo seco. - Abusar de frutas e verduras; - Beber muito líquido: a cada hora, tome 300ml (um copo) de água; - Evitar banhos com alta temperatura - Comer carnes grelhadas ao invés de fritura - Não fazer exercício entre 10 e 16h - Evitar aglomerações - Fazer o uso de lota ou soro fisiológico
Pela primeira vez em mais de 30 anos, você poderá ser testemunha de uma combinação entre uma superlua e o eclipse lunar. O raro evento vai acontecer no domingo, dia 27 de setembro, quando a enorme lua será coberta pela sombra da Terra por mais de uma hora. Todo o território do Brasil vai poder observar, por volta das 22h, a lua começar a escurecer e ganhar uma coloração avermelhada, conhecida como “Lua de Sangue”, outro fenômeno da noite. (EBC)
4
CIDADES
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Trabalhadores da MGS protestam contra corte de direitos
FATOS EM FOCO
Levante promove acampamento
CONFLITO Profissionais da portaria e vigilância deixam de receber adicional em outubro Reprodução
Wallace Oliveira Na sexta-feira (25), servidores públicos da Minas Gerais Administração e Serviços S/A (MGS) realizam um ato em frente à sede da empresa. Eles protestam contra o não pagamento de reajuste previsto no Plano de Cargos, Salários e Carreiras (PCSC) e a retirada dos adicionais de insalubridade e periculosidade.
Reajuste previsto para 2014 não foi pago a servidores públicos da MGS Plano de Cargos Com base no PCSC, em 2014, trabalhadores da MGS deveriam ter seu salário reajustado em 2,5%, referente ao biênio de 2012/2013, se alcançassem nota superior a 7,5 na avaliação de desempenho. Já no biênio de 2014/2015, estava previsto reajuste com base no tempo de serviço, a ser aplicado em 2016. Entretanto, o pagamento do primeiro biênio não foi efetuado e a empresa também não pagará o segundo. De acordo com o presidente da MGS, Carlos Vanderley Soares, “a norma que criou o Pla-
no de Cargos condicionava o pagamento das progressões à capacidade financeira da empresa de arcar com estes custos”, sendo que “a gestão anterior da empresa deixou um prejuízo de R$ 10 milhões em 2014, cujos efeitos se estenderam até o final do primeiro semestre de 2015 e demorarão um tempo para serem revertidos”, comenta. Segundo Plínio Saldanha, presidente da Associação dos Empregados Públicos Estaduais da MGS, a MGS teve lucro no biênio 2012/2013. “A progressão deveria ser paga em 2014, mas a empresa adiou o pagamento e, em 2015, alegou déficit e não pagou”, argumenta.
“Estamos sujeitos a vários tipos de reações que ameaçam nossa integridade física”, afirma servidor Adicionais de periculosidade e insalubridade em risco A partir de outubro, a MGS suspenderá o pagamento de adicionais de periculosidade para empregados que executam atividades de portaria e vigilância desarmada.
MGS suspenderá em outubro pagamento de adicionais de periculosidade para vigias
“Esse corte nos tira um direito adquirido. Nós atendemos ao público, estamos sujeitos a vários tipos de reações que ameaçam nossa integridade física, como a entrada inesperada em prédio público e a violência gratuita”, avalia Paulo Roberto Silva, vigia e porteiro. Além disso, segundo a associação, a empresa anunciou aos funcionários a suspensão do adicional de insalubridade. “O sindicato que representa majoritariamente os empregados da MGS em Belo Horizonte retirou da Convenção Coletiva de Trabalho a obrigatoriedade de pagamento do adicional de periculosidade para os porteiros e vigilantes desarmados”, afirma o presidente
da empresa. Além disso, o não pagamento do adicional de periculosidade seria respaldado pela Súmula 44 do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que orienta o fim da obrigatoriedade. Plínio Saldanha, presidente da associação dos empregados, explica que a decisão do TRT não teria efeito sobre os servidores públicos da MGS: “A súmula tem um caráter de orientação e não de decisão. Além do mais, ela não abrange os profissionais que cuidam da segurança patrimonial e segurança, como é o caso dos servidores da MGS, que fazem a defesa nas repartições do estado de Minas Gerais e da Prefeitura de Belo Horizonte”, conclui.
Araçuaí recebe encontro de agrobiodiversidade SOBERANIA ALIMENTAR Impactos da mineração e do agronegócio serão debatidos Da Redação Nos dias 01 a 03 de outubro, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, ocorrerá o II Encontro da Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro, com o objetivo de forta-
lecer a interação entre agricultores, técnicos, pesquisadores, estudantes e gestores públicos. Com o lema “Nosso chão é sagrado, para plantar sementes da gente, para produzir comida de verdade e
não para o agronegócio e para mineração”, o encontro pretende realizar uma análise sobre os impactos das mudanças climáticas e dos grandes projetos na agrobiodiversidade e sua relação com os direitos dos
agricultores, povos e comunidades tradicionais. O encontro é organizado pela Rede de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro e pela Articulação no Semiárido de Minas Gerais (ASA/MG).
O 2º Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude está marcado para os dias 10, 11 e 12 de outubro, em Belo Horizonte. São esperados cerca de mil jovens de várias regiões do estado. Com o lema “Em cada canto de Minas, o mesmo canto de luta”, o evento contará com oficinas, debates e atividades culturais. É aberto e gratuito. Mais informações, acesse http://migre.me/rBrCM
Avanço na reforma agrária
Na sexta (25), o governador Fernando Pimentel assina o decreto de desapropriação de três áreas ocupadas pelo MST: o acampamento Nova Vida, em Novo Cruzeiro, o acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha e um conjunto de 11 acampamentos, em Campo do Meio, no sul do estado. Serão 420 famílias beneficiadas.
MINAS
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
5
Transição rumo à liberdade BELEZA Mulheres com cabelos crespos e cacheados abandonam a química em busca da sua identidade Isis Medeiros
“Estava deixando de ser uma mulher de baixa autoestima para ser uma mulher linda, feliz e com autonomia para enfrentar as adversidades de cabeça erguida e cabelo também”, diz Paula
Alisamento, chapinha e escova progressiva viraram febre entre as brasileiras nos últimos anos. A promessa é que esses produtos são ótimas soluções para diminuir o volume, domar os cabelos crespos e esticar as madeixas. Mas quem disse que cabelo alto é um problema? Essa é a pergunta que muitas mulheres fazem quando resolvem abandonar a química e deixar o cabelo natural. Esse processo, conhe-
cido como “transição capilar”, geralmente é difícil e pode demorar anos. Mas vai além de uma transformação no cabelo. É um momento de autoconhecimento, autoaceitação e empoderamento. Para Paula Silva, foi uma busca por sua identidade. Ela começou a usar química no cabelo aos 7 anos e hoje conta que nunca gostou de alisar. “O procedimento é um sofrimento e é muito caro. Além disso, nos deixa reféns, pois não temos a liberdade de ir ao
com uma única tesourada. Olhei-me no espelho com o cabelo curtinho e pensei: ‘nossa, essa sou eu?!’ Então eu via os cachinhos tímidos, que só após o corte ganharam forma e liberdade, e isso já me bastava para continuar a dormir feliz com óleo de coco na cabeça”, diz.
Mas quem disse que cabelo alto é um problema? Rompimento com a dependência Lorena Lemos usou alisantes por 14 anos, desde que tinha 12 anos. Ela conta que tinha problemas com o volume do seu cabelo e, por isso, usava muitos grampos para prendê-lo. “Não saía se não tivesse feito escova e prancha e uma raiz alta significava choro, crises de raiva. Além disso, o fato de passar uma hora, uma hora e meia no salão aos fins de semana começou a me incomodar profundamente, ao pensar que poderia
Cabelo solto também é resitência Isis Medeiros
Além de terem passado pela transição capilar, Paula, Ana Carolina e Lorena têm mais uma coisa em comum. Para elas, alisantes nunca mais. Seus cabelões resgatam ancestralidade, são energia de vida e de luta. “Hoje sou livre e essa liberdade transparece sendo resistência através do meu cabelo. Faço dele a minha marca, a minha autonomia, a marca da luta de negros e negras que resistiram e lutaram, minha referência aos meus antepassados, a história de quem eu sou e de onde vim”, afirma Lorena.
estar fazendo outra coisa”, conta a professora. A inspiração para a mudança veio quando sua mãe perdeu todo o cabelo - que também tinha química – no tratamento contra o câncer de mama. Junto com o cabelo novo de sua mãe, cresceu também a coragem para fazer o big chop. “Meu cabelo passava do ombro e quando cortei, ele ficou com quatro dedos de comprimento. Foi um processo complexo, na primeira semana tive dificuldade de olhar no espelho, mas ao mesmo tempo me sentia feliz de conseguir romper com um ciclo de dependência”, afirma. Isis Medeiros
Larissa Costa
clube ou tomar um banho de chuva”, comenta a estudante. Depois de duas tentativas, sua última transição durou dez meses até quando cortou o cabelo bem curtinho, o que é chamado de “big chop” (corte grande, em inglês). “Senti que aquele momento seria um divisor de águas na minha vida. Estava deixando de ser uma mulher de baixa autoestima, infeliz e cabisbaixa para ser uma mulher linda, feliz e com autonomia para enfrentar as adversidades de cabeça erguida e cabelo também”, afirma Paula. A recepcionista Ana Carolina de Souza alisou o cabelo pela primeira vez aos 18 e, por oito anos seguidos, não ficava sem chapinha. “Houve época em que passava prancha no cabelo quase toda noite, de tanto que tinha medo de uma raiz anelada. Com o passar do tempo, vi meu cabelo sem vida, não podia fazer coisas simples sem a preocupação de chegar em casa e pranchar o cabelo”, lembra. Após nove meses, Ana Carolina também se rendeu ao big chop para cortar toda a química que ainda restava. “Cortei os 50 cm de cabelo esticado e opaco
“Na primeira semana tive dificuldade de olhar no espelho, mas ao mesmo tempo me sentia feliz de conseguir romper com um ciclo de dependência”, conta Lorena
Dicas para a transição
“Via os cachinhos tímidos, que só após o corte ganharam forma e liberdade, e isso já me bastava para continuar a dormir feliz com óleo de coco na cabeça”, lembra Ana Carolina
A cabelereira e trancista Daniele Assis dá dicas para quem quiser fazer a transição capilar. Para a profissional, o big chop não é obrigatório, mas o “primeiro passo é cortar, pode ser aos poucos mas tem que tratar o cabelo. Para isso, os salões oferecem várias hidratações, mas também tem aqueles métodos caseiros e naturais”. Para aquelas que ainda não se encorajaram, Daniele diz que as tranças são uma ótima opção. “As tranças ajudam na transição, porque mantêm o cabelo arrumado”, afirma.
6
MINAS
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Artigo
O preconceito está no ar João Paulo Cunha A recente divulgação de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) viajou 124 vezes ao Rio de Janeiro durante seus dois mandatos de governador de Minas Gerais, preferencialmente nos fins de semana, não deveria causar estranheza. Afinal, ele sempre foi personagem habitual de colunas sociais e policiais (quando se recusou ao exame do bafômetro ao ser parado numa blitz) cariocas. Mesmo que a legislação tenha brechas (como um evocativo “questões de segurança”), não há nada que explique eticamente o uso particular de um avião público, de forma tão repetida e sistemática, para mero exercício das tribulações do lazer. O valor gasto não foi ainda apresentado, mas dá para estimar, levandose em consideração o alto custo de utilização, manutenção e operação de aeronaves no país. Resumo da ópera: benefícios privados, gastos públicos. Patrimonialismo puro e simples. O mais curioso do caso foi o simbolismo do transporte aéreo. Nos últimos tempos, avião e aeroporto deixaram de ser meios de transporte e espaços de pouso e decolagem para ganhar uma dimensão mitológica. Não são feitos só de aço e concreto, mas de linguagem.
A âncora da distinção social brasileira já teve como instrumentos a roupa, o carro, a vaga na universidade, a Disneylândia e outras baranguices. Hoje, voa pelos ares. Quem não se lembra do icônico “os aeroportos estão parecendo rodoviárias”? Ou da construção do aeródromo que dá acesso à Versalhes mineira da família Neves, em Cláudio, erigido na fazenda de um tio do senador que
Resumo da ópera de Aécio e os aviões: benefícios privados, gastos públicos. Patrimonialismo puro e simples mantinha a chave na algibeira? Ou das centenas de quilos de pasta de cocaína pura transportada em helicóptero pertencente à família Perrela, que não teve sua origem investigada como se faz no caso da posse de um baseado no bolso de um jovem negro de periferia? Para não falar do ataque recente de uma horda fascista a João Pedro Stedile, no aeroporto de Fortaleza, como se o dirigente do MST tivesse invadido um minifúndio de exclusão garantida pelo direito de classe.
Em todos esses casos, o que parece se afirmar é uma nova fronteira social. A elite ou burguesia (o nome tanto faz, o que interessa é o comportamento) levou ao pé da letra a ideia de escala social. Incapaz de metaforizar, entendeu que subir no gradiente de classes se traduz em alcançar os céus. Quanto mais alto, melhor. Não basta ter, é preciso que o outro não tenha. Não se trata de medo ou inveja, mas de ressentimento. Até então, nas alturas era possível relaxar. Os pobres estavam longe e, significativamente, abaixo. Hoje, o preconceito está no ar. É claro que, no caso de Aécio, não se trata apenas de voar – ele tem dinheiro suficiente para comprar quantas passagens quiser – seu problema maior é ter de compartilhar suas viagens com pessoas comuns, enfrentar filas e seguir horários. Não é uma distinção pelo meio de transporte, mas pela exclusividade da solidão e pela realização patrocinada das artimanhas do desejo. Ser melhor é ser sozinho na triste composição moral de uma fatia da sociedade integrada por gente que não gosta de gente. Se este era o intento caprichoso ou a vocação moral do ex-governador, que pelo menos pagasse a conta.
Quilombo ameaçado até no nome VALE DO MUCURI Projeto de Lei municipal quer tirar direito à terra de comunidade em Ouro Verde de Minas Reprodução
Amélia Gomes Em Ouro Verde de Minas, ter o direito a uma terra significa travar guerra contra vários tipos de ameaças. No caso do Quilombo Santa Cruz, a principal vem da casa que deveria preservar os direitos dos cidadãos, a Câmara Municipal. Desde o último dia 17, tramita um projeto de lei que pretende retirar o termo ‘quilombola’ do nome da comunidade. O projeto, de autoria do vereador Cassiano Pereira Jardim (PP), já foi aprovado em dois turnos e segue para a sanção do prefeito Geraldo José Luiz Lima (PT), que tem 15 dias para vetar ou sancionar o texto. Cassiano afirma que recebeu um abaixo-assinado dos moradores pedindo a mudança. No entanto, qui-
lombolas denunciam que quem recolheu as assinaturas agiu de má fé, alegando que se tratava de um pedido de melhorias na estrutura. Há também questionamentos em relação à legalidade do projeto, pois a definição de uma comunidade como quilombola é federal e não pode ser mudada por uma lei municipal. Carlos Alberto Silva Júnior, ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, explica que a comunidade quilombola é reconhecida pela Fundação Cultural Palmares – órgão vinculado ao Ministério da Cultura - após processo de autoidentificação. Isso significa que todo patrimônio histórico, cultural e material deve ser protegido e preservado pelo governo federal.
Incra garante que até o final do ano começa o processo de demarcação
Reações O Ministério Público Federal encaminhou uma nota à Câmara pedindo a reavaliação do projeto de lei, com o argumento de que o texto fere a Constituição Federal. O Ministério Públi-
co Estadual também pediu o arquivamento do projeto. As Universidades Federal de Minas Gerais e a do Vale do Jequitinhonha e Mucuri também encaminharam um manifesto de apoio à comunidade.
Demarcação da terra Na região ocupada pela comunidade também residem dois fazendeiros. Como o processo de titulação inclui a desapropriação dos não remanescentes dos quilombos, eles teriam que ser retirados quando o processo for concluído. Esses fazendeiros enviaram uma carta à Emater, empresa que cuida da assistência técnica no estado, pedindo, em tom de ameaça, que a instituição “não apoie a comunidade quilombola”. Apesar de ter a certificação há dez anos, a comunidade ainda não tem o título da terra. Antônio Miranda, ouvidor agrário do Incra, órgão responsável pela tramitação do processo, garante que até o final deste ano uma antropóloga irá até a comunidade para começar a demarcação.
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Acompanhando
Foto da semana
OPINIÃO
7
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Larissa Costa / BFMG
Sossega a saudade No poema “Triste Horizonte”, Carlos Drummond de Andrade lamenta que a Igreja São José tenha se tornado um lugar onde se explora o estacionamento de automóveis, onde não resta um pé-de-pau para amarrar um burrinho. O que diria o poeta se visse a bela fachada que o prédio ganhou, após a reforma de 2014? A torre recuperou sua feição original, mais colorida. Um alento no coração da brutal Belo Horizonte.
Na edição 89... “Servidores da PBH permanecem em greve” ...E agora Na quinta-feira (24), em assembleia geral, servidores públicos de Belo Horizonte retomaram mobilização da campanha salarial unificada. A categoria não aceitou a proposta de 2,8% de reajuste apresentada pela Prefeitura. De acordo com o sindicato que representa a categoria, o Sindibel, o valor proposto representa perda salarial de quase 13%. No dia 30, haverá paralização, com indicativo de greve.
Na edição 104... Doações proibidas ...E agora Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela inconstitucionalidade do financiamento empresarial privado de campanhas. Agora, porém, o ministro Gilmar Mendes quer reabrir a votação, alegando que não se definiu, com a decisão do STF, a vigência da doação.
José Antonio Moroni
Marcio Pochmann
Reforma do sistema político: onde estamos?
Melhor é alterar o ajuste fiscal
Identificamos três questões centrais a serem enfrentadas: a influência do poder econômico nas eleições; a sub -representação de vários segmentos nos espaços de poder e a ausência do povo nos processos decisórios. O Congresso Nacional por anos se recusou a votar qualquer alteração sobre o tema. Neste ano, resolveu votar graças à pressão da sociedade. Em agosto, a Câmara dos Deputados, após manobras de Eduardo Cunha, aprovou a PEC 330 (que apelidamos de PEC da Corrupção), que constitucionalizava o financiamento empresarial aos partidos políticos. A PEC 330 ainda terá que ser aprovada pelo Senado, mas não necessita de sanção presidencial. Outra estratégia da Câmara foi votar, a toque de caixa, mudanças na lei das eleições (lei 9.504) e no Código Eleitoral (Lei 4737). As alterações das leis tinham como elemento central a legalização do financiamento empresarial. Por outro lado, o Supremo Tri- É preciso derrotar a bunal Federal concluiu julgamento que declara inconsti- PEC da corrupção tucional o financiamento empresarial das campanhas e dos partidos. Uma vitória. Quais são os próximos passos? Podemos definir em três deles: 1º) Pressionar a presidenta Dilma pra que vete a lei aprovada pelo Congresso Nacional. 2º) Pressionar o Senado para que vote e derrote a PEC 330 (PEC da Corrupção), que veio da Câmara. 3º Com isso, zeramos o jogo da reforma política e podemos recolocar nossas propostas. Neste sentido é importante a estratégia aprovada no último encontro nacional do plebiscito, que é a realização de assembleias populares constituintes em todo o Brasil, para discutir que nação queremos construir, acumulando forças para as disputas.
A recessão trouxe a piora no quadro socioeconômico brasileiro, possibilitando que o pensamento neoliberal sugira tirar da Constituição os direitos sociais. Os neoliberais identificam que os interesses do povo brasileiro não caberiam na economia nacional. Essa proposta aparece porque a adoção das políticas de corte neoliberal em 2015 não levou à redução da relação da dívida pública com o Produto Interno Bruto (PIB), pelo contrário. Apesar dos cortes nos gastos e investimentos públicos, o endividamento do Estado tem crescido devido à elevação da taxa de juros. O desemprego aumenta com a queda do poder aquisitivo das remunerações, tornando menor o nível de atividade e a capacidade de arrecadação tributária governamental. Com a contenção da arrecadação tributária em velocidade superior País não precisa de mais ao corte dos gastos e incortes sociais vestimentos, a meta fiscal se mantém cada vez mais distante. Para os neoliberais, o insucesso não está nos equívocos da política, mas na insuficiência dos cortes no orçamento governamental e nos custos dos direitos sociais estabelecidos pela Constituição. A sequência, nesse sentido, é o maior estímulo à recessão. O valor médio pago pelo governo federal no Bolsa Família equivalia em 2011 a apenas 9% da renda média do brasileiro. Programas de garantias de renda equivalentes ao Bolsa Família correspondem a 63% da renda média na Dinamarca, 51% na Irlanda, 36% na Espanha e 28% em Portugal . Esses países sustentam mecanismos de garantia de renda muito superior ao Brasil. O exemplo evita argumentos neoliberais para desconstituição dos direitos sociais. O país não precisa de mais cortes nos gastos sociais e de investimentos, mas de alteração na política de ajuste fiscal e monetário.
José Antonio Moroni é membro da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político. Leia íntegra em www.plebiscitoconstituinte.org.br
Marcio Pochmann é professor do Instituto de Economia da Unicamp.
8
BRASIL
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Frente Brasil Popular convoca ato para 3 de outubro MAIS DIREITOS Movimentos sociais vão às ruas no sábado em defesa da Petrobras, dos direitos sociais e da democracia Isis Medeiros
Da redação
Mobilização deve acontecer em todas as capitais do país
Movimentos populares, como o MST, a CUT, a UNE, CTB, Marcha Mundial das Mulheres e Levante Popular da Juventude, além de outras centenas de organizações que constroem a Frente Brasil Popular, lançaram um manifesto convocando a população às ruas de todo o país para o próximo dia 3 de outubro, data do 62° aniversário da Petrobras.
tas. Segundo o manifesto, o ato pretende ser também uma denúncia da tentativa de aprovar o projeto que procura diminuir a participação da Petrobras no regime de partilha do petróleo. “O petróleo e o pré-sal
pertencem ao povo brasileiro, e são riquezas que devem se transformar em investimentos sociais, beneficiando o povo, tendo em vista aprovação da destinação dos royalties para educação e saúde”, diz a nota.
Aécio usou aviões oficiais para 124 viagens ao Rio de Janeiro Da redação Relatório feito pelo governo de Minas aponta que senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e ex-governador do estado, utilizou aviões oficiais para fazer 124 viagens ao Rio de Janeiro. Os deslocamentos foram feitos durante 2003 e 2010, período em que esteve à frente do governo mineiro. Os dados foram divulgados na quarta-feira (23) pelo jornal Folha de S. Paulo. As viagens chamam a atenção porque não foram apresentadas justificativas oficiais para o deslocamento. Durante o governo do tu-
econômica, as organizações defendem que “os ricos paguem pela crise, através da taxação das grandes fortunas e dos lucros dos bancos, do combate à sonegação fiscal, da realização da auditoria da dívida pública”, que, segundo a convocação do ato “são medidas necessárias para enfrentar a crise do capitalismo que assola o mundo e também a economia brasileira”.
BH também terá ato no dia 03
Movimentos vão às ruas por taxação das grandes fortunas As organizações afirmam que convocam o ato em defesa da estatal, contra a onda conservadora propagada pelos grandes meios de comunicação, contra o impeachment e em defesa dos direitos sociais e trabalhis-
Quanto à defesa dos direitos, os movimentos dizem repudiar o ajuste fiscal anunciado pelo governo federal “que onera a classe trabalhadora, a educação, saúde e retira recursos do PAC, do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida. A conta da crise não pode ser jogada nos ombros dos trabalhadores e trabalhadoras”. Como alternativa à crise
cano em Minas Gerais, o uso de aeronaves pelo governante foi regulado por um decreto assinado pelo próprio Aécio Neves. O texto permitia o uso de aviões
69 viagens ocorreram nos finais de semana oficiais “em deslocamento de qualquer natureza, por questões de segurança”. Segundo o levantamento, além da capital fluminense, Aécio realizou viagens para outras cidades do estado
do Rio, como Búzios e Angra dos Reis. Os dados ainda apontam que, do total de deslocamentos, 69 aconteceram entre quinta e domingo. O tucano também fez seis viagens para Florianópolis (SC), entre 2008 e 2009. Na época, a atual mulher de Aécio Neves, Letícia Weber, morava na cidade. Outro escândalo recente envolvendo Aécio com viagens foi a construção com dinheiro público do aeroporto na cidade de Cláudio, construído na fazenda do seu tio. A obra custou R$ 14 milhões e foi executada quando o tucano era governador.
Em Minas a seção mineira da Frente Brasil Popular promete realizar um grande ato no sábado (3), com concentração às 10h na Praça da Rodoviária, em Belo Horizonte. Através da distribuição de panfletos e via redes sociais, chamam o povo mineiro para um ato político e cultural, que contará com a distribuição de um bolo pelo aniversário da Petrobrás. Mais informações em: frentebrasilpopular.com.br
Eduardo Cunha é denunciado por mais um delator da Operação Lava Jato Mais um réu da Operação Lava Jato denunciou, em delação, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Eduardo Vaz da Costa Musa, ex-gerente da Área Internacional da Petrobras afirmou aos procuradores que Cunha tem ligação com o esquema de corrupção na estatal. Segundo o delator, era do deputado a “palavra final” nas indicações políticas para cargos na área internacional da empresa. Por meio da assessoria de imprensa
da Câmara, Cunha afirmou que não conhece o delator. Não é a primeira denúncia contra o deputado na Lava-Jato. Em julho, o ex-consultor da Toyo Setal, Júlio Camargo, disse que foi pressionado pelo presidente da Câmara a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Do total do suborno, segundo o delator, Cunha disse que era “merecedor” de US$ 5 milhões. (Da redação)
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Praia vira cenário de conflito de classes no Rio
Contra fechamento de escolas no campo
Tomaz Silva / Agência Brasil
Os domingos de praia no Rio ganharam novos contornos. Apesar de a Justiça proibir a apreensão preventiva de jovens, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que a PM vai continuar fazendo blitz e parando ônibus. “Dessa vez com apoio de outros órgãos para que tenhamos mais legitimidade nas nossas ações”, afirmou em entrevista coletiva. Porém, segundo a Defensoria Pública, não é possível prever quem vai cometer roubo só pela aparência e a origem social da pessoa. Portanto, as ações de apreensões de menores sem flagrante são ilegais. “O pano de fundo aqui é a questão social e racial. Quando um filho da classe média comete um cri-
me, ninguém pensa em fazer justiça com as próprias mãos”, destaca o delegado da Polícia Civil, Vinicius George.
Defensoria critica abordagem da PM contra jovens
“O pano de fundo aqui é a questão social e racial” Guerras nas praias Para os moradores das favelas cariocas, os episódios que aconteceram no fim de semana ajudam acentuar a discriminação contra jovens negros. “No caminho entre o Cosme Velho e o Arpoador, de bicicleta, meu irmão foi parado três vezes pela polícia”, afirma Janderson Dias, de 25 anos, membro do coletivo Cerro Corá Moradores em Movimento. De um lado, os garotos da periferia, do outro,
as gangues de playboys da Zona Sul. Os membros das gangues prometem fazer justiça com as próprias mãos, caso flagrarem batedores de carteiras e roubos nas praias. Estão convocando lutadores para “defender o território de Copacabana” e pedindo às pessoas para levarem tacos de beisebol e soco inglês para
9 9
FATOS EM FOCO
DISCRIMINAÇÃO Violência aumenta nas praias cariocas e secretário de segurança diz que vai continuar desrespeitando lei Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)
BRASIL
a praia. Para Janderson, morador do Cerro Corá, os “justiceiros” podem desencadear algo muito maior. “Eles querem uma guerra social. Estão despertando uma guerra de classes. Imagina se esses jovens da periferia decidem descer os morros e enfrentar essas gangues”, destaca. (FR)
Entre os dias 21 e 25 de setembro, aconteceu, em Luziânia (GO), o 2° Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária (Enera). O evento contou com a participação de 1500 pessoas, que debateram a situação atual da educação pública brasileira. Na quarta (23), um ato público, em frente ao Ministério da Educação (MEC), denunciou o fechamento das escolas do campo e a mercantilização da educação país.
Todos querem ir pra Cuba
Aposentados começam a receber primeira parcela do décimo terceiro Marcelo Camargo / ABr
Cerca de 28 milhões de aposentados, pensionistas e demais segurados da Previdência Social começam a receber na quinta (24) a primeira parcela do décimo terceiro. O pagamento ocorre até 7 de outubro. Os primeiros a receber o décimo terceiro serão os beneficiários que ganham um salário mínimo com cartão de final 1, desconsiderando o dígito. Para quem recebe mais de um salário, a parcela começa a ser depositada em 1º de outubro. Segundo o Ministério da Previdência Social, o adiantamento injetará R$ 16 bilhões na economia. Desde 2006, o décimo terceiro aos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é pago em duas etapas. A primeira parcela não vem com o
28 milhões de pessoas receberão o benefício até dia 7
desconto do Imposto de Renda, que só incide na segunda parcela sobre todo o valor do décimo terceiro. Neste ano, a segunda parcela será paga de 24 de novembro a 7 de dezembro. Inicialmente, a intenção
da equipe econômica era pagar o décimo terceiro em três vezes - 25% em setembro, 25% em outubro e 50% no fim de novembro. No fim de agosto, no entanto, a presidenta Dilma Rousseff decidiu pagar integral-
mente a primeira parcela em setembro. Os beneficiários podem conferir as datas em calendário divulgado pelo Ministério da Previdência Social. (Agência Brasil)
Na terça (22), João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, foi agredido verbalmente por um grupo de 20 pessoas no aeroporto de Fortaleza. A ação foi organizada por um empresário filiado ao PSDB e, dentre algumas ofensas, gritavam “vai pra Cuba”. Muitas organizações, parlamentares, movimentos e pessoas se solidarizaram com João Pedro. Como crítica, internautas compartilharam nas redes sociais um meme com os dizeres “esta pessoa quer ir pra Cuba junto com o Stedile”.
10
MUNDO
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Governo colombiano e FARC assinam acordo de paz em Havana
FATOS EM FOCO
Palmas para Viola Reprodução
CONVERGÊNCIA Pacto também prevê o fim da produção de drogas no país Reprodução
Com a mediação do líder cubano Raúl Castro, o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos e o líder das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC), Timoleón Jiménez, conhecido como “Timochenko”, assinaram na quarta-feira (23) um acordo de paz para que o conflito que dura quase 60 anos chegue ao fim. “Não podemos permitir outro fracasso nesse caminho para a paz e reconciliação. Não vamos fracassar. Chegou a hora da paz”, discursou o presidente colombiano. O porta-voz de Cuba, Rodolfo Benitez, afirmou que uma jurisdição especial para a paz deve ser criada para julgar os crimes do Exército e das Farcs. As conversas estão acontecendo em Havana desde 2012, embo-
Governo pretende anistiar guerrilheiros, que deverão entregar as armas
ra tenham sido interrompida diversas vezes pelos dois lados. Anistia O governo pretende anistiar os guerrilheiros. Para isso, eles deverão entregar as armas em até 60 dias após o
firmamento do acordo. “É o fim da guerra mais longa do nosso continente. Um acordo que deve sentar as bases de uma paz estável e duradoura”, continuou Santos, que agradeceu às FARC pelo passo dado. “Somos adversários. Estamos em ex-
tremos diferentes. Mas hoje avançamos na mesma direção”, disse. No anúncio do acordo, os envolvidos também explicaram que só não será cedida anistia a crimes de grande violação aos direitos humanos, genocídio e graves crimes de guerra, como a tomada de reféns, privação de liberdade, deslocamento forçado, desaparecimento forçado, execução extrajudicial e violação sexual. O guerrilheiro Timochenko declarou que este acordo permite que outros temas ainda abertos possam ser negociados. Ele também destacou o fato de que tal jurisdição permitirá que as FARC se convertam “em um movimento político real e signifique um desmonte do paramilitarismo”. (Da Redação)
Em discurso de posse, Tsipras diz que alívio de dívida grega será ‘primeira grande batalha’
No domingo (20), durante o Emmy, a estrela Viola Davis foi a primeira mulher negra a receber a premiação na categoria série dramática. Em seu discurso, Viola fez menção ao racismo, afirmando que “a única coisa que separa mulheres de cor de qualquer outra pessoa é oportunidade. Não se ganha esse prêmio sem um papel”.
Papa visita Cuba e Estados Unidos Susan Walsh
GRÉCIA Líder do Syriza comunica a coalizão com o partido Gregos Independentes Reprodução
Opera Mundi Durante a cerimônia em que foi empossado como o primeiro-ministro grego, na segunda-feira (21), Alexis Tsipras falou em reerguer a economia do país através do alívio da dívida pública grega, medida que qualificou como a sua “primeira grande batalha”. Líder do partido de esquerda Syriza, ele foi eleito para um mandato de quatro anos. O ato ocorreu em Atenas, na residência oficial do presidente da Grécia, Prokopis Pavlopoulos. Poucas horas antes, Tsipras anunciou formalmente a aliança com os Gregos Independentes, já comunicada ontem no seu discurso de vitória. A coalizão é necessária para que o governo
Primeiro ministro falou em reerguer economia do país
possua a maioria dos assentos no parlamento. O Syriza conquistou 145 cadeiras e os Gregos Independentes 10. O parlamento grego tem ao todo 300 assentos. Alexis Tsipras obteve a sua terceira vitória eleito-
ral em 2015. Em agosto, em meio a uma turbulência política, por conta de negociações com credores europeus, ele renunciou ao cargo de primeiro-ministro e convocou eleições antecipadas.
Assim como na cerimônia de posse de 26 de janeiro, ele dispensou o juramento religioso e fez apenas o civil. Em seguida, Pavlopoulos e Tsipras assinaram o documento de nomeação e posaram juntos para fotos.
Depois de ir a Cuba e celebrar uma missa na Praça da Revolução, o Papa Francisco visita os Estados Unidos e prega a necessidade de discutir mudanças climáticas, preservar o mundo para as próximas gerações e defender os pobres. Em discurso no Congresso estadunidense, ele se pronunciou contra a pena de morte e a venda de armas letais.
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
ENTREVISTA 11
“Queremos trazer a população para a defesa desta grande empresa que é a Petrobras” BRASIL Diretor de sindicato dos petroleiros fala da Operação Lava Jato e de investimentos Assessoria de Imprensa Sindipetro MG
Joana Tavares Todos os dias, os grandes meios de comunicação dão novas notícias a respeito da Operação Lava Jato, que investiga casos de corrupção envolvendo a Petrobras. No entanto, diversos outros temas que dizem respeito à empresa não recebem o mesmo destaque, como as disputas em torno da forma de operação do petróleo do pré-sal, o fundo soberano que pode garantir recursos para saúde e educação e o impacto da falta de investimentos sobre os trabalhadores. Anselmo Braga, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/ MG), fala sobre os interesses em jogo.
“Com o sistema de partilha, os royalties passaram a ser de 15% e não mais de 10% como antes” Brasil de Fato - Quais os interesses por trás da Operação Lava Jato e por que ela tem um destaque tão grande por parte da mídia? É verdade que toda a diretoria e gestão da Petrobras são corruptos? Anselmo Braga - A operação Lava Jato escancarou para o Brasil a origem das famosas doações milionárias para as campanhas políticas. Isso deixou boa parte do Congresso de calça curta. Os petroleiros defendem o combate à corrupção e são favoráveis às investigações, que deveriam abarcar também o período anterior a 2002. Nossa crítica se dá ao fato de os empregos estarem sendo perdidos. Prendam os corruptos e corruptores, mas mantenham os empregos e os investimentos.
Tramita um projeto no Senado, de autoria do senador José Serra (PSDB), para mudar o regime de partilha da Petrobras. O que isso quer dizer? Há risco de a empresa ser privatizada? Este projeto tem como objetivo tirar da Petrobras a obrigatoriedade legal de ser a operadora única do pré-sal. Esta obrigatoriedade é de suma importância para a lei de partilha. Para entender o desastre que pode ser este projeto para o país, é preciso entender como funciona o sistema de partilha, em vigor desde 2010. Neste sistema, a empresa vencedora do leilão é a que oferece a maior parcela de petróleo para o governo. Isso é feito da seguinte forma: uma empresa que venceu o leilão prometendo partilhar com o governo 50% da produção, vai extrair o petróleo, descontar os custos de extração e dividir o restante com o governo. Além disso, os royalties passaram a ser de 15% e não mais de 10% como antes.
“Graças à sua eficiência, o custo da Petrobras na exploração do présal é muito abaixo da média mundial” Qual a importância de a Petrobrás continuar sendo a operadora única do pré-sal? A empresa conhece, em detalhe, os custos envolvidos e já dispõe de infraestrutura que reduz significativamente os custos. Graças à sua eficiência, o custo de extração da Petrobras no pré-sal é de US$ 9,1 por barril, muito abaixo da média mundial, de cerca de US$ 15
A primeira é que suas dívidas são em sua maioria em dólar e a alta do dólar está fazendo essa dívida aumentar fora do esperado. A segunda é que o barril do petróleo atingiu um patamar de baixa não esperado por nenhum especialista, o que compromete a receita da empresa. Por fim, com a operação Lava Jato, várias obras da Petrobras estão paralisadas. Os funcionários já estão sentindo o impacto da crise, pois neste ano a empresa apresentou, pela primeira vez em 12 anos,
“Se projeto do Serra for aprovado, as áreas de educação e saúde perderiam R$ 50 bilhões”
Anselmo Braga: “Prendam os corruptos e corruptores, mas mantenham os empregos e os investimentos”
por barril. Baseado nestes números, o Dieese fez uma simulação: somente no Campo de Libra (onde existem 12 bilhões de barris), se a Petrobrás não fosse a operadora com 40%, o Estado perderia R$ 246 bilhões. O fundo soberano, as áreas de educação e saúde perderiam R$ 50 bilhões. Há também os riscos da exploração predatória, que pode levar um poço a deixar de produzir prematuramente. A proposta do Serra transforma a exploração do pré-sal de política de Estado em política de governo, deixando nas mãos dos gestores da Petrobrás, ou seja, do governo de ocasião, a de-
cisão de participar ou não dos leilões.
“Os petroleiros defendem as investigações, que deveriam abarcar também outros períodos” Há impactos dessa ofensiva sobre a Petrobras contra os trabalhadores da empresa? Como eles estão enfrentando isso? A Petrobras está passando por uma crise que tem três causas básicas.
uma proposta de acordo coletivo com correção abaixo da inflação. Seguimos em negociação com a empresa e não descartamos uma greve. Está previsto um ato nacional no dia 3 de outubro. Quais as motivações dessa mobilização e qual a importância de a população defender a Petrobras? Este é o dia do aniversário de criação da Petrobras e nós, petroleiros, juntos com a Frente de Esquerda, Brasil Popular, estamos organizando este ato simbólico para tentar trazer a população para a defesa desta grande empresa.
não perca. sábado 02/10/2015 a grande final da copa sinttel 2015. mobilização e integração
2015
c onfi ra a ta be la , a rti lh a ri a e Ma i s i nformaç õe s no nos s o s i te : www.si n tte l mg .o rg .b r
12
CULTURA
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Novela Luciana Santos
Narcos tá bombando! críticas vem dos colombianos. Não é pra menos. Na Colômbia já criaram Divulgação uma série de muito sucesso, ao menos por lá, chamada “Pablo Escobar, o senhor do tráfico” exibida também na internet. Além de elogiarem muito a atuação de Andrés Parra, que interpretou Escobar, nossos vizinhos dizem que já estão cansados desse assunto, que estigmatiza a Colômbia como o país do narcotráfico. A Colômbia é mais do que isso, obviamente. Mas tirando as críticas, venho mais é falar desde 28 de agosto. Es- sobre como o surgimentá dando o que falar por to da série Narcos tem várias razões. Uma delas mudado a relação dos é o sotaque de Wagner meus alunos adolescenMoura, criticado global- tes com o idioma que mente. A maioria dessas tento ensinar pra eles,
também no email: quimvela@brasildefato.com.br
Hoje eu pedi licença ao meu amigo Quim Vela, especialista em folhetins, para falar da série Narcos, produzida e exibida pelo Netflix
Contagem recebe bienal de literatura
ou ao menos despertarlhes o interesse: o espanhol. Outro dia, esperava os alunos de costas para a porta, quando ouço: “Soy el fuego que arde tu piel…”, canção da abertura, composta e interpretada por Rodrigo Amarante, ex Los Hermanos. Eu, que já engoli a série, me surpreendi muito positivamente. Porque séries, filmes e músicas famosas em inglês, chegam aos montes. Mas em espanhol, com esse grau de sucesso, parece que é a primeira vez. Aproveitei a deixa e trabalhei assuntos relativos ao enredo, além de passar-lhes a letra, para cantarmos juntos. Em outra aula, uma aluna me disse que queria muito aprender espa-
nhol direito, porque tem assistido a Narcos e está interessada na cultura e na língua da Colômbia. Eles querem discutir o sotaque de Wagner Moura, querem saber se o que está na série é verdade. Moura representa um personagem latino. E graças a ele, estamos interessados na história da Colômbia, da América Latina. É uma tentativa de nos inserirmos no universo hispânico, latino, que conhecemos tão pouco. Narcos não fala somente sobre Escobar, fala de nós como latino -americanos. Já passou da hora, né? Um abraço, gente! Luciana.
Agenda Grátis do Final de Semana
Divulgação
Juarez Moreira na praça
Gregório Duvivier Nos dias 25, 26 e 27, quem gosta de literatura e arte em geral pode escolher entre 43 atrações. Estão confirmados o diretor de teatro, dramaturgo e ator Gregório Duvivier e o desenhista André
Dahmer , autor dos quadrinhos “Malvados”. Autores locais também vão expor seus trabalhos. Segundo um dos organizadores, Rafael Mansur, este foi o principal objetivo da criação da Bienal. “A
O violonista e compositor mineiro Juarez Moreira e João Donato, consagrado pianista, acordeonista, arranjador e compositor, se apresentam no BH Instrumental. Kiko Mitre (baixo), Esdra Neném (bateria) e Chico Amaral (saxofone) acompanham a dupla por passeios pela bossa nova, jazz e música brasileira. Sábado (26), às 19h, Praça Floriano Peixoto (Santa Efigênia)
cidade tem pouco evento cultural, então pensamos que seria bom abrir um espaço aos autores independentes, que a cidade tem bastante. Queremos difundir a literatura local”, diz.
17º Festival Internacional de Curtas Quando: 25 a 27 de setembro Onde: Rua Barbacena, 55, bairro Alvorada, Contagem Quanto: R$ 5. Estudante paga meia
Até o dia 27, o Cine Humberto Mauro e a Sala Juvenal Dias no Palácio das Artes recebem a programação da 17ª edição do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, o FestCurtas BH 2015. Com entrada gratuita, acontecerá a exibição de 114 filmes, selecionados entre mais de 2 mil inscritos, divididos em mostras. Haverá ainda, a competição entre os curtas mineiros, nacionais e internacionais. Até dia 27, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 – Centro)
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
CULTURA
13
“As belezas políticas foram as que mais chamaram a atenção” MEMÓRIA Livro conta vivência de brasileiro em países da América Latina Reprodução / Facebook
Divulgação
Wallace Oliveira Certo dia, um jovem brasileiro chamado Gaby Clauss contemplava o pôr do sol na Ilha do Cajú, na Amazônia. Ele disse aos estrangeiros que estavam ao seu redor: “Vocês realmente têm que vir ao Brasil ver o pôr do sol mais bonito do mundo”. Um colombiano lhe advertiu: “Provavelmente, este é mesmo o pôr do sol mais bonito do mundo, mas a beleza não precisa ser arrogante”. O diálogo tocou tão profundamente o jovem, que ele nunca mais foi o mesmo. Movido pelo desejo de descobrir o novo, iniciou uma série de excursões pela Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Nicarágua e Venezuela, entre 2002 e 2010.
“O legado da revolução bolivariana é a capacidade de ampliar a democracia de uma forma muito rápida e radical”
Gaby Claus e seu livro, que pode ser adquirido pelo e-mail gabyfernandes09@gmail.com
Dessas viagens surge, em 2011, o livro “Da Carreteira do Caribe até o Cara de Caracas”. São relatos de eventos, experiências, personagens, comidas, paisagens e sentimentos. A Carretei-
ra do Caribe é a estrada onde Gaby inicia suas primeiras viagens. Já o “Cara de Caracas” é Hugo Chávez, líder do país onde o viajante se encantou pela Revolução Bolivariana.
Brasil de Fato – Ao longo dessas viagens, o que mais o impressionou? Além das belezas naturais que presenciei, como vulcões e salares, as belezas políticas foram as que mais me chamaram a atenção. Por exemplo: eu me lembro de ter visto, na primeira vez em que fui à Bolívia, reuniões de 200 indígenas com armas nas mãos, falando de revolução em praça pública.
O que é a revolução bolivariana? O processo bolivariano nasceu dentro do exército venezuelano, com um princípio que pode parecer ingênuo à primeira vista, mas se mostra extremamente sábio em seus desdobramentos. Tratase de radicalizar a democracia: reincluir a população, levar o Estado até as pessoas, levar os benefícios mínimos, o reconhecimento, as ferramentas de produção. O legado da revolução bolivariana é essa capacidade de ampliar a democracia de uma forma muito rápida e radical, levando grande parte da população, que estava na margem, a ser protagonista.
14 VARIEDADES
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015 Reprodução
Rosquinha frita
E você, tem alguma receita que queira compartilhar? Envie para nós:
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Caminho estreito Requerimento como aqueles feitos pela Ondulação Avaaz.org artificial dos cabelos Doença tropical
redacaomg@brasildefato.com.br
© Revistas COQUETEL
Alex Escobar, jornalista esportivo
Informação de fonte oficial
Serviço geralmente contratado após o término de uma reforma ou demolição O deus grego Reclamar à (?): do amor (Mit.) mania do rabugento
• • • • • •
Raiz, em inglês Conterrâneo do cantor Frank Aguiar
És-nordeste (abrev.) Dar fim a (discussão)
Unidade Astronômica (sigla)
Grito comum após a topada Letra que o Cebolinha não fala (HQ)
(?) Jorge: Ogum (Umbanda)
Bastão para fiar Conteúdo de balões
Problema de pele comum na adolescência
•
Lenta Cobra, jacaré ou iguana (Zool.) Movimento do oceano Afluente do rio Madeira
Hidrelétrica entre Brasil e Paraguai
Partido da presidenta Dilma Rousseff (sigla)
"Once (?) a Time", série de Televisão Ideal da ONU Governo (abrev.)
Pecado, em inglês
(?) Cavalera, ex-baterista do Sepultura
Amiga da saúde, por que a dor do parto é tão forte?
"(?)-se o roto do esfarrapado" (dito)
Paula Vitória, 22 anos, estudante universitária
Feito de bronze (poét.) A mais alta montanha da Grécia Diz-se do dedo anelar em relação ao mindinho
3/sin. 4/eril — good — root — upon. 6/suárez. 9/piauiense.
11
Solução P D E T P I Ç S Ã R O V I P R T D U A O L
R E P T E I S O D S E N D A
R M A G U E N U I E A C N A C A D E M O R A R M I A T R R A I G M P O E U V C
O
N E R E O N S E G S A O S L D S O U P A O R E I Z
R N T E O O T A I E R R OC A O O D M B A A D M AR E C E P O N Z T S U R I L I N HO
BANCO
Amasse todos os ingredientes, colocando a farinha de trigo por último, aos poucos até o ponto de enrolar. Deixe descansar um pouquinho. Enrole, frite em óleo com fogo baixo. Depois, passe no açúcar refinado com um pouquinho de canela em pó. Guarde em lata de alumínio.
Amiga da Saúde
Atacante uruguaio do Barcelona (fut.)
A rodovia de maior circulação do país
4 xícaras de farinha de trigo ou até dar o ponto 1 xícara de açúcar refinado 1/2 xícara de óleo 1/2 xícara de leite 2 ovos 1 colher de sopa de fermento em pó 1 pitada de sal
Tolo; parvo Peça do violinista
Antigo grupo terrorista da Irlanda
Sorteados na loteria (os bilhetes)
MODO DE PREPARO
Bom, em inglês Salário de militar
"Os Brutos Também (?)", filme dos EUA
Formação musical na casa do "bamba"
INGREDIENTES
Querida Paula, a dor é forte porque a passagem do bebê pelo canal do parto exige uma abertura muito maior que a largura original da vagina. Mas não há só dor no parto. Há também o prazer. Infelizmente, na nossa sociedade machista, o prazer foi negado às mulheres e por isso somente a dor é cultivada. O parto estimula os órgãos sexuais da mulher, inclusive o ponto G, além de liberar ocitocina (conhecido como o hormônio do amor) e endorfinas, hormônios do prazer e analgésicos naturais. O estímulo ao ponto G faz com que a mulher consiga suportar mais dor que o habitual, ainda tendo prazer. Há algumas mulheres que conseguem ter até orgasmos durante o trabalho de parto. Entretanto, o despreparo faz com que um momento que poderia ser lindo se transforme num pesadelo. Precisamos revolucionar as práticas obstétricas e construir uma outra cultura do parto, mais humana, mais leve e mais feliz. Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
Cotas de TV no Brasileirão: o risco de espanholização do futebol brasileiro A distribuição dos recursos da transmissão do Campeonato Brasileiro de futebol - as “cotas de TV” - é um tema que gera sensação de injustiça entre torcedores. O livro “Cotas de televisão do Campeonato Brasileiro: apartheid futebolístico e risco de espanholização”, fruto dos estudos do jornalista e bacharel em direito Emanuel Leite Jr., contribui para esclarecer o assunto. Até 2011, a divisão das cotas praticada pelo Clube dos Treze produzia uma espécie de “apartheid futebolístico”, definido pela extrema desigualdade no acesso ao dinheiro repassado pela TV. Posteriormente, sob negociações individualizadas, a situação piorou: houve enorme distorção da competitividade, com a primazia dada a Flamengo e Corinthians e o risco de “espanholização” do futebol nacional. Alusão ao Campeonato Espanhol, em
que Real Madrid e Barcelona concentram mais de 50% dos recursos televisivos. Ora, enquanto no país ibérico o governo anuncia que regulamentará a negociação coletiva das cotas de TV, no Brasil, o fosso entre os clubes tende a crescer. A Globo prepara um novo contrato para o triênio 2016-2018, ampliando significativamente os valores oferecidos a Corinthians e Flamengo. O autor do livro discute esse problema pelo prisma da equidade e justiça, dando especial atenção ao Brasileirão. No prefácio, o vice-governador de Per-
Em novo contrato com a Globo, dinheiro repassado a Flamengo e Corinthians deve aumentar no triênio 2016-2018 nambuco, Raul Henry, resume com precisão a obra: “O texto de Emanuel deixa de lado opiniões improvisadas e a crítica subjetiva, e mergulha na concepção dos campeonatos de futebol mais atrativos do mundo”. Vale lembrar: quando deputado federal, Raul Henry apresentou projeto de lei que previa a redistribuição das cotas de TV de maneira menos desigual, tomando como base o modelo inglês. O projeto foi arquivado na Câmara. O livro pode ser adquirido pelo e-mail: emanuel. leite.junior@gmail.com. (Da redação)
ESPORTES
15 15
16
ESPORTES
Belo Horizonte, 25 de setembro a 01 de outubro de 2015
DECLARAÇÃO DA SEMANA
CURTO E GROSSO Reprodução / weltfussball.de
Wallace Oliveira Há um ano, quando ocorreu a “Copa das copas”, quem imaginava que o poderio dos donos da bola fosse ruir tão rápido? Não há castelo que fique em pé para sempre. Semana passada, rodou o secretário geral da FIFA, Jérôme Valcke, famoso pela fortuna, pela prepotência com que tratava os governos dos países-sedes do Mundial e pelo apreço por ditaduras militares. Valcke perdeu o cargo quando descobriram seu envolvimento em um bilionário esquema de venda de ingressos. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, quer transferir a reunião do comitê executivo da entidade pa-
Reprodução de vídeo
“
A casa caiu
16
Não venho sendo chamado regularmente, não sou uma das principais opções em minha posição.
”
Rafinha, jogador do Bayern de Munique, que pediu para ser liberado da seleção brasileira por estar de olho na lateral direita da seleção alemã.
Cartolas da FIFA são alvo de investigações
ra a Suíça. O encontro ocorreria no Japão, onde vigora um tratado que permite às autoridades estadunidenses efetuar prisões em solo japonês. No Brasil, a Receita Federal acusa a CBF de sonegar impostos por três anos, durante a gestão de Ricardo Teixeira. Seu sucessor, José
Maria Marin, já vê o sol nascer quadrado desde maio, indiciado por suborno. Na quarta-feira (23), a CPI do futebol pediu a quebra de seu sigilo bancário. Marco Polo Del Nero é o atual presidente da CBF, eleito com o aval de Marin. O que vai acontecer com ele nos próximos meses?
Gol de placa
Seguindo os passos do Flamengo, o Atlético-MG alterou seu estatuto, a fim de que corresponda com a Lei do Profut. O Corinthians fará o mesmo. O principal aspecto da mudança estatutária é a inclusão de penas aos cartolas que cometerem gestão irregular do clube. Agora é esperar para ver se o estatuto será cumprido.
Gol contra
Os jogos às 11h têm tido boa presença de público, mas as condições climáticas para os jogadores não ajudam. Um exemplo? Final de semana passado, Goiás e Joinville encararam uma sensação térmica de 44°C no Serra Dourada! Já deu esse horário, né?
OPINIÃO Bráulio Siffert O América não está em um momento muito bom, mas agora já não há mais tempo para lamentar, trocar de técnico ou modificar a forma de jogar. Portanto, é torcer para que aos trancos e barrancos – como tem sido desde o início do campeonato – o América consiga os cerca de 23 pontos que lhe garantiriam a vaga na primeira divisão. Ou se-
ja, nos 11 jogos restantes, o time precisa, por exemplo, vencer sete e empatar duas, podendo perder duas. E isso, convenhamos, é plenamente possível. Temos que ganhar todos os jogos em casa (Criciúma, Macaé, Oeste, Paysandu, Vitória e Ceará) e mais um fora, contra ABC ou Boa Esporte, praticamente rebaixados. É hora de acreditar, motivar os atletas e encher o nosso estádio.
OPINIÃO Rogério Hilário Como sempre, o Atlético surpreende com atuações insólitas. Numa partida imprevisível, contra o Flamengo, brindou os torcedores com precisão cirúrgica e um golaço histórico. Quando parecia o início de um desastre, a ressurreição com mais uma defesa de Victor em cobrança de pênalti. No momento de equilíbrio, dois gols de Jemerson. E, pa-
ra coroar, Dátolo reencarnou Roberto Rivelino e definiu o placar. Como o fardo alvinegro nunca alivia, vêm aí mais dois jogos fora de casa, contra Joinville e Coritiba. Até o confronto com o Corinthians, muitos obstáculos se apresentarão. Se Giovanni Augusto retorna, o que fazer com o craque argentino? Eu não titubearia: os dois jogam. Mas de Levir tudo se pode esperar.
OPINIÃO Léo Calixto Se alguém ainda tinha dúvida de como a estrutura de um clube pode influenciar o desempenho dos jogadores, o ano de 2015 do Cruzeiro é a prova mais concreta de que influencia e muito, para o bem e para o mal. Considero como estrutura a torcida, equipe técnica (base e profissional), diretores, trabalhadores internos, etc. O ano sabático beiran-
do a zona da degola, após dois títulos seguidos, prova que as conquistas são frutos da união entre todas as partes envolvidas em um planejamento de médio e longo prazo. Embora o ano de 2015 não tenha acabado, as mudanças das últimas três semanas nos dão a certeza de que o Cruzeiro está entrando nos trilhos para se tornar um clube modelo no futebol brasileiro.