Larissa Costa / Brasil de Fato MG
5 Minas
Danny Glover contra o golpe
Orgulho LGBT
Em BH, ator de Hollywood comparece a protesto contra o golpe que afastou Dilma Rousseff. Sua visita se estendeu também à região de Mariana, lugar do crime da Samarco.
Há 37 anos, uma luta fez surgir o Dia do Orgulho LGBT. Até hoje, há muita violência e discriminação, mas também resistência e alegria
Minas Gerais
SMADC
7 OPINIÃO
01 a 07 de julho de 2016 • edição 142 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
Fernando Frazão / Agência Brasil
9 BRASIL
Aposentar só aos 70 Proposta de governo Temer é estabelecer idade mínima para aposentadoria em 70 anos - a mais alta do mundo - independente do tempo de contribuição. Ministro disse que espera aprovar proposta até o fim do ano, caso se confirme o afastamento da presidenta Dilma. Temer, que se aposentou aos 55 anos e recebe mais de R$ 30 mil, também pretende diminuir valor do benefício. Reprodução / CMBH
4 CIDADES
O que fizeram os vereadores? Candidatos à Câmara Municipal saem à busca do voto. O Brasil de Fato conversou com pessoas que debatem os problemas da cidade para saber o balanço da atual.
14 CULTURA
Diversão no inverno O mês de férias vem animado com dicas de lugares para conhecer. Destaque também para os famosos festivais de inverno das cidades mineiras. Confira!
Ricardo Cozzo / Divulgação
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Editorial | Brasil
Um golpe no SUS
ESPAÇO dos Leitores
O Ministério Público de Minas Gerais alertou na última semana para o risco de colapso de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) no estado. E não apenas em Minas: o Brasil vai parar em setembro se não houver mais recursos para a saúde. O golpe orquestrado por Michel Temer, Eduardo Cunha e seus aliados do PSDB, com apoio da Globo e de Sérgio Moro, expõe suas reais intenções. Logo de início, Temer nomeou como Ministro da Saúde Ricardo Barros, engenheiro de Maringá cuja campanha para deputado
“Festa junina é bom demais!” Felipe Alves comentando a matéria “Olha a chuva! É mentira!”
“Antes de tudo e mais do que tudo: fora Temer!” Wanderlei Pinheiro comentando o artigo “Fora Michel e fora Temer”, de João Paulo Cunha
“Que Deus a receba com muita alegria e conforte seus familiares”. Lúcia Maria da Costa comentando a matéria “Corpo de liderança do MAB é encontrado após cinco meses em Porto Velho (RO)”
“E isso é só o começo...” Lussandra Gianasi comentando a matéria “Em terra de índio, a mineração bate à porta”
MP alerta que pode acontecer um colapso na saúde federal em 2014 contou com um plano de saúde como o maior financiador. Em sua primeira entrevista como ministro, afirmou que o tamanho do SUS precisa ser revisto, que não é possível garantir o direito à saúde escrito na Constituição e defendeu a saúde privada. Afirmou que pretende diminuir a quantidade de médicos cubanos no Brasil e os manter somente em áreas em que médicos brasileiros não queiram ir. Matar o SUS por asfixia
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Para além das declarações, o governo de Temer já enviou duas propostas de mudanças constitucionais que matam o
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
200 milhões de brasileiros usam o SUS SUS por asfixia. A primeira estica a desvinculação das receitas da união (DRU) até 2023 e permite que o Governo Federal não aplique até 30% do orçamento anual da saúde, educação e previdência social. Na prática, o orçamento previsto para a saúde em 2016 é de R$ 100 bilhões, mas o governo de Michel Temer poderá economizar 30 bilhões, em geral usados para pagar os empresários que investem em títulos da dívida pública. A segunda, a PEC 241, impõe um teto de gastos para saúde e educação ao definir que o orçamento do ano seguinte pode crescer no máximo o percentual da inflação do ano anterior. Se essa lei valesse, entre 2002 e 2015 o orçamento da saúde seria 38 bilhões menor. Mas Temer e Barros precisam saber: 200 milhões de brasileiros usam o SUS e 150 milhões dependem exclusivamente dele; quase 12 mil médicos cubanos atendem cerca de 40 milhões de pessoas; os governos investem míseros 3,8% do PIB em saúde, enquanto Cuba, Canadá e Inglaterra aplicam mais de 10%. O presidente golpista e seu ministro trapalhão parecem não conhecer a realidade dos postos de saúde e hospitais. E já deixaram claro a que vieram: acabar com o direito à saúde no Brasil.
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Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Nova lei garante vagas em creches para filhos de mulheres vítimas de violência Divino Advincula
Frase da Semana
GERAL
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Reprodução
Eu creio que a Igreja não só deve pedir desculpa a essa pessoa que é gay e que ofendeu, mas também aos pobres, às mulheres e às crianças exploradas no trabalho” disse o Papa Francisco em conversas com jornalistas no domingo (26).
Uma lei que garante vagas em creches municipais para filhos de mulheres vítimas de violência doméstica entrou em vigor no último mês, em Belo Horizonte. Como forma de manter a segurança e preservar a integridade das vítimas, o texto da nova lei, nº 10935, também assegura a transferência da criança em caso de mudança do endereço da mãe. Os critérios para matrícula prioritária são a apresentação de cópia do boletim de ocorrência, expedido pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, e de cópia do exame de corpo de delito.
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Feira da reforma agrária em BH Como uma iniciativa que valoriza a produção artística, cultural e gastronômica do meio rural brasileiro, o Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária será realizado entre os dias 20 e 24 de julho, na Praça da Estação, em Belo Horizonte. Organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a programação, totalmente gratuita, conta com música, poesia, teatro e uma feira com produtos agroecológicos oriundos dos acampamentos e assentamentos. Entre os artistas confirmados, estão Chico César e Aline Calixto.
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CIDADES
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Balanço da Câmara de BH LEGISLATIVO Movimentos apontam atuação insuficiente de representantes Mídia Ninja
Wallace Oliveira
S
erá que a Câmara Municipal de Belo Horizonte expressa o que pensa e quer a população da cidade? Em ano eleitoral, vencedores das últimas eleições querem um novo mandato, enquanto novatos entram na disputa pela preferência do eleitorado. O fim da atual legislatura é momento propício para avaliar os vereadores eleitos há quase quatro anos. Nos temas abordados nesta edição – mobilidade, moradia e educação – a avaliação da atuação dos vereadores não é positiva. Mobilidade urbana Quando os atuais vereadores foram escolhidos, em 2012, a passagem de ônibus em BH custava R$
2,65. Atualmente, custa R$ 3,70. Foram, ao todo, cinco reajustes, todos contestados por movimentos populares nas ruas e na Justiça. Por duas vezes, o tema levou a ocupações da Câmara. “Mostramos que o aumento era ilegal, mas a Câmara não se pronunciou sobre as ilegalidades apontadas”, relata Juliana Afonso, do movimento Tarifa Zero. Ela avalia que outras pautas de mobilidade urbana não foram devidamente tratadas pelos vereadores, como projetos sobre UBER, ciclismo e gratuidade no transporte coletivo. Moradia “A maioria da Câmara está acovardada, refém do momento político e partidário”, afirma Gladstone Otoni, do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM). Ele destaca a não votação do novo plano
diretor, discutido durante meses na casa, e a estagnação do programa Minha Casa Minha Vida. “Prefeitura não fez nenhuma unidade habitacional, mas não há uma pauta na Câmara que debata isso. Assim, a questão da moradia fica em último plano”, afirma. Educação “Os trabalhadores encaminharam emendas que garantissem o pagamento do piso salarial nacional, unificação da carreira, aperfeiçoamento da educação infantil e outros temas. Como era algo que não interessava ao Poder Executivo, as propostas foram reprovadas na Câmara”, comenta Wanderson Rocha, professor da rede municipal de ensino. Ele aponta que a Prefeitura detém apoio de ampla maioria dos vereadores, obtida mediante trocas de favores com o Legislativo.
Distorção na votação Juntos, os vereadores eleitos em 2012 somaram 24,53% dos votos válidos (descontados nulos e brancos). Já entre os que não conseguiram se eleger, 42 candidatos tiveram mais votos que o vereador menos votado, preferido por 3.537 eleitores. Mas por que eles não foram eleitos? Isso ocorre porque as vagas não são necessariamente preenchidas pelos mais votados. O processo de escolha é mais complexo do que a maioria simples. Funciona assim: ao fim da eleição, divide-se o total de votos válidos pelo número de cadeiras da Câmara. É o que se chama de quociente eleitoral. Se a soma entre os votos válidos de um partido e seus votos de legenda for menor que esse quociente, o partido não elege nenhum vereador. Se for igual, elege um, se for o dobro, elege dois e assim por diante. Na última eleição de BH, o quociente foi 41 mil. Um partido com 82 mil votos teria, então, direito a duas vagas. “Nesse sistema, aparecem os “puxadores de votos”, candidatos muito votados que garantem mais de uma vaga, elegendo outros menos votados. Foi o que ocorreu nas eleições para deputado federal em 2014, quando o palhaço Tiririca (PR) beneficiou outros dois candidatos do mesmo partido”, explica a socióloga Liliam Anjos, da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.
Movimentos ocuparam a Câmara duas vezes contra o aumento da passagem
Quem não é representado A Câmara está longe de representar a diversidade existente na cidade. As mulheres, por exemplo, são mais da metade da população, mas a cidade só tem uma vereadora. Apenas três vereadores são negros, embora, segundo o IBGE, 47,4% da população da capital seja negra. “A eleição é dominada por quem tem recursos para fazer campanha e pelo modo como os partidos definem quem, de fato, disputará as vagas disponíveis. Quem não é favorecido na sociedade não será representado, se não houver regras claras e democráticas que estabeleçam como vai se dar o financiamento e como serão definidas as listas de candidatos”, comenta Liliam Anjos.
Leia no site do Brasil de Fato sobre as atribuições dos vereadores e o que não compete a eles. Você também quer comentar a atuação dos vereadores? Escreva para redacaomg@brasildefato.com.br.
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Danny Glover visita BH em apoio a movimento “Fora Temer” SOLIDARIEDADE Ator dos EUA participou de ato político e percorreu comunidades atingidas em Mariana Da redação
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ator Danny Glover, famoso pela sua atuação nos filmes “Máquina Mortífera”, e o ativista James Early visitaram Minas Gerais para dar apoio à luta de movimentos populares. “Nessa visita ao Brasil eu senti que é real o golpe de Estado que vocês estão vivendo, e que também simboliza uma crise maior, que é a crise do capitalismo”, apontou Danny Glover. Na terça (28), os norte-americanos participaram do “Ato pela Democracia”, promovido pela Frente Brasil Popular Minas Gerais. Cerca de 200 pessoas receberam o ator no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-MG) com gritos de “Fora Temer” e “Volta, querida”. James Early, diretor de
Larissa Costa/ Brasil de Fato MG
Política de Herança Cultural do Smithsonian Institute, acompanhou o ator em todo o seu trajeto pelo Brasil, que incluiu o Rio de Janeiro e a Bahia. “Nós somos o que estávamos esperando. Não há outro povo que vai fazer as mudanças que precisamos”, proclamou. Atingidos pela barragem Na segunda-feira (27), Danny Glover e James Early visitaram as comunidades de Paracatu de Baixo, Bento Rodrigues e Barra Longa, atingidas pela lama da barragem rompida em novembro, das empresas Samarco, Vale e BHP Billiton. Eles conheceram mulheres, homens e crianças que ainda vivem situação de abandono após o crime. Segundo Glover, a visita lhe mostrou os problemas que o sistema capitalista traz à vida da população.
MINAS
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Fato em foco UMA POR MINUTO Depois do estupro coletivo que uma jovem de 16 anos, o Brasil se escandalizou ao descobrir que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no país. O protesto “Uma Por Minuto”, que aconteceu em Belo Horizonte, na quinta (30), chamou atenção para a pesquisa do Ipea que revela que apenas 10% dos casos são denunciados. Isso quer dizer que uma mulher é estuprada por minuto no Brasil. Outro objetivo do ato, organizado pelo Coletivo de Mulheres Subversivas, era denunciar o estupro de uma estudante em um congresso de alunos da Fundação João Pinheiro, em Bom Despacho. O caso corre na Justiça, mas até agora ninguém foi condenado. Nesta semana, outra notícia de estupro coletivo: dez homens são acusados de ter abusado de uma adolescente de 13 anos, em Juiz de Fora. A menina foi mantida em cárcere privado e sofreu 12 horas de abuso.
James e Danny se emocionaram ao visitar Bento Rodrigues, distrito de Mariana
Movimento contra o golpe aposta em novas estratégias ARTICULAÇÃO “Fora Temer” e “Não Ao Golpe” continuarão a orientar manifestações de rua Da redação
A
Frente Brasil Popular (FBP), organização que reúne movimentos, sindicatos e partidos contra o golpe em curso no país, teve novo encontro nacional, em que divulgou calendário e novas diretrizes para a articulação. A tática continua marcada pelas ações de rua, porém, estimula a utilização de novos métodos. Segundo análise da Frente, as grandes manifestações chegaram ao seu nú-
mero máximo de pessoas, chegando a levar 200 mil pessoas à Avenida Paulista, em São Paulo. A FBP aposta que o fortalecimento das denúncias sobre o governo interino de Michel Temer, junto a novos tipos de atividades, conseguirá aumentar o número de pessoas engajadas na participação política. Diálogo com Dilma e Senadores As viagens da presidenta eleita Dilma Rousseff estão
sendo agendadas em sintonia com o planejamento de grandes atos públicos. Esta é a tática principal da organização, que aposta nos atos de rua como forma de convencer os senadores a votarem contra o impeachment. A votação está prevista para a segunda semana de agosto. A Frente Brasil Popular afirma que vai fortalecer essas convocações. Em Belo Horizonte o “Ato com Dilma” aconteceu em 20 de maio, com a presença de 40 mil pessoas, segundo a Fren-
te. Em julho, quatro estados anunciam atos confirmados com Dilma: Sergipe, Ceará, Santa Catarina e Paraná. Próximos passos No momento, a FBP não divulga qual seria sua estratégia caso o impeachment de Dilma seja referendado pelo Senado. Movimentos e partidos que integram a articulação estariam encarregados de formular uma “saída política”, a ser apresentada em julho.
Em BH, protestos continuam
Nesta semana, o movimento “Fora Temer” organizou ato em frente ao Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais, na quarta (29). No sábado acontece a Plenária de Mulheres da FBP, às 14h, no Sindicato dos Jornalistas. E no domingo a “Pedalada pela Democracia” na Praça da Liberdade, às 9h.
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MINAS
Belo Horizonte, 01 11 a 07 17 de julho marçode de2016 2016
Futuro do pretérito João Paulo Cunha
e repente, não mais que de repente, o D projeto da modernidade se liquefez. O que era valor se tornou problema. Onde havia
esperança na emancipação se colhe o atraso orgulhoso da reação. A criação e a crítica, que um dia definiram o palco do espírito, se viram transformadas em consumo. O mundo ficou um lugar terrível para se viver. A recente onda anticultura é um exemplo. Depois de ver a contestação ao golpe surgir no interior do setor artístico e da reflexão, a reação não tardou. A recente onda de condenação da Lei Rouanet é um exemplo do que pode a má-fé aliada com o poder da mídia. Criticada pela esquerda em seus fundamentos desde o nascedouro, a lei de incentivo tem problemas estruturais que fizeram dela um mecanismo concentrador e conservador. Mas agora, ao apresentar os desvios da Lei Rouanet, o que
se oferece ao banquete da classe média é a atividade cultural em si, não seus chacais. O mesmo efeito paradoxal se observou no campo da comunicação. A informação deixou de ser objetiva para cumprir os desígnios da propaganda e do proselitismo. Nunca o jornalismo foi tão corrompido por interesses externos como na “cobertura” da conspiração que instalou o interregno antidemocrático vivido hoje pelo país. A justiça perdeu algumas de suas mais assentadas bases, como a presunção da inocência e o respeito às provas. A trama prossegue por inércia, com inevitável sensação de engodo. Não há crime, mas há pena.
Não podemos aceitar o fracasso civilizacional
Opinião Por fim, nesse caminho perverso de esva-
ziamento de valores de civilização, chega-se à própria democracia e seu mais pétreo fundamento: o povo. Depois de cassar mais de 54 milhões de votos, parece ter entrado em cena um projeto de contestação da vontade popular, retroagindo a momentos de escolha censitária e classista. O medo das urnas é tamanho que invade todo o tecido social, criando planos de inviabilização de candidaturas e criminalização da política feita em bases populares. No entanto, nunca precisamos tanto de cultura, jornalismo, justiça e democracia. Não podemos aceitar o papel de testemunhas apáticas de um fracasso civilizacional. Há uma transição sobre a qual não se pode garantir nada. O futuro já começou e não era o que se esperava dele. Em vez de se estarrecer com a antecedência regressiva do porvir, a tarefa urgente é assumir o presente. Com as armas da razão, quando for o caso; com as iluminações da arte, quando possível; com as urgências da vontade, sempre.
Educação Pública
Democracia e Resistências
Minas Gerais
Belo Horizonte / Brasil
7 e 8 de Julho
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Acompanhando Na edição 138...
Foto da semana
OPINIÃO
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.
Estupro coletivo acende debate sobre cultura do estupro
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NASA/ Fotos Públicas
...E agora Polícia identifica dez suspeitos de crime em Juiz de Fora A Polícia Civil já identificou dez suspeitos de estuprarem uma jovem de 13 anos em Juiz de Fora, no último fim de semana. A adolescente foi mantida em cárcere privado e violentada por pelo menos 12 horas. Segundo a polícia, dois vídeos gravados pelos suspeitos comprovam o crime. Dos identificados, oito são adolescentes. De acordo com a delegada Ângela Fellet, a primeira fase das investigações está quase concluída e a partir daí será realizada a apreensão dos menores e decretada a prisão dos outros envolNa edição 141... STF acolhe denúncia contra Bolsonaro ...E agora Bolsonaro é acusado de apologia à tortura Depois de o STF acolher denúncia contra Jair Bolsonaro (PSC) por incitação aos crimes de estupro e injúria, agora o Conselho de Ética da Câmara abriu, na terça (28), processo contra sua apologia ao crime de tortura. A denúncia é referente ao discurso de Bolsonaro na votação do processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef, quando ele homenageou Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante de um dos órgãos mais repressivos da ditadura militar. O relator do processo contra Bolsonaro no Conselho deve ser anunciado até o dia 6 de julho. O relator terá até dez dias úteis para elaborar um parecer, que será votado pelos demais deputados.
O planeta recém-descoberto, K2-33b, é um pouco maior do que Netuno. A NASA estima que ele tenha entre 5 e 10 milhões de anos de idade, um dos mais “jovens” encontrados nos últimos anos.
Dérik Ferreira Rosa
Beatriz Cerqueira
Orgulho de sermos LGBT
Plebiscito agora legitima o golpe em curso
Orgulho é um sentimento de prazer e satisfação que construímos por sermos quem somos, mesmo diante da vergonha que é imposta como forma de controle. As pessoas LGBT´s (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) vivenciam essas contradições. De um lado, nos empurram esse sentimento de vergonha. De outro, nós reagimos, com indignação, luta e muita purpurina. Em junho de 1969, frequentadoras do bar Stonewall, na cidade de Nova York, se rebelaram contra a ação da polícia, que perseguia e fechava bares frequentados por LGBT’s. A ação levou à bandeira do orgulho, inaugurando as Paradas LGBT. O dia 28 ficou marcado como do orgulho LGBT. Neste ano, no dia 12 de junho, foi realizado um ataque brutal contra uma boate gay em Orlando, também nos EUA. Um atirador abriu fogo, matando 50 pessoas e ferindo ouNão vamos sair dos tras 53, no pior massacre espaços públicos ocorrido no país desde o 11 de setembro. No Brasil, a situação não é melhor. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia, se mata um LGBT a cada 28 horas no país. Amargamos ainda o título de nação que mais mata travestis e transexuais de todo o mundo, segundo a ONG Transgender Europe. Se a resposta conservadora habitual para lidar com a diferença é sempre a violência, a resposta das pessoas LGBT’s é a resistência. A violência antes paralisava os LGBT pelo medo. Agora, alimenta a luta. O movimento que surgiu para dar voz para LGBT’s nos EUA hoje ocupa várias cidades também no Brasil, colorindo-as com diversidade, igualdade, justiça e muito orgulho. Queremos deixar claro que vamos seguir ocupando os espaços públicos. Esperamos que essa gritaria odiosa e preconceituosa fique muda frente ao grito de amor e respeito que estamos dispostos a fazer ecoar. Assim será possível fazer nascer uma sociedade de paz. Dérik Ferreira Rosa é militante do Levante Popular da Juventude em Minas Gerais.
Não acredito que um plebiscito agora seja a solução para o momento que estamos vivendo. Se reduzirmos a luta a mais um calendário eleitoral, estaremos cometendo o mesmo erro do último período. Erramos ao acreditarmos que “governabilidade” só é construída a partir do parlamento, nos esquecendo do papel mobilizador da sociedade. Uma recente pesquisa da CUT/Vox aponta que 67% dos trabalhadores querem eleições já. Esses números demostram a insatisfação com o A luta no próximo atual sistema político. O povo está cansado de um Conperíodo será longa gresso corrupto que não representa mulheres, negros, jovens e trabalhadores em geral. Está insatisfeito de ler no noticiário as cifras milionárias de desvios de recursos públicos enquanto o desemprego bate à sua porta. E não reconhece Michel Temer como a liderança que mudará esta situação. Mas pesquisa é um instrumento de análise, não nosso guia. Chamar um plebiscito agora é contribuir para legitimarmos o golpe em curso no país. Porque essa eleição não será geral e não atingirá todo o sistema político. Com ela, não teremos a oportunidade de eleger novos senadores e deputados federais, pois será restrita à presidência da República. O povo decidiu em outubro de 2014. Elegeu Dilma para um mandato de quatro anos. Ela teve seu mandato interrompido sem ter cometido um crime de responsabilidade. Foi golpe! As eleições agora apagam os rastros desse golpe, independente do resultado. Continuo na luta para que Dilma Rousseff termine seu mandato. Sei que nada será como antes do seu afastamento. Mais um motivo para que, num retorno da presidenta, ela pactue com as forças populares seus compromissos e agendas para o próximo período. E que, com seu retorno, continuemos nas ruas, pressionando por reformas estruturais. Beatriz Cerqueira é presidenta da CUT/MG
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BRASIL
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Perícia nega pedaladas e enfraquece argumento do impeachment POLÍTICA Caso retorne à Presidência, Dilma pode apresentar carta de intenções, prometendo retomar programa de 2014 Da redação
U
m estudo feito por consultores técnicos do Senado aponta fragilidades no processo de impeachment que levou ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff, no dia 11 de maio. Segundo os autores do pedido de impeachment, a presidenta teria cometido “pedaladas fiscais”, o que serviu de base para a acusação de crime de responsabilidade. O estudo mostra que a presidenta não é pessoalmente responsável pe-
las pedaladas. Isto significa que ela não contribuiu diretamente com o atraso proposital, por parte do Tesouro Nacional, do repasse de dinheiro para bancos públicos e privados, financiadores de despesas do governo. Entretanto, segundo o laudo apresentado, Dilma editou decretos de créditos suplementares sem permissão do Congresso, outra alegação dos autores do pedido de impeachment. Nova carta Na quarta-feira (29), a presidenta afastada con-
Robert Stuckert Filho/PR
cedeu entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT. Ela afirmou que, caso volte à Presidência, apoiará realização de plebiscito sobre novas eleições, mas que a proposta depende do Senado. Dilma também disse estudar a divulgação de uma “nova carta ao povo brasileiro”, na qual se comprometeria com a retomada do programa apresentado nas eleições de 2014, abandonado após a eleição para tentar conter as pressões do mercado financeiro.
Professores ocupam Ministério contra Solidariedade com corte de recursos indígenas violentados
C
erca de 800 trabalhadores da educação realizaram um “trancaço” na sede do Ministério da Educação em Brasília, na quarta (29). O protesto foi organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e representantes de movimentos populares. “Estamos aqui para dizer que não aceitaremos nenhum retrocesso na política da educação e que não há margem para negociar o descumprimento das metas do PNE (Plano Nacional de Educação)”, explicou a secretária de Relações Internacionais da CNTE, Fátima Silva. Com o documento “Travessia Social”, o governo Temer propõe o encerramento da Lei do Piso Salarial Nacional do Magistério, substituindo o reajuste salarial por gratificações, e desobriga o governo federal a investir 10% do Produto Interno Bruto em educação.
MEC age com violência Durante o “trancaço”, em que os manifestantes ocuparam a porta e o hall de entrada do Ministério, houve detidos e agredidos pela segurança local. O professor de matemática Fernando Lima Santos foi preso enquanto pregava uma faixa no 6º andar do prédio. Prestou depoimento à Polícia Federal e foi liberado em seguida. Ou-
tros dois professores ficaram feridos. Em resposta, o MEC divulgou nota em que afirma repudiar os atos dos educadores, que seriam “travestidos de manifestação democrática”, e acusou o movimento de “intolerância e vandalismo”. Nenhum diálogo de negociação foi feito pelas partes. Midia NINJA
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om o objetivo de verificar de perto a situação dos Guarani e Kaiowá da região sul do Mato Grosso do Sul – atacados a balas por fazendeiros em 14 de junho – membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados visitaram o local e se solidarizam com as vítimas. “Fiquei estarrecido com o clima de terror que vi. Centenas de cápsulas de balas espalhadas pelo chão. Os fazendeiros usaram retroescavadeiras, pegaram motos e pertences dos indígenas, jogaram nas valas, atearam fogo e depois enterraram”, relata o deputado federal Padre João (PT), presidente da comissão. Ele afirmou ainda que solicitou ao Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o apoio da Força Nacional de Segurança para resguardar a comunidade e proteger lideranças. Um dos sobrevi-
ventes, ao sair do hospital, já foi vítima de emboscada, mas escapou ileso. Relembre o caso Um ataque de pistoleiros armados contra a comunidade da terra indígena Dourados-Amambai Peguá, em Caarapó, a 273 km de Campo Grande, resultou no assassinato do Kaiowá e agente de saúde Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 23 anos. Relatos dos indígenas revelaram que o ataque durou cerca de quatro horas. Além do jovem assassinado, outras seis pessoas ficaram feridas por armas de fogo, entre elas, uma criança de 12 anos. O ataque aos Kaiowá foi mais um dos vários que vêm ocorrendo nos últimos anos. A região é palco de um intenso conflito por terra em que fazendeiros tentam expulsar os indígenas.
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
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BRASIL
Aposentadoria só aos 70 anos, defende Michel Temer RETROCESSO Além de elevar a idade mínima a um patamar que nenhum país aplica, governo interino quer reduzir o valor do benefício Lula Marques/ AG PPT
Pedro Rafael Vilela
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reforma na previdência é tratada como prioridade pelo governo interino, que quer estabelecer uma idade mínima, independente do tempo de contribuição, para que o trabalhador brasileiro tenha direito ao benefício. Apesar de nenhum país no mundo adotar idade mínima acima dos 67 anos, o presidente em exercício, Michel Temer, negocia para que as futuras gerações do Brasil só se aposentem depois dos 70 anos. A ideia está em discussão por um grupo de trabalho que reúne apenas parte das centrais sindicais e representantes do governo. Em declarações à imprensa, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) defende que o projeto, ainda não apresentado ao Congresso,
Além de aumentar o tempo de contribuição, Temer propõe diminuir valor
seja aprovado até o fim do ano, caso o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff seja confirmado pelo Senado. O impacto de uma idade mínima de 70 anos para a aposentadoria, ainda que de forma progressiva, é algo
sem precedentes no sistema de seguridade social do Brasil. Para se ter uma ideia, de acordo com o IBGE, a expectativa média de vida da população brasileira é de 75,2 anos. Se a idade mínima de 70 ou mesmo de 65 anos para a aposentadoria já esti-
vesse em vigor, a maioria das pessoas trabalharia praticamente até a morte. Em estados com Pernambuco (73), Sergipe (72) e Pará (71), essa expectativa de vida é inferior à média nacional. No Maranhão, que tem a pior expectativa de vida (70) do país, o trabalhador médio morreria antes mesmo de começar a receber o benefício para o qual contribuiu longos anos da vida. Mesmo com a tendência de aumento da expectativa de vida, a população viveria menos tempo como aposentada. Redução do benefício Outra medida já anunciada pelo governo interino, e que deve fazer parte da proposta de reforma da previdência, é a redução do piso dos benefícios pagos pelo INSS. Atualmente, o valor
Média da expectativa de vida no Brasil é 75 anos e Temer propõe aposentadoria aos 70 mínimo da aposentadoria é o salário mínimo, que responde por 70% dos benefícios da Previdência. Se o salário mínimo aumenta, a aposentadoria também aumenta. Porém, Michel Temer quer estabelecer um salário de referência paralelo que, na prática, vai reduzir o valor dos benefícios, descolando seu valor do salário mínimo. A medida vai impactar sobre 21 milhões de segurados do INSS.
Proposta também visa diminuir gastos públicos
ANPr/SINDIAVIPAR
ORÇAMENTO Salários, aposentadoria e programas sociais serão reduzidos
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lém da desvinculação entre aposentadoria e salário mínimo, outra medida do governo que vai impactar sobre a previdência é o projeto que visa estabelecer um teto nos gastos públicos. De acordo com essa proposta, o orçamento federal ficará praticamente congelado entre um ano e outro, aumentando apenas de acordo com a inflação. Com isso, tanto salários como aposentadorias e programas sociais ficariam estagnados ou seriam reduzidos. O professor do Instituto de Economia da UFRJ,
João Sicsú, fez uma simulação, caso essa medida proposta por Temer já estivesse valendo desde 2006. Nesse cenário, o valor médio da aposentadoria no Brasil, que hoje é de R$ 1.608, seria
Redução da aposentadoria pode ser de 40% de R$ 1.013, uma redução de 40%. A principal justificativa para o governo pro-
por a reforma na previdência seria o envelhecimento da população, que vai gerar ainda mais déficit no setor. A professora Denise Gentil, da UFRJ, pesquisadora do tema, discorda dessa tese. Para ela, o corte de direitos vai aprofundar as desigualdades sociais, aumentar a miséria e não vai resolver o problema da sustentabilidade das contas previdenciárias. Para a professora, o governo deve estimular o crescimento, a geração de empregos e a formalização de trabalhadores com carteira assinada.
Pesquisadores contestam argumento de déficit da previdência e defendem aumento da geração de empregos e formalização
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MUNDO
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Professores mexicanos realizam os maiores protestos dos últimos 20 anos GREVE CONTRA PRIVATIZAÇÃO Jornada começou no dia 15 de maio Reprodução
Da redação
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México vive intensas jornadas de protestos desde o dia 15 de maio, quando professores da rede pública entraram em greve contra a tentativa de privatização da educação por parte do governo de Enrique Peña Nieto. No último domingo, milhares de pessoas marcharam na Cidade do México e no estado de Oaxaca, ao sul do país. A manifestação foi realizada em apoio aos professores e contra a repressão policial. Desde o início dos protestos, a violência tem sido uma constante em várias cidades. A mais dura delas foi registrada no dia 20 de junho,
Professores protestam contra privatização e por autonomia pedagógica
quando seis pessoas morreram e 53 ficaram feridas em Oaxaca. Toda semana são registrados protestos em pelo menos nove dos 32 estados mexicanos, convocados pela Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE) e pela União Geral
de Trabalhadores do México. Essa é a maior e a mais extensa jornada de manifestações já registradas no México nos últimos 20 anos. São mais massivas, inclusive, que os protestos que repudiaram o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa, em 2014. (Da redação)
Turquia sofre ataque O aeroporto internacional de Istambul, alvo de um ataque na terça-feira (28) que deixou 41 mortos e pelo menos 239 feridos, reabriu na noite de quarta-feira (29). A autoria dos ataques foi reivindicada pelo Estado Islâmico e pelo grupo guerrilheiro curdo TAK (sigla para “Falcões pela Liberdade do Curdistão”). A Turquia faz parte da coalizão militar liderada pelos Estados Unidos que age contra o EI no Oriente Médio.
Aborto liberado nos EUA Nesta semana, a Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos decidiu derrubar a lei que proibia o aborto no Texas, desde 2013. Esse era o único estado onde não era permitido fazer aborto nos EUA, onde a prática é legalizada desde 1973.
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Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gera is
Belo Horizonte, 19 a 25 01 de afevereiro de 2016 Belo Horizonte, 07 de julho de 2016
ENTREVISTA
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Festival celebra utopia DIVERSIDADE Por cinco dias, milhares de pessoas discutiram formas de melhorar o mundo Fotos: Cobertura Utópica/Divulgação
Da redação
A
cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, recebeu um evento diferente, que tinha como objetivo reunir pessoas que lutam e acreditam em um mundo melhor. Por isso o nome: “Festival Internacional da Utopia”. Dos dias 21 a 25 de junho, centenas de pensadores, ativistas, jovens e artistas se encontraram para trocar experiências e debater alternativas para a vida em sociedade. Os organizadores estimam que 5 mil pessoas, de 36 países, tenham participado das atividades. Confira abaixo alguns depoimentos e leia a cobertura completa no site do Brasil de Fato (http://migre. me/ueKxT)
“Nós temos visto com orgulho a luta da América Latina contra golpes, e eles são sempre os mesmos. Um golpe midiático que foca em corrupção e se esquece de falar em classes. O que acontece no Brasil é simples, os ricos, quando discordam dos caminhos simplesmente dizem: O que controla esse país é o lucro, não mais o povo.” Representantes de 36 países se reuniram em Maricá
“Eles dizem que a história acabou, mas o socialismo nunca vai acabar enquanto pessoas morrerem nas ruas por causa de frio. Enquanto uma pessoa morrer por injustiça, o socialismo estará vivo”, disse.
“Temos que ser mais firmes, coerentes e responsáveis. Temos que ganhar o respeito de quem nos escuta. Do que vale uma esquerda se ela não é reconhecida pelo povo?”, questionou
Washington Quaquá, prefeito de Maricá
Aleida Guevara, ativista cubana, pediatra e filha do guerrilheiro Che Guevara
“O que passa em nossos países é uma coisa que dói porque vamos perdendo lutas que demoraram a ser conquistadas. Mas o importante é que estamos de pé e dispostos a continuar lutando.” “Enquanto a gente conseguir se ver no sonho do outro, a gente continua forte” Emicida, cantor
Nora Cortiñas é argentina e representante do movimento Mães da Plaza de Mayo
Prabir Purkayastha, cientista e ativista indiano de tecnologia, internet e sistemas de comunicação
“As pessoas estão tentando fugir loucamente de seus países em colapso, muitos estão morrendo na tentativa de viver em outros locais. O fato é que todo o mundo está em colapso, mais intolerante. Precisamos acabar com as estruturas que criam essa violência. Defender a nossa vida e nosso planeta”
“Vivemos em um mundo onde os corporativistas e os políticos, nas suas folhas de pagamento, estão dispostos a dar tão pouco que é difícil falar em utopia hoje em dia. Coisas normais 40 anos atrás são tratadas como utopias. Saúde universal, educação básica para todos, transporte público são utopias. É um mundo onde qualquer direito básico é tratado como utopia, impossível de alcançar”
Vandana Shiva, indiana, cientista e ativista ambiental
Tariq Ali, ativista, intelectual e escritor paquistanês
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Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Desigualdade de gênero persiste nas telas e na vida
Novela Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br Divulgação
“Eu tinha apenas 13 anos quando seu pai te tirou de mim (...). Meu pai, quando descobriu que eu não era mais pura, me expulsou de casa, e a mina mãe, que morria de medo dele, nada fez. Sabe, Rubião, esse mundo é o mundo dos homens, nós mulheres somos mero joguete. Se somos ricas, temos dote e o caminho é o altar. Se não temos nada, não temos chance”. Esse é um trecho de uma conversa de Virgínia (Lília Cabral) e Rubião (Mateus Solano), mãe e filho na novela “Liberdade Liberdade”. As palavras são duras e, apesar de remeterem ao período imperial, há mais de 200
anos, infelizmente são atuais. As desigualdades persistentes entre homens e mulheres ainda reforçam a separação simbólica dos mundos que Virgínia aponta. É como se fosse mais fácil ser homem, porque a eles são consentidos determinados comportamentos. O sexo, por exemplo, os faria mais homens e fortes, ao passo que tornaria as mulheres impuras. O ponto de partida de homens e mulheres para dar conta da vida não é o mesmo, eles saem na frente. É nisso que se fundamenta a desigualdade de gênero, historicamente reproduzida na sociedade. É claro que já houve muitos avanços. As mulheres vêm ocu-
pando outros espaços e assumindo outros comportamentos. Mas ainda existem casos de mulheres expulsas de casa porque transaram ou engravidaram. Ou que só veem o altar como opção para a vida. Isso é inaceitável. A liberdade que dá nome à novela também vocaliza a liberdade de gênero, a liberdade sexual, a liberdade de fazer as próprias escolhas. E é por elas que os movimentos feministas lutam dia a dia. Espero sinceramente que a fala de Virgínia seja, um dia, capítulo superado de uma parte triste de nossa história. Você também, não é mesmo? Até semana que vem!
Nossos Direitos
Amiga da Saúde Olá, amiga! Quando fico sem tomar café, minha cabeça dói muito e sinto tontura. Posso estar viciado?
Fabiano Henrique, 26 anos, publicitário. Caro Fabiano, o café é a bebida mais consumida no mundo depois da água. Muitos estudos mostram que ele faz bem para a saúde, melhora o humor, reduz a fadiga e a depressão, aumenta a concentração e a energia, reduz o risco de doenças cardiovasculares. Entretanto, como todo exagero, café em excesso também pode fazer mal. Se a pessoa consome mais de quatro xícaras ao dia, pode ter uma certa depen-
dência. Nesses casos, quando ficam em abstinência podem ter efeitos como dor de cabeça, tonturas, tremores e ansiedade. Mas isso não é um vício, como no caso das drogas. Uma redução gradual da ingestão de cafeína pode fazer com que os sintomas desapareçam, e aí o consumo diário em menor quantidade pode ser mantido, sem problemas.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.
Reconhecimento de paternidade O direito à paternidade é garantido pelo artigo 226 § 7º da Constituição Federal e o programa Pai Presente, da Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ), tem como objetivo estimular o reconhecimento de paternidade de pessoas sem o registro. A declaração de paternidade pode ser feita espontaneamente pelo pai ou solicitada por mãe e filho. Em ambos os casos, é preciso comparecer ao cartório de registro civil mais próximo para iniciar o processo. O reconhecimento de paternidade foi facilitado pelo Provimento nº 16 da CNJ, que coloca regras para agilizar as demandas. A iniciativa busca aprovei-
tar os 7.324 cartórios de registro civil do país para dar início ao reconhecimento de paternidade tardia. A partir da indicação do suposto pai, feita pela mãe ou filho maior de 18 anos, as informações são encaminhadas ao juiz responsável. Este, por sua vez, vai localizar e intimar o pai para que se manifeste quanto à paternidade, ou tomar as providências necessárias para iniciar ação investigatória. Se o reconhecimento espontâneo for feito com a presença da mãe (em caso de menores de 18 anos) e no cartório onde o filho foi registrado, a família poderá obter na hora o documento. Fonte: Corregedoria Nacional de Justiça
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www.malvados.com.br
por Alan Tygel
Dicas Mastigadas Caldo de Aipim Com Carne Seca Receita enviada por Maria do Nascimento da Silva, militante do MST de Brotas de Macaúba (BA) Reprodução
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
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Solução
Ingredientes • • • • •
1 kg de aipim 250g de carne seca dessalgada 250g de bacon Cheiro verde Azeite ou manteiga
MODO DE PREPARO
Cozinhar o aipim descascado e em pedaços, tirando antes o cabo que fica no centro. Colocar um fio de azeite ou manteiga e cozinhar o aipim até ficar um creme. Em outra panela, cozinhar a carne seca e o bacon na água. Depois de cozidos, refogar com cebola, alho picado e cheiro verde. Quando estiver refogado, jogar o aipim com a água do cozimento. Completar com mais água até chegar à consistência desejada. Dependendo das carnes, não é preciso colocar sal na receita.
RECEITAS DA TERRA
Durante o Festival da Utopia, realizado em Maricá (RJ) entre 22 e 26 de junho, o Movimento Sem Terra organizou o espaço Receitas da Terra. Trabalhadores rurais de várias regiões do Brasil montaram suas cozinhas e serviram pratos típicos para os milhares de visitantes que participaram do evento. Publicaremos receitas contadas por estas e estes lutadores da terra, que praticam com a culinária um ato de resistência cultural. Lutar pela reforma agrária também é cultivar uma comida de verdade.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 01 a 07 de julho de 2016
Atrações gratuitas recheiam o mês das férias PASSEIOS O Brasil de Fato MG fez uma seleção de atividades ao ar livre para quem quer curtir a capital e as cidades do interior em julho Reprodução/ Napracinha.com.br
Raíssa Lopes
Dica Cultural
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mês de julho bate à porta e, com ele, também chega o tempo das férias escolares. Belo Horizonte tem a fama de deixar a desejar em eventos durante a época, mas é só vasculhar um pouco para achar atividades legais que ficam logo ali. Feira de rua Alimentação, cultura e lazer. Essa é a chamada para a Feira Tom Jobim, que acontece todos os sábados, das 10h às 18h, na Av. Carandaí (entre rua Ceará e Av. Brasil). O ambiente é mais conhecido como “Feirinha do Arnaldo” e recebe de 4 mil pessoas por semana. Vários artistas de BH se apresentam no local, que conta com 37 barraquinhas fixas. A cidade vista de cima O Mirante da Copasa, ou Mirante da Caixa D’água, é local querido pelos mineiros que gostam de apreciar a arquitetura de Belo Horizonte. Ele fica na Rua Ministro Vilas Boas, no bairro Mangabeiras, e faz sucesso por ser de fácil acesso e por proporcionar uma visão panorâmica da capital. Um bom horário para visitação é pouco antes do pôr-do-sol, para acompanhar o anoitecer da cidade. Um achado no Caiçara O Parque Ecológico do Caiçara é uma área de aproximadamente 11.500m², que conta com um córrego - nomeado de Cascatinha e algumas pequenas quedas
Luiz Gonzaga na Praça da Estação Nessa sexta (1), a partir das 20h, o público de Belo Horizonte poderá conferir de graça na Praça da Estação o espetáculo “Gonzagão - A Lenda”, que conta a história do Rei do Baião. A apresentação comemora a vida, trajetória e trabalho do compositor nordestino, que teve seu centenário celebrado em 2012. Serão tocadas 40 músicas, entre elas os clássicos “Cintura Fina”, “O Xote das Meninas”, “Qui nem Jiló”, “Baião”, “Pau-de-arara” e a célebre “Asa Branca”. Divulgação
Parque Ecológico do Caiçara guarda boas surpresas, como quedas d’água
d’água. Possui, ainda, vários espaços de convivência, como quadra poliesportiva, campo de areia para futebol e brinquedos para os pequenos. Quem passa por lá e está com sorte pode encontrar espécies raras de pássaros e também os miquinhos que moram na mata. O local funciona de terça a domingo, das 7h às 18h. Mundo do teatro BH também tem muitas opções de galerias de arte e centros culturais. No Museu Histórico Abílio Barreto, uma exposição apresenta ao público o universo cênico, com imagens, objetos, informações e depoimentos de pessoas que fazem parte da história do teatro. A visitação pode ser realizada até o mês de dezembro, de terça
Mirante da Copasa proporciona uma visão panorâmica de Belo Horizonte
a domingo, das 10h às 17h . Nas quartas e quintas-feiras, o local fica aberto até as 21h. Fica na Av. Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim. Festivais de Inverno A 4ª edição do festival de Monte Verde acontece de 2 a 23 de julho. A programação é gratuita e conta com atrações culturais espalhadas por toda a cidade. Já Ponte Nova, na Zona da Mata mineira, apresenta este ano a 9ª edição de seu festival, que terá o tema “Entre Faces: cultura e tradição”. De 16 a 26 de julho, os visitantes poderão conferir apresentações musicais, circuitos gastronômicos, oficinas e shows. Para mais informações, acesse: www. pontenova.mg.gov.br. Reprodução/ Kecanto - Allan G.
Arte contra o golpe em São João del-Rei No próximo domingo (3), acontece o Festival Cultura Pela Democracia na cidade de São João del -Rei, no Campo das Vertentes. O evento é uma iniciativa de artistas, movimentos populares e sociedade civil para protestar contra o presidente interino Michel Temer e, segundo os organizadores, tem como objetivo levar “a discussão e o debate político para a rua, das mais variadas formas e de fácil acesso ao cidadão”. A programação começa às 10h e vai até 22h. Serão realizados shows, espetáculos, performances, intervenções, cinema, oficinas e cortejos, além de ato a favor da democracia. Todas as atrações serão apresentadas no Largo do Carmo, centro histórico do município.
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Curto e Grosso
ESPORTES
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Um despreparo colossal Reprodução de vídeo
Diego Silveira A Polícia Militar de Minas Gerais agrediu torcedores do Palmeiras no Mineirão, logo após o apito final da derrota alviverde para o Cruzeiro, por 2 a 1, no sábado (25). Até o momento, duas versões provenientes da própria torcida explicam a origem do episódio: a primeira diz que alguns torcedores organizados teriam quebrado cadeiras do estádio ao brigarem entre si. A segunda, que dois palmeirenses teriam atravessado o cordão de isolamento da PM para provocar a torcida celeste. Seja qual for o motivo, a desproporção da resposta é enorme. Gás de pimenta, bombas de efeito moral e cassetetes foram usados contra mais de mil homens,
No jogo de sábado (25), houve confronto entre policiais e torcedores
mulheres (ao menos uma grávida), crianças (inclusive bebês) e torcedores totalmente pacíficos. Um tor-
cedor que se aproximou da PM pedindo calma levou como prêmio uma cacetada no braço. O medo tomou conta
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dos alviverdes, a ponto de várias pessoas correrem para o canto do espaço a eles reservado. Outras chegaram a saltar a divisória de acrílico que separa o setor destinado aos visitantes das cabines de rádio e TV. Pode-se supor que muitos, em especial os que foram com as famílias, dificilmente voltarão ao estádio. É preciso destacar que não foi um grupo de vândalos organizados em forma de torcida que deu início à confusão, mas, no máximo, duas pessoas. Quando a polícia começou a agir, a torcida organizada Mancha Verde, em massa, levantou as mãos para o alto – certamente acostumada com o fato de ser associada a todo vandalismo provocado por palmeirenses. Boa parte dessa mesma torcida – que, diga-se, só
pôde entrar no estádio aos 20 minutos da etapa final – aplaudiu a PM quando esta deteve um dos responsáveis pela confusão.
Seja qual for o motivo, a desproporção da resposta é enorme O episódio do Mineirão deixa uma pergunta no ar: não será o despreparo policial um dos maiores responsáveis pelos episódios de violência dentro e fora dos estádios do Brasil?
Trajetória de paratletas é retratada em filme O Brasil é considerado uma das maiores potências paralímpicas do mundo, mas poucos brasileiros conhecem o trabalho dos paratletas. Para quem quer sanar a própria ignorância sobre o assunto, uma ótima pedida é o documentário “Para Todos”, dirigido por Marcelo Mesquita e Pepe Siffred. O filme aborda as trajetórias de renomados paratletas brasileiros na natação, atletismo, canoagem e futebol de 5. As filmagens começaram em 2013, acompanhando os paratletas em competições nacionais e internacionais. O documentário é exibido em salas de cinema em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Duque de Caxias, Maceió, Maringá, Porto Alegre e Santo André. Em BH, está em cartaz no Cine Belas Artes. Assista ao trailer pelo link: migre.me/ueM2o Onde: Rua Gonçalves Dias, 1581. B. Lourdes, BH Quando: às 17h50 Informações: (31) 3273-3229
Fernando Maia:/CPB
Brasil é considerado potência paralímpica mundial
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Etiene vai para Olimpíadas
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução
Reprodução/Flickr
Tem que levar em consideração o que esses meninos reivindicam. Não são baderneiros, eles querem o que é deles, porque a USP é do povo e o povo merece um ensino adequado. Cafu, capitão do Penta, declarando apoio aos estudantes da USP, que lutam por cotas na instituição, por um ensino de qualidade e pelos direitos de professores e funcionários.
nadadora brasileira A Etiene Medeiros foi absolvida da acusação de
doping e poderá disputar os Jogos Olímpicos 2016. Por unanimidade, a Justiça Desportiva entendeu que ela não teve intenção de se beneficiar com o uso
fenoterol, substância de outras conquistas detectada em seus exames. internacionais. Etiene é considerada uma das principais nadadoras Até o fechamento desdo Brasil e tem no currículo ta edição, ainda não hadois ouros no Mundial via terminado a partida de Doha e cinco ouros no entre Atlético e Botafogo, no Mineirão. Sul-Americano de Mar Del Plata, entre dezenas
Gol de placa ¡Viva Chile! Há tempos os chilenos jogam o melhor futebol das Américas. Chegaram a ficar 114 anos sem um título de expressão, após seu primeiro jogo, em 1910, contra a Argentina. Mas, justamente sobre os argentinos, La Roja põe fim ao jejum, conquistando o bicampeonato da Copa América.
Gol contra Na quarta (29), o site da ESPN Brasil publicou uma matéria sobre o atacante belga Michy Batshuayi. No título, chamaram o bairro onde o jogador cresceu, em Bruxelas, de base de terroristas. No bairro, vivem centenas de imigrantes congoleses, que nada têm a ver com terrorismo.
Decacampeão Bráulio Siffert O América continua sofrendo derrotas que poderiam ter sido evitadas. Atlético e Corinthians não jogaram melhor que o América, apenas foram mais eficientes e tiveram mais calma e vontade. Em ambos os jogos, o Coelho teve mais posse de bola e mais finalizações, mas falhas individuais na defesa e falta de agressividade e decisão no ataque
É Galo doido! Rogério Hilário
comprometeram os resultados. O técnico Sérgio Vieira tem feito o que Givanildo não fazia: troca os jogadores que jogam mal, põe a equipe para frente e tenta montar um time organizado. Mas esbarra na sua própria falta de experiência e, principalmente, na baixa qualidade do elenco. A diretoria, mais uma vez, prometeu muito e fez pouco.
Meio atabalhoadamente, o Atlético vai ganhando personalidade, favorecido pelo retorno dos equatorianos Ezaro e Cazares e os ajustes feitos pelo técnico Marcelo Oliveira. Ele acertou o meio de campo com a efetivação de Leandro Donizete e a defesa ficou menos vulnerável. O ataque, municiado pelo armador equatoriano, ganhou em efi-
La Bestia Negra Giovanna Fantoni
ciência. Ainda é cedo para apostar em título, pois a sequência de vitórias está relacionada às partidas disputadas em Minas. Fora, a equipe está devendo e tem contra o Figueirense, no domingo (3), a chance de se redimir. Mas vale acompanhar com mais otimismo a campanha. Reforços estão a caminho, com as recuperações de Luan e Lucas Pratto.
A equipe que perdeu para a Chapecoense na quarta (29) não é a melhor escalação do Cruzeiro. Com o elenco atual, o time não corre riscos de ser rebaixado, mas o bom desempenho e regularidade de alguns jogadores é necessário para lutar pelo G4. É preciso ter de volta os zagueiros titulares em boa performance; que Bryan e Mayke resolvam
jogar bola; que Robinho esteja disponível, não para fazer uma boa partida e depois se contundir, mas para se firmar como armador do Cruzeiro. A chegada de Ramón Ábila e Rafael Sóbis também deve acrescentar. De resto, falta ao treinador Paulo Bento acertar o posicionamento da defesa, que anda batendo cabeça e tomando gols bizarros.