Edição 144 do Brasil de Fato MG

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Rafael Neddemeyer/ Fotos Públicas

ESPECIAL

Mais direitos Arte e produção atacados rural em BH Governo Temer promove corte do auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Segundo especialistas, a ação significa um retrocesso crucial para a população mais pobre

Minas Gerais

De 20 a 24 de julho, a Praça da Estação e Serraria Souza Pinto recebem o Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, com feira de 160 toneladas de produtos. Confira edição especial

15 a 21 de julho de 2016 • edição 144 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

“Não nos apaguem” Paulo Pinto/ Fotos Públicas

A luta por visibilidade ganha força neste fim de semana. Domingo é dia da Parada do Orgulho LGBT, que acontece pela 19ª vez em BH, com o tema “Democracia é respeitar a identidade de gênero: não nos apaguem com a política”. “Muitas pessoas pensam que travesti é só bagunça. Travesti, como toda pessoa, é amor, é ser humano, é cultura”, diz Nickary Aycker, que se apresentou na I Semana da Diversidade Sexual e Cidadania LGBT de Minas Gerais

CIDADES

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OPINIÃO

Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

Editorial | Brasil

Mais veneno na nossa comida

ESPAÇO dos Leitores

“Não tem como deixar pra lá ou cair no esquecimento quando se perde um filho e um lar” Ana Laura Lins, sobre a entrevista com sobrevivente de Bento Rodrigues: “A Samarco pode tentar comprar a gente, mas eu quero os assassinos atrás das grades”

O Brasil é campeão mundial no uso dos agrotóxicos e um dos maiores produtores de alimentos transgênicos. Já há provas concretas dos males causados pelos agrotóxicos, tanto para quem o utiliza na plantação, quanto para quem o consome em alimentos contaminados. Enquanto o mundo todo está debatendo uma vida com mais saúde, o que inclui uma alimentação saudável e livre de venenos, o presidente interino Michel Temer acaba de sancionar a lei n° 13.301/2016, que dispõe sobre medidas de controle do mosquito Aedes Aegypti. Estas medidas incluem a incorpo-

Além de comer comida com veneno, vamos tomar banho de veneno

“Pena que vereador assim só existe na ficção.” Mara Regina de Oliveira comentando a coluna de novela “Meu voto seria do Bento!”

“Esse governo interino quer entregar tudo na mão dos estrangeiros: terras, bens naturais, tudo em benefício de ganhar uns trocados, que absurdo!” Helen Rodrigues, comentando a matéria “Às multinacionais, com carinho”, sobre projeto aprovado no Congresso que retira participação obrigatória da Petrobras na exploração de reservas de petróleo

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

ração de mecanismos de controle vetorial por meio de dispersão por aeronaves. Ou seja, além de comer comida com veneno, vamos tomar banho de veneno. Várias instituições ligadas ao tema da saúde, como Abrasco, Consea, Consems, Conass, Fiocruz, o próprio Ministério da Saúde e várias outras, se posicionaram contra a medida, mas a sede de lucro falou mais alto. A proposta veio justo do Sindicato de Aviação Agrícola (Sindag), coincidentemente no mesmo ano em que a venda de agrotóxicos recua 20%. A pulverização aérea para controle de vetores, além de perigosa, é ineficaz. Anos e anos de aplicação de fumacê serviram apenas para

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

selecionar os mosquitos mais fortes, forçando o aumento nas doses de veneno e a utilização de novos agrotóxicos. A pulverização aérea é perigosa porque atinge muitos outros alvos além do mosquito. E, justo por isso, é também ineficaz.

A pulverização atinge muitos outros alvos além do mosquito O agrotóxico será pulverizado diretamente sobre regiões habitadas, atingindo residências, escolas, creches, hospitais, lagos e lagoas, além de centrais de fornecimento de água para consumo humano. Agroecologia é a saída Ao mesmo tempo, milhares de agricultores pelo Brasil já adotam a agroecologia e produzem alimentos saudáveis com produtividade suficiente para alimentar a população. A Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que reúne diversas organizações, luta por outro modelo de desenvolvimento agrário. Por uma agricultura que valoriza a agroecologia ao invés dos agrotóxicos e transgênicos, que acredita no campesinato e não no agronegócio, que considera a vida mais importante do que o lucro das empresas. É por essas e outras que não é possível reconhecer esse governo, fruto de um golpe de Estado. É preciso lutar contra todas as medidas neoliberais, privatistas e elitistas deste governo, e isso inclui a luta incansável pela saúde coletiva do Brasil.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

Inclua a leitura no seu dia

GERAL

Frase da Semana

3 Maxwell Vilela

Reprodução

“Minas sempre me recebe com tanto amor e carinho... É uma honra voltar aqui!” Elza Soares sobre o show que realizou na 4ª Edição da Virada Cultural de BH

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou estudo que revela o tempo de leitura do brasileiro. A pesquisa, que ouviu pessoas em cinco estados do país, constatou que o tempo gasto com o hábito de ler é de seis minutos por dia. Já o utilizado com a televisão chega a 2h35. Especialistas defendem que, para fazer a leitura parte da rotina, pequenas dicas são fundamentais. A primeira é tentar diminuir as horas passadas em frente à TV. Criar um canto de leitura agradável e organizado também é considerado indispensável. Por fim, a leitura deve ser seletiva – não é preciso ler tudo que é indicado - e ter foco (evite ler muitos livros simultaneamente para não reduzir o envolvimento e produtividade).

BombouNaRede

Reprodução

PERGUNTA DA SEMANA No próximo domingo (17), acontece em Belo Horizonte a 19ª. Parada do Orgulho LGBT. A concentração será a partir das 12 horas, na Praça da Estação. O evento busca dar visibilidade à luta de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros. O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:

O que você acha da Parada do Orgulho LGBT?

Eu frequento há cinco anos e pretendo vir no domingo, porque é o nosso dia de ocupar a cidade. A gente vive todos os dias uma opressão por ter escolhido ser feliz, apenas. Que a gente consiga conquistar um espaço que é nosso por direito e a nossa liberdade. Sabrina Oliveira, auxiliar administrativa

Eu nunca fui, mas tenho vontade de ir. Tenho amigos gays e lésbicas. Por ter amigos próximos, eles sempre vão. Eles têm que se manifestar mesmo. Do mesmo jeito que tem tantos programas do pessoal hetero, eles têm direito também, não são diferentes da gente. Jeieli Mara Santos, recepcionista

ABIN é alvo de críticas por publicar postagem sobre terrorismo Com as Olimpíadas do Rio chegando, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) publicou postagem que virou piada na internet. A empresa divulgou uma arte que “ensinava” a identificar possíveis terroristas, e os classificava como “pessoas que utilizam roupas, mochilas e bolsas destoantes das circunstâncias e do clima”. Além disso, a publicação afirmou que eles “agem de forma estranha”. As palavras foram um prato cheio para os internautas, que ironizaram o ocorrido. “Cuidado, estudantes! Agora quem usa mochila é terrorista!”, disse um usuário. “Segundo a ABIN, Falcão tem todo perfil de terrorista” brincou outro ao compartilhar a foto acima.

Dois meses de Temer

No dia 12 de maio, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumia interinamente a Presidência da República, após aceitação de processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado. Um Especial produzido pelo Brasil de Fato faz um balanço do governo provisório e reúne informações e episódios desses 60 dias. Confira: www.migre.me/ul3Ux

brasildefato.com.br


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CIDADES

Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

Comunidade LGBT em Minas Gerais põe a cara no sol VISIBILIDADE Artistas encaram encontro com diferença como oportunidade para questionar padrões Travartista (Bárbara Macedo)

Wallace Oliveira

“E

u fiz essa música para contar a história de uma travesti e toda a saga da Benedita, que a sociedade queria que fosse Benedito. A gente sofre muito, os nossos direitos são negados, a gente não tem direito a existir. Então, eu trago comigo as companheiras travestis e transexuais que sofrem e todas as que foram assassinadas até hoje”, disse a atriz, bailarina e performer Cristal Lopez, após apresentar a peça “Cristal Benedita”. O espetáculo compõe a programação da I Semana “Travesti, como toda pessoa, é amor, é ser humano, é cultura”, diz Nickary Aycker

A gente não tem um corpo certo ou errado. A gente tem o nosso corpo e é feliz com ele” da Diversidade Sexual e Cidadania LGBT de Minas Gerais, que pretende, por meio de debates e atividades culturais, dar visibilidade às lutas da comunidade LGBT (travestis, transexuais, transgêneros, bissexuais, gays e lésbicas). O evento, que começou no dia 7 de julho, é fruto de uma articulação entre a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac), o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (CELLOS) e movimentos populares, como o coletivo Transcultural. Integrante do coletivo, a artista plástica e fotógrafa Travartista Bárbara Macedo apresenta a série de dese-

nhos “Desinibida”, mostrando o empoderamento das travestis pelo corpo. “A gente não tem um corpo certo ou errado. A gente tem o nosso corpo e é feliz com ele”, afirma. Ela acredita que o evento, frequentado majoritariamente por pessoas que trabalham na Cidade Administrativa, permitiu expandir as possibilidades de interação. “Como eu alcanço um público muito específico, chegar a essas pessoas é gratificante. Eu gosto de ver a reação delas, independente de ser positiva ou negativa, pois o que importa é provocar alguma coisa”, comenta. Tabus para pensar Foi o que aconteceu com a gestora pública Renata Souza. O marido é artista e ela já frequentou várias exposições na Europa, mas experimentou um choque pessoal nas exposições de quadros de Travartista, Moisés Sena e Paulo Bevilacqua. “Pela pri-

meira vez, trouxeram aqui um tema tão cheio de tabus. É algo complexo, que nos leva a sair do padrão, gerando resistências e aberturas ao diferente. A arte tem que ser chocante, ou, então, não é arte”, conclui. Para a transformista Nickary Aycker, que também se apresentou na semana,

o show foi desafiador: “Nos acostumamos com lugares onde a gente já sabe o que está acontecendo. Aqui é outro território”. O encontro com o diferente leva a quebrar as predefinições que reduzem, aprisionam e matam. “Muitas pessoas pensam que travesti é só bagunça. Travesti, como toda pes-

Travartista (Bárbara Macedo)

Parada é uma das maiores manifestações culturais do estado

soa, é amor, é ser humano, é cultura. Fora deste trabalho aqui, eu também trabalho como babá numa casa de família onde me respeitam muito”, conta. A I Semana termina nesta sexta-feira (15), mas algumas atividades vão além da programação (disponível pelo link: migre.me/ulrNi).

Domingo tem parada A 19ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte acontece no domingo (17), com concentração a partir das 11 horas, na Praça da Estação. O evento tem previsão para terminar por volta das 20 horas, após percorrer o Centro da capital. O lema deste ano é “Democracia é respeitar identidade de gênero: não nos apaguem com a política”. Entre os objetivos, pretende-se debater as ameaças aos direitos LGBT no cenário atual. A Parada do Orgulho LGBT de BH começou em 1998 e hoje é uma das maiores manifestações populares de Minas Gerais. No mundo, o marco do surgimento da parada é o dia 28 de junho de 1969. Frequentadoras do bar Stonewall, em Nova York, se rebelaram contra a perseguição policial a bares frequentados pelo público LGBT. Surgia, assim, o dia do orgulho LGBT.


Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

MINAS

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Polêmica em projeto sobre TV e rádio públicas COMUNICAÇÃO Funcionários temem corte de gastos na Rede TV Minas e Rádio Inconfidência Reprodução Rede Minas

Dani da Gama e Rafaella Dotta

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governo estadual pretende, a partir de agosto, transformar a Rede TV Minas e a Rádio Inconfidência em Empresa Mineira de Comunicação (EMC). Isso significa que TV e rádio funcionarão no mesmo lugar e sob a mesma administração. Mas a mudança representa um progresso para a comunicação de Minas? Entidades que representam os servidores e que atuam no campo temem que não.

Entidades afirmam que projeto não traz detalhes sobre a participação dos cidadãos na EMC Reprodução

Rede Minas é uma emissora pública e educativa, presente em 765 cidades de Minas Gerais

O maior descrédito com o Projeto de Lei (PL) está na incerteza em relação à função que a Empresa pode adquirir, segundo a secretária mineira do Fórum Nacional de Democratização da Mídia (FNDC), Florence Poznanski. Ela avalia que a lei não especifica a participação dos cidadãos, a garantia para os funcionários nem traz novos métodos de comunicação para o estado. Reprodução

Rede Minas A Rede Minas de Televisão foi fundada em dezembro de 1984. É uma emissora pública e educativa, presente em mais de 765 cidades do estado, com o objetivo de potencializar a difusão de valores, educação e cultura. Em 1993 tornou-se fundação pública, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e financeira.

Rádio Inconfidência Fundada em setembro de 1936, com a função de integrar o estado de Minas Gerais, a Rádio Inconfidência opera hoje nos canais AM 880,FM 100,9 e Ondas Curtas 6010. Seu conteúdo está disponível também na internet.

“Não há nenhuma inovação de política pública de comunicação”, acredita Florence. Além disso, o PL seria parte das mudanças realizadas pela Reforma Administrativa que, na avaliação de Florence, é “um pacote que corta secretarias e propõe redução de custos no governo estadual”. Por isso as entidades temem que a medida signifique, na verdade, um corte de verbas.

Bruno Diniz, integrante da Associação dos Servidores da Rede Minas (Asprem), acredita que o projeto é “omisso” quanto à situação dos servidores. “Ocorrerá extinção de carreiras, funcionários poderão ter que pedir aposentadoria ou exoneração. Se o desenho da estrutura não for bem feito, vai piorar inclusive a qualidade da produção”, levanta.

Reposta do governo O governo afirma que a intenção da EMC é aumentar a interação com o público e que os profissionais serão mantidos. “Os cargos da Fundação TV Minas serão realocados em outras áreas, com a manutenção de todos os cargos efetivos”, garante, em nota. O FNDC enviou, no dia 24 de junho, uma carta à secretaria estadual de Planejamento e Gestão requerendo um seminário de diálogo com a população, para o qual aguarda resposta oficial. Além disso, reafirma a necessidade da efetivação do Conselho Estadual de Comunicação, instituído pela lei 11.406/1994, mas inativo atualmente. O Projeto sobre a Empresa Mineira, enviado pelo governador Fernando Pimentel (PT) aos deputados em maio, já foi aprovado pelas comissões e deve seguir para votação em plenário em agosto.


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MINAS

Acompanhando

Belo Horizonte,15 Horizonte, 11 aa 21 17 de de julho marçodede2016 2016

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Na edição 109...

Lidyane Ponciano/ SindUTE-MG

Trabalho escravo é identificado em duas fazendas de café no interior de Minas Gerais ...E agora Fazendeiro é preso em flagrante Em operação conjunta entre o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, com apoio da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, foi preso em flagrante o proprietário da fazenda Santa Helena, no município de Machado, sul de Minas, no dia 7. Procuradores atestaram a existência de condições degradantes de trabalho e alojamentos precários, funcionários com liberdade reduzida por terem contraído dívidas, entre outros abusos. Fiscais da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde interditaram os alojamentos por serem “impróprios para habitação humana”. Os empregados só recebiam de R$ 40 a R$ 150 reais por mês. Na edição 141... Cemig demite quase 200 trabalhadores em Minas Gerais ...E agora Juíza suspende demissões na Cemig Durante audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na segunda-feira (11), a desembargadora Emília Facchini determinou a suspensão das demissões feitas pela Cemig no mês de junho. Essas demissões não haviam sido homologadas pelo Sindieletro. Uma nova audiência foi marcada para o dia 18, às 14 horas.

EDUCAÇÃO CONTRA GOLPE No dia 8, trabalhadoras e trabalhadores da educação realizaram ato contra a política educacional do governo de Michel Temer. O protesto, que marcou a finalização do Encontro Nacional da Educação, reuniu cerca de 600 pessoas, que seguiram do Hotel Dayrrell até a Praça Sete.

Antônio Coquito

Padre João

26 anos do ECA

Sementes, agrotóxicos e terras

Uma lei é um convite à mudança de prática. Ela resulta do processo dialético da vida em sociedade, que num determinado momento refletiu a necessidade de mudar rumos, superar modelos e promover o avanço da cidadania. No caso, a lei aniversariante – o Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgada no dia 13 de julho de 1990 - traz para o centro da agenda pública um jeito novo de fazer política para a infância e adolescência: a democracia participativa. Ao dispor os caminhos da proteção integral das nossas crianças e adolescentes, o Estatuto alinha-se aos debates, convenções e pactos mundiais da Organização das Nações Unidas (ONU). Como um jovem inconformado e questionador diante da vida, o ECA nos provoca a um agir diferente, inovador e ousado diante da conjuntura sociopolítica. Os 26 anos passados foram de muitos avanços. Agora, precisamos atentar para a eficiência e efiECA nos provoca cácia da gestão dos Consea um agir diferente lhos Tutelares e os Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente. Os Conselhos são definidores do controle social e de participação ativa da sociedade. São, ou deveriam ser, resultados da maturidade política que aponta para o diálogo intersetorial (governo, empresas e sociedade) nos melhores rumos dos desafios à política social. Conselhos fortes e atuantes são garantias de consolidação das prerrogativas do ECA. Considerada por especialistas e juristas a lei mais avançada do mundo no trato com a infância, o ECA chama a todos para a indispensável participação. O impacto da união de esforços, tratando a questão como de toda a sociedade, é direto nos indicadores comunitários e na melhoria da qualidade de vida das cidades. Uma lei não muda um país, mas pode criar um movimento de consciências que promovem a dignidade. Antônio Coquito é jornalista socioambiental

Não é novidade que as grandes corporações da agroquímica e biotecnologia são incansáveis em promover a transgenia e os agrotóxicos. Estas tecnologias provocam perda da biodiversidade, contaminações e prejuízos ao SUS. Nada disso é contabilizado nos custos do agronegócio. No Congresso Nacional, as empresas buscam maiores benefícios e flexibilidade para seus negócios. Exemplos dessa atuação: - Alteração na Lei de Proteção de Cultivares (Projeto de Lei 827/15): As corporações passam a cobrar royalties dos agricultores que guardarem sementes para plantar na próxima safra. Promove a dupla proteção (no cultivo e no evento biotecnológico). Prevê prisão a quem desrespeitar a regra e ainda diminui direitos dos agricultores familiares, indígenas e quilombolas. - Alteração na Lei de Agrotóxicos (Projeto de Lei Estamos perdendo a soberania nacional 6299/02) É o desmonte do sistema normativo de agrotóxicos para instituir um sistema flexível e permissivo, colocando em risco a saúde humana, animal e ambiental. - Alteração na Lei de aquisição de terras para estrangeiros (Projeto de Lei 4059/2012) Na contramão das tendências mundiais, a proposição defende a plena abertura do território rural brasileiro para a compra por estrangeiros. O agricultor vai ser mero agregado para produção de commodities agrícola. Tudo isso representa uma violação, uma afronta a um conjunto de direitos humanos fundamentais, conquistados pela luta popular. Faz-se necessário mobilizar todas as forças possíveis para barrar esses projetos e impedir retrocessos. Estamos perdendo a Soberania Nacional. O golpe está em todo lugar. Padre João é deputado federal do PT/MG


Edição Especial

Feira de produtos da Reforma Agrária

Joka Madruga

Pratos típicos de todas as regiões do Brasil, além de centenas de variedades de produtos serão vendidos na feira

| PÁGINA 2 | Minas Gerais

julho de 2016 • edição especial • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Festival ocupa Belo Horizonte com cultura camponesa

Joka Madruga

De 20 a 24 de julho, a Praça da Estação e a Serraria Souza Pinto recebem uma feira com mais de 160 toneladas de produtos como frutas, grãos e verduras, shows, mostra de poesia, música, artes plásticas e fotografias. O Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pretende mostrar a diversidade da vida no campo brasileiro. Entre as atrações confirmadas, estão Chico César (foto), Xangai, Zé Mulato e Cassiano, Aline Calixto, Pereira da Viola e Renegado


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160 toneladas de produtos da reforma agrária serão vendidos em BH FESTIVAL Praça da Estação e Serraria Souza Pinto recebem atividades culturais e feira Arquivo MST

Agatha Azevedo

dutos agroecológicos, orgânicos, artesanatos, agroindustrializados e in natura.

E

ntre os dias 20 e 24 de julho, Belo Horizonte receberá iguarias de todos os cantos do país. Caminhões carregados com a cozinha e produtos da reforma agrária, vindos dos mais diversos assentamentos e acampamentos, trarão a produção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para a capital mineira. A Feira, que acontece na Serraria Souza Pinto, é parte da programação do Festival da Reforma Agrária e trará mais de 160 toneladas de alimentos para comercialização, dentre eles, pro-

Legumes, frutas e grãos produzidos nos assentamentos e acampamentos serão comercializados em BH

Produtos mineiros Uma das atrações principais é o Café Guaií, produzido no Sul de Minas Gerais. O famoso cafezinho mineiro é produzido por 500 famílias – de 3 assentamentos e 11 acampamentos – que vivem e trabalham na terra desde 1996. Do Norte de Minas, virão rapadura, açúcar mascavo, geleia de umbu e doce de castanha de baru, além de mel. Produtores de 16 estados, distribuídos em mais de 100 cooperativas, 96 agroindústrias e 1,9 mil associa-

ções, trarão pratos típicos de cinco regiões do país para a Feira Gastronômica do MST.

Além de venda de produtos, feira vai contar com pratos típicos de todas as regiões do país Quem passar pelo local poderá provar pato no tucupi, churrasco de bode, tapioca, frango com pequi, acarajé, arroz carreteiro, o tropeiro mineiro e outras iguarias dos assentamentos.

Agroecologia como alternativa ao agronegócio CULTIVO CONSCIENTE Técnologia prevê a plantação sem venenos e preservação da natureza Pablo Vergara

Movimento aposta na agroecologia como saída para a crise alimentar mundial

Raíssa Lopes

A

limentos saudáveis, livres de agrotóxicos e derivados de uma produção voltada não apenas para a venda, mas para a cons-

ciência dos meios de produção, da situação de pessoas que vivem deles e da utilização consciente da natureza. Essa é a proposta da agroecologia, uma forma de cuidar da terra que é tam-

bém uma ciência, segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que a adotou, ainda que muitas vezes em um processo de transição. O conceito de agroecologia é da década de 1930, e caracteriza um tipo de produção que não usa produtos químicos e recicla todos os seus componentes. Bruno Silva Diogo, do setor de produção do MST, explica que ela é a saída sustentável contra o agronegócio, apresentado pela grande mídia como única forma de plantar em larga escala. “Esse modo de produção [agronegócio] é um pacto entre grandes propriedades, empresas, meios de comunicação de massa e o Estado”, pontua. “Mas

ele não se sustenta sem as imensas quantidades de recursos financiados todos os anos. Além disso, gera desigualdades sociais e envenena as águas, solos e os alimentos no campo e na cidade”, critica. Sem crise alimentar Segundo relatório anual publicado em 2015 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), uma em cada

sete pessoas no mundo passa fome. O MST ressalta que a proposta de agroecologia poderia auxiliar a solucionar a crise alimentar. “Isso nos diferencia do modelo destruidor da exploração de camponeses. Ao recuperar e preservar as matas, por exemplo, os assentados se tornam produtores de água. Por isso defendemos a necessidade de uma Reforma Agrária Popular”, afirma Bruno.

Expediente:

Esta publicação é uma parceria entre o Brasil de Fato Minas Gerais e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Contatos:

redacaomg@brasildefato.com.br (31) 3568-0691 (31) 3309-3304


EDIÇÃO ESPECIAL | 93

“Acampamentos não resistiriam se não fossem as músicas” ENTREVISTA Dirigente do MST afirma que movimentos populares precisam incorporar arte e cultura em sua rotina Geanini Hackbardt

Rafaella Dotta

O

Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária chega a Belo Horizonte com toneladas de alimentos, mas também com litros e litros de arte. Segundo Ênio Bohnenberger, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pelo menos 16 estados estarão representados na mostra de música e poesia.

Ênio: “Enquanto um discurso ou livro podem ser um pouco difíceis de entender, a arte é muito fácil de levar ideias”

ra como sobrevivência política e de um processo que começou oficialmente em 1999, com o primeiro Festival de Música do MST, na cidade de Palmeira das Missões (Rio Grande do Sul).

A gente quer mostrar para a sociedade o que a gente é, o que a gente faz diariamente” Este é o resultado de um movimento que tem a cultu-

Brasil de Fato: Qual a intenção deste festival? Ênio Bohnenberger: O objetivo é utilizar essas atividades culturais para a uni-

dade do movimento semterra. Segundo, é divulgar o que a gente produz no campo. A gente quer mostrar para a sociedade o que a gente já é, o que a gente faz diariamente. Desde a produção de alimentos até a cultura das nossas escolas. O MST não é um movimento por terra? Qual a ligação com a cultura?

Muitos acampamentos nossos não resistiriam se não fossem as músicas, e a cultura muitas vezes religiosa. Muitas vezes, quando a gente rezava, não era uma reza para um deus que ia salvar a gente, mas para buscar força. Assim é quando a gente canta: nos dá um elemento extraordinário para a luta.

O festival faz parte da luta política por democracia” Desde quando existe essa ligação do MST com a arte? A música e a poesia foram as coisas que mais se expressaram no MST des-

de o primeiro momento. Composições cantadas no Sul passaram a ser cantadas também no Pará, o que nos unificou muito em termos nacionais. Enquanto um discurso ou um livro podem ser um pouco difíceis de entender, a música, a poesia, a dança são meios simples de conscientizar e levar ideias. Por que realizar em Belo Horizonte? Escolhemos BH porque é uma das capitais mais importante do país e porque tem uma cultura da periferia se destacando aqui, e está cumprindo um papel fundamental. Basta a gente ver o carnaval de Belo Horizonte. Isso pode nos ajudar a entender como vamos enfrentar o golpe que está acontecendo no país. O festival não é um evento que no dia 24 acaba. Nós queremos transformá-lo em uma luta política por democracia.

Em 32 anos, 350 mil famílias foram assentadas junto ao MST REFORMA AGRÁRIA Movimento mantém entre suas bandeiras a luta por uma sociedade mais justa O que é o MST? O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é um movimento popular fundando em 1984, com o objetivo de lutar pela terra, por reforma agrária e pela transformação social. Atualmente, está presente em 24 estados do Brasil. O MST afirma que 350 mil famílias foram assentadas a partir da ocupação de terras.

Escola itinerante O MST destaca que a “educação é instrumento fundamental para a continuidade da luta”. Assim, montam uma escola em toda ocupação de terras, para atender desde crianças até idosos. Essa ideia da educação que segue a dinâmica da luta social inspira as “escolas itinerantes”, que caminham junto com o movimento.

Acampamento X Assentamento Uma ação muito característica do movimento é a ocupação de terras, para pressionar o Estado a fazer a reforma agrária. Os trabalhadores rurais chamam essa forma de organização de acampamento, onde muitas vezes moram durante anos. Quando o Incra compra a terra improdutiva do proprietário e faz a desapropriação, ela se transforma em assentamento, local de produção, moradia e luta por direitos.


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Festival ocupa latifúndio da arte e cultura no Brasil DIVERSIDADE Mostra de poesia, música, artes plásticas e fotografia fazem parte da programação Arquivo MST

Solange Engelmann

Artistas se somam à festa

A

lém de ocupar latifúndios, prédios públicos e rodovias como forma de pressionar para a conquista de direitos, como o acesso à terra e políticas para o campo, o MST também busca ocupar outros espaços, para reconstruir a cultura popular e camponesa através da luta e da resistência. Segundo Ester Hoffmann, da direção nacional, é por isso que, além de focar na produção de alimentos sem agrotóxicos, a organização inclui outros setores, como a cultura, a comunicação e a educação. “O Festival de Arte e Cultura é uma prova disso. O movimento vai mostrar o que produz não só na terra, mas no campo do pensamento. E também fortalecer os laços de integração com os trabalhadores da cidade”, afirma. Como parte da programação, está prevista uma Mostra de Poesia, que contou com inscrições de diversos poetas do Brasil. “A Mostra de Poesia trará a vida do camponês ao versar sobre seu dia a dia, os desafios da peleia, a história de nossos massacres. Ao poetizar sobre o ataque à democracia que estamos vivendo, trará a justeza da luta da classe trabalhadora ao escrever sobre ela”, conta Luana Oliveira, do setor de cultura. Seminários e debates Paralelo ao festival, serão realizados debates sobre temas importantes no momento histórico do país, como educação, saúde, gênero e comunicação. O principal tema em dis-

Ao longo do festival, vários shows devem embalar as noites na Praça da Estação. Titane, Pereira da Viola e Wilson Dias são alguns dos confirmados, em apresentações gratuitas. Mostra de poesia vai contar com apresentação de diversos poetas do Brasil todo

cussão é o papel da cultura na formação política dos sujeitos Sem Terra e trabalhadores do campo na luta por mudanças sociais, políticas e culturais. “Pretendemos estimular a leitura do conjunto da classe trabalhadora sobre a política e a cultura de resistência. Queremos também construir elementos para reforçar o projeto de Reforma Agrária através da cultura popular, na qual as trabalhadoras e trabalhadores sejam sujeitos”, afirma a integrante do setor de formação do MST, Michelle Neves.

Mostra de Artes Plásticas O festival também conta com a Mostra de Artes Plásticas, que por meio de fotos e pinturas vai expor fatos sobre os 32 anos de história do MST. As obras são de vários fotógrafos e artistas camponeses e apoiadores, que colaboraram no registro da história do MST. “As fotos têm o potencial de denunciar, problematizar e propor alternativas à concentração da terra e a questão agrária no Brasil”, afirma Evelaine Martines, do coletivo nacional de cultura.

Acampamento em miniatura O Festival vai contar também com a montagem de um “Acampamento Sem Terra”, de lona preta, na Praça da Estação. A exposição do acampamento vai reproduzir um conjunto de experiências desenvolvidas pelos trabalhadores do MST nos acampamentos e assentamentos do país, como a organização de uma escola itinerante, espaço de saúde, debates sobre questões de gênero e experiências de produção agroecológica. O visitante terá a oportunidade de manter contato com um barraco– espaço de moradia itinerante e precária até a conquista da terra -, e, através de imagens, vídeos, áudios e conversas, ampliar os conhecimentos sobre a vivência dos trabalhadores do MST no seu processo de luta e organização.

“O festival é uma oportunidade para que a população da cidade se encontre com os assentados, converse a respeito da realidade dentro dos assentamentos, a respeito dessa prática tão importante que é convívio dentro das ocupações. A experiência do MST para nós é fundamental” - Titane Sian Sene

Reprodução

“Para mim está sendo uma grata alegria fazer parte desse momento especial, do Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária. É um momento em que a gente mostra pra sociedade brasileira a produção que o MST faz, que alimenta a nação brasileira” - Pereira da Viola

“Nada melhor do que a gente utilizar a nossa arte para dar as mãos a esse projeto maior. O MST vem mostrar o que está propondo para a política. Um projeto de transformação, que a gente acredita. A gente quer dar para os nossos filhos alimentos que alimentem de fato e não envenenem. Vamos fazer que nem os passarinhos, cantar em bando porque a arte tem que ocupar esse espaço” - Wilson Dias

Reprodução


Belo Horizonte, 19 a 25 08 de afevereiro de 2016 Belo Horizonte, 14 de julho de 2016

Temer vai cortar auxílio de trabalhadores afastados por doença RETROCESSO Objetivo é cancelar 30% dos benefícios em vigor. Medida provisória também vai interromper 150 mil aposentadorias por invalidez Rafaella Dotta/BF MG

Rafael Vilela

O

governo interino de Michel Temer decidiu cancelar boa parte dos benefícios previdenciários por incapacidade, como o auxíliodoença e aposentadoria por invalidez. As mudanças, já em vigor, constam na Medida Provisória (MP) 739, publicada na semana passada. Com a MP, a expectativa da equipe de Temer é cortar cerca de 30% dos auxí-

Não existe índice de irregularidade que justifique o cancelamento de 30% dos auxíliosdoença”, diz advogado lios-doença, afetando mais de 250 mil dos 840 mil beneficiários em todo o país. No caso das aposentadorias por invalidez, a meta do governo interino é reduzir o benefício em 5%, índice que representa 150 mil, do total de 3 milhões de segurados. A economia de recursos pode ultrapassar os R$ 6,3 bilhões, segundo os cálculos oficiais. “Não existe esse índice de irregularidade nos benefícios previdenciários que justifique o cancelamento de 30% dos auxílios-doença, por exemplo. O que o governo está fazendo é retroceder em direitos sociais da população mais pobre”, aponta o advogado de Direito Previdenciário João Badari, sócio do escritório Aith, Badari e

Advogado especialista afirma que é “farsa” o argumento de déficit do INSS, que, segundo ele, tem saldo de R$ 50 bilhões

Luchin Advogados. Alta programada A concessão de novos benefícios também passará a ter regras mais rígidas. Pela MP, “sempre que possível”, a concessão de auxílio-doença, judicial ou administrativa, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Na ausência de fixação do prazo, o benefício será cortado após o prazo de 120 dias, a partir da data de concessão ou de reativação. “Isso é uma aberração! As pessoas têm uma capacidade de recuperação diferente, de acordo com idade, sexo e condições físicas. Não pode haver corte automático sem reavaliação médica. Como uma pessoa afastada para o tratamento de um câncer, por exemplo, vai saber que em 120 dias estará recuperada para voltar ao trabalho?”, questiona

João Badari, advogado especialista em Direito Previdenciário. Ele prevê uma enxurrada de processos judiciais de segurados contra as novas medidas, o que deve reduzir a economia pretendida pelo Ministério da Fazenda. O governo Temer também pretende reavaliar cerca de 4,2 milhões de inscrições no Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido a idosos ou pessoas com deficiência com renda familiar per capita menor que R$ 220 por mês (um quarto do salário mínimo). Sem déficit O advogado João Badari, especialista em Direito Previdenciário, classifica como “farsa” o discurso do governo de que o INSS apresenta déficit e, por isso, precisa reduzir os benefícios. “O INSS é amplamente superavitário,

Proposta prevê corte de benefício após 120 dias, se não houver prazo fixado manteve saldo positivo de R$ 50 bilhões ao ano e, mesmo em ano de crise, como agora, o saldo é de cerca de R$ 20 bilhões”, argumenta. Badari não poupa críticas ao foco do governo, que é cortar benefício dos mais pobres, segundo ele. “Por que não age para cobrar débitos previdenciários devidos pelas empresas? Por que continuar desonerando a folha de pagamento das empresas e, ao mesmo tempo, cortar direito social do trabalhador que financia a Previdência? Não tem sentido”.

BRASIL

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Fatos em Foco Rodrigo Maia é novo presidente da Câmara O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito, na madrugada de quinta-feira (14), presidente da Câmara dos Deputados. Ele recebeu 285 votos no segundo turno, disputado com o deputado Rogério Rosso (PSD-DF). Parlamentares de esquerda contestaram a nomeação e, em protesto, se retiraram do plenário durante o andamento da votação por considerarem que as duas candidaturas fortalecem as forças conservadoras na Casa. Maia exerce atualmente o quinto mandato como deputado federal e foi, por duas vezes, líder da bancada do DEM. Ele é citado na Lista de Furnas por ter recebido R$ 100 mil para sua campanha em 2002 e é filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia.

Novo presidente da Samarco é investigado Uma investigação foi aberta pelo Ministério Público Federal para apurar denúncias de crimes ambientais contra o atual presidente da Samarco, Roberto Carvalho. Segundo o processo, o executivo não teria cumprido plenamente as exigências do Ibama à mineradora, como ações emergenciais para conter a lama que vazou da barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, que causou a morte de 19 pessoas. O procedimento no MP foi aberto na terça (12) e segue em apuração.


12 12

MUNDO

Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

“A política neoliberal pretende eliminar os trabalhadores e também as escolas” EM RISCO Professor mexicano fala sobre a reforma na educação que está levando milhares de pessoas às ruas em seu país Lidyane Ponciano/SindUTE-MG

Rafaella Dotta

O

México passa por uma série de violências devido ao aumento da repressão a protestos. Destacam-se o caso dos 43 estudantes desaparecidos, em setembro de 2014, e recentemente a morte de 12 pessoas em uma manifestação em defesa da educação do país. Professores protestavam quando foram surpreendidos por policiais que abriram fogo contra os presentes. Segundo José Antonio Altamirano, um dos dirigentes da Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), a repressão é uma forte marca do governo federal mexicano, gerido por partidos neoliberais. Da CNTE, 14 dirigentes estaduais e nacionais são presos políticos. Mas atualmente são “milhares e milhares de presos”, reforça Altamirano, que também é professor de educação básica no estado de Oaxaca. Brasil de Fato: Sabemos que o México é um país conhecido como um dos mais neoliberais da América Latina. Qual é, atualmente, a característica mais marcante dessa política? José Antonio Altamirano: A característica fundamental é a imposição de políticas a sangue e fogo, com base na repressão contra o povo trabalhador. Junto a isso acontece a criminalização dos protestos sociais. No México, os

No México, os protestos não estão permitidos, na prática”

José Antonio relata que o governo abriu fogo contra os manifestantes, ferindo 150 pessoas e matando 12

protestos não estão permitidos, na prática. Há um clima fascista, de terror, a quem se opõe a essas políticas neoliberais. A última delas é a chamada reforma educativa. O que é esta reforma educativa? É chamada assim, mas não tem absolutamente nada a ver com educação. O objetivo é eliminar e despedir os trabalhadores mediante um exame que o governo diz ser uma política de “evolução docente”. Mas nós discordamos. Esse é um instrumento policial para despedir milhares e milhares de professores. O projeto abre espaços para a entrada da iniciativa privada nas escolas, e isso está acontecendo através de grandes empresas de livros. A única coisa que se sabe é que tende à privatização, e que pretendem eliminar a educação pública, gratuita, laica e obrigatória no México.

Como os professores têm respondido à implantação dessa reforma? Nós temos enfrentado essa política com resistência or-

Esta luta já não é unicamente dos professores, é da população”

ganizada e desobediência civil pacífica. Não vamos obedecer a essas leis porque são contrárias aos trabalhadores da educação e contrárias ao povo, e pretende despedir os professores, como já estão fazendo. Mas esta luta já não é unicamente dos professores, é da população. E ela não é nacional, é internacional. Porque os governos neoliberais podem ser encontrados em várias partes do mundo e temos que enfrentá-los de maneira unida. Os professores mexicanos estão organizando manifestações há muitos meses e, em uma das últimas, sofreram um ataque policial que deixou mortos. Como foi isso? Em 19 de junho deste ano, a Polícia Federal e a polícia estadual de Oaxaca, um estado do México, chegaram ao local em que estávamos manifestando. Contrários ao protocolo, dispararam na população em geral. Assassinaram 12 pessoas. Um deles era um professor indígena e os demais eram moradores do local. Até este momento contabilizamos mais de 150 feridos. Houve também companheiros presos e outros que desa-

pareceram por alguns dias, mas já estão bem. Essa ação foi um crime de lesa humanidade. No Brasil, passamos atualmente por ameaças à educação pública. Você vê semelhanças entre a política implantada no México e o projeto que o presidente interino Michel Temer anuncia?

A privatização da educação está se dando em todos os países cujo governo é neoliberal” Privatizações. A privatização da educação está se dando em todos os países cujo governo é neoliberal. Eles já se organizaram de acordo de tal maneira que o serviço educativo, ao invés de gerar gastos, vá gerar lucros para os donos do poder. A política neoliberal pretende eliminar os trabalhadores e também as escolas. É precisamente contra isso que estamos lutando.


Belo Horizonte, 08 a 14 de julho de 2016

13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Novela

Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br

Um registro de amor entre dois homens Reprodução

CAÇA-PALAVRAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Quem tem a palavra?

M E T N E M A V I S S A P M

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M T E R I G A T R A S Y C I

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E D F H H S L G A I I N M E 14

Solução

B ilustração: acervo ediouro

O papel da ESCOLA, bem como o do educador, mudou bastante com o tempo. Antes, o professor era o DETENTOR do saber absoluto. O conhecimento, portanto, ficava restrito a ele, enquanto os alunos PASSIVAMENTE recebiam as informações sem terem qualquer participação no processo de ensino-aprendizagem. Agora, a EDUCAÇÃO é um fenômeno que necessita do trabalho colaborativo entre o profissional de ENSINO e os estudantes. O entendimento acerca de diferentes ASSUNTOS é algo que vai sendo construído aos POUCOS, e isso não depende apenas da figura DOCENTE. Esta não trará respostas prontas, sendo importante que o aluno contribua nesse SENTIDO. A metodologia pedagógica atual propõe que o EDUCANDO seja participativo e auxilie nesse contexto de descobertas. Os conteúdos de AULA devem ser tratados como temas de DEBATE, no qual todos possam OPINAR e justificar seu PONTO de VISTA.

em mais ousado, igualmente profundo e menos comum do que os anteriores. Refiro-me a mais um registro das questões da vida de homossexuais nas telenovelas. Questões não menos importantes do que as da vida de qualquer pessoa, mas certamente mais difíceis. Refiro-me à belíssima, amorosa e “inesperada” cena de amor e sexo entre André (Caio Blat) e Tolentino (Ricardo Pereira) em “Liberdade, Liberdade”, de Mario Teixeira, exibida na última semana. Já havíamos contado aqui sobre a amizade afetuosa dos dois, quando Tolentino, militar da Coroa portuguesa, dorme ao lado de seu amigo, de origem nobre, e não resiste em dar uma espiada no corpo dele. Com o tempo, a amizade entre eles se torna mais forte e próxima. Diante da certeza do amor entre os dois, diante das “voltas que o mundo dá, diante as surpresas que a vida nos reserva, de uma segunda natureza muitas vezes oculta”, usando as palavras do português, os dois se permitem viver o que sentem e desejam. E fazem amor, um lindo amor, que se descobre mais forte a cada parte do corpo e a cada toque. O novo registro é mais ouParece que muita sado por duas razões: primeigente não sabe que ro por retratar um tempo hisdois homens podem tórico em que a homossexualidade sequer era considerada se amar como possível na convivência

E T N E M A V I S S A P I V A L U

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A L O C S E E T N E C O D D I S O C U O P T S N D E T E N T O R E T O S N T D E B A T E U N S O D N A C U D E S P A A

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R A N I P O

social; segundo porque trata do amor de um militar e de um fidalgo. É igualmente profundo porque mostra o quão difícil e demorado pode ser aceitar e se permitir amar alguém do mesmo sexo. É menos comum porque foi além do beijo, evidenciando o encontro dos corpos de homens nus, desde o despir-se até a intimidade na cama. A cena é um registro inicial para os muitos que não sabem que dois homens podem se amar. Mesmo há 200 anos, dois homens podem se beijar, se tocar e transar. A luta pelo reconhecimento sociopolítico das pessoas LGBTT se fortalece com registros como esse. Tem muita gente que não sabe que homossexuais podem amar, casar, ser pais, e ser felizes como qualquer outra pessoa. E por não saber, podem até discriminar sem notar que está discriminando. Vamos ficar mais atentos? Estarei de férias nas próximas semanas. Até a volta!


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CULTURA

Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

Sarau Vira Lata na próxima semana Reprodução

Festival traz costumes da França para BH

Arraiá com danças maranhenses Iphan

Divulgação

Na próxima terça (19), será realizada mais uma edição do Sarau Vira Lata, movimento que reúne e divulga os trabalhos dos artistas e escritores de Belo Horizonte. Desta vez, o evento convida a educadora e poeta nova-limense Nívia Sabino, que lançará no dia seu primeiro livro, “Interiorana”. As apresentações são abertas para quem deseja participar, os interessados devem apenas realizar inscrição prévia pouco antes do início e levar os textos que queiram recitar. O sarau acontece a partir das 19h, no Teatro Espanca! (Rua Aarão Reis, 542 - Centro).

Nos próximos sábado (16) e domingo (17), Belo Horizonte recebe o Festival Liberté, que reúne atividades culturais trazidas direto da França para Minas Gerais. Serão realizadas, em diversos locais da cidade, sessões de cinema francês e curtas brasileiros apresentados em Cannes, apresentações de teatro, música, exposições fotográficas, lançamento de livros, saraus e feira de comidas típicas. Os eventos acontecem no Cine Santa Tereza, Sesc Palladium, Praça da Liberdade, CCBB e Praça José Mendes Júnior. Para visualizar a programação completa, acesse o link: http://migre.me/ul75u.

No domingo (17), acontece Arraiá regado a ritmos maranhenses no Quintal Escambo Cultural (Rua Magi Salomon, 215 - Salgado Filho), das 14h às 23h. O evento conta com correio elegante, quadrilha, apresentações de forró, tambor de crioula, coco, bumba meu boi, maracatu, show do artista Phillip Morais e vendinhas com a tradicional culinária das festas juninas. A entrada custa R$ 10.

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Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

ESPORTES

15 15

Tiago Ciccarini / Divulgação JEMG

Governo Anastasia desviou R$ 63 milhões, aponta TCE Omar Freire/Imprensa MG

Da redação ração de Recursos Minerais (CFEM), devia ser revertido em benefício das Um relatório do Tribunal de Contas regiões atingidas pela mineração, mas do Estado (TCE) aponta que o Gover- foi usado para pagar o consórcio Minas Arena, responsável pela reforma e openo do Estado de Minas Gerais, durante ração do Mineirão. a gestão de Antônio Anastasia (PSDB), Em nota, o PSDB negou que os redesviou cerca de R$ 63 milhões de um passes tenham sido irregulares. “De fundo voltado para a fiscalização da acordo com a Lei 7990/79 (art 8º), os atividade de empresas mineradoras. A recursos da CFEM só não poderão denúncia refere-se ao ano de 2013. ser aplicados ‘em pagamento de díO recurso, arrecadado por meio da vida ou quadro permanente de pesCompensação Financeira pela Explo- soal”, afirma.

Lavras sedia primeira etapa dos Jogos Escolares de Minas Gerais

D

e 11 a 16 de julho, mais de 4.500 alunos entre 12 e 17 anos participaram da etapa estadual dos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG), na cidade de Lavras, sul de Minas. Alunos de 215 municípios competiram em modalidades como atletismo, badminton, ciclismo, judô, natação, tênis de mesa e xadrez. Atletas também disputaram em modalidades paralímpicas, como atletismo, bocha, natação e tênis de mesa. Os esportes coletivos serão disputados no período de 1 a 7 de agosto, também em Lavras. Os JEMG são a maior competição esportiva escolar de Minas, realizada em quatro etapas: municipal, microrregional, regional e estadual. O desempenho no torneio dá direito a representar o estado nos Jogos Escolares da Juventude e nas Paralimpíadas Escolares.

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NOVOS ENCONTROS O GOVERNO DE MINAS GERAIS ABRE CAMINHOS PARA LEVAR A CIDADANIA PARA O CAMPO.

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� 14 ENTIDADES E ÓRGÃOS PÚBLICOS ENVOLVIDOS

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� 797 MUNICÍPIOS BENEFICIADOS

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� PREVISÃO DE R$ 1,3 BILHÃO INVESTIDOS ATÉ 2018

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O Governo de Minas Gerais está plantando sementes para promover a cidadania, a participação social e o desenvolvimento territorial sustentável em regiões do campo que se encontram em situação de alta vulnerabilidade social. É o Novos Encontros. Um conjunto articulado de programas, ações e projetos voltados para valorizar a diversidade do campo, ampliar e qualificar o acesso aos serviços públicos, gerar renda e melhorar a infraestrutura rural com foco na elevação das condições de vida e de produção. Novos Encontros. Um importante passo do Governo de Minas Gerais para promover a inclusão social e produtiva, levando mais oportunidades para milhares de famílias que vivem no campo.

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Belo Horizonte,15 a 21 de julho de 2016

CBF divulga listas para Olimpíadas

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução

Fernando Frazão/ Agência Brasil

É um troféu para todos os portugueses, todos os imigrantes, todas as pessoas que acreditaram em nós. Cristiano Ronaldo, capitão da seleção de Portugal, reconhecendo a importância dos imigrantes na conquista da Eurocopa. O atacante Éder, autor do gol do título, nasceu em Guiné-Bissau.

Marta é a esperança do Brasil no feminino

A

Confederação Brasileira de Futebol divulgou, na quinta (14), as listas de atletas convocados para os Jogos Olímpicos, futebol masculino e feminino. Os destaques bra-

sileiros são Neymar, pelo masculino, e Marta, pelo feminino. As mulheres estreiam contra a China, no dia 3, no Engenhão. Os homens pegam a África do Sul no dia 4, no Mané Gar-

rincha. O Mineirão receberá quatro partidas do masculino e seis do feminino. Até hoje, as seleções brasileiras ainda não conquistaram nenhuma medalha de ouro no torneio.

Gol de placa A estadunidense Serena Williams conquistou seu 22º Grand Slam, título concedido a um/a tenista que vence todos os quatro torneios de tênis da temporada. Com a conquista, Serena se igualou a Steffi Graf, consagrando-se uma lenda viva do esporte mundial.

Gol contra Seguranças da partida entre Flamengo e Atlético-MG mandaram tirar a faixa de “Fora Temer”. O jogo entre Chapecoense e Corinthians foi paralisado até que a torcida alvinegra retirasse a faixa com os dizeres “CBF da corrupção”. Não há liberdade de expressão.

Decacampeão Bráulio Siffert Com dez derrotas, dois empates e duas vitórias, o América igualou o Náutico de 2013 com o pior início de Primeira Divisão nos pontos corridos. A cada rodada, fica difícil acreditar que o desfecho não será o mesmo: rebaixamento em último lugar com antecedência. Sem raça, sem finalizar a gol, sem organização na defesa e sem jogadores de nível de

É Galo doido! Rogério Hilário

Série A – com exceção do goleiro João Ricardo, o América perde com facilidade e não dá qualquer demonstração de que algo possa mudar. Jogadores como Leandro Guerreiro, Borges, Osman e Alan Mineiro representam a decadência e o abatimento do time. Todos precisam ser sacados e dar lugar à dignidade e vontade dos jogadores da base.

Eu tinha um colega especialista em definir o indecifrável: nem melhor ou pior, apenas diferente. A expressão simboliza o Atlético deste ano. Da mudança de Diego Aguirre para Marcelo Oliveira, esperava-se uma ascensão tática e técnica. Se houve acréscimo em talento, mantiveram-se as variações no desempenho do time. Preocupa a dependência

La Bestia Negra Leo Calixto

de Cazares. Quando ele se contundiu, a torcida sentiu calafrios. Agora, as orações são pela recuperação do meiocampista, que não tem substituto. Dátolo está com um pé fora. Robinho, Maicosuel e outros não são aptos para a função. A torcida já se agastou com o polivalente Patric. O Brasileirão é longo, assim como a agonia parece eterna.

Dois meses à frente do Cruzeiro. Este é o tempo de trabalho que Paulo Bento tem em terras tupiniquins. Não há treinador que consiga estruturar uma equipe de futebol composta por 34, 35 jogadores em apenas dois meses. Acreditar nisso é ilusão, mesmo com as vitórias acontecendo com maior frequência. O resultado do último jogo foi vergonho-

so, mas, se observarmos o desempenho, veremos que o time está se estruturando e há de melhorar com as chegadas dos reforços e dos jogadores que estão no DM. Falamos em mudar a cultura imediatista do futebol brasileiro, mas não conseguimos (torcida, imprensa) fazer uma análise isenta da situação quando nosso time que está envolvido.


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