ESPECIAL
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11 ENTREVISTA
Rogério Hilário
Minas Gerais
Antônio Cruz / Agência Brasil
O legado amargo do café
Não se cura o que não é doença
Reportagem especial mostra a difícil vida dos trabalhadores das plantações do Sul de Minas, muitas vezes vítimas de trabalho escravo e maus tratos
Psicóloga explica as reviravoltas do projeto da “Cura Gay” na Câmara e afirma que abordar homossexualidades como doenças pode ter consequências graves
05 a 11 de agosto de 2016 • edição 147 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita
Olimpíadas de contradições
Fernando Soutello / Rio2016
BRASIL
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Torneios esportivos disputam espaço com a crise política, a crise das finanças no Rio de Janeiro e violações de direitos. População, que torce pelo sucesso dos atletas, não acredita que evento possa trazer benefícios ao país. Na Cidade Maravilhosa, clima de guerra toma conta das ruas
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
Editorial | Brasil
Em tempos de Olimpíadas, estão jogando com nosso futuro
ESPAÇO dos Leitores
“Parabéns, Brasil de Fato, por transpor tantos desafios e chegar até aqui, em trajetória pautada por luta, justiça, honestidade!” Taciana Dutra sobre os 3 anos do Brasil de Fato MG
“E o desgoverno quer terceirizar mais setores. Tempos sombrios”. Maria Stella Senra comentando a matéria “Terceirizada da Cemig despede trabalhadores sem pagar direitos”
“O genocídio da juventude negra continua em pauta no Brasil. E ainda temos que ouvir que reparação histórica é segregação!” Maria Catarina Laborê comentando a “Declaração da Semana” , de Michael Jordan
“A injustiça é geral! Principalmente com os pobres, favelados e negros!”
Flávia de Carvalho comentando a “Frase da Semana”, de Preta Gil
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Nos próximos dias, o Brasil sedia o maior evento esportivo mundial, as Olímpiadas. Os Jogos Olímpicos tiveram inicio na Grécia antiga, quando homens realizavam jogos para homenagear Zeus, um dos deuses dos gregos, e as mulheres jogavam em homenagem à deusa Hera. Os vencedores recebiam uma coroa de louro ou de folhas de oliveira. O grande jogo que está sendo jogado aqui em nosso país não é o das Olímpiadas, nem para homenagear o deus Zeus, nem Hera, mas sim, para disputar nosso imenso e rico território natural, para estabelecer um novo padrão de exploração dos
Temer vendeu parte do pré-sal a preço de banana nossos trabalhadores e trabalhadoras, para redefinir o papel do Estado e apropriar-se privadamente da mais valia social, retirando direitos historicamente conquistados e para apropriação privada das tecnologias produzidas pelo trabalho social, hoje boa parte ainda sob o controle das nossas estatais. A disputa neste momento se dá num cenário de crise do sistema capitalista e por isso as regras do jogo são modificadas pelos que detêm mais poder. Vemos claramente que o golpe na democracia brasileira que enfrentamos na atualidade, o qual afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff, é claramente com objeti-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
vo de alterar as regras em favor das grandes empresas e bancos internacionais que desejam retomar suas taxas de lucros. Está em risco nossa soberania, ou seja, a capacidade de o povo definir sobre os rumos do país. Várias estão sendo as medidas golpistas, por exemplo, a entrega nesses dias de uma primeira parte do pré-sal, a do campo de Carcará, para a empresa norueguesa Statoil. Um triste exemplo de como será repassado aos interesses internacionais
Governo quer alterar regra de exploração do pré-sal a favor de empresas e bancos internacionais o grande tesouro do povo brasileiro. O lucro esperado nesse campo, entregue pelos golpistas por R$ 8,5 bilhões, está estimado por baixo em R$20 bilhões, mas pode chegar a mais de R$ 40 bilhões, duas ou quatro vezes mais o que foi estimado em desvios dos envolvidos na Operação Lava Jato. Por esse motivo, os próximos dias serão definitivos para o povo brasileiro. Estão jogando com nosso futuro. A Frente Brasil Popular planeja para a abertura oficial das Olímpiadas no Rio de Janeiro, uma grande mobilização nacional pelo fora Temer. Pretende-se mostrar e denunciar para o mundo o golpe que estamos enfrentando no Brasil em pleno século XXI.
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Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
Amamentação – em qualquer lugar – é legal
Frase da Semana
GERAL
3 Maxwell Vilela
“Tem que ter paciência pra aguentar tanta burrice que tem. Eles, realmente, não sabem lidar com uma mulher no rap nacional. Tô eu aqui, e outras, pra mostrar que não precisa ter medo. É só se juntar e arrasar juntas” Midia NINJA
A Semana Mundial do Aleitamento Materno é comemorada entre os dias 1 e 7 de agosto em mais de 120 países. Seu objetivo é promover uma reflexão sobre os benefícios do leite materno e estimular que as mamães amamentem seus filhotes. O leite materno constitui um alimento completo para a criança de zero a seis meses de idade e um alimento complementar ideal até os dois anos ou mais. Rico em nutrientes, gordura, proteína, fatores imunológicos e água, esse alimento reduz o risco de alergias, hipertensão, diabetes e obesidade, e ainda contribui para o desenvolvimento da cavidade oral, dentição, fala e respiração.
Mariana Zarpellon
BombouNaRede
disse a rapper Karol Conka, em entrevista para o Canal Curta.
Divulgação
PERGUNTA DA SEMANA Começou a primeira Olimpíada da América do Sul. O evento, que dá visibilidade ao Brasil em todo o mundo e envolveu uma grande preparação, não tem a aprovação de boa parte dos brasileiros. A situação de crise econômica e política do país, para a qual muito contribuíram as forças que agora estão no governo federal, minou o clima olímpico. O Brasil de Fato saiu às ruas para perguntar:
O que você pensa sobre as Olimpíadas no Brasil?
A atriz Leticia Sabatella foi agredida no domingo (31) durante a manifestação pró-impeachment em Curitiba (PR). Após o episódio, ela publicou um vídeo no Instagram que mostra o momento em que várias pessoas começam a xingá-la de “sem vergonha”, “petista”, “comunista” e “puta”. “Não fui provocar ninguém, passava pela praça antes de começar a manifestação e parei pra conversar com uma senhora. Meu erro. Preocupa esta falta de democracia no nosso Brasil. Eles não sabem o que fazem”, escreveu Leticia em um post na rede social.
Divulgação
Há um grande investimento, mas a gente não vê retorno. Se eu não me engano, a maior parte do dinheiro vai para fora. Acredito que os políticos aproveitam as Olimpíadas para votar leis que vão contra a população e criam obras com faturamento alto. Jacson Araújo
Na minha opinião, com a crise que a gente está passando aí, só traz prejuízo. Com as Olimpíadas, os políticos acabam gastando mais e isso é ruim. Poderia ser depois da crise, priorizar outras coisas, mas agora eu não acho bom, não. Vani Fernandes
l
ou ma d n a m
Mc Biel parece que não se cansa de dar closes errados. Após ter sido acusado de assédio sexual por uma repórter que o entrevistava, o cantor declarou em entrevista que ela teria “prejudicado sua carreira”. Como se não bastasse, ele utilizou seu “enorme talento” e transformou em música as palavras que usou para assediar a jornalista. Em um show, ele teve a coragem de cantar “tá gostosinha, te quebro no meio”. Revoltados, internautas vasculharam seu perfil no Twitter e desenterraram posts antigos que demonstram o quanto Biel destila ódio às mulheres, aos negros e às travestis. Em um desses posts, ele dá bom dia “a negros fedidos” e em outros, além de defender o estupro, diz que “mulher que anda toda decotada não merece respeito”. Paciência, né!
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CIDADES
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Coletivos lançam campanha para que mobilidade urbana seja priorizada BELO HORIZONTE Propostas serão apresentadas a candidatos à Prefeitura Wallace Oliveira
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magine uma cidade onde você pudesse ir a qualquer lugar com rapidez, conforto e segurança sem gastar muito dinheiro. Com certeza, esse lugar não é BH. A capital é a quarta em tempo de deslocamento entre a casa e o trabalho no Brasil, com média de 125 minutos, conforme pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. A tarifa de ônibus, a R$ 3,70, figura entre as mais caras do país. A frota ultrapassa 1,7 milhão veículos, segundo o Departamento Nacional de Trânsito, e a cidade tem a segunda
maior taxa de motorização, com 63 carros a cada 100 habitantes. Com o objetivo de enfrentar essa situação, foi lançada, na terça-feira (2), uma campanha para que a mobilidade urbana sustentável seja priorizada pelos candidatos à Prefeitura de BH. Com o nome #D1Passo, a iniciativa é fruto de discussões entre os coletivos BH em Ciclo, Bike Anjo BH, Movimento Nossa BH e Tarifa Zero BH. Eles formularam um conjunto de propostas, sistematizadas em torno de seis eixos, que passam pela prioridade ao pedestre à educação para a mobilidade.
Divulgação
Campanha quer discutir péssima situação de tempo de deslocamento em BH
Terreno da Rodoviária vai para Prefeitura O governador Fernando Pimentel (PT) sancionou lei que autoriza a doação para o município de Belo Horizonte de uma área de 7,35 mil m2, junto à rodoviária. O terreno será utilizado na construção do Centro Administrativo da capital. Para isso, a Prefeitura fará uma intervenção no centro, modificando vias, praças, o metrô e até o curso do Ribeirão Arrudas. A obra do prédio deve ser realizada por meio de Parceria Público Privada e custará pelo menos R$ 500 milhões. Moradores dos bairros Bonfim e Lagoinha já realizaram vários protestos contra a obra. Movimentos cobram mais informações sobre o projeto do novo Centro, apelidado de “Brasilinha do Lacerda”.
MG
FATOS EM FOCO Minas cria Frente para lutar em defesa do SUS Na última semana, foi lançada em Belo Horizonte a Frente Mineira em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Democracia. O anúncio aconteceu durante plenária realizada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e contou com a presença de 72 entidades ligadas a movimentos populares. Além da organização de atos, a Frente pretende realizar aulões e intervenções teatrais para informar a população sobre a importância do SUS. Será confeccionada também uma cartilha de esclarecimento, destinada aos trabalhadores e usuários do sistema.
“É muito comum movimentos fazerem uma carta de compromisso que os candidatos assinam e apoiam, mas aquilo fica perdido. A gente não está só pedindo que eles apoiem, mas que incluam em seus programas de governo”, explica Juliana Alonso, do Tarifa Zero. Acompanhando candidatos No site da campanha, a adesão dos candidatos às propostas será avaliada e monitorada, evidenciando como cada força política aborda o tema da mobilidade urbana no período eleitoral. Para saber mais, acesse o site: d1passo.org.
Festa de aniversário do Brasil de Fato MG! Dia 12 de agosto 3 anos Resistência E boas notícias
Local: debaixo do Viaduto Santa Tereza Mais informações: https://goo.gl/EsnAjH
Vereadores prometeram a movimentos apresentar projeto para ocupações
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MINAS
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Opinião
Cidade também é prioridade damentais, como a eleição para a presidência da Câmara. Saiu um réu e entrou um factoide. O que ocorre no âmbito local tem peso no concerto maior da política. Aécio Neves, por exemplo, perdeu a eleição presidencial em Minas Gerais, estado que considerava seu
João Paulo Cunha
A
força da pauta nacional está deixando a eleição municipal correr solta em todo o país. Com a tarefa urgente de combater o golpe fascista, com um programa de desmonte radical dos direitos sociais, as forças populares têm se concentrado no Fora Temer. A violência da situação justifica. No entanto, a apresentação de candidatos para as prefeituras por parte da direita, em convenções patéticas, tem deixado de lado o debate político e se concentrado na enfadonha barganha de nomes e acordos menores. Além do Fora Temer, está na hora de começar a gritar Fora Aécio, Fora Alckmin, Fora Lacerda, Fora Paes e todo o bando de lideranças antipopulares e seus títeres mais cotados. É fundamental derrubar a direita nas urnas mais uma vez. E o alerta ganha ainda mais significação pela incapacidade das forças progressistas em mostrar poder de articulação para disputas fun-
É fundamental derrubar a direita nas urnas de novo curral particular. Parte de seu ressentimento redivivo e empenho em destruir o país tem raiz nessa derrota. Seu retorno como cabo eleitoral, com o apoio a João Leite para a prefeitura da capital mineira, é sua chance de mostrar que ainda sobrevive na memória do eleitor. A derrota em BH seria uma demonstração tanto da consciência política
dos mineiros como da comprovação do vencimento do prazo de validade do senador. De certa maneira, em todo o país, 2018 passou na frente de 2016. Os nomes soprados ao vento das especulações parecem mirar muito mais em seus patrocinadores que em projetos reais para as cidades. O enfraquecimento do PT nesse confronto, vitaminado pela imprensa e pelo partidarismo do Judiciário, tem levado algumas lideranças a esconder a sigla. A esquerda não pode entrar nesse jogo politicamente esvaziado, como se eleição fosse decidida nos bastidores, sem a presença do eleitor, a partir de um cálculo de viabilidades e falsas alianças. A escolha de prefeito não é menor no tabuleiro político e, em sua presença diária na vida do cidadão, talvez seja a mais importante. Não é hora de esfriar a luta contra a ameaça do golpe. Fora Temer, até o fim e mesmo depois. Mas é também momento de esquentar a disputa política nas cidades para que outra traulitada não se avizinhe como ameaça em poucos meses.
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Fique ligado no Programa Outras Palavras!
Educação! em /as es
z dos Trabal A vo had or
O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), está sendo veiculado em novo horário na TV Band Minas (das 18h50 às 19h20). O objetivo do Outras Palavras é promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores e educadoras. Esse programa também é exibido nas TVs Band Triângulo e Candidés.
Todos os sábados, na TV Band Minas
18h50
às
19h20
Filiado à o que a luta pela Faz temp e d uc
a ç ã o t e m e n d ere ç o
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www.sindutemg.org.br
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ESPECIAL
Belo Horizonte, 17 de março de 2016 Belo Horizonte, 05 a 1111 dea agosto de 2016
Café tipo exportação, trabalho tipo escravidão SUL DE MINAS Reportagem especial recolhe denúncias sobre as irregularidades nas plantações Arquivo / Adere
Rogério Hilário Especial para o Brasil de Fato
O
“café tipo exportação” é considerado fonte de riqueza de Minas Gerais, do Brasil e da geração de empregos no meio rural. Mas, para quem presta serviços, as lavouras cafeeiras do Sul do estado são um martírio. A criatividade dos cafeicultores para lucrar e explorar os trabalhadores parece infindável. Empregadas e empregados rurais podem parecer privilegiados: não pagam o INSS e, mesmo assim, se aposentam aos 60 anos, os homens, e aos 55, as mulheres, com a comprovação de 15 anos de contribuição.
Há 12 anos eu luto contra o trabalho escravo em Minas Gerais e nunca vi um dono de fazenda ser algemado”
Representantes de trabalhadores denunciam frequentemente abusos
No entanto, basta conhecer o dia a dia de trabalhadoras e trabalhadores rurais para derrubar preconceitos. A sustentabilidade do café se apoia na exploração do trabalho escravo ou degradante, nas fraudes nas formas de pagamentos, nas violações de direitos trabalhistas, em moradias precárias e insalubres, no transporte em ônibus, vans e kombis caindo aos pedaços.
Percorrer parte da região Sul de Minas - Varginha, Elói Mendes, Conceição do Rio Verde, Carmo da Cachoeira, Carmo de Minas, Jesuânia, Lambari, Cristina e Três Corações - é suficiente para comprovar como os maustratos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas lavouras de café são quase uma regra, sem que os responsáveis sofram qualquer punição. As mulheres, discriminadas ainda mais do que
no meio urbano, dificilmente se aposentam. No campo, carteira assinada para elas é exceção, assim como condições de trabalho decentes. Trabalho escravo Ocorrências de trabalho análogo à escravidão e de condições subumanas vêm sendo denunciadas há mais de 12 anos pelos coordenadores da Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais (Adere-MG) e do Sindicato dos Empregados Rurais (SERRSMG), sem que providências efetivas sejam tomadas pelo poder público. Jorge Ferreira dos Santos Filho, da Adere, participou, no dia 15 de junho, de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados, em Brasília. O objetivo da audiência foi discutir o trabalho escravo em plantações de café do Sul de Minas Gerais, denunciado pela organização dinamarquesa Danwatch, que acusa multinacionais como Nestlé e Jacobs Douwe Egberts (dona de marcas como Pilão, Damas-
Nestlé, dona de marcas como Pilão, Damasco e Caboclo, é acusada de se beneficiar da prática” co, Caboclo e Café do Ponto) de se beneficiarem dessa prática. Em março, a Nestlé admitiu ter comprado café de duas plantações em Carmo de Minas, onde as autoridades brasileiras resgataram trabalhadores da escravidão. Jorge Ferreira disse, também, que a Adere-MG pretende denunciar o governo brasileiro “por financiar direta ou indiretamente essa situação”, uma vez que os bancos oficiais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal etc) continuam a conceder financiamento a empregadores que praticam essas infrações. “Há 12 anos eu luto contra o trabalho escravo em Minas Gerais e nunca vi um dono de fazenda ser algemado”, diz.
Fazendeiros infratores são ligados a importantes marcas de café
60%
dos trabalhadores nas lavouras não têm carteira assinada
Devido ao alto nível de exposição aos agrotóxicos, os trabalhadores se queixam de tonturas, dores de cabeça e estômago, mas exames não são periódicos
“Registramos suspeitas de ligações de cooperativas, que atuam na exportação de café, com fazendas com casos de exploração de trabalho escravo, trabalho degradante e análogo à escravidão, fraudes e trabalho informal. São a Coocarive, Minasul, Cooparaíso e Coxupé, entre outras”, diz Jorge Fernando dos Santos Filho, da Adere. Recentemente, fazendas ligadas a cooperativas de café foram flagradas pelo Ministério do Trabalho submetendo trabalhadoras e trabalhadores a condições de trabalho análogo a escravo, sendo uma delas a Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), com sede em Carmo de Minas. “Se fiscalizassem mais seriam constatadas muito mais práticas de trabalho escravo”, avalia o dirigente da Adere -MG.
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ESPECIAL
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Mulheres sofrem ainda mais com discriminação e machismo INJUSTIÇA Apesar de trabalharem juntos, apenas eles têm carteira assinada Rogério Hilário
mento, apesar de lavradoras, constar como donas de casa ou do lar.
Rogério Hilário Especial para o Brasil de Fato
M
aria Helena dos Santos, nascida em Paraguaçu há 63 anos, é uma das vítimas da discriminação e do machismo que impera nas plantações de café do Sul de Minas. Ela está na labuta desde os 5 anos. Desde os 12 colhe café. Atualmente, trabalha na colheita na Fazenda Sítio Jacaré, em Varginha. Hoje, sua carteira é assinada. Uma raridade em sua vida. Dos mais de 40 anos de trabalho, só comprova cinco. Ainda luta pela aposentadoria. Recebe, além da remuneração na colhei-
Medidas das sacas são computadas apenas para homens
Maria Helena dos Santos tem 63 anos, trabalha desde os 5 e desde os 12 colhe café e ainda não aposentou
ta do café, apenas a pensão do marido, José dos Santos, falecido há dez anos. É comum nas lavouras homens e mulheres trabalharem juntos, mas apenas elas não terem carteira assinada. Maria Helena e as seis filhas trabalharam na informalidade, enquanto o marido e os seis filhos eram registrados. “Em alguns casos, eu recebia as minhas medidas. Mas já aconteceu de Rogério Hilário
minha produção ficar para o meu marido”, lembra. O caso de Maria Helena está longe de ser isolado. Num cenário de degradação e desrespeito aos direitos trabalhistas, as mulheres são ainda mais prejudicadas. Muitas não conseguem se aposentar por idade ou tempo de serviço. Na maioria dos casos, trabalham nas lavouras por intermédio da contratação dos maridos, mas as
medidas – sacas com 60 kg de grãos - são computadas apenas para os homens. Elas, que deveriam se aposentar com 55 anos, não conseguem os documentos necessários, pois poucas são registradas. Não conseguem comprovação dos patrões e muito menos o documento público, que serviria como prova de vínculo. São dependentes dos homens – há casos em que, nas certidões de casa-
Justiça ainda mais lenta A crueldade é ainda maior com a perspectiva de Reforma da Previdência, que aumentaria a idade mínima para 70 anos, enquanto no campo, a expectativa de vida é menor, em função do trabalho pesado e em precárias condições, além da exposição frequente aos agrotóxicos. Ainda há a lentidão das instâncias judiciais, que penaliza mais as mulheres. Há casos de elas recorrerem à Justiça do Trabalho para garantir os seus direitos e morrerem antes que os processos fossem concluídos. As mulheres são pressionadas também em casa. Maridos e companheiros, para não perder a oportunidade de trabalho, pedem que elas não reclamem, não denunciem ou acionem a Justiça do Trabalho. Têm medo de ficar sem moradia, hortas e amizades que construíram na lavoura.
“Chego a dar uns gritos de desespero. Pensam que estou louca” Elizabeth Madalena de Jesus Lourenço, 60 anos, trabalha em todas as lavouras da região, seja de tomate ou café, desde os 16 anos. A carteira de trabalho foi assinada poucas vezes. Há cinco anos tenta se aposentar, sem sucesso. Apresentou todos os documentos, participou de audiências no Fórum. O juiz da comarca demorou muito para marcar a primeira audiência do processo de aposentadoria. Levou mais tempo ainda para enviar a carta ao INSS. Precisa urgentemente do
benefício, pois não consegue trabalhar mais. “Este ano não quiseram me dar serviço. No ano passado, não assinaram a minha carteira. Não depositaram o Fundo de Garantia. Chegou a idade, tem que aposentar. Não posso trabalhar no sol quente, tenho problema de pressão alta”, diz. “A minha peleja já dura cinco anos. Morro, mas não consigo receber a minha aposentadoria. Sou uma mulher lutadora. Chego a dar uns gritos de desespero. Pensam que estou louca”, suplica Elizabeth.
Leia no site: Depoimentos de trabalhadores e mais detalhes sobre as irregularidades do trabalho nas plantações de café em: www.brasildefato.com.br
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BRASIL
Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
Temer tenta apressar votação do impeachment e é alvo de críticas PROCESSO Votação final deve ocorrer até o fim de agosto Lula Marques/ AGPT
Redação, com Rede Brasil Atual
I
ntegrantes da comissão do impeachment travaram bate-boca na terça (2) no plenário do Senado, ao discutir ritos processuais e procedimentos da votação final do processo. A interferência do presidente interino, Michel Temer, pela antecipação da data, foi alvo de protesto do líder da minoria na Casa, senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O senador reclamou das notícias de que Temer e sua equipe de articulação política realizaram várias reuniões com senadores do PMDB e líderes da sua base aliada com o intuito de pedir
Interferência do interino pela antecipção da data foi alvo de protesto
que trabalhem no sentido de antecipar a votação final do impeachment. A semana de discussão do relatório sobre o processo
apresentado pelo senador Antonio Anastasia (PSDB -MG). O senador ressaltou no texto que seu voto é “pela procedência da acusação e
prosseguimento do processo”. Etapas do processo A fase em que se encontra agora o processo é cha-
mada de fase da pronúncia. E encerra o período de instrução, no qual a comissão do impeachment ouviu testemunhas, examinou documentos e determinou a realização de perícias a respeito dos fatos e alegações apresentados pela acusação e pela defesa. É esperada a votação da pronúncia no plenário do Senado, caso não sejam observados atrasos, para terça-feira (9). E a votação definitiva do processo do impeachment, por volta do dia 25 de agosto, em sessão que deverá durar de quatro a cinco dias.
Lula recorre à ONU contra Moro Reprodução
O
ex-presidente Lula apresentou, no dia 28 de julho, petição ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas
Moro é acusado de diversas violações, como prisão arbitrária
(ONU), em Genebra, na Suíça, dizendo ser vítima de violação de direitos humanos na Operação Lava Jato. A defesa de Lula considerou existi-
rem “atos ilegais” por parte do juiz Moro, como a gravação e divulgação de conversas privadas dele com advogados e com a presidenta Dilma Rou-
seff, e a condução coercitiva que ocorreu no dia 4 de março. Lula afirma ter sofrido violações como “invasão de privacidade, prisão arbitrária, detenção antes do julgamento, presunção de culpa e incapacidade de afastar um juiz tendencioso”. Na petição, os advogados de defesa solicitam a declaração de que os atos do juiz Sérgio Moro foram ilegais, e que as investigações sejam conduzidas por um “juiz imparcial”.
Mobilização nacional dia 9 A Frente Brasil Popular, articulação que reúne mais de 100 organizações, movimentos populares e partidos, realiza na terça-feira, dia 9 de agosto, uma jornada nacional de luta. Além da bandeira do “Fora Temer”, a mobilização é contra a retirada de direitos, como o ataque à aposentadoria. Em Belo Horizonte o ato ocorrerá a partir das 17 horas na Praça Afonso Arinos, no centro da cidade.
Justiça condena revista IstoÉ A presidenta Dilma Rousseff ganhou o direito de resposta na Justiça contra a revista IstoÉ. No dia 1º de abril, a revista estampou na capa a reportagem “Uma presidente fora de si”, e editorial “Hora da xepa no Planalto”, em que afirma que Dilma fez do Planalto uma “casa de tolerância”. A revista foi condenada a dar o mesmo destaque, espaço, diagramação e publicidade, para a resposta de Dilma.
Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
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Rio 2016: um legado de violência, poluição e exclusão social CONTRADIÇÕES Movimentos populares prometem ir às ruas no dia da abertura contra corte de direitos promovido pelo governo interno Tãnia Rêgo / Agência Brasil
Pedro Rafael Vilela de Brasília (DF)
P
elos próximos 15 dias, a atenção de mais de um bilhão de espectadores em todo o mundo estará voltada para o Rio de Janeiro, primeira cidade sul-americana a sediar uma Olimpíada. Ao todo, os gastos com os Jogos somam mais de R$ 40 bilhões. No maior esquema de logística já realizado no Brasil, a cidade do Rio vai receber 10 mil atletas, de 206 países, para 42 modalidades e 306 provas com disputa de medalha. As impressionantes cifras da Rio 2016, no entanto, não traduzem as mazelas sociais decorrentes da crise econômica e do processo de organização desse megaevento. O momento do país e da cidade não poderia ser pior para a realização dos Jogos. O estado do Rio vive uma de suas piores crises das últimas décadas. Um rombo de R$ 19 bilhões nas contas públicas estaduais atrasa o pagamento de salários de milhares de funcionários e aposentados. Sem recursos, escolas públicas e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro entraram em greve. Na saúde, o caos é ainda maior, e a falta de medicamentos e profissionais levou ao fechamento de diversas unidades de saúde no ano passado. No plano nacional, o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, sem comprovação de crime de responsabilidade, ainda causa mal-estar internacional. Poucos chefes de Estado virão ao Brasil para acompanhar a Olimpíada, num claro sinal de desprestígio do pre-
Mais de 77 mil pessoa de famílias pobres perderam suas casas por causa das obras da Olimpíada
A Frente Brasil Popular convocou protesto no Rio para esta sextafeira, na abertura da Olimpíada sidente interino Michel Temer. Internamente, movimentos populares prometem ir às ruas para combater o golpe e bloquear corte de programas sociais e redução de direitos. A Frente Brasil Popular convocou protesto no Rio para esta sexta-feira, na abertura da Olimpíada. No dia 9, as manifestações ocorrerão em todo o país. Para evitar uma enxurrada de vaias e conter um vexame mundial na cerimônia de abertura, a organização dos Jogos vai aumentar o som do estádio do Maracanã após Temer declarar oficialmente a abertura da Olimpíada. Militarização e violência O esquema de segurança dos Jogos é o maior da
história do Brasil. Além da Polícia Militar do RJ, cerca de 22 mil homens das Forças Armadas e 13 mil integrantes da Força Nacional farão o policiamento. A prioridade serão as áreas turísticas, o acesso aos aeroportos e aos bairros da cidade onde serão realizadas as competições. O objetivo é controlar o território da população pobre e negra, segundo um dossiê sobre violações de direitos humanos produzido pelo Comitê Popular da Copa
e das Olimpíadas. Não por acaso, houve um aumento de 103% no número de mortes causadas pela polícia na cidade do Rio, de abril a junho, em comparação ao mesmo período de 2015, segundo a Anistia Internacional. Para o diretor-executivo da entidade, Átila Roque, a resposta do Estado nos meses que antecedem os megaeventos é sempre a mesma: guerra. “Significa aumentar o número de operações policiais nos territórios de fa-
velas e periferias e focar a repressão em um certo perfil de pessoa: jovem, negro e residente da favela”, afirmou em recente entrevista à revista Carta Capital. Violações e exclusão Mais de 77 mil pessoas de famílias pobres perderam suas casas no Rio de Janeiro por causa das obras da Olimpíada. Em muitos casos, como a derrubada da Vila Autódromo, mesmo após as remoções, não foram construídos equipamentos públicos no local onde ficavam as casas. A retirada das pessoas serviu para liberar áreas de interesse empresarial para o setor imobiliário. Meio ambiente Dentre as promessas não cumpridas da Olimpíada, a questão ambiental se destaca. A Baía de Guanabara, que deveria ter sido despoluída para as provas de Vela, continua recebendo 18 mil litros de esgoto por segundo. A despoluição das lagoas Rodrigo de Freitas e de Jacarepaguá também não saíram do papel, apesar de centenas de milhões de reais pagos a empreiteiras para as obras.
Tãnia Rêgo / Agência Brasil
Baía de Guanabara, que deveria ter sido despoluída, recebe 18 mil litros de esgoto por segundo
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MUNDO
Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
“Brasil, Argentina e Paraguai formam ‘Tríplice Aliança’ contra Venezuela”, diz chancelaria de Caracas AMÉRICA LATINA Em comunicado, Venezuela afirmou estar em seu direito ao assumir Presidência rotativa do Mercosul Delcy Rodrigues
Opera Mundi
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Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, cuja chanceler é Delcy Rodríguez, divulgou comunicado sobre presidência rotativa do Mercosul
Israel quer muro subterrâneo em Gaza
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Ministério da Defesa de Israel abriu licitação para construção de um muro subterrâneo de 60 quilômetros que deverá cercar a Faixa de Gaza também por baixo da terra. A informação foi divulgada nessa quarta-feira (3), por portais de notícias internacionais. A obra estaria sendo desenvolvida para impedir que militantes do grupo Hamas cheguem até o território israelense. De acordo com o jornal YNet, um comunicado confidencial foi enviado a 20 empresas israelenses, convidando-as a integrar a licitação do projeto. No entan-
to, para concluí-lo, seria necessária a realização de parcerias com organizações estrangeiras. Inicialmente, a distância coberta será de 10 km e a construção deve ser iniciada em outubro deste ano. A barreira projetada deve incluir proteções na superfície e debaixo da terra, além de sensores para detectar atividades de escavação nas imediações. O muro, que deverá custar 570 milhões de dólares, foi cogitado após ataques de militares palestinos que, em resposta à ofensiva de Israel, utilizaram túneis para realizar atentados em território israelense.
da América do Sul entre 1970 e 1980 para combater militantes de esquerda] contra a Venezuela, que hostiliza e cri-
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Segundo a instituição, esta Tríplice Aliança — em referência ao grupo de aliados composto pelo Império Austro-Húngaro, Império Alemão e Reino da Itália durante a Primeira Guerra Mundial — seria formada por Brasil, Argentina e Paraguai, cujas pretensões seriam “refazer uma espécie de Operação Condor [cooperação entre ditaduras
Presidência rotativa Após o encerramento do mandato do Uruguai na pre-
sidência rotativa da organização no dia 29 de julho, o governo venezuelano enviou uma carta informando assumir o cargo. O Paraguai foi o único país, até o momento, a rejeitar abertamente o anúncio. O Brasil afirmou considerar vaga a Presidência, “uma vez que não houve decisão consensual a respeito”. A Argentina disse que também não reconhecerá a Venezuela. Ao deixar a presidência do Mercosul, o Uruguai reiterou sua posição de que a Venezuela deve ser o próximo
ntos, crônic o c e as d & o rs
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chancelaria venezuelana divulgou um comunicado afirmando que Brasil, Argentina e Paraguai estariam prestes a refazer “uma espécie de Operação Condor” contra a Venezuela, por não reconhecerem o país à frente da Presidência rotativa do Mercosul. “A República Bolivariana da Venezuela denuncia as maquinações da direita extremista do sul do continente, conformada em uma nova Tríplice Aliança, que vem atuando de maneira mal intencionada, através de manobras ilícitas, para tentar obstruir o que por direito nos corresponde”, diz o comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano, datado de 1o de agosto.
minaliza seu modelo de desenvolvimento e democracia”. “Por trás deste plano estão aqueles que sempre conspiraram contra a união sul -americana com o objetivo de impor o Consenso de Washington [encontro que pretendia pensar estratégias para estimular o neoliberalismo no resto do continente], com a falsa convicção de que chegou o momento de desaparecer a revolução bolivariana”, afirmou a chancelaria.
Inscrição de 20 de junho a 15 de agosto Reprodução
Poderão participar professores sindicalizados. Envie seu texto e concorra a prêmios!
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Belo Horizonte, 19 a 25 05 de afevereiro de 2016 Belo Horizonte, 11 de agosto de 2016
Entrevista
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“Não se pode tratar o que não é doença” ‘CURA GAY’ Conselho de Psicologia continua tentando barrar iniciativas que tratem homossexualidade como patologia Reprodução / Facebook
Raíssa Lopes
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projeto da “Cura Gay” passou por muitas confusões na Câmara dos Deputados. De autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), o documento chegou a ser aprovado na Comissão de Direitos Humanos, que tinha como presidente Marco Feliciano (PSC-SP). Foi retirado de tramitação e voltou em 2014 pelas mãos do deputado Pastor Eurico (PSB-PE), como tentativa de derrubar uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, que desautoriza qualquer tratamento para “reverter a homossexualidade”. Recentemente, a mídia publicou sobre a proibição total da “Cura Gay” pela Justiça.
Ao classificar as homossexualidades como doença, reforça-se um ambiente de exclusão e de violência” Em entrevista ao Brasil de Fato MG, a psicóloga e coordenadora da Comissão de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Dalcira Ferrão, explica o que aconteceu, em que pé está o projeto e quais são as preocupações atuais em relação à luta por igualdade. Brasil de Fato - O que aconteceu com o projeto da “Cura Gay”? Dalcira Ferrão - O Ministério Público Federal havia requerido que a Resolução 001/99 do Conselho de Psicologia fosse considerada inconstitucional. Mas a
A psicóloga Dalcira Ferrão explica que Conselho impede profissionais de tratar homossexualidades como patologia
Justiça Federal considerou esse pedido improcedente, ou seja, as limitações impostas pelo Conselho permanecem válidas. Assim, como as homossexualidades não são doenças, não há de se falar em cura. O que diz a Resolução 001/99 do Conselho, que não permitiu até hoje que esse projeto começasse a funcionar? Ela afirma que os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização [tratar como doenças] de comportamentos ou práticas homoeróticas, e nem adotarão ações para orientar homossexuais em tratamentos que não foram solicitados. Diz também que os profissionais da área não colaborarão em eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades, e que não se pronunciarão publicamente afim de reforçar preconceitos. Desde 1990, a homossexualida-
A homossexualidade é uma expressão legítima da sexualidade humana”
de não está mais no Código Internacional de Doenças e, portanto, não se pode curar o que não é doença. Além disso, o sofrimento apresentado por pessoas homossexuais que demandam ajuda profissional está quase sempre associado a fatores externos (discriminação social, preconceito, homofobia), que tendem a fazer com que o sujeito vivencie estigmas associados à sua expressão da sexualidade. Ao invés disso, deveriam se criar ambientes favoráveis e seguros para que essa pessoa construa, autonomamente, estratégias de enfrentamento a estes desafios sociais. Da mesma maneira, deveriam ser propostas formas de intervenção social que possam evitar o surgimento da violência e das violações de direitos. Quais as possíveis consequências psicológicas para uma pessoa homossexual que é atendida por um profissional que acredita na “Cura Gay”?
Ao classificar as homossexualidades como doença, reforça-se um ambiente de exclusão e de violência para aqueles que apresentam formas de expressão da sexualidade que estão fora do padrão. Homens e mulheres homossexuais são vistos como desviantes e passíveis de tratamento desigual, sobretudo em direitos. Esta negação de direitos pode fazer com que essas pessoas desenvolvam comportamentos para se esqui-
O sofrimento de homossexuais está quase sempre associado a fatores externos, como discriminação social e homofobia”
varem do julgamento social, como a vivência clandestina da sexualidade, que pode ser confundida – inclusive pelo próprio sujeito - com baixa aceitação de sua orientação sexual. Violências físicas e psicológicas como o bullying homo e lesbofóbico podem ocasionar depressão, isolamento, sentimento de inadequação e até mesmo ideias suicidas que podem se concretizar. Além disso, caso o profissional insista em um processo de “cura” por crenças religiosas ou morais, o sujeito pode até se “converter” à heterossexualidade por um período de tempo. Todavia, o custo desta “operação” costuma ser alto, com grande dispêndio de energia psíquica para a manutenção de uma condição que, na realidade, está dissociada de seu desejo. Como um bom psicólogo deveria abordar a homossexualidade? Uma boa prática profissional seria aquela que permite à pessoa apresentar a sua queixa/demanda e, por meio de uma escuta atenta e cuidadosa, criar um espaço favorável para que questões sobre sua sexualidade possam ser objeto de reflexão, partindo-se do pressuposto de que a homossexualidade é uma expressão legítima da sexualidade humana, ao lado da heterossexualidade, bissexualidade e assexualidade. No caso da questão não aparecer, não há de ser problematizada, da mesma forma que outros elementos da vida da pessoa podem também não ser relevantes para os propósitos que a levaram a buscar aquele profissional da psicologia.
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12 12 VARIEDADES
Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
Novela Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br Divulgação
A Globo diz: Agro=riqueza. Será?
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á tem alguns meses que a Rede Globo vem exibindo em sua programação diária uma propaganda toda moderna, colorida e interativa cujo slogan é “Agro: a indústria da riqueza do Brasil”. A publicidade pretende convencer o público de que o agronegócio é fundamental para o desenvolvimento do Brasil, ao divulgar dados como: a exportação de milho gera bilhões ao país, que a carne de frango é a mais exportada do Brasil e que movimenta a economia, que fomos o maior produtor e exportador de café do mundo no último ano safra. A propaganda finaliza com a frase categórica: “agro é tudo”. Venhamos e convenhamos: o
agronegócio pode até gerar receitas para os produtores e para o governo, empregos para trabalhadores no campo, mas está longe de ser a opção mais justa e sustentável em nosso país. Primeiro, porque o acesso à indústria agropecuária é restrito aos grandes latifundiários e suas sociedades e consórcios. Segundo, porque consome recursos naturais em grandes quantidades, desconsidera os ciclos naturais de produção e utiliza produtos químicos para acelerar os resultados. O Brasil amarga o título de campeão no uso de agrotóxicos. Terceiro, porque lima as possibilidades da agricultura familiar e de arranjos produtivos locais ganharem espaço como atividades econômicas. Em outras pa-
Maria Gorete, 46 anos, costureira Cara Maria, essa prática hoje é conhecida como amamentação cruzada. Ela é muito mal vista porque a amamentação é via de transmissão de doenças. E muitas dessas doenças podem ficar escondidas, ou seja, a pessoa pode ter e não saber que tem. Por isso não é seguro que outra mulher diferente da mãe amamente o bebê. Pa-
ra os que necessitam do leite materno sem poder contar com a mãe, existe a possibilidade do Banco de Leite, já organizado em muitas maternidades. Para os bancos, são feitos exames para garantir a qualidade do leite, evitando que haja transmissão de doenças para o bebê.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.
#agronãoébemassim Até semana que vem! Joaquim Vela
Nossos Direitos
Amiga da Saúde Amiga da saúde, antigamente era muito comum os bebês terem amas de leite. Por que essa prática é tão mal vista hoje?
lavras, o agronegócio privilegia o capital, maltrata a mãe natureza e se impõe para quem quer viver da terra. Ao ver essas propagandas, procure-se informar mais sobre os efeitos nocivos do agronegócio. Questione se as maravilhas que a TV mostra são realmente verdadeiras ou se a intenção é enganar você. Leia, por exemplo, a matéria especial desta edição, sobre as condições terríveis de trabalho nas lavouras de café no Sul de Minas..
Quem pode receber o salário benefício do INSS? Todas as pessoas que estiverem de alguma forma inscritas na Previdência Social (INSS), seja como empregado, empregador, trabalhador autônomo, trabalhador avulso, empregados domésticos e trabalhador rural, e seus dependentes terão direito a receber o salário benefício no caso de aposentadorias, auxílio doença, auxílio acidente, entre outros benefícios. Sempre é bom lembrar que para ter direito a alguns desses benefícios, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, existe uma carência mínima de doze (12) contribuições mensais. Para os segurados inscritos no INSS antes de novembro de 1999, o salário de bene-
fício será obtido através da média simples das maiores contribuições a partir de julho de 1994, que sofrerão a correção monetária. Para aqueles inscritos a partir de novembro de 1999, temos que, no caso de aposentadoria por idade e tempo de contribuição, o salário benefício será calculado através da média dos oitenta por cento de todo o período contributivo. Para os casos de aposentadoria por idade e tempo de contribuição, aplica-se o fator previdenciário. Para os casos de aposentadoria por invalidez, especial, auxílio doença e auxílio acidente, não será aplicado o fator previdenciário para o cálculo do salário benefício.
13 VARIEDADES 13
Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016 www.malvados.com.br
por Alan Tygel
Dicas Mastigadas Vatapá Receita enviada pela leitora Márcia Mourão, de Fortaleza (CE)
www.coquetel.com.br Traje Bairro do Centro exigido histórico em casade mentos Salvador Lance prolongado, no vôlei
P E E
Posição de Tostão, Sócrates e Ronaldinho
Folgar (em dia entre dois feriados)
Designar (alguém) para um cargo
O mês da Abolição da Escravatura
© Revistas COQUETEL
Colocar O maior órgão do antes de corpo humano Urânio As funções do primeiro grau (Álg.) (símbolo)
Arcebispo do Rio de Ave Janeiro (Catol.) chamada de "marreAdmirador da cão" (RS) própria imagem
"A (?) do Gelo", filme infantil "Tão (?)", Mão, em música do inglês Pato Fu Elemento regulador da flora intestinal
Crustáceo que vive enterrado na areia
L Dado necessário ao acesso ao e-mail
Divulgação
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
"The (?)", tabloide britânico Golpes desferidos pelas girafas
O império de Assurbanipal (Hist.)
103, em algarismos romanos
Ingredientes
Cancelados; anulados
Principal atração do cassino
Cigano brasileiro Ferramenta do gravador
Olho de (?), selo raro da filatelia
Infecção dos seios da face Madame (?), bruxa (?) de mostarda, arma química
Cobrir de pó de arroz
Forma da régua de desenho técnico
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Deixe o camarão de molho para tirar o sal, trocando sempre a água. Coloque os pães de molho no leite de coco e de vaca. Refogue a cebola, alho e tomate e depois junte o camarão. Depois de 10 minutos, reserve um terço e bata o resto no liquidificador com o pão já molhado no leite e a castanha. Em uma panela em fogo baixo, misture a parte batida com a reservada, colocando sal e pimenta aos poucos até acertar o gosto. Comida é cultura
Solução M A N A B U
B U R I L
P U R E P F O I R B R A D L
I N R A E R R C E I S C I O S I T C A E S I G L L T U
D H O M T O A R T A U N I I T R E LO M E P T E A S T R A
BANCO
MV (?), rapper Certo (abrev.)
3/sun. 4/bill — hand. 5/calom — litre. 6/empoar — manabu. 7/assírio. 8/lineares.
Possuída Plantio extensivo das "plantations"
1 kg de camarão salgado 6 pães franceses dormidos 1 litro de leite de coco; 1 litro de leite de vaca; 8 tomates picados sem pele, com caroço;
2 cebolas picadas; 4 dentes de alho; 200g de castanha de caju (sem sal); 1 vidro pequeno de azeite de dendê (100 ml); sal e pimenta.
MODO DE PREPARO
P E L O L I E N HA E N I A D R M E A A S S I S O R I A R S I M P O I DA N O C
Indica o leste, na rosa dos ventos
Edith Piaf, cantora Abrigo de esquimós
A origem do quibe (Cul.)
P R A S S M E I N O C B O M P L E T M O
Tecido fino usado no escoamento do soro do queijo
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Litro, em francês (?) Mabe, pintor
O cabelo no qual se passou máquina
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O vatapá é encontrado no Brasil, tipicamente na Bahia e no Pará, em versões diferentes. Esta receita representa uma variação da versão baiana, que utiliza camarão seco assado, e às vezes amendoim. A versão paraense pode ser feita com frango. Apesar de o vatapá ser associado às religiões de matriz africana, a origem do prato é controversa, e há quem discorde dessa versão. Certo mesmo é que é uma comida brasileira das mais deliciosas.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
Fotos retratam vida de mulheres imigrantes no Brasil Victor Moryama
Começou nesta semana a temporada da mostra fotográfica “Vidas Refugiadas” em Belo Horizonte. As imagens, do fotojornalista Victor Moriyama, contam a vida de oito mulheres de países diferentes que, para fugir da violência da guerra, se mudaram para o Brasil. São registrados momentos hoje comuns no dia a dia dessas personagens - como ir ao mercado, à igreja ou cuidar dos filhos - mas que significavam risco de morte antes de elas cruzarem os oceanos. Além disso, a exposição tem o objetivo de dar destaque à situação das mulheres imigrantes, que sofrem com a invisibilidade e com o preconceito. O evento acontece até o dia 4 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade), de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h. A entrada é franca.
Festival que une música a desenhos Luiz Carlos de Oliveira Ferreira
De 4 a 7 de agosto acontece em BH o Festival Traço, evento com apresentações simultâneas de bandas e artistas gráficos, que desenham durante os shows musicais. As ilustrações são projetadas em tempo real e, desta vez, ocuparão o telão do bar A Autêntica (Rua Alagoas, 1172 - Savassi), a partir das 19h de quinta. Ao longo dos dias de evento, estão marcadas apresentações da cantora Karina Buhr, do paulista Curumin e também do cartunista criador da série “Os Malvados”, André Dahmer, que lançará o livro “Quadrinho dos anos 10”. Para visualizar a programação completa, acesse o link: migre.me/uy0tw
É chegada a época do FestCurtasBH Divulgação / FCS
Começa nesta sexta (5) a 18ª edição do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte - FestCurtasBH, que exibirá 136 filmes com entrada gratuita no Cine Humberto Mauro e Sala Juvenal Dias (Palácio das Artes - Avenida Afonso Pena, 1.537 - Centro). O evento acontece até o dia 14 de agosto e proporciona ao público oficinas, mostras competitivas e mostra especial dedicada à belga Chantal Akerman, pioneira no cinema experimental. Para conferir a programação, acesse: www.fcs.mg.gov.br
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Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
Olimpíadas 2016 já estão rolando
ESPORTES
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Curta e Grossa
A abertura dos Jogos do Rio acontece nesta sexta-feira (5). Veja alguns fatos que marcam o início da primeira Olimpíada da América do Sul. Tem meta brasileira, disputa geopolítica e clima de guerra na cidade maravilhosa. Divugação / Rio2016
Top 10?
Machismo não é esporte, mas está nas Olímpiadas! Reprodução
Lançado em 2012 pelo Governo Federal, o Plano Brasil Medalhas tem como meta o Top 10 da competição. Além do fator casa, o Brasil contou com investimentos de R$ 1 bilhão em novos recursos para atletas e infraestrutura esportiva. Foram priorizadas 21 modalidades com mais chances de pódio, como quais o atletismo, a ginástica artística, o vôlei e o vôlei de praia. Reprodução de vídeo
Júlia Louzada
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Na paranoia delirante O Rio não está na paz. O exército ocupa as ruas e o clima é de alerta. Se você abandonar um pacote em local público, as forças de segurança vão fechar o quarteirão, pois pode ser bomba. E a cartilha da Agência Brasileira de Inteligência reza que, se você usa mochila e roupas destoantes do clima e demonstra nervosismo, você é um potencial terrorista e pode ser preso.
Olho na China A China chega para brigar pelo topo e repetir o feito de 2008, quando liderou o quadro de medalhas. Superar os EUA faz parte não apenas da disputa esportiva, como também do planejamento geopolítico do país. Destaque para o recordista olímpico de marcha atlética, Chen, a campeã mundial da modalidade, Liu Hong e o melhor do mundo no arremesso de peso, Gong Lijiao. Salvador Scofano/GERJ
Você tem críticas, sugestões, perguntas a fazer?
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Sindicato forte, categoria forte! For
Escreva para nós
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Sind-Saúde, fazendo na luta a força dos trabalhadores.
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Sind-Saúde Minas Gerais
CUT/CNTSS
Av. Afonso Pena, 578 - 17º andar / Centro / Belo Horizonte-MG / (31)3207-4800
s Jogos do Rio 2016 começaram. Você sabia que esta é apenas a segunda olimpíada em que as delegações de todos os países têm mulheres? O Brasil é reconhecido pela participação feminina com conquista de várias medalhas. A primeira atleta sul -americana a competir foi uma brasileira, a nadadora Maria Lenk, em 1932. Nas Olímpiadas de Londres 2012, as mulheres se superaram e trouxeram para o Brasil seis medalhas: um recorde. Pela primeira vez, foram dois ouros, um no judô e outro no emocionante vôlei de quadra. Neste ano, as expectativas são ainda melhores. Mas o que já estamos vendo na televisão ou lendo nos jornais não são essas conquistas, mas comentários sobre as ‘musas’, os corpos e os cabelos das atletas. Isso é machismo! Precisamos falar sobre isso e entender que nos estádios ou nas ruas as mulheres precisam ser respeitadas!
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Belo Horizonte, 05 a 11 de agosto de 2016
Brasil empata sem gols com África do Sul
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Rafael Ribeiro / CBF
Figueiredo / MoWa Press
nunciada como favorita ao ouro A olímpico, a seleção masculina de futebol jogou mal na estreia contra a
África do Sul, no estádio Mané Garrincha, na quinta (4). O time de Neymar teve mais posse de bola e um jogador a mais desde os 14’ do segundo tempo, quando Mvala foi expulso, mas não saiu do 0 a 0. O próximo desafio do masculino será no
Vamos supor que ganhemos a medalha de ouro. No dia seguinte, vai ter futebol feminino nas escolas? O que falta é isso: incentivo social. domingo (7), contra o Iraque. Antes disso, a seleção feminina, que bateu a China na quarta (3), enfrenta a Suécia no sábado (6), às 22h.
Vadão, técnico da seleção brasileira feminina de futebol.
Até o fechamento desta edição, ainda não haviam terminado os jogos Cruzeiro X Inter e São Paulo X Atlético, pelo Brasileirão.
Gol de placa A 17 dias do fim, a campanha pela construção do Campo Dr. Sócrates em Guararema (SP) já ultrapassou 70% da meta de arrecadação de fundos. Quase 400 pessoas fizeram doações. A campanha é fruto de uma iniciativa do MST. Para contribuir, acesse o link: migre.me/uyx7E.
Gol contra Censura nas Olimpíadas! Durante um percurso da chama olímpica na zona portuária do Rio, um jovem que conduzia a tocha foi retirado do percurso na marra por agentes da Força Nacional de Segurança. Tudo porque ele resolveu protestar contra o interino Michel Temer.
Decacampeão Bráulio Siffert Afora o vexame contra o Fortaleza, o América evoluiu bastante com o técnico Enderson Moreira. Nos jogos sob seu comando no Brasileiro, o time jogou com mais garra e organização e teve mais chances de gol do que nos jogos anteriores. Detalhes poderiam ter garantido a vitória sobre Grêmio e Sport. Com mais treinamentos e ajustes, é possível sonhar ao
É Galo doido! Rogério Hilário
menos com uma luta digna contra o rebaixamento. Do novo time titular, poderiam ser feitos novos testes, trocando Sueliton, Leandro Guerreiro e Osman por, respectivamente, Roger, Ernandes e Danilo Barcelos. A joia Matheuzinho entrou com personalidade e precisa seguir no time titular para evoluir e ganhar confiança.
Nos dois jogos que ainda restam no primeiro turno, o Atlético tem a chance de ficar entre os quatro primeiros no Campeonato Brasileiro. Do elenco, ainda se recuperam Marcos Rocha e Cazares. Dátolo está à disposição. Luan e Lucas Pratto já retornaram. Segue, ainda, o problema da regularidade do desempenho no campo do adversário, embo-
La Bestia Negra Leo Calixto
ra, contra o Palmeiras, a equipe tenha mostrado que está perto de superar o complexo. A maior das síndromes continua sendo a do momento decisivo, quando realmente a disputa do título é iminente. Veremos se a competência do técnico Marcelo Oliveira vai pôr fim nessa questão e garantir o final feliz que os alvinegros aguardam há 45 anos.
Reconstrução e reabilitação. Duas palavras que estão na Toca II pelo segundo ano consecutivo. Assim como em 2015, a diretoria agora colhe os frutos de um planejamento no mínimo questionável. Três treinadores, contratações medianas, péssima relação com o torcedor e aumento da dívida são alguns dos pontos que aumentam a cobrança por
maior transparência. Pedir apoio da China Azul é fácil, pois nunca abandonaremos o Cruzeiro. É preciso a abertura do clube para que a torcida – razão de sua existência – compreenda as decisões que são tomadas. Assim, é necessária a reconstrução do Cruzeiro para que nos reabilitemos na temporada e para ele seja, de fato, o Clube do Povo!