Edição 149 do Brasil de Fato MG

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ESPORTES

Tânia Rêgo / Agência Brasil

É dada a largada Nove candidatos e duas candidatas iniciam a campanha eleitoral para prefeitura de Belo Horizonte. Em primeiro debate, ausência de projetos para a cidade chama atenção

Minas Gerais

Ministério do Esporte

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Ouro na vela Desde 1996, Brasil marca presença no pódio. Desta vez, a conquista veio com Martine Grael e Kahena Kunze, na tarde de quinta-feira

19 a 25 de agosto de 2016 • edição 149 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita

Alerta de golpe!

BRASIL

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Na próxima semana, começa no Senado a reta final de votação do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, que deve fazer sua defesa no dia 29. Leia nas páginas 2, 7 e 11 análises sobre os interesses por trás desse processo. Governo do interino Temer propõe retirada de direitos, corte de recursos da saúde e educação, retomada das privatizações e entrega do pré-sal. “Essa é a intenção deles, mas vão enfrentar muita resistência da classe trabalhadora e dos setores populares”, afirma o advogado Ricardo Gebrim


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Editorial | Brasil

Compromisso de Temer é com os patrões

ESPAÇO dos Leitores

“Eu fico toda feliz quando encontro alguém distribuindo o Brasil de Fato MG aqui no metrô Eldorado, em Contagem! Show de bola!” Patrícia Pereira

“Parabéns com as vozes do povo negro! Jornal que propicia sempre um pensar abolicionista!” Maria Catarina Laborê

“Gente que faz, que sai na rua pra ver o Brasil mudar. Atitude é tudo. Parabéns”. Flávia Dias

“O jornal Brasil de Fato MG é definitivamente um marco na história da comunicação popular e comprometida com a construção do Projeto Popular para o Brasil! Que sirva de exemplo para o país e a história! Vida longa!!” Maíra Gomes

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Em tempos de golpe de Estado, o cenário futuro do Brasil ainda é nebuloso. Muitas coisas podem acontecer, inclusive podem se concretizar as ameaças do governo ilegítimo e ainda interino Michel Temer. Ameaças ao povo brasileiro que é quem trabalha, gera riqueza e sustenta o país. Algumas inclusive já estão bem engatilhadas, como a privatização do pré-sal, o que os golpistas chamam de “desinvestimento”. Temer e seus comparsas trabalham para aumentar a subordinação do Brasil ao capitalismo internacional. E as diversas medidas impopulares devem aparecer logo no Con-

agradaria muito aos empresários. A ideia dos golpistas é exigir que os empregados trabalhem ainda mais, não se organizem em sindicatos, aposentem mais tarde e “colaborem” para enriquecer um pouco mais seus patrões. Afinal, o compromisso de Temer é mesmo com os patrões. Nesse sentido, é compreensível que tenha espalhado o medo do fim do 13° salário e das férias, além do aumento da jornada de trabalho. Porque sim, esses direitos estão em jogo. Para um gover-

Direitos conquistados estão em jogo

no golpista, direitos previstos na Constituição, como é o caso desses citados, não querem dizer muita coisa. Afinal, articularam um impeachment ilegal. Parece mesmo um filme de terror quando se listam as vontades da turma de Temer. Mas a história não é construída por aqueles que ficam parados. Um simples olhar para trás permite perceber que a história do Brasil foi escrita pelo povo brasileiro. Se um dia conquistamos democracia, melhores condições para as mulheres, direitos para a comunidade LGBT, negros e juventude, foi resultado da luta do povo. No futuro, os golpistas não serão absolvidos. Mas isso, mais uma vez, depende do povo brasileiro. Que o povo se indigne cada vez mais e projete um futuro além das disputas eleitorais. O novo há de vir.

gresso Nacional para serem votadas. Mas, claro, após as eleições municipais, pois o líder peemedebista não quer atrapalhar seus amigos que vão disputar as prefeituras. Tais medidas, de fato, vão agravar a vida da população. As escolas e o SUS vão piorar com a PEC 214, que congela recursos do Governo Federal para as pastas de saúde e educação. Vai faltar ainda mais estrutura, os profissionais serão mais desvalorizados e os governantes vão continuar “sugerindo” que as pessoas paguem por planos de saúde e escolas particulares. Sem contar os ataques aos direitos trabalhistas, como as alterações nas regras para aposentadoria e a terceirização, o que, por sinal,

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

No futuro, golpistas não serão absolvidos

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

GERAL

Declaração da Semana

Panteras Negras: o grupo que desafiou o país mais poderoso do mundo

3 Maxwell Vilela

As pessoas acham que boa educação é não gritar na mesa, sentar e comer bonito, não se lambuzar. Boa educação é preparar uma pessoa para vida”

Reprodução

Reprodução

disse a artista Elke Maravilha, em entrevista no ano passado. Na última terça (16), ela faleceu aos 71 anos. Reprodução

O Partido Pantera Negra para a Autodefesa foi fundado em 1966, em Oakland, nos Estados Unidos, por dois estudantes negros. Em um contexto de “apartheid sulista” – em que a brutalidade repressiva contra os bairros negros ficava cada vez mais forte – o movimento ganhou as ruas e virou símbolo de quem não mais aceitava os resquícios da escravidão. “Eles são a maior ameaça para a segurança interna do país”, disse John Edgar Hoover, lendário chefe do FBI, durante reunião na qual declarou guerra àqueles jovens que ousavam enfrentar a polícia. Os Panteras até hoje são reconhecidos como um ícone da luta contra o racismo e pela construção de uma sociedade justa e igualitária.

PERGUNTA DA SEMANA As Olimpíadas Rio 2016 acabam neste fim de semana. Atletas brasileiros suaram e deram seu máximo na disputa pelo pódio. E alguns, antes desacreditados, conquistaram o ouro tão sonhado. Foram muitos momentos emocionantes. Por isso, o Brasil de Fato MG foi às ruas de BH e perguntou:

Qual momento que mais marcou nas Olimpíadas?

“A Olimpíada foi uma coisa muito boa pro Brasil. Porque nós não somos piores que todo mundo, né? Eu gostei mais da Simone Biles, porque ela se mostrou muito profissional. Eu estava torcendo pra seleção brasileira de futebol feminino, mas o masculino está aí na caminhada pra ganhar o ouro. Tem que torcer por eles, né?” Antônio Miranda, aposentado

“O que mais me marcou foi a derrota das meninas do vôlei de quadra nesta semana. Elas estavam jogando super bem, mereciam a medalha. Fiquei arrasada! Outro momento que gostei foi quando a seleção de futebol feminino ganhou nos pênaltis contra Austrália, foi emocionante”.

Mayara Lorena, pesquisadora

BombouNaRede

Reprodução

Mesmo com a revogação da proibição de protestos políticos nos Jogos Olímpicos do Rio, os espectadores continuaram inventando manifestações criativas contra o governo ilegítimo de Michel Temer. O protesto de maior repercussão aconteceu no dia da partida de futebol entre Brasil e Dinamarca, em que um casal levou dois cartazes à Arena Fonte Nova, em Salvador. Um dizia “FOrça Brasil, TE amo!”. O outro, “RAça! o povo MERece”. Quando dobrados, eles formavam a frase “Fora Temer”. A ação alcançou mais de 580 mil visualizações no Facebook.

Lésbicas e Bissexuais resistem!

Em todo o Brasil, 29 de agosto é um dia de luta das mulheres lésbicas por visibilidade, contra o preconceito e a violência. A data, criada no 1º Seminário Nacional de Lésbicas em 1996, no Rio de Janeiro, é um marco fundamental para as mulheres que têm seus direitos violados devido à sua orientação sexual no país. Para reafirmar a data, acontecerá em Belo Horizonte a XII Caminhada das Lésbicas e Bissexuais. Com o tema “Lésbicas resistem, nenhuma de nós a menos”, a ação acontecerá no sábado (27), a partir das 10h, na Praça 7. Saiba mais: https://goo.gl/beLE1g


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CIDADES

Belo Horizonte, 17 de março de 2016 Belo Horizonte, 19 a 2511 dea agosto de 2016

Diferença – e ausência - de projetos marca 1º debate dos onze candidatos à PBH LARGADA Campanha eleitoral tem início em Belo Horizonte Tânia Rêgo / Agência Brasil

Rafaella Dotta

O

s 11 candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte - nove homens e duas mulheres - enfrentaram seu primeiro debate frente a pelo menos 300 pessoas na noite de quartafeira (17) na Igreja da Boa Viagem, no Centro da capital. Numa disputa que envolve 19 partidos, o evento serviu para demonstrar as propostas das chapas, ou a ausência delas. O público teve a oportunidade de conhecer a biografia dos elegíveis. Os políticos fizeram questão de ressaltar sua origem e história, muitas das vezes em favelas e “bairros de característica interiorana” de BH. Nas propostas, os candidatos acabaram por se dividir em apoiadores ou opositores da gestão de Marcio Lacerda (PSB), atual prefeito. Um terceiro bloco se formou pelos que optaram por não apresentar propostas, como Luis Tibé (PTdoB) e Alexandre Kalil (PHS). “Não vamos prometer o que não serve. Existe uma palavra que vem do latim que é o ignoratum, que é ‘eu não sei como fazer’. Não sei fazer. Não sabemos fazer” assumiu, por si e pelos colegas o ex-presidente do Atlético Mineiro. Os apoiadores do governo Lacerda ressaltaram as Unidades Municipais de Educação Básica (UMEIs), feitas através de parceria público privada (PPP), como uma das principais políticas a serem ampliadas e aperfeiçoadas. É o caso de Álvaro Antônio (PR), Rodrigo Pache-

FAtos em Foco

Betim

Betim conta com 11 précandidatos à prefeitura. São eles o empresário Vittorio Medioli, PHS), Eutair dos Santos (PT), Weliton Sapão (PPS), Ivair Nogueira (PMDB), Erasmo da Academia (PSC), Beto do Depósito (PSDC), Wenceslau Moura (PSB), Fernando Mendonça (PSL), Wilson de Souza (PSOL), Dorinha (PSTU) e José Augusto Bernardes (PCB). Medioli, que é dono do jornal O Tempo, tem apoio de 15 partidos e é um dos favoritos para o cargo. Ex-deputado federal, foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão pelos crimes de evasão de divisas e manutenção clandestina de depósitos no exterior.

Contagem

Reginaldo (PT), Consolação (PSOL) e Vanessa (PSTU) foram os únicos a falar sobre a situação da política nacional co (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT) e Délio Malheiros (PSB), que foi amplamente vaiado ao se referir a Lacerda como “um dos gestores públicos mais honestos, corretos e eficientes”. Rodrigo Pacheco e João Leite (PSDB) foram interrompidos pelo público que protestava contra o governo interino de Michel Temer (PMDB), classificado como “golpista”.

Oposição Com um projeto de oposição à gestão Lacerda se colocaram os candidatos Reginaldo Lopes (PT), Maria da Consolação (PSOL) e Vanessa Portugal (PSTU). Eles foram também os únicos a falar sobre a situação da política nacional. Vanessa Portugal chegou a apontar as propostas dos oponentes como “conversa fiada” já que, segundo ela, com o governo interino de Michel Temer, haverá verba para tais políticas. “Se for aprovada a lei que limita os gastos públicos ao aumento da inflação, não tem mais UMEI. Não tem mais investimento na saúde”, afirmou a candidata. “A cidade não é independente do país e aqui todos os grandes partidos estão com suas bancadas lá [no Congresso Nacional] votando para destruir a cidade”, reforçou.

Vanessa Portugal e Maria da Consolação aproveitaram para denunciar que segundo a legislação atual, as redes de TV não são obrigadas a convidá-las para os debates, já que seus partidos não têm o mínimo de nove deputados na Câmara Federal. Como únicas mulheres candidatas à prefeitura, elas pediram aos demais candidatos e ao público presente que façam campanha pela sua presença nos debates. Calendário eleitoral A propaganda política teve início oficial em 16 de agosto, seguindo orientações do Tribunal Superior Eleitoral, e em 26 de agosto, tem início nas emissoras de TV e rádio. O primeiro turno das eleições acontece em 2 de outubro e o segundo turno em 30 de outubro.

Contagem tem cinco nomes para disputar o Executivo: Ademir Lucas (PR), Alex de Freitas (PSDB), Irineu Inácio da Silva (PSD), Jander Filaretti (PMBD) e Carlin Moura (PCdoB), que tentará a reeleição. Segundo a última pesquisa do DataTempo/CP2, realizada entre 20 e 22 de julho, Moura lidera a corrida para a prefeitura, contabilizando 27% das intenções de voto. Em segundo lugar aparece o ex-tucano Ademir Lucas (PR), com 22,4%, e em terceiro, o ex-vereador e empresário Jander Filaretti (PMDB), com 7,3%.

Vespasiano

Em Vespasiano, os précandidatos são Adriana Lara (PT), Ilce Rocha (PSDB), Luciano Costa (PRB), Pastor Maurílio Santana (REDE) e William Soares Santos (PSOL).


Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

MINAS

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Ação do MP pede que Samarco forneça água à população de Governador Valadares BARRAGEM Estudo sobre Rio Doce aponta riscos de doenças como Parkinson, Alzheimer e osteoporose Fred Loureiro / Secom - ES

Wallace Oliveira

Q

ue a Samarco forneça água mineral aos moradores de Governador Valadares e distritos vizinhos, até que o Rio Doce esteja adequado para abastecer a população. É o que pede uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União. Além da Samarco, de propriedade da Vale e BHP Billiton, a ação cita órgãos responsáveis pelo fornecimento de água potável na região ou pela regulação e fiscalização do serviço, como o Serviço Autônomo de Água e Esgotos de Governador Valadares (SAAE) e a Agência Nacional de Águas (ANA). Em julho, um estudo realizado pela Central de Apoio Técnico (CEAT) do Ministério Público de Minas Gerais verificou que, após o rompimento da barragem de Fundão, na região de Mariana, a água do Rio do Doce passou a conter uma concentração de alumínio seis vezes acima do que é permitido por lei. O consumo dessa água pode acarretar doenças como de-

mência e declínio cognitivo, osteoporose, encefalopatia, esclerose lateral amiotrófica, doença de Parkinson e Alzheimer. Versões diferentes As coletas de material para o Ministério Público foram realizadas no mesmo dia em que a Samarco também recolheu material para analisar a água do rio afetado pela lama. As amostras da empresa foram examinadas nos laboratórios Mérieux NutriSciences e Tommasi e, segundo a mineradora, comprovariam a ausência de alterações nos parâmetros de alumínio ou metais pesados. Entretanto, um parecer técnico da CEAT, analisando o

estudo da Samarco, reafirma a condição inadequada da água do Rio Doce. Para Guilherme Camponez, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens, a situação do Rio Doce evidencia o descaso da empresa: “A Samarco não se preocupa com a vida das pessoas. A barragem se

Água do Rio do Doce passou a conter uma concentração de alumínio seis vezes acima do limite

rompeu por que não tomaram as devidas precauções. É mais um motivo para não aceitar a gerência da Samarco na vida dos atingidos, exigir captação de água alternativa e fornecer água mineral para a população, até que a água do Rio Doce possa ser usada para consumo humano”, comenta. Descumprimento de acordos O Ministério Público de Minas Gerais propôs, no dia 9 de agosto, uma Ação de Cumprimento de Sentença contra as empresas Samarco, Vale e BHP Billiton. Elas teriam descumprido acordos firmados com a 2ª Promotoria de Justiça de Ma-

riana, prevendo indenização a vítimas dos rejeitos da barragem de Fundão, que rompeu no dia 5 de novembro de 2015, em Bento Rodrigues. O acordo foi assinado no dia 23 de dezembro de 2015. As empresas deveriam pagar o aluguel ou valor médio de locação de imóveis às famílias desabrigadas até que elas recebam sua residência definitiva. Deveria ser pago, ainda, um auxílio financeiro de um salário-mínimo, mais 20% desse valor por dependente, e uma cesta básica às famílias que perderam renda, além de uma antecipação, no valor de R$ 20 mil, a título de indenização. Um novo acordo, realizado no dia 20 de janeiro de 2016, previu a antecipação de pagamentos a proprietários de automóveis que tiveram seus veículos destruídos pelo rejeito de minério, bem como a famílias que perderam casas de fim de semana. Entretanto, segundo a 2ª Promotoria de Justiça de Mariana, os acordos foram desrespeitados em 105 casos, sendo que cerca de R$ 1 milhão deixaram de ser pagos.

FATOS EM FOCO

Servidores planejam greve geral

Unidade contra a retirada de direitos

Em Plenária Estadual realizada na terça (13), servidores públicos municipais, estaduais e federais se reuniram em Belo Horizonte para definir estratégias de combate ao governo interino de Michel Temer. A categoria sofre com ofensivas de retiradas de direitos e, como enfrentamento, decidiu por três ações: o compromisso com a construção de uma greve geral, elaboração de carta com as proposições do encontro para informar todos os trabalhadores, e o fortalecimento da Frente Mineira de Defesa dos Serviços, das Servidoras e dos Servidores Públicos. No dia 29, está marcado ato em Brasília durante a defesa da presidenta afastada Dilma Rousseff.

Centrais sindicais de todo o Brasil se uniram na terça (16) para um Ato Público do Dia Nacional de Lutas. As entidades reivindicaram o respeito aos direitos trabalhistas. Além disso, se posicionam contra os projetos de lei 241 e 257, as reformas trabalhistas e da previdência e o governo interino de Michel Temer. Em Belo Horizonte, os manifestantes se reuniram na Praça Afonso Arinos e marcharam até a Praça da Estação. Participaram dos protestos representantes da Central Única de Trabalhadores (CUT-MG), CTB, Conlutas, Força Sindical, NCST, UGT e Intersindical.

André Yankous / Lidyane Ponciano


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ESPECIAL

Belo Horizonte, 17 de março de 2016 Belo Horizonte, 19 a 2511 dea agosto de 2016

Opinião

Cada vez pior João Paulo Cunha

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presidenta Dilma Rousseff decidiu comparecer ao Senado para fazer a própria defesa, de viva voz e olho no olho, num cenário inóspito que se prepara de forma assumida para o ataque. Mesmo sem autorizar o julgamento ilegítimo em sua origem, ela autentica a democracia com seu gesto. O traidor Michel Temer decidiu não comparecer à solenidade de encerramento das Olimpíadas, com medo de que as vaias registradas na abertura, mesmo com toda estratégia de acobertamento, se repitam. Há um paralelismo entre as duas atitudes que responde pelo conceito de honra. O confronto com o outro, a coragem em defender princípios, a aceitação das regras democráticas e o valor dado à alteridade são marcas de honorabilidade, ainda que não garantam em si a verdade. Numa sociedade fundada no respeito, não é preciso estar sempre certo, mas é fundamental ser digno o tempo todo. Temer, nesse sen-

tido, não é um homem honrado. Nem seus ministros. O ministro da Justiça do governo golpista, Alexandre de Moraes, criticou as políticas de segurança baseadas em inteligência, diagnóstico e estudos, pro-

“Governo” de Temer não é feito de homens honrados pondo que as rubricas do orçamento do setor fossem alteradas para priorizar a compra de equipamentos bélicos. A escolha da palavra é dele: bélico. Alçado ao cargo por sua atitude de beligerância com estudantes e movimentos populares, Moraes defende uma política de confronto e de contraposição de forças. Chanceler da usurpação, José Serra vem operando em poucos meses para destruir um conceito que foi cons-

truído em décadas pelo Itamaraty. Serra se insurgiu contra acordos multilaterais consolidados que arejaram o mundo da política e do comércio internacional e passou a propor um comportamento amesquinhado que fragiliza o país em favor dos EUA. Ofendeu nações africanas e da vizinhança sul-americana e, para confirmar seu vira-latismo, advogou interesses de empresas estrangeiras sobre riquezas nacionais. Por fim, foi acusado pelo chanceler (de verdade) uruguaio Rodolfo Novoa de chantagem comercial para impedir a Venezuela de assumir a presidência temporária do Mercosul. Comportamento que desrespeita toda a região e que foi recebido com incômodo pelo presidente Tabaré Vázquez. Num campo estabelecido por acordos geopolíticos de alto nível, o tucano não propôs diálogo, ofereceu plata. Serra, fica cada vez mais claro, é um homem venal. Um “governo” sem honra, sem inteligência e sem grandeza. E é só o cardápio da semana.

Uma greve para salvar a universidade estadual 106 DIAS Professores paralisaram aulas para exigir a contratação de mais profissionais Rafaella Dotta

falta de orçamento, A planejamento e valorização profissional

A situação dos profissionais da UEMG piorou em 2016, quando 348 professores foram demitidos com a ilegalidade da Lei 100 - que havia efetivado cerca de 95 mil servidores públicos de Minas Gerais sem concurso. O presidente da Associação de Docentes da UEMG (Aduemg), professor de ecologia Emanuel Alameda, observa que o problema é agravado pela falta de independência. “Não podemos buscar soluções. Tudo é preciso discutir com a Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão”, critica.

ameaça a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), segundo seus professores. Em 17 de agosto, eles encerraram uma greve que durou 106 dias e deu visibilidade, dentre outras demandas, à falta de profissionais. “O contingente de professores efetivos na UEMG não passa dos irrisórios 8%”, afirma o sindicato. A média nacional é de 12 alunos por docente, segundo o Censo da Educação Superior de 2009. Mas na UEMG Concursos o número chega a 171 aluO contrato por designanos por efetivado. ção, ao invés da realiza-

Reprodução Aduemg

ção de concursos e posterior efetivação dos aprovados, é questionado pelo Superior Tribunal Federal (STF). O governo de Minas Gerais e a Assembleia Legislativa são réus na Ação Direta de Inconstitucionalidade 5267. Para o procurador Rodrigo Janot, trata-

se de infração à Constituição, que permite a designação apenas em caráter temporário e excepcional. Porém, em 2015 Minas Gerais mantinha dois terços dos funcionários da educação sob o sistema de designação. As reuniões entre Gover-

no de Minas Gerais, UEMG e Aduemg resultaram no compromisso do governo em nomear os professores aprovados no concurso de 2014 e realizar concurso no início de 2017, já especificado na resolução 9.518/2016. A medida deve garantir a efetivação de até 85% dos docentes. As demais reivindicações - como o reajuste salarial na ordem de 44%, para repor perdas desde 2011, revisão da lei sobre a carreira e maior orçamento para a universidade - ficaram para novas negociações. Professores concordaram em aguardar a votação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita os gastos com pagamento de servidores.


Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Acompanhando Na edição 131... Por uma saudável

BH

Foto da semana

OPINIÃO

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

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Bruno Dayrell

mais

...E agora Movimentos reivindicam reabertura do Mercado de Santa Tereza No último domingo (14), movimentos que pedem pela reabertura do Mercado Distrital do bairro Santa Tereza ocuparam o local com a terceira edição do “Mercado Vivo + Verde”, projeto que quer reavivar o espaço com feiras de produtos orgânicos, artesanato, shows, teatro e outras manifestações culturais. O lugar foi fechado pela Prefeitura de Belo Horizonte há nove anos e, desde então, moradores lutam para que ele seja transformado e se torne referência para a agroecologia e economia solidária. Na edição 144... Polêmica em projeto sobre TV e rádio públicas ... E agora Votação foi adiada O Projeto de Lei (3513/16) prevê a criação da Empresa Mineira de Comunicação, com a fusão da Rede Minas de Televisão e da Rádio Inconfidência, geridas pelo governo estadual. No entanto, o projeto não prevê a criação de um conselho de comunicação estadual. Duas emendas para garantir a participação foram apresentadas, mas foram rejeitadas pela Casa. A proposta do governo seria avaliada na quarta-feira (17) pelos deputados. Integrantes do Fórum Nacional pela Democratização da Mídia e movimentos parceiros foram à ALMG protestar contra a aprovação do texto. A votação foi adiada, sem nova data prevista

MINERAÇÃO A Serra do Curral, que fica na região centro-sul da capital mineira, conforma uma paisagem contraditória. De um lado, uma beleza natural que preenche o “belo horizonte”. De outro, devastação e poeira. A foto desta semana é sugestão do leitor Bruno Dayrell, que fez o click para registrar o lado predatório da mineração.

Marilda Silva

André Xavier

Manifestações, instrumento de luta dos trabalhadores

Nenhum direito a menos, nem ilusões

Na história dos movimentos sindicais e sociais, as manifestações são instrumentos de luta e resistência contra a exclusão e pela inclusão social. Ações organizadas, como ocupações e passeatas, buscam despertar a consciência da população. Dizem que esses eventos tumultuam as cidades, pois ocorrem na hora da saída do trabalho e geram descontentamento nos que não concordam que ocorra naquele momento. Dizem que os protestos deveriam ser noutro horário, na porta da prefeitura, palácio do governo, etc. Porém, essas são as únicas formas de dar visibilidade à luta dos trabalhadores. Assim, é preciso “botar a boca no trombone”, ocupar ruas e praças para denunciar as injustiças, a exploração, os baixos salários. Dessa forma, inúmeras manifestações de trabalhadores(as) em todo país têm sido símbolo de resistência ao interino governo Michel Te- É preciso “botar a boca no trombone” mer, para ecoar a defesa do Estado Democrático de Direito e preservar as conquistas sociais alcançadas sob a Constituição de 1988 e ampliadas nos governos Lula e Dilma. O dia 16 de agosto foi marcado por manifestações nas cidades brasileiras com o tema “nenhum direito a menos”. As centrais sindicais, trabalhadores e trabalhadoras tomaram as ruas para denunciar o desmonte do Estado pelo governo ilegítimo de Temer. A batalha prosseguirá nas ruas com a aproximação do julgamento do impeachment no Senado. As manifestações de resistência democrática tendem a se avolumar. Assim, o momento político exige que muitas mais pessoas ocupem os espaços públicos para barrar o ataque à democracia iniciado desde a reeleição de Dilma Rousseff. Marilda Silva é socióloga, secretária de comunicação da CTB Minas.

A esquerda e o povo brasileiro vem sofrendo sua pior derrota desde o golpe de 1964. A aliança entre setores empresariais abastados, setores de governos internacionais, um Congresso conservador e parte do judiciário, Ministério Público e Polícia Federal, além da grande mídia, querem impor aos trabalhadores e ao povo pobre retrocessos nos direitos conquistados. Assim, inicia-se no próximo dia 25 de agosto, com término para início de setembro, provavelmente a consolidação da farsa do impedimento de Dilma no Senado. Com a ampla coalizão conservadora e as dificuldades da esquerda em solHora de construir dar alternativas concretas de alternativas saída para o impasse histórico, causando perda de potencial na luta Fora Temer, não devem existir novas ilusões com a possibilidade do retorno da nossa Presidenta. A mensagem da Presidenta Dilma Rousseff ao Senado Federal e principalmente ao povo brasileiro aponta saídas como o Plebiscito e uma Constituinte sobre a reforma politica e eleitoral. Nas palavras dela: “Reafirmo meu compromisso com o respeito integral à Constituição cidadã de 1988, com destaque aos direitos e garantias individuais e coletivos que nela estão estabelecidos. Nosso lema persistirá sendo “nenhum direito a menos’’. A Frente Brasil Popular, o Povo sem Medo, as centrais sindicais e movimentos populares realizarão ato político com Dilma em São Paulo no dia 25, e mobilização em todo o país no dia 29 de agosto, além de um acampamento em Brasília. O momento é de balanço e construção de alternativas, construir a mais ampla unidade da esquerda e setores democráticos e populares. Nenhuma conciliação com o governo golpista e demarcação clara nas eleições municipais. Fora Temer! Nenhum direito a menos! Que o povo decida. André Xavier é da Executiva Estadual do PT MG.


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BRASIL

Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Sem diálogo, Temer sinaliza propostas para suposta “reforma agrária” CRÍTICAS Movimentos do campo avaliam que o modelo do governo interino promove a privatização das terras de assentamentos Lula Marques / AGPT

Rafael Tatemoto De São Paulo (SP)

M

ichel Temer (PMDB), presidente interino, estuda um pacote de medidas voltadas para o campo. As ideias sinalizadas incluem a oferta de crédito rural e a entrega de títulos de propriedade para assentados da reforma agrária. Movimentos populares que atuam na questão, entretanto, criticam as iniciativas, que entendem como uma forma de privatização das terras. Os financiamentos serão ofertados através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os valores que serão destinados ainda não foram definidos e seguem em discussão. Crítica Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a possibilidade de entregar títulos de propriedade a assentados é negativa.

“A titulação, pelo nome, soa encantadora. Na verdade, é privatizar terras públicas. O Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] hoje controla 10% do território nacional. Temer quer privatizar isso. Ou seja, quer destruir em um ano o trabalho de 50 anos do povo brasileiro na criação de assentamentos”, critica Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST. O movimento defende um

Nós vamos lutar contra, fazendo ocupações de latifúndios e realizando mobilizações contra o governo golpista”, afirma dirigente do MST

modelo alternativo, no qual a propriedade permanece com o Estado brasileiro. “A terra, para nós, não é mercadoria. A terra deve estar sob controle da União, a serviço de quem nela precisa trabalhar. O assentado tem direito à concessão de direito real de uso, com hereditariedade, ou seja, a propriedade é do Estado, mas o trabalhador tem o direito de repassá-la ao filho, mas não vendê-la”, defende Conceição.

Neste sentido, a titulação da propriedade pode gerar efeitos contrários aos objetivos da reforma agrária. “A titulação é uma contrarreforma agrária. É dar ao assentado, antes de ele se emancipar no lote, o direito de venda, o que pode levar à reconcentração fundiária. O que é terra pública, da União, passa a ser privada. É a privatização da reforma agrária. Nós vamos lutar contra, fazendo ocupações de latifúndios e realizando mobilizações contra o governo golpista”, explica. Para Conceição, a proposta se torna ainda mais perigosa se conjugada com outras medidas que o governo interino vem discutindo: “Essa proposta vem alinhada com a ideia de liberação de terras para estrangeiros. É acabar com a soberania nacional, entregar o patrimônio público brasileiro que são nossas terras, e dentro delas a biodiversidade, os rios, os minérios”. “Eles querem vender o Brasil”, pontua.

Crédito rural não corresponde às necessidades do campo

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nalisando a questão do crédito rural, o sem-terra afirma que se trata apenas de “uma isca para se aceitar o resto do pacote”. Anderson Amaro, da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), concorda. “Não passa de uma tentativa do governo interino e golpista de sinalizar aos movimentos populares. Na prática, não corresponde às necessidades dos trabalhadores do campo”, diz.

Segundo Amaro, apesar de importante na época de seu lançamento, o Pronaf apresentava limites: diversos agricultores têm dificuldades em acessá-lo em casos, por exemplo, de seca, quando não obtêm rendimentos e não conseguem novos empréstimos. Por isso, o MPA discutia com o Ministério do Desenvolvimento Agrário um novo modelo de financiamento. “É tapar o sol com a peneira. A perspectiva de reforma agrária foi destruída junto com o Ministé-

Movimentos do campo criticam prioridade ao agronegócio

rio do Desenvolvimento Agrário. Tirou os recursos dos principais programas, sucateou o Programa de Aquisição de Alimentos e política de assistência técnica. Não há compromisso nenhum com a

agricultura familiar e camponesa. Não iremos ceder em nenhum sentido”, analisa Amaro, que também cita a omissão do governo interino na renegociação de dívidas de produtores que perderam suas produções.

“Compromisso ele tem, de forma clara, com o agronegócio, com os setores minoritários da sociedade, aqueles que estão apoiando o processo de impeachment contra a presidenta Dilma”, finaliza Amaro.


Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Campanhas políticas serão mais curtas e baratas; entenda as mudanças MINIRREFORMA Nova legislação passa a ser aplicada pela primeira vez desde a sua aprovação

BRASIL

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Fatos em foco Agenda Nacional

Wilson Dias / Agência Brasil

Rafael Tatemoto

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s campanhas para as eleições municipais começaram na terça-feira (16). Esta é a primeira vez que as regras estabelecidas na Lei 13.165, conhecida como “minirreforma eleitoral”, passam a ser aplicadas em uma disputa. A própria data de início da disputa foi definida pela nova legislação, que, entre outras coisas, tornou o período de divulgação e o custo das candidaturas menores.

Confira algumas alterações: Doações Seguindo decisão do STF, pessoas jurídicas, como empresas, não podem mais doar. Cada pessoa física está limitada a doar o equivalente a 10% dos rendimentos declarados no Imposto de Renda do ano anterior. Mas o Congresso triplicou o volume de repasses do Fundo

Partidário, de caráter público, passando de R$ 289,5 milhões para R$ 867,5 milhões.

25 de agosto

Um ato político com a presença da presidenta eleita Dilma Rousseff está agendado para a próxima semana, em São Paulo (SP). A ação, convocada pela Frente Brasil Popular, é em defesa da democracia e contra o impeachment. Também participarão do evento intelectuais, personalidades, lideranças de partidos políticos e movimentos populares.

Duração As campanhas durarão cerca de metade do tempo das disputas passadas. De 90 dias, reduziu-se para 47. Em caso de segundo turno, a campanha recomeçará 24 horas após o fechamento das urnas e se estenderá até a véspera da segunda votação. Propaganda As peças de publicidade no rádio e TV terão 35 dias de exibição, com início no dia 26 de agosto. Em relação às campanhas passadas, o tempo aumentou: no total, serão 90 minutos diários, sendo que 70 deles serão destinados a prefeitos (60%) e a vereadores (40%). Os programas terão 30 ou 60 segundos, das 5h à meia-noite. Material de rua Cavaletes, outdoors e pinturas de muro estão vetados.

29 de agosto

Bandeiras e cartazes afixados em residências têm limite de meio metro quadrado cada um. Debates televisivos Canais de televisão podem realizar debates com os candidatos. Importante mudança são os crité-

rios de participação. Anteriormente, era obrigatória a convocação de candidatos cuja legenda tivesse representação na Câmara dos Deputados. Pela nova lei, são necessários ao menos nove parlamentares, sendo facultado o convite a outras candidaturas.

Julgamento de Dilma começa na próxima quinta RITO Processo, que conta com várias etapas, deve ter desfecho até o dia 30 de agosto

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julgamento final da presidenta afastada Dilma Rousseff terá início na próxima quinta-feira (25), às 9h. Conforme roteiro aprovado para o rito e segundo estimativas dos senadores, a sessão deve terminar na terça (30). De acordo com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que presidirá a audiência, a primeira etapa será inteiramente dedicada ao recolhimento dos

depoimentos das testemunhas (quatro de acusação e seis de defesa). As audições podem ocupar todo o sábado (27) e domingo (28). Na segunda (29) está marcada a defesa de Dilma, que irá comparecer ao Senado para interceder pessoalmente. “O último bullying é que eu não iria falar aos senadores. Errado. Eu vou ao Congresso e falarei aos senhores senadores com o respeito que eles merecem.

Em relação à conduta deles, não tenho nenhum temor. Acredito que, diante dos olhos do mundo, será importante que o Senado brasileiro honre a sua tradição histórica”, disse a presidenta em vídeo divulgado na noite de quarta (17) em sua página no Facebook. Durante a sessão, Dilma deve responder possíveis dúvidas e reafirmar os argumentos da defesa, que

são baseados na inexistência de crimes de responsabilidade contra a Lei Orçamentária de emprego de recursos públicos. Posteriormente, irá ocorrer a votação, que será nominal e através de painel eletrônico. O afastamento da presidenta será efetivado caso 54 senadores, no mínimo, votem por sua condenação. Se o número não for atingido, ela deve retornar imediatamente ao cargo.

No dia 29, data prevista para o julgamento de Dilma no Senado, movimentos populares articulados na Frente Brasil Popular realizarão um dia nacional de luta contra o golpe, em Brasília (DF). No domingo (28), dia anterior à mobilização, a Via Campesina organizará um acampamento pela democracia, também na capital federal. Caravanas sairão de todos os estados para participar das ações.

7 de setembro

A 22ª edição do Grito dos Excluídos acontece em todo o Brasil no dia de 7 de setembro. O tema deste ano, “Este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata”, é um alerta para a insustentabilidade do capitalismo. Durante o período de preparação – que ocorre até o evento – diversos temas serão debatidos pelos movimentos populares e pastorais sociais. Um deles é a necessidade de democratizar os meios de comunicação, frente ao monopólio da mídia no Brasil.


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MUNDO

Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Chanceler acusa José Serra de tentar ‘comprar voto do Uruguai’ contra Venezuela MERCOSUL Deputados e senadores pedem que ministro interino se explique e peça desculpas Rede Brasil Atual, com Opera Mundi

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chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, denunciou que o governo interino de Michel Temer, representado pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, tentou “comprar o voto do Uruguai” ao trabalhar pelo boicote da transferência rotativa do Mercosul à Venezuela, em troca de favorecer o país platino em negociações comerciais. “Não gostamos muito do chanceler [José] Serra ter vindo ao Uruguai, para nos dizer que vinham com a pretensão de se suspen-

der a transferência [da presidência do Mercosul à Venezuela] e, se suspensa, levar-nos em suas negociações com outros países, como querendo comprar o voto do Uruguai”, disse Nin Novoa, em matéria publicada no diário El País, de Montevidéu. A declaração está registrada em notas taquigráficas na Comissão de Assuntos Internacionais da Câmara de Deputados uruguaia no dia 10. Serra foi ao Uruguai no início de julho, acompanhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e, em entrevista à imprensa, afirmou que o Brasil faria “uma gran-

Israel quer muro subterrâneo em Gaza

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Ministério da Defesa de Israel abriu licitação para construção de um muro subterrâneo de 60 quilômetros que deverá cercar a Faixa de Gaza também por baixo da terra. A informação foi divulgada nessa quarta-feira (3), por portais de notícias internacionais. A obra estaria sendo desenvolvida para impedir que militantes do grupo Hamas cheguem até o território israelense. De acordo com o jornal YNet, um comunicado confidencial foi enviado a 20 empresas israelenses, convidando-as a integrar a licitação do projeto. No entan-

to, para concluí-lo, seria necessária a realização de parcerias com organizações estrangeiras. Inicialmente, a distância coberta será de 10 km e a construção deve ser iniciada em outubro deste ano. A barreira projetada deve incluir proteções na superfície e debaixo da terra, além de sensores para detectar atividades de escavação nas imediações. O muro, que deverá custar 570 milhões de dólares, foi cogitado após ataques de militares palestinos que, em resposta à ofensiva de Israel, utilizaram túneis para realizar atentados em território israelense.

de ofensiva” comercial na África subsaariana e no Irã e levaria o Uruguai como “parceiro”. Em troca, Serra teria pedido ao governo uruguaio para suspender a transferência da presidência do Mercosul ao país governado por Nicolás Maduro. Esta atitude deixou o presidente Tabaré Vázquez e o ministro das Relações Exteriores uruguaio “muito chateados”, disse Nin Novoa. “O presidente [do Uruguai] disse clara e enfaticamente: o Uruguai vai cumprir os regulamentos pela transferência da presidência”, disse. O chanceler uruguaio disse ainda que, para seu país,

“a Venezuela é o ocupante legítimo da presidência temporária”. Críticas O líder do PT na Câmara dos Deputados, o deputado Afonso Florence (BA), protocolou um pedido de convocação do ministro José Serra, para que explique “pessoalmente” a afirmação feita pelo chanceler uruguaio. “É evidente que um representante do governo brasileiro, notadamente um ocupante de um Ministério federal, não pode, de forma alguma, usar de subterfúgios para que se descumpram as normas internacionais, ratificadas pelo Brasil, em favor

de um posicionamento político desarrazoado”, disse. No Senado, alguns parlamentares também criticaram a postura de Serra – nomeado chanceler pelo vice -presidente no exercício da Presidência, Michel Temer, em 12 de maio – e sugeriram um pedido de desculpas formal para o Uruguai. O senador Roberto Requião (PMDB) pediu desculpas ao Uruguai pelo comportamento “inadequado e violento” do chanceler brasileiro que, segundo Requião, transformou a política externa do país em “motivo de chacota”.

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Belo Horizonte, 19 a 25 19 de afevereiro de 2016 Belo Horizonte, 25 de agosto de 2016

Entrevista

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“O golpe rompeu o pacto estabelecido pela Constituição” AMEAÇAS Após quebra da ordem democrática, nem mesmo a realização de eleições em 2018 está garantida, afirma advogado Isis Medeiros

Pedro Rafael Vilela de Brasília (DF)

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poucas semanas do julgamento final do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff, a crise política do país ainda parece estar só no começo. O interino Michel Temer tem aprovação de apenas 10% da população, índice igual ou até pior que Dilma antes do afastamento, segundo indicam as pesquisas de avaliação mais recentes. Além disso, já enfrenta forte disputa interna com partidos que apoiaram o golpe, como o PSDB, que ameaça deixar a base governista se Temer não im-

Vamos viver um período com muito mais possibilidades de luta do que durante a década de 1990” plementar um rigoroso ajuste fiscal e abandonar a ideia de se candidatar à reeleição em 2018. Porém, o que deve mesmo afetar o cenário econômico e político do Brasil são as mudanças prometidas por Temer aos setores sociais que apoiaram o impeachment. O advogado e dirigente da Consulta Popular Ricardo Gebrim prevê a retomada imediata do ciclo de privatizações e cortes de direitos. Nem mesmo a realização das eleições em 2018 estaria assegurada. Para Gebrim, no entanto, o golpe permitiu a construção de

Ricardo Gebrim: “O cerco político que conformou o golpe faz parte de uma estratégia do imperialismo estadunidense”

unidade de setores populares, que podem fazer frente às tentativas de “desmonte” que vêm por aí. Brasil de Fato - O afastamento de Dilma está prestes a ser confirmado pelo Senado. A partir desse novo cenário, o que esperar da agenda política e econômica do governo Temer? Ricardo Gebrim - Se consumarem o golpe, vão tentar aplicar uma nova ofensiva neoliberal. O principal interesse das forças econômicas que patrocinaram o golpe é mudar o marco regulatório do pré-sal, voltando aos contratos de concessão [com as petroleiras estrangeiras], desmontando o papel competidor da Petrobras. Também querem privatizar o que ainda pode ser privatizado no setor elétrico, esvaziar a capacidade do Brasil de ter um desenvolvimento soberano. Esta é a intenção deles, mas vão enfrentar muita resistência da classe trabalhadora e dos setores populares. E como está organizada essa resistência popular? A classe trabalhadora não se enxergou na representação política do governo Dilma e isso foi acentuado pelas medidas do

chamado “ajuste fiscal”. Isso impossibilitou uma greve geral que teria sido decisiva para barrar o golpe. Mas, nada nos permite afirmar que o crescimento da capacidade de lu-

As forças que promoveram o golpe tinham a unidade apenas em derrubar o governo legítimo da presidenta Dilma” ta, expresso no aumento do número de greves desde 2004, tenha diminuído. Temos um grande potencial de luta e esta tentativa de uma nova ofensiva neoliberal não será tão fácil para eles, vamos viver um período com muito mais possibilidades de luta do que durante a década de 1990. Em mensagem aos senadores e ao país, Dilma propôs uma consulta popular sobre a realização de novas eleições. Qual são os limites dessa proposta, ela daria conta de resolver a crise política do país?

O importante da mensagem da Carta da Presidenta Dilma é sua clara denúncia do golpe e disposição de lutar ao lado do povo. A proposta de um plebiscito para antecipar eleições, além de um equívoco político, não tem viabilidade. Após a realização do plebiscito, que somente poderia ocorrer em meados de 2017, será necessária a tramitação de uma emenda constitucional, levando a “antecipação” para 2018 ou 2019. Não é viável. A classe política que está à frente da deposição de Dilma, como PSDB e PMDB, já começa a se desentender. O que isso significa? As forças econômicas e sociais que promoveram o golpe tinham a unidade apenas em derrubar o governo legítimo da presidenta Dilma. Inevitavelmente crescerão suas disputas políticas a partir de agora. O que não podemos permitir é que se rompa a importante unidade que os setores populares conseguiram construir na luta contra o golpe. O que os movimentos populares e a classe trabalhadora devem esperar das eleições presidenciais de 2018? Dá para prever o tipo de disputa que vai se dar?

O golpe rompeu o pacto democrático da chamada Nova República. Rasgou a Constituição Federal de 1988 ao derrubar a presidenta eleita sem qualquer crime de responsabilidade. Não temos sequer garantia de que ocorrerão as eleições previstas para 2018. Devemos retomar a luta democrática, especialmente propondo uma Constituinte que permita ao povo retomar a soberania e reconstruir a democracia abalada por este golpe.

“A proposta de um plebiscito para antecipar eleições, além de um equívoco político, não tem viabilidade” Qual é a natureza dessa crise política que vivemos, que parece mais ampla do que o impeachment? Fica cada vez mais evidente que o cerco político que conformou o golpe faz parte de uma estratégia do imperialismo estadunidense, que busca de todas as maneiras retomar suas posições no continente, atuando na contraofensiva aos governos progressistas que, nos últimos 15 anos, buscaram responder às aspirações de construção de Estados-Nações com maior grau de soberania política. Haverá ainda a memória coletiva dos setores populares beneficiados na última década, além da capacidade de luta dos movimentos organizados.


12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Novela

Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br Divulgação

Os dilemas de “Justiça” A

pós a intensa programação olímpica, na semana que vem uma nova minissérie entra no ar no horário nobre. As chamadas de “Justiça” mostram que a história tem potencial para atrair o público. Com texto de Manuela Dias e direção de José Luiz Villamarim, os 20 capítulos contarão quatro histórias diferentes, que se conectam em alguns momentos. A cidade do Re-

a proposta é provcar a reflexão sobre o justo e o injusto

cife foi escolhida para ambientar a minissérie. A proposta é provocar a reflexão sobre o justo e o injusto, que podem ter significados éticos e morais distintos. Sentimentos e ações humanas de perdão, vingança, amor e amizade dão a tônica à vida das personagens. Uma delas é Elisa (Debora Bloch), uma mãe que, ao perder sua filha assassinada pelo noivo Vicente (Jesuíta Barbosa), decide fazer justiça com as próprias mãos. Outra história é a de Fátima (Adriana Esteves) que é presa após uma plantação de drogas ser encontrada no jardim de sua casa, como forma de vingança de seu vizinho, o policial Douglas (Enrique Diaz), pelo fato de ela ter matado o seu cachorro. A terceira protagonista é Rose (Jéssica Ellen), jovem negra que é presa com

drogas quando revistada por policiais em uma festa em que estava com sua suposta amiga inseparável Débora (Luisa Arraes). Por fim, a história do casal Maurício (Cauã Reymond) e Beatriz (Marjorie Estiano) se soma às demais. Ela é atropelada por um político e fica tetraplégica. Diante da fatalidade, pede ao seu amado que realize a eutanásia nela. O rapaz atende a namorada e é preso. Sete anos depois, sai da cadeia obstinado a se vingar pelo atropelamento de Beatriz. Com elenco de peso e temas que mexem com as opiniões das pessoas, a minissérie promete. Eu não vou perder, você vai? A estreia é na segunda, dia 22. Até a próxima semana!

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Fique ligado no Programa Outras Palavras!

Educação! em /as es

z dos Trabal A vo had or

O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), está sendo veiculado em novo horário na TV Band Minas (das 18h50 às 19h20). O objetivo do Outras Palavras é promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores e educadoras. Esse programa também é exibido nas TVs Band Triângulo e Candidés.

Todos os sábados, na TV Band Minas

18h50

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19h20

Filiado à o que a luta pela Faz temp edu

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Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

13 VARIEDADES 13

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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Algumas siglas brasileiras

ilustração: acervo ediouro

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CNPq – CONSELHO Nacional de Desenvolvimento CIENTÍFICO e Tecnológico CPF – Certidão de Pessoa FÍSICA

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ECT – Empresa Brasileira de CORREIOS e Telégrafos

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FGTS – FUNDO de Garantia por Tempo de SERVIÇO

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Fiesp – Federação das INDÚSTRIAS do Estado de São Paulo

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• Um gaveteiro de plástico, com três gavetas. Pode comprar em lojas de utilidades domésticas. • Uma furadeira

Instruções Com a furadeira, faça furos no fundo das duas primeiras gavetas de cima. O ideal é que os furos sejam próximos, com a broca nº 8. Depois de feitos os furos, já está tudo pronto para você começar a encher a composteira de matéria orgânica. O lixo recolhido na cozinha (casca e restos de legumes, frutas e verduras picados. Alimentos cozidos não podem) vai sendo colocado na gaveta de cima. É sempre bom misturar com serragem para não ficar muito úmido. O processo precisa de ar, por isso é necessário mexer o composto a cada dois dias. Quando a gaveta de cima encher, coloque-a na posição do meio e recomece a encher a gaveta de cima. A gaveta de baixo (sem furos) vai recolher o chorume, que deve ser diluído em água (1 parte de chorume para 9 de água) e usado como fertilizante.

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DDD – DISCAGEM Direta a Distância

Na última edição, começamos a explicar como se faz a compostagem caseira para diminuir o lixo gerado em casa e produzir adubo para as plantas. Hoje, vamos falar sobre como fazer a composteira. Você precisa de:

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


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CULTURA

Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Mulheres apresentam suas danças de rua ARTE Programa que dá aulas gratuitas de Hip Hop para profissionais e iniciantes comemora um ano Divulgação

Raíssa Lopes

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o próximo sábado (20), mulheres do Hip Hop se apresentam na Mostra Feminina de Danças Urbanas, organizada pelo Projeto UMA. O evento acontece no Centro Cultural UFMG com entrada franca, e reúne dançarinas das mais diferentes vertentes do ritmo. No dia, também será realizado show da artista Kainná Tawá, que divide o palco com Ohana Santana, e criação ao vivo de grafite com Carolina Jaued. A mostra é a comemoração do primeiro ano do UMA, iniciativa da profissional de dança Bárbara Almeida. Em 2015, ela iniciou um trabalho social no Centro de Integração de Atendimento ao Me-

nor (CIAME), no bairro Pindorama, que era um treino de mulheres. Eram disponibilizadas, então, aulas gratuitas para aquelas que quisessem aprender passos do Hip Hop. O trabalho atraiu quem já vivia da dança e também quem nunca havia executado um step (nome

dado aos passos básicos da coreografia). Por todas elas Com a reunião de profissionais, nasceu um grupo fixo o UMA - e os treinos para as aprendizes se tornaram quinzenais. De acordo com Bárbara, a ideia era unir as mulheres do Hip Hop e simpatizan-

tes da cultura para conseguir protagonismo na dança de rua, meio dominado por homens. “É uma arte que sempre foi vista como masculina, mas que é feita de pessoas. Por questões culturais nós não participávamos, ficávamos mais no canto. Agora é também um espaço para discutir questões, como a igualdade. Por exemplo, o porquê de a mulher ter mais vergonha de dançar do que o homem”, conta. Os treinos, que também são dados no Centro Cultural da UFMG, aceitam de crianças a senhoras. “Por mim, tinha que ter treino todo dia, eu ia levar todas as minhas amigas e encher o lugar”, brinca a aluna Sylvia de Paula. Ela, que é designer de moda, também faz Karatê e diz que ingressou na dança

para relaxar um pouco a postura. Ela ganhou mais maleabilidade e, ainda, conheceu pessoas de um mundo novo. “São muitas tribos e todas elas se dão muito bem. O ambiente é ótimo, relaxa”, elogia. Sylvia diz que ainda não se sente confiante para se inscrever em batalhas, mas pratica o que aprendeu em todas as festas que frequenta.

Onde: Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174) Quanto: De graça Conheça o UMA: www.facebook.com/ projetouma

Divulgação

Peça com entrada franca retrata horrores dos manicômios

André Fossati / Divulgação

Na próxima segunda-feira (22), será realizada sessão gratuita da peça “Nos porões da loucura”, que narra a história do Hospital Psiquiátrico de Barbacena, conhecido por provocar a morte de cerca de 60 mil pacientes. A apresentação marca a comemoração do Dia Nacional do Psicólogo, comemorado em 27 de agosto, e o aniversário do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG). Para assistir, é necessário retirar o ingresso na bilheteria uma hora antes do espetáculo. O evento será sucedido por um debate com o diretor da obra, Luiz Paixão, o jornalista Hiram Firmino, autor do livro de mesmo nome e o psicólogo Diego Pastana. O evento acontece às 19h, no Teatro Marília (Av. Alfredo Balena, 586 Santa Efigênia).

Exposição gratuita exibe pinturas de Botero em BH O Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201) recebe, até o dia 27 de novembro, uma exposição de 15 obras do artista Fernando Botero. Um dos mais aclamados do mundo, o pintor é famoso por retratar personagens sempre gordinhos em suas obras. Ele também registrou a dor de seu povo durante um dos golpes de Estado da Colômbia, país onde nasceu, adicionando aos quadros referências à guerrilha, forças militares e violência sofrida pela população. Além disso, Botero aborda de forma satírica figuras de políticos e outros personagens da história. A visitação é aberta durante todas as terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 18h30, quintas de 12h às 20h30 e domingos das 10h às 16h30. A entrada é franca.

Anúncio Você está convocado! Estão abertas as inscrições para o torneio mais esperado da categoria de telecomunicações: a COPA SINTTEL. Nesta edição, a copa trás as modalidades Futsal e Truco e ganha um viés político e com um tema voltado em defesa pela democracia. As inscrições são limitadas, portanto, garanta já o seu time no campeonato. A copa começa na primeira semana de setembro.

Mais informações no nosso site: www.sinttelmg.org.br


Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Semana olímpica: o que você não leu nos outros jornais

ESPORTES

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Curta e Grossa

Agora é que são elas

RIO 2016 Fatos que marcaram a semana dos Jogos

Roberto Castro

Mostra Feminina de Danças Urbanas Quando: Sábado (20) Fernanda Costa

O Reprodução

Mijaín López: o cubano que trucidou o racismo Lenda viva da luta greco-romana, o cubano Mijaín López não tem na mídia o mesmo destaque que outros multicampeões, como Michael Phelps, Usain Bolt e Simone Biles. O lutador de 33 anos, 1,96 m de altura e 120 kg era lembrado apenas como rei da simpatia. No Rio, hospedou-se em albergue da zona norte, comeu no bar, aprendeu a sambar, tocou bateria na Vila Isabel e fez amizade com moradores: ganhou a torcida. Por trás dessa malemolência tipo “coisa nossa”, havia um currículo invejado na modalidade, com pentacampeonato mundial, tetra pan-americano, dois ouros em Olimpíadas (2008 e 2012) e dezenas de outras medalhas em competições menores. O objetivo agora era o tri olímpico, que o igualaria ao soviético Aleksandr Karelin. E o título veio na terça (16), ao derrotar com facilidade o turco Riza Kayaalp, famoso pelos comentários racistas contra gregos e armênios. O resultado da luta? Um massacre: 6 a 0 para Mijaín, 6 a 0 contra o racismo.

Máfia dos ingressos come solta A polícia do Rio prendeu, na quarta (17), o irlandês Patrick Hickey, executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ele é acusado de facilitar o desvio de ingressos dos Jogos Olímpicos, a fim de que a empresa britânica THG Sports os revendesse por um preço até 30 vezes maior. O Ministério Público do Rio de Janeiro já havia denunciado à Justiça cinco estrangeiros suspeitos de envolvimento no esquema, todos ligados à THG. Entre eles, o irlandês Kevin James Mallon, preso poucas horas antes da abertura do evento.

Fernando Frazão / Agênvia Brasil

Os militares e os viúvos Um terço da delegação brasileira é composta por atletas vinculados às Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica e Exército). É por isso que, quando ganham medalhas, alguns prestam continência no pódio, como fez o ginasta Arthur Zanetti e o pugilista Robson Conceição. Alguns viúvos da ditadura viram nisso um motivo para repetir a velha ladainha de que “a disciplina militar é tudo”. A verdade é que esses atletas são beneficiados por programas como Bolsa Pódio e o Bolsa Atleta e a parceria entre os ministérios do Esporte e da Defesa. Tais programas atendem a competidores que possuem índice técnico avançado (não formam novos atletas), garantindo-lhes estrutura para que possam ser mais competitivos. Dos 145 que competiram como militares, 50 se vincularam às Forças Armadas a um mês das Olimpíadas. Que fique claro: a maioria dos esportistas brasileiros não usufrui dessa condição.

s jogos olímpicos são muito importantes e as histórias por trás das competições ficam na lembrança de quem admira essa celebração. Dessa vez, há um gosto especial pelas mulheres, que correspondem a 45% de participantes e, em algumas delegações, como Brasil e China, já são maioria. Oficialmente, as mulheres passaram a marcar presença nas olimpíadas em Paris, em 1900. Mesmo assim, elas precisavam usar vestes compridas e só podiam competir em esportes que não tinham contato físico, como o golfe e o tênis. Mulheres são lembradas por suas conquistas e representatividade. Por exemplo, a rainha Marta, a nadadora síria Yusra Mardini e a judoca Rafaela Silva são nomes que inspiram milhares de meninas a se lançarem no mundo dos esportes, a fazerem elas também história.

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Belo Horizonte, 19 a 25 de agosto de 2016

Brasil é ouro na vela

a tarde desta N quinta-feira (18), as brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram a medalha de ouro na classe 49er FX da vela. Elas bateram as

duplas da Nova Zelândia e Dinamarca. Desde as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, o Brasil sempre tem subido ao pódio e já acumula seis ouros, três pratas e oito bronzes

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Ricardo Bufolin / CBG

Ministério do Esporte

na vela. Nos Jogos Rio 2016, o feito de Martine e Kahena fez com que o país subisse para a 15ª colocação no quadro geral de medalhas, com quatro ouros.

Eu que dou treino para o meu atleta, não são militares. Apoiar atleta de alto nível é fácil. Quero ver apoiar a criança até chegar lá. Marcos Goto, treinador do ginasta Arthur Zanetti, sobre a alegação de que alguns medalhistas brasileiros são militares. Zanetti, por exemplo, se vinculou ao Programa Atletas de Alto Rendimento, das Forças Armadas, há um mês.

Gol de placa O jamaicano Usain Bolt é tricampeão olímpico! O cubano Mijaín López, da luta greco-romana, também! A japonesa Kaori Micho, outra lutadora de greco-romana, é a primeira mulher tetracampeã olímpica! Tetra também é Michael Phelps, na natação! Estes são os jogos da consagração dos mitos.

Gol contra João Havelange, ex-presidente da Fifa, morreu na terça-feira (16), aos 100 anos. Aliado a ditaduras militares pelo mundo, afeito a compras de votos para se reeleger presidente da entidade, morreu no ostracismo e sem pagar pelos crimes que cometeu.

Decacampeão Bráulio Siffert O América fez um primeiro turno vergonhoso, com três vitórias nos 19 jogos disputados, amargando a lanterna em praticamente todas as rodadas e fazendo a queda à Série B ser praticamente inevitável. Apesar disso, a boa atuação nos dois últimos jogos do turno fizeram renascer nos torcedores uma pontinha de esperança, que foi ligeiramen-

É Galo doido! Rogério Hilário

te abalada pela péssima apresentação no primeiro jogo do returno, contra o Fluminense. Para escapar da degola, o América precisa fazer mais de 30 pontos, quantidade feita no primeiro turno, por exemplo, pelo fraco Atlético-PR. Ou seja, impossível não é. Se ganhar todos os nove jogos que faz em casa, precisará de apenas uma vitória fora.

A derrota para o Santos mostrou o quanto é sofrida a caminhada de quem luta pelo título brasileiro. Após duas vitórias na casa dos adversários, imaginavase um caminho suave. Bastou um veterano, como Ricardo Oliveira, resolver jogar ou a zaga atleticana vacilar e pronto. Queda para o quarto lugar. Começaram as críticas à escalação

La Bestia Negra Giovanna Fantoni

e à tática. Esqueceram-se de combinar o resultado com o alvinegro praiano, também candidato ao troféu. Continuo a dizer: a regularidade é fundamental nos pontos corridos. Todo cuidado contra o Atlético Paranaense é pouco. E, sem Fred, o time depende de um Lucas Pratto inspirado. Motivado, ainda bem, pela convocação para a seleção argentina.

A contusão do goleiro Fábio é a pior notícia do ano para o Cruzeiro. A equipe luta contra o rebaixamento e a presença dele era imprescindível na recuperação celeste. Mesmo não estando no esplendor de sua performance, Fábio continuava sendo a única liderança dentro do elenco, com apoio da maioria da torcida. O clube tem que repor a vaga o mais

rápido possível, buscando um substituto de alto nível. O goleiro Rafael, quando entrou, gerou desconfiança. Os jovens Elisson e Lucas França são bons tecnicamente, mas não têm a experiência necessária para enfrentar este momento de turbulência. E, acima de tudo, é preciso acertar a defesa, para exigir o mínimo possível do goleiro.


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