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MINAS
ESPORTES
Cortes drásticos na Educação
Lula Marques / APGT
Primeira esportista do Brasil a ganhar um Mundial de atletismo, Fabiana Murer anuncia o fim de sua vitoriosa carreira
Governo Temer promove corte de até 45% do orçamento das universidades federais
Minas Gerais
Valeu, Fabiana!
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Reprodução
26 de agosto a 1º de setembro de 2016 • edição 150 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita
Não vai ficar barato Isis Medeiros
BRASIL 8 e 9 Antes mesmo do julgamento final sobre o afastamento da presidenta eleita, o governo de Michel Temer apoia medidas para acabar com a saúde pública, retirar os direitos reconhecidos na Constituição de 88 e jogar o custo da crise econômica nas costas dos trabalhadores. Por outro lado, a resistência se organiza e movimentos respondem à ofensiva golpista com agenda de protestos
Grafite em Contagem Nova trincheira é inaugurada com desenhos de artistas da região. Parte do muro conta a história da cidade e outra revela importantes obras dos grafiteiros
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Vitória popular Graças à luta dos moradores, Mineradora Ferrous Resources desiste de mineroduto que poderia destruir Rio Paraopebas
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Editorial | Brasil
O fascismo e a defesa da democracia uma apresentação feita em N 1971 na Universidade de Harvard (EUA) sobre o fascismo
ESPAÇO dos Leitores
“Fui ver. São poucas e recentes obras, mas muito belas. As esculturas são encantadoras. E de graça”. Alessandra Mello comenta a nota “Exposição gratuita exibe pinturas de Botero em BH”
“O Brasil de Fato MG possibilitou, nestes três anos, através de suas matérias, abrir discussões e trazer um contraponto em diversos assuntos nas realidades concretas. Discussões que antes pareciam muito distantes da vida cotidiana aparecem estampadas no jornal e facilitam os diálogos que antes eram deixados de lado. Além dos debates, pessoalmente o jornal possibilita pra mim um espaço de empoderamento e construção de autonomia, porque ajuda a quebrar a ideia que é tão difundida em nossas casas de que mulheres, jovens, não podem ter voz, não podem participar da vida pública”. Laísa Silva comenta os três anos do Brasil de Fato Minas Gerais
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
na América Latina, o sociólogo e professor Florestan Fernandes sinalizava que a chamada “defesa da democracia” somente havia modificado o caráter e a orientação do fascismo clássico de Hitler e Mussolini. Para ele, o fascismo está relacionado com o “desenvolvimento com segurança”, correspondendo às funções de autodefesa e de autoprivilegiamento que ele propiciava às classes privilegiadas.
Dizia ele: “o caráter fascista das ações e processos políticos não
Golpe é para atender interesses das elites se funda somente na contradição entre o uso institucionalizado da violência para negar os direitos e garantias sociais estabelecidos e as imposições “universais” da ordem legal; mas na existência de uma ordem constitucional que é menos que simbólica ou ritual, pois só tem validade para a autodefesa, o fortalecimento e a predominância dos privilegiados”. É forçoso reconhecer que o golpe de Estado em curso carrega semelhanças: pretextos constitucionais foram concebidos para rasgar a própria Constituição, como forma de autodefesa daqueles que estão amedrontados com as consequências e buscam paralisar investigações, principalmente da
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
Operação Lava Jato. Por outro lado, o conjunto das medidas anunciadas pelo governo ilegítimo de Temer (como a redução de direitos trabalhistas e sociais, a privatização de empresas estatais e de recursos naturais) só atendem aos interesses das elites, das grandes empresas e do capital internacional, na busca pelo lucro e superação da crise econômica. Impeachment sem provas Com a inexistência de crime de responsabilidade cometido pela presidenta Dilma, rompe-se com
Saída para crise é reforma do sistema político o pacto estabelecido na Constituição Federal de 1988, com a soberania popular expressa nas eleições, e, ao atentar contra a democracia, o golpe expõe seu caráter fascista. Vale relembrar que as utilizações recentes da Lei de Organização Criminosa (Lei Nº 12.850/13) ou da Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83) para incriminar integrantes de movimentos populares ou manifestantes durante protesto, tal qual as tentativas de censura às expressões do “Fora Temer” e “Globo Golpista” durante os jogos olímpicos afrontam também contra o princípio democrático. Enfrentamos uma profunda crise. Só com reforma do sistema político superaremos a atual crise política e edificaremos um projeto popular para o Brasil que atenda aos interesses da classe trabalhadora.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo, Léo Calixto, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
GERAL
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Declaração da Semana
Ações de Temer já deixam marcas
A defesa da democracia exige luta diária” Lula Marques / AGPT
Seja qual for o resultado da decisão do Senado Federal, o governo interino de Michel Temer (PMDB) já deixou sua marca. Não só pelas medidas que tomou, mas também pelas discussões e propostas que levantou em poucos meses: cortes em políticas públicas, debates sobre “reformas” com perdas para os trabalhadores e anúncio de medidas consideradas drásticas para o futuro do Brasil. Leia o especial do Brasil de Fato “Cortes, negociatas e desmonte de programas: relembre 28 ações de Temer”.
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PERGUNTA DA SEMANA Na última semana, foi dada a largada para as eleições municipais de 2016. Em Belo Horizonte, são nove candidatos e duas candidatas à prefeitura. Por isso, o Brasil de Fato MG foi às ruas e perguntou:
O que você espera do novo prefeito?
Disse a presidenta eleita Dilma Rousseff, durante ato em São Paulo na terça (23), sobre qual será sua atitude nos próximos meses
BombouNaRede
Reprodução
MC Carol foi mais uma celebridade a ter sua página no Facebook atacada por pessoas machistas, racistas e homofóbicas. A funkeira recebeu centenas de comentários agressivos que desqualificavam seu trabalho e sua aparência. “Essa é minha cara de preocupação”, escreveu Carol na quarta (24), juntamente com a foto acima. Ela afirma que entrará com procedimentos na Delegacia de Crimes Virtuais. “Enquanto isso, VAI TER MULHER PRETA, GORDA E DE COMUNIDADE nos palcos de eventos internacionais”, finaliza.
5 dicas para controlar a ansiedade Eu espero que o prefeito possa fazer o melhor pra nós. A maioria prejudica as pessoas. Por exemplo, no ramo dos flanelinhas, a prefeitura cadastra, mas muitos trabalham sem ser cadastrados. Que eles coloquem uma pessoa para fiscalizar melhor. E tem que olhar o ramo dos camelôs também, porque muitos precisam daquele trabalho, são pais de família. Vladimir Aparecido, serviços gerais
Eu queria que melhorasse a saúde, porque o posto médico está muito ruim, eles tiraram o ‘posso ajudar’. A gente chega lá e informação está muito difícil. Lá não tem mais vigia, ficou só o porteiro. Tem que melhorar também o serviço de poda de árvores, porque a gente pode passar e cair uma árvore em cima da gente. Lucineia Oliveira, servente
O uso da tecnologia, problemas econômicos e outros fatores podem acabar gerando transtornos de ansiedade. Para combater o mal antes mesmo de aparecer com intensidade, aqui vão 5 dicas saudáveis pra qualquer pessoa:
1. Controle sua respiração. 2.
Escreva sobre seus problemas ou seu cotidiano.
3. Converse e se abra para relações próximas de amizade. 4.
Escute suas músicas preferidas. Isso acalma e libera um hormônio relacionado ao bem-estar.
5.
Mastigue sementes que contenham magnésio, como castanhas e semente de abóbora.
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CIDADES
TRUCO ELEIÇÕES BH
Belo Horizonte, 11 a 17ade de 2016 Belo Horizonte, 26 de agosto 1º março de setembro de 2016
Juventude das EFAs conquistam direito após mobilização
Eleições no estado
Varginha
EDUCAÇÃO DO CAMPO Governo repassa recurso, fundamental para a manutenção das Escolas Famílias Agrícolas Júlio Pacheco
NÃO É BEM ASSIM, Eros
Eros Biondini (PROS) afirmou que quase todas as medidas do seu mandato como deputado federal se destinaram à saúde. A Agência Pública investigou e declara: NÃO É BEM ASSIM. Em 2016, das 13 emendas apresentadas pelo deputado, apenas quatro pediam recursos para a saúde.
BLEFE de João Leite
O candidato do PSDB foi questionado por um internauta sobre o ensino do “homossexualismo e sexo em grupo para crianças de 6 anos” em Minas. Em resposta, João Leite comentou: “Com relação a esse controvertido tema, ele não foi esquecido, conseguimos retirá -lo do Programa Estadual de Educação”. A resposta é um BLEFE. O Plano Estadual de Educação está em votação na Assembleia Legislativa e não teve, até o momento, a exclusão da parte mencionada. >> Estas checagens fazem parte do Truco Eleições 2016, projeto da Agência Pública, que checa as falas de todos os candidatos a prefeito em cinco cidades: Belém, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. apublica.org/truco2016
Larissa Costa
E
studantes e educadores das Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) comemoraram, na última semana, uma conquista para a educação do campo. Cerca de 550 pessoas de várias regiões de Minas Gerais se reuniram em Belo Horizonte, na Cidade Administrativa, em uma manifestação para cobrar do governo estadual o repasse do Bolsa Aluno, que ainda não tinha sido realizado neste ano. O Bolsa Aluno é um direito conquistado pelo movimento das EFAs, garantido pela lei estadual 14.614/2003 e pelo decreto estadual 43.978/2005, que diz respeito ao apoio financeiro às associações mantenedoras das escolas. Após a pressão, o recurso foi, finalmente, repassado pelo governo estadual. Na avaliação do assessor técnico e pedagógico da Associação Mineira das Escolas Famílias Agrícolas (AMEFA) Júlio Pacheco, a mobilização das EFAs, que
acontece desde o início do ano, possibilitou o aprendizado e politização dos jovens. “O ato de se manifestar publicamente contribui para a formação da juventude, pois permite que ela vivencie a explicitação das contradições sociais. Entenda que temos uma sociedade dividida em oprimidos e opressores e que a mudança dessa condição depende de organização e de lutas”, ressalta. Além do repasse, que foi realizado no dia 18 deste mês, o movimento conseguiu que o Estado garantisse o financiamento da educação de jovens e adultos e a constituição de um grupo de trabalho para continuar o debate sobre a educação do campo. Educação contextualizada As EFAs são escolas comunitárias localizadas em áreas rurais que atendem, prioritariamente, jovens provenientes da agricultura familiar, a partir de um método alternativo de ensino e aprendizagem que
dialogue com a realidade do campo. Gilmar de Souza oliveira, educador popular da EFA Paulo Freire, localizada em Acaiaca, na Zona da Mata mineira, explica que a orientação fundamental das EFAs é a pedagogia da alternância. Basicamente, essa metodologia se baseia na divisão dos estudantes em dois tempos e espaços letivos que se alternam, ou seja, a cada mês, eles passam duas semanas na escola e duas semanas na família e comunidade. “Essa proposta de formação parte da realidade do campo, das coisas vividas pelos agricultores. É uma educação contextualizada. A vivência em cada lugar é que embasa o plano de educação e formação”, conta Gilmar. Em Minas Gerais, aproximadamente 2 mil jovens do campo estudam nas EFAs, tanto no ensino fundamental quanto no médio, este com curso técnico em agropecuária integrado.
Os candidatos são Antônio Silva (PTB), Armando Fortunato (PSB), Natal Cadorini (PDT) e Rogério Bueno (PT). Silva, de 74 anos, é advogado e atual prefeito. Ele já esteve à frente do executivo da cidade por dois mandatos. Bueno é vereador e disputa a prefeitura pela primeira vez, assim como Fortunato. Cadorini, que por sua vez, já atuou como prefeito por duas vezes na cidade de Elói Mendes, também em Minas. Em 2016, Varginha enfrentou grave crise financeira, tendo que cancelar o carnaval e a construção de um ginásio.
Alfenas
Candidatam-se em Alfenas o Dr. Marcos Eduardo (PSB), Enéias (PRTB), Luizinho (PT), Professora Marcela Rufato (PSOL) e Toninho Munhoz (DEM). Um sexto nome ainda tentou entrar na disputa, o ambientalista Itamar Silva, mas a Justiça Eleitoral acabou por não acolher o pedido.
Lavras
Disputam o cargo de prefeito em Lavras os políticos José Cherem (PSD), Leandro Moretti (PRB), Professor Thales (PEN) e Adjamar Veríssimo (PT). Moretti é conhecido por sua atuação no setor imobiliário e rural, e concorre ao executivo pela primeira vez. Adjamar Veríssimo é filiado ao Partido dos Trabalhadores há 30 anos e atua como líder comunitário. Cherem é médico e Professor Thales, além de trabalhar como docente em universidades, é empresário.
MINAS
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
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Corte de 31% pode inviabilizar universidades mineiras 2017 Governo Temer divulga orçamento que não cobre gastos e coloca universidades no “paredão” divulgação
Rafaella Dotta
A
dministradores das universidades federais do país tomaram um susto na manhã de 7 de agosto. Sem nenhum aviso, o governo interino de Michel Temer anunciou que o orçamento de 2017 será em média 31% menor para as Instituições Federais de Ensino. O valor é o mesmo de 14 anos atrás, em 2002, anterior ao plano que dobrou o número das vagas universitárias.
O corte de verba impede que as universidades cheguem a se consolidar, afirma o próreitor da UFU
A notícia dada através do SIMEC (Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle) prevê a redução de 45% dos investimentos em manutenção e novas obras, e 20% da verba para pagamento de água, energia, limpeza, segurança e outros. Soma-se a isso um corte divulgado anteriormente de 70% na pós-graduação, 20% na pesquisa de Iniciação Científica e 3% na assistência estudantil.
A situação é “extremamente preocupante”, segundo afirma o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o professor Eduardo Condé. A instituição não realiza obras desde 2015 e inicia agora um racionamento em todos os setores, situação que deverá prejudicar aulas de laboratório, pesquisas e o ensino como um todo. “Vamos tentar ao máximo manter as bolsas de estudan-
tes, os contratos e os terceirizados. A prioridade são as pessoas”, argumenta Condé. Porém, aponta que as medidas já começam a excluir os alunos com menos condições financeiras. Em 2017, o Programa Nacional de Assistência Estudantil - responsável por bolsas, alimentação, moradia e transporte de universitários carentes - recebe R$ 1 milhão a menos. “Tenho para mim que a tendência é só diminuir”, alerta Condé.
Verba de 2017 pode cair mais O
temor dos administradores é que o orçamento seja ainda menor que o anunciado. Nos dois últimos anos o orçamento funcionou como um “teto”, mas somente metade do valor foi liberado para ser usado. Em resposta, o Ministério da Educação afirma que “os valores aprovados e executados serão cumpridos em sua totalidade”. Corte pode ser revertido A redução de verbas é parte da Lei Orçamentária Anual (LOA) elaborada pelo governo interino de Michel Temer e tem até 31 de agosto para ser aprovada
Lula Marques / APGT
pelos deputados e senadores do Congresso Nacional. O Fórum de Pró-Reitores de Planejamento e Administração (FORPLAD) reunido em 11 de agosto em Viçosa, na Zona da Mata mineira, diz ser papel destes parlamentares a correção da medida que “ameaça gra-
vemente o pleno funcionamento” das IFES. “A luta vai se deslocar para a política”, diz Eduardo Condé, da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Nós representamos 90% das pesquisas aplicadas ou puras feitas no Brasil. Somos responsáveis pelos cursos mais bem avaliados.
E gastamos apenas 1,4% do PIB. Vamos brigar pelo investimento que deveríamos ter”, defende. Técnicos já estão em greve Funcionários técnicos da UFMG, UFVJM, Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet MG) e Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) estão em greve desde o dia 22 de agosto. A paralisação acontece principalmente contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 e o Projeto de Lei 257. Elas diminuem verbas da saúde e da educação para os próximos 20 anos e proíbem a realização de concursos públicos. (RD)
Unidades abertas no interior Já a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) precisa tratar também das estruturas incompletas de suas unidades em Monte Carmelo e Patos de Minas. Depois da abertura dos cursos, os campi precisam agora de salas de aula, laboratórios, secretarias, programas de assistência, condições planejadas junto ao governo federal e que não possuem mais garantia. O corte de verba impede que as universidades cheguem a se consolidar, afirma o pró-reitor de planejamento e administração da UFU, José Francisco Ribeiro. Nos últimos dez anos, as universidades passaram pelo momento da abertura de vagas e de cursos, e agora seria preciso verba para assegurar qualidade de ensino aos estudantes.
Panorama de Minas Gerais A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) declarou que terá sérias dificuldades em manter o funcionamento em 2017. Já a Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) vai realizar uma gestão interna ampliada de racionamento de gastos. A Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) foram procuradas, mas não se posicionaram. Por enquanto, nenhuma anuncia corte de vagas .
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ESPECIAL
Belo Horizonte, 11 a 17ade de 2016de 2016 Belo Horizonte, 26 de agosto 1º março de setembro
Informar e politizar João Paulo Cunha
as várias análises possíveis sobre os imD passes da democracia no Brasil, duas situações merecem mais atenção por parte da
esquerda: o fracasso na guerra da informação e o vácuo da formação política. O avanço das gestões populares, com seus ganhos inegáveis, ficou soterrado pela falta de empenho em transformar a realidade material em matéria simbólica. Talvez alimentada pela crença da inclusão pelo consumo, a esquerda deixou de ocupar o território fundamental da educação política. Confiante no poder de convencer pela propaganda e pela abertura dos cofres aos setores tradicionais da mídia, não fez a reforma necessária no setor. Perdeu na ideologia e foi derrotada na comunicação. É importante ir à raiz desses descaminhos, até mesmo para reverter seu rumo. No campo da política, a esquerda deixou de lado suas alianças históricas com as bases para jogar
o corrompido jogo do poder. A valorização do arremedo de democracia feita por cima levou a perder o interesse em formar valores políticos em uma geração que despertava para a cidadania. Três governos populares, muitas conquistas sociais e pouca politização. A con-
A imprensa no Brasil é contra o povo ta que não fecha deixa como tarefa a necessidade de retomar os caminhos trilhados pelos partidos populares no Brasil nos anos 1980: Formação política, valorização da militância, fortalecimento dos sindicatos, animação das bases, educação para a práxis política, crítica do consumismo, estímulo ao debate, defesa das instâncias de
Em Minas Gerais, onde tem agricultura familiar, tem benefícios para todos os mineiros. Para ajudar a tornar nossa agricultura familiar a mais competitiva do país, o Governo promove a cidadania no campo e fortalece todo o ciclo produtivo com ações concentradas em três pilares:
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DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À TERRA: retomada da regularização fundiária; aprovação de crédito rural. À
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PRODUÇÃO E COMÉRCIO: distribuição de máquinas e equipamentos; incentivo ao cooperativismo; doação de kits feira livre, entre outras iniciativas para estruturação e ampliação do mercado. GARANTIA DE COMPRA: dos alimentos adquiridos pelo Estado, no mínimo 30% são reservados à agricultura familiar.
Ao trabalhar com transparência, compromisso e diálogo, o Governo de Minas Gerais garante benefícios para todas as mineiras e mineiros: para quem planta, para quem vende e para quem compra alimentos saudáveis. Isso, sim, é uma boa colheita de resultados. SAIBA MAIS: AGRARIO.MG.GOV.
Opinião democracia direta e participação popular. O Brasil, hoje, é menos politizado e mais dividido. Há muita vociferação e pouco diálogo. No campo da comunicação social, o histórico monopólio brasileiro, com sua clara função de cimentar ideologicamente os interesses do capital, deixou de ser criticado para ser considerado alvo de cooptação. A imprensa no Brasil mente, fortalece ideologias e sustenta projetos de poder contra o povo. Em vez de avançar para uma democratização real do setor, como em todos os países civilizados, foi covarde. Evitou-se a regulação, atrasou-se a constituição de uma informação pública de qualidade, nutriu-se o monstro com aquilo que mais o fortalece: o temor e a grana. As batalhas perdidas da politização e da informação não explicam tudo. Mas doem. Afinal, consciência crítica e verdade são territórios dos quais a esquerda nunca deveria abrir mão.
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É ASSIM QUE S MINAS GERAI SEMEIA ARA INCENTIVOS P RA A AGRICULTU FAMILIAR.
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Acompanhando Na edição 136
Foto da semana
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OPINIÃO
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.
Maxwell Vilela
Reforma administrativa deve extinguir três secretarias ...E agora Projetos extinguem Hidroex e Ruralminas Foram aprovados, dentro da reforma administrativa do governo estadual três Projetos de Lei com a função de reestruturar algumas instituições. A Fundação Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Águas (Hidroex) foi extinta pelo PL 3.507, e a Ruralminas foi extinta pelo PL 3.510. Empresa e Conselho de Comunicação O terceiro projeto, PL 3.513, aprova a criação da Empresa Mineira de Comunicações (EMC), que reorganiza os canais públicos do estado. A Rádio Inconfidência tem seu nome jurídico modificado para “Empresa Mineira de Comunicações” e extingue a Fundação TV Minas, passando a se chamar Rede Minas e ser parte da EMC. Os artigos 66, 67 e 68 criam o Conselho Estadual de Comunicação Social. Segundo o Fórum Nacional da Democratização da Comunicação (FNDC), o governo está comprometido com sua implantação, e deve fazê-lo através de decreto. O Conselho terá a função de elaborar a política de comunicação do estado, gerir um fundo de comunicação e aprovar um plano de comunicação para Minas Gerais, com validade de quatro anos.
OLIMPÍADAS DOS TRABALHADORES Com a disputa sediada no Brasil, o fotógrafo Maxwell Vilela iniciou a série fotográfica que retrata o trabalho por trás das grandes produções e resultados do esporte. Esta foto foi tirada na Estação Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.
Ir. Dalila dos Santos
Amélia Gomes
Qual é o seu grito?
7 mil jovens tremem o Mineirinho
O grito dos excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo, gestos e expressões, congregando diversidades culturais, de classes, pessoas, gêneros e organizações, que cantam suas dores, lutas e sonhos e que clamam por vida. Esta construção é feita passo a passo à luz da Campanha da Fraternidade, das falas do Papa Francisco, da escuta ao povo sofrido, das experiências das organizações eclesiais, sindicais e populares, que denunciam injustiças e anunciam o Projeto de Deus para seu povo: para que todos tenham vida e vida em abundância. O Grito, que sobe como clamor da terra ao Deus da vida, é por mudanças urgentes nos diversos sistemas que manipulam a nação brasileira. O sistema político brasileiro despojou 54 milhões de brasileiros de seu direito ao voto e destruiu a escolha democrática que o povo fez de sua presidenta, através do golpe – “impeachment”. Eis nosso grito: fomos desrespeitados em nossas decisões. Golpe que machucou os empoQueremos reforma brecidos e seus projetos de política mais vida e dignidade. Gritar por reforma política é querer representatividade no Congresso: mulheres, índios, negros, jovens e a classe trabalhadora estão à margem deste sistema. Congresso que mente e mata não nos representa, não gera vida. Seus interesses são os do grande capital. Por isso gritamos: Fora, Temer! A mídia a favor das elites e dos interesses de aves de rapina abre espaços para que sejamos abocanhados. É hora de dizer: basta! O Brasil e as nossas riquezas são nossas. Somos convidados a sair às ruas, corajosos e repletos de esperança, na certeza de que o Ressuscitado, que venceu os dragões e a morte e está conosco, pois garantir direitos é defender a vida. Qual é o seu grito? Junte-se a nós! Dalila dos Santos é irmã da Congregação das Carmelitas da Caridade de Vedruna.
O jovem sempre foi um expoente na luta popular. Neste momento decisivo de disputa, em que o país vive um golpe, com diversos retrocessos que caem diariamente na conta dos trabalhadores brasileiros, 7 mil jovens se reúnem numa ação de retomada do país. Esses jovens fazem parte do Levante Popular da Juventude, um movimento popular que nasceu há quatro anos, está em todos os estados brasileiros e atua em três frentes: camponesa, estudantil e territorial. O 3° Acampamento Nacional do Levante vai acontecer de 5 a 9 de setembro em BH no estádio do Mineirinho. O evento marca o início de um novo ciclo de lutas, que busca a reto- Levante da juventude mada de direitos e avanços em pelo Brasil pautas para a juventude. Os jovens querem mudar as condições precárias de trabalho, saúde e educação, colocar fim ao genocídio dos jovens da periferia e a violência contra as mulheres e a população LGBT. A juventude do Levante propõe a construção de um projeto de vida para os jovens brasileiros. A construção do Acampamento começou há mais de um ano e revela aspectos que estão presentes na forma de agir e lutar do cotidiano dos militantes, mostrando que a política também deve ser construída pela juventude. Na disputa pelos nossos direitos, todas as formas de luta são válidas, por isso, arte e cultura também compõem os métodos de luta do Levante e vão permear o encontro. O acampamento é construído de forma autônoma e conta com apoio e parceria de artistas e personalidades políticas para construir sua programação que contará com shows, oficinas e rodas de debate. Parte da despesa será viabilizada através de uma campanha de financiamento coletivo. Para contribuir acesse www.catarse.me/3acampalevante e veja as possibilidades de recompensa. Amélia Gomes é jornalista e militante do Levante Popular da Juventude.
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BRASIL
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Movimentos populares articulam resistência contra desmonte da democracia UNIDADE Diversas frentes de atuação planejam atividades para os próximos dias Da redação
O
pedido de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff se aproxima da etapa final. Seja qual for o resultado da decisão do Senado Federal, o governo interino de Michel Temer (PMDB) já deixou sua marca, como os cortes em programas sociais, em cultura e dezenas de outras medidas. Frente aos retrocessos promovidos pelo governo interino, movimentos populares e sindicatos encontram na unidade uma forma de resistirem ao golpe contra a democracia, além de construí-
rem propostas para o futuro do Brasil. Conheça algumas frentes que têm protagonizado manifestações por todo o país e vejas as datas das próximas mobilizações. Frente em defesa da Saúde Diversos sindicatos, entidades profissionais e movimentos populares da saúde têm se articulado em frentes nacional e estaduais que defendem um Sistema Único de Saúde (SUS) totalmente público, gratuito e de qualidade. No primeiro semestre deste ano, organizaram o “Ocupa SUS” em diversas capitais do Brasil. Durante esses atos,
sedes do Ministério da Saúde foram ocupadas contra o governo ilegítimo de Temer e o ministro interino da saúde, Ricardo Barros, que é um defensor dos planos de saúde e do corte de verbas para o SUS. Em Minas Gerais, a frente conta mais de 70 organizações e a próxima plenária será em 28 de julho, em BH. Pela democracia, #ForaTemer Movimentos populares e partidos políticos têm se organizado em torno de duas principais frentes de luta no país: a Frente Brasil Popu-
lar e a frente Povo Sem Medo. Ambas se posicionam contra o governo interino de Michel Temer. Em várias ocasiões, as duas frentes construíram grandes manifestações em diversas cidades do Brasil para criticar as medidas de Temer que retiram direitos e pioram a vida dos trabalhadores. O próximo ato da Frente Brasil Popular será no dia 29 de agosto, em Brasília. Cultura pela democracia As sedes do Ministério da Cultura (MinC) de diversas capitais também foram ocupadas no primeiro semestre por movimentos culturais, ar-
Fique ligado no Programa Outras Palavras!
tistas e profissionais da cultura para denunciar o governo ilegítimo de Michel Temer e o desmonte das políticas públicas de cultura. Após a pressão social pelo fechamento do MinC, o governo voltou atrás e recriou o ministério. Mesmo assim, ativistas afirmam que não negociam com Temer e continuam reivindicando a retomada da democracia no país. Em Belo Horizonte, está previsto um “CulturAto”, no dia 30 de agosto, às 17h, no Monumento Rômulo Paes, na rua da Bahia, Centro da capital.
Educação! em /as es
z dos Trabal A vo had or
O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), está sendo veiculado em novo horário na TV Band Minas (das 18h50 às 19h20). O objetivo do Outras Palavras é promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores e educadoras. Esse programa também é exibido nas TVs Band Triângulo e Candidés.
Todos os sábados, na TV Band Minas
18h50
às
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Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
BRASIL
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Áreas sociais já sofrem cortes e Temer orienta perdas previdenciárias e trabalhistas GOLPE Gestão interina reduziu investimentos em áreas como saúde, educação e habitação Rafael Tatemoto De São Paulo
A
ntes mesmo do desfecho do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Roussef (PT), o governo interino já vem modificando políticas de programas sociais. Áreas como saúde, educação e habitação sofreram cortes, o que levou à redução de investimentos em programas federais. Além disso, Michel Temer (PMDB) demonstrou intenção de fazer reformas profundas nas áreas trabalhista e previdenciária.
Gastos públicos
A gestão provisória trabalha para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que estabelece teto para gastos públicos para os próximos 20 anos. O projeto permite que 25% das receitas da União, estados e municípios sejam desvinculadas, ou seja, dei-
xem de ser obrigatoriamente investidas em determinadas áreas. Isso significa que o governo conseguirá diminuir gradualmente investimento, congelando os gastos. A PEC foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal no dia 9 de agosto. Caso a proposta seja aprovada, o Sistema Único de Saúde (SUS) pode deixar de receber R$ 80 bilhões em duas décadas. Paralelamente a essas medidas, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que é necessário reduzir o tamanho do SUS. No dia 4 de agosto, o governo instituiu um grupo de trabalho para criar um modelo baseado em “planos de saúde” populares. Barros teve financiamento de seguradoras na última campanha eleitoral.
Programas
Na área educacional, a política econômica de Te-
mer já surte efeitos. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – principal agência de fomento à pesquisa ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia – cortou 20% das bolsas de iniciação científica no país, passando de 33.741 para 26.169. Quatro ações sofreram com o impacto: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Programa de Iniciação Científica para o Ensino Médio, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e Programa Institucional de Iniciação Científica nas Ações Afirmativas.
Agricultura
O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, ordenou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) devolvesse R$ 170 milhões. O
montante seria aplicado no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), responsável pela aquisição e estocagem de gêneros alimentícios. No ano passado, 121 mil toneladas de alimento foram adquiridas. Cerca de 40 mil agricultores eram contemplados pelo programa. A medida se soma à própria extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), ocorrida assim que Temer assumiu interinamente.
Moradia
Enquanto o Ministério das Cidades anunciava suspensão de novos contratos do “Minha Casa, Minha Vida”, voltando atrás após críticas e mobilizações de movimentos de moradia, o teto do financiamento da Caixa Econômica Federal para a aquisição de imóveis de alto valor dobrou: de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões.
Trabalho e previdência
Além dos cortes e modificações em programas, o governo interino discute alterações profundas nas questões trabalhistas e previdenciárias. Temer apontou a ideia de estabelecer uma idade mínima para aposentadoria – 65 ou 70 anos –, equiparando trabalhadores rurais e urbanos. Na questão trabalhista, a gestão provisória defende a ideia de fazer prevalecer o negociado entre empregados e patrões sobre aquilo que diz a lei. Nesse pacote, até mesmo questões como o 13º salário e as férias anuais estariam em risco. Resposta Consultadas pela reportagem, nenhuma das autoridades mencionadas respondeu.
10
MUNDO
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Argentina: número de pessoas que sobrevivem catando lixo aumentou 15%
Reprodução
Reprodução
Terremoto mata centenas na Itália
O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, afirmou que o terremoto de 6,2 gaus que atingiu a zona central do país na madrugada de quarta (24) deixou ao menos 250 mortos. Renzi também destacou que será preciso um “longo período de gestão” para lidar com a emergência. Reprodução
D
esde que o presidente de direita Maurício Macri assumiu o comando do governo argentino, no final do ano passado, vêm aumentando os índices de pobreza do país. Nos últimos meses, a crise provocou uma disparada da inflação, o aumento das tarifas dos serviços e a queda abrupta do emprego em setores importantes, como a construção. Como efeito, também aumentou em 15% a quantidade de pessoas que compõem sua renda com o trabalho de recolher materiais recicláveis. “Nunca tínhamos tido um registro tão alto de pessoas que ficaram sem trabalho formal. Desde 2001 não víamos algo assim”, afirma o catador da Cooperativa El Trebol, Roberto Pontarollo.
Madonna em Cuba
A cantora pop mais famosa dos Estados Unidos visitou a ilha de Cuba semana passada, onde celebrou seus 58 anos. A artista visitou o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, e antes de deixar o país declarou que o “comunismo merece respeito”.
Anúncio Previdência pública e solidária é direito do trabalhador e não uma mercadoria!
Todo trabalhador brasileiro já ouviu que a Previdência pública no Brasil registra um rombo crescente e que a única forma de resolver o problema seria privatizá-la. O governo interino chegou a declarar sua intenção de acelerar o processo de privatização, retirando direitos dos trabalhadores, com o argumento de que os gastos com a Previdência deverão subir em 2017. Contudo, é preciso entender a importância da Previdência e o que ela representa para o trabalhador. A origem da Previdência está relacionada às “caixas coletivas” dos operários, que contribuíam com uma parcela de seu minguado salário para formar uma caixa de assistência. Com os sindicatos organizados e a fundação dos grandes partidos da classe trabalhadora, a Previdência se transformou em reivindicação social e política, sendo transformada em lei. A discussão, portanto, deve partir do princípio de que a Previdência social não é um reflexo matemático de contas de adição e subtração, não é mercadoria; ela é um direito universal do trabalhador, fruto de lutas e conquistas, e, nessa perspectiva, não há sentido falar em déficit previdenciário. O déficit é uma mentira criada com o objetivo de priva-
tizar a Previdência, trazendo perdas de direitos. O governo distorce os dados relacionados à Previdência, ignorando deliberadamente o artigo 195 da Constituição Federal, segundo o qual a Seguridade Social será financiada por recursos provenientes dos orçamentos dos entes federativos, das contribuições sociais do empregador e do trabalhador (menos os aposentados e pensionistas), da renda proveniente das loterias e da contribuição social do importador de bens ou serviços do exterior. A contribuição do empregador inclui um percentual sobre a folha de salários, um percentual sobre o faturamento da empresa e outro sobre o seu lucro. Assim, a base de financiamento da Seguridade Social inclui, entre outras, receitas como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e a Cofins (contribuição sobre a receita bruta da empresa). Quando essas contribuições caem na conta da Previdência, o déficit se transforma em superávit. Como explicar, então, o discurso do déficit? O governo leva em consideração apenas as contribuições sociais
Demonstrativo da Previdência e Seguridade Social (Em R$ milhões) - Resultado mostra que a Previdência e a Seguridade Social não são deficitárias Descrição
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Receitas da Seguridade Social
458.285
528.194
590.577
639.077
658.410
703.997
( - ) Despesa da Seguridade Social
401.609
450.999
512.436
571.392
622.895
683.908
56.676
77.195
78.141
67.685
35.515
20.089
( = ) Resultado da Seguridade Social
Elaboração: Economista Denise L. Gentil. Manipulações e desrespeito à Constituição ocultam saldos positivos. Revista Carta Capital. Junho/2016
de empregadores e trabalhadores e delas desconta os gastos com todos os benefícios. Assim, pela metodologia do governo, de janeiro a dezembro de 2015, o déficit seria de R$ 72 bilhões. Se fossem consideradas todas as receitas previstas pela Constituição, o saldo seria positivo e suficiente para financiar todos os gastos do governo não só com a Previdência, mas com saúde e assistência social, e ainda haveria superávit de R$ 20 bilhões. Assim, o discurso do déficit não passa de uma jogada para realizar uma reforma que será extremamente prejudicial ao trabalhador, pois pretende aumentar a idade mínima e o tempo de contribuição necessários para aposentadoria e alterar outras regras importantes, retirando direitos. A deturpação das informações serve para ocultar gastos, como o pagamento da dívida pública. Os gastos empenhados em 2015 custaram à União R$ 962 bilhões, considerando juros, amortizações e refinanciamento. Há, ainda, em jogo, interesses de empresas privadas no mercado previdenciário, que querem a privatização da Seguridade Social e, por isso, ajudam a alimentar a falácia do déficit. Não podemos deixar o governo retirar esse direito de todos nós, trabalhadores do serviço público e privado. Não à privatização da Previdência!
sindifiscomg.org.br
Horizonte, a 25 de fevereiro de 2016 Belo Belo Horizonte, 26 de19agosto a 1º de setembro de 2016
Entrevista
11
“A vida do povo de um lugar não é levada em conta pela mineradora” MINERODUTO Moradora de Paula Cândida conta como movimentos conseguiram barrar projeto que destruiria o rio Paraopebas Reprodução / Levante popular da Juventude
água. Por hora, a água usada para empurrar o ferro daria para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes. Além disso, como o trajeto do mineroduto passaria em cima das nascentes, ao cavar em cima, faria com que perdêssemos várias delas”.
Wallace Oliveira
A
mineradora Ferrous Resources pretendia construir um mineroduto de 400 km, ligando Congonhas, na região Central de Minas, à cidade de Presidente Kennedy, no Espírito Santo. A obra causaria grandes impactos em dezenas de municípios dos dois estados, entre os quais a própria Congonhas, Viçosa, Paula Cândido e Belo Horizonte. Entretanto, no mês de julho, o prazo para o licenciamento do mineroduto expirou. A mineradora chegou a dizer que desistiu do empreendimento por conta do “momento do
Por hora, a água usada para empurrar o ferro daria para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes” mercado”. Mas moradores e movimentos populares, que têm feito pressão desde a chegada da mineradora, consideram a desistência da Ferrous uma vitória da luta organizada. Em 2011, começou a Campanha pelas Águas contra o Mineroduto da Ferrous, envolvendo iniciativas junto ao Poder Público e à população, a fim de demonstrar os prejuízos sociais e ambientais da obra. Para entender a campanha, o Brasil de Fato MG conversou com Rosilene Pires, moradora do mu-
nicípio de Paula Cândido e militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). A chegada da Ferrous “Desde 2011, quando chegou à nossa comunidade, a Ferrous disse que vinha trazer um projeto de desenvolvimento sustentável. Quando perguntávamos se ficaríamos sem água, eles diziam: ‘Não se preocupem, vamos mandar caminhãopipa para abastecer’. Veio, então, uma proposta para indenizar moradores, mas sem nenhum critério. As casas tinham preços muito diferentes. Começamos a perceber que a empresa tinha uma estratégia de indenizar muito bem uma casa, passar 40 casas e indenizar muito bem outra e assim por diante. Então, algumas pessoas ficavam satisfeitas e apoiavam, enquanto as outras ficavam encurraladas. Quando iam falar com os moradores mais simples, eles pressionavam. Uma senhora disse que não sairia da casa dela. A empresa respondeu: ‘Se não sair, vamos vir com a máquina e passar por cima’. Também diziam ter um decreto de utilidade
concedido pelo governo de Minas. Porém, quando iam negociar com professores da Universidade de Viçosa, o tratamento era outro”.
Visitamos o mineroduto da Anglo American lá em Conceição do Mato Dentro e vimos que era um projeto de morte para o povo” Impactos na vida dos atingidos “Para minerar, tem que ter água. O mineroduto precisa de pressão da água para levar o minério. Ele passa nas áreas mais baixas, nos vales, onde ficam as casas das pessoas, áreas de cultivo, paióis e também as nascentes dos rios. Isso ia acabar com a água do rio Paraopeba, que serve para o consumo de várias cidades, inclusive Belo Horizonte. A empresa exploraria o minério em Congonhas e gastaria um volume gigantesco de
A mobilização “Nós, atingidos, começamos a pensar: ‘A empresa vem individualmente, vai de casa em casa, conversa, oferece dinheiro’. O que isso gera? Gerava briga e desunião entre as famílias, que discordavam da quantidade que era oferecida a cada uma. Com o tempo, começamos a conversar mais, até que, um dia, com os movimentos, conseguimos nos organizar. Criamos a campanha pelas águas e contra o mineroduto da Ferrous. Descobrimos um projeto de mineroduto da Anglo American lá em Conceição do Mato Dentro, visitamos o local e vimos que era um projeto de morte para o povo, além de grande impacto ambiental, com perda das nascentes e assoreamento dos rios. Além disso, perguntamos: mineroduto para quê? Para quem?
O povo entendeu que o projeto da Ferrous não era bom para a cidade e que teríamos que escolher entre o mineroduto ou a água”
Vimos que o objetivo era maximizar o lucro dos acionistas da Ferrous, pois seria um transporte mais barato que a linha de ferro.” A pressão “Quem sentia a pressão éramos nós, os atingidos, mas muita gente nas cidades nem entendia o que estava acontecendo. Fomos até a prefeitura pedir um posicionamento do poder público. Ao mesmo tem-
Essa vitória contra a Ferrous é o céu” po, o povo foi se conscientizando nesse processo, até entender que o projeto da Ferrous não era bom para a cidade e que teríamos que escolher entre o mineroduto ou a água, que é tão importante para nós.” A conquista “Dom Luciano, que foi arcebispo de Mariana, dizia que ‘o céu é ver as pessoas felizes’. Então, essa vitória contra a Ferrous é o céu. Muita gente queria reformar a própria casa e não podia, porque estava presa por essa empresa. Queria fazer uma reforma no curral e não fazia porque ia passar pra empresa. Tivemos muitos sonhos parados por cinco anos! A vida do povo não é levada em conta pela mineradora. Hoje, vivemos um sentimento de vitória. Agora, sabemos que a organização e a luta permitiram conquistar isso tudo.”
12 12 VARIEDADES
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Novela
Joaquim Vela quimvela@brasildefato.com.br Divulgação
O que rolou de quente na semana S
eparei o que bombou na rede esta semana sobre os capítulos das telenovelas em exibição. Aposto que você, como é antenado que só, ficou sabendo de algum desses temas e vai concordar comigo que ficaram na boca do povo! Um beijo aguardado: A novela “Terra Prometida”, da Rede Record, exibiu nesta semana uma cena que deu o que falar: o esperado beijo de Josué (Sidney Sampaio) e Aruna (Thais Melchior). Na história bíblica, o rapaz, líder do povo de Israel, vai sozinho para uma montanha depois de ajudar o seu povo a atravessar o Rio Jordão. A moça o surpreende no local e, após plantarem uma semente da árvore Tamareira, Josué beija sua boca. A cena esperada repercutiu bastante na rede e a
torcida pelo casal está a todo vapor. O problema é que os pombinhos terão que enfrentar Samara (Paloma Bernardi), irmã de Aruna, que também está apaixonada por Josué. Será que vai rolar confusão? Só acompanhando para saber. Striptease de Leandra Leal: no segundo capítulo de “Justiça”, a cena em que Kellen (Leandra Leal) desfila sensualmente para Douglas (Enrique Diaz) esquentou mais ainda a trama, que já é quente. Os dois, recém-casados, estão no quarto da casa nova e, após cortar as unhas dos pés do marido e massageá-los, a bonitona tira a roupa para ele, ficando apenas de calcinha e sutiã. Na rede, foram inúmeros os comentários elogiando a boa forma da atriz, como também reforçando o brilhantismo de sua atuação,
que vai dar o que falar nos próximos capítulos da minissérie. Sonho de premonição: também fez sucesso a cena em que Tereza (Camila Pitanga) sonha que encontrou Santo (Domingos Montagner) ferido com os índios. O sonho, na verdade, era uma premonição, já que no dia seguinte, a moça finalmente descobre o paradeiro de seu amado. Numa mistura entre sonho e realidade, corpo e alma, a sequência de cenas deu a entender que Santo “voltou a viver”, após um beijo de Tereza. Na internet, teve gente que disse não ter entendido o que aconteceu, apesar de estarem felizes com a volta do retirante. E você? Sabe de outra cena ou caso sobre as novelas que bombaram na internet esta semana? Um abraço!
Amiga da Saúde Amiga da saúde, ao usar banheiro público a mulher corre o risco de pegar doenças? O que temos que fazer para prevenir?
Queila Mara, 37 anos, auxiliar de cozinha. Os banheiros públicos geralmente provocam muito medo de contrair doenças, porém, os riscos são baixos. Os infectologistas afirmam que não há evidências científicas de transmissão de DST’s pelo uso do vaso sanitário. O maior risco seriam as micoses, que podem ser passadas de um objeto contaminado para a pessoa. Mesmo assim, o risco é baixo. Até porque ninguém costuma ficar se esfregando num lugar desses, geralmente, o contato é mínimo. O principal cuidado a ser tomado é avaliar
as condições do banheiro; se o vaso estiver sujo, dar descarga antes de usar; cobrir o vaso com papel se for sentar para evitar contato direto com a pele; usar um papel também para evitar tocar a descarga. Ao final, lavar as mãos com água e sabão é muito importante. Nunca se deve subir no vaso sanitário, pois isso traz um risco enorme de acidentes, além de expor mais a mucosa vaginal e anal, aumentando também o risco de contaminação.
Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.
Nossos Direitos Garantias para aqueles que forem demitidos sem justa causa Trabalhadores têm uma série de direitos assegurados pela Constituição em casos de demissões sem justa causa comprovada. Entre eles, está o pagamento do valor da rescisão, que deve ser efetuado pelo empregador em até dez dias após a dispensa em caso de aviso prévio indenizado. Quando o aviso prévio for trabalhado, o patrão deve pagar no primeiro dia útil após a dispensa. O saldo de salário deve ser pago na proporção dos dias trabalhados no mês da demissão, ou seja, deve
ser dividido por 30 e multiplicado pelo número de dias trabalhados, com ou sem justa causa. O empregado também tem a garantia de sacar os valores do FGTS, incluindo depósito correspondente ao aviso prévio e outras verbas pagas na rescisão. O FGTS atualizado corresponde a aproximadamente um salário por ano. Além disso, o empregador deve pagar multa de 40% do valor depositado no FGTS do trabalhador. Fonte: Bento Advogados
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
13 VARIEDADES 13
www.malvados.com.br
por Alan Tygel
Dicas Mastigadas Risoto de Folha de Limão
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Tipo de Freguesia quadra co- Ator de mum em "Amores colégios Roubados"
© Revistas COQUETEL
Cervídeo Ruga; do Alasca sulco cuja galhada pode atingir 1,6m
Associações que organizam as greves gerais
De (?): a madeira de qualidade Docilidade
Órgão que coordena o Enem
L
Honestos; Procedidignos mento administrado em casos de parada cardíaca
E
Profissão de João Carlos Martins
I
Eric Clapton, cantor britânico
O tipo de negócio que pode gerar grande prejuízo
• • • • • •
Mais-(?), conceito econômico marxista
Suas flores são símbolo do Brasil Forma de venda do atum em lata
Ingredientes:
(?) France, companhia Relação de preços
Animal como o urubu-rei
Movimento treinado na baliza
Quente, em inglês
A do muçulmano o proíbe de beber álcool
O Rei-(?): Luís XIV (Hist.) Canal Faixa (?): indica a mão dupla
Gema vermelha tão dura como o diamante
(?) sites, "diversão" de hackers
Olha! (pop.) Engolir (?): ser enganado (pop.)
Votam na eleição do Composto clube (fem.) orgânico (?) viva, elemento de usado coprojetos paisagísticos mo solvente
Instruções É sempre Corresesperado ponde ao pelo pessi- alfa grego mista (?) bono: o trabalho prestado a famílias carentes
Aumento Extensão de (o preço) arquivos do Word Juntar (Inform.) Aranha amazônica que não tece teia
Ferva uma panela de água, e em seguida coloque as folhas de limão e sal a gosto. Em outra panela, refogue o alho-poró no azeite, e em seguida jogue o arroz. Quando o arroz estiver refogado (sem queimar!), jogue o vinho e deixe evaporar. Em seguida, vá jogando a água aromatizada aos poucos, sempre mexendo, e acresentando água. Após 15 a 20 minutos, o arroz estará cozido “al dente”, ou seja, ainda um pouco duro. Desligue o fogo, jogue manteiga, misture e deixe tampado por 5 minutos. Servir imediatamente, se desejar, com raspas de casca de limão sem agrotóxicos por cima!
O indivíduo que vive de enganações Vitamina da acerola Iodo (símbolo)
Abreviatura de "transitivo" (Gram.)
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Solução C V P O L I V S I N D M E C M A N O BR R T A I P E N R AL A D A R U D E R R S O C I A S C E R C A T R A P E D O P R I O R
A L A L E N I C A T L E I A S M V E A C R E O O L S B I T U B A R S M O D A O R P A C E I M L O I T A R
R T E O S H P I I R N ÇA Ã U BO O S CA A B R O C I A
BANCO
O de Chopin era a música
3/air — ami — doc — hot — sol. 4/tubo. 8/brandura. 11/polivalente — prioritária.
Fila (?): atende idosos e gestantes
10 folhas de limão duas xícaras de arroz (de preferência arbóreo; senão, cateto) alho-poró picado em rodelas duas colheres de manteiga azeite meia xícara de vinho branco
Gosto e aroma Popularmente, chamamos de gosto aquilo que a boca sente, e aroma, o que o nariz sente. O sabor da comida é junção dos dois: gosto e aroma. Por isso, usar de água aromatizada no cozimento de grãos e vegetais pode dar um charme especial para sua comida. Além da folha de limão, o gengibre e a menta também podem ser usados. Este prato é um ótimo acompanhamento para peixes ou legumes.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Grafite é atração especial de nova trincheira de Contagem NA RUA Obra foi pintada por artistas da cidade antes de ser entregue e conta, a partir da arte, história do município Arquivo pessoal / Krol
Raíssa Lopes
torioso e conquistou o reajuste salarial, além de mobilizar a solidariedade de operários de todo o país. “Mesmo que os cidadãos não saibam nada sobre esse acontecimento, surge o interesse. A arte na trincheira também auxilia na cidadania, no conhecimento da própria origem”, afirma o grafiteiro.
I
naugurada em Contagem no dia 19 de agosto, a Trincheira do Itaú chama a atenção de quem passa por lá. Ao contrário do que acontece em outras obras, tomadas por grafites e pixos após a abertura, a construção teve a linguagem da rua impressa antes de ser entregue ao público. A ideia foi do grafiteiro Luís Otávio, mais conhecido como “World”, que apresentou a proposta para a prefeitura. Assim, como parte da decoração, a trincheira foi preenchida com grafites que contam a história do municí-
Primeira grande mobilização sindical do Brasil e mulheres negras são assuntos dos desenhos
pio e revelam diferentes estilos dos artistas da região. De um lado, uma parede foi usada para retratar desde a chegada da Coroa Portuguesa na cidade até os dias de hoje. Do outro, 406 metros foram dedicados à criatividade dos grafiteiros, que tiveram liberdade para desenhar. A ideia de desenvolver a cronologia de Contagem também veio de Luís. “Moro aqui desde que nasci e minha família também. Eu lembro do meu avô, que era mestre de obra, me contanto curiosidades sobre as coisas de antigamente”, remomorae. Mais
três grafiteiros participaram dessa etapa da pintura, Jeferson Atos, Tot e Guilherme Maisena, todos contagenses. “A história está gravada na gente”, ressalta World. Uma das imagens representadas narra a primeira grande mobilização sindical do Brasil. Iniciada pelos metalúrgicos da cidade na época da ditadura, em 1968, o momento foi primordial para a luta da classe trabalhadora no país. Uma grande greve parou a produção de diversas empresas e envolveu 20 mil funcionários. Apesar da repressão, o movimento foi vi-
Intervenção que transforma O muro dedicado à expressão livre contou com a participação de 50 artistas. World conta que foram selecionadas também pessoas especialistas no “grapixo”, tipo de trabalho que mistura o grafite com a pichação, para que “estivessem presentes todas as classes que estão lado a lado na ‘hierarquia da rua’”. Carolina Jaued, a grafiteira Krol, participou do projeto com um desenho sobre aceitação do cabelo. Após um sábado inteiro dedicado à arte, deu vida a uma mulher que, além de possuir um pode-
roso penteado afro, portava na blusa dizeres sobre a importância da transição. Para ela, a localização do desenho pode ajudar muitas meninas que ainda não se libertaram do alisamento. “Ainda quando eu estava pintando apareceu uma garota que se identificou, disse que já havia sofrido com isso. Achei muito legal”, diz a artista, que também é integrante do grupo Minas de Minas. O grafiteiro Henrique Zailan também retratou uma mulher negra e acredita que a iniciativa auxilia na diminuição da barreira que a sociedade tem com a arte de rua. A opinião é respaldada pela moradora do bairro Eldorado Maria Angélica Gori, que revelou conhecer agora um pouco mais da cidade em que vive. Além disso, ela considera que adicionar uma expressão artística marginalizada como “decoração oficial” de um município é importante para a valorização da prática.
Divulgação
Tragédia de Mariana é tema de livro infanto-juvenil
Clássicos de Scorsese de graça Até o dia 10 de setembro, o Cine Santa Tereza recebe a mostra “Martin Scorsese: Cinema Indomável”, que exibe mais de 20 títulos do diretor, roteirista, ator e produtor de cinema norte-americano. Filmes clássicos como “Taxi Driver” (1976), “Gangues de Nova York” (2002), “Casino” (1995) e “Os Infiltrados” (2006) dividem espaço com obras menos conhecidas, como “Sexy e Marginal” (1972) e “Alice não mora mais aqui” (1974). As sessões têm entrada franca e a distribuição de ingressos acontece meia hora antes do início de cada filme, na sede do cinema (Rua Estrela do Sul, nº 89, Praça Duque de Caxias - Santa Tereza). A programação completa está disponível no site: www.bhfazcultura.pbh.gov.br.
Mariana é uma menina que vive em uma pequena cidade de Minas Gerais e passa o dia em contato com a natureza. De repente, recebe a notícia que deverá se mudar para uma cidade que tem o mesmo nome que ela. Chegando lá e tentando reorganizar seu mundo, vê tudo mudar radicalmente após o rompimento da barragem da Samarco. Essa é a história criada pela autora Ana Rapha Nunes, que aborda no livro - também nomeado Mariana - as dores sofridas pelas vítimas da lama, a partir do olhar de uma adolescente. Lançada pela editora Inverso, a obra tem como objetivo gerar a reflexão de jovens leitores sobre o deslizamento e não deixar a história ser esquecida. Esse é o segundo romance de Ana, que também já escreveu “A lua que eu te dei”.
Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Ensaio de apoio a Paralimpíadas gera debates na internet VISIBILIDADE De acordo com o CPB, campanha previu espaços para pessoas com deficiência Divulgação
Wallace Oliveira
E
ntre os dias 7 e 18 de setembro, acontecem os Jogos Paralímpicos Rio 2016. A fim de promover o evento, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) lançou a campanha “Somos Todos Paralímpicos”, que conta com o apoio de algumas celebridades, como a atriz Cléo Pires e o ator Paulo Vilhena. Em um anúncio da campanha divulgado pela revista Vogue, os dois artistas, que também são embaixadores do CPB, aparecem em ensaio fotográfico no corpo de paratletas. Cléo é fotografada sem o braço direito, numa montagem inspirada em Bruna Alexandre, da seleção paralímpica de tênis de mesa. Paulo Vilhena aparece com uma perna mecânica, a exemplo do paratleta Renato Leite, da seleção de voleibol.
Para muitas pessoas, o ensaio não levou em conta a representatividade. Afinal, se o objetivo era dar visibilidade aos paratletas, por que não fotografá-los? Ao optar por artistas que não apresentam nenhum tipo de deficiência, a matéria teria reposto o pro-
blema da invisibilidade das figuras centrais do evento. No Twitter, as críticas chegaram ao primeiro lugar como publicações mais compartilhadas. O Comitê Paralímpico declarou apoio aos atores e explicou que a campanha previu espaço para
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Fabiana Murer confirma aposentadoria Na quinta-feira (25), a saltadora brasileira Fabiana Murer anunciou sua aposentadoria no esporte. Entre os motivos, as fortes dores causadas por uma hérnia. “Fico contente de ter conseguido saltar minha melhor marca no último ano. Fiz uma carreira bonita, com muitas conquistas. Foram anos, alguns difíceis, mas muito felizes”, declarou. Ela também disse estar chateada com a eliminação na fase classificatória da Rio 2016, última Olimpíada de sua carreira. A atleta é a primeira brasileira na história a se sagrar campeã mundial no atletismo e já ganhou dois ouros, uma prata e um bronze em mundiais, além de um ouro e duas pratas em Pan-americanos.
15 15
Curto e Grosso
Fim das festas Fernando Frazão / Agência Brasil
pessoas com deficiência. “O objetivo é chamar atenção para as pessoas com deficiência num momento em que o Brasil se aproxima dos Jogos Paralímpicos. De acordo com as estatísticas oficiais, um em cada quatro brasileiros tem algum tipo de deficiência. Mas essas pessoas ainda são, em grande maioria, invisíveis na nossa socieda-
Para promover o evento, o Comitê Paralímpico Brasileiro lançou a campanha “Somos Todos Paralímpicos” de. Os atletas estão presentes em outras fotos e ficaram muito felizes em participar da campanha”, afirma o CPB. Reprodução
Você tem críticas, sugestões, perguntas a fazer?
ESPORTES
Diego Silveira Acabou no domingo (21) o ciclo dos maiores eventos esportivos mundiais no Brasil. Apesar das justas críticas à preparação da Copa do Mundo e das Olimpíadas, trazidas para cá por Lula, ambas foram bem sucedidas e nos fizeram dar um tempo em nosso complexo de vira-lata. Mas o domingo pode também ter simbolizado o fim de um ciclo de desenvolvimento. A provável queda de Dilma e do governo de sólidas políticas sociais terá consequências esportivas importantes. Para se ter uma ideia, a Bolsa Atleta e a Bolsa Pódio não têm nenhuma garantia de continuidade com Temer. Das 18 medalhas brasileiras no Rio (o melhor desempenho olímpico do país na história), 16 receberam essas bolsas. Recentemente, vários medalhistas apelaram pela manutenção dos benefícios. Ao fim das olimpíadas de Tóquio-2020, a posição do Brasil no quadro de medalhas dirá muito sobre a história recente do país.
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Belo Horizonte, 26 de agosto a 1º de setembro de 2016
Criança pode entrar de graça
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Fernando Maia: / CPB
Gustavo Gomes / Agência Brasil
a última quarta-feira N (24), entrou em vigor em Belo Horizonte a Lei 10.942/2016, que assegura o acesso gratuito a pessoas com menos de 12 anos em eventos esportivos nos es-
tádios e ginásios do município. Para tanto, eles deverão estar acompanhados de pais ou responsável e terão que retirar os ingressos em até 48 horas antes do jogo. A lei dá
direito a entradas na proporção de 1% da capacidade total do estádio ou ginásio. Os recintos esportivos da capital têm um prazo de 30 dias para começar a cumprir a lei.
O adversário sente o peso da torcida, ainda mais com a torcida do Brasil, que é bastante emotiva. Se estiver lotado, vai ajudar muito. Leomon Moreno, paratleta integrante da seleção brasileira de Goalball, chamando a torcida a participar das Paralimpíadas. O Goalball é praticado por atletas com deficiência visual.
Gol de placa A delegação brasileira concluiu a participação nas Olimpíadas na 13ª colocação, com sete ouros, seis pratas e seis bronzes. Este foi o melhor desempenho do Brasil na história do torneio. Maicon Siqueira, de Ribeirão das Neves, trouxe o bronze inédito no taekwondo.
Gol contra Temendo ser vaiado novamente no Maracanã, o presidente interino Michel Temer (PMDB) não compareceu à cerimônia de encerramento das Olimpíadas. Esta foi a primeira vez em que o evento terminou sem representação do chefe de Estado local. Temer já tinha sido vaiado na abertura.
Decacampeão Bráulio Siffert Como de praxe em Jogos Olímpicos, os campeões mostram que, para competir em alto nível, não basta apenas talento e oportunidade. É preciso dedicação, planejamento, organização, disciplina e seriedade. O América tem muito a aprender com os inúmeros bons exemplos das Olimpíadas do Rio. Do lado da direção, contratações absolutamente equi-
É Galo doido! Rogério Hilário
vocadas, apesar do maior orçamento da história do América, completa ausência de planejamento na transição dos jovens da base para o profissional e ilusão com o título Mineiro são alguns dos grandes erros de 2016. Do lado dos jogadores, pouca dedicação e vontade de ganhar os jogos, pouca organização e disciplina e até desrespeito ao clube.
Dividido em duas frentes, o Galo sentiu o peso. Contra a Ponte Preta, três baixas: o goleiro Victor, o lateral Marcos Rocha e o volante Rafael Carioca. Independentemente da qualidade dos suplentes, ficou difícil a luta pelo segundo título na competição. E nem há tempo para pensar nisso. No domingo (28) tem o Grêmio pela frente. Só a vitória dá ao
La Bestia Negra Leo Calixto
Atlético a chance de liderar o Brasileiro. Marcelo de Oliveira terá que provar sua capacidade de superar desafios, tendo à mão o elenco considerado melhor do país. Contusões aos montes, opções à mesma proporção. Devaneios táticos e talentos individuais. Dúvida cruel para o treinador. Confiança sem fim do torcedor. Assim é o Galo.
Após amargar a zona da degola em boa parte do primeiro turno, o Cruzeiro enfim conseguiu um fôlego para alçar voos maiores na temporada. Os quatro jogos de invencibilidade, sendo três já no returno, trouxeram consigo a confiança que os jogadores precisavam para transformar as boas atuações em vitórias contundentes, como na última
rodada. Mano Menezes terá, ao todo, duas semanas para ajustar detalhes, no intuito de pontuarmos nos próximos jogos dentro de casa. O primeiro jogo da sequencia é domingo (28) contra o Santa Cruz, com Sandro Meira Ricci no apito depois de seis anos. O péssimo árbitro estava afastado dos jogos do Maior de Minas por falhas grotescas em 2010.