Edição 156 do Brasil de Fato MG

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Felipe Dana / Agência Petrobras

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Congresso entrega pré-sal

Final do vôlei em Contagem

Deputados aprovam projeto que abre reservas para empresas estrangeiras. Petroleiros afirmam que medida seria “pagamento do golpe”

Cruzeiro e Minas disputam o Campeonato Mineiro nesta sextafeira (7), no Riachão. Será a sétima decisão consecutiva entre as duas equipes na competição

Divulgação / Curzeiro

Minas Gerais

ESPORTE

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BRASIL

7 a 13 de outubro 2016 • edição 156 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita

Geraldo Magela / Agência Senado

Ressaca eleitoral

Nas dez maiores capitais do país – inclusive BH - quem ganhou foi “Ninguém”: a soma dos votos brancos, nulos e abstenções. Para analistas, a baixa votação reflete o descrédito do atual sistema político. Em todo o Brasil, quem mais levou prefeituras e cargos nas Câmaras foram partidos da direita. Em BH, a vereadora mais votada é mulher, negra e de esquerda. Entretanto, a Câmara ainda tem pouca presença feminina e de negros. Para ex-vereadora, só uma reforma política de fôlego pode corrigir essa distorção

CULTURA

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Roteiro dia das crianças Faltou ideia para comemorar o dia 12? O Brasil de Fato MG seleciona eventos gratuitos ou baratinhos para curtir com as crianças

CIDADES

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Izidora ameaçada Justiça autoriza despejo de 8 mil famílias na Região Metropolitana de BH. Decisão pode gerar violência e atacar os direitos humanos

Midia NINJA


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

Editorial | Brasil

Vitória dos conservadores uitas lições podem ser tiM radas das eleições. Duas se destacam. A primeira é que me-

ESPAÇO dos Leitores

“E o salário do servidor público dividido em até três vezes, com risco de nem receber”. Tárcia Dutra comentando o artigo “Golpe na saúde pública”, de Andrea Hermogenes Martins

“Absurdo! A natureza não vai mais suportar tanto descaso!”. Albim Lunkes, por correio eletrônico

“Fonte confiável de informação. Consulto diariamente para me manter bem informada. Por isso recomendo”. Marlene Miranda, via Facebook

“Jornalismo sério, por um Brasil melhor e mais humano, dando voz aos historicamente oprimidos e questionando o que usualmente é inquestionável na mídia tradicional”. Henrique Soejima, via Facebook

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

didas neoliberais de retirada de direitos tendem a se aprofundar, afinal, foram eleitos candidatos mais conservadores. A segunda, é que ficou ainda mais exposta a falência do nosso sistema político, com crescimento dos votos brancos, nulos e abstenções. Não é para menos. As atuais regras da política favorecem que sejam eleitos quem tem dinheiro, ou quem seja amigo de quem tem. A credibilidade é pouca porque nenhum candidato é obrigado a se comprometer com as propostas que apresenta na campanha. O debate no período eleitoral é me-

Após eleição, Temer virá com rolo compressor nos de ideias e de projeto, e mais sobre a pessoa do candidato. O que nos espera é assustador. Afinal, a maior parte dos prefeitos eleitos apoiam as medidas neoliberais do governo do presidente não eleito Michel Temer. As propostas que saem das bocas dos seus ministros sucateiam o Estado e as políticas públicas. O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM/PE), aquele que recebeu o ator pornô Alexandre Frota logo que assumiu, promete empurrar garganta abaixo uma reforma do ensino médio que sucateia ainda mais o ensino. O ministro do Trabalho fala em aumentar a

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

jornada de trabalho para 12 horas e a aposentadoria para 65 anos. Os deputados caminham para aprovar a PL 4962/2016, que privilegia o negociado sobre o legislado (férias, salário, 13º e FGTS vão para o beleléu). O ministro Geddel Vieira defendeu publicamente o projeto de lei que anistia caixa dois aos políticos que foram beneficiados no passado. Segue o (des)governo anunciando temeridades, ora desculpando-se, ora enganando, ora fazendo jogo duplo e sempre ganhando tempo para

Caminho contra retirada de direitos é a greve confundir o eleitorado. Seguraram as medidas impopulares até as eleições municipais, agora prometem vir com o rolo compressor. O ministro da fazenda Henrique Meirelles quer às pressas aprovar a Proposta de Emenda Constitucional 241/2016 para impor limites aos gastos públicos, tais como saúde e educação por incríveis 20 (vinte) anos. Por isso, só resta aos trabalhadores(as) brasileiros(as) o caminho do enfrentamento grevista enquanto único diálogo que impõe medo aos de cima. E, também por isso, a luta por uma Constituinte se coloca como uma bandeira essencial na perspectiva de refundarmos as instituições políticas no Brasil, garantindo efetivamente a participação popular no controle do Estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


GERAL

Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

“A mobilização das mulheres nos fez pensar e foi uma lição de humildade”

Reprodução

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Dia 12 de outubro é Dia das Crianças. Hora de curtir ainda mais os filhos, sobrinhos, netos, amigos e aproveitar a infância, uma das fases mais importantes da vida. Pensando nisso, o Brasil de Fato perguntou:

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O que você vai fazer no Dia das Crianças?

Esse feriado vou passear, vou pro sítio do meu tio. Mas, ano que vem, meu filho já vai ter seis meses e pretendo curtir a data com ele. Ou ela, né? Ainda não sei o sexo.

Luciana Gonçalves, futura mãe

Âgência EFE

Disse o vice-primeiro-ministro da Polônia, Jaroslaw Gowin, sobre os protestos maciços de mulheres contra a proibição total do aborto. A legislação vigente no país, de 1993, só permite a interrupção da gravidez em caso de estupro ou incesto, quando representa um risco para a saúde da mãe e quando o feto apresenta más-formações graves. Gowin afirmou ainda que o parlamento não aprovará a proibição total do aborto. Reprodução

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Vai ser um feriado como outros, vou curtir a minha filha. Eu e minha companheira não queremos que ela se apegue a essa obrigação de ter que ganhar e dar presentes em datas comerciais. Tiago de Macedo, pai da Helena

Biblioteca Inclusiva / Reprodução

A jornalista Fernanda Gentil, famosa por cobrir o esporte nacional, disse “tchau” ao preconceito e assumiu seu relacionamento de três meses com a também jornalista Priscila Montandon. Ela se manifestou publicamente e disse estar apenas exercendo o seu “direito de ser feliz, muito feliz”. A repórter afirmou estar preocupada apenas com a exposição de seus dois filhos, e deixou um recado público para as crianças: “Lembrem-se de não se importarem com tudo que dizem sobre nossa vida. O que vale é o que a mamãe fala com vocês em casa, olhando nos olhos. Não é o que vestimos que muda quem somos, e sim o que fazemos. Lembrem-se também, sempre, do nosso amor, que não tem cor, sexo ou raça”. Arrasou!

Biblioteca inclusiva A Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade, possui um setor exclusivo para deficientes visuais, que oferece aos usuários clássicos da literatura brasileira, estrangeira e publicações informativas. Ao todo, são 2.300 livros em braille, 1.400 audiolivros e 40 filmes com áudiodescrição. No estado, outras 189 bibliotecas atendem à demanda. Além disso, existem em BH, Juiz de Fora e Uberlândia as Centrais de Interpretação da Língua de Sinais (CLI), que realizam interpretação e tradução para pessoas surdas, facilitando o acesso aos serviços públicos.

Lucas Ismael / Divulgação

#BOMBOU NA REDE

A modelo Raissa Santana entrou para história do país no último sábado (1), como a segunda mulher negra a vencer o Miss Brasil - a participante Deise Nunes foi a primeira a receber o título, há inacreditáveis 30 anos. Em entrevista, Raissa afirmou que quer ser porta-voz do movimento negro e se tornar exemplo para meninas que ainda não aceitam seu cabelo ou seus traços. “Preta, maravilhosa e Miss!”, twittou uma internauta em homenagem à vitória de Raissa. “Depois de tanto tempo, vai ter representatividade sim!”, comentou outra usuária.


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CIDADES

TRUCO ELEIÇÕES BH

Belo Horizonte, 11 a 17 de março de 2016 Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

“Vai ser pior que o Pinheirinho”, afirma liderança da ocupação Izidora MORADIA Aprovado pelo Tribunal de Justiça, despejo de 8 mil famílias pode causar violência e infração a direitos humanos Reprodução

Kalil, CANDIDATO EM CRISE

O candidato Kalil (PHS), que disse ter “atestado de pobreza” em debate da TV Record, afirma agora que nunca foi pobre. As duas frases foram ditas com menos de uma semana de diferença. Conforme o Truco já havia checado, Alexandre Kalil possui mais de R$ 2,7 milhões de bens móveis e imóveis. Em declaração ao TSE aparecem duas casas, dois apartamentos, cinco lojas, dez terrenos, seis veículos e um barco. >> Estas checagens fazem parte do Truco Eleições 2016, projeto da Agência Pública, que checa as falas de todos os candidatos a prefeito em cinco cidades: Belém, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. apublica.org/truco2016

Apenas 3 dos 853 municípios de Minas Gerais terão segundo turno nessas eleições. A votação está marcada para o próximo dia 30.

Belo Horizonte

João Leite BLEFOU

O candidato do PSDB disse em campanha que vai apoiar todas as minorias, inclusive a comunidade LGBT. Entretanto, ele se opõe à discussão de identidade de gênero na Educação e foi contrário ao material de combate à homofobia produzido pelo Ministério da Educação. Em 2011, afirmou, na Assembleia Legislativa, que tem direito à sua fé “que combate o ‘homossexualismo’”, referindo-se à homossexualidade como doença.

Eleições no estado

Na capital, a prefeitura é disputada por João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS). O número de pessoas que não votou em ninguém - 741.915 - foi superior aos votos que os dois candidatos receberam juntos - 710.797. João Leite e Kalil são conhecidos por terem atuado no Clube Atlético Mineiro, um como goleiro e outro como presidente. Rafaella Dotta

A

tarde de 28 de setembro foi de desolação para os moradores das ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança, que formam a ocupação Izidora, região norte de BH. Segundo decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a Polícia Militar está autorizada a realizar o despejo das 8 mil famílias residentes no local e demolir cerca de 5 mil casas de alvenaria. “Fazer despejo numa situação dessas, com 8 mil famílias, é assumir que vai morrer gente”, afirma Leonardo Péricles, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). “Vai ser pior que o Pinheirinho”, completa, se referindo ao despejo de 9 mil moradores que aconteceu em 2012, em São José dos Campos (SP), e teve repercussão internacional, dada a violência com que as famílias foram tratadas. O governo estadual sustenta que a PM possui condições de realizar a remoção não violenta das 30 mil pessoas que vivem no local. Mas os movimentos desacreditam: “Quem vai fazer o despejo é

Cerca de 30 mil pessoas moram na região de divisa com Santa Luzia a mesma polícia que pratica violência contra pobres há décadas”, alerta Péricles. Preocupações e saídas O advogado Willian Santos, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (OAB) Minas Gerais, está acompanhando o caso e defende uma saída negociada. Ele afirma que nenhuma das partes (Prefeitura de Belo Horizonte, proprietários do território e moradores) deseja ações de violência. Segundo ele, a reabertura das negociações poderia, inclusive, levar a Justiça a suspender o despejo. O MLB, as Brigadas Populares, a Comissão Pastoral da Terra e as coordenações das ocupações apostam na pressão à Prefeitura de Santa Lu-

zia, já que parte das ocupações fica em terreno luziense. Pelo menos 100 moradores acamparam entre os dias 3 e 4 de outubro em frente à sede do poder municipal depois de não serem atendidos pela prefeita Roseli Pimentel. O acórdão com a decisão do TJMG deve ser publicado na segunda semana de outubro, quando a remoção forçada passará a estar autorizada. O governo estadual afirma que se reuniu com os moradores em 27 de setembro e que continuará a estimular uma negociação.

Entenda o caso A ocupação Izidora ocupa um terreno de 9,5 milhões de m², onde se concentram 30 mil pessoas. Os proprietários do terreno são a família Werneck e a Prefeitura de Belo Horizonte. O processo judicial de reintegração de posse é de autoria da PBH, que há um ano abandonou a mesa de negociação e se recusa a dialogar com os moradores.

Contagem Disputam o segundo turno o atual prefeito Carlin Moura (PCdoB) e Alex Freiras (PSDB). Moura obteve 27,68% dos votos e Freitas 24,68%. Brancos e nulos somaram 23,2%. Alex de Freitas é administrador e foi secretário-adjunto de Governo. Carlin é formado em Direito e Jornalismo e já foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Juiz de Fora Os candidatos são Margarida Salomão (PT), que obteve 22,38% dos votos válidos, e o atual prefeito Bruno Siqueira (PMDB), que recebeu 39,07. Margarida é formada em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora e é deputada estadual. Siqueira, que se formou em Engenharia Civil, também na UFJF, já foi vereador e deputado antes de se tornar chefe do execu-


Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

CIDADES

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Conheça um pouco da “nova velha” Câmara Municipal de BH ELEIÇÕES Número de mulheres e negros ainda está muito abaixo dos homens e brancos Reprodução

Wallace Oliveira

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a eleição do último domingo (2), foram definidos os 41 vereadores que legislarão no período de 2017 a 2020 em Belo Horizonte. Cerca de 417 mil eleitores não compareceram às urnas, em um eleitorado de 1,92 milhão de pessoas. Dos que compareceram, mais de 188 mil anularam seu voto para vereador e mais de 127 mil votaram em branco. Entre os que não conse-

47% da população de BH é negra, mas apenas uma vereadora negra foi eleita

guiram se eleger, 42 tiveram mais votos que o vereador eleito menos votado, preferido por 3.018 eleitores. As vagas não são distribuídas por maioria simples, mas por um cálculo que leva em conta o total de votos válidos, número de cadeiras, a votação de cada partido ou coligação e a distribuição das sobras por média. “Não dá para dizer que a eleição é menos legítima por isso, pois a regra é conhecida por todos os participan-

tes. Mas esse resultado serve para desmistificar certo discurso que culpa o eleitor por sua falta de interesse no Legislativo, afirmando que as pessoas sequer se lembram em quem votaram na última eleição. Como se lembrariam, se os candidatos da imensa maioria não são eleitos?”, questiona Carlos Freitas, cientista político pela UFMG. Mulheres e negras O PSOL, pela primeira vez,

elegeu duas parlamentares na Câmara: a atriz Cida Falabella e a cientista política Áurea Carolina, integrantes do movimento “Muitxs – pela cidade que queremos”. Áurea é a vereadora mais votada da cidade, com 17.420 votos, e a única mulher negra na Câmara. “Esta é uma demonstração das lutas feministas, antirracistas, das lutas cotidianas que resistem na cidade. Essa vitória também é uma demonstração de que representatividade importa e que ter pessoas com esse perfil é realmente importante para avançarmos”, afirma a vereadora eleita. Também se elegeram a professora Marilda Portela (PRB), esposa do deputado federal Lincoln Portela, e a secretária Neli do Valdivino (PMN), irmã do exvereador Valdivino Pereira de Aquino. Ambas, além do

parentesco com homens conhecidos na política, trazem a referência a eles em seus nomes de urna. “Em alguns casos, homens que têm dificuldades em se eleger acabam jogando as fichas na eleição de uma mulher vinculada a eles”, diz Carlos. Longe da diversidade As mulheres são mais da metade da população, mas foram eleitas apenas quatro vereadoras. O número de negros na Câmara caiu de três para uma, embora, segundo o IBGE, 47,4% da população da capital seja negra. “Mulheres, negros, idosos, jovens, LGBT’s só terão perspectiva de poder político quando conseguirmos fazer uma reforma política de fôlego”, argumenta Neila Batista, que foi candidata pela coligação “BH no Século XXI”.

Renovação duvidosa CENÁRIO Apesar da eleição de 23 novos parlamentares, Câmara continua fragmentada

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os 41 vereadores da atual legislatura, 18 foram reeleitos e 23 novos parlamentares ganharam uma cadeira na Câmara. Os partidos com maior crescimento e as maiores bancadas são o PHS, do candidato

a prefeito, Alexandre Kalil, e o PTN, do atual presidente da Câmara, Welllington Magalhães. Ambos passaram de um para quatro vereadores. Embora mais da metade das cadeiras tenha sido preenchida por novos nomes, isso não necessaria-

mente significa uma renovação política do Legislativo municipal. “A Câmara continua altamente fragmentada, com vários partidos nanicos, sem relevância ideológica e sem enraizamento na sociedade, controlando bancadas expressivas”, critica o cientista político Carlos Freitas.

“Vereadores de bairro” Ainda há uma forte presença dos “vereadores de bairro”, candidatos que se elegem vinculando o próprio nome a localidades específicas e estabelecimentos comerciais, igrejas, serviços públicos. “São vereadores com

perfil de atender a pequenas demandas das comunidades, como asfalto, quebra-molas, cargos públicos, entre outras. Isso reforça o clientelismo, até porque o vereador é o representante mais próximo das pessoas no sistema político atual”, afirma Carlos.

Confira a íntegra desta matéria e leia entrevistas com Áurea Carolina, Cida Falabella e Neila Batista - http://migre.me/vapeR


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 7 a 1311 deaoutubro de 2016 Belo Horizonte, 17 de março de 2016

Opinião

A imprensa botou preço no golpe s jornais brasileiros – e em breve as reO vistas, TVs, rádios e blogs “limpos” – começam a receber a paga pelos serviços pres-

tados. Ajudaram a planejar, divulgar, instigar e executar o golpe contra a democracia brasileira e, de quebra, a criar um clima de beligerância que divide a sociedade. Fecharam a porta para a diversidade e estabeleceram um padrão de julgamento ancorado em vazamentos seletivos e moralização judicial. Foi um serviço sujo, duradouro, pertinaz e, ao fim e ao cabo, bem-sucedido. Mesmo com tanta dedicação, os capitãesdo-mato não conseguiram ganhar em credibilidade, audiência ou importância social. A imprensa brasileira está quebrada no corpo e na alma. Os jornais estão à venda, e não é de hoje, e não encontram compradores nem aqui nem na China.

A condução editorial beligerante firmou entre nós a triste tradição de um “jornalismo de guerra” ou, o que é ainda pior, de um panfleto partidarizado. Por isso a campanha com o provocativo e irresponsável lema que propõe “tirar o Brasil do vermelho” não deve ser considerada pelo seu conteúdo, mas por sua presença ma-

O golpe vai tirar a imprensa do vermelho terial. Pela grana que pôs no combalido mercado da comunicação. Nenhum dos 14 pontos elencados interessa ao público. Não é um acaso que a empreitada publicitária surja exatamente neste momento. Por um lado, marca o ponto mais baixo de aceitação do governo não eleito até agora; por outro, se antecipa à tática de encami-

nhamento da PEC 241, que corta investimentos em saúde e educação em nome do mercado financeiro e do rentismo internacional. Por outro, trata-se de algo mais chinfrim: quitar as dívidas pelo apoio ao golpe. Os empresários do setor já devem estar programando a festa. Vem aí campanha em favor do projeto que esfacela o conteúdo crítico da educação; campanha pela reforma da Previdência; campanha pela entrega da riqueza nacional ao capital estrangeiro; campanha pelo fim da CLT; campanha pela terceirização; campanha pela repressão aos movimentos sociais; campanha por um SUS pobre para pobre. E por aí vai. Para dar mais uma prova de boa vontade, passaram a intensificar as demissões de jornalistas críticos em todas as editorias. Na lógica da imprensa de front, até o futebol precisa ser de direita. A pauta conservadora vai custar caro ao governo e à sociedade. O golpe vai tirar a imprensa do vermelho.

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Foto: Omar Freire/Imprensa MG


Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

Acompanhando

Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Lidyane Ponciano / CUT - MG

Na edição 155... Mesmo sendo maioria da população, mulheres correspondem a 30% das candidaturas ...E agora Número de mulheres eleitas cresce em dez capitais brasileiras Em 2017, as vereadoras constituirão 15% das casas legislativas de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Recife, Porto Alegre e Goiânia. Hoje, elas somam 12%. Ainda assim, a quantidade é bastante inferior à taxa de mulheres que se candidataram, 30%. Em BH, 4 das 41 cadeiras parlamentares serão ocupadas por mulheres - até então, havia apenas uma. Na edição 115... Exemplo das escolas ocupadas chega a Belo Horizontes ...E agora Estadual Central é ocupado contra desmonte da educação O Colégio Estadual Central, no bairro de Lourdes, foi ocupado por estudantes na manhã de quinta-feira (16). Eles protestam contra a reforma do ensino médio, que compõe a Medida Provisória 746, proposta pelo presidente não eleito Michel Temer (PMDB). Além disso, os jovens pedem pela extinção da PEC 241, que limita por 20 anos os gastos do Executivo com saúde e educação.

DIA DOS PEQUENOS Nesta semana da criança, é sempre bom lembrar que brincar é também um direito. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seus artigos 4° e 16°, garante que o lazer das crianças deve ser garantido por sua família, pela sociedade e pelos governos.

Sumara Ribeiro

O que nos diz o resultado das eleições municipais? Em primeiro lugar, é forçoso reconhecer que o PT saiu derrotado dessas eleições. O partido sofreu uma redução de 10 milhões de votos (de 17,2 para 6,8 milhões) e 60% de prefeituras em relação a 2012. Mas, o fato inédito e preocupante é o “voto em ninguém”. Se somarmos a abstenção (aqueles que não foram votar) com os votos nulos e brancos, chegaremos ao resultado de 40 milhões (cerca de 30%) de eleitores que não votaram em ninguém. Nas 92 cidades com mais de 200 mil habitantes isso corresponde a 1/3 do eleitorado. Pior ainda foi o resultado em 10 capitais – entre elas Belo Horizonte – onde o “voto em ninguém” ficou em 1o lugar! Tampouco dá para dizer que o Brasil foi para a direita. Somando-se os votos do PSDB, DEM e PMDB, partidos eixo do golpe, o crescimento foi de apenas 1,8 milhões. O fato é que uma parcela importante da população brasileira não acredita nas instituições Instituições políticas, o que realça políticas em descrédito a necessidade da Constituinte Soberana, motivo da campanha nacional em 2014, onde quase 8 milhões de pessoas votaram pela reforma do sistema político brasileiro. Tudo isso, no entanto, não exime o PT de fazer um sério balanço. É certo que há a perseguição da Lava Jato, mas também há uma frustração profunda da base social do PT, que vem de longe. Apesar de importantes conquistas durante os 13 anos de governo do PT, a marca central foi a “conciliação” em nome da aliança nacional com o PMDB. Agora, é hora de reconstruir o PT com outra política, o que começa por definir claramente a posição do partido para o 2o turno, que deve ser “Nenhum Voto em Golpista”! Sumara Ribeiro é membro do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT).

Chico Nascimento

Vivendo a era da midiotice O recente pleito eleitoral consagra de vez o que resulta da midiotice imposta ao cidadão brasileiro pelos meios de comunicação. Paulistanos elegem um “Chiquinho Escarpa”. Betinenses um afortunado empresário dono de imprensa das mais lidas em Minas. Em BH, a prefeitura corre o risco de voltar ao tucanato ileso de qualquer falcatrua – já que a Lava Jato só tem o PT na mira e na mente, com ressalvas peemedebistas e democratas, cujas canduras bem que mereciam uma Operação Açucena. Todos estão sorridentes: os editoriais e artigos da grande imprensa desfilam orgulhosos palpites opinativos como aquele “Eleição enterra o golpe”, do Estadão do dia 04/10. Começa afirmando que “a derrota do PT é derrota da tese do ‘golpe’ Porta-voz das elites e do ‘Fora, Temer”. Âncoras de venceram telejornais, comentaristas políticos e impostores de opinião – Alexandre Garcia, Fernando Mitre, Boris Casoi, os principais - argumentam a mesma retórica. Willian Wack, do Jornal da ultra golpista Globo, quase chega ao delírio ao noticiar e ouvir falar da derrota petista em quase todo o país. Casoi, de missão cumprida em favor da Fiesp na megagolpista Band, segue agora para vomitar sua antipatia petista na Rede TV! A Record, do bispo que quase obrigou os fiéis a votarem na Dilma, agora, além de TV golpista, agora produz marqueteiras reportagens para “vender” opções tipo “se vira nos 30” para enfrentar os desafios da crise econômica. A derrota do PT se traduz em derrota do trabalhador e isso é tudo o que a mídia e a direita porta-voz das elites quiseram. E venceram. Perdeu a graça assistir aos telejornais, ouvir os noticiários de rádio e ler jornais e revistas que subestimam a inteligência, como se todos fôssemos os “Homer Simpsons”, noutra versão, os midiotas de plantão. Chico Nascimento é jornalista e funcionário público estadual.


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BRASIL

Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

Recuperação prometida por Samarco não está aprovada AINDA NA LAMA Programas para reparar os danos do crime da mineradora não tiveram qualidade comprovada Agência Brasil

Da redação

A

uditoria dos planos de recuperação social e ambiental é rejeitada por governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo. O problema apareceu no teor da auditoria, que se debruça sobre a quantidade de verba direcionada e não sobre a qualidade dos resultados. A auditoria foi feita pela Fundação Renova, criada pela Samarco,

Vale e BHP Billiton, para fiscalizar as ações de reparação feitas por essas mesmas empresas. Segundo a Samarco, serão gastos R$ 3,2 bilhões até 2018. A mineradora deveria estar colocando em prática a remoção de rejeitos, a recuperação de nascentes, a conservação da biodiversidade, além de programas sociais como retomar as atividades financeiras dos atingidos e recuperar escolas.

Trabalhadores deligados A empresa realizou, até julho deste ano, um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que apresentou opções para os funcionários se desligarem da empresa. O plano foi aderido por 923 trabalhadores. O PDV foi parte de ação civil pública movida pelo Ministério Público, que pedia a anulação do plano e a readmissão de todos os empregados. Porém, a Justiça do Trabalho negou a ação e autorizou as demissões voluntárias.

ela nas clínicas e a Samarco nunca tinha respostas para meus pedidos. Meu marido agora trabalha em dois empregos e o nosso dinheiro vai todo para pagar remédio. Veja esta vacina aqui: custa R$ 300”, conta. A resposta da Samarco, em documento datado de 21 de setembro, é que está moni-

torando a qualidade do ar e que tudo está dentro de limites estabelecidos internacionalmente. E que além da limpeza das ruas, tem dado toda a assistência para a Secretaria Municipal, que é a responsável por resolver o problema da menina. (Com informações do MAB)

Samarco ignora crianças doentes

E

m Barra Longa, cidade atingida pelo rompimento da barragem de Fundão, há 11 meses, família relata que filha passou a ter doença respiratória depois de contato com rejeitos de minério de ferro. Laudo assinado pelo médico pediatra e alergista Antônio Carlos Pires

Maciel, de Ponte Nova, afirma que o “quadro clínico é desencadeado por inalantes (fatores desencadeantes e irritativos relacionados à exposição da poeira proveniente dos rejeitos de minérios) resultado do rompimento da barragem de Mariana, afetando o meio ambiente da cidade de Barra

Longa, onde reside a menor”. Simone Maria da Silva, mãe da criança de um ano e meio de idade, apresenta reclamações feitas à empresa e a visita a diversos médicos, para descobrir a doença adquirida pela filha. “Até o meio do ano, eu fiquei levando

Manifestação em Brasília contra PEC 241 Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Da redação

O

governo não eleito de Michel Temer (PMDB) recebeu mais protestos de rua. Na quarta (5), em razão do trâmite da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, movimentos populares e sindicatos realizaram o Dia Nacional de Luta Contra o Desmonte do Estado. Os atos aconteceram na Esplanada dos Ministérios, com caravanas de várias regiões.

As organizações afirmam que, caso seja aprovada, a PEC diminuirá drasticamente as verbas federais para educação, saúde e assistência social. A PEC 241 é uma aposta do presidente não eleito Michel Temer, que a enviou ao Congresso Nacional em junho. A proposta impõe um congelamento dos gastos da União por 20 anos. A medida limita as despesas primárias ao equivalente aplica-

Luis Macedo / Câmara dos Deputadosd

do no ano anterior corrigido apenas pela inflação. Votação Michel Temer, em solenidade de posse do novo Ministro do Turismo, pediu apoio aos parlamentares para que eles votem a PEC até o dia 11 de outubro. Para ser aprovada, a proposta precisa de três quintos dos votos dos 513 parlamentares (308 deputados e, na votação do Senado, 54 senadores).


BRASIL

Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

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Eleições representaram desencanto com sistema político, avaliam movimentos RESULTADOS Número de abstenções, votos em branco e nulos superaram primeiros colocados em diversas cidades Pedro França / Agência Senado

Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). “Porcentagens elevadas de pessoas que não compareceram ou votaram em branco e nulo demonstram a insatisfação do sistema político brasileiro, que está privatizado e que não representa os verdadeiros anseios do povo brasileiro”, complementa.

Rafael Tatemoto de São Paulo

E

m Belo Horizonte, o número de eleitores que não escolheu qualquer candidato superou a soma dos dois primeiros colocados. O eleitorado carioca decidirá a disputa no segundo turno entre Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL). No primeiro turno, entretanto, 42% dos eleitores votaram em branco, nulo ou se abstiveram. Em São Paulo, onde ganhou João Doria Jr. (PSDB), 3.096.186 pessoas não votaram em ninguém, o que representa 38,48% do eleitorado paulistano.

O bloco dirigente do golpe saiu fortalecido das eleições”, lamenta militante

Por todo o Brasil, os partidos mais fortalecidos nas eleições locais foram PSDB e PMDB. O PT foi a legenda que mais recuou. Caso consiga eleger todos os candidatos que foram ao segundo turno, perderá ao menos 59% das prefeituras que geriu entre 2012 e 2016. A legenda ganhou em Rio Branco (AC), está na disputa de Recife e garantiu apenas quatro municípios com população acima de 200 mil habitantes.

Ainda na esquerda, o PSOL diminuiu o número total de votos recebidos entre as duas eleições, mas ampliou sua base de vereadores e vereadoras e está na disputa de duas capitais: Belém (PA) e Rio de Janeiro (RJ), com Edmilson Rodrigues e Marcelo Freixo, respectivamente. “O bloco dirigente do golpe [parlamentar], a elite política paulista, saiu fortalecido para aplicar o plano de maldades em curso”, afirma

Avanço da direita pelo mundo Segundo Gilmar Mauro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o resultado negati-

vo para o PT é “ fruto do processo de criminalização e estigma produzido nos últimos anos pelos principais meios de comunicação”. De outro lado, ele localiza o avanço da direita como um fenômeno global. “Não é uma particularidade brasileira. A ofensiva avança em várias partes do mundo, veja a situação do ‘não’ aos acordos de paz na Colômbia, como vem evoluindo a campanha de Trump nos Estados Unidos... Em tempos de crise, setores da direita tendem a se mostrar com muita força”, prevê.

“A crise abre janelas importantes para a esquerda”

A

mbos entendem que a ofensiva da direita, no caso do Brasil, foi facilitada por erros, lacunas e omissões das organizações de esquerda. “A esquerda precisa se repensar para esse novo período histórico, que será muito difícil para a classe trabalhadora. Não se apostou na organização do povo, não se apostou no processo de conscientização. Tem gente que ganhou uma série de benefícios e vota pela direita”, critica Cer-

Reprodução

vinski, em relação ao período de governos petistas. Gilmar vai na mesma linha: “Eu não tenho a menor dúvida de que nós carecemos de um processo de balanço autocrítico. São vários erros que contribuíram, e muito, para que esse cenário ocorresse. Sem a tentativa de encontrar culpados, mas precisamos fazer esse processo de uma forma politizada. A mesma crise que abre porta para a direita crescer, abre janelas impor-

tantes para a esquerda explicitar contradições da ordem do capital”.

Ofensiva da direita foi facilitada por erros das organizações de esquerda


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BRASIL

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Aprovação do PL do pré-sal “é o pagamento do golpe”, dizem petroleiros SOBERANIA Projeto foi aprovado por 292 votos a favor e 101 contra Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

va do Estado brasileiro”, disse em nota a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne 13 sindicatos da categoria. Durante a votação, os trabalhadores fizeram protesto e entoaram palavras de ordem contra os parlamentares que votaram pela aprovação da matéria.

Cristiane Sampaio De Brasília

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plenário da Câmara Federal aprovou na noite desta quarta-feira (5) o Projeto de Lei (PL) 4567/16, que desobriga a Petrobras de ser a única operadora dos blocos de exploração do pré-sal. Depois de várias semanas de queda de braço entre governo e oposição, a maioria da Casa aprovou a proposta por 292 votos a favor e 101 contra. Na avaliação dos parlamentares de oposição, o placar reflete a configuração de forças que tem no Congresso, com a aglutinação de parlamentares neoliberais em torno dos projetos governistas. A oposição ao PL reúne deputados da Rede, do PCdoB,

do PT, do PDT e alguns parlamentares de outras legendas, de forma mais isolada. “Esta disputa se trata de defender o patrimônio público e ser contra o entreguismo de Serra”, disse o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), em referência ao tucano José Serra, atual ministro das Relações Exteriores, autor da proposta

no Senado. Após a votação, as entidades dos petroleiros lamentaram a aprovação da matéria. “É o pagamento do golpe, que foi articulado em comum acordo com os interesses dos setores empresariais e de mídia, que nunca admitiram que a exploração do pré-sal fosse uma prerrogati-

Estratégia Os governistas sustentaram que a abertura do présal para as empresas estrangeiras seria uma estratégia para melhorar os lucros da empresa, que estaria imersa em dívidas. Os argumentos foram fortemente combatidos pela oposição. “Abrir o pré-sal num momento em que o barril de petróleo está custando cerca de U$ 50 é abrir mão de uma empre-

sa que significa muita coisa para o país. É uma política de favorecimento de empresas não brasileiras em detrimento da riqueza do povo brasileiro”, disse a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB -RJ). Resistência Para a oposição, a luta contra a proposta precisa contar com grande engajamento social. “Nós vamos continuar a batalha até o fim, mas sabemos que internamente, do ponto de vista institucional, eles têm maioria. O que pode modificar esse jogo é o que vem das ruas, para que os parlamentares sintam o que parte do seu eleitorado quando se aprova uma medida tão lesiva ao Brasil como essa”, salientou Glauber Braga (PSOL-RJ).

País se mobiliza contra absolvição de responsáveis pelo Massacre do Carandiru IMPUNIDADE Protestos ocuparão ruas de capitais brasileiras nesta sexta (7) Patrícia Santos / Flickr Commons

da redação

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ilitantes do Levante Popular da Juventude anunciam a realização de um ato em memória das vítimas do Massacre do Carandiru nesta sexta (7), na Praça da Estação. A mobilização, que começa a partir das 17h, faz parte de uma série de protestos em todo o Brasil contra a anulação dos julgamentos de 74 policiais militares acusados do assassinato de 111 presos da casa de detenção na cidade de São Paulo (SP), em 1992. A decisão foi tomada na terça-feira (27), pela 4ª Câmara

Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), quando o desembargador Ivan Satori, o revisor do processo Camilo Léllis, e o também desembargador Edison Brandão votaram pela absolvição dos réus, acatando a tese dos advogados dos acusados, que alegavam “legítima defesa”. Eles consideraram também que “não existem provas que demonstrem quais foram os crimes cometidos pelos agentes”. O parecer do trio contraria cinco júris em primeira instância realizados entre 2013 e 2014. Também participarão das manifestações movimen-

tos populares de São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Ceará. Violência O massacre aconteceu em 2 de outubro de 1992, após uma rebelião no pavilhão 9 da penitenciária. Segundo nota publicada pelo Levante em sua página oficinal do Facebook, a data representa “um dia engasgado na garganta de homens e mulheres, mães, pais, filhos, amigos, cidadãos comuns, que testemunharam, direta ou indiretamente, a violência, o autoritarismo e o racismo do Estado”.


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MUNDO

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População da Colômbia vota contra acordo de paz PLEBISCITO Após derrota do “sim”, Farc anunciam que continuarão o cessar-fogo Reprodução

Redação Com Opera Mundi

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resultado do plebiscito realizado na Colômbia, no domingo (2), sobre o acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias daa Colômbia (Farc), assustou colombianos e organismos internacionais. Mais de 50% da população respondeu “não” à pergunta “você apoia o acordo para o término do conflito e construção de uma paz estável e duradoura?”. Apesar disso, analistas ressaltam a importância do compromisso entre as partes de manter o cessar-fogo bilateral e a disposição de seguir no caminho para a paz.

Consequências O primeiro efeito do plebiscito é que, com a decisão, o presidente Juan Manuel Santos não poderá implementar os acordos negociados com as Farc em Havana, Cuba, como foi definido em agosto. Santos concordou com a consulta com o objetivo de colocar o acor-

do de paz em vigor. Após o resultado, o presidente afirmou que seguirá “buscando a paz até o último minuto”. Repercussão Diversos organismos e personalidades internacionais, além de chefes de Estado, lamentaram o resultado. A ex-parlamentar co-

lombiana Piedad Córdoba, que participou em diversas negociações de libertação de reféns das Farc, comentou o resultado à emissora “Caracol Radio”. Ela afirmou reconhecer o resultado do referendo, mas considera“lamentável o nível de abstenção tão alto e de desinformação do povo [sobre o acordo]”. Ela pediu que se “continue lutando” pela paz. Ban Ki-moon, secretáriogeral da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que esperava um “resultado diferente” e que permanece otimista pelo fato de que tanto Santos quanto o líder das Farc, Timoléon Jiménez, terem mostrado seu compromisso com a paz.

Em mensagem de vídeo, Jiménez afirmou que a guerrilha dará continuidade ao cessar-fogo. “A paz chegou para ficar. As Farc reafirmamos perante a Colômbia e o mundo que suas frentes guerrilheiras em todo o país permanecerão de acordo com o cessar-fogo definitivo e bilateral como uma necessária medida de alívio às vítimas do conflito e em respeito ao acordado com o governo nacional”, disse. Assembleia Constituinte Uma das alternativas que vem sendo sinalizadas no país é a realização de uma assembleia constituinte para tratar o tema.

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ENTREVISTA

Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

“Estamos em um momento de ´subdemocracia´” ELEIÇÕES Cientista político interpreta o recado das ruas e reflete sobre perspectivas para a democracia brasileira Reprodução

ou não uma escolha das forças políticas – eu entendo que esta tática acaba prevalecendo sobre a dimensão estratégia. Considerando a dificuldade de acumulação de forças no momento vivido, a “vitória” de brancos, nulos e abstenções pode indicar um amplo setor do eleitorado, quase 40%.

Patricia Fachin / IHU On-Line

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runo Lima Rocha é mestre e doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e professor da Unisinos.

O que mais lhe surpreendeu nas eleições municipais deste ano de modo geral? Bruno Lima Rocha - Era imaginado que os números de nulos, brancos e abstenções fossem gigantescos. Mas, confesso que o volume foi surpreendente. Cito três evidências. Em nove capitais, a soma de votos não válidos e ausências chegaram à frente dos candidatos vencedores. Isto se verifica em São Paulo (SP), no Rio de Janeiro (RJ), em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Aracaju (SE). Se ampliarmos os dados, votos não contabilizados e ausência tiraram primeiro ou segundo em 22 capitais. A soma dos votos nulos, brancos e de abstenções também não implica necessariamente em adesão a uma tese rebelde, mas sim um potencial de trabalho no sentido da desobediência civil e posições de resistência diante da retirada de direitos coletivos. Organizar este potencial é o desafio, ao menos até a largada da corrida presidencial de 2018. E a eleição de representante da nova direita e de pessoas milionárias? O MBL, que se afirmava apartidário e antipartidá-

Vitória de Freixo terá impacto igual à de Erundina em 1988 rio, conseguiu eleger oito vereadores dos 45 que disputaram o pleito. Além da nova direita, a representação plutocrata também avançou, com a eleição de 23 prefeitos milionários, puxando a lista os prefeitos eleitos de Betim (MG), Vitorio Meddioli (PHS), e o de São Paulo capital, João Dória Jr. (PSDB). Podemos interpretar, sem exagero, algum que há uma inclinação como botim político da preferência pelo voto de protesto ou a abstenção e, na sequência, com o elogio da nova direita ou um retrocesso a favor da presença do capital transnacional no Brasil, representado organicamente pelo PSDB, através de suas maiores lideranças.

Neste momento, a esquerda se volta para o Rio de Janeiro na possibilidade de eleger Freixo, do PSOL. Esta eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro tem elementos únicos, porque aponta ao menos dois elementos de tensão. Uma é ideológica, em que a esquerda eleitoral tem o desafio de derrotar um eleitorado consolidado, mas com teto. No segundo turno ao governo do estado, em 2014, Marcelo Crivella, senador pelo PRB, se confrontou com Eduardo Pezão (PMDB). Na ocasião, a corrida eleitoral foi marcada pela disputa intrapentecostal e neopentecostal, com Eduardo Cunha defendendo seu correligionário e dividindo o voto da pobreza

Votos brancos, nulos e abstenções são potenciais contra retirada de direitos

conservadora. Agora, nesta eleição, há uma aliança entre o clã Garotinho – do ex-governador e ex-prefeito de Campos, Anthony Garotinho (PR), vinculado à Assembleia de Deus e logo podendo marcar um voto conservador mais coeso. O inverso também é verdadeiro. Haverá uma evidente aliança pela esquerda no município do Rio em torno da candidatura do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Caso o PSOL vença as eleições, esta vitória terá o mesmo impacto da eleição de Luiza Erundina em 1988, quando concorreu pelo PT, em São Paulo. O que as urnas revelam sobre a situação da esquerda no país em geral? Se há um limite evidente para qualquer governo distributivo, nacional popular ou reformista na América Latina esta é uma variável determinante para o cálculo político das esquerdas, eleitorais ou não. Ou seja, há sempre que se levar em conta a possibilidade de virada de mesa. Assim, concorrer nas eleições pode ser

É necessário levantar a bandeira da democracia participativa As esquerdas podem interpretar esses dados como uma excelente chance para radicalizar a democracia. É necessário levantar a bandeira da democracia participativa. Deseja acrescentar algo? Estou afirmando que estamos em um momento meio de “subdemocracia”. Estou forçando este neologismo para demonstrar uma dimensão ainda mais inferior da democracia liberal, indireta, burguesa, delegativa e representativa. Nesta subdemocracia brasileira, o golpe é um cala a boca na crença cega e injustificada na institucionalidade republicana, caracterizando o rompimento do pacto amarrado na Abertura e Transição, além da Constituição de 1988. Leia íntegra em ihu.unisinos.br


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13 VARIEDADES 13 por Alan Tygel

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas Conserva de Pimenta

No Brasil, o termo pimenta se refere tanto a pimentas da espécie Capsicum (como a Malagueta) quanto às Piper (como a Pimenta do Reino). A receita de hoje é para se fazer conserva de pimenta do tipo Capsicum, que possui inúmeras variedades. Além das pimentas em si, os ingredientes são:

• Azeite, como base • Temperos opcionais: cominho, Pimenta do Reino, manjericão, alecrim, louro e alho, sal e pimenta do reino a gosto • Limão e vinagre, para conservar Atenção: utilize sempre luvas para manusear as pimentas, pois elas provocam queimaduras

Modo de preparo Antes de começar, higienize as pimentas, tire os cabos e laveas. Os potes de vidro que vão receber a conserva devem ser fervidos e devem esfriar naturalmente. Para fazer o molho, bata os temperos no liquidificador com um pouco de azeite. Encha o pote com as pimentas e acrescente o azeite temperado. Encha metade do pote com mais azeite frio e complete a outra metade com azeite aquecido. É importante colocar um pouco de limão e vinagre para evitar mofar. Para conservar, deixe pelo menos um mês escondida no escuro. A cada semana, vire a posição, ora com a tampa para baixo, ora para cima. Se desejar o molho mais forte, corte as pimentas em rodelas. Nesse caso, é importante fazer a assepsia: coloque as rodelas durante 25 segundos em água fervendo e, assim que tirar, jogue imediatamente em água com gelo por um minuto. Escorra bem a água e monte o molho.

Capsaicina

O componente que faz o fruto da pimenta arder se chama capsaicina. Seu consumo em excesso pode provocar problemas de digestão, mas seu consumo moderado traz diversos benefícios para o coração, além de ter ação anti-inflamatória, aumentar a imunidade, ajudar a controlar o nível de açúcar no sangue e melhorar o crescimento do cabelo.

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


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CULTURA

Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

Com 100 anos, samba ganha evento mineiro para celebrar a alegria e resistência do ritmo VELHA GUARDA Projeto acontece na sexta e tem entrada franca Herbert Shuaseneguer

Raíssa Lopes

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a próxima sexta (8), Belo Horizonte recebe o evento Semente da Terra, que pede benção ao samba mineiro com apresentações de grandes artistas da Velha Guarda. Os shows acontecem a partir das 13h, com entrada gratuita, no

Nunca houve uma política cultural eficaz que favorecesse os sambistas das favelas e periferias”, diz historiador

Gustavo Marinho

Centro Cultural Padre Eustáquio. De acordo com Camila Costa, uma das organizadoras, o Semente da Terra celebra o “samba que muito se vive e pouco se fala”, raiz presente nas ruas, bares e quintais belo-horizontinos. Na data, os grupos “Ritmistas do Samba”

TV Cultura leva ao ar produções especiais para a garotada TV Cultura / Divulgação

Entre os dias 10 e 15 de outubro, a TV Cultura prepara uma programação dedicada à Semana da Criança. Uma série de produções para os pequenos será exibida, incluindo especiais do “Quintal da Cultura”, “Cocoricó”, “Teatro Rá Tim Bum”, “Matinê Cultura”, “Os Melhores Contos de Grimm e Andersen”, entre outros. No dia 12, os programas irão ao ar das 8h às 20h, trazendo também desenhos animados já consagrados pelo público, como “Peppa Pig” e “Dora, A Aventureira”. Confira a programação completa no site www.tvcultura.com.br.

e “O Canto da Raça” dividirão o palco com nomes importantes para a cultura mineira, como Pirulito da Vila, Bobô da Cuíca, Airam Nunes, Preto Fi, Walison do Cavaco e Velha Guarda da Faculdade do Samba. A festa irá contar, ainda, com feira de artesanato regional e barraquinhas de

comida, além de exposição do fotógrafo Hebert Shuaseneguer, que registrou as edições anteriores do projeto. 100 anos de samba Vinda de Angola e do Congo, na África, a manifestação ganhou no Brasil características únicas com a influência efervescente da periferia baiana e carioca. Em Belo Horizonte, dados históricos mostram o surgimento da primeira escola de samba - a “Pedreira Unida” - em 1937. Aqui, grandes artistas se criaram, mesmo que a mídia tradicional, segundo o historiador Marcos Maia, tenha ignorado sua existência. “Em Minas Gerais, existem muitos cantores que não se destacaram no cenário musical e que

Palhaça Luba convida crianças a refletirem sobre escolhas Divulgação

Nesse fim de semana, a Palhaça Luba fará uma visita às crianças dos Centros Culturais Alto Vera Cruz (dia 7 de outubro, às 15h) e São Geraldo (dia 8 de outubro, às 11h) com a peça “Solo Para Uma Palhaça Sola”. O espetáculo, encenado pela atriz Luciene Souza, gira em torno de uma viagem da personagem com sua avó, aventura que ela deverá escolher entre aproveitar sozinha ou acompanhada. Ambas as apresentações são gratuitas. O Centro Cultural Alto Vera Cruz está localizado na Rua Padre Júlio Maria, 1577, Alto Vera Cruz. O Centro Cultural São Geraldo fica na Avenida Silva Alvarenga, 548, São Geraldo.

deveriam, como o Mestre Conga, Rosalvo Brasil, Lourdes Maria, Donelisa, Zé Pretinho... São muitos”. Para ele, essas pessoas “representam uma forma de resistir à parte dura da vida”, relata. Como um dos principais motivos para essa pouca visibilidade, o estudioso destaca a tentativa de apropriação das classes altas, que detêm os meios de produção e circulação do conteúdo. “Os sambistas da origem, que são principalmente os negros, não tiveram o devido reconhecimento, nem apoio. Nunca houve uma política cultural eficaz que favorecesse os sambistas das favelas e periferias, que são mais autênticos. Há muito que se fazer”, diz o especialista.

Filme reaviva brincadeiras de roda

Raquel Carneiro / Divulgação

Na Semana das Crianças, estreia em BH e região metropolitana o filme “Dentro da Caixinha”, do cineasta mineiro Guilherme Reis. O longa aborda as antigas brincadeiras de roda que embalaram infâncias de filhos, pais e avós e reaviva cantigas populares. “O filme é uma oportunidade de levar ao público um entretenimento que se utiliza de referências que são nossas. Embalado pelo cancioneiro popular brasileiro, revela às crianças a magia e beleza da nossa cultura”, afirmou o diretor. No dia 12 de outubro, acontece a pré-estreia no Shopping Cidade e no Shopping Contagem. Já a partir do dia 13, a obra irá estrear também no Shopping Boulevard.


Belo Horizonte, 7 a 13 de outubro de 2016

na geral

Arquivo pessoal

Bicampeão olímpico é acusado de assédio judoca austríaco Peter Seisenbacher, medalha de ouro nas Olimpía-

ESPORTES

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Manfred Werner / Tsui

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das de Los Angeles (1984) e Seul (1988) foi acusado de cometer assédio sexual contra duas meninas menores de 14 anos. Segundo a acusação, o crime teria ocorrido entre 1999 e 2004, quando ele dava aulas de judô para as garotas, em Viena. As denúncias só foram feitas em 2013, quando as meninas já tinham atingido a maioridade. Atualmente, Seisenbacher trabalha como treinador da seleção do Azerbaijão.

Jogadores machistas treinarão com mulheres

Astros da NBA protestam contra violência policial Twitter

Durante um jogo do Campeonato Tcheco no domingo (2), entre o Sparta de Praga e o Brno, dois jogadores do time mandante ofenderam as árbitras da partida com declarações machistas. O goleiro do Sparta, Tomas Koubek, disse: “mulheres pertencem ao fogão e não deveriam apitar futebol masculino”. O meia Lukas Vacha chamou a árbitra de “cozinheira”. No dia seguinte, eles chegaram a pedir desculpas no Facebook, mas o clube entendeu que os atletas deverão ser reeducados. “Eles passarão vários dias com o time feminino para que fiquem cientes de que as mulheres têm muito valor”, disse o diretor-esportivo do Sparta, Adam Kotalik. A capitã do time feminino, Iva Mocova, declarou: “Estamos ansiosas para que venham treinar conosco”. (Com informações do Observatório da Discriminação Racial no Futebol)

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pré-temporada da Liga Americana de Basquete começou com jogadores repudiando a violência policial contra negros nos Estados Unidos. No início do jogo entre o Toronto Raptors e Golden State Warriors, o time canandense, que tem vários atletas dos EUA, se manifestaram de mãos dadas e cabeças baixas, durante a execução dos hinos de seus países. Em agosto, o jogador Colin Kaepernick, do San Francisco 49ers, se recusou a ficar de pé durante a execução do hino nacional estadunidense. Na América do Norte, vários atletas têm seguido o exemplo de Colin, que disse ter sofrido ameaças de morte. As manifestações acontecem no momento em que vários jovens negros são assassinados pela polícia, em ações completamente arbitrárias.

Curto e Grosso

Para Fifa, acabou o racismo Bruno Porpeta A Fifa anunciou o fim da força-tarefa contra o racismo no futebol. Para a entidade, a campanha encerrou seu ciclo e os objetivos foram cumpridos. Em que mundo eles vivem? O fato de estarmos às vésperas de uma Copa do Mundo em um país como a Rússia, conhecido por casos absurdos e violentos de racismo, deveria tornar a campanha da Fifa permanente. O racismo é gritante no planeta. Não existe a menor possibilidade de desmobilização da campanha. Na temporada 2014/2015, foram registrados 92 episódios de racismo nos estádios de futebol na Rússia. Ou seja, o racismo não só está longe de uma solução como cresce. Toda iniciativa da Fifa é crivada por muita sujeira. No mais, quase todos os dirigentes de futebol, com exceção dos africanos, são brancos, parte de uma elite mundial que é profundamente racista. Por isso, o racismo é tão negligenciado. A Copa vai escancarar aquilo que a Fifa parece querer esconder. O futebol e os povos do mundo todo são racistas. Só não vê quem não quer.


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Sada e Minas fazem final no Riachão

elo sétimo ano consecutivo, as P equipes do Sada Cruzeiro e Minas Tênis Clube decidirão o Campeonato

Mineiro de Voleibol. A partida acontece no ginásio Riachão, nesta sexta (7), às 20h. Ao longo do dia, ingressos estão sendo vendidos nas

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Dani Sandrini / Relacionais Divulgação / Sada Cruzeiro

bilheterias do ginásio, em Contagem, até as 17h. Cada pessoa pode comprar um bilhete, a R$10 a inteira e R$ 5 a meia-entrada. O jogo também será transmitido ao vivo no Youtube, no canal oficial da TV Cruzeiro. O link será divulgado no Facebook do clube.

Houve um documento entregue no mês passado, dizendo que havia uma norma da empresa para não se manifestar politicamente. Disseram que era uma norma que veio dos Estados Unidos. Eu não assinei. José Trajano, jornalista esportivo demitido da ESPN após 21 anos de casa. O profissional tem destacada atuação política, fato que é apontado como causa da demissão.

Gol de placa Golaços! O primeiro é que a Fifa multou a CBF pelo comportamento homofóbico da torcida brasileira no último jogo das eliminatórias, contra a Colômbia. O segundo: a Conmebol vai exigir, a partir de 2019, que somente clubes que contem com time de futebol feminino possam disputar a Libertadores!

Gol contra A Espn Brasil demitiu o jornalista José Trajano. Fundador do canal, Trajano sempre foi amado e odiado pelo público, mas o que pesou para sua demissão, tudo indica, foi seu firme posicionamento contra o golpe no Brasil. Vai virar moda demitir jornalistas do povo?

Decacampeão

É Galo doido!

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Léo Calixto

Dois fatos em uma semana dão um banho de água fria nos otimistas que ainda sonhavam com uma reação do América: a venda do mando de campo do jogo contra o Palmeiras, que será disputado em Londrina, e a vergonhosa atuação na derDecacampeão rota para o Coritiba. O ponto em comum é a atuação desastrosa da diretoria, que montou uma equipe com péssimos jogadores e dirigentes, usou muito mal o orçamento de R$ 50 milhões e, para não deixar dúvidas sobre sua mediocridade, aceitou R$ 700 mil para jogar a 1000 km de BH, desrespeitando os torcedores, que têm o direito de ver o time jogar em casa, e os próprios jogadores, que terão ainda mais dificuldade de dar sequência à reação.

Escrever sobre o Atlético é um desafio. Depois de uma vitória sofrida fora de casa, contra a Ponte, veio o empate com o Corinthians. Pelo menos, vale a torcida por tropeços de Palmeiras e Flamengo. Sem perda de pontos dos concorrentes, Galododoido! associada a É vitórias Galo, o confronto direto, no futuro próximo, será inútil para garantir a liderança. Sigo com fé, embora desconfiado. Evito a teoria da conspiração, mesmo num momento de golpes e incertezas, e a desculpa dos desfalques. No futebol, primeiro vale a estratégia, depois a técnica e, por último, o acaso. Parafraseando Winston Churchill: resultado final é uma charada, envolta em mistério, dentro de um enigma.

Segue o calvário celeste no Brasileirão 2016. Como bem observado pela companheira Nádia em sua última coluna, a esperada arrancada celeste sob o comando de Mano Menezes não aconteceu. As atuações da equipe não têm sido ruins, mas La Bestia Negra falhas de posicionamento defensivo e escolhas erradas na hora de finalizar as jogadas minaram o progresso da equipe na tabela. Restando ainda 30 pontos a serem disputados, o equilíbrio entre as equipes não permitiu que uma se distancie da outra. Uma vitória sábado (8), contra a Ponte, no Mineirão, poderá nos deixar a cinco pontos do Z4, o que significa novo fôlego para focarmos também na Copa do Brasil em busca do penta.


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