Larissa Costa / Brasil de Fato
Minas Gerais
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CULTURA
CIDADES
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Poeta da rua
Capivaras da discórdia
Deputados aprovam projeto que abre reservas para empresas estrangeiras. Petroleiros afirmam que medida seria “pagamento do golpe”
Especialistas contestam Justiça e defendem que a retirada dos animais da orla da Pampulha não combate febre maculosa
Carlos Avelin
14 a 20 de outubro 2016 • edição 157 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita
Geraldo Magela / Agência Senado
BRASIL
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20 anos de perdas pela frente
A Proposta de Emenda à Constituição 241, a chamada “PEC da Morte”, faz um congelamento de 20 anos nos gastos de saúde, educação, assistência e outros setores. Ao mesmo tempo, não coloca teto para pagamento de juros. É a “degola da Constituição de 1988”, diz o colunista João Paulo Cunha. “É problema de toda a sociedade”, alerta Beatriz Cerqueira, entrevistada nesta edição. Em resposta ao governo não eleito de Temer, estudantes seguem aumentando número de escolas ocupadas
ESPORTE
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CIDADES
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Racismo no futebol
Segundo turno em Minas
Relatório mostra aumento do racismo no futebol brasileiro. Triste ranking é liderado pelos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo
Na capital, um candidato não paga impostos em dia, o outro vota contra a educação; em Montes Claros, prefeito saiu da cadeia para disputar segundo turno
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
Editorial | Brasil
O futuro negociado
ESPAÇO dos Leitores
“Boa reportagem no jornal Brasil de Fato MG sobre o gravíssimo conflito fundiário e social das Ocupações da Izidora, em BH e Santa Luzia, um dos sete maiores conflitos do mundo”.
Em cinco meses, as decisões do governo não eleito de Michel Temer encaminham o futuro do Brasil para uma situação de absoluto desastre. As medidas buscam a retomada de altas taxas de lucro pelas classes dominantes, a partir de três eixos centrais: redução dos salários diretos e indiretos dos trabalhadores, privatização de empresas e serviços públicos e intensificação da exploração dos recursos naturais. No balcão de negócios da nova política econômica, o pré-sal acaba de ser colocado à disposição de empresas estrangeiras, retirando a
Frei Gilvander Luís Pereira comentando a matéria “Vai ser pior que o Pinheirinho”, afirma liderança da ocupação Izidora
Pré-sal foi colocado à disposição de empresas estrangeiras
“Sexta tava ligado no Batuque na Cozinha quando o Carlinhos Visual disse que queria agradecer ao ‘nosso jornal’ por divulgar o samba de BH. Aí sim! Brasil de Fato fortalecendo a cultura popular!”
possibilidade de seus lucros serem utilizados para o desenvolvimento de políticas públicas.
Filipe Rodrigues sobre a matéria “Com 100 anos, samba ganha evento mineiro para celebrar alegria e resistência do ritmo”
“Sou admirador e leitor deste maravilhoso jornal”. Diogo Ventania por correio eletrônico
PEC do fim do mundo
A aprovação da PEC 241 nesta semana trará grande impacto para quem depende do serviço público. Para o corte de gastos, Temer promoveu um grande banquete imperial para 215 deputados ao custo de R$100
mil e assim garantiu, entre outras ações, o congelamento do orçamento para saúde e educação nos próximos 20 anos. Mas este congelamento dos investimentos, que o governo chama de “teto de gasto”, vai prejudicar apenas o trabalhador. Militares serão poupados, judiciário garantiu um aumento de 41% e para grandes meios de comunicação, mais de 400% de aumento no repasse de verbas.
Congelamento dos investimentos vai prejudicar apenas o trabalhador Os cortes de direitos avançam a cada dia, mas o Ministro da Fazenda, Henrique Meireles, quer que a gente acredite que cortar o pouco já investido é a solução para melhorar as contas públicas. Tudo isso para repassar dinheiro para bancos em uma dívida inexistente. A economia brasileira sob a condução da equipe de Temer se resume, em grande medida, a uma coleção de negócios, boa parte deles lesiva ao país. Ou a gente detona as medidas de Temer ou esse governo detona nosso futuro.
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / 32133983
conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Marcos Assis, Rogério Hilário, Sofia Barbosa, Coletivo Henfil. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
Reprodução
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“Não tem sentido reduzir ainda mais os recursos para a saúde. O SUS é uma conquista que não pode desaparecer. À medida que o governo vai cortando recursos, nós deixamos grandes massas populacionais desassistidas”
O que você acha da aprovação da PEC 241?
“Essa lei vai desestruturar tudo, porque as pessoas precisam ter saúde para trabalhar, para sustentar suas famílias. Eu mesma tento há muito tempo fazer faculdade e não consigo porque não tenho como pagar. O que eles querem? Uma população analfabeta pra sempre?”
Lorena Stefanni, técnica em enfermagem
Disse o médico oncologista e escritor Drauzio Varella sobre a PEC 241.
Divulgação
“Acho errado aprovar essa lei. Acho que prejudica bastante as pessoas. Tem é que investir mais em saúde, assistência social, segurança, transporte... Eles estão tomando o caminho pra outro lado. Porque daqui a 20 anos, muita gente já morreu dependendo dos SUS”. Aguinaldo Francisco, controlador de acesso
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Declaração da Semana
PERGUNTA DA SEMANA
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, que pretende criar um teto para investimentos em áreas sociais, como saúde e educação, foi aprovada na segunda (10) no primeiro turno da Câmara dos Deputados. O projeto é considerado por especialistas como o maior golpe nos direitos sociais garantidos na Constituição de 1988. O Brasil de Fato MG foi às ruas e perguntou:
GERAL
mandou bem
Para deixar a vida dos “machistinhas” ainda mais difícil, a funkeira MC Carol e a rapper Karol Conka se juntaram e gravaram a música “100% feminista” que está enlouquecendo os fãs das artistas. A letra ressalta o poder feminino e critica a submissão das mulheres: “Mais respeito / Sou mulher destemida, minha marra vem do gueto / Se tavam querendo peso, então toma esse dueto / Desde pequenas aprendemos que silêncio não soluciona / Que a revolta vem à tona, pois a justiça não funciona / Me ensinaram que éramos insuficientes / Discordei, pra ser ouvida, o grito tem que ser potente”, diz um trecho. Arrasaram, mulheres! Reprodução
Não à PEC da morte Quer saber mais sobre a PEC 241, suas propostas e tramitação? O portal “Brasil 2036” pode te ajudar. Criada pela Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ADUFRJ), a ferramenta busca discutir com a população o quanto essa Proposta de Emenda à Constituição atinge os direitos dos brasileiros, sobretudo porque institui o limite do orçamento para saúde e educação por 20 anos. No site (brasil2036.org.br), além de reunir entrevistas, análises e informações sobre a proposta, há um dispositivo chamado “Bota Pressão” em que o internauta pode enviar mensagens a todos os parlamentares para pressioná-los que votem contra a medida.
Beber líquidos durante as refeições faz mal para as crianças? Sim! Nutricionistas da agência do Departamento de Saúde da Grã-Bretanha, a Public Health England, alertam para o aumento dos índices de obesidade infantil: crianças ingerem bebidas muito açucaradas, calóricas e sem valor nutricional significativo, deixando de lado os alimentos importantes. Os riscos não param por aí: o exagero nesse consumo pode elevar, ainda, o risco de diabetes tipo 2, além de problemas cardíacos a longo prazo. Um grande vilão da perda de apetite é o refrigerante. Por ser gaseificada, essa bebida expande muito o estômago, e, consequentemente, a sensação de satisfação é maior. Por todos esses motivos, se sua família tem o hábito de ingerir líquido antes e durante as refeições, seria interessante repensá-lo e mudá-lo. O mais acertado é beber qualquer tipo de líquido após as refeições. Dê preferência, sempre, para a água ou sucos naturais.
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CIDADES
Belo Horizonte, 17 de março de 2016 Belo Horizonte, 14 a 2011 dea outubro de 2016
Retirar capivaras da Pampulha não serve para combater febre maculosa, alerta Conselho Municipal de Saúde BELO HORIZONTE Confinamento dos animais pode produzir efeito reverso Carlos Avelin
Wallace Oliveira
U
ma liminar do Tribunal Regional Federal determinou que a Prefeitura de Belo Horizonte faça o confinamento das capivaras que estão na orla da lagoa da Pampulha e no Parque Ecológico. O objetivo seria conter a propagação da febre maculosa, que já atingiu pelo menos dez pessoas na cidade, em 2016, causando quatro mortes. Porém, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) aponta que a medida pode produzir efeito contrário. O presidente do CMS, Bruno de Abreu Gomes Pedralva, destaca que a medida não tem embasamento científico e não ajuda a combater a doença. “A retirada das capivaras pode ser pior para o combate à febre maculosa, pois retira uma barreira sanitária e biológica, que são as próprias capivaras. O car-
rapato, então, pode se espalhar por outros animais hospedeiros, inclusive nós, seres
Uma saída seria colocar cavalos às margens da Lagoa
humanos, e nas casas da região da lagoa”, afirma. A febre maculosa é causada pela bactéria Rickettsia, transportada de um animal a outro pelo “carrapato estrela”. Um ser humano pode contrair a doença após ser picado por um carrapato que picou um animal contaminado. A presença da bactéria no sangue da capivara dura, em média, 12 dias, período após
o qual ela cria anticorpos e fica imune à doença, ou seja, deixa de ser transmissora. A médica veterinária Flávia Quadros, da comissão do Conselho de Saúde que aborda a relação entre a saúde humana e os animais, explica que uma possibilidade é a prefeitura colocar cavalos às margens da lagoa e monitorá-los. O carrapato é atraído pelo cavalo, que depois
pode passar por um processo de pulverização. A prática, além de eficaz, não causaria danos ambientais ou sofrimentos ao animal. Reunião com prefeitura O Conselho Municipal de Saúde emitiu uma resolução (a 414/2016), orientando o poder público a construir um Plano de Manejo dos animais hospedeiros do carrapato estrela. Na quinta (13), o Conselho se reuniu com o vice-prefeito, Délio Malheiros, e o secretário de governo, discutindo diversos assuntos. A da prefeitura informou que estuda a melhor maneira de cumprir a decisão judicial e que a resolução do Conselho Municipal de Saúde foi recebida e está sendo analisada. O presidente do Conselho informou que será convocada uma reunião no dia 18, com a presença de diversos órgãos, a fim de discutir a questão e tomar novas providências.
Trabalhadores da Urbel e movimentos se unem por nova política de habitação MORADIA Carta de reivindicações será entregue a candidatos Wallace Oliveira
Q
ue a Prefeitura adote outra política de habitação, reconhecendo os direitos dos moradores das periferias, vilas, favelas e ocupações, bem como a população em situação de rua. É o que pede uma carta assinada por sindicatos, movimentos, associações, órgãos públicos e estudiosos da po-
lítica urbana na capital. O documento é fruto do II Seminário de Política Municipal de Habitação, realizado em setembro, e deve ser entregue aos candidatos a prefeito. No dia 19, a carta será divulgada para a população. “A proposta é avançar na conquista de direitos. Nós vamos transformar isso em unidade de luta permanente para reduzir a desigualda-
de social e fazer justiça social na cidade”, afirma Giovanni Henriques, diretor de formação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Assessoramento, Pesquisas, Perícias, Informações e Congêneres de Minas Gerais (Sintappi-MG). Falta de recursos O que tem problemas pode piorar. Com a política de redução de gastos na
área social posta em prática pelo governo não eleito de Michel Temer (PMDB), a habitação está perdendo verba. “Tivemos um grande aumento de recursos, entre 2007 até 2014. Mais de 60% do investimento municipal eram recursos federais. Mas a não manutenção desse fluxo leva a uma quebra. Obras com contrato em andamento já estão parali-
sadas”, comenta Giovanni. Ele também alerta para a necessidade de que o novo prefeito se comprometa com a área. “Se não der prioridade para a questão da habitação, teremos um retrocesso muito grande, tanto para os trabalhadores da Urbel quanto para moradores”, conclui. O conteúdo da carta está disponível no link: migre. me/vcJpx
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
CIDADES
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Prefeitura nas mãos de quem?
Bruno Cantini
VOTO Conheça mais sobre os candidatos João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS), que disputam o segundo turno das eleições municipais em Belo Horizonte
Alexandre Kalil
João Leite
O
O
candidato do PHS, Alexandre Kalil, concorre pela primeira vez à prefeitura de BH. Ele nunca exerceu nenhum mandato ou cargo em vida pública, mas é conhecido no meio esportivo e empresarial. Kalil já foi diretor e presidente do Clube Atlético Mineiro e também comandou a Erkal Engenharia, empresa que teve recentemente a falência decretada pela Justiça de Minas Gerais. A Erkal também é alvo de outra decisão judicial, que condenou Kalil por ter deixado de repassar ao INSS contribuições recolhidas de seus funcionários. O empresário recorre da sentença. Contra político? Tem certeza? Kalil é famoso pelas frases de efeito. Na campanha, ele diz repelir apoios partidários e se diz contra a política eleitoral. Entretanto, o ex-presidente do Galo manifestou abertamente seu apoio a Marcio Lacerda na eleição de 2012. Além disso, o empresário também esteve presente na campanha de Antonio Anastasia (PSDB) para o governo de Minas, em 2010. Em 2014, ele chegou a anunciar sua campanha para deputado federal pelo PSB, mas desistiu.
ex-jogador de futebol João Leite teve sua candidatura anunciada em julho, com apoio de Aécio Neves e Antonio Anastasia. Na ocasião, Aécio afirmou que João Leite foi escolhido por representar a continuidade do projeto político tucano. Já tendo atuado como vereador e deputado estadual, Leite também exerceu o cargo de secretário de Desenvolvimento Social e Esportes do Governo de Aécio em Minas Gerais. Ele chegou a concorrer duas vezes ao cargo de chefe do executivo em BH, perdendo nas duas. Sarah Torres
Propostas e acusações Quando deputado estadual, o candidato era ligado à bancada evangélica e foi um dos políticos que protestou contra a distribuição de kits anti-homofobia nas escolas, sob a justificativa de que o material poderia “transformar alunos em homossexuais”. Hoje, ele continua se posicionando de forma contrária à discussão de gênero em salas de aula. Também como deputado, Leite votou a favor do Projeto de Lei 2355/11, que estipulava que os servidores da Educação de Minas Gerais recebessem os salários no modelo de subsídio e não na aplicação do piso nacional na carreira. Além disso, o candidato foi favorável ao PL 4.647/13, que propunha o reajuste salarial de apenas 5% para os trabalhadores.
Procurado pela polícia, Ruy Muniz concorrerá ao segundo turno em Montes Claros Fábio Marçal / Prefeitura de Montes Claros
P
or decisão da Justiça Eleitoral de Montes Claros, haverá segundo turno na cidade do Norte de Minas. Com isso, disputam o pleito Humberto Souto (PSS) e Ruy Muniz (PSB), que é considerado foragido da polícia. Muniz é acusado de fraude, desvio de dinheiro público e corrupção enquanto exercia o cargo de prefeito do município. Ele teve a candidatura negada, mas um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal permi-
tiu que ele voltasse à disputa. Um mandado de prisão preventiva contra o candidato chegou a ser emitido pela Polícia Federal no início de
outubro. Porém, com a liberação para o segundo turno, o ex -prefeito não pode ser preso. Se sair vitorioso, Muniz também não será detido, já que
terá foro privilegiado. “Isso é uma manobra dos conservadores para bagunçar o período eleitoral e não deixar iniciativas progressis-
tas tomarem força. Quem deveria estar concorrendo nessa fase das eleições é a Leninha, que ficou em terceiro lugar”, declara Érika Rodrigues, militante do Levante Popular da Juventude. Leninha foi a escolha do PT para este ano, e obteve 36.030 dos votos. Humberto Souto teve 76 mil votos e Muniz foi votado por 48.834 pessoas. Até o fechamento desta edição, o Tribunal Regional Eleitoral de Montes Claros não atendeu à reportagem.
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 14 a 20 outubro de 2016 Belo Horizonte, 11de a 17 de março de 2016
Opinião
Oposição, resistência e confronto ão adianta mais tentar a disputa de arguN mentos em torno da PEC 241, mais conhecida como PEC da Morte. As mais respei-
tadas vozes, universidades e instituições de pesquisa – além do questionamento do próprio Ministério Público sobre a constitucionalidade do projeto – já demonstraram o que a aprovação definitiva da medida vai significar. Retrocesso social, concentração de renda, diminuição do salário mínimo, sucateamento de políticas públicas, inviabilização de padrões mínimos de serviços essenciais. Um cenário em que recursos da educação e saúde serão drenados para o sistema financeiro. Do outro lado, o governo mente em sua sanha entreguista ao capital financeiro, usando parâmetros de austeridade que quebraram vários países forçados ao canto da sereia neoliberal, novamente de mãos dadas com
o FMI. A imprensa matraqueia sua conivência, paga a peso de publicidade oficial, com opiniões sem lastro além da ideologia do livre mercado e comparações banalizadas entre a economia de uma nação e a gestão doméstica. Os partidos assumem de vez sua falta de representatividade e independência, comemorando a degola da
Uma ditadura está vigente no Brasil Constituição de 1988 como quem celebra um gol do adversário, de costas para a torcida. O sistema político enterra de vez a democracia, transferindo o balcão de negócios para o salão nobre do Palácio, com direito a banquete servido a comensais sem honra. O brasileiro está convocado agora a ou-
tra tarefa. Trata-se de construir a oposição, resistir ao retrocesso e confrontar a ditadura presente. Agora o campo de batalha é mais real e menos simbólico. A guerra foi transferida para as ruas. O momento é explicitamente de luta. Em todas as frentes, com todas as estratégias possíveis. A mobilização popular deverá se manter unida no campo dos enfrentamentos mais tradicionais, nas disputas no parlamento e em outras instâncias políticas e sociais. As greves, passeatas e ocupações devem dar a dimensão de fato e o volume da mobilização. Por fim, não deve fugir do horizonte de possibilidades reais e imediatas as disputas mais radicais, que apontem para estratégias de confronto e desobediência civil. É preciso ficar claro que uma ditadura em toda sua dimensão política e moral está vigente no Brasil. Não se trata de um governo ruim e com más escolhas, mas de ilegitimidade institucional. Há a hora da palavra. Em alguns momentos é preciso ir além. Não se dialoga com carrascos.
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Foto: Omar Freire/Imprensa MG
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
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OPINIÃO
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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.
Mídia NINJA
Na edição 153... Greves em todo o país pela garantia de direitos ...E agora Bancários aceitam propostas e encerram greve histórica Na quarta (6), os bancários e bancárias de Belo Horizonte e região decidiriam pela aprovação das propostas da Federação Nacional dos Bancos, encerrando a greve que durava 31 dias. Com a paralisação, os trabalhadores garantiram o reajuste salarial de 8% e abono de R$ 3.500, além de 15% no vale alimentação e 10% no vale refeição e auxílio creche. Os bancários também não sofrerão descontos pelos dias parados e não terão que compensar horas. Na edição 86... Polícia Civil e MP investigam responsáveis pela queda de Viaduto Guararapes ...E agora Segunda audiência sobre o caso é realizada em BH Na sexta (7), aconteceu a segunda audiência do processo que investiga os responsáveis pelo desabamento do Viaduto Guararapes, que despencou sobre a Av. Pedro II, no dia 3 de julho de 2014. A tragédia matou duas pessoas e deixou outras 23 feridas. O processo segue em tramitação na Justiça e, até agora, nenhum dos 11 acusados foi punido.
QUEM LUTA EDUCA Em várias cidades do país, estudantes ocupam escolas contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 que pretende congelar investimentos em áreas sociais, como saúde e educação. Já são mais de 200 escolas ocupadas e milhares de jovens envolvidos. Na foto, manifestação de estudantes no Campus Januária do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), ocupado desde 11 de outubro.
Ricardo Gebrim
Rogério Correia
A “sensação térmica” da derrota
Fanático por golpe, Aécio tenta manobra em Minas
O golpe consumou-se com a votação final do impeachment da presidenta Dilma, mas para a maioria dos militantes e ativistas das forças de esquerda, o sentimento de derrota abateu com profundidade após o resultado das eleições municipais. Pesou a capacidade dos grandes meios de comunicação em converter um esperado resultado desfavorável numa versão de “legitimação” do golpe nas urnas. Diante de uma profunda derrota há armadilhas que costumam aparecer como soluções milagrosas. Uma delas é ignorar a gravidade do problema, buscando contorná-lo sem enfrentar suas causas ou lançar-se apressadamente para a primeira novidade que se aparenta como a iniciativa óbvia. O desafio real, que não é fácil de ser enfrentado, é realizar um debate coletivo que identifique construtivamente os erros e os principais problemas que determinaram a derrota. Quando isso não é enfrentado ou é feito sem envolMomento exige ver o máximo de particibalanço coletivo pantes de uma geração militante, qualquer iniciativa de superação - seja uma “frente”, um novo partido ou outra forma de organização política - longe de constituir-se na solução mágica, estará condenada a repetir o mesmo erro estratégico não identificado. Recai sobre a Frente Brasil Popular, por incluir as principais organizações políticas, sindicais e movimentos populares mais expressivos, a responsabilidade maior de enfrentar essa questão. É hora de construir a Frente Brasil Popular como uma ferramenta estratégica da unidade das forças populares, capaz de apresentar um projeto de país e renovar a disposição de luta de milhares de lutadores e lutadoras.
A bancada de deputados estaduais do PSDB, por meio do senador derrotado Aécio Neves, tenta mais um golpe, desta vez em Minas Gerais. Aécio, malandramente, quer tirar o cargo do governador Fernando Pimentel, democraticamente eleito no primeiro turno. Para concluir o golpe, Aécio precisa do apoio da bancada de deputados do PMDB em Minas. Ele só esqueceu que o PMDB mineiro tem uma relação sólida com o PT no estado, que já dura desde o bloco Minas sem Censura, opositor dos governos PSDB e que denunciou as falcatruas tucanas. O processo para o golpe passaria pelo julgamento de Fernando Pimentel pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) através da Operação Acrônimo, a mesma que denunAécio golpeou ciou o Ministro tucano da Jusmineiros 12 anos tiça do Governo Temer pelo recebimento de 5 milhões de reais. Como petista é perseguido e tucano sequer é investigado, o STF arquivou o caso. Além do mais, Aécio acaba de ser novamente delatado pela Andrade Gutierrez e o PSDB finge não saber. Golpe é a ação que o derrotado Aécio Neves mais gosta de praticar. Golpeou os mineiros durante os 12 anos de gestão do PSDB, deixando o estado afundado em dívidas. Também deixou de investir R$8 bi na educação e na saúde, como uma espécie de precursor da PEC 241. Ao ser derrotado nas urnas nas eleições presidenciais de 2014, Aécio pediu recontagem de votos. Posteriormente, aliou-se aos golpistas Eduardo Cunha e Michel Temer, golpeando a presidenta Dilma Rousseff e o voto de mais de 54 milhões de brasileiros. Diante de tais golpes, é preciso defender a democracia, além de lutar contra a PEC 241, que congela os investimentos públicos nas áreas sociais.
Ricardo Gebrim é advogado e da direção nacional da Consulta Popular.
Rogério Correia é deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
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BRASIL
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
Multas e indenizações ainda pendentes no caso de Mariana CRIME Famílias buscam direitos na Justiça e Samarco segue com reparação ambiental inexpressiva Rafaella Dotta
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uase um ano se passou desde o rompimento da barragem de Fundão e as indenizações e multas pagas pela mineradora Samarco ainda são raras. Processos contra as empresas Vale S.A., BHP Billiton e Samarco correm em comarcas regionais, com ações mais particulares de cada cidade, mas também a nível federal, para a implantação de um plano de recuperação da Bacia do Rio Doce. Até o momento, são poucas as indenizações
pagas. No aspecto da reparação ambiental, o promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto afirma que os trabalhos feitos pela Samarco foram muito abaixo do suficiente. “Plantar graminha
Samarco removeu cerca de 1% do total de rejeitos vazados
não resolve o problema”, critica, referindo-se à plantação de vegetação nas margens do Rio Doce. A empresa apresentou seu plano de retirada da lama apenas em junho. Até o momento removeu cerca de 1% do total de rejeitos vazados. Em setembro, o Ministério Público de Minas Gerais precisou realizar nova audiência de conciliação, depois que Samarco, Vale e BHP Billiton descumpriram acordos feitos em dezembro de 2015. Foram verificadas 105 ocorrências de não pagamento de auxílios financeiros, alu-
guéis a quem perdeu sua moradia, antecipação de indenização, entre outros. Samarco no controle Os governos federal, de Minas Gerais, do Espírito Santo e Samarco, Vale e BHP Billiton realizaram acordo de R$ 20 bilhões para reparação ambiental e social da Bacia do Rio Doce. No entanto, o pacto foi anulado pela Justiça Federal em agosto. Na justificativa, o Ministério Público Federal afirma que o acordo não incluía atores importantes, como os próprios atingidos. O
Fique ligado no Programa Outras Palavras!
MPF solicita que a reparação seja bem maior, no valor de R$ 155 bilhões. Apesar de a negociação ter sido cancelada, a Samarco continua a colocá-la em prática segundo seus interesses, denuncia Pablo Dias, do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB). A Fundação Renova, criada pela empresa para tratar das reparações, possui escritórios em Mariana (MG), Governador Valadares (MG) e Linhares (ES), onde estariam oferecendo “indenizações voluntárias” aos atingidos.
Educação! em /as es
z dos Trabal o v A had or
O Programa Outras Palavras, uma produção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), está sendo veiculado em novo horário na TV Band Minas (das 18h50 às 19h20). O objetivo do Outras Palavras é promover uma ampla discussão sobre a educação pública mineira na visão dos educadores e educadoras. Esse programa também é exibido nas TVs Band Triângulo e Candidés.
Todos os sábados, na TV Band Minas
18h50
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19h20
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Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
BRASIL
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Após eleições, Temer retoma programa de cortes e privatizações RESULTADOS Governo não eleito tenta acelerar votação de projetos que devem comprometer áreas como saúde, educação, assistência social e Previdência Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
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oucos dias após o fim do primeiro turno nas eleições municipais, o governo não eleito, que tinha evitado tratar de medidas polêmicas por receio de seus aliados perderem votos, retomou esta semana a pressão em favor de projetos para limitar o orçamento e acelerar a venda de pa-
Lula Marques / AGPT
trimônio público. As medidas mais recentes foram a que retira a exclusividade da Petrobras na exploração do pré-sal e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 241, que congela os gastos públicos por 20 anos. Mas não para por aí. O governo também editou uma medida que reestrutura o ensino médio no país, sem resolver os pro-
blemas estruturais das escolas, ampliou os gastos com publicidade nos meios de comunicação e agora volta suas energias para aprovar uma reforma da Previdência, mudando as regras da aposentadoria. Confira as principais medidas em curso do novo governo e como elas podem afetar a vida da população:
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PEC 241: congelando o orçamento Batizada de PEC do teto dos gastos públicos, a medida determina que, ao longo dos próximos 20 anos, o orçamento federal só vai ser reajustado pela inflação do ano anterior. Na prática, os investimentos sociais como saúde, educação, saneamento, transporte, cultura e agricultura familiar ficarão congelados, até em áreas que atualmente já sofrem com falta de recursos. A política de valorização do salário mínimo também estará comprometida.
Venda do pré-sal Dois dias após as eleições, a Câmara concluiu a votação do projeto que libera a venda das reservas de pré-sal para as empresas estrangeiras. Agora, as petroleiras multinacionais poderão ter acesso direto ao recurso, o que deve diminuir a arrecadação do governo em royalties e prejudicar o Fundo Soberano, criado para guardar recursos destinados às futuras gerações do país para investimentos em educação. A mudança deverá ser sancionada por Michel Temer nos próximos dias.
Reforma do Ensino Médio No dia 22 de setembro, o governo Temer pegou o país de surpresa ao anunciar, sem debate prévio, uma Medida Provisória que reestrutura o ensino médio no país. A reformulação prevê a flexibilização do currículo escolar e alguns conteúdos, como artes, educação física, filosofia e sociologia poderão deixar de ser obrigatórios. A medida exclui ainda a necessidade de diploma de licenciatura para pessoas com “notório saber”.
Aposentadoria Tratada como prioridade absoluta do Palácio do Planalto, a proposta de reforma da Previdência deverá ser apresentada ao Congresso nas próximas semanas. Já se sabe que o governo quer aumentar a idade mínima para aposentadoria, que poderá prejudicar especialmente quem começa a trabalhar mais cedo, como os mais pobres. Além disso, deve propor o fim da vinculação do piso da aposentadoria ao salário mínimo. Com isso, o INSS poderia pagar aposentadorias com valores inferiores ao salário mínimo.
Mais gastos com publicidade Informações reunidas pelo Blog O Cafezinho, do jornalista Miguel do Rosário, mostram que a crise, para o governo Temer, só vale para cortar recursos da saúde e educação, já que as verbas de publicidade para veículos comerciais aumentaram quase 50% em um ano. Entre maio e agosto deste ano, o governo repassou mais de R$ 62 milhões a grupos como Globo, SBT, Band, Editora Abril, Folha/UOL, Estadão e Facebook.
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MUNDO
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
70 mil mulheres se reúnem na Argentina
PENSE NO HAITI Reprodução/Agência Efe
SOBERANIA Ativistas de todo o país e de diversas categorias se mobilizam contra retrocessos Agatha Azevedo
Agatha Azevedo, da Argentina
O
31º Encuentro Nacional de Mujeres, realizado em Rosário, na Argentina, entre os dias 8 e 10 de
outubro, promoveu a conexão e a união das mulheres na luta contra o patriarcado e os retrocessos nos direitos das mulheres com a ascensão do governo de Maurício Macri, presidente do país.
Feito por mulheres negras, travestis e transexuais, migrantes, lésbicas e bissexuais, dos povos originários, prostitutas, defensoras da descriminalização do aborto, mães, indígenas e tantas outras, o encontro transformou a maior cidade da província de Santa Fé em um local de fortalecimento e luta. Foram 70 oficinas de temas como ativismo feminino, sexualidade, aborto, bissexualidade e lesbianidade, HIV, maternidade, prostituição e trabalho sexual, estupro, tráfico de mulheres, violência e mulheres dos povos originários.
População pede a retirada da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilidade no Haiti) do país. Em carta, organizações afirmam que o maior desastre do Haiti é a ocupação militar, responsável por violações de direitos civis e pela eclosão da cólera. Há o temor de que nova onda da doença aconteça, após passagem do furacão Matthew, que matou cerca de 1.000 pessoas no país e deixou milhares de desabrigados.
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Servidores sofrem com atraso e parcelamento dos salários, enquanto governo abre mão de importantes recursos sindifiscomg.org.br
chegar a R$ 16 bilhões. Em tempos de crise, vários governos estaduais estão apertando o cerco aos sonegadores, enquanto Minas Gerais está sendo negligente com a questão. Da mesma forma, rever os benefícios fiscais atualmente concedidos a grandes empresas, poderia levar Minas a recuperar para os cofres públicos grande parte dos cerca de R$ 12 bilhões ao ano que o Estado O governo alega falta de dinheiro por causa da perde com essa prática. crise financeira do Estado, mas o que se percebe é a incapacidade de administrar a crise, investindo em medidas que promovam o crescimento da arrecadação e permitam ao Estado cumprir com suas obrigações financeiras. Porque mais importante do que cortar gastos, que muitas vezes não chegam a ser representativos, é gerar receita e garantir que ela se mantenha nos patamares necessários. O governo de Minas anunciou no dia 3/10, a decisão de continuar atrasando e parcelando os salários dos servidores até o final do ano, agora em condições ainda piores: em novembro, apenas no dia 14 (9º dia útil), ou seja, praticamente na metade do mês, e em dezembro, no dia 12 (8º dia útil).
Uma campanha na mídia divulgada pelo Sindifisco-MG tem mostrado que o governo de Minas abre mão de recursos expressivos que permitiriam não só pagar a folha em dia, mas, também, realizar diversos investimentos sociais. Investir no combate à sonegação de tributos, por exemplo, poderia levar o Estado a recuperar grande parte dos recursos sonegados anualmente que, segundo estudos, podem
Fica claro, portanto, que recursos existem, mas que é preciso haver também vontade política para administrá-los de forma justa. Governar é fazer opção e, ao que parece, o governo de Minas optou por colocar o peso dos problemas financeiros do Estado nos ombros dos trabalhadores do serviço público, enquanto se mostra benevolente com grandes contribuintes. Foto: Isis Medeiros
Auditores denunciam enfraquecimento do combate à sonegação e criticam benefícios fiscais
11 ENTREVISTA 11
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
“PEC 241 vai privatizar o orçamento público” DIREITOS Governo não eleito de Michel Temer quer congelar os investimentos em saúde, educação e outras áreas sociais por 20 anos Lidyane Ponciano
Rafaella Dotta
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roposta de Emenda Constitucional, aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, quer limitar os gastos do governo federal por 20 anos ao mesmo gasto de 2016, acrescido apenas da reposição da inflação do ano anterior. A medida tem sido duramente criticada por economistas, lideranças populares, gestores e especialistas em políticas públicas por impossibilitar o atendimento a direitos básicos da população. Para explicar os efeitos caso a PEC 241 seja aprovada, o Brasil de Fato entrevistou Beatriz Cerqueira, presidenta do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais e da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais. Brasil De Fato - O governo não eleito de Michel Temer declara que é preciso enxugar os gastos públicos. A PEC 241 serve realmente a esse fim ou é uma tentativa de empurrar para a população os custos da crise econômica? Beatriz Cerqueira - A PEC 241 é na verdade a apropriação do que ainda restava do orçamento público que era investido em áreas sociais, como saúde e educação. Não estavam satisfeitos com o que já se apropriavam do dinheiro público para o pagamen-
PEC abre caminho para reforma da previdência e trabalhista
Legenda: Beatriz Cerqueira “O Piso da Educação Nacional, que atualmente é de R$ 2.135, seria, com a regra da PEC, R$ 1.300”
Congelamento dos gastos por 20 anos comprometerá todas as áreas to dos juros e dívida pública. Vão privatizar o orçamento público! E a PEC abre caminho para as demais reformas de retiradas de direitos como a da previdência e a reforma trabalhista. A PEC não está restrita às áreas de saúde e educação. É problema de toda a sociedade. Com ela aliada às mudanças na exploração do présal, não haverá investimentos para a retomada do crescimento econômico como na indústria, por exemplo. Não haverá renovação de frota, nem investimento em infraestrutura, nem programas de distribuição de renda que movimentam a economia de milhares de pequenos municípios. Todas as áreas estarão comprometidas.
O que pode acontecer à educação? A Subseção do Dieese no Sind-UTE elaborou um estudo sobre o impacto na educação. Seriam menos R$ 18 bilhões do que foi investido na última década. E em 2015 o governo teria aplicado 13% e não os 25% que são vinculados em investimentos em educação. O Piso Salarial Profissional da Educação Nacional, que atualmente é de R$ 2.135, seria, com a regra da PEC, R$ 1.300. Em Minas, temos mais da metade das escolas sem quadra de esporte, sem refeitório e chegamos a ter escolas funcionando em posto de gasolina em 2014. Então, o que seria da escola pública mineira com menos R$18 bilhões? Não teremos mais a garantia de direitos como transporte escolar e alimentação escolar. Assim não teremos ne-
São mudanças estruturais para décadas
PEC 241 é problema de toda a sociedade nhuma política de expansão da educação infantil. Só em Minas Gerais ainda faltam vagas para cerca de 65% das crianças. Regrediremos da ideia da universalização do direito à educação para o Estado focar apena em algum nível de ensino. O que pode acontecer à saúde? Com a PEC 241, a saúde será privatizada. O Sistema Único de Saúde como o conhecemos e conquistamos acabará. Como pode o Estado ficar 20 anos sem ampliar rede de atendimento, vagas em hospitais, construir unidades de atendimento de acordo com a necessidade da população? Como não ampliar as campanhas de vacinação de acordo com as novas demandas da população? Nada será ampliado. Essa é a essência da PEC. Ao contrá-
rio, será reduzido e aquilo que puder, privatizado. Vivemos uma campanha permanente contra o que é “público”, tratado sempre como algo ligado à corrupção e como algo ineficiente. O “bom mesmo seria o setor privado”, é o que nos dizem os grandes veículos de comunicação todos os dias. Querem privatizar tudo.
Com a PEC, o SUS como conhecemos e conquistamos acabará Nas eleições municipais, candidatos prometeram mais hospitais, escolas, cultura, as prefeituras conseguirão atender? Os candidatos fizeram promessas desconhecendo a realidade do país e de seus municípios. Se os prefeitos eleitos tivessem a real dimensão do que será a PEC 241, já estariam em marcha a Brasília pedindo a rejeição da proposta. Não haverá gestão municipal que dará certo diante da privatização do orçamento público que pode acontecer se a PEC for aprovada. É hipocrisia candidatos dos partidos que nacionalmente são os responsáveis pela PEC falando em investimentos em saúde, educação, segurança pública. Qual seria a solução para equilibrar o orçamento? Rever gastos com juros e com a dívida pública, reforma tributária de modo que quem tem mais pague proporcionalmente mais, e combater a sonegação de impostos são outras saídas.
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Belo Horizonte, 30 de setembro a 6 de outubro de 2016
Amiga da Saúde
Mídia A luta contra o golpe é a luta contra o monopólio midiático Mídia NINJA
Amiga, o DIU Mirena pode ser usado por mulheres que têm risco de trombose?
Sophia Ferreira, 33 anos, fotógrafa
Amélia Gomes*
A
ssistimos à cumplicidade dos meios de comunicação frente aos graves ataques aos direitos em curso no nosso país. A imprensa tradicional ameniza e distorce o que de fato representam medidas como a PEC 241 ou a reforma trabalhista do governo golpista de Michel Temer. O fato é que os grandes meios de comunicação não só são coniventes com esse ataque contra o povo como são eles próprios grandes beneficiados do golpe. Para manter a seguro o plano da burguesia, toda e qualquer forma de denúncia será cada vez mais condenada e cerceada. Por isso, neste momento, mais do que nunca, é hora de entender que a luta contra o golpe passa fundamentalmente pela luta contra o monopólio dos meios de comunicação. Nossas ferramentas de disputa são poucas e estão correndo grave risco de extinção. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), nossa recém experiência de comunicação pública nacional, está à beira do desmonte. A Medida Provisória 744/2016, publicada no DOU no início de setembro, Semana pela extingue o conselho curador da EBC. Democratização Isso significa que a participação popuda Comunicação lar será banida e com ela o caráter púda Empresa. Além dessa ameaacontece de 17 a blico ça direta, os meios de comunicação al23 de outubro ternativos e os agentes de comunicação também estão sendo pressionados e coagidos. Com forma de combate a este ataque e medida de proteção, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, entidade que há 25 anos luta contra o monopólio e a hegemonia dos grupos privados de mídia no Brasil, vai lançar na próxima terça-feira (18) uma plataforma virtual para denunciar casos de violação de direitos aos comunicadores no Brasil. A ferramenta integra a Semana Nacional pela Democratização dos Meios de Comunicação, que será realizada de 17 a 23 de outubro. O FNDC realizará ações em todo o país, denunciando as repressões à liberdade de expressão e o monopólio dos meios de comunicação no Brasil.
* Amélia Gomes é militante do Levante Popular da Juventude e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Cara Sophia, o DIU Mirena, também conhecido por SIU (Sistema Intra Uterino), é um método de longa duração (5 anos) que possui um reservatório de Levonorgestrel. Esse hormônio é liberado numa dose de 20 mcg por dia no útero, impedindo a gravidez. Por ter ação localizada, a quantidade de hormônios na corrente sanguínea das usuárias do endoceptivo é muito pequena, e
os efeitos colaterais tendem a ser poucos ou não existir. O aumento do risco de trombose está relacionado ao estrogênio, que está presente em grande parte dos contraceptivos orais e injetáveis. Dessa forma, é indicado sim o uso de Mirena por pessoas que têm casos de trombose na família, sem que isso aumente o risco de desenvolver a doença.
Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf.
Nossos direitos Abordagem policial: como devo agir? A Polícia Militar pode abordar os cidadãos sempre que perceber alguma atitude suspeita. Mas existem alguns direitos que devem ser respeitados durante a abordagem. Você tem direito de saber a identificação do policial, de ser revistado apenas por oficiais do mesmo sexo que você, de acompanhar a revista do seu carro e ter uma pessoa que não seja policial como testemunha. Uma pessoa só pode ser presa por ordem judicial ou em flagrante. Caso a detenção ocorra, você não precisa falar nada além da sua identificação e pode avisar a um parente ou advogado. Você também tem direito de não ser algemado, desde que não seja violento ou tente fugir.
Dicas É importante sempre ter consigo identificação, mas não é crime estar sem documentos. No entanto, recusar a se identificar é contravenção. Sugerimos que você fique calmo e não corra, mantenha suas mãos visíveis e não faça movimento brusco, não discuta com o policial e nem toque nele. Também não faça ameaças, nem use palavras ofensivas. Abusos Se durante a abordagem você for vítima de violência, tortura, extorsão, discriminação ou humilhação, tente se lembrar de anotar o nome do oficial, sua identificação e contatos de testemunhas, para denunciar à Ouvidoria de Polícia, presencialmente ou pelo telefone 162.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
Dicas Mastigadas Sopa de abóbora e laranja aromática Ingredientes • • • • • • • • •
½ abóbora moranga picada 1 batata-doce 1 cebola 1 dente de alho 1 xícara de chá de suco de laranja Alecrim fresco 1 colher de chá de gengibre ralado Azeite de oliva Sal a gosto
13 VARIEDADES 13
por Alan Tygel
Preparo Refogue no azeite a cebola e o alho. Junte a abóbora, a batata, o suco de laranja, o sal e quatro copos de água. Deixe no fogo por 30 minutos. Deixe esfriar por uns 10 minutos e bata no liquidificador até obter uma consistência cremosa. Sirva com um punhadinho de gengibre ralado e um raminho de alecrim fresco. Hummm… bom apetite!
Gengibre, bom pra tudo O gengibre é uma das plantas medicinais mais antigas e populares do mundo. Ele apresenta uma substância chamada gingerol, dotada de propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que protegem o organismo de bactérias e fungos. O gingerol é responsável pelo sabor picante do gengibre. O gengibre é bastante indicado para programas de desintoxicação do organismo, além de ser considerado um poderoso antiinflamatório, anticoagulante, antioxidante e bactericida.
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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de infraestrutura do Brasil, com 15 mil km de rede construída, 774 municípios atendidos e um
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levar energia elétrica a essas famílias mineiras até o fim de 2018. Trata-se de um dos maiores projetos
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energia a 50 mil famílias que vivem sem luz na zona rural. A Cemig e o Governo do Estado vão
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Agora, ela volta às suas origens para quitar um compromisso histórico com Minas Gerais e levar
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Nos últimos anos, a Cemig cresceu no Brasil e no mundo. Mas algo importante ficou para trás.
Geralda das Dores Andrade, Orosino Pereira Gomes e Elisângela Aparecida Gomes. Felício dos Santos/MG.
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ONDE TIVER UMA FAMÍLIA MORANDO, VAI TER LUZ.
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investimento de 800 milhões de reais. Esse imenso trabalho é a contribuição da Cemig para o Programa Novos Encontros, o plano de ação do Governo de Minas para combater a pobreza no campo. A Cemig está de volta às suas origens porque a gente cresce mais forte quando coloca os mineiros em primeiro lugar.
www.cemig.com.br
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CULTURA
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
Pixador ou poeta? VERSOS NAS LIXEIRAS “Apesar do desgaste, não desgoste”. Poesias como esta, escrita em lixeiras e tapumes, chamam a atenção no centro de Belo Horizonte
Infância e brasilidade no cinema
Divulgação
Joana Tavares / Brasil de FAto
Rafaella Dotta
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s versos escritos nas lixeiras de Belo Horizonte vêm das mãos e da cabeça de Felipe Arco. Nascido no São Geraldo, na região Leste da capital, o rapaz tem hoje 25 anos, mas já uma década de lata e caneta na mão. Ele insiste em enfatizar que o resultado do seu trabalho só existe por sua origem no Hip Hop.
CRIME PREMEDITADO: AMANHÃ VAMOS MATAR ESSA SAUDADE” Por que levar poesia pra rua? “Foi tudo muito natural”, conta. Numa viagem que fez há um ano com três amigos, passando por 15 estados do Brasil, começou a deixar mensagens poéticas pelo caminho. Escrevia em muros abandonados, em postes, em locais públicos. A viagem também deu origem ao seu segundo livro “12 mil km e infinitas poesias”. Chegando a BH ganhou uma “posca”, caneta de pintura corporal, e escreveu em algumas lixeiras sem muita
Gustavo Marinho
pretensão. “As pessoas começaram a tirar foto e me marcar [no Facebook] e eu continuei escrevendo”, conta. Daí para frente, sua página na rede social deslanchou para 140 mil seguidores. O Instagram para 63 mil. E centenas de pessoas mandavam recados sobre como as suas poesias as tinham atingido. Pelo menos 90% do seu público é de mulheres e vem da rua para a internet, não o contrário, frisa o pixador. Ritmo e Poesia O envolvimento de Felipe Arco com o Hip Hop nasceu há dez anos, quando ele começou a perceber o mundo de uma forma diferente, pixando, grafitando e fazendo rimas de RAP. Suas poesias, aliás, são pedaços de mú-
sicas. “Eu faço uma letra de rap e separo, transformando em várias pequenas poesias”, diz. Felipe é defensor de que os muros da cidade reajam à desigualdade social, através de desenhos, mensagens ou frases políticas. “Pixo é uma ação sem educação pra uma cidade sem educação. Enquanto tiver desigualdade vai continuar tendo pixo”, defende. Mas ele também decidiu que seu trabalho deveria trazer à rua um sentimento pouco retratado até então, o amor. E acertou. Ele conta, com orgulho, de muitas histórias de casais que reataram ou terminaram um relacionamento após lerem as poesias, em passagem por lugares comuns.
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Em clima de “mês das crianças”, o Cine Sesc Palladium apresenta, até domingo (16), a mostra “Zoom na Infância”. Os filmes tratam da ocupação dos espaços públicos, dos processos de revolução do aprender e do brincar como estímulo vital para formação dos múltiplos saberes. As apresentações têm entrada gratuita e a retirada de ingressos deve acontecer 30 minutos antes de cada sessão. O endereço do Sesc Palladium é avenida Augusto de Lima, 420, Centro de Belo Horizonte.
Cabelos com história Divulgação
No dia 22, o livro “Meu crespo, Nossa história” será lançado em Belo Horizonte. A obra reúne histórias reais de pessoas que passaram pela transição capilar, processo como é chamado o abandono de alisamentos e chapinhas. O lançamento, que começa às 14h, será no Centro de Referência da Juventude, na Praça Rui Barbosa, 50, no Centro. Além da atividade, haverá músicas, depoimentos, poesias e palestra. Mais informações, no evento https://goo.gl/FxgQIB
Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
na geral
“Adeus, Geral”
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s torcidas Resistência Azul Popular e Máfia Azul exibem o filme “Adeus, Geral”, documentário produzido por cinco estudantes do ensino médio, criticando as desvantagens do processo de modernização do futebol. A exibição do filme é aberta a torcedores de todos os clubes. No vídeo, que dura 42 minutos, foram entrevistados o técnico da Seleção, Tite, o ex-jogador Alex de Souza, o dirigente do Palmeiras Paulo Nobre, integrantes de diversas torcidas e os jornalistas esportivos Juca Kfouri e Mauro Cezar.
ESPORTES
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Aumenta racismo, homofobia e xenofobia no futebol, aponta relatório
Latuff
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ONG “Observatório da Discriminação Racial no Futebol” apresentou, na segunda-feira (13), um relatório sobre discriminação racial e outras violências no futebol brasileiro, referente ao ano de 2015. De acordo com o documento, os casos de racismo, homofobia e xenofobia aumentaram 85%, em comparação com 2014. No ano passado, houve 37 casos verificados, sendo 35 de racismo e os outros dois de discriminação contra estrangeiros e o público LGBT. O Rio Grande do Sul foi o estado com maior número de casos: nada menos que nove ocorrências. Em seguida, aparece o estado de São Paulo, com três casos. O relatório completo está disponível no link: migre.me/vedKP.
Combate de MMA entre crianças gera críticas na Chechênia
Reprodução de vídeo
Curto e Grosso
Dá bola pra elas
Reprodução
Onde: Sede da Máfia Azul. Rua Tupis, 1147. Barro Preto, BH Quando: sábado (15), das 15h às 18h30 Informações: migre.me/vdgKq Divulgação
O líder da república da Chechênia, Ramzan Kadyrov, decidiu incluir lutas entre crianças em uma competição de MMA. Um dos lutadores, aliás, seria seu filho, de apenas 11 anos. Além dele, outros dois garotos, de 9 e 10 anos participaram das lutas. A decisão foi muito criticada por educadores físicos, que consideram que a modalidade pode prejudicar o desenvolvimento das crianças. A prática já é bastante difundida mundo afora. Só nos Estados Unidos, a luta entre crianças tem mais de 3 milhões de praticantes.
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Servidor público municipal de Belo Horizonte, fortaleça o seu sindicato! Conheça os canais de comunicação do Sindibel:
SINDIBEL Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte
www.sindibel.com.br facebook.com/sindibel (31) 3272-9865
Irene Coelho O futebol feminino está em evidência no Brasil. Nas Olimpíadas a seleção feminina foi abraçada pela torcida do início ao fim da competição, fazendo reviver um sentimento perdido há tempos com o time masculino. Há duas semanas, a Conmebol determinou que, para que participem da Libertadores, os clubes terão que manter times femininos em funcionamento. É óbvio que isso é muito pouco, pois é fácil ter times femininos em condições extremamente precárias. Mas o fato de existirem é um passo significativo para o reconhecimento das mulheres no futebol. Agora, o blog A Bola que Pariu promove uma interessante campanha, intitulada #DáBolaPraElas, apontando medidas de profissionalização da modalidade, adequação do calendário, incentivo às categorias de base e cobertura adequada da mídia. Para aderir ao abaixo-assinado da campanha, basta acessar o link migre.me/vel7a.
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Belo Horizonte, 14 a 20 de outubro de 2016
Copa do Brasil será decidia entre São José e Audax
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução de vídeo
Arthur Marega Filho / São José Futebol Feminino
Copa do Brasil feminina de A futebol será decidida entre São José e o Audax/Corinthians, que
perdeu por 2 a 1 para o CresspomDF, mas havia vencido o primeiro jogo por 2 a 0, e vai à final. O primeiro jogo da decisão será realizado em
São José dos Campos, na próxima quarta-feira (19). O São José, mandante do primeiro jogo, luta pelo tricampeonato na competição, ao passo que o Audax disputa o título inédito. A segunda partida ocorrerá no dia 26.
Ainda tem gente escandalizada com jornalista que vai ao estádio. Cabe a cada um observar a postura do jornalista. Distorcer fatos não muda o resultado. Mauro Cezar Pereira, comentarista da ESPN, que foi fotografado na arquibancada do jogo entre Flamengo e Santa Cruz e criticou a polêmica criada por algumas mídias em torno do fato.
Gol de placa Não dá pra negar que o Botafogo é a maior surpresa do Brasileirão. Se antes era forte candidato ao rebaixamento, hoje, após a vitória no meio de semana contra o Internacional, o Fogão já disputa vaga na Libertadores! O Galo que se cuide no domingo.
Gol contra A Conmebol tenta convencer a Fifa a não multar as confederações de futebol cujas torcidas manifestem cânticos homofóbicos. O principal argumento é que tais gritos são uma manifestação “cultural”. E só porque é “cultural” a gente tem que aceitar?!
Decacampeão
É Galo doido!
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Giovanna Fantoni
Um dos principais pecados do América tem sido o ‘apequenamento’. Desde sempre, o Coelho luta para se tornar um time grande, que não seja um simpático e inofensivo ‘Ameriquinha’. Mas, em alguns momentos, como em boa parte deste ano, dirigentes e Decacampeão jogadores insistem em reforçar a escrita. As péssimas contratações, a pouca utilização dos garotos da base, o alto valor dos ingressos, as fanfarronices do presidente Alencar e a venda do mando de campo são exemplos do apequenamento por parte da diretoria. Dentro de campo, má vontade, sonolência e desrespeito à camisa são as visíveis e vergonhosas contribuições dos atletas para a limitação das potencialidades do clube.
Para quem luta pelo título brasileiro, não tem refresco. Na quinta (13), clássico com o América. No domingo, Botafogo pela frente, no Rio. Depois, vem Figueirense (em casa), Flamengo (C), Curitiba (fora), Palmeiras (C), Santa Cruz (F), São Paulo É Galo(F). doido! (C) e Chapecoense Tirando os confrontos diretos com os concorrentes, o mantra será “vencer e secar”. E rezar pelas almas caridosas do departamento médico, dos treinadores das seleções e dos trios de arbitragem. Bem como pelo bom senso de Marcelo Oliveira. E, no meio do caminho, tem outra pedra: a Copa do Brasil. Sem contar o Santos nos calcanhares. Ufa! São demais os perigos desta vida nesta longa e sinuosa estrada.
Até o fechamento desta edição, ainda não tinha terminado o jogo entre Palmeiras e Cruzeiro, pelo Brasileirão. Mas, independentemente do resultado, o Cruzeiro dormiu fora da zona de rebaixamento por mais uma rodada. Aproveito o espaLa Negra ço para falar deBestia outro assunto. Recomendo uma atividade que acontece neste sábado (15), organizada pelas torcidas Máfia Azul e Resistência Azul Popular (ver página 15). Será exibido o documentário “Adeus, Geral”, que aborda a elitização dos nossos estádios de futebol. Para quem, como eu, aprendeu a apoiar o Cruzeiro na geral do Mineirão, é uma lástima o que fizeram com o Gigante da Pampulha, que virou um estádio gourmet para quem tem dinheiro.