Edição 161 do Brasil de Fato MG

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Rafael Ribeiro / CBF

Minas Gerais

Reprodução

MUNDO

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ENTREVISTA

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Trump ameaça o mundo

Negros serão mais prejudicados

Estados Unidos elegeram um presidente considerado um dos políticos mais preconceituosos dos últimos tempos

Em entrevista, Makota Celinha chama a atenção para o avanço do conservadorismo e risco de ataques à liberdade religiosa

Larissa Costa / Brasil de Fato MG

11 a 17 de novembro de 2016 • edição 161 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita

BRASIL

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Duas décadas de apagão cultural

PEC 55 (antiga 241) pode reduzir a pó o orçamento da Cultura, que já é muito pequeno. Se medida for aprovada no Senado, nos próximos anos, os recursos devem cair 90%. Pontos de cultura, que atendem a 9 milhões de pessoas, podem parar

BRASIL

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Sexta é dia de luta Frentes e movimentos convocam atos contra a PEC 55, a Reforma da Previdência e terceirização

Beatriz Cerqueira

MINAS

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Processo contra Pimentel Governador pode virar réu na Justiça e ser afastado do Executivo por 180 dias. Líder do PT na Assembleia argumenta que processo tem motivações políticas


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 11 a 17 de novembro de 2016

Editorial | Brasil

É do veneno da cobra que se faz o soro-antiofídico

ESPAÇO dos Leitores “Essa é a politicagem rasteira...”. Leonardo Figueiredo comentando a matéria “Em medida desnecessária, MEC adia ENEM em 59 escolas mineiras”

“Permitam-me fazer uma ‘crítica’ à edição 160. Vocês sempre mostram o esporte feminino e divulgaram corretamente a nova técnica da seleção brasileira, mas esqueceram de noticiar que também esta semana a Ferroviária, atual campeã da categoria feminina da Libertadores da América, anunciou uma jovem promissora de 25 anos como sua nova técnica. É a Michele Kanitz. Pela primeira vez uma mulher comandando o clube”. Murilo Lopes via correio eletrônico

“A PEC 241 é horrível, acaba com todos os meus sonhos, o sonho da minha família, dos meus amigos que querem tanto cursar uma faculdade. Isso é um tapa em nossos rostos. Esses deputados e o presidente poderiam fazer tanto por nós, fazer com que o país fosse melhor, mas eles não fazem”. Maria Souza via correio eletrônico

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Com o golpe em curso, foi disparada uma bolsa de veneno, que estava há algum tempo armazenado pelas elites internacionais e brasileiras. O povo tem sofrido com ataques aos direitos e à liberdade. Ao mesmo tempo, este mesmo povo tem dado respostas que servem como soro-antiofídico, defendendo direitos e inspirando outras lutas de resistência. A “PEC do fim do mundo”, que pretende congelar os investimentos em serviços públicos como saúde e educação, desencadeou a maior onda de ocupações de escolas já vista na história do Brasil, já são mais de 1300. De um local de aulas, as es-

Para defender direitos, só com greve geral colas e universidades se transformaram em um palco de educação popular e resistência, ensinando a importância da organização e luta por direitos, não só para os próprios estudantes, mas para toda a população brasileira. Após um ano do maior crime sócio-ambiental da história do país, que matou, desabrigou e limitou acesso à água e ao trabalho, os atingidos pela lama da Samarco no Rio Doce, junto com o Movimento dos Atingidos por Barragens, marcharam da foz do Rio Doce até Mariana. Realizaram um grande encontro em defesa dos direitos dos atingidos, persistindo na necessidade de

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

superarmos este modelo de exploração de minérios que sufoca nossa soberania. A violenta e ilegal invasão da Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, pela Polícia Civil, relembrou ações do período da ditadura militar. Esta ação gerou em todo o Brasil e no mundo uma série de atos em solidariedade à ENFF, ao MST, e contra a criminalização dos movimentos populares. A Greve Geral do dia 11 de novembro, convocada pelas centrais sindicais, movimentos populares e as Frentes Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo unem importantes categorias e setores. É a 5ª Greve Ge-

Já são mais de 1.300 escolas ocupadas ral desde a independência do Brasil. Com esta iniciativa, abre-se também a janela para entrar em campo os trabalhadores, que até então não demonstraram uma reação às perdas de direitos que têm sofrido, como a PEC 55 (antiga 241), perseguições com traços de ditadura, reforma da previdência, reforma trabalhista, privatizações de setores estratégicos, como o petróleo e demais cortes de direitos. Conforme avança o golpe, envenenando a nação, aumenta também a força e a qualidade das experiências de resistência. Cabe agora construir nas lutas imediatas e a médio prazo uma estratégia que vá além, eliminando o veneno e consolidando um projeto popular para o Brasil.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / 32133983

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 11 a 17 de novembro de 2016

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A televisão vem mostrando tudo o que é comercialmente interessante pra ela. Quando é mostrado algo de relevância é num tom muito sensacionalista. Eles procuram manter a audiência com sensacionalismo e não com qualidade.

Eles passam muita coisa que não interessa. A TV poderia ser mais educativa. Eu gosto muito de reportagens históricas, de saber sobre cultura e a culinária de outros países. Isso eu acabo lendo em livros porque não transmite na TV.

Gilberto Pinto, advogado

Maria de Fátima Neves, cuidadora de idosos

CONVIDA

CICLO DE DEBATES

SISTEMA POLÍTICO, DEMOCRACIA E COMUNICAÇÃO NO BRASIL

16 NOV SISTEMA POLÍTICO E SUBREPRESENTAÇÕES

Kenarik Boujikian (Juíza) & Áurea Carolina (Vereadora eleita)

veja a programação completa: facebook.com/brasildefatomg DOS BANCÁRIOS 19h I SINDICATO Rua dos Tamoios, 611 - Centro APOIO CUT MG, Serjusmig, Sindágua, Sindibel, Sindieletro, Sindifes, Sindifisco, SindMetal BH, Sindsaúde, SindUTE, Sinpro, Sinttel

PATROCÍNIO

arquivo pessoal

E você, o que acha que deveria passar na TV?

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Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

Existe democracia na mídia? De 17 a 23 de outubro o Fórum Nacional pela Democratização da Mídia realizou uma semana de atividades para destacar que televisão, rádio e jornais no Brasil são propriedade de pouquíssimas famílias no Brasil. E são elas que decidem o que vão ou não transmitir.

GERAL

“Acho que a população brasileira está correndo um risco, não sei se é um risco mundial, de botar tudo na mão da direita”. Afirmou o cantor Odair José, em entrevista

Reprodução de vídeo

BOMBOU NA REDE O seriado “Os Simpsons” costuma fazer algumas paródias sobre como seria o futuro e, há 16 anos, lançou um episódio em que Donald Trump, como presidente dos EUA, havia deixado o país quebrado. “Nós herdamos uma crise de orçamento”, dizia a personagem Lisa, que ocupou o cargo logo após a conclusão do mandato republicano. Os internautas, é claro, não deixaram passar batido e lembraram a “profecia” do programa. “Acho que ‘Os Simpsons’ é usado pelo governo americano para ir preparando o povo para os problemas futuros”, publicou uma usuária. “Se em ‘Os Simpsons’ a Lisa (que é mulher) foi eleita depois do Trump, ainda temos esperança”, twittou outro.

Acne após os 20: saiba as causas É preciso entender que, em qualquer idade, as espinhas são causadas por uma resposta da pele à testosterona, hormônio masculino. Sendo assim, hábitos que estimulam a produção da substância no corpo acabam por aumentar as manchinhas na pele. Estresse, dietas desequilibradas e exercícios físicos em excesso costumam ser os principais motivos da acne. Na alimentação, o vilão é o grupo de alimentos processados. Já o estresse tende a dificultar a cicatrização de feridas e ampliar a fabricação de sebo. O suor resultante da prática de esportes, se em quantidade elevada, também pode reagir com a pele, influenciando o aparecimento das marcas indesejadas.


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CIDADES

Belo Horizonte, 17 de março 2016 Belo Horizonte, 11 a 1711 dea novembro de de 2016

Como atuam os evangélicos na Câmara de BH? PODER Segundo analista, principal força é a capacidade de barrar pautas que não são de seu interesse Reprodução / CMBH

Wallace Oliveira

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m fato marcante na política atual é o aumento dos representantes evangélicos no Poder Legislativo. Em Belo Horizonte, elegeram-se pelo menos 12 vereadores com esse perfil em 2016. Eles pertencem a oito diferentes denominações religiosas e estão distribuídos em 11 partidos políticos. Por trás dessa aparente diversidade, todavia, há uma convergência de interesses que os leva a atuar como bloco unitário em alguns momentos. O fato de um vereador ter religião não quer dizer que

A convergência de interesses pode levar à formação de uma frente parlamentar

ele necessariamente atuará com foco em questões religiosas. Porém, em um cenário de fragmentação partidária, com mais de 22 partidos na próxima legislatura e parlamentares que, isoladamente, figuram como “líderes de si mesmos”, o fator religioso passa a ter um peso importante. Barrar o que não interessa A convergência de interesses pode levar à formação de uma frente parlamentar, isto é, um grupo temático de re-

presentantes unidos independentemente de seu partido. Em Belo Horizonte, esse tipo de organização não está previsto no regimento da Câmara e não há, segundo a assessoria da Casa, nenhuma frente evangélica oficialmente constituída. Entretanto, é possível identificar uma tendência à atuação conjunta desses parlamentares. “Sua principal força está na capacidade de modificar projetos que não são de seu interesse, atrasar sua tramitação ou mesmo barrá-los,

de modo que eles sequer cheguem a plenário. Com 12 vereadores, isso é possível. Afinal, é mais fácil manter uma legislação do que alterá -la”, explica o cientista político Carlos Freitas. Foi o que ocorreu na votação do Plano Municipal de Educação (o então Projeto de Lei 1.700/2015). O plano foi aprovado por 34 votos a 1, mas os vereadores evangélicos conseguiram alterar o projeto de modo que, na versão final, não constou a palavra “gênero”, a obrigação de que o município combata a evasão por discriminação de orientação sexual e a meta que previa integrar o currículo para promover o respeito aos alunos em sua subjetividade e diversidade. Na época, o argumento apresentado foi a “defesa da família”. Barganhar o que interessa O poder de veto dos religiosos pode ser usado para negociar com a prefeitura quando, em troca do futuro apoio ou voto em um proje-

Em todo o mundo, milhares de pessoas prestam solidariedade ao MST Após ação policial que envolveu três estados, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, e teve como principal objetivo prender e criminalizar as lideranças do Paraná, o MST recebeu inúmeras mensagens de solidariedade provenientes de artistas, intelectuais, movimentos e organizações em todo o mundo. Na manhã do dia 4 de novembro, policiais civis de São Paulo invadiram uma escola de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP). Sem mandado judicial, os homens forçaram a entrada na escola e dispararam tiros de balas letais. No Paraná, oito militantes foram presos.

Além das notas e vídeos de apoio, atos de solidariedade aconteceram em São Paulo, Recife e Belo Horizonte. No dia 9, cerca de 500 pessoas se reuniram na ALMG para denunciar a criminalização dos movimentos populares. Nilmário Miranda, secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, reforça que o MST é responsável pela conquista de “dezenas de milhares de assentamentos de reforma agrária”. “Recriminamos a invasão da polícia, sem mandado judicial e sem motivo plausível, na ENFF. Isso é um insulto a todos os que se organizam para lutar por direitos. O Estado deve tomar providências e punir os policiais”, afirma.

to de interesse do Executivo, os vereadores colocam sua agenda própria na mesa. No ano passado, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) iria restringir o auxílio financeiro à realização do Sermão da Montanha na cidade, mas teve que voltar atrás, após uma pressão dos evangélicos, liderados pelo vereador Henrique Braga (PSDB), pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular. Eles também atuam de maneira articulada com outros grupos pela aprovação de projetos de seu interesse. Isto ocorreu, por exemplo, com o PL 751/2013, dos vereadores Elvis Cortês (PSDC), da Primeira Igreja Batista do Milionários, e Autair Gomes (PSC), da Quadrangular. O projeto, em tramitação na Câmara, flexibiliza a Lei do Silêncio, aumentando o limite de ruído permitido, de 70 para 85 decibéis, até as 22h entre o domingo a quinta-feira, e até as 23h, na sexta, sábado e feriado. A mudança beneficiaria não apenas donos de bares e outros empreendedores da cena noturna, como também as igrejas que mantém cultos religiosos à noite. Ocupar comissões Outra estratégia usual é ocupar as comissões mais importantes da Câmara, visto que elas têm a capacidade de indicar o voto em matérias de grande relevância. Um exemplo é a Comissão de Orçamento e Finanças Públicas, que discute, entre outras coisas, a aplicação dos recursos públicos municipais. De seus cinco titulares, um é bispo e outros dois são pastores.


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MINAS

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Deputados de Minas vão decidir se STJ processa ou não governador do estado POLÍTICA Caso haja 52 votos, Pimentel pode virar réu e ser afastado por 180 dias Veronica Manevy / Imprensa - MG

Joana Tavares

todos de investigação da Polícia Federal.

stá em discussão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais a abertura ou não de um processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador Fernando Pimentel (PT). Os deputados têm até o final de novembro para votar sobre o assunto, que já está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça da ALMG. O governador é acusado, pela Operação Acrônimo, da Polícia Federal, de lavagem de dinheiro e corrupção. A acusação está baseada em uma delação premiada, que sustenta que o então ministro teria solicitado e recebido vantagem indevida para atender interesses do grupo Caoa. Outra acusação diz respeito à campanha de 2014.

Motivações políticas O líder do governo na Assembleia, deputado estadual Durval Ângelo (PT) argumenta que por trás do pro-

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Concluída a fase de defesa do governador – que começou na quarta (9) e concluído o relatório, de responsabilidade do deputado estadual Rogério Correia (PT) - os 77 deputados estaduais votam em turno único sobre a abertura ou não de um processo no STJ. É necessário que dois terços dos deputados peçam pela abertura para que o caso volte ao STJ, ou seja, 52 votos. Caso isso aconteça, o go-

vernador pode virar réu e ser afastado por seis meses (180 dias) do comando do Executivo. Se os deputados decidirem pela não abertura do caso, o processo é arquivado. A oposição critica a pressa dos deputados da base governista e pede acesso às provas que estão no processo. A defesa do governador e os deputados aliados sustentam que a acusação é repleta de irregularidades, assim como os mé-

Líder do governo afirma que processo tem motivação política cesso há questões políticas. “Temos testemunhos de policiais federais que afirmam que tudo foi armado. Ou seja, é uma motivação política, em um momento delicado no país. Motivação de quem não quer deixar o Pimentel governar”, defende.

O deputado está confiante em que a base pode contar com mais votos do que o necessário para arquivar o processo, mas sublinha que isso não significa impunidade. Ele cita outros casos parecidos com o atual, em que os processos foram reabertos depois do fim do mandato. “A prescrição fica suspensa. Não há risco algum de impunidade, isso é um discurso falacioso de pessoas que planejam a armação em Minas Gerais”, diz. Questionado em relação às críticas de movimentos populares em relação à atuação de Pimentel, o líder do governo afirma: “Essa é a mesma crítica que se fazia à presidenta Dilma. Pimentel não conseguiu ir além por causa da conjuntura. Votar contra esse processo será uma forma de libertar o governador para ações mais efetivas”.

Sindicatos e movimentos denunciam golpe e cobram mais direitos O

rganizações populares se mobilizam para acompanhar a votação do processo. Segundo Silvio Netto, do MST, o governador só não sofreu ainda um processo de afastamento porque “as ruas do estado estiveram e estão ocupadas em luta por avanços sociais e contra retrocessos”. Ele avalia que a situação vivida por Pimentel em Minas faz par-

te de um contexto nacional. “Está em curso um programa golpista que, para além de retirada do projeto que elegemos em 2014, pretende retirar direitos sociais que nós construímos ao longo de muitos anos”. Ele critica o governo do estado e alguns parlamentares da base por não fazerem a denúncia do golpismo no estado e no país. “Estamos com uma disposição de denúncia e de luta para que a gente não sofra esse retro-

cesso que seria a retirada do Fernando Pimentel e a entrada do golpista Antonio Andrade, do PMDB, no governo do estado. Ele, assim como Temer, usa a mesma receita, aliado aos tucanos, para retirar quem foi eleito e para retirar direitos dos trabalhadores e garantir mais renda para os fazendeiros e empresários”, afirma. No entanto, Silvio destaca que o MST e outras organizações populares não vão “se contentar com o governo do

jeito que está”. Jairo Nogueira Filho, secretário geral da Central Única dos Trabalhadores de Minas, concorda. Ele afirma que foi preciso “muita mobilização social para derrotar o projeto neoliberal do PSDB em Minas”. Mas defende que o governo de Pimentel precisa avançar rumo ao projeto para o qual foi eleito. “Os trabalhadores ainda estão sofrendo muito em Minas, com muitas demissões. As

empresas do estado apresentam muitos problemas, como a Cemig, a Copasa. É preciso melhorar também na saúde, educação, segurança, etc”, diz. Em sua opinião, caso o governador vença a votação na ALMG, ele deveria aproveitar e fazer um governo diferente, à esquerda, voltado para a maioria da população. “Minas pode virar uma referência de um projeto diferente daquele que está sendo implementando no Brasil”, conclui.

Confira a íntegra da entrevista com Durval Ângelo no site www.brasildefato.com.br


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MINAS

Belo Horizonte, 11 a 17 novembro Belo Horizonte, 11de a 17 de marçodede2016 2016

Opinião

Temer é pior que Trump João Paulo Cunha

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nquanto os analistas se engasgam em explicaçõessobreavitóriadeDonaldTrump nos EUA, o mundo parece viver um pesadelo antecipado. Afinal, se o futuro presidente norte-americano for a ínfima parte do que se arroga, o mundo tem um deserto a atravessar nos próximos anos. Preconceito, machismo, xenofobia, racismo, belicismo como política de afirmação nacional, demagogia, homofobia e uma série interminável de defeitos de alma.

Há ainda uma variável importante, característica que engolfou o mundo como uma onda: a transfiguração da política com o esvaziamento da dimensão ideológica em favor de certo pragmatismo individualista. Com a perda de consistência dos debates no campo das ideias e projetos de sociedade, a democracia perdeu intensidade. Esvaziada de suas atribuições fundamentais, a democracia se limita hoje à contagem de votos, num arremedo de concurso de popularidade.

Para completar a lambança norte-americana, há que se lembrar que Trump não chega num cenário livre de disputas históricas. Sua atuação é potencialmente destrutiva em cenários como os conflitos na Síria, em relação aos muçulmanos e no que diz respeito à imigração. É ainda preocupante o que pensa em fazer em

Se Trump ameaça, Temer já chegou cumprindo matéria de políticas sociais internas, sobretudo a prometida desmontagem do sistema de saúde. Sem falar de temas de interesse universal, como a possível regressão do acordo climático. O mundo vai mal. Mas as coisas não estão melhor no Brasil. Em vez de ficar de olho na tragédia estadunidense, temos um programa amplo de resistência a implantar contra o governo ilegítimo que tomou conta do país. Temer é bem pior que Trump. Em primeiro lugar,

não foi eleito, mas tomou o poder por meio de um golpe que se perpetua a cada dia. Se Trump ameaça programas sociais, Temer já chegou cumprindo, com ataques ao sistema de saúde pública, à educação, à pesquisa, à ciência e tecnologia, à assistência social, ao sistema previdenciário e à legislação trabalhista. Para coroar o programa fascista e antipopular, a segurança assumiu novamente a carranca da repressão. Há também o lado menos denso, mas igualmente dissolvente. Temer e Trump casaram-se com mulheres mais jovens, que exibem comportamento orgulhosamente subalterno, na contramão da história e em honra ao machismo-alfa do tempo das cavernas. A diferença é que Temer ainda deu emprego à sua moça, num misto de recrudescência do primeiro-damismo, assistencialismo rasteiro e marketing, numa afronta aos programas consistentes de atenção à criança. Não é hora de lamentar o trumpismo, mas de combater o temerismo. Leia na íntegra no site: www.brasildefato.com.br

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Belo Horizonte, 11 a 17 de novembro de 2016

Acompanhando

Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Na edição 127... Bicho é para adotar, não comprar ...E agora Venda de animais no Mercado Central é proibida pela Justiça Por decisão judicial, o comércio de bichos no Mercado Central de Belo Horizonte deverá ser suspenso em alguns dias. Uma liminar determina a retirada dos animais do local com a realização de contagem e descrição de todas as espécies, além da cassação dos alvarás daqueles comerciantes que ignorarem as regras. O não cumprimento da ação prevê uma multa de R$ 10 mil. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, o Mercado Central é alvo constante de denúncias por maus tratos. Na edição 110... Julgamento da Chacina de Unaí ...E agora Protesto contra impunidade Na segunda-feira (21), um ato público tomará as ruas de Belo Horizonte para lutar contra a falta de punição dos mandantes da Chacina de Unaí, crime que aconteceu em 2004. A manifestação está sendo organizada pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SIANIT), que também cobra pelo fortalecimento da Inspeção do Trabalho no Brasil e pede pelo fim do desmonte da legislação trabalhista. O ato está marcado para as 10h, com concentração a partir das 9h na Praça da Assembleia, de onde seguirá até a Justiça Federal.

Mídia NINJA

MÍDIA DEMOCRÁTICA O comitê mineiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) realizou, na quarta (9), uma intervenção-protesto na Praça Sete, centro de Belo Horizonte. Com o objetivo de chamar atenção para o que a mídia não diz, foram feitas esquetes e, em silhuetas coladas nas paredes, as pessoas escreviam frases denunciando o caráter manipulador da imprensa empresarial.

Bruno Abreu Gomes

Marcelo Semer

O golpe no direito à saúde

O outono da nossa democracia

O Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta o momento mais crítico de sua história. As medidas anunciadas pelo governo não eleito de Temer dão um duro golpe capaz de ferir de morte o SUS. Para a burguesia e as elites econômicas, a saúde não é um direito de todos e um dever do Estado. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, agora PEC 55 no Senado, pretende estabelecer um novo teto para o gasto público, que terá como limite a despesa do ano anterior corrigida pela inflação. Congelará o gasto público por 20 anos. Na prática, a PEC acaba com a garantia de investimento mínimo em saúde previsto na Constituição Federal de 1988. Se essa PEC estivesse em vigor desde 2002, o orçamento do Ministério da Saúde, que foi de R$ 100 bilhões em 2015, seria de R$ 55 bilhões. Estima-se que em 10 anos o pré-sal permitiria um acréscimo de R$ 170 bilhões na saúde e na educação. O PL 4567/16, de José Serra, aprovado no início de outubro no Congresso Nacional, acaba com a garantia legal de que a Petrobras participe em, pelo menos, 30% de cada Governo Temer vai jazida do pré-sal que for matar a saúde pública explorada. Em consequência, os lucros podem ir para multinacionais como Exxon Mobil ou Shell. Os ataques a outros direitos sociais também podem piorar as condições de saúde. Como, por exemplo, a possibilidade de permitir a terceirização para a atividade fim das empresas, e a prevalência do negociado entre patrões e empregados sobre o legislado. Se falta dinheiro ao governo, existem alternativas, como o combate à sonegação fiscal dos grandes empresários que retirou R$ 450 bilhões dos cofres públicos em 2015. Está em questão o SUS, o direito à saúde e os nossos direitos sociais. A classe trabalhadora e o povo das periferias precisam entrar em cena.

É comum que se diga que a esquerda, ou uma certa entidade abstrata, vez por outra alcunhada de bolivarianismo, governou o país por 13 anos. A bandeira do Brasil não ficou vermelha. Nenhuma empresa foi nacionalizada. Não houve desvio algum por meio de participação popular – nem um mísero plebiscito nesse tempo todo. Nenhuma alteração para aumentar mandatos próprios ou reduzir os alheios foi sequer proposta. Nenhum instrumento de censura foi criado, nem contra a mídia partidariamente ativa. Até a remuneração do sacrossanto sistema financeiro foi mantida incólume. Nenhum torturador foi preso. O tal bolivarianismo percorreu quatro eleições. Em cerca de seis meses de governo interino e tampão, a Constituição já envelheceu 20 anos. A proteção social Sérias mudanças sem está sendo desfigurada aval das eleições por um teto orçamentário que deve travar o futuro de toda uma geração; a educação ideologicamente reformada por medida provisória; os longevos instrumentos de proteção da legislação trabalhista estão com os dias contados. Na política externa, dá-se o cavalo de pau. Para essas mudanças, que significam uma inversão expressiva de rumo, não foi preciso nenhuma eleição. Só isso seria suficiente para que o conceito de normalidade democrática ficasse seriamente abalado. Afinal, se é possível uma mudança de tal porte sem eleições, para que mesmo elas seriam necessárias? Infelizmente, o outono de nossa democracia não para por aí. Tem também lei restringindo conteúdos que um professor pode dar em sala de aula; o esfacelamento do direito de greve e muito mais. São pequenos estados de sítio declarados a cada dia. Leia íntegra em www.cartamaior.com.br

Marcelo Semer é Juiz de Direito em SP e membro da Bruno Abreu Gomes (Pedralva) é médico, presidente do Conselho Municipal de Saúde e diretor do Sindibel. Associação Juízes para Democracia.


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BRASIL

Belo Horizonte, 11 a 17 de novembro de 2016

Contra retirada de direitos, centrais sindicais realizam um Dia Nacional de Greve RESISTÊNCIA Convocada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, manifestações criticam PEC 55 e terceirização Da redação

Mídia NINJA

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m Dia Nacional de Greve acontece em todo o país, na sexta (11), contra a retirada de direitos imposta pelo governo não eleito de Michel Temer. Convocada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, as atividades envolvem sete centrais sindicais, além de secundaristas, coletivos de mulheres, movimentos e organizações populares. “Nosso objetivo é mobilizar os trabalhadores para paralisar o país em protesto contra as medidas retrógradas do governo federal”, afirmou o presidente da CUT de São Paulo, Douglas Izzo.

Em BH, às 9h, diversas categorias profissionais realizam uma manifestação na Praça da Estação. Reivindicações Congelamento de investimentos Aprovada no dia 25 de outubro na Câmara, a PEC 241, que no Senado mudou para PEC 55, prevê o conge-

lamento dos investimentos públicos para os próximos 20 anos. Pré-sal A aprovação do Projeto de Lei (PL) 4.567/2016 altera o papel da Petrobras na exploração do Pré-sal. Além de não ser mais operadora única, a empresa também não terá direito ao mínimo de 30% da produção.

Reforma da Previdência Deve aumentar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos e igualar a idade entre homens e mulheres e entre trabalhadores do campo e da cidade. Outra medida que pode prejudicar os aposentados é que a proposta de Temer prevê a vinculação dos benefícios da previdência aos reajustes de salários mínimos. Terceirização O PL 4.330, que foi aprovado na Câmara e tramita no Senado como PLC 30, prevê a terceirização irrestrita das atividades-fim nas empresas. O projeto autorizará a precarização do trabalho e praticamente anula a CLT na proteção aos direitos dos trabalhadores, já

que as empresas contratantes de mão de obra terceirizada ficarão desobrigadas de cumprir as leis trabalhistas. Corrupção Três ministros do governo Temer já foram afastados por suspeita de envolvimento em corrupção: Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle) e Henrique Alves (Turismo). Além disso, o presidente retirou o caráter de urgência da tramitação do pacote de medidas anticorrupção, que foi elaborado pela equipe de Dilma Rousseff e enviado ao Congresso.

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PEC 55: PROTESTE ENQUANTO É TEMPO Está marcada para o dia 29 novembro a primeira sessão de votação no Senado da Proposta de Emenda Constitucional 55, também chamada de PEC do Teto de Gastos. A segunda votação também já tem data prevista: 13 de dezembro. Isso mostra a pressa dos aliados do governo Temer em congelar gastos em áreas essenciais por 20 anos, em prejuízo daqueles que mais dependem das políticas públicas, para garantir o pagamento de juros/amortizações da dívida, que, em 2014, consumiu o equivalente a 45% do Orçamento Geral da União (OGU) – apenas para comparação, os gastos com saúde e educação corresponderam, respectivamente, a 4% e 3,7% do OGU no mesmo período.

que custa aos cofres públicos da União, estados e municípios R$ 790 bilhões por ano, segundo cálculo baseado em informações do Banco Mundial. Outra saída seria rever a atual política de concessão de incentivos fiscais – em sua maior parte ilegais, utilizados para privilegiar grandes grupos econômicos –, que privarão o país de arrecadar R$ 211 bilhões em 2016 e mais R$ 224 bilhões em 2017, conforme previsto.

É importante observar que, ao tentar a todo custo opor a população ao protesto legítimo dos estudantes que ocupam as escolas não apenas contra a reforma do ensino feita por Medida Provisória, mas também contra os efeitos perversos da PEC 55, o governo busca frear o O Sindifisco-MG tem se posicionado debate, com o apoio de seus aliados nos meios publicamente a respeito do tema para mostrar de comunicação. que a proposta de congelar gastos não é a solução para o equilíbrio das contas públicas. Cabe, portanto, ao povo brasileiro apoiar as manifestações estudantis e, mais do que isso, Ao contrário disso, adequado seria otimizar reforçar nas ruas a luta contra a PEC 55 e seus as receitas por meio do combate à sonegação impactos sobre os direitos trabalhistas, a saúde, fiscal – denominação que busca escamotear o a educação, a previdência social e o emprego. roubo puro e simples de recursos públicos –, Enquanto ainda há tempo.

Acesse sindifiscomg.org.br


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Com PEC 55, recursos da cultura terão corte de 90% RETROCESSO Sem um piso obrigatório, orçamento do setor será tão pequeno que as principais ações correm risco de paralisação total Fora do Eixo

Pedro Rafael Vilela De Brasília (DF)

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Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que congela o orçamento do governo federal por 20 anos tem sido alvo de duras críticas porque vai impactar diretamente em áreas como saúde, educação e assistência social, com significativa redução dos investimentos. Mas na área cultural a PEC será ainda mais devastadora. Isso porque, diferentemente da saúde e educação, que possuem pisos orçamentários obrigatórios, previstos na Constituição, a cultura não tem essa garantia.

Com a PEC, na prática, todas as ações do MinC serão paralisadas”

Assim, pode perder até 90% de seus recursos em apenas cinco anos. A projeção foi apresentada pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), João Brant. Em 2016, o orçamento total da pasta foi de aproximadamente R$ 1,23 bilhão. Se a PEC for aprovada, esse orçamento não poderá crescer mais que a inflação do ano

anterior. Como não se pode mexer nos recursos do pagamento de salários e previdência e nas despesas obrigatórias, por exemplo, o corte será justamente no montante de recursos que é destinado às ações específicas do ministério. “O que a gente pode prever, para os próximos cinco anos, é que a Cultura tenha uma perda de aproximadamente 90%

do seu orçamento voltado a despesas finalísticas, ou seja, editais, obras, convênios com estados e municípios”, exemplifica João Brant. Em nota técnica publicada recentemente, Brant, que foi secretário-executivo do ministério na gestão Dilma Rousseff até abril deste ano, explica que com a queda de quase 90% do orçamento voltado para as ações

culturais, na prática, todas as ações do MinC serão paralisadas. Isso inclui editais de pontos de cultura, ações voltadas à cultura negra, obras de patrimônio cultural e exposições de museus, financiamentos não-retornáveis do Fundo Setorial do Audiovisual, além de ações de digitalização da Biblioteca Nacional, bolsas da Fundação Casa de Rui Barbosa e todas as ações financiadas pelo Fundo Nacional de Cultura, segundo conclusões do documento. Com isso, a tendência é o fechamento de unidades inteiras vinculadas ao ministério ou até mesmo a transferência da gestão para a iniciativa privada. O MinC possui atualmente sete unidades vinculadas, como a Agência Nacional do Cinema e Audiovisual (Ancine), a Fundação Nacional das Artes (Funarte), a Fundação Biblioteca Nacional e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Cortes devem impactar principalmente os Pontos de Cultura ANÁLISE 9 mil pontos de cultura, que atendem a 9 milhões de pessoas, podem ficar sem recursos

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s medidas do governo vão na contramão do processo de desenvolvimento de outros países, que ampliaram seus gastos sociais, explica a socióloga Daniela Ribas, integrante do colegiado setorial de música no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC). “Agora, a cultura passou a ser vista como gasto e não como vetor

do desenvolvimento humano e econômico”, critica. Daniela prevê que o corte de 90% nas ações finalísticas do MinC deve impactar principalmente o Programa Cultura Viva, responsável pelos mais de 9 mil Pontos de Cultura espalhados pelo país, que atendem diretamente a cerca de 9 milhões pessoas. Criado em 2004, no gover-

no Lula, os Pontos de Cultura são formados por grupos da sociedade civil que recebem verba para desenvolver atividades relacionadas com a música, dança, literatura, artes plásticas, cinema, economia solidária, entre outros, principalmente nas regiões mais pobres do país. Também estão comprometidas as políticas de participação

social em fóruns, conselhos, conferências e colegiados. “Apagão cultural” Com os cortes recaindo sobre Pontos de Cultura e participação social, Daniela Ribas cita a ameaça de um “apagão cultural” nos próximos anos. “Os direitos culturais deixam

de ser percebidos pela população e o paradigma de cultura será o de megaeventos. A tônica da democratização do acesso à cultura dará lugar a políticas desarticuladas da ideia de desenvolvimento humano e de valorização da diversidade, questões que têm pouco lugar no mercado de entretenimento”, analisa a socióloga.


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MUNDO

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Conservadorismo radical vence nos Estados Unidos IMPERIALISMO Para analista, Trump representa derrotas para todos Reprodução

Da Redação (Com informações do Opera Mundi)

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empresário republicano Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, na última quarta (9) após uma disputa acirrada com a democrata e ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Ele obteve 290 dos 270 votos eleitorais

Republicanos voltam à Casa Branca depois de oito anos

de que precisava, enquanto Hillary obteve apenas 218. Em seu primeiro discurso, Trump prometeu “unir o país” e se comprometeu a “se dar bem com as nações que querem se dar bem conosco”. “É hora de os Estados Unidos curarem as feridas da divisão e se unir

como um só povo”, clamou, na tentativa de amenizar a polarização política e social decorrente da campanha presidencial. “Prometo a cada cidadão que eu serei o presidente de todos os norte-americanos”, declarou. Com o resultado, os republicanos voltam à Casa

Branca após oito anos, quando o então presidente George W. Bush (20012009) passou o cargo ao democrata Barack Obama. Todos perderam Em artigo, o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Igor Fuser avalia que Trump é a representação do “imperialismo nu, descarado, sem disfarces”. “Um presidente racista, que prometeu construir um muro na fronteira com o México e ainda mandar a conta para os mexicanos pagarem. Um presidente que incluiu entre suas promessas de campanha

a proibição da entrada de muçulmanos nos EUA. Demagogo, oportunista, machista, homofóbico”, disse. Com uma opinião semelhante, Haroldo Ceravolo Sereza, em artigo para o Opera Mundi, afirmou que a eleição de Trump é mais um episódio dos “terríveis anos 2010, que parecem prontos a destruir os avanços conquistados a partir dos anos 1990 por liberais (nos Estados Unidos) e socialdemocratas (na Europa), em especial no respeito às minorias, na vida cotidiana e política”. Leia mais em www.brasildefato.com.br

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ENTREVISTA

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“Nós somos a bola da vez dos golpistas” NEGRITUDE Militante religiosa de matriz africana afirma que negros serão os mais prejudicados com as ofensivas do governo Temer e avanço do conservadorismo Larissa Costa / Brasil de Fato MG

Raíssa Lopes

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élia Gonçalves, a Makota Celinha, é jornalista, negra e líder religiosa de matriz africana. Makota é o nome usado no Candomblé para denominar um cargo feminino de grande importância na religião, a “zeladora” dos orixás. A militante esteve presente no último Encontro Mundial dos Movimentos Populares com o Papa, realizado no início de novembro, no Vaticano, e falou ao Brasil de Fato MG sobre a importância da liberdade religiosa em tempos de conservadorismo, racismo e golpe. Brasil de Fato - Conte um pouco da sua trajetória como militante do movimento negro e também religiosa. Makota Celinha – Eu comecei a militar no movimento negro no fim da dé-

Religiões são semelhantes, diferente é a forma de rezar” cada de 70. Eu venho da Juventude Operária Cristã, das Comunidades Eclesiais de Base. Participei da construção do Partido dos Trabalhadores (PT) e daí surge minha atuação no movimento negro. Nos anos 90 eu me iniciei no Candomblé, onde estou há 25 anos. Atualmente sou uma Makota, que dentro da hierarquia da religião é uma qualidade de ‘zeladora’ do Axé. Nessa época, eu fiz uma opção muito clara sobre a minha fé de matriz africana. Foi também quando aconteceu no Brasil o primeiro Encontro

“Vejo um massacre das políticas sociais”

Nacional das Entidades Negras (ENEM), e, para participar, você tinha que ser filiada a alguma entidade do movimento. Como nunca fui de nenhuma, participei da criação de uma entidade de candomblecistas e umbandistas, a Congregação Mineira de Candomblecistas (Concan). Criamos o Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-brasileira (Cenarab) e também surgiu a Coordenação Nacional das Entidades Negras (Conen). Uma das grandes questões que move o Cenarab, hoje presente em 18 estados, não é discutir religião, não importa se você acende a vela de cabeça pra baixo ou pra cima. Pregamos o direito, o respeito e o livre arbítrio. As pessoas são livres e todas as religiões são semelhantes, o que é diferente é a forma de rezar. Qual é a importância de falar de liberdade religiosa hoje, com o avanço do conservadorismo? Após a década de 90, vimos um crescimento de um setor extremamente conservador, que tem um projeto político teocrático para o país.

São os neopentecostais, que, particularmente, considero os mais ofensivos. Se essas pessoas não fizessem da sua prática religiosa um exercício de ofensa às demais religiões, tudo bem, mas não é isso que acontece. Falar da liberdade é reconhecer o outro na sua subjetividade. Nessa questão, nós recuamos uns 25 anos com o golpe, que foi midiático, jurídico e legislativo. Qualquer processo abrupto de quebra da democracia por si só traz retrocesso. Agora, quando esse processo de rompimento se dá com base no fortalecimento de setores ultraconservadores é muito pior. O que eu vejo é o massacre das políticas sociais, crescimento da intolerância, homofobia, desrespeito, machismo. Você é jornalista. Como você vê o racismo na mídia hegemônica?

Maioria dos usuários do SUS é negra e pobre”

A mídia é horrorosa, serve ao grande capital. É uma mídia que disse que eu não prestava pra fazer televisão, há 30 anos, porque eu sou preta e meu cabelo é crespo. Quem é negro liga a televisão e não vê espelho. Quando a Rede Globo resolveu colocar uma protagonista negra na novela, o título era

Estão congelando por 20 anos a possibilidade do meu filho ser alguém” ‘Da Cor do Pecado’, reforçando o estereótipo do qual somos vítimas. Nas ficções, negras são empregadas domésticas que vivem 24 horas para a família branca, não têm nenhum vínculo – sem pai, sem mãe, sem casa. São colocadas como objetos de empréstimos. A mídia brasileira é extremamente per-

versa nesse sentido. Com tantas vantagens do sistema de cotas, por exemplo, as matérias jornalísticas exploram os poucos problemas e afirmam que a política pública não presta. Como foi o encontro com o Papa? Foi ótimo. Discutimos pautas dos movimentos populares, inclusive a Ocupação Izidora. Levei para o Papa Francisco a carta de uma moradora e um vídeo das famílias. Pontuamos também a questão do pontífice ser mais contundente contra o Estado teocrático,

Quem é negro liga a televisão e não se vê” falamos sobre a mortalidade da juventude negra. Foi um avanço. Eu fui enquanto Makota, religiosa de matriz africana, e tinha muçulmano, judeu, pastor. O que a PEC 55 e as demais ofensivas do governo Temer têm a ver com o povo negro? Tudo. Nós somos a bola da vez dos golpistas. A maioria dos usuários do SUS é negra, pobre. Quando o Ministro da Educação vai a público falar que quem não tem dinheiro não vai estudar, ele está falando pra mim, pro meu filho. É como se eles estivessem congelando por 20 anos a possibilidade de o meu filho ser alguém. A PEC 55 é, na verdade, uma caixinha de maldade contra os negros. Eles sabem quem estão matando e por que estão matando.


12 12 VARIEDADES

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Mídia Fantástico e o silenciamento do MST

Amiga da Saúde Amiga, sempre que mastigo chicletes por um tempo fico com fome. Por que isso acontece?

Gabriela Reis, 15 anos, estudante

Maurini Souza No domingo (6), o programa Fantástico, da Rede Globo, veiculou uma matéria de seis minutos e catorze segundos sobre o que os apresentadores chamaram de “uma operação policial em um acampamento do MST” no Paraná que encontrou “uma organização” que “funcionava como um estado paralelo”. A reportagem informa que “por trás da bandeira do MST uma quadrilha atuava no interior do Paraná”. As escolhas da edição da notícia repetem tendências da emissora. Dos sete entrevistados, dois (rostos ocultados) são identificados como do MST e denunciam atos de estelionato e abuso de poder. O terceiro (também de rosto ocultado) é apresentado como alguém que “abandonou o movimento”. Nessas declarações, a reportagem não esclarece se as denúncias são contra os suspeitos ou contra o Movimento Social. O quarto entrevistado é um fazendeiro (gravado com imagem desRede Globo focada), que teve sua fazenda ocupada e lamanipulou menta o “prejuízo de mais de 5 milhões de informações reais”. Nenhum dos nomes dos entrevistados é apresentado. Os outros três entrevistados são uma delegada, falando das investigações, um delegado, falando sobre a associação entre as polícias do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul e o secretário de Segurança Pública do Paraná, que, pela primeira vez, já no final da matéria, esclarece que as denúncias não são contra o MST e nem contra procedimentos do Movimento, mas contra um grupo contra o qual houve denúncias. Nenhum acampado do MST foi entrevistado. A Rede Globo mostra tendenciosidade do texto e manipulação de informações. Os silêncios sistematicamente apontam para uma direção de proteção aos atos, mesmo ilegais. A isso se diz criminalização do movimento social por parte da mídia. Maurini Souza, jornalista e professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Leia a íntegra do artigo em: migre.me/vsqvp Leia também: Sete perguntas que o Fantástico não fez na reportagem sobre o MST: migre.me/vsque

Isso acontece porque o açúcar do chiclete faz aumentar a liberação de insulina no corpo, reduzindo os níveis de glicose sanguínea, o que provoca fome. Mas quando você fica muito tempo mastigando, liberam-se enzimas digestivas que aumentam a acidez do estômago, podendo provocar queima-

ção e dor. Já algumas pessoas observam que costumam usar o chiclete nas horas em que têm mais vontade de beliscar, o que pode ajudar a reduzir a fome e a controlar o peso. Com isso consegue-se driblar a fissura por comida. Nesse caso o chiclete deve ser sem açúcar.

Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf.

Nossos direitos Jovens de baixa renda podem viajar de graça em ônibus e trens interestaduais A juventude brasileira conquistou um importante direito. Prevista no Estatuto da Juventude – fruto de intensa luta do movimento estudantil, a gratuidade em viagens de ônibus e trens insterestaduais para jovens de baixa renda já está regulamentada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Serão reservadas duas vagas gratuitas em cada veículo ou comboio ferroviário de serviço convencional, e mais duas vagas com desconto de pelo menos 50%, após o preenchimento dos dois primeiros bancos. Para solicitar o benefício, o estudante deverá apresentar a “Identidade Jovem”.

O documento é emitido pela Secretaria Nacional de Juventude para pessoas de 15 a 29 anos com renda familiar de até dois salários mínimos e inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). A Identidade Jovem é emitida de modo virtual, sendo preciso instalar o aplicativo iD Jovem. Para as localidades onde há dificuldade no acesso à rede mundial de computadores, o documento é emitido por meio de cartões plásticos. Caso a empresa se recuse a reconhecer seu direito, procure a agência da ANTT, presente nas rodoviárias e estações.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.


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13 VARIEDADES 13 por Alan Tygel*

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas Panquecas de espinafre

INGREDIENTES 3 copos de água 3 ovos inteiros 3 dentes de alho 50 g de queijo parmesão 1 maço de espinafre (use somente as folhas, o talo pode ser utilizado em outras receitas do dia-a-dia) • 500 g de farinha de trigo • Sal a gosto • • • • •

Modo de preparo Cozinhe o espinafre somente com água. Junte no liquidificador 3 copos de água (utilize a do cozimento do espinafre), o espinafre cozido, os ovos inteiros, o queijo parmesão, sal a gosto e adicione aos poucos a farinha de trigo. A massa é leve e tem uma textura cremosa, não pode ser nem muito líquida e nem muito grossa. Para fazer as panquecas, utilize uma frigideira antiaderente, em fogo baixo, com uma gota de azeite para não grudar. Coloque uma concha por vez e espalhe a massa pela frigideira. Por fim, recheie a panqueca, enrole e salpique parmesão ralado. Leve ao forno por 10 minutos e pronto!

Recheio O recheio da panqueca pode ser de carne moída, queijo, frango ou banana. Depende do gosto. O importante é que o recheio seja mais sequinho. * Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


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CULTURA

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Festival de cultura negra ocupa a PUC

Exposição retrata mestres do samba

PROTAGONISMO Grupo de estudantes negros e negras organiza evento para dar visibilidade a africanidades De 28 a 30 de novembro a Pontifícia Universidade Católica (PUC) campus Coração Eucarístico recebe o Festival Africanidades – Conquistar Direitos e Afrontar o Racismo. Serão três dias de palestras, atividades culturais e exposição de afroempreendedores, organizadas pelo coletivo Enegrecer. O evento busca debater como os negros estão - ou não - ocupando os espaços de visibilidade, como a universidade. “Na PUC a temática negra é relegada a segundo plano. Nas licenciaturas, por exemplo, só temos uma disciplina de história da África”, critica Jonathan Monteiro, estudante de história. A programação discute a educação afro-brasileira, extermínio da juventude ne-

gra, a luta pelos direitos LGBT pela perspectiva negra, o racismo na saúde e novas linguagens da luta antirracista. PUC ocupada O campus Coração Eucarístico está ocupado pelos estudantes desde 4 de novembro

contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, antiga PEC 241, que congela investimentos em educação até 2036. A ocupação não interfere nas aulas e na realização de eventos.

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EDITAL DE CONVOCAÇÂO 09 de Novembro de 2016. A comissão provisória, instituída em última reunião, convoca a todos interessados na criação de uma associação, com fins de contribuir para a promoção da agroecologia, do desenvolvimento sustentável e dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais das diversas comunidades do campo e da cidade, a participar da Assembléia Geral, que ocorrerá no dia 22 (vinte e dois) de Novembro de 2016, às 16 horas, no Centro de Formação Francisca Veras, localizado na Avenida Amazonas, 5855, Bairro Gameleira, Município de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, com a seguinte ordem do dia: Discussão e Deliberação sobre a Constituição da Associação Discussão e Deliberação sobre o Estatuto Social da Associação Eleição e posse dos Órgãos de Direção e Conselho Fiscal da Associação. Atenciosamente

Luis Carlos Pereira Pela Comissão Provisória

Até o dia 29 de novembro, a exposição fotográfica “Personagens do Samba”, do artista Elmo Alves, fica em cartaz no Centro Cultural Libertino Alves de Oliveira (Av. Antônio Carlos, 821 - Mercado da Lagoinha). O centro exibe um ensaio realizado no ano de 2012 com os músicos Mandruvá, Lucinha Bosco, Mestre Conga e Doneliza, além de fotos do arquivo do Museu Histórico Abílio Barreto. As imagens, todas em preto e branco, retratam a elegância de senhoras e senhores que dedicaram a vida ao ritmo e até hoje levam a cultura desse estilo para diferentes lugares. A entrada é franca.

Arrasta pé ao ar livre O grupo “Forrozeiros de Rua”, de Belo Horizonte, tem como objetivo reunir dançarinos e adeptos do ritmo uma vez por mês em espaços públicos da capital. A próxima edição, que será realizada no sábado (12), acontece no Viaduto Santa Tereza e conta com a presença de DJs e da banda Trio Balancê, que tocarão os famosos clássicos para dançar agarradinho. O evento começa às 14h e se estende até meia noite, na Rua Aarão Reis (Centro).

Feirinha artesanal

No sábado (20), será realizada a primeira edição da “Feira Comum”, novo espaço para artistas e produtores de BH mostrarem o seu trabalho. Vai ter brechó, comidas caseiras, cerveja, música, cinema, galeria, oficinas e muitas outras atividades. O evento é organizado pelo coletivo “Casa Comum” e acontece de 11h às 20h na Rua Bambuí, nº 831, bairro Cruzeiro. A entrada é gratuita. Para saber mais, acesse: www.facebook.com/casacomumbh.


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ESPORTES

Jogador inglês é suspenso por racismo

na geral

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Reprodução de vídeo

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O meio-campista Jonjo Shelvey, do Newcastle, está prestes a ser punido por racismo na Liga Inglesa. Durante uma partida da segunda divisão, ele ofendeu o jogador marroquino Romain Saïss, do Wolverhampton, com diversas expressões racistas. O fato foi relatado por um colega de Shelvey. O Newcastle perdeu a partida por 2 a 0. A punição provável do jogador será de pelo menos cinco jogos de suspensão.

Michele Kanitz é a primeira treinadora da Ferroviária Associação Ferroviária de esportes

CTE seleciona adolescentes

Curto e Grosso Divulgação CTE / UFMG

Globo e o poder, tudo a ver Bruno Cantini

A equipe da Ferroviária, atual campeã da Libertadores femina, anunciou, na última semana, a primeira treinadora de sua história: a técnica Michele Kanitz, de 25 anos. Seu objetivo central é buscar o bicampeonato da competição continental. Michele é natural de Muçum (RS) e graduada em Educação Física. Iniciou a carreira como auxiliar e treinadora de categorias de base masculinas e foi estagiária de análise de desempenho no Atlético Paranaense e Atlético Mineiro.

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Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG seleciona adolescentes entre 12 e 16 anos, de ambos os sexos, para compor sua nova equipe de atletismo. O processo seletivo terá provas de corrida de velocidade, salto em distância, lançamento de pelota e corrida de resistência. Não é obrigatório ter experiência na modalidade. Os selecionados passam a treinar na estrutura do CTE, com acompanhamento profissional. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail: tetratlo@gmail.com. Onde: Avenida Alfredo Camarate, S/N. B. São Luiz. BH Quando: 19 de novembro Informações: (31) 3409-3340

Novembro mês da consciência negra Tire o seu racismo do caminho, que eu quero passar com a minha cor!

A Rede Globo mostrou de novo quem manda no futebol brasileiro. Horas antes do sorteio dos mandos de campo da final da Copa do Brasil, o jornal Hora 1, transmitido antes mesmo do amanhecer, já anunciava que a decisão entre Atlético x Grêmio será disputada em Porto Alegre. Difícil saber qual a vantagem para a Globo de se fazer a última partida no sul. De qualquer forma, o fato escancara o poder da emissora no destino dos jogos do ludopédio nacional. Nem o “sorteio” dos mandos escapa: por trás da fachada da fortuna, a única variável que importa é a necessidade comercial do plim-plim. Se a gente fica “p” por ter que assistir ao jogo tarde, após a novela, ou quando o horário e a data da partida do time do coração mudam em cima da hora, só para atender à “grade de programação da TV”, melhor relaxar. Algumas madrugadas podem revelar coisa pior.

Você tem críticas, sugestões ou perguntas a fazer?

O SINDIBEL reafirma sua luta contra o preconceito racial e saúda as trabalhadoras e trabalhadores negros da Prefeitura de Belo Horizonte. Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte - SINDIBEL

Diego Silveira

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Começam os Jogos da Juventude

ESPORTES

DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução

Gilvan Moreira / Inovafoto - COB

Começou, nesta quinta (10), o maior evento estudantil e esportivo do país: os Jogos Escolares da Juventude. O evento, que acontece na cidade de João Pessoa (PB) até o dia 19, conta com a presença de cerca de 4 mil atletasestudantes. A delegação mineira enviou 156 representantes, de 33 municípios. Eles competem nas modalidades de

atletismo, basquete, ciclismo, futsal, ginástica rítmica, handebol, judô, luta olímpica, natação, tênis de mesa, vôlei, vôlei de praia e xadrez. Até o fechamento desta edição, ainda não tinha terminado o jogo entre Brasil e Argentina, no Mineirão, pelas eliminatórias da Copa.

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Há muitas coisas na Argentina que estão erradas no momento e a situação nas eliminatórias é consequência disso. Não vamos sair dessa situação com gente que tem mais a ver com uísque do que com futebol. Diego Maradona, ex-jogador da seleção argentina, comentando os rumos do futebol no país e o risco de a “albiceleste” não se classificar para a Copa do Mundo.

Gol de placa A CBF anunciou que, a partir de 2017, jogadores refugiados no Brasil poderão registrar-se em times brasileiros como atletas nacionais, para além do limite de cinco estrangeiros por equipe. A medida já consta no Regulamento Geral de Competições da entidade.

Gol contra Em Varginha, a vitória do Boa Esporte por 3 a 0 sobre o Guarani, na final da série C, terminou com confusão entre a Polícia Militar e torcedores. A PM disparou indiscriminadamente contra a torcida do Bugre, que tinha idosos e crianças. Uma advogada foi agredida no rosto por um policial.

Decacampeão

É Galo doido!

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Léo Calixto

Virtualmente rebaixado, não tem mais por que o América relacionar para os últimos jogos atletas que não devem – ou não deveriam – ficar em 2017, como Ernandes, Nixon, Bruno Teles e Danilo Dias. Outros, como Guerreiro e Tony, precisam ser enDecacampeão costados para dar chance aos que não tiveram. É hora de lançar de vez a meninada da base, seguindo com Christian e Messias e incluindo Makton, Xavier, Renato Bruno, Sávio e Vitinho. Os jogos restantes, contra Flamengo, Grêmio, Sport e Santos, são raras ocasiões para testar e dar experiência a jovens da base sem a pressão de vencer. É uma oportunidade para iniciar um 2017 diferente: com valorização da prata da casa e menos barcas furadas.

O Atlético tem tempo para colocar a cabeça no lugar. Só receberá o Palmeiras no dia 17. Que surpresas nos aguardam nesse confronto? Quais mistérios precisaremos desvendar em Marcelo Oliveira? Alguns críticos reclamam da falta de padrão É Galo doido! de jogo, outros de apatia. Muitos falam em desgaste. Para mim, é tudo isso e algo mais. A qualidade do elenco é inquestionável, mas como aceitar que, mesmo assim, a equipe sofra apagões? Dá para ficar com a pulga atrás da orelha quanto às possibilidades de título na Copa do Brasil ou mesmo da garantia de terceiro lugar no Brasileiro. Vejamos se o treinador ainda guarda truques na manga para sermos, finalmente, poupados de outra penitência.

É com extrema indignação que escrevo a coluna desta semana. Indignação com a posição do Cruzeiro Esporte Clube em relação à morte de Eros. Torcedor cativo no Mineirão, Eros foi espancado dentro do estádio no jogo contra o Grêmio, váLa Bestia lido pela Copa do Brasil,Negra e veio a falecer. Não podemos aceitar que um clube que se coloca como o “Clube do Povo” deixe passar uma situação grave como esta sem fazer a mínima homenagem a seu torcedor. O protesto/homenagem feito pela China Azul no jogo contra o Fluminense mostrou a indignação não só com a morte de Eros, mas com todo o processo de elitização do futebol brasileiro que considera torcedor organizado como bandido. EROS PRESENTE!


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