Edição 163 do Brasil de Fato MG

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CIDADES

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BRASIL

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A vida em uma escola ocupada

Gilmar ao lado dos patrões

Eles cozinham, organizam aulas, fazem sua própria comida e limpeza. Estudantes ocupam quase 200 instituições de ensino em Minas como forma de protesto

Decisão de ministro do Supremo ataca direitos trabalhistas, causa insegurança jurídica e dificulta luta dos trabalhadores

Minas Gerais

25 de novembro a 2 de dezembro de 2016 • edição 163 • brasildefato.com.br • facebook.com/brasildefatomg • distribuição gratuita

MINAS

MÌDIA FORA DO EIXO

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Do outro lado da linha Emprego ou humilhação? Conheça a vida de quem trabalha como operador de telemarketing, emprego com altos índices de problemas psicológicos

MINAS

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Vitória da luta pela terra Justiça decide que decreto de desapropriação de terra para reforma agrária é válido. Situação aconteceu em Campo do Meio (MG) contra empresa falida e devedora

Crise afeta mais as mulheres

BRASIL

9, 11 e 12

Diz o ditado que a corda sempre arrebenta no lado mais fraco. Com a crise econômica, agravada com as medidas do governo Temer, a situação para as mulheres fica mais difícil. A piora nos serviços públicos, como saúde e educação, resultará em mais trabalho doméstico para as mulheres. Com aumento do desemprego e precarização do trabalho, há uma tendência em intensificar a violência contra as mulheres


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

Editorial | Brasil

A PEC 55 e a explosão da desigualdade

ESPAÇO dos Leitores

“O movimento era pacífico e por pautas justas. Professores e o vice-reitor colocaram-se entre a polícia e os estudantes. Mas ninguém sabe disso. Isso é ditadura”

Por todo o mundo, governos procuram por medidas de enfrentamento à crise internacional do capitalismo que se arrasta desde 2008. O motivo da crise pode ser traduzido na dificuldade das elites econômicas em acumular mais riquezas, retomando altas taxas de lucro de períodos anteriores. Como saída, buscam aumentar a exploração sobre os trabalhadores, o domínio dos recursos naturais e a apropriação das ações do Estado. A PEC 55 (antiga 241) está inserida neste contexto. A proposta do governo não eleito de Michel Temer é de congelar os investimentos primários do Estado, como saúde e educação, para os próximos 20 anos. Isto for-

Cynthia Carneiro, sobre a matéria “PM usa bombas e gás lacrimogênio contra estudantes que protestavam na UFMG”.

“Lamentável... E a punição?” Bárbara Alves Porto, sobre a mesma matéria.

“Ver a polícia militar do Estado de Minas Gerais entrando na universidade (UFMG) para ferir estudantes, colocando em risco alunos e crianças, como acontecia apenas na época da ditadura, é o fim dos tempos”

Melliandro Galinari, também sobre a mesma matéria.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

PEC coloca Brasil junto a Bangladesh, Guatemala, Madagascar e Nigéria talece as condições para aplicar um conjunto de outras medidas neoliberais, praticamente tornando obrigatória a reforma da previdência, sedimentando caminho para a entrega de empresas e serviços públicos para a iniciativa privada e a terceirização generalizada do trabalho. É a conta da crise (e do golpe) sendo imposta ao trabalhador. Nenhum país de economia avançada ou emergente vinculou à sua constituição medida semelhante. O aumento das despesas primárias ocorreu na maioria desses países. Em apresentação na Comissão de

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

Assuntos Econômicos do Senado, o professor de economia Felipe Carvalho de Rezende afirma que se a PEC 55 for aprovada, já em 2026 o governo federal teria uma redução dos atuais 22% para apenas 15% da taxa de “despesas” totais da União em relação ao PIB. Comparando com as despesas realizadas em 2014 por 191 países, somente 16 países tiveram investimento menor que 16% em relação ao PIB, como Bangladesh, Guatemala, Madagascar e Nigéria. PEC impede políticas de distribuição de renda A desigualdade social mundial permaneceu crescente, gerando dados estarrecedores. Em 2015, 1% da população mundial acumulou tanto dinheiro líquido e investido quanto os 99% restantes. Já no Brasil, segundo dados da Receita Federal de 2013, 71 mil brasileiros possuíam renda mensal superior a 160 salários mínimos e concentravam 22% de toda a riqueza nacional. Medidas que atingiriam aqueles que detêm maior poder econômico, como a revisão do pagamento da dívida pública (que somente em 2015 consumiu R$ 962 bilhões do orçamento federal), a regulamentação da taxação das grandes fortunas e a reforma tributária (para cobrar de quem tem mais lucro, renda e patrimônio) sequer são cogitadas. A PEC 55 não possui paralelo no mundo e está na contramão da história. Sua implementação levará ao aprofundamento drástico das desigualdades sociais. Somente a ação e unidade da classe trabalhadora organizadá poderá evitar tamanho retrocesso.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Laísa Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

?

O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar: você acha que a polícia pode impedir que as pessoas filmem e fotografem a ação policial?

Você tem direito de opinar e se manifestar, desde que não agrida ninguém. Eu acho errado a polícia usar do abuso de poder para esconder, para não deixar que noticiem. A população tem que ver o que a polícia está fazendo.

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Declaração da Semana Divulgação

PERGUNTA DA SEMANA

Em diversos episódios de repressão a manifestações, a PM tenta impedir que as ações sejam filmadas e fotografadas, mesmo quando acontecem no espaço público. Foi o que ocorreu, por exemplo, na quinta (24), em Belo Horizonte. Um jornalista foi preso enquanto tentava filmar a retirada violenta de estudantes que protestavam na rua da Bahia, altura do Parque Municipal.

GERAL

“Ser mulher é louco. A gente nasce, faz, luta, cria, produz, reproduz, cuida, ama, parece com a filha, parece com a mãe, ama mais, protege, trabalha, inventa, respeita. Então, #RespeitaAsMina” Escreveu Tiê em rede social

Eu sou contra a violência. Trabalhei no hospital militar por 25 anos e nunca fui a favor disso. Se as pessoas estão manifestando, é porque precisam. E também sou contra proibir de filmar. Será que eles têm ordem do comandante para proibir isso?

Andreia Ferreira Silvano, secretária

Maria Eunice, enfermeira

CONVIDA

CICLO DE DEBATES

SISTEMA POLÍTICO, DEMOCRACIA E COMUNICAÇÃO NO BRASIL

29 NOV

Site monta receitas com ingredientes da sua geladeira Quem nunca sofreu para decidir o que cozinhar? A dúvida incomoda muita gente, mas o que poucos sabem é que existe um site destinado a montar receitas com os ingredientes que cada pessoa tem na geladeira. É o Receita Sem Fronteiras, projeto que, além de descomplicar o preparo das refeições, ainda tem o objetivo de incentivar a criatividade. Na plataforma, é possível adicionar até dez alimentos. A própria página os combina e apresenta diferentes tipos de cardápios que podem sair dali. Acesse: www.receitas-sem-fronteiras.com

Com planejamento, fim de ano fica mais barato

SISTEMA POLÍTICO E CONSTITUINTE

Ricardo Gebrim (Consulta Popular) & Beatriz Cerqueira (CUT MG)

veja a programação completa: facebook.com/brasildefatomg DOS BANCÁRIOS 19h I SINDICATO Rua dos Tamoios, 611 - Centro APOIO CUT MG, Serjusmig, Sindágua, Sindibel, Sindieletro, Sindifes, Sindifisco, SindMetal BH, Sindsaúde, SindUTE, Sinpro, Sinttel

PATROCÍNIO

O final de ano é um dos períodos em que o brasileiro mais gasta. Muitas vezes, os produtos adquiridos podem comprometer seriamente o orçamento dos meses seguintes. Para evitar dívidas, é importante relacionar os gastos normais e os típicos da temporada, como viagens, ceias, IPVA e IPTU. Além disso, listar as pessoas que quer presentear e antecipar a ida às compras economiza tempo e dinheiro. A pesquisa de preços também facilita e inclusive deve ser utilizada em lojas online, que costumam oferecer promoções interessantes na data.


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MINAS

Belo Horizonte, 11 a 17 deamarço de 2016 de 2016 Belo Horizonte, 25 de novembro 2 de dezembro

Do outro lado da linha

EXPLORAÇÃO Operadores de telemarketing falam sobre os problemas da profissão, que tem alto índice de ansiedade e transtornos mentais Reprodução

do que deveriam, segundo diretora do Sindicato de Telecomunicações (Sinttel) e operadora da empresa Atento, Sabrina Ribeiro. Cada trabalhador é obrigado a atender 200 ligações ao dia, em média.

Rafaella Dotta e Raissa Lopes

M

ilhares de pessoas se apertam nos setores de Ponto de Atendimento (PA) em galpões e prédios em Belo Horizonte. Falatório, ameaças e pressão são os três elementos mais recorrentes na vida das pessoas que trabalham como operadoras de telemarketing. Os donos e as donas das vozes por trás das ligações passam por problemas trabalhistas sérios, atingindo um grande número de atestados por transtornos mentais e comportamentais, doen-

A meta estipulada pelas empresas é o tempo, não a qualidade

Ditadura do tempo “Funciona assim: quanto menor o tempo de cada ligação, mais pessoas você atende. Nisso, é reduzida a ida ao banheiro e os tempos de descanso”, conta Nazaré Santos, diretora de saúde do Sinttel e ex-operadora na empresa AlmavivA. E tem também a história do “Nelson”. Um urso de pelúcia que era colocado na cabine da pessoa que ia

ao banheiro. Ninguém poderia ir sem pegar o “Nelson”, de modo que só uma pessoa da equipe de 40 iria ao banheiro por vez. Não são raros os depoimentos sobre supervisores que batem à porta do banheiro quando acham que o operador está demorando mais do que devia, ou perguntam “você está menstruada?” a mulheres que, eles acham, estão visitando o sanitário mais do que o normal. São 6 horas e 20 minutos de trabalho por dia. A Norma Regulamentadora 17, do Ministério do Trabalho e Emprego, prevê que a cada uma hora o operador tem direito a 10 minutos de descanso. Porém, em desacordo com a lei, as empresas não cumprem os intervalos. Segundo operadores das empresas AlmavivA, Atento e ACI, o padrão são dois intervalos de 10 minutos para descanso e um de 20 minutos, para lanche ou almoço.

ro, que trabalhou durante um ano e meio no setor de diagnóstico de doenças em uma empresa de call center, reafirma a dura realidade dos operadores. “Eu vi um lado muito difícil do trabalho, da pressão das metas, de ter que produzir o tempo todo. As empresas comparam pessoas às máquinas e querem que os operadores sejam melhores”, diz. Ela lembra que de um universo de 6 mil trabalhadores, 400 deles pediam atestado médico por semana. Bruna explica que, como os problemas de saúde não eram con-

siderados doenças desenvolvidas pelo trabalho, a corporação não tinha responsabilidade em manter os funcionários. Empresa nega abusos A AlmavivA do Brasil negou a ocorrência desses problemas na empresa. Entre as afirmações, a instituição declarou não “existir excesso de trabalho”, não tolerar assédio e que cumpre as legislações, incluindo as pausas necessárias na jornada de cada funcionário. A Atento não respondeu às solicitações e a ACI não foi encontrada.

Cada trabalhador atende 200 ligações ao dia ças nos ossos e sintomas relativos à fala. O trabalho de telemarketing pode ser dividido em dois tipos: o ativo – responsáveis por realizar vendas – e o receptivo – que atende reclamações e dúvidas de clientes. Durante todo o dia os operadores recebem ligação atrás de ligação, com um intervalo médio de 2 segundos entre elas. Não existe a opção de rejeitar a chamada. “Nem estou recupe-

rado de um e já cai outro atendimento”, informa um operador, de 20 anos, que prefere não se identificar. A meta estipulada pelas empresas é o tempo, não a qualidade. Devido a normas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), um cliente não pode aguardar mais que 60 segundos para ser atendido. No entanto, as empresas de telemarketing contratam menos empregados

são submetidos a comportamento incômodo. “Ela fica o tempo todo gritando, vigiando os computadores e as ligações”, diz um operador sobre sua supervisora. Ele trabalha há quatro meses no setor ativo - de vendas - e é pressionado, aos gritos, para cumprir a meta estipulada. Na entrevista, as primeiras palavras do rapaz foram: “não aguento mais”. Ele conta também sobre o exame do trabalho do operador pelo seu supervisor, onde este ouve toda a conversa entre funcionário e cliente. Em

geral, o objetivo é verificar se o operador leu todo o script da empresa, se demorou na ligação e se foi bem-sucedido em vender. A solução do problema do cliente não é um critério. A pesquisadora e psicóloga Bruna Kozlowski Cordei-

Falatório, ameaças e pressão A

legislação garante ainda o direito do operador de realizar pausas ao longo do dia. “Mas você está de pausa por quê?”, Sabrina imita seu supervisor, lembrando das inúmeras vezes que foi pressionada a voltar ao trabalho, ouvindo um sonoro “então pede conta” quando se declarava exausta. Os operadores foram enfáticos ao afirmar que as empresas não demitem ninguém, e sim fazem pressão constante até que funcionários se demitam. O assédio não para por aí. Segundo os operadores, eles

De 6 mil trabalhadores, 400 pedem atestado por semana


Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

MINAS

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Estudantes ocupam 40 escolas de BH ESCOLAS ATIVAS Em atitude inédita, alunos “moram” em instituições para protestar contra PEC 55 e demais medidas de Michel Temer Mídia Ninja

Rafaella Dotta

A

primeira ocupação de escola em Minas Gerais aconteceu em 6 de outubro, quando a Escola Estadual Milton Campos, de Belo Horizonte, foi ocupada por estudantes. Depois disso, o número chegou a 195 instituições de ensino tomadas pelos estudantes contra as medidas do governo na área da educação, em 9 de novembro. As ocupações funcionam da seguinte forma: alunos se reúnem em assembleia e realizam uma votação para ocupar ou não o local. Se o “sim” for vitorioso, define-se uma data e horário para traAlunos da Escola Estadual Rosa Canuta, de Ipatinga (MG), votam pela ocupação do local

Protesto em Brasília é o próximo passo, em 29 de novembro zerem barracas e passarem a “morar” na escola. Daí em diante começam a realizar atividades culturais, debates educativos e cuidam da sua

própria limpeza, alimentação e segurança. A maioria não impede a realização das aulas. A estudante Daniela Moura, presidente do Grêmio do Estadual Central e integrante da União Colegial de Minas Gerais (UCMG) explica que a maioria das ocupações é iniciada por estudantes que não têm relação com movimentos ou parti-

dos, apesar de essas organizações estarem participando ativamente. “Temos um movimento organizado e mobilizamos todas as regiões da cidade, mas muitas ocupações acontecem de forma espontânea”, diz. Protestos e novas ocupações Hoje, em Belo Horizonte, o número de escolas ocu-

Boas práticas

padas cresce. De acordo com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), em 9 de novembro eram 20 escolas ocupadas. Hoje, segundo levantamento da entidade, são cerca de 40 escolas. Ao contrário da capital, o interior do estado já inicia a desocupação das instituições e aposta em novas formas de manifestação, como protestos e atividades em espaços públicos.

“Os estudantes estão se preparando para uma nova fase. As ocupações são muito cansativas e precisamos pensar em nova vazão para o potencial dos secundaristas, como ações mais diretas”, defende Bruna Helena Fagundes, vice-presidenta da UBES. Para isso, estudantes de BH organizam um protesto em 25 de novembro, na Praça Sete, e no dia 29 de novembro vão a Brasília, no dia da votação em primeiro turno da PEC 55, a “PEC da morte”, no Senado. Lutando pela educação A estudante Júlia Louzada, do movimento Levante Popular da Juventude, lembra que as ocupações são contra as reformas do ensino pretendidas pelo governo não eleito de Michel Temer. “Ocupamos as escolas porque não queremos que a educação seja destruída, com a PEC 55, a reforma do ensino médio e o projeto Escola Sem Partido”, diz. Para ela, essas propostas diminuirão drasticamente os investimentos e produzirão uma educação fraca, sem aprendizado consistente. OCUPA UFSJ

(que não passam na TV) Os estudantes que estão ocupando a Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) resolveram organizar um curso gratuito para estudantes às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Durante uma semana, os universitários realizaram aulas desde a manhã até a noite para preparar os novos colegas. Já em Divinópolis, na Escola Estadual Joaquim Nabuco, uma gincana realizada arrecadou 7 toneladas de alimentos. Os ocupantes auxiliaram na organização do evento, que envolveu 1200 estudantes e irá distribuir os mantimentos a 14 entidades filantrópicas.

Na UFSJ oficinas são constantes. Na foto, alunos aprendem novos pratos com chefes de cozinha


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MINAS

Belo Horizonte, 25 de novembro 2 de dezembro Belo Horizonte, 11 a 17 de amarço de 2016 de 2016

Opinião

Chico me representa João Paulo Cunha Chico Buarque, além de ser o maior poeta da canção popular brasileira, sabe das coisas. Ao proibir a veiculação de sua música Roda Viva na abertura do programa de entrevistas de mesmo nome, da TV Cultura de São Paulo, ele mais uma vez acerta na arte e na política. O compositor acerta na arte pelo fato de impedir o emparelhamento de sua obra-prima com um programa que, nos últimos anos, envergonha sua própria trajetória. A canção, que tinha tudo a ver com um programa jornalístico ligado em seu tempo, se torna um elemento dissonante numa produção esvaziada de consistência. A “entrevista” com o presidente não eleito foi a ‘gota d’água’, para lembrar um samba do compositor. O intelectual acerta em política ao potencializar a crítica ao uso estatal e chapa-branca de uma empresa que já teve sua história ligada à construção de uma comunicação pública no Brasil. Nas mãos dos tucanos, a TV Cultura de São Paulo se tornou uma agência de propaganda ideológica, uma vitrine do

mirrado pensamento neoliberal brasileiro. O atual comando da bancada, saído da Veja, faz com que o programa venha caindo ‘pelas tabelas’, para ficar no repertório buarquiano. O Roda Viva tem história, que vem dos primeiros anos da redemocratização. Se firmou como uma tribuna que acolhia com respeito,

Roda Viva envergonha sua própria trajetória mas sempre com firmeza, nomes que percorriam o espectro amplo da política, cultura, economia e pensamento. O importante era dialogar com o país, retomar o jornalismo na televisão, ampliar o debate com a sociedade. O que ocorria nas noites de segunda-feira era uma pauta obrigatória em todas as conversas da semana. Não é preciso que a crítica venha de fora, o próprio Judas fez questão de agradecer de viva voz pela “propaganda”. Para um jor-

nalista, ser chamado de publicitário é como receber uma estaca de madeira no peito. Coisas que vampiro entende. A história tem suas coincidências. Roda Viva, a canção, fez parte de um musical de mesmo nome. O personagem principal da montagem, Ben Silver, é um artista que resolve mudar de nome e de postura para agradar ao público, que se deixa seduzir pela mentira maquiada de modernidade. Não tem caráter, mas tem ambição. Retrato de um outro tempo, há quase 50 anos, em que a ditadura assumia sua face violenta, com medidas antipopulares e extinção de direitos. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência. Os produtores têm agora que arranjar uma canção substituta à altura da lambança que vêm fazendo nos últimos tempos. Podem, quem sabe, lançar mão de um compositor que se notabilizou pelo reacionarismo, imbecilidade, truculência e falta de talento. O novo tema pode sair da lavra de Roger, do Ultraje a Rigor. Seu maior sucesso é a cara do programa e de seus mais recentes convidados: A gente somos inútil.

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Foto: Omar Freire/Imprensa MG


Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

MINAS

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Justiça decide a favor de decreto que desapropria antiga usina MST Decisão abre possibilidade para governo destinar terras urbanas e rurais aos trabalhadores sem terra e sem teto Gilvander Moreira

Da redação

Tribunal de Justiça de O Minas Gerais (TJMG) julgou improcedente, na

quarta (21), pedido da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia) de anulação de decreto do governador Fernando Pimentel. O decreto desapropriou área rural para fim de reforma agrária e assentamento de famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), proprietária do terreno da Usina Ariadnó- 2002, mas tenta manter utilizadas como terreno na sejam vendidos para polis, em Campo do Meio, seus terrenos. O MST de- de plantação para agricul- quitar dívidas com os andecretou falência em fende que as terras sejam tores e que os bens da usi- tigos trabalhadores.

Usina Ariadnópolis decretou falência em 2002 A decisão do TJMG é importante para esta área e para duas outras, em Novo Cruzeiro (MG) e Felisburgo (MG), que tiveram decreto de desapropriação assinado na mesma data. Segundo Nei Zavascki, da direção estadual do movimento, a decisão abre possibilidade de que o governo destine mais terras, tanto urbanas quanto rurais a trabalhadores.

Deputados terão 10 dias a mais para decidir sobre mandato de Pimentel PROCESSO Parlamentares da oposição solicitaram que Justiça adie votação que pode abrir investigação contra o governador Fábio Rodrigues Pozzebom / ABr Justiça movida pelos deputados das bancadas de oposição ao governador. Outras duas já foram perdidas no Tribunal de Justiça de Minas Gerais com o objetivo de paralisar o processo. Segundo o desembargador Estevão Lucchesi, os parlamentares estariam com atitudes de “má-fé”.

Da Redação

O

Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu suspender por dez dias a votação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para abrir ou não o processo contra o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Deputados devem autorizar se o nome do governador continua entre os investigados da Operação Acrônimo. A liminar do ministro Herman Benjamin, concedida na terça-feira (22), suspende a continuidade da análise que estava em

discussão no Plenário, a fim de que os parlamentares analisem a documentação enviada pelo STJ. Do prazo de 15 dias pedido pela oposição, o minis-

tro concedeu dez dias. Não houve anulação dos trâmites anteriores e a votação final deve acontecer em 30 dias. Esta é a terceira ação na

Votação final deve acontecer em 30 dias

Aliados de Pimentel querem agilidade

Os deputados da base parlamentar afirmam que o adiamento é uma forma de travar as ações do governo do estado, uma vez que a Assembleia Legislativa não aprova outros projetos enquanto este permanece em pauta. Isso significaria ainda uma repetição do impeachment de Dilma Rousseff, chamado por eles de golpe. Se Pimentel, que é do PT, sai do governo, quem assume é Antônio Andrade, do PMDB. É a mesma situação ocorrida no governo federal.


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MINAS

Acompanhando

Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Guiga Guimarães

Na edição 146... Novo projeto adia votação do Plano Diretor de BH ...E agora Câmara adia novamente o Plano Diretor Na última sessão de novembro da Câmara Municipal de BH, vereadores adiaram a votação do novo Plano Diretor porque não havia número suficiente de votos para aprová-lo. O projeto, que deve voltar à pauta em dezembro, precisa de pelo menos 28 votos dos 41 vereadores para ser aprovado. Por determinação do presidente da Casa, o vereador Wellington Magalhães (PTN), movimentos e associações que participaram da proposta foram impedidos de entrar no plenário. Na edição 141... ...Como atuam os evangélicos na Câmara de BH? ...E agora Câmara aprova projeto que flexibiliza Lei do Silêncio A Câmara de BH aprovou, em primeiro turno, o Projeto de Lei (PL) 751/13, de autoria dos vereadores Elvis Côrtes (PSD) e Autair Gomes (PSC), que aumenta o limite de ruído permitido a atividades religiosas, escolares, bem como a bares e restaurantes da capital, de domingo a quinta-feira até 22h e na sexta, sábado e vésperas de feriados até 23h. O projeto ainda precisa ser aprovado em segundo turno.

JUVENTUDE No domingo (20), cerca de 300 jovens participaram da 2ª Mostra Cultural: Unidos Pela Paz, na Escola Municipal do Jardim Felicidade, região norte de BH. A mostra envolveu diversas atividades, como capoeira, futebol, grafite, oficinas de rap, hip hop e debates sobre a morte da juventude negra nas periferias, entre outros. A sugestão da foto da semana é do fotógrafo Guiga Guimarães.

Durval Ângelo

A imagem de uma armação

Marcela Soares

Ocupar, resistir e formar uma nova geração

Dizem que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Uma foto distribuída à imprensa após o primeiro turno das últimas eleições prova isso. Foi feita na sede do PSDB mineiro, em Belo Horizonte, onde o prefeito seria escolhido no segundo turno, entre João Leite (PSDB) e Elias Khalil (PHS). Nela, dão-se as mãos lideranças do PSDB, PP e PMDB, como João Leite, os senadores tucanos e ex-governadores de Minas, Aécio Neves e Anastasia e o atual vice-governador, Antônio Andrade, do PMDB. A foto foi precedida de reunião para a divisão de cargos da prefeitura, mas em troca do apoio, a armação também visava preparar a ascensão ilegítima do vice traidor ao posto de governador. “O tiro saiu pela culatra” e contribuiu para a derrota de João Leite, evidenciando a rejeição ao conluio. O vice-governador gerou descontentamento no PMDB mineiro, cujos deputados estaduais reafirmaram apoio ao governo Pimentel. Além do acordão, a foto revela as motivações da tentativa de abertura de Conluio para derrubar Pimentel processo criminal contra o governador de Minas. Aqueles que não ganharam no voto, em 2014, se unem agora para levar o governo, no tapetão. Com o reforço de quem não hesita em apunhalar pelas costas. Usam de todas as armas. Na Assembleia Legislativa, tentam afastar o governador, sem justificativa legal. Estou certo de que o Parlamento mineiro dirá não à abertura de ação penal contra Fernando Pimentel, pois não há acusação de crime de responsabilidade no cargo de governador. Além disso, a séria situação financeira do Estado será agravada com crises políticas desnecessárias. O momento exige responsabilidade e os deputados terão esta compreensão.

Hoje por todo o Brasil mais de mil escolas e 221 universidades estão ocupadas pela juventude! As ocupações foram resgatadas pela juventude como forma de luta para enfrentar a absurda reforma do ensino médio, a lei da Escola Sem Partido que nos tira o pensamento crítico e a PEC 55, que congela os investimentos em saúde e educação por 20 anos. A movimentação da juventude tem animado os trabalhadores. Nós jovens aprendemos com os movimentos populares a usar as ocupações como ferramenta política, carregamos em nossa bagagem o que os sem-terra fazem há anos, nos ensinando a radicalizar a luta e a questionar a função social, política e cultural dos espaços que ocupamos. Nas escolas e universidades Ocupações ocupadas, a juventude tem enfrentado com muita corareinventam a escola gem a violência abusiva da polícia, ameaças com discursos de ódio, a educação autoritária e enfrentam ainda o menosprezo da sociedade à voz de jovens, mulheres, negros e lgbts enquanto sujeitos políticos. Cada ocupação tem a sua autonomia, mas muitas se parecem na forma como que se organizam. Existem divisões de tarefas através de comissões de estrutura, segurança, limpeza, comunicação, alimentação, saúde, programação e outras. Todo estudante trabalha em uma comissão, isso tem transformado a nossa consciência, pensamos muito mais no coletivo do que no individual. Estamos nos organizando para transformar as escolas e as universidades, por nós mesmos. E no meio disso tudo nos preocupamos uns com os outros, nos divertimos e enfrentamos às vezes nossos egoísmos. Estamos construindo novas relações de companheirismo, porque queremos construir um novo projeto de sociedade.

Durval Ângelo é deputado estadual pelo PT MG e líder do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Marcela Soares é militante do Levante Popular da Juventude e participa da ocupação na UFMG.


BRASIL

Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

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Decisão de Gilmar Mendes ameaça direitos adquiridos de quem trabalha com carteira assinada LUTA Centrais sindicais fecham a agenda de manifestações e confirmam paralisações por todo o Brasil MídiaPúblicas NINJA Rafael Neddemeyer / Fotos

Wallace Oliveira

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magine você, que trabalha por carteira assinada, na seguinte situação: da noite para o dia você não pode mais contar com vários direitos adquiridos. No mês passado, uma decisão do ministro Gilmar Mendes suspendeu a renovação automática de cláusulas resultantes de acordos e convenções coletivas. Dessa forma, trabalhadores passam a ter que negociar com patrões para que direitos anteriormente conquistados voltem a valer.

Conquistas sociais já asseguradas desaparecem dos contratos de trabalho

A decisão suspende todos os processos e efeitos de decisões da Justiça do Trabalho que discutam a aplicação da ultratividade de normas de acordos e de convenções coletivas. A medida ainda precisa ser referendada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal e atende a um pedido da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen).

Ultratividade Ultratividade é um princípio reconhecido na Súmula 277 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) desde 2012. Por essa regra, durante um período de negociações entre patrões e sindicatos, se não houve acordo com a empresa, as cláusulas do acordo anterior se renovariam automaticamente, independentemente da posição do empregador.

“No momento em que sindicato e patrão estivessem negociando, se o patrão postergasse o acordo, havia uma proteção jurídica para os trabalhadores. Isso dava uma folga para que os trabalhadores pudessem negociar com tranquilidade, sem ficar premidos pelo interesse do patrão”, explica Luciano Marcos Silva, advogado da área trabalhista e sindical. Pela decisão do ministro Gilmar, as ações baseadas na ultratividade devem ser paralisadas, o que faz com que trabalhadores percam poder de negociação. “O empregador fica muito tranquilo para escolher o que vai ou não vai renovar. Aquilo que já tinha sido cristalizado como direito previsto em acordo e convenção coletiva fica ameaçado”, afirma o advogado. No período que antecede a data-base de cada categoria, passa a ser imprescindível uma maior mo-

bilização dos trabalhadores para garantir direitos já conquistados em outras lutas. Categorias como as dos professores da rede privada, por exemplo, passam a enfrentar grandes dificuldades, visto que a data-base é março, logo após o período de férias escolares. “É a maior derrota social imposta aos trabalhadores nos últimos 50 anos. Há clara intenção do ministro de dar ampla liberdade para os patrões explorarem os seus empregados, começando pela sistemática recusa de com eles negociar. Por força da decisão do ministro Gilmar Mendes, as conquistas sociais já asseguradas em convenções e acordos coletivos, desaparecem dos contratos de trabalho, não importando o tempo que fora por eles garantidas”, afirma Valéria Morato, presidenta do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas).

Atos contra a PEC 55 em BH e Brasília Da redação

N

a sexta (25), movimentos de todo o país realizam ações pelo Dia Internacional de Combate à Violência contra as Mulheres. Em Belo Horizonte, às 9h, na Praça da Estação, centrais sindicais e movimentos populares realizam um ato contra a PEC 55, que vai congelar os gastos sociais da União por duas décadas, mas não

vai estancar a sangria dos juros da dívida pública. “As mulheres serão amplamente afetadas pela PEC 55, principalmente porque ficarão ainda mais sobrecarregadas. Na falta do Sistema Único de Saúde, serão as mulheres que cuidarão dos familiares doentes. Na falta de creches e escolas, também serão as mulheres que se desdobrarão por seus filhos. Além disso, barrar a PEC 55 é também combater a violência

contra as mulheres”, afirma a economista Mahara Jneesh, integrante da Marcha Mundial das Mulheres. Às 11 horas, também na Praça da Estação, mulheres de diversas entidades se unem no ato “Nem uma a Menos”. Segundo as participantes, a cada uma hora e meia, uma mulher é assassinada no Brasil. As movimentações do “Nenhuma a menos” surgiram há cerca de dois meses, em solidarieda-

de a um grupo de mulheres argentinas que se manifestaram contra o estupro e assassinato da jovem Lucía Pérez, de 16 anos.

Às 14 horas, na Assembleia Legislativa, acontecerá a audiência pública do Dia Latino-Americano de Combate à Violência contra a Mulher.

Dia 29 ocorre grande ato em Brasília contra aprovação da PEC 55

Contra a PEC em Brasília Na terça (29), o Senado vota em primeiro turno o texto da PEC 55 (antiga 241). Diversas caravanas se organizam para um grande ato em Brasília, cujo objetivo é barrar a aprovação da medida.


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MUNDO

Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

Após quatro adiamentos, Haiti conclui eleições

Bolívia tira sigilo de documentos da ditadura

René Burri

Política Resultado deve sair em até oito dias Da redação

O

povo haitiano foi às urnas no domingo (20) para escolher o novo presidente do país após quatro adiamentos da votação. O processo eleitoral realizado em outubro de 2015 foi anulado devido a denúncias de corrupção. O último presidente eleito, Michel Martelly, terminou seu mandato em 7 de fevereiro deste ano e foi substituído por Jocelerme Privert, senador que foi escolhido pelo Parlamento para ser presidente interino por três meses. Tal prazo se estendeu, já que, em meio a uma crise institucional, não houve condições para a realização da nova votação.

De acordo com pesquisas eleitorais locais, quatro candidatos, entre 27 , tinham a preferência do eleitorado. Candidato da situação, Jovenel Moï-

Haiti tem quatro favoritos de 27 candidatos à presidência se (PHTK) era desconhecido da população até o ano passado, quando o ex-presidente Martelly surpreendeu a todos e o lançou como seu candidato. Dono de grandes terras empregadas na produção de bananas, Jude Celestin (Lapeh)

é apoiado pelo ex-presidente Préval. Moïse e ele são apontados pelas pesquisas como favoritos. Maryse Narcisse (Fanmi Lavalas) é médica e apoiada pelo ex-presidente Aristide. Moïse Jean Charles (Petit Dessalines) é ex-senador e representa uma legenda de esquerda. Parte de sua campanha se deu criticando a influência das potências estrangeiras sobre a política haitiana. Se nenhum dos candidatos obter a maioria simples dos votos ou mais que 25 pontos à frente do segundo colocado, um segundo turno deve ocorrer. A previsão é que ele ocorra em 29 de janeiro de 2017.

Redação, com Operamundi

O

chanceler boliviano David Choquehuanca anunciou na segunda (21) que documentos referentes às ditaduras militares do país, entre 1966 e 1979, estarão disponíveis para consulta pública. Entre os dados, estão os que mostram a colaboração entre os governos militares latino-americanos da época, no âmbito da Operação Condor, prin-

cipalmente do governo de Hugo Bánzer (1971-1978) e René Barrientos (19641969), época na qual Che Guevara foi morto. A liberação dos documentos era um pedido de associações de familiares de vítimas das ditaduras. A secretária-executiva da Associação de Familiares, Ruth Llanos, considera que a liberação dos documentos é um “avanço importante” para alcançar o “direito à verdade”.

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Metalúrgicos de BH/Contagem e região aprovam acordo e encerram campanha salarial

E

m assembleia realizada no dia 22/11 (Foto), os metalúrgicos de BH/Contagem e região aprovaram por ampla maioria, a proposta de acordo construída na última reunião de negociação, encerrando assim a campanha salarial 2016. A proposta contempla reajuste nos salários de 9%, parcelado em três vezes, sendo 6% retroativo a outubro de 2016, 2% em fevereiro e mais 1% em abril de 2017. O acordo também prevê garantia de emprego até 22 de dezembro de 2016 e manutenção das demais cláusulas da convenção coletiva da categoria. Os trabalhadores das empresas que não possuem programa de PLR, receberão um abono no valor de R$ 450,00 para ser paga em parcela única, no mês de fevereiro de 2017. O Sindicato considera que, neste momento de grande

recessão e desemprego no país, este foi o acordo possível de ser conquistado. “Os trabalhadores estão acuados, intimidados. Diante desse cenário fica muito difícil construir a mobilização da categoria. Eles estão muito mais preocupados em manter seus empregos do que lutar por avanços”, falou Geraldo Valgas, presidente do Sindicato. Os metalúrgicos mineiros entregaram a pauta de reivindicações na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), no dia 29 de julho. Depois de quase quatro meses com mais de dez rodadas de negociação, o acordo foi assinado na última quartafeira (23/11). “Tivemos uma campanha salarial muito difícil. No co-

PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO Reajuste salarial De 9%, dividido em três parcelas (6% retroativo a outubro de 2016, 2% em fevereiro e mais 1% em abril de 2017). Abono (para empresas que não possuem programa de PLR) De R$ 450,00, pago em parcela única em fevereiro de 2017.

meço, a patronal queria dar apenas 3% de reajuste, à partir de fevereiro de 2017, mas com a habilidade dos membros da comissão de trabalhadores, que souberam conduzir muito bem as negociações, mais a mobilização dos metalúrgicos em algumas fábricas da categoria, conseguimos evoluir e chegar até essa proposta que foi aprovada em assembleia”, explicou Valgas. Participaram da campanha salarial unificada 2016 dos metalúrgicos de Minas Gerais todos os sindicatos do Estado ligados a FEM/CUT-MG, Fitmetal e Femetal.

Piso salarial -Para empresas com até 10 empregados: R$1.049,40, à partir de 1º de out/2016 e R$1.078,00, à partir de 1º de fev/2017. -Para empresas com 11 até 400 funcionários: R$1.080,20, à partir de 1º de out/2016 e R$1.111,00, à partir de 1º de fev/2017. -Para empresas com 401 até 1000 funcionários: R$1.155,00, à partir de 1º de fev/2016 e R$1.188,00, à partir de fev/2017. -Para empresas com mais de 1.000 funcionários: R$1.430,00, à partir de out/2016 e R$1.469,60, à partir de fev/2017. Garantia de emprego ou salário - Até 22 de dezembro de 2016. Manutenção das demais cláusulas da CCT

Sindicato dos Metalúrgicos de BH/Contagem e região Sede: R. Camilo Flamarion, 55 - J. Industrial - Contagem (MG) - CEP 32215310 - Tel.: (31) 3369.0510 Subsede: R. da Bahia, 570/5ºandar- Centro - BH(MG) - CEP 30160010 - Tel.: (31) 3222.7776 www.sindimetal.org.br


Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

ENTREVISTA

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“Barrar a PEC 55 é também combater a violência contra as mulheres” CONJUNTURA Economista discute os impactos da crise e das medidas do governo Temer na vida das mulheres Larissa Costa

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e forma geral, momentos de crises estruturais do capitalismo tendem a reforçar as desigualdades entre homens e mulheres. O Brasil, além de passar por uma crise complexa, vive um contexto de golpe, em que o governo comandado por Michel Temer propõe diversas medidas que visam retirar direitos dos trabalhadores, inclusive das mulheres. O dia 25 de novembro é um marco na luta pelo fim da violência contra as mulheres. Neste ano, a Frente Brasil Popular convocou para esse dia uma manifestação nacional contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que pretende congelar investimentos em saúde, educação

PEC 55 gerará mais tensão social, mais violência e assistência social. A economista e feminista Mahara Jneesh, participante da Marcha Mundial das Mulheres, conversa sobre essas e outras questões com o Brasil de Fato MG. Brasil de Fato MG - O mundo vive uma crise econômica desde 2008. No Brasil, além de econômica, essa crise é ambiental, política e social, conforme algumas análises. Quais são os impactos na vida das mulheres? Mahara Jneesh - O discurso da crise, portanto, serve para fazer as pessoas acreditarem numa espécie de sa-

crifício que precisa ser feito por todos. A questão é, quem está sendo sacrificado? O setor financeiro se beneficia enquanto os cortes são feitos nas áreas sociais, como saúde, educação, assistência social. Precisamos ter a clareza que a dita crise beneficia muitos setores. Essa situação faz com que as mulheres sejam ainda mais responsabilizadas pelo trabalho doméstico e de cuidados. Quando o acesso à saúde e educação se torna precário, o trabalho realizado por elas torna-se ainda mais difícil dentro de casa, por causa dos recursos limitados, e fora de casa, já que elas também ocupam a maioria dos postos de trabalho precarizados, em tempo parcial e sem carteira assinada. Michel Temer assumiu o comando e implantou um governo composto por homens, brancos e representantes da elite. O que isso significa para as mulheres? O governo ilegítimo de Temer é composto por homens que têm interesses divergentes aos da maioria da população, eles representam em grande medida os interesses dos empresários que pagaram por suas campanhas e não querem perder nada nos momentos de crise. O sacrifício que faz parte dessa retórica da crise não será feito por eles, mas repassado para a sociedade. A presença de Marcela Temer como protagonista da área social não representa os interesses das mulheres trabalhadoras, demonstra como esse governo desprofissionaliza a assistência social. Por trás do discurso do “primeiro damismo”, está a reafirmação do papel das mulheres como principais responsáveis pelo cui-

Reprodução / Frente Brasil Popular

Na falta do SUS, serão as mulheres quem cuidarão dos doentes dado, ou seja, que o cuidado com filhos e com idosos deve ser feito de forma voluntária e por amor, como teoricamente faz Marcela, sem responsabilidade do Estado. O dia 25 de novembro é dia internacional de luta das mulheres pelo fim da violência. As centrais sindicais e movimentos poulares convocaram um dia nacional de manifestações contra a PEC 55, do governo Temer. As mulheres serão amplamente afetadas pela PEC 55, principalmente porque ficarão ainda mais sobrecarrega-

das. Na falta do Sistema Único de Saúde, serão as mulheres quem cuidarão dos familiares doentes. Na falta de creches e escolas, também serão as mulheres quem se desdobrarão por seus filhos. Além disso, barrar a PEC 55 é também combater a violência contra as mulheres. Geralmente, a violência na sociedade aumenta em épocas com maior desemprego e pressões no mercado de trabalho. Isso significa também uma tensão social maior, que dentro de casa se volta em grande medi-

Igualar idade de aposentadoria é não reconhecer que elas trabalham mais

da para as mulheres, que sem autonomia econômica tendem a permanecer nos ciclos de violência doméstica. Outra medida proposta pelo governo é realizar a reforma trabalhista. Essa medida prejudicará as mulheres? As mulheres já ocupam no Brasil postos de trabalhos mais precários e informais. Isso acontece devido à ideia falsa de que as mulheres são as únicas responsáveis pelo trabalho doméstico. Assim, trabalhos mais flexíveis permitem a acumulação das tarefas. No caso dos trabalhos formais são as mulheres as primeiras a serem demitidas. No caso da Reforma da Previdência, a proposta é que seja igualada a idade de aposentadoria de homens e mulheres. Como ficará a situação das mulheres? Igualar a idade de aposentadoria de homens e mulheres é retroceder muito em nossos direitos. É não reconhecer que as mulheres trabalham mais que os homens durante a vida, uma vez que são responsabilizadas pelo trabalho doméstico e de cuidados, feito de forma gratuita. As mulheres têm duplas e triplas jornadas de trabalho, em geral recebem menos que os homens, além de sofrerem assédio. Igualar a idade de aposentadoria seria mais uma desigualdade na vida das mulheres.

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12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

Mídia Snowden: os olhos de Ed e Oliver

Amiga da Saúde Amiga da Saúde, meu bebê tem 3 meses e estou dando somente o leite materno. Mas minhas mamas não ficam mais cheias como no início. Meu leite está secando?

Edna Silva, 29 anos, agente de combate a endemias

Andrea Caldas Assisti ao excepcional filme de Oliver Stone sobre a trajetória de Edward Snowden, o rapaz de 29 anos, que abalou a história mundial recente com a corajosa revelação da rede de espionagem internacional dos EUA. Para além de enaltecer a valentia do, agora, exilado político, o roteiro revela a humanidade entrecruzada em muitas histórias de vida. Ed é o menino, filho de um oficial da Guarda Costeira, que jurou amar seu país e cresceu acreditando nos ideais dos “fundadores dos EUA”. Dotado de uma excepcional inteligência, não conclui o ensino médio, mas presta exames para a universidade e se alista no Exército para servir à pátria, em plena guerra do Iraque. No treinamento militar, o presente encontra o passado na trajetória de dois meninos que, um dia, acreditaram que a guerra era para “banir do mundo, a opressão”. A inevitável comparação com o autobiográfico Platoon, de Stone, é imediata. Duas dois meninos e uma ilusão Snowden revelou guerras, sobre um sistema que serve apenas segredos da CIA ao poder econômico. Snowden, na CIA, resolve revelar ao mundo o que acontece nas escuras salas das agências de Inteligência. Nas lentes de Oliver Stone, a guerra do Vietnã e o 11 de setembro encontram-se, não só como tragédias que marcam duas gerações distintas, mas como a permanência das farsas sobre o combate ao inimigo externo. É nos intervalos das missões que Snowden descobre, entre risadas e drinques dos colegas de trabalho, que o sistema desenvolvido para identificar “terroristas” tinha abalado um dos mais fortes pilares do “american way of life”: a privacidade da vida dos americanos. O jovem Ed sai clandestino do país que jurou amar e é considerado inimigo da nação porque cometeu um erro: acreditou que os ideais liberais eram possíveis de serem concretizados em um mundo regido por relações desiguais de força e poder econômico. P.S: Lamentavelmente, o Brasil – apesar de vítima de espionagem recusou, em 2013, o asilo político a Snowden. A coragem do jovem de 29 anos faltou aos governantes de 21 países para quem ele enviou pedidos de asilo. Hoje, ele vive na Rússia. Andrea Caldas é professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Querida Edna, parabéns por estar amamentando seu bebê. Fique tranquila! Suas mamas não são depósitos de leite e sim fábricas muito eficientes. Cerca de 80% do leite que seu filho ingere é produzido no momento em que ele está sugando o peito. O que explica as mamas cheias nos primeiros dias de vida do bebê é que seu corpo demora um tempo para ajustar a quantidade de leite produzido à necessidade do bebê, então sobra leite nas mamas

deixando-as mais cheias. Quando a produção é ajustada conforme a demanda do seu filho, as mamas ficam mais murchas mesmo. Tente manter o aleitamento materno exclusivo até seu bebê completar seis meses. É o melhor que você pode fazer por ele. Isso contribui para a prevenção de anemias, diabetes, hipertensão, obesidade, entre outras doenças. Se estiver com outras dúvidas, procure sua equipe de referência no Centro de Saúde e peça ajuda.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

Nossos direitos Direito à creche No Brasil, milhões de crianças têm sido privadas do direito à educação infantil. Esta triste realidade prejudica grande parte das famílias de trabalhadores e trabalhadoras, pois a negação do direito à creche acaba por provocar a violação de outros direitos, como: emprego, saúde, segurança, além de ser o primeiro contato da criança com o universo da educação. Pela lei brasileira, todas as crianças de 0 a 5 anos tem direito a uma vaga na educação infantil. Este direito está garantido na Constituição Federal, no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente e também no Plano Nacional de Educação.

Em Belo Horizonte, mais de 17 mil crianças ficaram na fila de espera, e este número tende a crescer, principalmente se for aprovada a PEC 55, que vai congelar os investimentos nas áreas sociais como saúde e educação. Caso você conheça alguma criança que não conseguiu vaga na creche, orientamos que vá à luta e procure seus direitos, pois, como a lei determina, as prefeituras são obrigadas a garantir a educação infantil. Nestes casos, procure um advogado ou defensor público, para que por ordem judicial, a vaga na creche seja garantida.

Adília é advogada da Rede Nacional de Advogados PopularesPopulares – RENAP. – RENAP. AdíliaSozzi Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados


Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

13 VARIEDADES 13 por Alan Tygel*

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas CrEpes à la biere

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

(?) mecânicas, Honra conveículos cedida a militares da de obras Marinha que se distinEstragos guiram por seu serviço

Deixo co- Transpirar mo herança Os sons de O polo dos baixa frepinguins quência

Pena aplicada nos casos em que o réu possui doença grave Abrigar; proteger

São comuns em livros infantis “O importante é (?)”, frase do conformado

Cozinham (no forno) “Tratado”, em Otan

Vide (abrev.) A sexta Local com corda do que sonha violão o atleta

“One (?) Only”, sucesso de Adele Escoadouros de pias (?) Lanka, país asiático produtor de borracha

Efeito do aumento da pressão no crânio

Para 12 crepes

Metro (símbolo) “Doctor”, em PhD

• • • • • • •

Clínicas de emagrecimento e estética DVD ou Blu-ray Escuridão (fig.) Adeus, em espanhol Golpe da (?): possibilitou a coroação de D. Pedro II

Canção que embala o sono do bebê

Parceiro de Grande Otelo (Cin.)

Agem de maneira filantrópica

Force (?), escuderia da F 1 Afecção como o sapinho Aqui

“Com o tempo tudo se (?)” (dito) (?) Tyler, atriz de “Os Estranhos”

(?) de atuação: o do prefeito é o município

Material do núcleo celular Recusa

Siga Monograma de "Alice"

Trejeito facial de desprezo

Cozinha Francesa

3/adn — and — sri. 4/didi. 5/adios — esgar. 8/acalanto.

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Solução P R F I S Ã C O A D O M M I C V I C L I A P R

A C A L A N T O M I L E G O

S G U R L A V P E O S D I O O S C A I R C I T M O

S P U A R D A S A R ON A S S T I R D I S B N P R I D A E O S U R A A M B A SG D E N C O Ã O C I O N

A L VA

O A R N D E A M V D C O M D E R D I I TO D N I A

BANCO

Mãe do mato (Folcl.)

Com uma batedeira elétrica ou manual, misturar todos os ingredientes, menos os ovos. Depois de obter uma massa homogênea, acrescentar os ovos e bater até ficar homogêneo de novo. Deixar descansar por uma hora. Aquecer uma frigideira de teflon e quando estiver quente, derramar uma colher e espalhar bem fininho. Quando desgrudar o fundo, virar de lado e colocar o recheio. Deixar grelhar até o ponto desejado, dobrar duas vezes e servir.

Item do café da manhã americano

C U R A Documento (abrev.)

Janete (?), novelista Aplicação de taxas O preço do produto em liquidação

(?) Wagner, apresentadora

280g de farinha 1 colher de sopa de açúcar 1 pitada de sal 300ml de cerveja 250ml de leite 20g de manteiga derretida 3 ovos

O crepe é um prato típico da culinária francesa. A receita original leva uma dose de rum, mas a variação com cerveja deixa a massa mais fofinha. Como é tradicional na culinária francesa, há uma abundância de ovos, leite e derivados. É uma comida com muita gordura, por isso, é bom não abusar. O crêpe é um prato de festa e existe até um dia nacional para ele na França, comemorado em 2 de fevereiro.

* Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


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CULTURA

Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

Jovens se lançam no mercado criativo

Afrofuturik no Viaduto

Dinulgação

CRIAÇÃO Para ter roupas, brincos e outros produtos com “sua cara”, jovens do hip hop organizam seus próprios empreendimentos Geometria

Rafaella Dotta

P

ara continuar fazendo seu trabalho e sua arte, muitos jovens encontram formas alternativas de arranjar um dinheiro. A venda de produtos que eles próprios gostariam de comprar tem sido uma alternativa. É o caso das lojas virtuais Peroni’ Store e Quem, que vendem acessórios voltados ao público hip hop. Ideias que já tem nome: economia criativa. “Dentro da cultura hip hop as mulheres usam muitos brincos grandes, eu usava desde nova, mas é difícil achar brincos que têm relação com meu estilo e com características minhas, sabe? Não me identificava com o que via nas lojas”, conta a dançarina e professora de hip hop dance, Lola Peroni. A loja virtual de brincos, colares e pulseiras, que funciona através da página de Facebook Peroni’ Store, nasceu para suprir essa necessidade. Lola aproveitou sua experiência do curso universitário de design, principalmente das disciplinas que trabalhavam com madeira, e colocou em prática a confecção de peças

em MDF. Acessórios grandes ou pequenos, leves e coloridos. Hoje a loja atinge não só o público hip hop mas também pessoas ligadas à cultura afro e à moda, conta Lola. A marca Quem também busca ampliar seu público, usando a estratégia de elaborar roupas que vestem crianças, jovens ou adultos. “Esses dias um rapaz comprou uma camiseta para o pai dele e depois respondeu dizendo que o pai gostou”, diz Suelen Sampaio, empreendedora da Quem junto com seu namorado Eduardo Bernardes. A marca começou com coleções de estampas de grafite, tentando contribuir para a desmarginalização da arte de rua. Criatividade ajudando na economia Segundo a analista econômica Regina Vieira de Faria, esse tipo de empreendimento é considerado economia criativa. É aquela empresa que traz a cultura e a criatividade agregadas ao produto. “Não é uma camiseta qualquer, mas que traz uma forma de comportamento, um conceito. É diferente de uma camiseta que

é uniforme de uma empresa”, explica. A economia criativa aparece principalmente em negócios da música, artes, jogos, cultura, publicidade e arquitetura, diz Regina, e faz parte do setor de serviços, que cresce 10% a mais que os demais setores econômicos. Para Regina, que é também da Casa da Economia Criativa, os governos e instituições começaram a enxergar a área como propulsora de renda. O investimento dos últimos anos em políticas culturais é um incentivo direto na economia criativa, conta. Para ver um empreendimento criativo dar certo, a dica de Regina é “planejar, planejar, planejar e ter muito foco”. Para isso, ela indica cursos no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que têm o objetivo de melhorar a gestão e a competitividade das empresas. Fora isso, a Casa da Economia Criativa, do Sebrae, é um ponto de apoio e de orientação para novos empreendedores criativos, na Rua Santa Rita Durão, 1275, Belo Horizonte.

Na sexta (26), o Viaduto Santa Tereza recebe a 3ª edição do Afrofuturik, evento gratuito que apresenta música, dança e desfile de moda de marcas que valorizam a estética da cultura negra. Na data, será realizado um show com importantes artistas mulheres do rap belo-horizontino, as MC’s Negra Lud, Sarah Guedes, Tamara Franklin, Talita Barreto, Preta Dé e Azula. Além disso, os grupos de dança UMA e Damas do Soul também marcarão presença. As atividades começam a partir das 18h, e devem ser encerradas até meia-noite.

Festival Eletrocidade agita domingo Dinulgação

Já domingo (27) é dia de reggae e MPB de graça. É o evento Eletrocidade Acoustic Sound, que celebra sua 2ª edição e acontece no Parque Ecológico Jacques Cousteau, bairro Betânia (Rua Augusto José dos Santos, 366). Os artistas se apresentam em meio à vegetação do local, que servirá de palco para músicos como Celso Moretti, Jeferson Gouveia, Lucas Andrade, B.Réu, TropicalBass, e muitos outros. O festival será realizado das 12h às 18h.


Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016

ESPORTES

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Paralimpíadas Promotor pede prisão para Neymar escolares chegam Um promotor da Audiência Nacional da Espanha so- ao fim

Reprodução de vídeo

na geral

Alaor Filho / MPIX / CBP

licitou uma pena de dois anos de prisão para o atacante brasileiro Neymar, além de multa de 10 milhões de euros e três anos de inabilitação comercial. Ele é acusado de corrupção e fraude, entre 2011 e 2013, durante transações com o clube catalão e a empresa DIS, detentora de 40% dos direitos do jogador na época. Além disso, o Barcelona terá que pagar 8,4 milhões de euros em multas. Outros indiciados são os pais do jogador, o ex-presidente do Santos, Odílio Rodrigues, o ex-presidente do Barça, Sandro Rosell, e o atual presidente grená, Jose Maria Bartolomeu.

Você sabia?

É mais comum do que parece: várias estrelas do futebol já foram para a cadeia. Por exemplo, em 2009, o hoje senador Romário Faria (PSB-RJ) dormiu por uma noite no xilindró por ter atrasado as pensões de sua ex-esposa, Mônica Santoro. Dez anos antes, em 1999, quem passou uma noite na cadeia foi Edmundo, condenado por um acidente que matou três pessoas e deixou três feridos. E quem não se lembra do goleiro Bruno, condenado a mais de 20 anos pela morte de sua ex-namorada, Eliza Samúdio?

Terminam, nesta sexta (25), as Paralimpíadas Escolares 2016, realizadas em São Paulo desde de terça (22). Participam mais de 900 estudantes, representando 23 estados mais o Distrito Federal, no maior evento do mundo envolvendo atletas em idade escolar (de 12 a 17 anos). Foram disputadas modalidades de atletismo, bocha futebol de 7, goalball, judô, natação, tênis de mesa e tênis em cadeira de rodas. O evento é realizado desde 2009 pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. (Com informações do CPB)

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É HORA DE PROTESTAR A PEC 55 NAO PODE PASSAR SER CONTRA A PEC 55 É SER A FAVOR DO BRASIL E DOS BRASILEIROS

Se a PEC 55 for aprovada, ela vai afetar a vida e o bolso da maioria da população brasileira e contribuir para aumentar ainda mais o abismo social em nosso país. Com essa proposta de emenda constitucional, o governo federal pretende congelar as verbas da saúde e da educação para garantir o pagamento de juros da dívida pública aos banqueiros. E como se não bastasse, o governo também quer fazer a reforma da Previdência, retirando ainda mais direitos dos trabalhadores. Existe solução melhor que a PEC 55? SIM. O equilíbrio das contas do governo não pode ser feito por meio do sacrifício dos trabalhadores. Tem que ser alcançado pelo fortalecimento do combate à sonegação e pelo fim da concessão de benefícios fiscais sem critério, o que tornará o nosso sistema tributário mais justo. VAMOS TODOS DIZER NÃO À PEC 55!


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Belo Horizonte, 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016 Bruno Cantini

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Divulgação

Marcelo Oliveira é demitido a tarde desta quinta-feira (24), saída do clube, porque temos ainda N o presidente do Atlético, Daniel um jogo, a chance de ser campeão da Nepomuceno, anunciou a demissão Copa do Brasil, apesar da vantagem do técnico Marcelo Oliveira. A saída do treinador vem logo após a derrota para o Grêmio, no primeiro jogo das finais da Copa do Brasil. “Eu me surpreendi com o final dessa reunião, com a

do adversário. Mas tenho consciência de que fizemos um jogo frustrante, principalmente pelo primeiro tempo muito ruim”, disse Marcelo em coletiva de imprensa.

Não existe nenhum clube brasileiro que tenha menos de três atletas negros. Mas o racismo institucional existe. Não vemos técnicos negros, dirigentes negros e presidentes de clubes negros. Marcelo Carvalho, pesquisador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, projeto que monitora e divulga casos de racismo no futebol brasileiro.

Gol de placa O América é campeão! Não, você não leu errado. O time de futebol feminino do América foi campeão mineiro. Único time profissional de futebol feminino de Minas Gerais, o Coelho venceu as duas partidas da final contra o Ipatinga. Nem tudo são lágrimas nas bandas do Horto!

Gol contra Os exageros da Polícia Militar de São Paulo não têm limites. Depois de proibir a circulação de pessoas no entorno do estádio Palestra Itália, em dias de jogos, a PM não deixou uma menina de 7 anos entrar no estádio com seu pai porque seu rosto estava pintado de verde e branco.

Decacampeão

É Galo doido!

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Nádia Daian

Nas quatro vezes, desde os anos 1990, em que o América subiu para a Série A, a permanência durou apenas um ano. Em 2016, a tragédia anunciada não foi diferente. E por que acontece isso com o América? A desculpa das diretorias, de discrepânDecacampeão cia de recursos com relação aos adversários, não é suficiente, tendo em vista que times com orçamentos e estrutura parecidos conseguem fazer campanhas muito melhores. A pouca torcida e as escolhas dos técnicos são mais alguns motivos, mas o principal é certamente a falta de planejamento, gestão e eficiência nas contratações. O resultado é um clube que continua sem conseguir se firmar entre os 20 grandes brasileiros.

Marcelo Oliveira não resistiu ao fracasso de quarta-feira (23), diante do Grêmio, no Mineirão. A dispensa já vinha sendo discutida nos bastidores do clube, mas a situação se tornou insustentável após a primeira partida das finais da Copa do BraGalo sil. A derrotaÉpor 3 a doido! 1 confirmou outras constantes: a irregularidade da equipe e os vacilos defensivos. Quem jogou ou joga futebol sabe: sem proteção adequada, os defensores dependem de milagres. E isso não vem acontecendo no Atlético. Nos últimos cinco jogos, o time sofreu 11 gols. Assim, não há tatu que aguente, já dizia o saudoso Chacrinha. Seja como for, o melhor é acreditar em milagres. É a sina alvinegra.

O ano de 2016 acabou para o Cruzeiro e, agora, começa a fase das especulações. As notícias dos bastidores cruzeirenses sobre contratações de jogadores ainda estão mornas. Nenhuma novidade tem aparecido na mídia, enquanto notícias de conLa Bestia Negra tratações aparecem em outros times. Não sei dizer se isso é bom ou ruim. Eu sempre prefiro que se trabalhe em silêncio e que as informações sobre jogadores apareçam quando eles estiverem acertados. Só que o passado recente da nossa diretoria tem deixado a torcida ansiosa e a confiança é pequena. Que, desta vez, eles nos surpreendam e sejam certeiros, para que possamos fazer um 2017 condizente com a grandeza do Cruzeiro.


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