Rafael Ribeiro / CBF
Reprodução / Facebook
CULTURA
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Meu trampo é no Youtube Jovens mineiros se destacam fazendo vídeos que ensinam de serviços de construção à aceitação da sexualidade
Minas Gerais
ESPORTE
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Reprodução
Perdeu de propósito Reivindicando regras iguais para homens e mulheres, campeã mundial de xadrez facilitou o jogo para adversária
10 a 16 de fevereiro de 2017 • edição 172 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
Eles puderam se aposentar Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Wlallace Oliveira / Brasil de Fato
BRASIL
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O governo não eleito de Michel Temer (PMDB) quer aprovar uma reforma da Previdência que vai tornar muito mais difícil se aposentar. Além de aumentar o tempo de contribuição, proposta diminui valor de benefícios, equipara tempo de trabalho de homens e mulheres e exclui direitos dos trabalhadores rurais. Confira depoimentos de quem se aposentou depois de anos de contribuição e como exercer esse direito melhorou suas vidas.
caos no espírito santo Situação do estado estampa problemas da desigualdade social e causa explosão de violência I BRASIL . 9
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Editorial | Brasil
É preciso reaprender a perguntar Em qualquer período da história sempre há algumas ideias que são as dominantes, ou seja, que pautam o senso comum e o entendimento das pessoas sobre os fatos e sobre o mundo. Os pensamentos dominantes vão se reproduzindo e passando de geração a geração, de forma que se configuram como uma espécie de “bom senso”, como um padrão para se analisar as situações, quaisquer que sejam.
ESPAÇO dos Leitores
“Emocionante! Simplesmente maravilhoso! Meus olhos se encheram d’água.. Valeu Nilson! Em momentos sombrios como o que vivemos, nada melhor que um bom guerrilheiro da comunicação com muita resistência no lombo! Um sopro de esperança e alívio..! Maíra Gomes comenta a entrevista com o chargista Nilson Azevedo, publicada na edição 171 e no site do Brasil de Fato
“Nojo da nossa Justiça” Alexandra Amaral comenta a matéria “Justiça suspende pagamento de R$ 1,2 bi pela Samarco”
“Que legal!” Ivone Radeschi escreve sobre a matéria “Blocos afro são destaque no carnaval de BH”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Ideias dominantes não são sinônimo de verdade Funcionou assim durante os quase 300 anos de escravidão. Havia ideias que sustentavam a exploração insidiosa de milhares de seres humanos. Muita gente “de bem” não via nada de mais em ter escravos. Em comprar e vender pessoas! Funcionou assim no nazismo, em que milhares de pessoas foram convencidas de que eram melhores que outras, que uma diferença de raça, gênero, orientação sexual ou política precisaria ser punida com a morte. Mentir sobre o problema para mentir sobre a solução Essas ideias, no entanto, foram construídas e não são sinônimos da verdade absoluta. Em momentos como o atual – em que nosso país passa por um golpe – é crucial retomar o saudável hábito da dúvida, do questionamento. Porque o que está em jogo não é apenas o prestígio de um partido x ou y, a carreira política
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
ou a prisão desta ou daquela pessoa, mas o projeto para o Brasil e o futuro de todos nós.
Quem disse que é impossível fazer diferente? Estão tentando convencer a população de que o novo governo – ou o próximo – colocará o “país nos trilhos”. Para isso, privatizam o patrimônio nacional, entregam nosso território e riquezas para outros países, acabam com direitos como o da aposentadoria, colocam em profundo risco a educação e saúde pública e por aí vai. É o desmonte total de um Estado que se pretendia democrático. Além disso, esculhambam todas as regras da Justiça e dos ordenamentos das instituições, torcendo todas as situações a seu favor. Para uns, é negado o direito até à dor. Para outros, nenhuma lei, nenhum dever, nenhum escrúpulo com o público. É preciso não ter medo Quem pensa diferente costuma ser perseguido, difamado, ridicularizado. E assim os portadores das ideias dominantes esperam sempre conter a mente e ação das pessoas. Mas é preciso não ter medo e ousar pensar. Quem disse que as coisas têm que ser desse jeito? Quem disse que é impossível fazer diferente? É ato de extrema coragem e ousadia não deixar de perguntar e de sonhar. Porque não é possível destruir quem tem a mente livre e constrói, na prática, um outro mundo mesmo dentro do atual.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Milton Bicalho, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Samuel da Silva, Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
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Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
O que você quer fazer no carnaval 2017?
Eu desfilei desde criança na escola Unidos do Guarani. Só que, neste ano, eu acho que vou ficar em casa, porque casei e estou grávida. Então, ficou meio difícil. Mas eu amo desfilar, se pudesse, eu iria.
Nayra Steisse, banhista e tosadora
Eu gostava de ir ao carnaval em Pedro Leopoldo, lá era bom. Agora, toda vez em que eu vim aqui em BH teve confusão. Aí, eu afastei. Este ano, vou ver se vou ao carnaval da Pampulha, mas ainda não sei em qual bloco.
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Declaração da Semana
PERGUNTA DA SEMANA
Será verdade que o ano só começa depois do carnaval? A quem ame de paixão, há quem deteste e há quem goste mesmo é do recesso para descansar. O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:
GERAL
“Você não entendeu ainda: Moro, Aécio e TV Globo... Tá tudo ligado. (...) Se você quiser saber, procure não pela Globo nem pela Veja. Mas sim por uma averiguação sua profunda”. Reprodução
Disse a atriz Tássia Camargo, que há alguns anos pediu demissão da TV Globo e tem utilizado as redes sociais para expor sua opinião sobre política
#BombouNaRede
Reprodução
Jonathan Fortunato, engraxate e vendedor
Carnaval também é tempo de ler
A internet comemorou a vitória de Bruna Sena, uma jovem de 17 anos, negra, pobre e primeira colocada no curso de medicina da USP de Ribeirão Preto, o mais concorrido da Fuvest 2017. Para conseguir a vaga, que foi disputada por 75,58 candidatos, a adolescente contou com aulas de um cursinho popular onde era bolsista. Em entrevista, a futura médica afirmou que seu objetivo será atender “pessoas de baixa renda, que precisam de ajuda”. “A meritocracia é uma falácia. Eu consegui porque tive ajuda. Não dá para igualar as pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades”, disse ao site Saúde Popular.
Horários de ônibus em tempo real Os pais que não querem levar seus pequenos para a folia podem recorrer a uma simples atividade para passar o feriadão: a leitura. Muitos títulos infantis contam a história da festa e ajudam a divulgar, de forma lúdica, a cultura popular do Brasil. É o caso de “O frevo dos quinze anos”, publicação que narra a viagem de uma menina a Olinda, em Pernambuco, onde ela vive as emoções do primeiro amor ao som do frevo. Já o livro “Aula de carnaval e outros poemas” informa sobre instrumentos musicais, marchinhas e tradições. Essas e demais obras podem ser encontradas no acervo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa. Para consultá-lo, acesse: www.bibliotecapublica.mg.gov.br
Uma ferramenta que informa detalhes sobre linhas de ônibus, horários, distâncias e quantidade de paradas estará disponível a partir desta semana. A iniciativa é uma parceria do Google e da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), e poderá ser acessada apenas com a atualização do aplicativo Google Maps, que funciona em celulares e computadores. Basta clicar em um ponto de ônibus para visualizar as informações das linhas disponíveis, assim como os preços das tarifas.
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CIDADES
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Preocupação silenciosa: leishmaniose aumenta em Minas Gerais
Educadores recorrem à Justiça
SAÚDE Quando não tratada, doença pode levar a óbito em 90% dos casos
Os servidores da educação de Minas Gerais continuam insatisfeitos com o sistema de designação online desenvolvido pelo governo do Estado. Após a liberação da nova listagem, alterada a partir de protestos do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), a categoria apontou novas falhas no documento. De acordo com a entidade, erros graves fizeram com que, por exemplo, os candidatos com as melhores classificações fossem selecionados para o município de segunda opção, e que alguns profissionais fossem nomeados paras vagas não existentes. O Sind-UTE recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais para proteger os direitos dos trabalhadores, como informou em nota oficial.
Reprodução
Rafaella Dotta
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infecção de uma moradora de Lavras, no Sul de Minas, reacendeu o alerta contra a leishmaniose em Minas. A menina de 13 anos teve seu diagnóstico decretado em 16 de janeiro, foi tratada e recebeu alta, porém, os números mostram que a prevenção não pode ser descuidada. Em 2015,
Em 2016, 497 pessoas foram afetadas pela doença em Minas Minas Gerais teve 40 óbitos e 418 casos da doença, sendo o estado com mais mortes no país. A leishmaniose visceral era considerada, há décadas, uma doença que atingia áreas rurais. Porém, a transmissão vem se expandindo para áreas urbanas de médio e grande porte e se
tornado uma preocupação para a saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, a doença está em “franca expansão geográfica”. Em Minas, a endemia é mais presente na região central, onde se concentram 36% dos casos, segundo dados de 2016 fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde. A região norte teve a maior progressão. Em quatro anos, os casos de leishmaniose aumentaram 156%, chegando a 146 no último ano. O número geral do
estado também aumentou, alcançando 497 pessoas. Sintomas e tratamento Em seres humanos, a transmissão da doença acontece através da picada da fêmea do Lutzomyia longipalpis, conhecido como “mosquito-palha”. O inseto tem cor amarelada, com antenas longas e asas grandes, revestidas de cerdas. Somente pelo mosquito é possível que seres humanos contraiam a leishmaniose. Os hospedeiros (seres humanos e cachorros) não
transmitem a doença uns aos outros. Os sintomas iniciais são febre prolongada, palidez e barriga inchada, pelo aumento do baço e do fígado. Se não for tratado, o quadro pode evoluir para emagrecimento progressivo, fraqueza, hemorragias e amarelamento de líquidos do corpo. Os próximos sintomas são infecção bacteriana ou sangramento. Quando não tratada, a leishmaniose leva à morte em 90% dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde. Tratamento São três os centros especializados de tratamento em Minas Gerais, todos em Belo Horizonte. O Hospital das Clínicas (Avenida Professor Alfredo Balena, 110), o Hospital Estadual Eduardo de Menezes (Avenida Cristiano de Resende, 2.213) e o Centro de Pesquisas René Rachou (Avenida Augusto de Lima, 1.715). O procedimento padrão é que, identificados os sintomas, o paciente procure o Sistema Único de Saúde o mais rápido possível.
Melhor forma de combater contaminação em caninos é a prevenção Reprodução
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a área urbana, os cachorros são os principais hospedeiros da doença. De acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz, a contaminação em caninos tem acontecido em número pequeno e estável, e geralmente precede a contaminação em humanos. Em cães, os principais sinais são apatia, lesões de pele, queda de pelos - inicialmente ao redor dos olhos e orelhas, lacrimejamento e cres-
cimento anormal das unhas. A veterinária Fernanda Costa explica que, confirmado o diagnóstico, o protocolo indica o sacrifício do animal. “Não é um caso de eu-
tanásia compulsória, como a febre aftosa. O proprietário tem que autorizar ou não o sacrifício”, diz. Tratamentos ainda são raros, afirma a veterinária, e desaconselha-
dos pelo Ministério da Saúde, apesar de haver empresas trabalhando em medicamentos que conseguiriam negativar a presença do protozoário no animal. Para ela, a melhor forma de combater a doença é a prevenção. Vacinas caninas ou produtos que previnem pulgas, carrapatos e picadas do mosquito são boas opções, assim como eliminar locais de proliferação do inseto.
Gasmig entra em greve pela primeira vez Os técnicos da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) anunciaram greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira (6). Essa é a primeira paralisação da história da categoria. Segundo os trabalhadores, a Gasmig teria imposto o fim da norma de ação coletiva que exige o pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e a assinatura do acordo coletivo de trabalho. Além disso, os trabalhadores afirmam estar sendo alvo de perseguições e retaliações.
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MINAS
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Conselhos pedem que presos não condenados sejam soltos JUSTIÇA Segundo desembargador, 30 mil pessoas estão presas de forma ilegal em Minas Gerais Carlos Alberto / Imprensa MG
Rafaella Dotta
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epois dos problemas envolvendo presídios do Norte do país, entidades de Minas se debruçaram sobre possíveis soluções para enfrentar o problema dos presídios do estado. O Conselho de Criminologia e Política Criminal (CCPC) e o Conselho Penitenciário (COPEN) pedem uma força-tarefa para libertar presos que não deveriam estar nas cadeias. Segundo o desembargador Alexandre Victor de Carvalho, presidente do CCPC, a situação é de “tensão contínua”, com o encarceramento de 68 mil pessoas em um sistema preparado para 40 mil.
O CCPC pede também que a Justiça cumpra o direito de liberdade para cerca de 30 mil presos provisórios. O Conselho Penitenciário, que acompanha as administrações dos presídios em Minas, levanta mais duas sugestões. A primeira delas seria melhorar a formação dos
agentes penitenciários. “O agente é o primeiro contato com o detento. Se ele vê o preso como inimigo, como vai influenciar sua ressocialização?”, questiona o jurista Bruno César Gonçalves, presidente do CP. A segunda seria a diminuição de penas através de trabalho, estudo e leitura.
Sistema nacional “anda para trás” O presidente do CP faz uma avaliação negativa dos rumos da política prisional do Brasil. Em dezembro, o decreto que diminui penas e realiza a soltura de presos, chamado de “indulto natalino”, teria sido realizado de forma atrasada pelo então ministro da justiça, Alexan-
Conselhos indicam incentivo ao trabalho e estudo
dre de Moraes. Foram diminuídas as possibilidades de redução de pena e extinguida a comutação de pena. “Isso traz problemas diretos para o sistema prisional”, afirma. Presos que cumpriram itens de disciplina com expectativas de diminuição de pena foram frustrados, o que traz a probabilidade de não fazerem isso no futuro. Proposta As propostas dos conselhos serão entregues ao Ministério Público, à Casa Civil de Minas, à Defensoria Pública e aos órgãos do poder Judiciário.
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NÃO À REFORMA DA PREVIDÊNCIA! DIZER QUE HÁ ROMBO NAS CONTAS DA PREVIDÊNCIA É MENTIRA! A REFORMA DA PREVIDÊNCIA É UM RETROCESSO SOCIAL: VAI ENRIQUECER OS PRIVILEGIADOS E EMPOBRECER OS MAIS CARENTES!
DIGA NÃO À PEC 287/2016!
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MINAS
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Opinião
Sanção de Temer não vale nada João Paulo Cunha Se as grandes disputas que hoje se apresentam no horizonte da justiça social e da democracia brasileira se orientam para as reformas trabalhista e da Previdência, nem por isso se aquieta a pauta da contrarrevolução brasileira. A direita dorme com um olho bem aberto. A cada dia, em votações no Senado e na Câmara, vai se sedimentando o projeto regressivo e conservador que inspira o golpe. Como quem paga faturas no prazo devido, o Congresso vai, ponto a ponto, desmanchando o edifício social construído durante décadas de luta. Na mesma levada, além de desconstruir o Estado que surgiu com a Constituição de 1988, cria condições para a retomada de ganhos do sistema financeiro, destrói a indústria nacional, criminaliza os movimentos populares e promove leilões que levam à xepa a soberania nacional em áreas estratégicas. Amparados inicialmente pela imprensa e seus articulistas orgânicos, os projetos do governo
não eleito agora passam a integrar a pauta convencional de um parlamento venal.
No Congresso, é sedimentado o projeto regressivo do golpe Ataques à EBC e ao ensino médio Duas medidas provisórias aprovadas nos últimos dias no Senado mostram que a brasa da disputa travada na sociedade precisa ser reavivada com o sopro da resistência. A primeira delas foi a reestruturação da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que passou fácil pela votação de 47 a 13, indo para sanção do presidente não eleito. Pela MP, a empresa, na prática, deixa de ter caráter público e ganha carimbo estatal. A nova engenharia institucional é uma fa-
chada para a inspiração chapa-branca projetada para a EBC. Outra MP, votada pelo Senado apenas um dia depois, com resultado de 43 a 13 e também encaminhada para sanção, aprova a reforma do ensino médio. Com pouco tempo de discussão, a MP se integra no bojo do austericídido que congela recursos para políticas públicas e sociais, inclusive educação. Sem explicitar uma política de investimentos, abre flanco para uma diferenciação inevitável entre setor público e privado, deixando ainda uma porta para o modelo de profissionalização com nítido viés de classe. A resistência que marcou todo o processo, tanto dos defensores da comunicação pública como da educação plural – com destaque para a heroica resistência dos estudantes em ocupações cidadãs em todo o país – não pode ser dada como vencida. A batalha começou nas ruas. E não pode sair delas tão cedo. Nenhum direito a menos. Não se podem respeitar decisões paridas no ventre da usurpação.
Movimentos conquistam creche na PPL EDUCAÇÃO Até ocupação feita em novembro, escola ficou parada por dois anos Divulgação
Wallace Oliveira
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pós dois anos fechada, a Escola Municipal Maria da Glória Lommez, na Pedreira Prado Lopes, na região Oeste de Belo Horizonte, deve ser reaberta neste ano. O estabelecimento foi interditado pela Defesa Civil,
no final de 2014, devido ao deslocamento de uma pedra que afetou parte do terreno da instituição. Em novembro de 2016, moradoras da comunidade, organizadas no Movimento de Trabalhadoras por Direitos (MTD) e no Levante Popular da Juventude, ocuparam o local, na primeira ação
desse tipo em creches do Brasil. Elas exigiram a recuperação do prédio e a abertura de novas vagas na educação infantil. Após pressão dos movimentos, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) se
comprometeu com as reivindicações. Agora, a escola passa por uma reforma. Novas vagas serão destinadas a estudantes que estão na lista de espera das Unidades Municipais de Educação Infantil
(Umeis) da região. “Uma das lutas que temos agora é fazer a escola com a participação da comunidade. Se a gente tem a comunidade participando, o trabalho flui”, disse Valéria Borges, do MTD.
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Foto da semana
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OPINIÃO
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Divulgação
Na edição 158... Estudantes dão lição de resistência a Temer ...E agora MP do Ensino Médio é aprovada no Senado O Senado aprovou na terça-feira (8), o Projeto de Lei de Conversão (PLV) 34, originado da Medida Provisória 746, que trata da reforma do ensino médio. A proposta, que agora segue para sanção presidencial, criou a figura do “profissional com notório saber”, que consiste em um funcionário sem formação acadêmica específica liberado para lecionar. O texto também aumenta a carga horária de 800 horas para mil horas anuais. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) se manifestou contra a medida e relembrou as mais de mil ocupações que aconteceram por todo o país contra a reforma. Na edição 155... A ‘boniteza’ da língua sertaneja ...E agora Filme que valoriza o alfabeto do Sertão é exibido em BH O filme “Sertão como se fala”, que investiga o dialeto criado pelos sertanejos e as raízes do povo nordestino, integra a programação do Cine Humberto Mauro nesta sexta (10). O longa será exibido às 15h, pelo projeto Verão Arte Contemporânea (VAC), e tem entrada gratuita. Uma outra sessão será realizada no dia 14 de fevereiro, às 19h. Os ingressos podem ser retirados na bilheteria do cinema, que fica no Palácio das Artes (Afonso Pena, 1537), 30 minutos antes do início da exibição.
VOZ DO SAMBA Há 116 anos, no dia 7 de fevereiro, nascia Clementina de Jesus. Suas canções eram uma mistura de influências afro-brasileiras e ritmos africanos. Mulher negra, de origem humilde, com uma voz potente e grave, gravou seu primeiro disco com mais de 60 anos. Foi empregada doméstica e, por mais de 20 anos, conciliou seu trabalho com as rodas de samba.
Ricardo Gebrim
Golpe e destruição do Estado O golpe de 1964 destruiu o processo organizativo acumulado pela luta popular, eliminando toda uma geração militante através de uma ditadura militar que protagonizou a maior repressão de nossa história. Praticou um alinhamento aos interesses dos Estados Unidos na lógica da “guerra fria”, fortaleceu o latifúndio, acabou com estabilidade prevista na CLT criando o FGTS, estabeleceu uma política salarial de arrocho definida em decretos. Porém, manteve e ampliou as bases do projeto nacional desenvolvimentista, inaugurado em 1930, apostando no fortalecimento da intervenção estatal. Mesmo em seu período mais sanguinário, a ditadura fortaleceu uma política soberana de controle dos recursos naturais, protegendo recursos energéticos e matérias primas estratégicas para o desenvolvimento nacional. Nada se compara com o atual golpe. Em poucos meses, a lista de destruição e ameaças às bases do Estado brasileiro são incomparáveis. AceGolpe ataca soberania leradamente desnacional montam a capacidade da Petrobras, o BNDES e a soberania nacional. A alteração constitucional que estabelece um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos é a maior blindagem limitadora do desenvolvimento social e econômico. Estamos vivendo um ataque sem precedentes à Nação e ao Povo Brasileiro. O maior retrocesso social e civilizatório que nos empurra para uma situação de explosão social. A cada dia cresce a insatisfação popular e até mesmo setores que foram arrastados para o golpe percebem a fraude em que todos fomos vítimas. Nosso povo não se deixará destruir. Ricardo Gebrim é da direção nacional da Consulta Popular
Larissa Costa
Lua em sagitário, uma aventura e a luta de classes Ana, de 17 anos, conhece o jovem Murilo em uma pequena cidade do oeste catarinense, na divisa com a Argentina. Se apaixonam e se lançam em uma aventura de moto rumo ao mar. Uma história banal e descompromissada, não fosse ele um filho de sem-terra, morador de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com uma narrativa romântica e adolescente, regada a muito rock n’roll, “Lua em Sagitário”, estreou em setembro de 2016 e na última semana chegou ao Canal Brasil. A protagonista, interpretada pela estreante Manuela Campagna, vem de uma família tradicional que defende a meritocracia e o esforço individual. Murilo, vivido pelo ator Fagundes Emanuel, foi criado sob os princípios da solidariedade e da liberdade. O namorico entre os dois permite uma descoberta que vai além das sensações corporais, que permeia a luta de classes e o ódio que as elites têm dos pobres no Conhecimento cura o Brasil. Sem ser panfletásenso comum rio, o filme mostra Ana desvestir seu preconceito e conhecer de perto o MST. Com estrutura avançada e uma cooperativa, o assentamento em Dionísio Cerqueira (SC), onde cresceu Murilo, vende produtos “até para a capital”. E Ana conhece as músicas, as bandeiras e a esperança de quem luta pela transformação da sociedade. O filme, dirigido por Márcia Paraíso, é sutil ao abordar a contradição, mas certeiro. Me fez lembrar uma uma pessoa que dizia que se um dia conhecesse o MST, talvez mudasse sua opinião contrária à ocupação de terras. E de fato. Nada mais pertinente para curar o senso comum que o conhecimento. Larissa Costa é feminista e comunicadora popular
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BRASIL
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Indicado para o STF é homem de confiança de Temer JUDICIÁRIO Alexandre de Moraes se tornou ministro da Justiça após retirada da presidenta eleita Latuff / Frente Brasil Popular
Da redação
O
presidente não eleito Michel Temer (PMDB) indicou o ministro da Jus-
tiça, Alexandre de Moraes, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes é o nome do governo para substi-
tuir o ministro Teori Zavascki, morto na queda de um avião em Paraty (RJ), no dia 19 de janeiro. O governo diz que o motivo da escolha é o currículo do indicado. Para assumir a vaga, o indicado precisa passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e ser aprovado pelos senadores. Nos últimos dias, Temer se dedicou às últimas conversas com amigos, auxiliares e apoiadores. Se passar no Senado, Moraes cuidará de 7,5 mil processos que estavam sob a responsabilidade de Teori Zavascki. Um desses processos versa sobre decisões
Cunha diz que Temer participou de reunião para nomeação na Petrobras
Currículo Alexandre Moraes está à frente do Ministério da Justiça desde maio de 2016, quando Temer assumiu a Presidência da República. Em sua tese de doutorado, defendida em 2000, Moraes disse que pessoas que ocupam cargos de confiança durante o mandato de um presidente, como ministros da Justiça, não podem ser indicadas ao STF, a
fim de evitar “demonstração de gratidão política”. Alexandre de Moraes já foi filiado ao PFL (hoje DEM), ao PMDB e ao PSDB. Entre 2007 e 2010, Moraes ficou conhecido como “supersecretário” da gestão de Gilberto Kassab, na Prefeitura de São Paulo. Ele acumulou os cargos de secretário municipal de Transportes e de Serviços e as presidências da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da empresa de transportes SPTrans. Nessa mesma época, comprou oito imóveis por R$ 4,5 milhões: dois apartamentos de luxo e terrenos em um condomínio dentro de reserva ambiental.
PL das teles volta ao Senado Divulgação / Rio Tur
Wilson Dias / Agência Brasil
E
m interrogatório comandado pelo juiz Sérgio Moro, na terça-feira (7), o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contradisse o presidente Michel Temer ao afirmar que ele teria conhecimento do que se passava na Petrobras e participou de reunião para definir as nomeações da estatal em 2007, quando ainda estava na presidência do PMDB. Em depoimento enviado à Polícia Federal para compor a defesa de Cunha, Temer havia negado a participação no encontro, porém, de acordo com o depoimento do ex-deputado, ele não só teria exercido um papel importante na discussão, como “sabia de tudo e de todos”.
judiciais que determinam a entrega de medicamentos de alto custo à população. Moraes também deve ser o revisor dos processos da Lava Jato no plenário do Supremo.
A Ainda durante o interrogatório, Cunha leu uma carta escrita a mão na qual declarou ter um aneurisma cerebral. “Sofro do mesmo mal que acometeu a ex -primeira dama Marisa Letícia [morta na semana passada]”. O presídio onde fica-
mos não tem a menor condição de atendimento”, declarou. O ex-deputado, no entanto, se recusou a realizar um exame para comprovar a doença. Moro afirmou que irá analisar o pedido, mas por ora deve “manter a posição”.
pós decisão do STF, o Projeto de Lei Complementar nº 79/2016, que modifica a Lei Geral de Telecomunicações, foi devolvido pelo Palácio do Planalto ao Senado Federal, onde deverá ter uma tramitação que permita mais análise e debate entre os parlamentares. A decisão foi uma derrota para o governo Temer, que tentou aprovar a medida a toque de caixa. O PLC nº 79/2016 acaba com o regime público nas telecomunicações e ainda transfere cerca de R$ 100 bilhões em patrimônio do governo para as operadoras de telefonia. As mudanças dificultam investimentos para expansão da banda larga em áreas mais remotas do país e podem encarecer ainda mais os serviços, já que diminui o poder de fiscalização do governo e acaba com a exigência de tarifas módicas.
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Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
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Greve da PM expõe desigualdades e leva caos ao Espírito Santo VIOLÊNCIA Mais de 100 assassinatos e pelo menos 200 saques em lojas foram registrados Tânia Rêgo /Agência Brasil
Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)
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país inteiro acompanha com perplexidade a barbárie social vivida pelo do Espírito Santo desde o início de uma “greve” da Polícia Militar no estado, que já completa seis dias. Esposas e parentes de integrantes da PM, com apoio velado da própria corporação, seguem impedindo que os militares saiam dos quartéis para realizar o policiamento ostensivo nas cidades. Como resultado, as ruas de Vitória, região metropolitana e municípios do interior foram tomadas por uma escalada de violência. Mais de 100 homicídios já foram relatados e ao menos 200 lojas e supermercados foram saqueados, sem contar uma infinidade de assaltos a mão armada e arrastões. Os serviços públi-
gelados nos últimos três anos, acumulando perdas de 40%. Do outro lado, o governador Paulo Hartung (PMDB) chamou a paralisação da PM de “chantagem” e rejeita qualquer tipo de aumento para a categoria. O governo federal chegou a enviar militares do Exército e agentes da Força Nacional de Segurança para o estado, mas ainda em número insuficiente. Desigualdade e violência A explosão da violência social no Espírito Santo não se explica apenas pela gre-
Parentes dos PMs seguem impedindo que os militares saiam dos quartéis
cos de transporte, postos de saúde e escolas estão paralisados. De um lado, mais de 10,3 mil policiais militares capixabas, que recebem um dos piores pisos salariais
do Brasil, cerca de R$ 2.460, menos que a média nacional (R$ 3.980), reivindicam do governo estadual aumento salarial que não recebem há sete anos. Os salários dos PMs seguem con-
PMs capixabas recebem um dos piores salários do Brasil
ve da PM, afirma Daniel Cerqueira, pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ele destaca que, diante das graves desigualdades sociais do país, o sistema democrático só consegue se manter mediante um forte aparato repressivo por parte do Estado, o que dá um grande “poder de barganha às organizações policiais” frente a governos e à própria sociedade. “A paz nas zonas nobres das cidades é forjada com base na exclusão e segregação dos ‘indesejáveis’, ou seja, os pobres, negros e moradores da periferia. Nesse contexto, a polícia funciona como o último biombo, de modo a manter a normalidade dentro do cordão sanitário onde vive a elite dourada”, analisa.
Solução para segurança pública passa por investimento social Tânia Rêgo /Agência Brasil
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utor do livro “Causas e Consequências do Crime no Brasil”, Daniel Cerqueira defende a adoção de outro modelo de segurança pública, baseado na prevenção social e não apenas na repressão. O Brasil responde por 12% dos homicídios ocorridos anualmente em todo o mundo, mas enganase quem pensa que se trata de um problema generalizado. A metade desses homicídios ocorre em apenas 81 dos mais de 5,5 mil municípios de todo o país. “Nesses municípios, a metade dos assassinatos está
sem criminalizar toda uma juventude”, continua.
Lojas, serviços públicos e escolas estão totalmente paralisados
concentrada em 10% dos bairros. É possível fazer uma intervenção localizada nesses bairros, investindo principalmente nas crianças e jovens, com oportunidades de desenvolvimento social para essa população”, explica.
“A política de repressão deve ser qualificada, voltada para o combate à circulação de armas e trabalhando com inteligência para identificar e prender aqueles elementos de maior periculosidade,
Pobres pagam ajuste Em seu terceiro mandato à frente do governo do Espírito Santo, o governador peemedebista Paulo Hartung tem adotado um forte ajuste fiscal, que está na origem da insatisfação das organizações policiais e tem impactado o conjunto dos serviços públicos no estado, que atende à população mais pobre. Para o Sindicato do Pessoal do Grupo de Tributa-
ção, Arrecadação e Fiscalização do Espírito Santo (Sindifiscal-ES), esse ajuste, no entanto, se limita ao corte nos investimentos públicos. Como resultado, mais de 100 obras foram paralisadas e o arrocho salarial dos servidores fez a defasagem atingir 22%, na média. Para o Sindifiscal, o estado prejudica servidores públicos e a população, mas não enfrenta os graves problemas de receita, causados pela sonegação de impostos e as fraudes tributárias, que ultrapassam os R$ 7 bilhões anuais.
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BRASIL
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Aposentados contam como a vida muda depois do benefício PREVIDÊNCIA Proposta do governo Temer, se aprovada, vai fazer com que muitos jovens nunca se aposentem Antônio Cruz / ABr
Wallace Oliveira
O
direito de se aposentar é uma conquista da civilização, um jeito de reconhecer a contribuição de quem já trabalhou demais e liberar essas pessoas para fazerem outras coisas além de garantir a sobrevivência. Apesar de ser um direito tão fundamental, ao longo do tempo, diferentes governos mexeram no direito dos aposentados.
Em 1998, Fernando Henrique Cardoso aprovou a Emenda Constitucional 20, criando o fator previdenciário e determinando Arquivo pessoal
que, para aposentar, não seria mais levado em conta o tempo de serviço, mas o tempo de contribuição. Em 2003, Lula aprovou a
Emenda Constitucional 41, definindo que, em vez de receber o salário integral, o servidor público teria o benefício calculado pela média de sua contribuição a um fundo previdenciário. Dilma, em 2015, aprovou a regra dos 85/95, com base na soma do tempo de contribuição com a idade. Nada, porém, chega perto da proposta do governo não eleito de Michel Temer (PMDB), a PEC 287.
Arquivo pessoal
“Pude ter mais tempo para meus filhos e netos”
“A liberdade é você ter o seu dinheiro”
Frutuoso Lorega tem 65 anos e mora em Recife (PE). Ele trabalhou como policial civil dos 29 aos 56 anos, quando conseguiu se aposentar. “O trabalho do policial é estressante, vive no limite entre o certo e o errado. É uma profissão em que você tem que verificar, reprimir pessoas. Se o mundo fosse diferente, a polícia nem existiria, não teria função”, afirma. Livre da obrigação de cumprir horário, ele agora tem tempo para outras coisas importantes. A vida mudou: “Pude ter mais tempo ao lazer e à família, meus filhos e netos. Mas a ociosidade também causa depressão, então, direcionei minha energia para outras atividades. Primeiro, me dediquei à informática, consertando computadores de amigos e familiares. Era algo que me dava prazer e ainda rendia uns trocados. Entrei em Artes Visuais na UFPE. Depois, passei a tocar num grupo percussivo, o Batadoní. Gosto muito de fazer reformas em casa também”, conta.
Maria da Glória de Medeiros Morais tem 65 anos e vive em São José de Espinharas (PB). Após trabalhar duro como agricultora familiar, ela conquistou, aos 55 anos, o justo direito à aposentadoria. “Eu me aposentei em maio de 2006 e, para mim, a vida mudou para melhor. Essa renda eu aproveito comprando remédios e me alimentando melhor. Se não tivesse a aposentadoria, como a gente compraria remédios? A liberdade é você ter o seu dinheiro, escolher o que você quer comprar, na hora em que você quer gastar com o que você quiser. Antes, para comprar um perfume, eu tinha que pedir autorização ao meu marido”, lembra. Ela acredita que se a reforma da Previdência de Temer for aprovada, as agricultoras serão as mais prejudicadas: “Essa aposentadoria não pode ser mudada, principalmente para a mulher do campo. Muitas vivem da aposentadoria. Depois dos 60 anos, as coisas ficam muito mais difíceis”, alerta.
Se aprovada, essa reforma da Previdência vai tornar a aposentadoria tão distante, que só vai ser possível parar de trabalhar e receber o valor integral do benefício às vésperas da morte. As novas gerações sentirão os efeitos nas próximas décadas, mas a experiência dos mais velhos ajuda a entender, desde já, como faz falta esse direito fundamental. Conheça algumas histórias. Wlallace Oliveira / Brasil de Fato
“Todo mundo devia poder viajar ao menos uma vez por ano” Maria das Graças Oliveira tem 68 anos e mora em Belo Horizonte (MG). Ela trabalhou como operária em diversas fábricas de São Paulo e BH e como doméstica em casas de família. Em 1985, precisou abandonar o emprego para cuidar da mãe enferma: “Fiquei trabalhando em casa e paguei ao INSS como autônoma. Mamãe morreu em 1999 e, um ano depois, eu consegui aposentar por tempo de contribuição”, conta. A aposentadoria trouxe a oportunidade de realizar coisas que ela nunca pôde fazer antes: “O dinheiro do benefício é pouco, mas é melhor com ele do que sem ele. Agora, eu saio mais. Entrei na pastoral da saúde, visito doentes e, se for preciso levar alguém ao médico, eu procuro ajudar, fico disponível. De vez em quando eu viajo. É tão bom viajar! Todo mundo devia poder viajar ao menos uma vez por ano”, recomenda.
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Acadêmicos dos EUA repudiam presença de Moro JUSTIÇA Professores, intelectuais e estudantes criticam participação do juiz em evento Reprodução / Youtube
Fânia Rodrigues
A
participação do juiz Sérgio Moro em debates realizados em Nova Iorque foi questionada no meio acadêmico estadunidense. “Este evento não tem um debate universitário, representa apenas um lado”, afirmou a professora Nancy Fraser, uma das mais respeitadas da universidade New School. Na Universidade de Columbia, também houve críticas por parte de docentes, que expressaram ao próprio Sérgio Moro, durante o debate, seus questionamentos sobre a condução da Operação Lava Jato.
“Essa reação da academia a gente não esperava. O Moro acaba sendo símbolo de várias questões polêmicas, de setores da direita”, afirma um dos organizadores do evento, Gustavo Azenha. Segundo Azenha, outras pessoas foram convidadas para debater
temas relacionados à democracia, combate à corrução e Operação Lava Jato, durante dois dias de evento. Moro foi questionado sobre uma possível ligação com agências de inteligência dos EUA. O sociólogo Felippe Ramos, que mediou o
debate, explica que não era um evento em homenagem ao juiz de Curitiba. “Era um debate onde ele teve de responder a perguntas críticas. Em uma delas, questionei a politização dos processos da Lava Jato. Também perguntei sobre a instabilidade institucional devido ao aumento do conflito entre os poderes, resultado da Lava Jato, com consequências ruins para o Brasil”, conta. Durante a exposição de Moro, algumas pessoas protestaram e o acusaram de ser parcial no processo que investiga o ex-presidente Lula. Moro negou as acusações.
MUNDO
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ELN e governo iniciam fase pública de diálogos de paz O governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN) iniciaram a fase pública de diálogo para pôr fim ao conflito entre a guerrilha e as Forças Armadas, durante encontro no Equador. A agenda para as negociações de paz foi estabelecida em março de 2016 em um encontro em Caracas, Venezuela. Ele contém exigências de participação da sociedade, democracia, transformações para a paz, atenção às vítimas, fim do conflito e implementação do acordo.
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Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Amiga da Saúde
Nossos direitos Justiça Gratuita Quem nunca teve um probleminha e pensou em entrar com uma causa na Justiça? Nesses casos, o melhor caminho para começar é tentar a conciliação, ou seja, entrar em contato diretamente com o causador do conflito. Mas se isso não for possível ou já foi tentado e não deu certo, você pode recorrer aos Juizados Especiais Cíveis, de forma gratuita, mais rápida que a Justiça comum. Esses Juizados, antes conhecidos como Tribunais de Pequenas Causas, foram criados para atender questões de menor complexidade, na prática, conflitos em que o valor
envolvido não ultrapasse 40 salários mínimos. É preciso se dirigir ao Juizado Especial mais próximo de sua casa, munido de cópia e original dos documentos básicos (RG, CPF, comprovante de residência), mais os documentos que comprovem a causa. Nos juizados, não é preciso ter advogado, você mesmo pode propor sua ação e os funcionários do Juizado lhe ajudarão a redigir seus pedidos. O passo seguinte será a marcação de audiência de conciliação, e caso não seja formalizado um acordo, será emitida uma determinação judicial.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.
Amiga da saúde, observo que na relação sexual, quando o homem não goza fica um “climão”, mas se a mulher não goza é normal. Por que isso acontece? Aline Moreira, 20 anos, estudante. Cara Aline, infelizmente essa é a realidade de grande parte dos casais. A nossa sexualidade geralmente é formada em bases muito machistas. Por conta disso, homens e mulheres agem mais focados no prazer do homem. E como eles desde pequenos são estimulados a buscar o prazer sexual, têm mais facilidade em se entregar e a chegar ao orgasmo. Já
as mulheres, desde crianças, têm o prazer reprimido, tendo que superar diversas barreiras para conseguir ter relações sexuais saudáveis e chegar ao orgasmo. As mulheres já conquistaram alguns avanços em relação aos seus direitos, porém ainda há grandes desafios, principalmente quando se fala em sexo. Ter prazer e chegar ao orgasmo é direito de todas!
Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
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O governo federal quer dar um fim à aposentadoria de milhões de brasileiros. Um deles pode ser você. A reforma da Previdência que o governo Temer quer ver aprovada já neste primeiro semestre pretende dificultar ao máximo a aposentadoria. A proposta impõe idade mínima de 65 anos para que homens e mulheres possam se aposentar. Para conseguir 100% da média do salário de contribuição, o brasileiro terá que começar a trabalhar com carteira assinada aos 16 anos, uma vez que será necessário contribuir por, no mínimo, 49 anos ininterruptos. E quem consegue entrar no mercado formal de trabalho aos 16 anos? Vamos trabalhar e pagar a aposentadoria a vida toda para usufruir poucos anos do benefício, ou até mesmo morrer, antes de conseguir aposentar!
#salvesuaaposentadoria
sindifiscomg.org.br
E mais: atualmente, para calcular o valor que o trabalhador vai receber de aposentadoria, são excluídos os salários mais baixos que ele recebeu. Com a reforma, o cálculo passará a levar em conta todos os salários recebidos pelo trabalhador, até os mais baixos, para diminuir ao máximo a renda que o aposentado vai receber. Vamos permitir que essa reforma seja aprovada? Chegou a hora de reagir!
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
13 VARIEDADES 13 por Alan Tygel*
www.malvados.com.br
Dicas Mastigadas Geleia de Acerola
Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL
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Solução
Ingredientes: • • • • • •
1kg de acerola madura 500g de açúcar mascavo canela a gosto cravo da índia a gosto canela para salpicar 1 colher de sopa de fermento em pó
Modo de fazer
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Verão também é época de acerola! Seja do quintal ou da feira, a fartura de frutos é tanta que é preciso dar um jeito de pra guardar essas delícias por mais tempo.
Lave as acerolas. Coloque em uma panela com água suficiente para cobrir as frutas. Tampe a panela e leve ao fogo por 20 minutos. Escorra a água e deixe esfriar. Passe as acerolas numa peneira, utilizando um copo para espremer. O ideal é que reste apenas o caroço. Em uma panela funda, misture a polpa com o açúcar, a canela e o cravo e leve ao fogo para reduzir. Ao entrar em ebulição, a mistura irá subir, por isso é importante a panela funda. Deixe cozinhar em fogo baixo, sempre mexendo com uma colher de pau, até que adquira uma textura grossa, e que desgrude da panela. Coloque em potes de vidro esterilizados e guarde na geladeira.
Açúcar mascavo ou açúcar branco? O açúcar branco é resultado de um processo químico que retira da garapa a sacarose branca, que é apenas o carboidrato sem nenhum mineral ou vitamina. Para adquirir a cor branca, ainda são realizados processos químicos de branqueamento. Estudos associam o consumo de açúcar branco com diversas doenças, como o câncer e a obesidade. O açúcar mascavo, por sua vez, é simplesmente a garapa cristalizada (rapadura) e moída. É muito mais rico e saudável do que o açúcar branco, pois contém proteínas, gordura, cálcio, fósforo, ferro, vitamina B1, B2, vitamina C, sódio, potássio, magnésio, cobre e zinco. Experimente trocar nas suas receitas o açúcar branco pelo mascavo! * Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Profissão: Youtuber INTERNET Com dicas de construção a reflexões sobre sexualidade, jovens mineiros inovam nos vídeos e produzem conteúdo de qualidade
Belo Horizonte na rota dos foliões
Reprodução / Facebook
Raíssa Lopes
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e forma acessível e democrática, eles espalham conhecimento. Assim é possível resumir o trabalho de alguns youtubers de Minas que decidiram transformar espaços na internet em ambientes de troca e utilidade pública. A jovem Paloma Cipriano, de 23 anos e com um canal com quase 100 mil inscritos, conta que nunca teve a intenção de viralizar na rede. Ela, que produz vídeos com dicas de construção, chamou a atenção pela autonomia e destreza com que lidava com a obra da casa onde mora com sua mãe, em Sete Lagoas. Por não terem dinheiro para levantar a residência, Paloma aprendeu a colocar piso, subir parede, recortar cerâmica, aplicar rejunte e mais uma infinidade de coisas. “Com muito custo conseguimos comprar o material, só que não podíamos arcar com a mão de obra. Com 16 anos fiz um curso de alvenaria e comecei a arrumar a casa”, relata. O canal surgiu quando sua mãe resolveu gravar o que ela fazia. “Achei sem sentido, porque para mim era uma coisa super normal, que fazia desde pequena. Mas, de repente, me-
ninas de todo canto começaram a me parabenizar, me mandar fotos do que elas haviam construído e eu vi que poderia dar certo”, continua. Um dos desejos da moça é que mais mulheres se interessem pelo seu trabalho, pois seu público ainda é 70% masculino. “Fico feliz de poder incentivar, mostrar que não existe ‘coisa de menino’ e mudar algumas mentalidades”, diz.
Conheça
youtube.com/palomacipriano
Ao mostrar como constrói sua casa, Paloma inspira outras meninas Cotidiano de um homem trans O canal de Lucca Najar, homem trans de Belo Horizonte, seguiu um caminho semelhante: sem muitas pretensões, agradou e cresceu. Em seus vídeos, Lucca trata do seu cotidiano e dos desdobramentos psicológicos e sociais de se entender na vida como uma pessoa trans. Ele decidiu criar a página após buscar, na internet, conteúdos que lhe esclarecessem e
o ajudassem a enfrentar essa fase. Sem sucesso, viu que era hora de inovar. “Os canais que existiam falavam muito sobre as mudanças físicas, hormônios, mas não dessa transformação, que afinal sempre vem de dentro pra fora”, explica. Com temas que vão de mercado de trabalho a matrícula na academia, Lucca também grava com a mãe e com a namorada, afim de tratar de forma simples e divertida sua realidade. Usar o site Youtube para politizar deu tão certo que os vídeos dele já estão sendo requisitados em escolas para educar alunos sobre a diversidade sexual.
O carnaval de BH já é considerado um dos maiores do país. Neste ano, houve um crescimento do número de blocos que irão desfilar e a estimativa de público é de 2,4 milhões de pessoas, de acordo com a Belotur. Entre as novidades, postos médicos espalhados pela região centro sul, maior número de banheiros químicos e o dobro de servidores da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) trabalhando durante a festa. Para quem vem de fora, ainda dá tempo de fazer sua reserva nos hotéis da cidade, que oferecem pacotes promocionais. A partir de sexta (10), o aplicativo Carnaval Belo Horizonte 2017 Oficial estará disponível com programação e informações sobre transporte.
Carnaval com monopólio de cerveja
Conheça
www.youtube.com/luccanajar Aula de história na rede Democratização é também a palavra chave para o canal de Débora Aladim, uma jovem de 18 anos que cresceu na internet. Agora ela é estudante de História da UFMG, mas começou a gravar quando estava no ensino médio. Débora está quase atingindo os 500 mil inscritos, e além da faculdade, divide seu tempo dando aulas de monitoria em um cursinho pré-vestibular de BH. “Teve muita gente que me agradeceu pela aprovação no vestibular, gente que diz que voltou para o ensino médio por incentivo do meu canal. Sempre quis que as pessoas perdessem esse medo de prova, esse tabu com a licenciatura. Tento falar de tudo de forma alegre”, relata.
Conheça
www.youtube.com/deboraaladim
Muita gente se indignou com a notícia de que, no carnaval de BH, só serão comercializadas duas marcas de cerveja. Os quase 9 mil vendedores ambulantes cadastrados para trabalharem na folia poderão vender apenas Skol e Budweiser, ambas da Ambev. Refrigerantes, água, energético e outras bebidas da fabricante foram liberados. A Ambev é patrocinadora oficial do evento, que oferecerá uniforme, guarda-sol e treinamento para os ambulantes.
Metrô até mais tarde
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) divulgou que a Estação Central fica aberta para embarque até as 2h da madrugada nos dias 11, 12, 17, 18 e 19 de fevereiro e durante o feriado do carnaval, de 24 a 28 de fevereiro. Exclusivamente na sexta (24), o horário ampliado para embarque vale também para a Estação Primeiro de Maio. As demais estações funcionarão somente para desembarque após às 23h.
Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
na geral
Tucumán resgata tradição da Libertadores Reprodução
Campeã de xadrez perde de propósito para protestar
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Andreas Kontokanis
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enxadrista chinesa Hou Yifan, campeã mundial, resolveu perder uma partida de propósito. Disputando o Aberto de Gibraltar, na Espanha, Yifan queria enfrentar homens, mas foi posta para jogar contra sete mulheres nas primeiras nove rodadas. Ela suspeita que os organizadores forçaram esses jogos. Para protestar, a chinesa perdeu de propósito para sua oponente, Babu Lalith, forçando cinco jogadas desastrosas logo no início do embate. Além disso, a campeã mundial anuncia que não defenderá seu título enquanto os critérios dos torneios femininos não forem igualados aos do masculino.
Neymar pode pagar R$ 200 milhões em multas Alex Fau
Uma partida da pré-Libertadores, na terça (7), lembrou a várzea. O time argentino Atlético Tucumán foi enfrentar o El Nacional em Quito (Equador). Na ida, o voo atrasou e a delegação chegou ao aeroporto a 15 minutos da partida. O trajeto até o estádio Olímpico Atahualpa demoraria pelo menos meia hora. Na correria, as malas ficaram para trás, o Tucumán viajou no ônibus a 130 km/h, em clima de “Velozes e Furiosos”, e só não tomou multa porque teve escolta policial. Chegou ao estádio atrasado e poderia ter perdido por WO, mas a equipe adversária aceitou jogar depois do horário admitido pelo regulamento. Sem bagagem, os jogadores argentinos usaram um uniforme da seleção argentina sub-20. Apesar da bagunça, o Tucumán bateu o El Nacional, na altitude de 2850 metros, por 1 a 0. O próximo desafio é contra o Junior Barranquilla (COL). Quem vencer vai para o grupo 5, com Palmeiras, Peñarol e Jorge Wilstermann.
ESPORTES
Pela segunda vez, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf ) adiou decisão sobre recurso apresentado pelo atacante Neymar, que quer se livrar de uma multa de R$ 200 milhões. Segundo a Receita Federal, o jogador utilizou empresas de fachada para sonegar impostos, no período de 2011 a 2014. Em sessão na última quarta-feira (8), houve pedido de vistas, adiando a decisão para março.
Você sabia?
W.O. é a abreviação do termo “Walkover”, que significa “vitória fácil”. Segundo a regra, uma equipe ou competidor pode vencer um confronto por desistência ou não comparecimento do oponente. No futebol, o W.O. também pode ocorrer pela falta de, no mínimo, sete jogadores em um dos lados, por conta de lesões, expulsões ou apresentação de time titular incompleto. Na Libertadores, se uma equipe se atrasar por mais de 45 minutos, também perde por W.O.
Curta e Grossa
Só mais um compromisso
Reprodução
Irene Coelho Ameaçada de boicotes pelos donos do futebol brasileiro, a Copa da Primeira Liga surgiu com a expectativa de ser o embrião de uma forte liga nacional. As promessas? Independência com relação à CBF e Globo, autonomia dos clubes e equilíbrio, rompendo o predomínio do eixo Rio-São Paulo, que fala mais alto que todo o restante do país. Em sua segunda edição, o torneio ainda não disse a que veio. Quem se lembra do campeão do ano passado? Em 2017, os direitos de transmissão pertencem à Bandeirantes, na TV aberta, e à Sportv, do Grupo Globo, na TV por assinatura. Mas o que mais cheira a velho é o fato de que, longe de liberar os clubes, a competição tornou-se mais um fardo no já lotado calendário da elite do futebol brasileiro. Compromisso que gera desgaste para atletas das principais equipes, que chegam ao fim da temporada sem condições de manter o nível técnico. Quem muito defendeu uma liga de clubes foi o movimento Bom Senso F.C., hoje praticamente inativo. Mas, na pauta do Bom Senso, a reorganização passaria por um novo calendário, que reduziria o número de jogos dos grandes e aumentaria o dos pequenos, a fim de garantir receita para estes e a qualidade de jogo para aqueles.
André Cavalleiro
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Belo Horizonte, 10 a 16 de fevereiro de 2017
Galo confirma transferência de Pratto ao São Paulo
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução / Atletico Tucumán
Bruno Cantini
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m coletiva de imprensa na quinta (9), o presidente do Atlético-MG, Daniel Nepomuceno, confirmou a negociação do atacante argentino Lucas Pratto com o São Paulo. O jogador não foi relacionado para o jogo contra o Joinville. “Minha identificação com o clube é muito grande. Peço desculpas à torcida por não ter conseguido
um título importante”, disse, emocionado, o atacante. Até o fechamento desta edição, ainda não haviam terminado os jogos entre Atlético e Joinvile e Cruzeiro e Chapecoense.
Foi tudo muito louco e incrível porque nos sentíamos já fora, mas olhávamos uns para os outros e dizíamos: ‘vamos que chegamos, vamos que ganhamos’. Bruno Bianchi, jogador do Atlético Tucumán, sobre a vitória contra o El Nacional, pela Libertadores. A equipe argentina chegou atrasada e jogou com uniforme emprestado.
Gol de placa Camarões conquistou sua quinta Copa Africana de Nações, ao bater a seleção do Egito. Os egípcios abriram o marcador no início do jogo, mas Camarões virou na etapa final. Destaque para o golaço de Aboubakar, aos 42’, que deu um chapéu de calcanhar e mandou para as redes.
Gol contra Domingo (5), Universitário e Huancayo, do Peru, duelavam no estádio Monumental de Lima, em jogo válido pelo Torneio de Verão. Torcedores do Universitário esbravejaram ofensas racistas contra o meio-campista Julio Landauri, do Huancayo. O árbitro teve que paralisar a partida.
Decacampeão
É Galo doido
La Bestia Negra
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Léo Calixto
Embora com necessidade de evolução, o América aparentemente tem algo que não tinha no ano passado: elenco com possibilidades de variações de táticas. O 3-52 dos amistosos e das primeiras rodadas não deu certo e, então, o técnico Enderson Moreira Decacampeão já voltou a apostar no 4-3-2-1, com laterais que defendem, volantes que saem para o jogo e pontas que ajudam na recomposição. Os antes titulares Alex Silva, Ernandes e Matheuzinho perderam suas posições no time titular. Mas, de fato, o início de temporada e o excesso de jogos em pouco tempo precisam ser utilizados justamente para se fazer testes e experimentações e, assim, verificar quais atletas devem ficar para a Série B.
Jogadores dos clubes brasileiros correm o risco de sofrer uma confusão mental com tantas competições em 2017. Vai ser difícil até o treinador saber quem escalar, em que circunstâncias e com que objetivo. Priorizar é necessário, mas, quando esÉvitórias, Galo doido! cassearem as qualquer título vai servir de consolo. Exemplo: Primeira Liga. Se há um desdém pelo torneio, porque não acabam com ele? Vai acabar se tornando um campeonato regional: ruim com ele, pior sem ele. Depois, vêm Libertadores, Copa do Brasil, Brasileirão. E haja bolso para ir ao estádio e empurrar o Galo. “Eu acredito” vai custar caro. Cabe ao técnico Roger Machado e ao elenco tornar o investimento compensatório.
A direção do Cruzeiro mostrou mais uma vez que está longe de se preocupar com a parte mais importante do clube, a torcida. Após medidas questionáveis ao longo da gestão, Gilvan iniciou 2017 com a queda de 18 mil sócios torcedores. Em resposta, La Bestia Negrados sócios a direção reduziu os benefícios e manteve o valor dos ingressos a ponto de cobrar R$ 40 no ingresso infantil! Absurdos dessa ordem acontecem com os não sócios, que veem sua carga de ingressos diminuída drasticamente, ao mesmo tempo em que o estádio segue com baixa taxa de ocupação. É preciso mais que nunca a união da China Azul para acabar com os abusos cometidos por pessoas que se colocam acima do clube e da torcida.