Edição 175 do Brasil de Fato MG

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Minas Gerais

9 a 16 de março de 2017 • edição 175 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg Laísa Campos

BRASIL Contra a retirada de direitos propostas pelo governo Michel Temer, militantes e ativistas de todos os cantos do país realizaram ocupações nas agências do INSS. Em BH, mais de mil mulheres participaram de ato para defender a Previdência Social

NO 8 DE MARÇO, MULHERES SE MOBILIZAM NO MUNDO

mundo Na pauta, o reconhecimento do serviço doméstico como trabalho e o combate à violência contra as mulheres. Ações aconteceram em 57 países, como a marcha das camponesas no Paraguai (foto) e a manifestação na capital de Bangladesh, Dacca (à direita)

Opera Mundi


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 9 a 16 de março de 2017

Editorial | Brasil

Milhares de mulheres dizem não à reforma da Previdência

ESPAÇO dos Leitores

“Somos nós que saímos as ruas por amor a vida e não por causa de grupos que querem acabar com os direitos sociais”. Sonia Oliveira comentando a charge da semana sobre a luta das mulheres

“Eu quero é mais!”

Sirley Ferreira comentando a matéria “´Fora, Temer´ ganha o carnaval e presidente é tema de marchinhas”

“Grande Zé Guilherme”

Alessandra Mello comentando a entrevista “Se não fosse a luta, não teria carnaval em Belo Horizonte” de José Guilherme Castro

“Assistam esse filme!”

Jamile Araújo comentando o artigo “Mulheres que colocaram o homem na lua”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Nesta semana, foi celebrado o Dia Internacional das Mulheres, o 8 de Março. O dia foi instituído em 1910 como um marco da luta feminista, em que as mulheres se organizam, reivindicam direitos e discutem a necessidade de transformar a sociedade, marcada pelo machismo, pela violência, exploração, opressão e desigualdades salariais. Em todo o mundo, houve grandes manifestações, que levaram milhares às ruas. Neste ano, duas gran-

Protestos No Brasil, mais de 150 mil mulheres do campo e da cidade se engajaram em manifestações. Além das pautas internacionais, as brasileiras criticaram a reforma da Previdência proposta pelo governo não eleito de Michel Temer. Caso aprovada, a reforma provocará um ver-

Mulheres cobram que trabalho não remunerado seja dividido

dadeiro desmonte do sistema de Previdência Social. Para as mulheres, pode significar o aumento na idade mínima para a aposentadoria, que passará para 65 anos. No caso das trabalhadoras rurais, haverá o aumento de 10 anos para a aposentadoria. Essas medidas desconsideram que as mulheres ainda assumem outras jornadas para além do emprego formal. Sem contar que a presença feminina no mercado formal é muito mais inconstante que a dos homens, o que faz com que elas estejam em massa no trabalho informal e mal remunerado. Em Minas Gerais, as mulheres fizeram bonito neste 8 de Março. Elas tomaram as ruas de BH, Montes Claros, Juiz de Fora, Uberlândia, São João Del Rei e em outras cidades do estado. Além dos atos, outras ações foram promovidas, como a ocupação da agência da Previdência Social no Centro de BH, que deu o recado de que as mulheres irão defender a Previdência até o fim, pois ela é uma das grandes conquistas do povo brasileiro.

des bandeiras foram escolhidas para unificar as ações. A primeira foi a do trabalho. O reconhecimento do serviço doméstico e de cuidados como trabalho é pauta histórica do movimento feminista. A mulheres querem que essas funções, não remuneradas, sejam divididas com o Estado – a partir de creches, lavanderias e restaurantes públicos – e com os homens. Outra questão é a superação das desigualdades salariais e de direitos no mercado de trabalho. A outra bandeira é a do combate à violência contra a mulher. A violência que as mulheres sofrem pelo simples fato de serem mulheres continua sendo um dos instrumentos do machismo para manter a dominação sobre suas vidas, seja no âmbito do espaço privado, que é a casa e a família, seja no espaço público, nas ruas, no trabalho etc.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

150 mil mulheres se mobilizaram no Brasil

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Luciana Santos Gonçalves. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


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Belo Horizonte, 9 a 16 de março de 2017

No dia 8 de março, muitos homens felicitaram as mulheres, mas quantos deles assumem, de fato, sua parte nas tarefas de casa? De acordo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2016, em média, as mulheres dedicam 21 horas por semana ao serviço doméstico, ao passo que os homens gastam apenas 10 horas semanais. O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:

“Esse dia é de comemoração e luta! Não é parabéns por ser mulher. É um dia para refletir o nosso lugar, reconhecer a desigualdade que estamos, a violência que sofremos e comemorar o que já conquistamos. Vamos construir um mundo mais justo #seguealuta”

O que aconteceria se as mulheres parassem de fazer o serviço doméstico hoje?

Cláudia Ferreira, pipoqueira

Seria uma tragédia. Ia dar bicho, feder, os homens iam morrer porque eles não sabem fazer nada. Alguns até sabem, não pode generalizar. Eu moro com minha filha e não tem homem na casa. Quando eu fui casada, o homem me ajudava e, se eu não estivesse em casa, ele fazia o serviço.

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Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

Tem homem que não presta nem pra lavar o copo que ele usa pra beber água. Eu moro com dois meninos e o pai deles. Os três não fazem bosta nenhuma. Quando eu não faço o serviço de casa, acumula tudo. Eu acho errado, mas não adianta brigar porque eu só passo raiva com isso.

GERAL

Divulgação

Disse a atriz Leandra Leal, em rede social

Mandou Bem

Divulgação

Fabiane Cristina, captadora

#BombouNaRede

Mídia NINJA

“Tenho absoluta convicção do quanto a mulher faz pela casa, pelo lar, do que faz pelos filhos”, declarou Michel Temer em cerimônia no Dia Internacional da Mulher, evento no qual Marcela Temer teve só 2 minutos de fala. A frase tomou conta dos debates nas redes e fora dela. Ao longo da semana, Temer, que indicou apenas uma mulher para os 23 ministérios - após receber várias críticas por ter um ministério formado só por homens brancos - também havia declarado que “as mulheres terão cada vez mais espaço em seu governo”.

A grande campeã do carnaval do Rio de 2017, a Portela, que discutiu o tema das águas, trouxe em seu quarto carro alegórico menções ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. O desfile trouxe personagens interpretando os atingidos e com placas denunciando o crime ambiental da Samarco. Sobre a alegoria, os organizadores do desfile declararam: “É um lamento de quem perdeu o rio e o rumo!”.

Mandou Mal

Divulgação

O rapper Flávio Renegado lançou, na semana que marca o Dia Internacional da Mulher, o clipe da música Luxo só. O vídeo foi considerado por muitas pessoas um retrocesso e uma ofensa contra as mulheres. No clipe, várias atrizes negras aparecem seminuas, dançando para o cantor, que é o único homem a aparecer no vídeo. Sobre as críticas, o cantor comentou “Acreditem, eu não sou o algoz. Eu sou o irmão e filho. Eu sou parte. Eu sou preto e é junto com meu povo que quero estar”.


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CIDADES

Belo Horizonte, 9 a 16 de março de 2017

Prefeito de BH ainda não tem maioria na Câmara de Vereadores POLÍTICA Apoio no Legislativo passa pela negociação de cargos, prática que Kalil diz repudiar Rodrigo Clemente

Wallace Oliveira

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om dois meses no governo, o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS), ainda não conseguiu amarrar uma maioria na Câmara Municipal. O motivo central é que, até agora, não foram negociados com vereadores diversos cargos importantes da Prefeitura. “Trata-se de um governo novo e, ao mesmo tempo, houve uma renovação da Câmara, o que impõe um período de maturação com os novos representantes. Em se-

Kalil chegou propondo acabar com uma relação baseada em contratações e cargos”, diz vereador

gundo lugar, Kalil chegou propondo acabar com uma relação baseada em contratações e cargos, a fim de criar uma nova perspectiva, baseada em projetos e obras. Isso, inicialmente, gera rejeição por parte de vereadores”, avalia o vereador Gilson Reis (PC do B). Eleito prometendo pôr fim ao loteamento de cargos, Kalil reafirmou esse discurso em

sua posse, no dia 1º de janeiro, e pediu compreensão aos parlamentares. “Governar para quem precisa é abrir mão de cargos, empregos e gastos desnecessários. O dinheiro dessa prefeitura não será canalizado para troca de favores”, disse na ocasião. Com efeito, a negociação de cargos em secretarias, regionais e órgãos públicos tem

Vereadores conseguem retirar da pauta 12 projetos de Lacerda Mila Milowski / Cmdbh

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pedido das vereadoras Áurea Carolina e Cida Falabella (PSOL), Edmar Branco (PT do B), Gilson Reis (PC do B), Pedro Patrus e Arnaldo Godoy (PT), 12 projetos de lei em tramitação desde a antiga gestão municipal,

de Marcio Lacerda (PSB), foram retirados da pauta pela Prefeitura de Belo Horizonte. Os projetos removidos tratam de temas diversos, como a privatização de estacionamentos, doações de bens públicos para a empresa PBH

Ativos S/A, doação de trechos de ruas para faculdades privadas, benefícios tributários para grandes empresas, entre outros. “Hoje (9), recebemos com alegria a notícia de que 12 desses projetos, extremamente perversos para a cidade de Belo Horizonte, foram retirados pela PBH de tramitação. Mas 21 projetos nefastos continuam em tramitação na casa e esperamos que também sejam retirados”, disse a vereadora Cida Falabella (PSOL).

servido, desde sempre, como moeda de troca para garantir o apoio no Legislativo. Por outro lado, o problema não está necessariamente na distribuição dessas funções. “Para a execução de políticas públicas, é preciso distribuir cargos. Então, isso não deve ser demonizado, mas há uma diferença importante. Um grupo pode querer acesso a cargos para implementar determinado programa, o que é legítimo. Mas há grupos que buscam tão somente prestígio, poder, acesso à máquina, sem nenhum compromisso com nada além disso”, analisa o cientista político Carlos Freitas. Dificuldades Em seu primeiro desafio no Legislativo, o governo perdeu a votação para a presidência da Câmara, para a qual indicou o vereador Dr. Nilton (PROS). A oposição acabou elegendo como presidente o vereador Henrique Braga (PSDB). Duas semanas de-

pois, Gilson Reis (PCdoB) foi indicado para ser líder do governo. No dia 13 de fevereiro, Kalil sofreu um revés na votação do projeto que instituiria o Fundo Municipal de Esportes e Lazer. Dois dias depois, Gilson Reis deixou a liderança. “O diálogo do prefeito com a Câmara está num momento difícil. Faltou a construção da base pelo próprio Executivo, e isso não era papel apenas do líder. É importante que se constitua uma liderança com respaldo dos vereadores, e essa construção tem que passar pelo debate sobre os rumos da cidade. Eu imagino que em março, abril, esse cenário comece a se delinear maior”, afirma a vereadora Cida Falabella (PSOL). Até lá, Kalil terá tempo para articular novos apoios. No momento, a atenção dos vereadores se volta para a análise de vetos do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) a projetos de lei votados na legislatura anterior.

Vereadores derrubam veto e metrô vai até meia-noite

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Plenário da Câmara de BH derrubou, na quarta (8), o veto do prefeito Alexandre Kalil (PHS) a um projeto de lei que estende o horário de funcionamento de metrô até a meia-noite. Atualmente o sistema funciona de 5h15 às 23h. O projeto, de autoria do ex-vereador Joel Moreira Filho, foi vetado por Kalil em janeiro, sob a alegação de que o sistema é intermunicipal, ou seja, não seria competência da Câmara de um município. Com a derrubada do veto, o metrô passa a funcionar por uma hora a mais.


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MINAS

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Opinião

Machismo institucional Não se trata de uma gafe, mas de um projeto. O governo instalado com o golpe tem Temer, calado, é um poeta. Possivelmente mau poeta, já que não há silêncio capaz de domar sua indisfarçável opção pelo atraso e sua retórica parnasiana. Em momentos em que se permite falar sem o filtro de assessores, esbanja um misto de presunção e ignorância que não seria tão grave caso não tivesse consequências para o país. Foi o que se observou em sua “homenagem” às mulheres, num dia marcado por lutas em todo o mundo. Na contramão da história, do bom senso e até da inteligência emocional, o presidente não eleito juntou num mesmo discurso tosco expressões como “afazeres domésticos” e “o quanto a mulher faz pela casa”, que se somavam ao reconhecimento da capacidade econômica das mulheres resumida à tarefa de acompanhar os preços nos supermercados. Conseguiu desagradar aliados, adversários e todas as mulheres não recatadas do mundo.

Não se trata de uma gafe, mas de um projeto em sua origem componentes machistas, misóginos e preconceituosos. Chegou ao poder desfechando um golpe contra uma mulher eleita pelo voto popular, deixando correr solta a onda de ódio de gênero que a expôs de forma abjeta. E, para não deixar dúvidas, o bando vitorioso apresentou-se desde a primeira hora em sua feição exclusivamente masculina e branca. As conquistas são um patrimônio da luta de mulheres brasileiras. Enfrentando condições de violência, os movimentos populares foram capazes de ir além do combate neces-

sário para firmar bases institucionais no Estado brasileiro. Leis, como a Maria da Penha e do Feminicídio, e o protagonismo em programas, como Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família e Ciência sem Fronteiras, dão conta do papel das mulheres na sociedade brasileira. Enfrentamentos no mercado de trabalho, combate ao assédio, afirmação da sexualidade, entre outras iniciativas, mostram a relevância da agenda feminista. Em meio à pauta da reforma (ou melhor, destruição) da Previdência, está a equiparação da idade mínima entre homens e mulheres para alcançar a aposentadoria. A destruição da Previdência Social vai afetar ainda mais as mulheres. O machismo como convicção pessoal, ainda que inconsciente, é ruim. O machismo institucional, traduzido em princípios reguladores, é pior ainda. Temer consegue ser péssimo nos dois lados. E, por isso, precisa ser combatido sem tréguas. É a civilização brasileira, não a paz dos lares, que está em jogo.

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MINAS

Belo Horizonte, 9 a 16 de março de 2017

Mulheres ocupam fazenda de Eike Batista na Região Metropolitana de BH PROTESTOS No Dia Internacional da Mulher, prédio da Previdência Social também foi ocupado Maxwell Vilela

Rafaella Dotta

justo que um devedor É do INSS continue com seus bens, enquanto os

cidadãos vão precisar se aposentar anos mais tarde? Essa é a pergunta das mulheres da Frente Brasil Popular que ocuparam, na tarde de quarta (8), o prédio da Previdência Social em BH. Com o grito “Aposentadoria fica, Temer sai”, elas questionam a proposta de reforma do sistema de seguridade social. As mulheres entraram no prédio do INSS, no centro, às 15h e saíram por volta das 18h, sem conflitos. A integrante da Marcha Mundial das Mulheres Bernadete Monteiro explica alguns dos motivos que levam as mulheres a serem contra a reforma: “ela aumenta a idade mínima para se aposentar, aumenta o tempo de contribuição e acaba com a aposentadoria especial de professoras”, enumera. A ocupação do prédio da Previdência foi realizada depois de dois dias de debates na Assembleia Legislativa de Mias Gerais (ALMG), com a presença de cerca de 800 pessoas. O curso teve como tema único os impactos das mu- da Proposta de Emenda ma da Previdência. Para danças previdenciárias, à Constituição (PEC) 287, marcar o Dia Internaciopara as mulheres. nal da Mulher, elas caminharam até a Praça Sete, onde encontraram outros Greve de professoras No dia 8 de março, pro- protestos realizados pela Marchas e fessoras estaduais reuni- cidade. das na ALMG aprovaram Fazenda de Eike ocupação do a realização de uma greve, prédio do INSS Na Região Metropolicom início em 15 de mar- tana, em Itatuaiuçu, muforam realizadas ço e término ainda indedo Movimento dos em Minas Gerais terminado, contra a Refor- lheres Trabalhadores Rurais Sem

Mídia NINJA

800 mulheres participaram de estudo sobre a reforma da Previdência em Belo Horizonte

Terra (MST) alertam para a mesma situação ao ocuparem a fazenda Santa Terezinha. Segundo o movimento, a aposentadoria rural será uma das mais prejudicadas com as mudanças que o governo de Michel Temer pretende fazer. A PEC 287 prevê o pagamento mensal do INSS, mas agricultores não pos-

suem trabalho por todo o ano, portanto, não conseguem tal estabilidade. A fazenda ocupada pelo MST é de propriedade do empresário Eike Batista e estava há seis anos sem função. O local tem cerca de 3 mil hectares. 150 famílias já estão no local e outras 50 devem chegar nos próximos dias, explica Esther Hoffmann, integrante da coordenação do MST. Eike Batista, já considerado o homem mais rico do Brasil, cumpre prisão preventiva desde o final de janeiro, suspeito de lavagem de dinheiro.


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BRASIL

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Dia da mulher é marcado por protestos contra a Reforma da Previdência EM LUTA Prédios do INSS de 35 cidades foram ocupados ou viraram alvo de manifestações Mídia NINJA

Da redação

P

elo menos 150 mil mulheres do campo e da cidade foram às ruas no 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em cidades de todo Brasil, de acordo com levantamento do Brasil de Fato, com base nos dados fornecidos pelas organizações participantes. Destacaram-se protestos contra a reforma da Previdência, a favor do direito ao aborto e a luta contra o feminicídio. A Jornada de Lutas começou na terça (7), quando mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram uma ação de denúncia na empresa Vale Fertilizantes, em Cubatão (SP). Com pichações e gritos, elas afirmaram que se existe um “rombo” na Previdência, ele está relacionado ao calote de grandes companhias como a Vale, que, sozinha, deve R$ 27 milhões. Entre as mulheres urbanas, os maiores atos de 8

de março aconteceram em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ). Na capital paulista, estima-se que mais de 30 mil mulheres ocuparam as ruas do centro. No Rio, o ato unificado reuniu mais de 20 mil pessoas. Em Brasília (DF), a Esplanada dos Ministérios foi ocupada por mais de 10 mil manifestantes. No Maranhão, 14 estradas foram bloqueadas e na capital, São Luís, cerca de 20 mil

Ocupações

Cerca de 150 mil mulheres se mobilizaram em todo o país contra retirada de direitos mulheres se manifestaram em marcha. Em Santa Catarina, atos aconteceram em 12 cidades.

As mulheres do MST, junto a outras organizações, realizaram a ocupação temporária e protestos em frente a prédios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 35 cidades do país. “Nós não aceitaremos que as mulheres que hoje se aposentam com 55 anos tenham que se aposentar com 65 anos”, explica a integrante da coordeDivulgação /MST

nação nacional do movimento, Kelli Mafort. Maceió (AL), Palmas (TO), Recife (PE), Belém (PA), Curitiba (PR), Cuiabá (MT), João Pessoa (PB) e Belo Horizonte (MG) foram as capitais em que as ações foram realizadas. Na cidade de Formosa (GO), cerca de 80 mulheres que ocupavam o prédio do INSS foram mantidas presas dentro de um ônibus pela Polícia Militar. Os policiais exigiam que três delas fossem entregues para serem detidas. Depois de três horas de negociação, elas foram liberadas, mas dois integrantes do MST devem ser indiciados.

Ação do MST em Cubatão denunciou dívidas da Vale com a Previdência


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OPINIÃO

Acompanhando

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Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Divulgação

Na edição 108... BH pode dobrar número de partos humanizados ...E agora Mulheres organizam bloco de carnaval para pressionar Kalil

CINEMA A “3ª Mostra de Cinema Feminista” acontece até domingo (12) no Sesc Palladium (Avenida Augusto de Lima, 420, Centro de BH). Com filmes dirigidos por mulheres, a mostra conta com debates, com diretoras e mesas redondas temáticas relacionadas às questões do feminismo contemporâneo. Na foto, documentário “Do que aprendi com minhas mais velhas”, de Susan Kalik e Fernanda Júlia.

Beatriz Simas Teles Romano

Temer sai, aposentadoria fica As eleições de 2014 mostraram uma polarização entre a direita e a esquerda que teve seu ápice no golpe parlamentar que retirou a presidenta eleita, Dilma Roussef, do poder em abril de 2016. Esse golpe questionou as políticas de acesso e distribuição de renda implementados nos últimos governos do Partido dos Trabalhadores. Agora no poder, PMDB e PSDB executam um projeto neoliberal que reduz investimentos em políticas sociais e privatiza empresas estratégicas. A aprovação da PEC 55 que congela os gastos federais por 20 anos é um exemplo desta política liberalizante. Esse projeto penaliza os mais vulneráveis e favorece quem tem dinheiro. O interesse na reforma previdenciária não é à toa, a parcela orçamentária destinada a financiar a seguridade é a última ainda não disponível para o mercado (22% do PIB). No contexto de crise econômica, a burguesia volta seus olhos aos recursos destinados à Previdência. O governo dissemina juntamente com a mídia hegemônica o mito de um “rombo” na Previdência Social, propagando um cálculo mentiroso. Entretanto, o orçamento Governo penaliza da seguridade social é superavitário. mais vulneráveis Alguns setores da sociedade sofrerão mais as consequências da reforma que outros, como os jovens, trabalhadores e trabalhadoras rurais e as mulheres. As mulheres sofrem com a dupla jornada trabalhando em média 6 h a mais que os homens por semana. São também as mulheres que se encarregam da maior parte do trabalho de cuidados com as crianças, doentes, idosos e pessoas com deficiências. Por isso, nesse 8 de março as mulheres se uniram contra o desmonte da previdência, o corte dos direitos sociais e contra a agenda neoliberal do governo. Temer sai, a aposentadoria fica. Beatriz Simas Teles Romano é militante do Levante Popular da Juventude.

Maria Julia Gomes de Andrade

Mulheres atravessadas pela mineração Em 2013, oito mulheres pararam por todo um dia a rodovia estadual MG129 na altura do município de Catas Altas (MG). Pararam a passagem dos caminhões do Complexo Fazendão da Vale, onde a empresa extrai minério de ferro de uma mina a menos de 1 km da casa dos moradores. Cansadas de tanta poeira, tanta explosão e tantos filhos com falta de ar e problemas respiratórios, elas pararam. Foi a primeira vez que aquela rodovia foi paralisada, e a ação foi construída e realizada pelas mulheres. Em 2014, 15 mulheres de Porteirinha e Riacho dos Machados, região norte de Minas Gerais, ameaçaram interditar 10 poços de água que a então empresa Carpathian Gold abriu para direcionar água para o processo de extração do ouro. Desde o início das operações, as mulheres percebem que a vazão dos cursos d’água no entorno da mina diminuíram significativamente. O Ministério Público interditou os poços. Esses exemplos e muitos outros demonstram que em quase todos os territórios em conflito com a mineração Mulheres lutam há uma realidade marcancontra mineração te: uma presença expressiva e majoritária de mulheres nas lutas. Na grande parte dos casos, a maioria dessas mulheres são negras. Numa estrutura tão conservadora e machista, ter a coragem para sair de casa e participar de um encontro, curso ou manifestação; não se conformar de ter que limpar a casa tantas e tantas vezes mais por causa do pó do minério; sentir que o “progresso” que a mineração traz não paga as noites com o filho no nebulizador; e ter a coragem de falar que a mineração não é inevitável tornam-se atos altamente revolucionários. Que tenhamos cada vez mais mulheres com coragem de romper o silêncio contra este modelo de mineração. Maria Júlia Gomes Andrade é da coordenação do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).

Puxado pelo Movimento Nasce Leonina, cerca de 50 mulheres organizaram um bloco de carnaval para cobrar do prefeito de BH, Alexandre Kalil [PHS], a abertura da maternidade humanizada Leonina Leonor Ribeiro, em Venda Nova. A atividade foi realizada 5 de março, na Feira Hippie. Segundo o movimento, o prédio da maternidade está pronto e teve investimento de R$ 4 milhões, mas ainda não foi inaugurado e possui capacidade de realizar mais de 200 partos humanizados por mês. Na edição 59... Parto humanizado e respeito à mulher em BH ...E agora Sofia Feldman passa por problemas financeiros A única maternidade de parto humanizado em funcionamento na capital mineira, a Sofia Feldman, também sofre ameaças. Uma crise financeira levou-a a uma dívida de R$ 1 milhão por mês, que está afetando a compra de remédios, o pagamento de fornecedores e o salário de funcionários. A instituição depende de repasses do Sistema Único de Saúde (SUS). No dia 8 de março defensores do hospital organizaram o evento “Abrace o Sofia”.


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Mais de um milhão de professores entram em greve contra a reforma da Previdência MOBILIZAÇÃO Paralisação começa no dia 15 em todo país como pressão para que deputados votem contra mudanças na aposentadoria Beatriz Cerqueira

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)

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Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) espera a adesão de mais de um milhão de professores e profissionais da rede pública de ensino na greve nacional que será deflagrada na próxima quarta-feira (15). A paralisação, que vai atingir todos os estados do país, inaugura um calendário intenso de mobilizações envolvendo centrais sindicais e movimentos populares contra a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 287/2016, que muda as regras da aposentadoria no país.

48 entidades filiadas à CNTE aprovaram a convocação de greve geral da categoria

Intenção é dialogar com a população sobre as perdas que a reforma propõe

Apresentada ao Congresso Nacional pelo governo Temer, a medida estabelece idade mínima de 65 anos para homens e mulheres poderem se aposentar e ainda exige contribuição de 49 anos para que o trabalhador possa receber o valor integral do salário. Alguns benefícios também poderão ser desvinculados do salário mínimo, diminuindo o valor da aposentadoria ao longo do tempo. Todas as 48 entidades filiadas à CNTE, que incluem

sindicatos municipais e estaduais de professores, aprovaram a convocação da greve geral da categoria. A paralisação vai durar inicialmente 10 dias e, no dia 25 de março, o movimento vai avaliar a continuidade das mobilizações. Segundo Heleno Araújo, presidente da CNTE, o movimento sindical e social como um todo, incluindo as maiores centrais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, também promoverão atos no dia 15. “A meta é bar-

rar essa reforma. Existe escola pública em cada bairro de cada município desse país. Vamos dialogar diretamente com a comunidade explicando a gravidade das mudanças. Não tem final de semana nem feriado, estamos em uma verdadeira campanha, mas dessa vez para evitar um grave retrocesso”, explica. Pressão Uma das principais ações locais durante a greve será pressionar as bases eleitorais de deputados que são a favor da reforma. A tática já tem surtido efeito, explica Heleno Araújo. “Os deputados, quando têm sua posição política contra o povo exposta, entram em pânico. Nós vamos

expor todos eles”, promete Heleno Araújo, que acredita que o governo não terá os 308 votos necessários na Câmara dos Deputados para aprovar a PEC. A proposta, se passar na Câmara, ainda depende do voto de 49 senadores, em dois turnos. O governo Temer pretende ver a medida aprovada até julho. Previdência não tem déficit O principal argumento do governo federal para propor uma reforma tão profunda na previdência seria o déficit do setor. No entanto, dados da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal desmentem essa tese. As receitas da previdência fazem parte do orçamento da Seguridade Social que, além dos benefícios previdenciários, inclui saúde e outros programas sociais, como o Bolsa Família. Em 2015, as receitas da Seguridade Social foram de R$ 694 bilhões, enquanto as despesas foram de R$ 683 bilhões, um saldo positivo de R$ 11 bilhões.

Projeto de lei da terceirização ilimitada pode ser votado ainda em março O

Projeto de Lei (PL) 4302/1998, que amplia a terceirização nas relações de trabalho, teve a votação adiada após pressão de parlamentares e centrais sindicais. O tema, que deve ser um dos primeiros da reforma trabalhista do governo Temer a ser posto em prática, estava previsto para ser votado na terça-feira (7). O presidente da Câmara dos deputados, Ro-

drigo Maia (DEM-RJ), retardou a votação, mas não deu previsão de nova data. Anteriormente, ele havia afirmado que pretendia aprovar o PL até a metade do mês de março. Editado pelo governo do ex -presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o projeto voltou à tona no final do ano passado, após articulação da base governista. O documen-

to permite às empresas a terceirização de qualquer atividade, e também propõe anistia para aquelas que respondem por fraudes trabalhistas relacionadas à terceirização. Segundo levantamento da Central Única de Trabalhadores (CUT), o projeto é uma das 59 matérias legislativas da atualidade que preveem retirada de direitos trabalhistas.


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MUNDO

Belo Horizonte, 9 a 16 de março de 2017

Mulheres em luta por todo o mundo no dia 8 de março DIREITOS Foram registradas ações em 57 países Da redação

Reprodução / Opera Mundi

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tivistas e militantes feministas se mobilizaram em 57 países para exigir direitos e barrar retrocessos. As manifestações pediram pelo fim da violência contra a mulher, igualdade de gênero e salarial, e também levantaram pautas específicas de cada território. Quem pôde, interrompeu as atividades produtivas e domésticas para tornar visível a importância das múltiplas jornadas de trabalho enfrentadas pelas mulheres. Nos EUA, o principal alvo foi o presidente Donald Trump, que, segundo as organizadoras do movimen-

Manifestação realizada nos Estados Unidos

to americano, explicita em suas falas um “ódio permanente à população feminina”. Na Índia, estudantes se posicionaram em frente ao Ministério das Mulheres e do Desenvolvimento Infantil, na capital Nova Deli, para

questionar o toque de recolher imposto às mulheres. Na Tailândia, onde greves ou marchas podem acarretar prisão, as manifestantes optaram por usar uma pulseira vermelha como protesto. (Com Opera Mundi)

Mais de 50 mil professores marcham por reajuste salarial na Argentina

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ilhares de professores argentinos da rede pública de ensino realizaram, na última terça-feira (7), uma manifestação pelo reajuste salarial da categoria em nível nacional no centro de Buenos Aires. O movimento foi organizado pela Confederação Geral do Trabalho da Argentina (CGT) e Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), e fez parte de uma paralisação de 48 horas nos dois primeiros dias do ano letivo de 2017. A adesão à greve chegou a 92%, segundo a Frente Nacional Docente. Na segunda (6), os educadores haviam realizado outra marcha, que percorreu as principais ruas da cidade, realizando paradas no Congresso Nacional e Ministério da Educação. Participaram da ação desse dia cerca de 50 mil servidores. O presidente do país, Mauricio Macri, resiste ao diálogo com as centrais sindicais e ainda não atendeu às reivindicações dos trabalhadores, que agora preparam um plano de luta por melhores condições de trabalho para ser entregue ao governo. (Com informações da Rede Brasil Atual)

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ENTREVISTA

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“Combate à sonegação é suficiente para cobrir gastos com Previdência” EVASÃO Empresas deixam de pagar cerca de R$ 500 bilhões ao Estado anualmente, mesmo valor gasto na Previdência Social Joana Rozowykwiat / Portal Vermelho

Nadine Nascimento

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evasão, somada à sonegação fiscal de empresas brasileiras, chega a 27% do total que o setor privado deveria pagar em impostos no Brasil, o equivalente a cerca de R$ 500 bilhões. O alerta faz parte do informe anual da Organização das Nações Unidas (ONU) que destaca que o fenômeno impede que governos financiem serviços públicos. Em entrevista ao Brasil de Fato, a especialista em orçamento público do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) Grazielle David aponta que os principais motivos para a sonegação fiscal no Brasil ser tão elevada está nas leis flexíveis e na ausência de investimentos no combate ao problema. Brasil de Fato: Quais as principais origens da sonegação fiscal no Brasil? Grazielle David: Existem alguns estudos nacionais e internacionais, além desse da ONU, que aprofundam essas questões da evasão e da sonegação fiscal. Um grande grupo que sempre pesquisa sonegação fiscal no Brasil é o Sinprofaz, o Sindicato dos Procuradores da Fazenda. Há uns 10 anos eles divulgam anualmente uma avaliação da sonegação no país. O último estudo deles, em relação ao ano de 2016, diz que a sonegação fiscal fica em torno de 25% a 28% da arrecadação, o que fica na mesma linha da ONU. Além disso, quando se pensa não por proporção da arrecadação, mas pela proporção do PIB, o estudo do Sinprofaz diz que a sonegação chega a 10% do PIB na-

Grazielle David: “Em 2015, a sonegação chegou a R$ 500 bilhões, cinco vezes o orçamento da Saúde”

cional. Nesse mesmo estudo foi identificado ainda que os tributos mais sonegados são o ICMS, o principal tributo estadual, o Imposto de Renda e as contribuições previdenciárias. Outro grupo, que é internacional, o TX Justice Network, uma rede de justiça tributária, utiliza dados do Banco Mundial e observou que o Brasil era vice-campeão mundial na sonegação de impostos, com algo em torno de 13% do PIB. Um valor bem considerável. Já o estudo do GFI, Global Financial Integrity, que trabalha com informações de fluxos financeiros, conseguiu captar quais os mecanismos utilizados para promover evasão fiscal. Eles observaram que grande proporção - cerca de 80% dos fluxos financeiros - desse dinheiro tem relação com o

Brasil é vicecampeão mundial na sonegação de impostos

to e, depois, porque revende com o valor de mercado, lucrando muito.

Sonegação equivale a 13% do PIB brasileiro setor privado e que o principal mecanismo utilizado é o subfaturamento. Isso significa que quando as empresas vão fazer as notas fiscais, ou seja, informar seu faturamento, elas informam com um valor inferior e, assim, conseguem pagar tributos menores, já que muitos deles são sobre o valor de faturamento. Um grande exemplo prático disso é a Vale, uma das grandes devedoras do país, inscrita na dívida ativa da União. O Inesc fez um estudo sobre a mineradora e observou que a empresa vendia o ferro, que é seu principal minério exportador, a um preço abaixo do mercado internacional. Depois exportava para ela mesma, normalmente para um paraíso fiscal, e, a partir dali, revendia, ganhando, dessa forma, duas vezes: primeiro, porque deixou de pagar os tributos sobre o faturamen-

Como esse valor que não é arrecadado poderia contribuir para os investimentos públicos? Em 2015, por exemplo, a sonegação chegou a R$ 500 bilhões, o equivalente a cinco vezes o orçamento da Saúde ou todo o orçamento da Previdência Social. Em um momento que se fala que a Previdência precisa ser completamente reformada e os direitos negados, se todo o valor da sonegação fosse recuperado, toda a Previdência poderia ser paga. Quais as principais medidas a serem tomadas para um combate efetivo da sonegação no Brasil?

500 maiores devedores da dívida com a União são grandes corporações

O primeiro passo é revogar todas as leis que extinguem a punição de quem comete crimes tributários, caso o pagamento do tributo seja realizado. Assim como qualquer outro crime, a sonegação deve ser punida adequadamente, ao ponto de que não seja benéfico cometê-la. A sonegação entra no planejamento tributário das empresas, principalmente das grandes, que têm capacidade de pagar caro por advogados, economistas e contadores, que conseguem, com um planejamento tributário mais agressivo, incluir a sonegação como uma estratégia. Porque, se eles deixam de pagar os tributos ao longo do ano, investem esse valor e rende muito. E após cinco anos, se a sonegação não for descoberta, prescreve. Também seria muito importante trabalhar a questão da fiscalização. Temos a Receita Federal e os fiscos estaduais, muitas vezes, com pouca estrutura. Na sua opinião, há uma má vontade política em aprimorar os mecanismos de combate à sonegação? Parece que sim. Sempre que a gente traz essa possibilidade, ela é encarada como impossível de ser realizada. Os crimes tributários, como a sonegação, deixaram de ser crime de fato, porque perderam a punição a partir de 1996, um ano de grandes medidas de austeridade no país. Os 500 maiores devedores na dívida ativa da União são grandes corporações. O poder econômico está muito ligado com o poder político.


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Amiga da Saúde

Nossos direitos Violência Contra a Mulher Há 10 anos a Lei Maria da Penha tem garantido direitos das mulheres que sofrem violência em suas relações domésticas e familiares. Essa lei é muito importante porque reconhece que a violência física é crime, mas também reconhece como violência os atos que possam causar sofrimento psicológico, dano moral ou patrimonial. Para tanto, a lei garante às mulheres que sofrem esses tipos de violência as medidas protetivas de urgência, que possuem a finalidade de proteger a mulher de no-

vas agressões. Dentre as medidas, destacam-se: a obrigação do afastamento do agressor do lar; proibição de contato com a mulher e seus filhos, inclusive por celular ou redes sociais e obrigação a pagar pensão para a mulher e as crianças, caso haja dependência econômica da mulher. Para receber a proteção garantida da Lei Maria da Penha é preciso que a mulher se dirija a uma delegacia de polícia especializada no atendimento à mulher ou realize a denúncia pelo telefone 180.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.

Amiga da saúde, estou em dúvida se posso usar azeite na comida todos os dias, pois ele é oleoso e sempre ouço por aí que gorduras fazem mal à saúde. Evaristo Lisboa, 48 anos, segurança. Caro Evaristo, o azeite de oliva é extraído da azeitona e, apesar de ser oleoso e bastante calórico, faz muito bem pra saúde. Isso se deve ao fato de a gordura predominante no azeite ser monoinsaturada, que age no corpo varrendo o colesterol ruim dos vasos sanguíneos, além de diminuir os depósitos de gordura na região abdominal. Isso faz do azeite um excelente aliado na prevenção de doenças cardiovascu-

lares. Ele tem ainda efeito antioxidante, contribui na prevenção da constipação intestinal, osteoporose e derrame. Além disso, há estudos que mostram ação benéfica do azeite também na prevenção do câncer. Com tanta coisa boa, não há problema em consumi-lo diariamente. O ideal é cerca de duas colheres de sopa ao dia. Dê preferência para os azeites extra virgem, com menor teor de acidez.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

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Por Alan Tygel*

Dicas Mastigadas Frango ao molho de inhame Ingredientes:

Cozinhe o inhame e bata no liquidificador com água até ficar como um creme. Refogue numa panela a cebola, o alho e depois o frango. Vá despejando água quente aos poucos na panela. Depois de 10 minutos, despeje o leite de coco, o creme de inhame, o amendoim e o gengibre. Cozinhe por mais 30 minutos, ou até o frango ficar macio. No final, jogue a acelga picada, misture e sirva.

Creme de inhame • • • • •

1kg de frango em pedaços 1 inhame 1 cebola grande 5 dentes de alho 50g de amendoim picado

1 vidro de leite de coco 1 colher de gengibre ralado 1 colher de curry Sal a gosto 10 folhas de acelga cortadas

O inhame é um alimento típico da agricultura familiar, cultivado em quase todo o país. Possui diversos benefícios para a saúde e pode ser comido cozido, em pedaços. Neste prato, usamos o inhame para fazer um molho cremoso que pode ser usado em qualquer receita e sua textura fica parecida com creme de leite.

www.malvados.com.br

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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EDITAL DE SELEÇÃO 001/2017

PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO DE CONTRATAÇÃO DE PESSOAL POR TEMPO DETERMINADO

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O Centro de Formação Francisca Veras, associação civil sem fins lucrativos, com atuação no estado de Minas Gerais, em atendimento ao disposto no Convênio n .º 4404 celebrado entre o Centro de Formação Francisca Veras e a Companhia de Desenvolvimento econômico de Minas Gerais - CODEMIG, vem tornar público a realização do processo seletivo simplificado para contratação de profissionais para compor uma equipe do projeto “RADAR - Recuperação de Áreas Degradadas em Assentamentos de Reforma Agrária no Estado de Minas Gerais”com o objetivo de cooperação técnica e financeira para viabilizar a recuperação de áreas degradadas em 26 Assentamentos da Reforma Agrária instalados pelo INCRA no Estado de Minas Gerais, a partir dos princípios da agroecologia, da solidariedade e da promoção da cidadania. O projeto faz parte do Programa Plantando o Futuro, conduzido pela CODEMIG. Tendo em vista a seleção de profissionais para as funções: 1. 12 Auxiliar Viveirista/Nível Fundamental Incompleto, 2. 13 Coletor de Sementes/Nível Fundamental Incompleto. 3. 01 Coordenador de Viveiros Florestais/Nível Superior O edital de seleção estará disponível através do seguinte endereço eletrônico: https://drive.google.com/file/d/0B4nkEdR9SPJFSkpvb2RFWVZsSk0/view


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CULTURA

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Aos 83 anos, João das Neves novamente no palco EM CARTAZ Renomado nacionalmente, ator apresenta nova peça teatral “Lazarillo de Tormes” em BH Guto Muniz / Divulgação

Rafaella Dotta

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ntigo ofício, novas práticas. O ator João das Neves está novamente no palco aos seus 83 anos de idade e experimenta novidades para a produção. Através do site Benfeitoria, a montagem da peça está sendo financiada por doações. A meta é atingir R$ 15 mil, mas “Lazarillo de Tormes” já está em cartaz. “Por questões burocráticas da Secretaria Municipal de Cultura acabamos não conseguindo a liberação do patrocínio. Mas não íamos parar a peça por isso”, comenta o ator, que também

É assustador como a peça se parece com o Brasil atualmente” é diretor e roteirista da peça. A campanha de doação está aberta até 30 de março. A peça, porém, está sendo apresentada nas sextas, sá-

bados e domingos, até 19 de março, no Teatro Francisco Nunes, em BH. Um quase herói “Lazarillo de Tormes” foi escrito entre 1500 e 1600 na Espanha e é um dos primeiros textos a ter como personagem principal um “anti-herói”, ou seja, um herói que não tem as virtudes para ser um. “São engraçados e ao mesmo tempo dolorosos”, explica João das Neves. A peça fala sobre as desventuras de um menino miserável que precisa sobreviver e se mete em variadas confusões. O roteiro nasceu de um texto encontrado em 2000 por dois operários que der-

Quem é João das Neves? O ator nascido em Ribeirão das Neves (MG) foi um dos mais importantes nomes do teatro chamado de protesto brasileiro e um dos fundadores do Grupo Opinião, em 1964. Na primeira montagem da companhia, João das Neves e Augusto Boal dirigiram a peça “Opininiando”, com a participação de Zé Keti, João do Vale, Nara Leão e Maria Bethânia, em plena ditadura militar. João das Neves é diretor, ator e escritor, e já levou ao palco peças como Besouro, Cordão de Ouro, Galanga Chico Rei, Zumbi e muitas outras.

João das Neves adaptou a obra ao terreno brasileiro. A peça ganhou trejeitos de circo e um texto em cordel, poesia típica do Nordeste. “É assustador em como a peça se parece com o Brasil atualmente. A situação do Lazarillo se repete muito com a dos meninos de rua daqui, que têm que se virar para morar na rua e acabam reféns do tráfico ou de pequenos roubos”, conta o ator. A quem for assistir à peça, rubaram acidentalmente a a promessa é de risadas e de parede de uma velha manreflexão. Apesar das situasão na Espanha, descobrinções engraçadas de Lazarillo, do ali uma biblioteca escono expectador é levado ver a1 Anúncio Brasil de Fato CR2017.qxp_Layout 1 1/31/17 3:01 PMa Page dida há 400 anos.

tragédia por detrás delas. “A peça te coloca naquela situação de riso, mas depois dá até uma dor no coração de estar rindo da miséria”, comenta. João divide o palco com Glicério do Rosário, Rodrigo Cohen e bonecos de Paulo Emílio, e a direção musical é de Titane e André Siqueira.

Leia a entrevista completa www.brasildefato.com.br

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Desafios para implantar futebol feminino nos clubes de Minas

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ESPORTES

Curta e Grossa

Um gosto amargo na garganta

Reprodução

Reprodução de vídeo

DESIGUALDADE Atletas precisam de emprego paralelo para o sustento Reprodução / América

Raissa Lopes e Wallace Oliveira

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o fim do ano passado, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) publicou seu mais recente estatuto e o regulamento de licença de clubes. Entre as novas regras, passa a ser obrigatória a criação de um time feminino em todas as equipes que disputem a Libertadores ou a Sul -Americana até 2019. Até lá, os clubes que não se adequarem às novas exigências receberão punições que podem ir de multas até a exclusão da equipe masculina das competições. O Cruzeiro, segundo o diretor de comunicação Guilherme Mendes, está em fase de análise e estuda a possibilidade de realizar uma parceria com uma

Zagueira do América precisa conciliar time com negócio próprio para compor a renda equipe feminina já existente. O Atlético afirmou que ainda não elaborou uma estratégia, mas já iniciou as discussões sobre a viabilidade de uma equipe feminina até o prazo final. Em Minas, somente o América Futebol Clube possui um time profissional feminino, criado em 2015. A equipe disputa o bicam-

Fernanda Costa

peonato da Copa BH e, em maio, iniciará o Campeonato Brasileiro A-2. Onde tem, ainda é difícil Mesmo em uma equipe profissional, viver de futebol ainda é um desafio para as mulheres. A zagueira do América, Fernanda Brito, mais conhecida como Nandão, revela que, para compor a renda, concilia com os treinos e jogos um negócio de festas. Com uma carreira de mais de oito anos de futebol, essa é a primeira vez em que ela joga profissionalmente. “Muitas jogadoras precisam trabalhar por fora, o que dificulta. Não é todo time que paga salário, alimentação e passagem. O América é o único. Espero que ele, sendo pioneiro, consiga fazer com que as atletas do estado sejam mais valorizadas”, comenta. Para ela, as novas regras da Conmebol são necessárias para avançar na igualdade de gênero, mas vão gerar resultado apenas em 2019.

“Porque é obrigatório”, conclui. Os clubes também enfrentam dificuldades para manter as equipes femininas em funcionamento. “Não há interesse do mercado em patrocinar essas equipes, não há projetos de incentivo. Não tenho conhecimento de nenhuma cidade com equipe de alto rendimento financiada pelo poder público”, afirma Bárbara Fonseca, assessora especial de futebol feminino do América.

Em 2013, no Dia Internacional da Mulher, o goleiro Bruno foi condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver da mãe de seu filho, Eliza Samudio, além do sequestro e cárcere privado da criança. Na semana em que se comemora a mesma data, o caso volta à tona, com notícias produzidas por uma imprensa incapaz de mencionar os motivos da prisão. Com menos de sete anos da pena, Bruno foi solto pelo STF. O advogado de defesa alardeou que seu cliente recebeu nove propostas de trabalho. Bruno e qualquer presidiário têm direito a ser reintegrado à sociedade. Porém, os clubes não estão realmente preocupados com essa questão, mas com o marketing gerado às custas do assassinato de uma mulher. Não fica clara a política de ressocialização para outras pessoas que não têm a mesma cobertura da mídia. Outro ponto importante é que a carreira de homens condenados por crimes contra mulheresr dificilmente é afetada. Pastores, políticos, atores, cineastas... Exemplos deixam evidente a proteção a abusadores, estupradores e assassinos. Bruno recuperou a família, recuperará o emprego e luta pela guarda do filho. A família de Eliza não teve sequer o direito de velar pela filha e ainda tem o gosto amargo e indignado de injustiça na garganta.

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SINDIBEL Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte

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Vem aí o Brasileirão feminino

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Lucas Figueiredo / CBF

Adriano Stofaleti / Audax

omeça no sábado (11) o CampeoC nato Brasileiro Feminino de Futebol 2017 - Série A-1. Participam 16 equipes, em dois grupos de oito, com turno e returno. Passarão às oitavas os times mais bem colocados em cada grupo. O mata

-mata terá jogos de ida e volta. Alguns jogos serão transmitidos pelo canal Sportv. Minas não tem representantes na primeira divisão. O América-MG participa da série A-2, que começará em maio. Confira a tabela da A-1: migre.me/wcU93.

Nós, mulheres, não temos nenhuma diferença de capacidade em relação aos homens. Por conta do preconceito que existe, nossa capacidade acaba tendo que ser até maior. Precisamos acreditar que somos fortes. Emily Lima, treinadora da Seleção Brasileira feminina de futebol, no Dia Internacional das Mulheres.

Gol de placa Em ação do Dia Internacional das Mulheres, o Cruzeiro entrou em campo, na quarta (8), com estatísticas de violência contra mulheres escritas nas camisas dos jogadores. A ação é fruto de uma parceria do clube com a ONG AzMina e a Agência New360 e tem como objetivo dar visibilidade às lutas feministas.

Gol contra Por culpa do presidente Donald Trump, os Estados Unidos podem perder a candidatura a sede da Copa de 2026. Quem mandou avisar foi o presidente da Fifa, Gianni Infantino. O motivo é o decreto de Trump que nega visto de entrada para cidadãos de seis países de maioria mulçumana.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Léo Calixto

O hino do América é um dos únicos do país que homenageia as mulheres, ao dizer que “tua torcida feminina é demais”. E, de fato, sempre há muitas mulheres e famílias na arquibancada do Independência nos jogos do Coelhão. Existe até uma torcida delas: a Decacampeão Batom Verde. Elas conhecem o futebol, participam e apoiam incondicionalmente o time. Nas nossas arquibancadas e nas imediações do nosso estádio, prevalece o respeito, o acolhimento e o espaço para todas as americanas ou mesmo as torcedoras de outros clubes que vão prestigiar o inigualável clima de um jogo do América. Parabéns, mulheres americanas e mulheres de todo o Brasil, pelo seu dia. Futebol também é lugar das mulheres!

Apostar numa vitória tranquila diante de uma equipe desconhecida, como o Godoy Cruz, é muito fácil. Complicado é entender os meandros da nova Libertadores, inchada e longa. Faltou ao Atlético, em Mendoza, a coordenação em todos os É Galo doido! dificulsetores. O Galo vem enfrentando dades de se impor aos adversários. Carência evidente de um comandante em campo, embora o elenco tenha jogadores talentosos e experientes. O empate, considerado razoável pelo técnico Roger Machado, para mim foi uma decepção. E novamente culparam o estádio, o gramado e a ansiedade da estreia. Leonardo Silva, Marcos Rocha, Robinho, Elias, Fred e Fábio Santos, com quilômetros de rodagem, podem alegar ansiedade?

O Cruzeiro fez homenagem às mulheres em seu uniforme no jogo contra Murici AL, pela Copa do Brasil. A ação traz dados concretos sobre a realidade das mulheres na nossa sociedade. Este tipo de ação deve ser a regra e não exceção que visa surfar na La Bestia Negra luta contra opressões só para angariar torcedoras. Que a visibilidade dada à luta das mulheres seja o começo. A partir de 2018, os clubes que jogarão a Libertadores serão obrigados a desenvolver o futebol feminino. É hora de o Cruzeiro se posicionar a favor da mudança e da estruturação de um futebol feminino forte. Assim como já passou da hora de termos mulheres em instâncias de tomada de decisões dentro do futebol masculino.


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