Edição 182 do Brasil de Fato MG

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Minas Gerais

Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017 • edição 182 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg

Reforma Trabalhista desmonta direitos

Previdência: continua ruim

Dia mundial contra acidentes de trabalho

Deputados aceleram tramitação de projeto na Câmara. Medida irá diminuir salários, reduzir horário de almoço e aumentar jornada para até 48 horas semanais

Após mudanças, proposta continua desfavorável. Jornais intensificam campanha a favor das mudanças, depois que governo aumenta verba de publicidade em R$ 14 milhões

700 mil pessoas acidentadas ao ano colocam Brasil como quarto país com mais risco a trabalhadores. Dia 28 de abril é data para relembrar vítimas

28 DE ABRIL: GREVE GERAL Proteção para mulheres

Samba do trabalhador

Negligenciado e ainda visto como tabu, sexo lésbico não conta com preservativos adequados. Para se resguardarem, mulheres têm que improvisar

No domingo (30), vai ter samba em Betim para comemorar a luta do povo e homenagear o Dia do Trabalhador. Ingressos custam R$ 10


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017

Editorial | Brasil

Um povo desafiado ao seu destino

ESPAÇO dos Leitores “Nossa! Que da hora! Bora jogar?”

Viviane Borges comenta a nota “Inscrições para Copa Centenário de BH”

“Verdade, ele deve dirigir umas 10/12 horas direto e não é correto ele beber água ou almoçar ou se precisar ir ao banheiro segura a vontade afinal ele tem que dirigir e cobrar. O motorista é explorado pela empresa até a última gota de suor, trabalha sobre pressão pra cumprir horário e ainda tem trabalhador que fica contra o trabalhador” Osvaldo Napolitano comenta a matéria “Sob estresse e más condições de trabalho, motoristas abandonam ônibus”

“Foi protestar e como era o mais humilde morreu. É o que acontece hoje” San Costa escreve sobre a matéria “Tiradentes: por que ele virou feriado?”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Dias intensos estão colocados à realidade de nosso país. Uma das cenas mais marcantes foi vista nesses dias, quando os povos originários desta terra, os indígenas, protestaram em frente ao Congresso Nacional com caixões, fazendo a denúncia pelo massacre que sofrem todos os dias, desde que este território começou a ser dirigido pelos interesses externos. Vimos pelo contraste entre a fumaça das bombas de gás do pelotão de choque e a pintura de luta sobre corpos que novos dias estão por vir. Os trabalhadores e trabalhadoras de todos os cantos do nosso grandioso e imenso país já sabem que do jeito que a coisa está não pode mais continuar. Retoma-se, por parte das organizações sindicais e populares, a fer-

Estruturas da sociedade precisam ser mudadas pela raiz ramenta da greve geral. Milhares de debates, assembleias, palestras, cursos, celebrações, mobilizações, ou seja, um processo de retomada do trabalho de base começou. A greve geral só é possível ser colocada em prática em momentos específicos da conjuntura, quando os ânimos das massas trabalhadoras se acirram e criam, ao mesmo tempo, a possibilidade de um poderoso movimento de transformações. Salto de qualidade Há momentos na história de um povo em que todos - pessoas, organizações, ferramentas - são postos à prova e precisam dar saltos de quali-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

dade. Não basta, em situações como essas, tentar voltar ao passado, nem tampouco buscar propostas mínimas, quando o tempo já anuncia propostas que transformam, pela raiz, as estruturas da sociedade. O povo brasileiro vive um momento definitivo na construção de uma nova história, por isso, o desafio dos lutadores e lutadoras do povo é grandioso. Principalmente o desafio de se co-

Retomada do trabalho de base começou locarem à altura do que são os desejos e as possibilidades de um povo. Novas práticas precisarão ser construídas, reafirmadoras de princípios da coletividade, sem carreirismos e personalismos. As organizações da classe também precisaram ser ajustadas, muitas mudadas ou reinventadas e outras criadas, para poderem atuar como realizadoras dos interesses das maiorias. No entanto, do outro lado, no caminho da anulação de um povo, continuarão atuando os funcionários dos interesses externos. As elites subservientes, fascistas e traidoras, irão fazer de tudo para manter a situação sob seu controle. O grande capital internacional já ensaia uma possível guerra mundial, usando o que tem de mais sujo e trapaceiro, podendo causar estragos catastróficos em todo planeta. O povo não começou um fogo de palha. Os movimentos vividos e sentidos nesses dias mostram o quanto estamos desafiados a uma construção ousada e revolucionária para construir novos tempos no caminho do bem.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


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Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017

No dia 28 de abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, sindicatos, centrais e movimentos populares organizam uma greve geral contra a proposta de reforma da Previdência, contra a reforma das relações de trabalho e contra a Lei da Terceirização.

Nós não temos que aceitar o que o governo de Michel Temer está fazendo. Imagina trabalhar esse tempo todo para aposentar em 49 anos? Tem que organizar greve, sim! Não precisa quebrar, brigar, é um ato pacífico que pode resolver a situação. Eliene Miguel, várias profissões

Tem quer ter greve. Não pode aprovar de jeito nenhum essas reformas. Hoje já tem um monte de coisa errada para o trabalhador e se mexer vai ficar pior ainda. Com a terceirização, os efetivos serão demitidos e vai ficar só terceirizado, ganhando a metade.

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Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

O que você acha da greve geral? Você concorda?

GERAL

“(In)justiça pela cor...” Nino Andres/ Divulgação

Twitou a cantora Fernanda Takai, sobre a condenação a 11 anos de prisão do jovem Rafael Braga, detido nas manifestações de 2013 por portar desinfetante.

Quantos defendem a Previdência?

Paulo da Silva, eletricista aposentado

Cuidado com as redes Hoje em dia, as redes sociais são importantes fontes de informação, de momentos de descontração e de interação com a família e amigos. Mas é preciso prestar muita atenção para não se correr riscos desnecessários. Por isso o Brasil de Fato MG selecionou algumas dicas para que suas publicações não se transformem em problemas no futuro: - Evite ao máximo ter conversas pessoais em locais nos quais o registro fica visível para todos, principalmente na hora de passar dados, como seu endereço, telefone, número de documentos ou dados bancários. Divulgando abertamente esse tipo de informação, você está mais exposto a golpes e fraudes. - Não divulgue fotos que exponham detalhes do seu dia a dia ou de sua família. - Lembre-se sempre de que rede social não é local seguro para guardar ou divulgar informações pessoais. Portanto, quando for publicar algo, tenha em mente que, em algum momento, aquilo pode vir a se tornar público.

Você sabe quais são os deputados favoráveis à aprovação da reforma da Previdência? O site Placar da Previdência tem a lista atualizada dos parlamentares que defendem ou não a aposentadoria e também daqueles que ainda estão indecisos. Através da plataforma, internautas podem enviar e-mails para os deputados e pressionar para que eles se manifestem sobre o direito à aposentadoria. Acesse: placardaprevidencia.com.br e participe. Reprodução

Inhame é muito bom

Natural do continente africano, o inhame é um importante alimento consumido em várias regiões do mundo. Importante fonte de carboidratos e de fibras, com baixo teor de gordura e rico em vitaminas C e do complexo B, o inhame é conhecido por ajudar a limpar o sangue. Pode ser consumido, frito, cozido em pirão, sopas, cremes, e assado em pães, bolos, biscoitos, panquecas e tortas. É um alimento muito indicado para pessoas com diabetes ou que buscam uma reeducação alimentar.


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CIDADES

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Sem Umei, pais do Jardim Montanhês não têm onde deixar crianças DESCASO Famílias são obrigadas a procurar vagas em bairros vizinhos ou creches particulares. Obra foi prometida há nove anos Luiza Barcelos

Raíssa Lopes

C

om a obra da Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei) atrasada, famílias do bairro Jardim Montanhês, região noroeste de Belo Horizonte, sofrem sem locais públicos para educação das crianças. Há nove anos, a gestão do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) desapropriou o terreno onde funcionava uma creche comunitária para a construção da unidade. A obra, no entanto, só começou a sair do papel em 2013, e segue até hoje sem conclusão. Logo depois da desapropriação, algumas crianças da creche foram transferidas para escolas municipais mais distantes. Outras ficaram sem estudar. “Muitas mães que tiveram seus filhos designados para outras instituições não tinham dinheiro para pagar passagem e não conseguiram mantê-los matriculados”, explica a moradora Luzia Barcelos. A situação é a mesma para os pais de crianças que nasceram depois da construção da Umei, como conta Poliane Cardoso. Ela tem duas filhas, uma de quatro anos e outra de oito meses. A mais velha só arrumou vaga em um bairro vizinho, o Engenho Nogueira. Para levá-la e buscá-la todos os dias, Poliane gastava quase R$ 300 reais por mês com ônibus, dinheiro que não tinha.

“Deixava de comprar alimentação para não faltar passagem. Quando a minha filha de oito meses chegou, ficaria impossível ficar indo de lá pra cá com as duas, então, com sorte, consegui uma creche conveniada que cobra R$ 70 mensais por aluno”, conta a mãe, que é dona de casa e esposa de vendedor.

Desde 2014, obra está inacabada Outro caso é o de Renata de Passos, que tem uma filha de um ano e precisou ficar sem trabalhar para cuidar da bebê, já que não tinha onde Adão de Souza

Prefeito Alexandre Kalil visitou unidade durante a eleição

deixá-la. Quando arrumou um emprego, teve que matriculá-la em um bairro ainda mais longe, o Jardim Alvorada. Renata andava a pé para economizar. “Meu marido estava desempregado, eu pedia ajuda para minha vó e mesmo assim não conseguia dinheiro para o mês todo. Tinha que carregar o bebê no colo, mesmo em dia de chuva e frio”, diz. Hoje, depois de meses de espera, ela conseguiu vaga em um abrigo no Jardim Montanhês.

Deixava de comprar alimentação para não faltar passagem”, relata mãe

o Governo expandindo as fronteiras do dialogo com toda comunidade indigena do Estado. Acesse direitoshumanos.mg.gov.br e saiba mais.

Construtora abandonou obra A promessa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para a criação da Umei na área, que até então pertencia à paróquia Santa Margarida Maria Alacoque, era que o número de vagas da educação infantil na região aumentaria de 100 para 440. Porém, apesar de a desapropriação ter acontecido em 2008, a licitação só foi realizada em 2011 e, em 2014, a empreiteira responsável abandonou a obra. O imóvel estava 75% concluído e 25% inacabado – situação em que ainda se encontra em 2017. De acordo com Luzia Barcelos, com a construção inacabada, o bairro já enfrentou surtos de leishmaniose e de dengue, além de os moradores lidarem diariamente com o risco de assalto à noite. “A Umei já está até deteriorada, pichada, antes mesmo de funcionar”, ressalta. Resposta da prefeitura O novo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), visitou a região durante a eleição de 2016. Por nota, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura apenas informou que uma nova licitação para a escolha de outra construtora deve ser realizada no segundo semestre deste ano.

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MINAS

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Opinião

Sangue no chão do Brasil João Paulo Dia 19 de abril: nove trabalhadores são mortos nas proximidades de um assentamento em Colniza, Mato Grosso, na divisa com os estados do Amazonas e Rondônia. Dois foram exterminados a facadas e sete com tiros de calibre 12, por matadores encapuzados. Foram constatadas torturas nos corpos das vítimas. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), há registros de expulsão de famílias de assentamentos, destruição de lavouras, extração ilegal de madeira, torturas, trabalho escravo, cárcere privado e assassinatos na região nos últimos anos. Dia 24 de abril: Silvino Nunes Gouveia, dirigente regional do MST, é assassinado com 10 tiros na porta de sua casa, no Assentamento Liberdade, município de Periquito, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Poucas semanas antes, em 9 de abril, no município de Capitão Enéas, no Nor-

te de Minas, uma emboscada contra famílias acampadas deixou três feridos a bala. Em Minas Gerais, os conflitos agrários são

Não aceitemos a banalidade do “mal” permanentes, com histórico de atentados e mortes em várias regiões. Em 2004, no Vale do Jequitinhonha, cinco trabalhadores foram mortos pelo fazendeiro Adriano Chafick Luedy, réu confesso e condenado a mais de 100 anos de prisão, que continua em liberdade. Na Amazônia, completou-se este mês 21 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, que deixou 19 sem-terra mortos e mais de 60 feridos, numa ação comandada pela Polícia Militar. Em 2005, a missionária Dorothy Stang, de 73 anos, foi assassinada com seis ti-

ros, um deles na nuca, para confirmar a marca da execução. Em junho de 2016, o corpo de Nilce de Souza Magalhães, a Nicinha, foi encontrado no lago da barragem da Usina Hidrelétrica Jirau, em Porto Velho (RO). O corpo da liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estava desaparecido desde o dia 7 de janeiro. Há motivos políticos, econômicos, jurídicos, ideológicos e até psicológicos que tentam explicar a situação. É possível denunciar o projeto de desenvolvimento direcionado para a grande propriedade e monocultura. Ou mesmo apontar a utilização do poder de influência dos grandes latifundiários. Mas nada explica a persistência da maldade e a ausência de valores mínimos de humanidade. Não se trata de um cenário de violência excepcional, mas de uma política deliberada de extermínio. Se tudo que sustenta o latifúndio entra com o “mal”, possivelmente a passividade frente ao horror está entrando com a carga de “banalidade”. Não há nada mais triste que perder a capacidade de entristecer.

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58 aldeias indigenas em Minas Gerais. E o Governo vai expandir as fronteiras do dialogo com todas elas. O Governo de Minas Gerais vai reunir as lideranças das diversas etnias do estado para uma conversa sobre o aprimoramento das ações existentes e a continuidade à instituição da política estadual para povos indígenas. Acesse direitoshumanos.mg.gov.br e saiba mais.


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MINAS

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Preservativo também é coisa de mulher SEXUALIDADE Negligenciadas pelas políticas públicas de saúde, lésbicas e bissexuais recorrem a métodos artesanais de prevenção Amélia Gomes

ocê já parou para penV sar que todos os preservativos, inclusive o fe-

minino, pressupõem que as relações sexuais são baseadas em penetrações? Além de restringir a concepção do que são relações sexuais, a ausência de preservativo para as mulheres é um alarme à saúde. Não existem métodos eficazes de prevenir doenças sexualmente transmissíveis específicos para as mulheres. E, nesse contexto, a saúde de lésbicas e bissexuais fica à mercê de medidas paliativas e cuidados com a higiene. Objetos que foram criados como fetiches em relações sexuais, como os protetores de dedos e de língua, a até mesmo materiais como protetores de gengivas (usados pelos dentistas) e plástico de embalar alimentos são utilizados na busca por proteção. “Os métodos de barreira para prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) que existem não são específicos

para proteger contra infecções entre relações sexuais de mulheres. O preservativo feminino, por não cobrir os grandes lábios, não protege de infecções por cândida, trichomonas, clamidia, herpes ou HPV”, alerta Aline Bentes, médica da saúde da família em Belo Horizonte. A falta de métodos de proteção seguros para o sexo entre mulheres reflete a invisibilidade dessas relações na medicina, na indústria e na sociedade. A estudante Gisele Maia relata que, quando procurou uma unidade

Prefeita de Santa Luzia é investigada por morte de jornalista Roseli Pimentel, do PSB, é suspeita de envolvimento no assassinato do jornalista Maurício Campos Rosa, morto em 2016, com cinco tiros. O repórter era dono do jornal quinzenal O Grito, que questionava assuntos políticos na cidade. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aceitou o pedido de investigação contra a prefeita e informou que a Polícia Civil irá apurar o caso. Detalhes do inquérito ainda não foram divulgados.

de saúde, junto com sua companheira, para buscar informações sobre prevenção, percebeu que nem mesmo os profissionais estavam preparados para lidar com o caso. “ A atendente me disse que a gente tinha que usar preservativo, daí eu expliquei a ela que o preservativo da forma como é não funciona totalmente como um método preventivo e perguntei se havia outras formas de proteção. Ela ignorou minha pergunta e novamente repetiu: ‘use o preservativo”’, relata.

A situação enfrentada por Giselle não deveria ser comum, mas parece constante na relação com os profissionais da saúde. O desconhecimento de ambas as partes provoca também a criação de mitos em relação à vida sexual das mulheres. “A sexualidade das lésbicas e bissexuais é um tema tabu, que não é estudado na faculdade de medicina. Há poucos estudos publicados sobre o tema, o que reforça o mito de que não exista transmissão de infecções sexuais nas relações entre mulheres. O que não é verdade!”, reforça a médica Aline Bentes. “A criação desse mito perpassa por uma negligência do Estado em relação à saúde e à vida dessas mulheres”, pontua. A médica indica que todas as mulheres devem fazer os exames preventivos habitualmente. Ela também reforça a importância de diagnosticar e tratar também as parceiras em caso de infecções.

Algumas dicas de prevenção entre mulheres Camisinha - Recomenda-se cortar as duas extremidades para deixar o preservativo em formato adequado ao uso Protetores - Durante sexo oral, recomenda-se usar plástico protetor de gengiva ou um filme plástico cobrindo toda a vulva Usar luvas ou dedeiras e sempre lavar as mãos antes e depois das relações sexuais Utilizar preservativos masculinos em brinquedos sexuais e trocá-los sempre que houver penetração em orifícios diferentes ou entre as parceiras Manter em dia o exame de rotina Papanicolau Vacinar contra HPV

Cuidados com a higiene Manter as unhas limpas e evitar ter relações sexuais após o uso de fio dental, uma vez que o uso do fio pode machucar a gengiva. Redobrar os cuidados durante o período de menstruação das parceiras

Falta de acessibilidade da UEMG A aluna Thayane Vieira, que é cadeirante e estudante do 7º período do curso de Design de Produto, afirmou deixar de frequentar as aulas por não conseguir chegar até as salas, já que os elevadores estão constantemente quebrados e o uso das rampas não foi liberado. Também de acordo com a denúncia, nem todos os andares possuem banheiros adaptados. A UEMG declarou que ainda não tem respostas sobre a solução dos problemas, mas estaria averiguando com o setor responsável.


Acompanhando

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Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Lidyane Ponciano /Sind-UTE

Rosinei Coutinho / SCO - STF

Na edição 181... “Eleições na França” ...E agora Macron e Le Pen disputam segundo turno na França O segundo turno das eleições presidenciais francesas será definido entre a candidata ultranacionalista Marine Le Pen (Frente Nacional) e o liberal Emmanuel Macron (En Marche!). A votação ocorrerá no dia 7 de maio. Por ora, Macron lidera as pesquisas com mais de 60% das intenções de voto em todos os levantamentos. Na edição 181 O impeachment que piorou o Brasil ...E agora STF reabre processo contra Temer Um pedido de impeachment contra o presidente não eleito, Michel Temer (PMDB), protocolado há cerca de um ano, foi reaberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello. A ação tem como base quatro decretos de crédito suplementar, o mesmo tipo de prática que gerou o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Para iniciar as investigações, a denúncia deve ser aprovada em uma Comissão composta por 66 parlamentares.

21 DE ABRIL Em manifestação na cidade de Ouro Preto, movimentos populares realizaram a entrega da “Medalha Quem Luta Educa” a diversas pessoas que simbolizam as principais lutas de resistência em Minas Gerais. Dentre as homenageadas, uma professora que está em greve por melhorias, um eletricitário terceirizado que sofreu acidente de trabalho, um atingido pela barragem de Mariana e uma viúva do massacre de Felisburgo.

Ivo Lesbaupin

Padre João

Constituição de 2017: antiCidadã

Sede de democracia

O processo a que estamos assistindo é a elaboração, sob as nossas barbas, de uma nova Constituição, que joga a Constituição Cidadã no lixo. A Constituição de 1988, que tinha a missão de eliminar de vez o entulho autoritário e estabelecer bases democráticas para a nação, foi elaborada com intensa participação de cidadãos e cidadãs, durante mais de dois anos. Foi elaborada em amplo processo de negociação, em que tomaram parte todos os setores da sociedade: parlamentares, partidos políticos, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, indivíduos. A nova Constituição está sendo elaborada por encomenda de um governo ilegítimo e eivado de corruptos, inaugurado a partir do impedimento de uma presidente eleita pelo voto popular, sem crime de responsabilidade. Um governo aprovado por menos de 10% da população. Está sendo aprovada a toque de caixa por um Congresso no qual mais da metade dos parlamentares está sob suspeita de corrupção, improbidade administrativa, recebimento de propinas ou caixa 2. Mais da metade dos parlamentares foi eleita com recursos de empresas (bancos, empreiteiras, etc.): tais políticos Democracia sem representam os intereso povo opinar? ses de seus “compradores” (os financiadores de suas campanhas). O governo tem enviado ao Congresso projetos de lei que revogam os direitos presentes na Constituição de 1988, o direito ao trabalho, o direito à proteção social, o direito à saúde, o direito à educação. Os brasileiros não vão ser consultados sobre as leis que seus “representantes” estão aprovando? Que democracia é esta, em que o soberano – o povo – não é chamado a decidir nem a opinar?

Diante do risco iminente da perda de direitos que a Reforma da Previdência e Trabalhista representa, tenho informado as pessoas em ruas e praças, alertando sobre os impactos e a importância da mobilização popular para a derrubada das propostas. O que tenho ouvido é que o povo está sedento por participar e exigir seus direitos. Sede de democracia. Historicamente o Brasil nunca foi exemplo de país que investe em cidadania e conscientização política. Grande parte da população desconhece as funções específicas de seus representantes nos âmbitos municipal, estadual e federal. E, em média, um terço do eleitorado brasileiro não se lembra em quem votou nas últimas eleições. A maioria é indiferente ao acompanhamento e fiscalização do trabalho dos políticos. O Brasil é o maior usuário de redes sociais na América Latina e, para muitos, as redes se tornaram fonte principal de informação. Pessoas que manifestam sua indignação com relação à política nas redes, comentam, compartilham, mas demonstram baixo engajamento no mundo real. Isso se deve à descrença nas instituiPovo tem sede ções políticas e à falta de motivação para de democracia o debate democrático. Por outro lado, a indiferença da população contribui para perpetuar o quadro atual. Em 1984, as Diretas Já foram mais uma demonstração do poder da cidadania e da força do povo. No atual cenário político, volta a necessidade de eleições diretas. Pesquisa revela que 78% da população defendem a cassação do mandato de Temer e 90% defendem eleições diretas para presidente do país. O povo está calejado com as perdas de direitos, algumas consumadas, outras em curso. Que nossas instituições tenham a capacidade de saciar a sede do povo, sede de soberania.

Ivo Lesbaupin é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Padre João é deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores.


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BRASIL

Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017

28 de abril: lembrar e prevenir acidentes de trabalho TERCEIRIZAÇÃO Wanda perdeu a audição. Lúcio não tem mais os dois braços. Data em memória das vítimas traz preocupações com a piora das leis trabalhistas Reprodução

Amélia Gomes, Joana Tavares e Rafaella Dotta

A

cidentes de trabalho estão entre as principais ocorrências de saúde no Brasil. Em média, são 700 mil acidentes por ano, desde 2010, segundo relatório do Ministério do Trabalho e Previdência Social, sendo que 0,5% acabam em óbito e 35% em afastamentos por mais de 15 dias. Considerando apenas os dados oficiais, cerca de 55 pessoas deixam definitivamente o mercado de trabalho a cada dia, por morte ou incapacidade permanente. Os números demonstram a importância do dia 28 de abril, escolhido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como

Em média, Brasil tem 700 mil acidentes de trabalho por ano

Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidente de Trabalho, e trazem preocupação com leis que pretendem diminuir direitos nesse setor.

O caso de Wanda Wanda Lúcia de Oliveira perdeu 40% da audição do ouvido esquerdo e saiu da empresa sem nenhuma indenização. Ela

trabalhou por seis anos como cobradora de ônibus na empresa Gávea Transportes, que é parte do grupo RODAP Justinópolis, e, mesmo usando protetores

de ouvido, adquiriu a deficiência. “As vias da cidade [Justinópolis, na Grande BH] são péssimas, e os veículos em que trabalhamos são muito velhos e barulhentos”, explica. Segundo afirma, as audiometrias começaram a acusar perda de audição a partir do terceiro ano de emprego. Quando foi demitida, entrou com processo judicial para receber indenização pelo acidente, mas perdeu. “O que consegui foi ganhar a insalubridade, que comprovou que o ruído era acima do permitido, mas não serviu para o processo sobre a indenização”, lamenta.

Na Cemig, 80% dos acidentados são terceirizados MUTILAÇÕES Documentário “Dublê de Eletricista” mostra depoimentos de funcionários mutilados

O

caso da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) é exemplar. Com grande número de trabalhadores terceirizados, a empresa responde solidariamente por centenas de casos de acidentes de trabalho. O sindicato que representa a categoria dos eletricitários, o Sindieletro-MG, denuncia que, entre 1999 e 2017, ocorreram cerca de 120 mortes de pessoas em serviço, sendo 97 terceirizados. A falta de treinamento, precárias condições de

Fora do Eixo

Sindeletro MG desnuncia alto índice de mortes no setor elétrico

trabalho e pressão por produtividade fazem dos precarizados vítimas frequentes de choques e mutilações. O documentário “Dublê de Eletricista”, de 2015, retrata essa realidade. “Os caras te dão um cinto porque você fazia o trem render e te mandam trabalhar. O acidente que aconteceu comigo poderia acontecer com qualquer um de nós. Todo mundo ia trabalhar da mesma maneira que eu ia trabalhar”, relata no filme o eletricista Lúcio Nery,

que perdeu os dois braços enquanto trabalhava.

Confira o documentário “Dublê de Eletricista” no site do Brasil de Fato www.brasildefato.com.br


Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017

BRASIL

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Reforma desmonta garantias trabalhistas Projeto de Temer avança na Câmara e permite aumento da jornada, redução de salários, parcelamento de férias e enfraquecimento dos sindicatos Valdecir Galor / SMCS

são sem justa causa e as empresas poderão contratar de forma temporária e substituir os trabalhadores a cada oito meses, aumentando a rotatividade nos postos de trabalho sem aumento de emprego.

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF)

A

Câmara dos Deputados acelerou nesta semana a tramitação do projeto de lei da reforma trabalhista, relatado pelo deputado Rogério Marinho (PSDB -RN). A medida, se aprovada pelo Congresso Nacional da forma como está, vai revogar ou alterar mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e flexibilizar diversos direitos trabalhistas. O principal ponto da reforma é a possibilidade de que negociações diretas entre trabalhadores e empresas se sobreponham à legislação trabalhista em diversos pontos, o chamado “acordado sobre o legislado”. Atualmente, os acordos coletivos de trabalho têm força de lei e se sobrepõem à legislação, desde que não violem o previsto na CLT. Com a mudança, mesmo direitos como a jornada de trabalho, salários, intervalo intrajornada, férias, entre outros, poderão ser revistos. O pagamento do décimoterceiro salário e o depósito de parcelas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), no entanto, não poderiam ser modificados nem mesmo por acordo. Confira as principais mudanças e como elas impactam na vida dos trabalhadores: Jornada de trabalho, intervalo e férias O texto da reforma prevê que o empregador e o trabalhador podem negociar a carga horária com limite máximo de 12 horas por dia, 48 horas por semana e 220 horas por mês. Isso contraria o que está previsto na Constituição, que admite o máximo de oito

horas diárias e jornada semanal de até 44 horas. Esse limite também é o recomendado em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O intervalo intrajornada, como a hora de almoço, também poderá ser reduzido para 30 minutos para quem trabalha acima de 6 horas por dia. Isso significa que trabalhadores com jornada de 10 ou 12 horas diárias poderão ter o horário de intervalo limitado à meia hora. As férias também poderão sofrer alterações. Atualmente, é permitido o parcelamento em até duas vezes, sendo que um período não pode ser inferior a 10 dias. Se o projeto passar, as férias podem ser fatiadas em até três vezes, com mínimo de cinco dias e um dos períodos deverá ser obrigatoriamente maior do que 14 dias corridos.

dor fica à disposição do patrão, mas só recebe se e quando for convocado para o serviço, mesmo que ele fique à disposição. Outra modalidade que passa a ter um regulamento específico é o teletrabalho, quando o empregado trabalha em casa, o chamado “home office”. Agora, um contrato específico entre patrão e empregado poderá distinguir o teletrabalho, inclusive em relação ao salário, uso de equipamentos, entre outros assuntos. Redução de salários, trabalho temporário e jornada parcial Os salários também podem ser reduzidos por meio de acordo entre empregador

e empregado, desde que não seja inferior ao salário mínimo. Mesmo assim, com a ampliação do contrato de jornada parcial, passam da atuais 25 horas para até 32 horas semanais (incluindo as horas extras), o trabalhador receberá menos de um salário mínimo. Na prática, as empresas serão estimuladas a demitir trabalhadores com jornadas integrais (44 horas) e contratar mais pessoas para jornadas parciais. O mesmo efeito ocorrerá com o aumento do prazo para os contratos de trabalho temporário, que sairão dos atuais 90 dias para 120 dias, renováveis por mais 120. Esses contratos não preveem o pagamento de multa por demis-

Proteção sindical O projeto também exclui o recolhimento da contribuição sindical obrigatória. Com isso, caberá ao trabalhador se manifestar por escrito se permitirá o desconto de um dia trabalhado por ano. A tendência é que isso enfraqueça ainda mais a atuação dos sindicatos na defesa dos direitos trabalhistas. Piores empregos Países que adotaram reformas parecidas com as que o governo Temer quer implantar registraram aumento de empregos com piores salários e condições de trabalho e redução dos melhores empregos. No México, por exemplo, após uma reforma em 2012, houve uma diminuição de 1,2 milhão de empregos, em que a remuneração era maior que dois salários mínimos e um aumento de 1,2 milhão de empregos para quem ganhava entre um e dois salários mínimos. Pedro França / Agência Senado

Contrato por hora e “home office” Foi incluída no texto uma nova modalidade de contratação, o chamado trabalho intermitente, feito por jornada ou hora de serviço. Nesse tipo de contrato, o trabalha-

Rogério Marinho (PSDB-RN), relator do projeto de lei da reforma trabalhista


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BRASIL

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Mudanças no sistema da Previdência prestes a serem votadas APOSENTADORIA Após pressão, relator altera alguns pontos da PEC 287 Mídia NINJA

desmonte da aposentadoria, e apenas 5% aprovam o governo Temer. E, conforme a plataforma on line Placar da Previdência, 261 deputados estão contra a medida e 134 parlamentares ainda estão indecisos. Os outros 118 pretendem votar de forma favorável à PEC.

Da redação

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pós pressão de centrais sindicais, movimentos populares e de outros setores organizados da sociedade contrários à aprovação da reforma da Previdência, o deputado Arthur Maia (PPS-BA) apresentou um relatório com algumas modificações na proposta. A votação desse texto está prevista, em Comissão Especial da Câmara dos Deputados, até o dia 2 de maio. Na semana seguinte, a partir do dia 8, o relatório já poderia ser votado no plenário. Mesmo com as alterações, Arthur Maia preservou o

teor da proposta do governo. Segundo análise de Frei Sérgio Görgen, da Via Campesina, a proposta do relator parece ser uma “jogada esperta” para diminuir as resistências, mas ainda mantém alguns pontos no-

civos da proposta, como o pagamento mensal em dinheiro para os trabalhadores do campo. Uma pesquisa CUT/Vox Populi, divulgada no dia 13, aponta que 93% dos brasileiros são contra as medidas de

Mídia comercial prioriza cobertura positiva da proposta de reforma PESQUISA Segundo ONG Repórter Brasil, 91% da cobertura da Globo foi alinhada ao governo Reprodução

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onforme levantamento da ONG Repórter Brasil, os principais veículos de informação do país fizeram uma cobertura positiva da reforma da Previdência, deixando pouco espaço para opiniões divergentes. Os veículos das organizações Globo foram os me-

nos críticos: 91% do tempo dedicado ao tema pela TV Globo e 90% dos textos publicados no jornal O Globo foram alinhados à proposta de Temer. Nos impressos O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, 87% e 83% dos conteúdos fizeram uma cobertura positiva.

Para chegar a essa conclusão, a Repórter Brasil analisou mais de 400 textos dos três jornais de maior projeção nacional e 45 minutos de matérias dos dois principais telejornais. Em uma análise mais qualitativa do material, o estudo aponta ainda que, na TV e nos jornais, sobressai o tom alarmista, seguindo a ideia de que todos os setores do país precisam dar sua “cota de sacrifício” para resolver o suposto problema da Previdência. Predomina a ideia de que, sem a aprovação da proposta, o caixa vai quebrar e, no futuro próximo, engolirá o orçamento.

Publicidade No início de abril, a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, autorizou o governo federal a veicular propagandas sobre a reforma da Previdência. A decisão suspendeu liminar da Justiça Fede-

ral no Rio Grande do Sul, do dia 15 de março, que proibiu a veiculação de campanha. A verba foi ampliada para R$ 27 milhões. Inicialmente, as peças publicitárias estavam orçadas em R$ 13 milhões. Como resultado, vídeos a favor da reforma da Previdência já foram ao ar no SBT, após Temer jantar com Sílvio Santos, na quinta (20). O dono do SBT já foi responsável pela Aposentec, empresa que pertencia ao Grupo Silvio Santos e que oferecia planos de previdência privada com foco nas classes C e D.

Entenda em que pé está a proposta após mudanças de Arthur Maia (PPS-BA) Aposentadoria por idade: Como é hoje: Homens podem se aposentar aos 65 anos e mulheres com 60, ambos com 15 anos de contribuição. Texto da PEC: Homens e mulheres aos 65 anos, com 25 anos de contribuição. Proposta do relator: Apesar de manter os 25 anos de contribuição, a idade mínima para os homens é 65 anos e para as mulheres 62 . Para receber o benefício integral Como é hoje: Mulheres com 30 anos de contribuição e homens com 35 ou aplica-se a regra 85/95 progressiva. Texto da PEC: São necessário 49 anos de contribuição. Proposta do relator: São necessários 40 anos de contribuição. Aposentadoria Rural Como é hoje: 60 anos para homens e 55 para mulheres, com 15 anos de contribuição. Texto da PEC: Aposentadoria aos 65 anos de idade para homens e mulheres com 25 anos de contribuição. Proposta do relator: 60 anos de idade para homens, 57 para mulheres e 15 anos de contribuição para ambos.


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Reformas de Temer levam 10 milhões às ruas

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epois que o governo não eleito de Michel Temer anunciou medidas que retiram direitos, como a reforma da Previdência e trabalhista, sindicatos iniciaram mobilizações por todo o país. Para o dia 28 de abril, fazem o chamado para uma Greve Geral. Este dia promete uma das maiores paralisações que o país já teve. O protesto é contra as mudanças na aposen-

tadoria, na pensão, nas leis da CLT e contra a lei que libera a terceirização sem limites. Participam deste dia as nove principais centrais sindicais brasileiras, que juntas representam 10 milhões de trabalhadores. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a Nova Central, a Força Sindical, a União Geral dos

Trabalhadores (UGT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Intersindical, a Central Sindical e popular (CSP) e a Central Geral dos trabalhadores do Brasil (CGTB). Embora o governo tenha recuado sobre o fim da aposentadoria especial dos professores, a categoria continua mobilizada, inclusive na rede privada. Setores que também devem trazer grande impacto são os funcionários de transporte rodoviário (ônibus), funcionários de transporte aéreo, metrôs, Correios e bancários, que declararam greve na maioria dos estados do país. Em BH, uma manifestação acontece às 9h, na praça da Estação em BH.

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Primeira greve geral do Brasil completa um século Reprodução

28 DE ABRIL Setores fundamentais como metrô, ônibus e servidores públicos param nas principais capitais do país. Mídia NINJA

BRASIL

Da redação

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ireitos como férias, décimo terceiro, licença maternidade e outros não são presentes de governos e tampouco de patrões. Sua conquista tem uma longa história, que passou por muitas ações dos trabalhadores. A primeira greve geral do Brasil, por exemplo, completa 100 anos em julho. Localizada principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, durou mais de um mês e teve como estopim o assassinato do operário espanhol José Ineguez Martinez pela polícia. Além do protesto pela morte de um companheiro, a greve passou a incorporar diversas reivindicações, como a proibição do trabalho de menores de 14 anos - só reconhecida em 1943 - o pagamento da hora extra, melhores saláriose melhores condições de trabalho.

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Belo Horizonte, 20 a 27 de abril de 2017

Nossos direitos

Amiga da Saúde

Trabalho noturno Todos sabemos que o trabalho noturno é mais desgastante para o trabalhador, podendo trazer-lhe prejuízos físicos, psicológicos, familiares e sociais. Por isso, este tipo de trabalho é proibido aos menores de 18 anos e possui algumas vantagens que visam recompensar esses desgastes. Assim, o trabalho noturno deverá ser remunerado com um adicional de, no mínimo, 20% sobre o salário normal. Porém, nada impede que acordo coletivo eleve este percentual.

Pela lei, para os trabalhadores urbanos, considera-se noite o período entre as 22h de um dia até às 5h do dia seguinte. Se o trabalho noturno é habitual, deve integrar o salário. Neste caso, figuram na base de cálculo do FGTS, 13º salário, aviso prévio, descanso remunerado, INSS, etc., tanto as horas extras noturnas quanto os adicionais. Caso o pagamento do adicional noturno não vier discriminado formalmente na folha de pagamento e no recibo de salários o empregador seráobrigado a pagar novamente o adicional. Fique atento!

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.

O bebê recém-nascido pode pegar herpes labial? Qual o risco para o bebê? Vanusa Leite, 29 anos, assistente administrativa Sim, Vanusa, bebês podem contrair o vírus que causa herpes labial, conhecido como herpes simplex. Um inocente beijinho de alguém que esteja com lesão na boca pode transmitir o vírus. Ou se alguém toca o bebê logo após tocar na lesão. Isso representa um risco muito importante à vida do recémnascido. A infeção poderá atingir o sistema nervoso central e deixar sequelas ou até levar à morte. Os sinais mais comuns são moleza, falta

de fome (mama pouco), sonolência e lesões na pele. Se houver algum desses sinais, o bebê deve ser levado imediatamente à maternidade onde nasceu, para que seja avaliado, e iniciado tratamento adequado. Para prevenir o contágio, pessoas com história de herpes devem evitar contato com o recém-nascido. Lavar as mãos com frequência e separar objetos pessoais também são medidas importantes para evitar a transmissão.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

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Liberdade e democracia são valores que definem Minas Gerais. Na nossa Assembleia Legislativa, esses ideais estão sempre presentes no debate, no diálogo e na luta diária pelos interesses de Minas e dos mineiros. Participe! É com você que a Assembleia se torna, cada vez mais, o poder e a voz do cidadão.

almg.gov.br


Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017

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www.malvados.com.br

por Alan Tygel

Dicas Mastigadas Feijoada da Greve Geral

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Solução

(Receita para 10 pessoas) • • • • • •

1kg de feijão 1 cabeça de alho 1 colher de sopa de sal Temperos opcionais: pimenta, cominho, coentro Carnes salgadas Legumes e cogumelos

Modo de fazer

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Ingredientes :

Deixe o feijão de molho no dia anterior. Escorra a água e cozinhe o feijão na pressão com as carnes dessalgadas por 30 a 40 minutos. Pique ou amasse o alho e refogue em uma frigideira untada. Jogue o sal sobre o alho e depois coloque um pouco do feijão para refogar. Mexa, amasse e jogue de volta à panela do feijão. Refogue também os legumes e junte tudo na panela. Sirva com arroz, couve e laranja cortada.

Comida e Luta Em toda grande mobilização, um elemento fundamental é a comida. Sem comida não tem luta. E se tem muita gente, precisa de muita comida! A feijoada é a comida ideal para isso, pois pode ser feita em grandes quantidades. Para acampamentos, greves, vigílias e ocupações, a comida cumpre vários papéis. Além de dar energia para quem está lutando por seus direitos, o momento da preparação é de grande solidariedade. Todas e todos precisam em conjunto preparar os alimentos, servir porções adequadas para não faltar para ninguém e, principalmente, lavar os pratos. No dia 28 de abril, estaremos nas ruas, bem-dispostas/os e nutridas/os para construir a greve geral!

* Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


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CULTURA

Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017

Divulgação

Alunos da formação artística do Palácio das Artes pedem mais investimentos CEFART Movimento de estudantes denuncia falta de profissionais e de estrutura para aulas Raquel Rosceli

Raíssa Lopes

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Centro de Formação Artística (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado (FCS) vive um período conturbado. De acordo com os estudantes, a escola funciona de forma precária, com um número escasso de professores, horários reduzidos e falta de infraestrutura nas salas. Para formalizar as críticas, eles criaram em 2016 o movimento “Menos Palácio, Mais Artes”, que reúne alunos dos cursos de Dança, Música e Teatro e conta com o apoio de

funcionários e docentes para cobrar melhorias da administração. O grupo já conseguiu que fosse realizado um concurso público, que teve edital publicado no dia 31 de março de 2017 e chegou a designar profissionais para algumas áreas. No entanto, os jovens declaram que o número continuaria insuficiente. Bremmer Guimarães, aluno de teatro do Cefart, diz que escolheu o curso pela sua fama de excelência, mas, ao começarem as aulas, se deparou com a realidade. Para ele,

a Fundação estaria priorizando grandes eventos e deixando de lado a formação de artistas da cidade. “Lá, valorizam o Palácio das Artes, as óperas, os grandes espetáculos. Quando há temporada, nosso espaço de aula se torna camarim, e nós não somos nem avisados. É uma imponência que vai na contramão do que querem os estudantes, que é pensar a arte numa perspectiva política”, argumenta. Crise não é de hoje O professor de Teatro Luiz Carlos Garrocho, que leciona na instituição desde 1989 e está em processo de aposentadoria, acredita que o contexto atual do Cefart começou a nascer em 2007, quando o então governador Aécio Neves (PSDB) criou a Lei 100, nomeando profissionais sem concurso público. Após a declaração da inconstitucionalidade da lei, quase todo o quadro de profissionais do curso foi substituído e, quem entrava, encontrava salários baixos e retirada de benefícios.

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Além disso, ele conta que a iminência de aprovação da reforma da Previdência, proposta pelo presidente não eleito Michel Temer, fez com que os pedidos de aposentadoria aumentassem. “Eu sou exemplo. Não paro de trabalhar porque quero, mas preciso. Os alunos cobram a solução de problemas que foram se acumulando nas gestões anteriores. Os espaços foram desde sempre mal distribuídos, e há pouco tempo isso vem melhorando um pouco. Mas a solução seria criar um prédio do Cefart fora do Palácio das Artes”, sugere. Protestos Para chamar a atenção dos frequentadores do palácio, os alunos realizam semanal-

mente aulas com caráter de manifesto na entrada do prédio e também redigiram uma carta aberta, que pode ser lida na página do movimento no Facebook (www.facebook. com/menospalaciomaisartes). A Fundação Clóvis Salgado, por meio de nota assinada pela diretora do Cefart, Cibele Navarro, afirmou que a falta de professores se daria apenas no curso de Teatro, e alegou que a instituição teria se surpreendido com pedidos de aposentadoria de cinco profissionais e uma solicitação de exoneração. A direção também declarou que os espaços passaram por reformas recentes e que o “diálogo é um dos valores da atual gestão”.

Arte e cultura no Festival da Quebrada No próximo sábado (29) e domingo (30), comunidades de Belo Horizonte recebem o Festival da Quebrada, produzido pela banda mineira 12duoito e realizado pela Fundação Municipal de Cultura (FMC). O evento promove mais de 20 atrações culturais gratuitas no Conjunto Santa Maria (Rua 4, número 1.249) e no Morro das Pedras (Rua Onze de Dezembro, 180), como show do grupo de samba de roda Fala Tambor e apresentação da MC Tamara Franklin. Para conferir a programação completa, acesse: www.facebook.com/festivaldaquebrada.

Samba do Trabalhador

Também no domingo (30), vai rolar o Samba do Trabalhador no Centro Cultural Dona Antônia, em Betim. O evento é uma edição especial para comemorar a luta do povo brasileiro e o Dia do Trabalhador. Vai ter muita feijoada e um show com o grupo Bororó. Os ingressos custam R$ 10, com abertura da casa às 10h. O endereço é Rua Maria de Lourdes, número 678, Novo Horizonte.


Belo Horizonte, 27 de abril a 4 de maio de 2017

Brasileiro na geral conquista mundial em maratona Divulgação / CPB

ESPORTES

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Meninas do Pedal UDI O grupo Meninas do Pedal, de Uberlândia, é formado por 147 mulheres que se reúnem para percorrer trilhas de 20 a 60 km diariamente, em grupos menores, e nos sábados, em grupos maiores. As trilhas são definidas pelas integrantes e pelo guia. Não importa a modalidade, idade ou se a pessoa já pedala. Mais informações: migre.me/wvJU4

UDI

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paratleta gaúcho Alex Pires conquistou, no último domingo (23), a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Maratona do Comitê Paralímpico Internacional, disputado em Londres (ING). Ele competiu na classe T45/46, para atletas com amputação em membros superiores. O brasileiro completou o percurso de 42km em 2 horas, 28 minutos e 20 segundos, ficando mais de um minuto à frente do segundo colocado, o marroquino Abelhadi El. Em 2015, Alex já havia ficado com a prata em outra maratona disputada em Londres. (Com informações do Comitê Paralímpico Brasileiro)

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Arquivo Smel

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BH receberá Copa América 2019

Copa América de 2019 será realizada A no Brasil, e uma das sedes é a capital mineira. As outras cidades confirmadas

são Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Outra vaga é disputada entre Fortaleza e Recife. O Mineirão sediará partidas da competição pela primeira vez, embora já tenha sido palco de jogos da Copa do Mundo, Copa das Confederações, Olimpíadas e Eliminatórias. O último título do Brasil

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Doha Stadium Plus Qatar Sergio Pinto / CBF

“Eu não sou covarde. Você pode me atacar com suas palavras, pode tentar me matar com seu ódio, mas eu me levanto”.

no torneio ocorreu em 2007, quando a Seleção derrotou a Argentina na final, por 2 a 0, em Maracaibo (Venezuela).

Serena Williams, tenista nº1 do mundo, respondendo ao ex-atleta romeno Ilie Nastase, que a agrediu com comentários racistas, após ela ter divulgado sua gravidez.

Até o fechamento desta edição, ainda não havia terminado o jogo entre Atlético e Libertad, pela Libertadores.

Gol de placa Messi fez dois gols na vitória do Barcelona contra o Real Madrid, na casa dos merengues, domingo (23). E, para irritar ainda mais o português Cristiano Ronaldo, o último gol da “Pulga”, aos 48 do segundo tempo, foi o seu tento de número 500, vestindo a camisa do Barça!

Gol contra O goleiro Aranha, da Ponte Preta, foi vítima de racismo, quando atuava pelo Santos. Mas, no domingo (23), a bola fora foi dele. Insatisfeito com uma pergunta sobre seu preparo físico, respondeu que “tem repórter que gosta de homem” – como se a homossexualidade fosse um problema.

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