Agência EFE
Divulgação / UFVJM
CIDADES
ESPORTE
UFVJM em risco
Libertadores é confusão?
MEC promove corte de recursos. Medida prejudica 800 estudantes e gera insegurança em Unaí e Janaúba
Colunista questiona mito de que torneio deve ser vencido na base da porrada e da catimba. O importante é jogar futebol
Minas Gerais
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017 • edição 183 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg
Minas fabrica cada vez menos remédios
Pablo Bernardo / IndieBH
Divulgação / FUNED
Volta da secretaria de cultura em BH Fundação Ezequiel Dias, que se tornou referência na pesquisa e produção de medicamentos, passa por dificuldades. De acordo com trabalhadores, falta de recursos, sucateamento de unidades e queda brusca no número de unidades fabricadas gera temor de que os serviços sejam totalmente privatizados I MINAS
Violência contra indígenas Povo Gamela sofre massacre no Maranhão por reivindicar demarcação de seu território, que é disputado por fazendeiros. Um inquérito foi aberto para investigar o crime, que terminou com 13 indígenas gravemente feridos, inclusive com mãos e joelhos cortados
Promessa de campanha do prefeito Alexandre Kalil, proposta de reinauguração da pasta tem sido bem recebida pelo setor. Vereadora aponta que cultura precisa ser vista como direito e cobra que Fundação Municipal seja “radicalmente transformada”. Extinta desde 2005, volta da secretaria de cultura faz parte de uma reforma administrativa que precisa ser votada na Câmara Divulgação / CIMI
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OPINIÃO
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
Editorial | Brasil
Pode vir quente, que o povo tá fervendo
ESPAÇO dos Leitores “Políticos e a Sociedade Civil precisam encontrar mecanismos jurídicos e leis para responsabilizar os comandantes pelas ações de seus comandados.”
A greve do dia 28 de abril foi um grande sucesso. É muito difícil fazer uma greve, todos sabem. Tem o patrão que pressiona. Tem o medo de se perder o emprego. Tem a falta de costume e a pouca organização a partir do local de trabalho. Tem os meios de comunicação de massa que dizem que é errado, que quem faz greve é bagunceiro, que é coisa do partido x ou y. Tem os amigos que desacreditam da atitude e dizem que não leva a nada. Tem a multa aos sindicatos que resolveram bancar a paralisação de sua categoria. Nada disso impediu que as mobilizações fossem gigantescas e que muitas categorias cruzassem os braços. A greve não foi televisionada. Apesar das milhares de centenas de pessoas nas ruas, e das mobilizações terem
Gerson Odes Souza comenta a matéria “Comissão de Direitos Humanos pode acionar MP sobre violência policial em ato no Rio”
“A maioria é da Etnia Pataxó que está fazendo o curso de Formação Intercultural Indígena, na UFMG.”
Maria Afonso Oliveira comenta o vídeo no facebook do Brasil de Fato MG sobre indígenas presentes na manifestação em Belo Horizonte no dia 28 de abril.
“Eu achava que tinha uns tais de direitos sociais na Constituição... ah, perá aí, tem sim! Mas é que a Constituição inteira já não está valendo mais nada! Que o diga os ministros Ives Gandra e Gilmar Mendes, empresários que usam a justiça para advogar em causa própria!!!”
Soraia Santos sobre a matéria “STF alega separação de poderes e nega recurso contra reforma trabalhista”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Mídia escondeu motivos da greve ocorrido em todo país, os meios de comunicação comerciais preferiram dizer que foi um “grupelho”, que foram protestos isolados. Comprometidos com o empresariado e com o capital financeiro, os meios de comunicação preferiram entrevistar nas ruas só quem era contra o protesto. E pior, escolheram falar só do problema no transporte e dos incidentes de violência que ocorreram aqui e acolá. Não falaram dos objetivos e motivos pelos quais as pessoas se mobilizaram. Mas os grandes meios não conseguem esconder - e também o governo federal sabe - que a greve foi vitoriosa. O motivo é simples. Contra toda propaganda a favor das reformas, com a injeção de muito dinhei-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
ro para rádios e TV´s defenderem o desmonte da Previdência, o povo não se iludiu. Sabe que seus direitos estão ameaçados, ao passo que não estão mexendo nos privilégios dos já endinheirados. Sabe que não estão combatendo a sonegação fiscal, esse sim, o maior rombo de que se tem notícia. E o povo sabe que a reforma traba-
Povo sabe que reformas só vão piorar a vida lhista vem para jogar o peso da crise nas costas dos trabalhadores. A reforma trabalhista é absurda, é uma excrescência. As mudanças alteram mais de 100 artigos da CLT. Propõem horário de almoço de meia hora, jornada de trabalho de até 12 horas, até 18 dias de trabalho sem descanso. Além disso, precariza a Justiça do Trabalho. Passa a valer o negociado entre patrão (detentor de poder econômico) e empregado (detentor apenas de sua força de trabalho) independente da CLT. Ou seja, o trabalhador ficará sujeito aos interesses de mais lucro dos patrões e se verá forçado a aceitar condições subumanas. As medidas são tão absurdas que permitem até que grávidas trabalhem em condições insalubres. Para o trabalhador rural, permite que seja remunerado com casa e comida. Como tem sido dito nas redes sociais, é a volta da escravidão. Diante desse descalabro de um completo autoritarismo dos que ocupam o andar de cima da sociedade, não temos dúvidas, muitas outras greves virão.
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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Larissa Costa, Pedro Rafael Vilela, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Amélia Gomes. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
? PERGUNTA DA SEMANA
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
O governo não é burro, sabe que o povo assiste TV. Eles estão usando dinheiro público pra fazer a cabeça da população. Eles gostam tanto de falar em crise. Por que não pegam esse dinheiro e usam no Fies, no Bolsa Família? Marcel Carvalho, estudante
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Declaração da Semana
O governo não eleito de Temer (PMDB) percebeu que a maioria da população é contra o desmonte da Previdência e foi pedir ajuda a grandes meios de comunicação, tanto de rádio, TV, mídia impressa como de internet. Uma das medidas foi oferecer verba publicitária a veículos que defenderem a reforma. O Brasil de Fato foi às ruas perguntar:
Você acha certo o governo comprar o apoio de grandes meios de comunicação com dinheiro público?
GERAL
“Não existe Transformação sem Ruptura! A Coisa é Grave, MUITO GRAVE!” Marcelo Correa/ Divulgação
Escreveu o ator Thiago Lacerda em seu twitter, em apoio à greve realizada em 28 de abril contra as reformas do governo Michel Temer
Facebook vendendo emoções?
Acho super errado, não pode misturar meio de comunicação com política. O país está um caos, ninguém está gostando desse Temer, que é um governo ilegítimo. Fizeram essa tramoia pra aprovar as coisas como eles querem.
Maria do Carmo de Oliveira, técnica de enfermagem
Invasão de privacidade, mais uma vez. Um documento interno do Facebook veio a público por meio da reportagem do jornal australiano The Australian, mostrando um relatório de 23 páginas sobre as emoções de jovens e adolescentes que usam a rede. O estudo, que contém um mapeamento de medos, anseios e o curioso sentimento classificado de se sentir “imprestável”, seria entregue a um banco, para prováveis objetivos de publicidade. A situação sugere que empresas estejam usando informações particulares, referentes a fraquezas emocionais, para a venda de produtos. Reprodução
Fica, Belchior! A notícia de 31 de abril foi triste: Belchior se foi. Um dos mais conhecidos cantores e compositores da MPB, o cearense fez história com suas músicas vencedoras de festivais, como a “Hora do Almoço”. É dele também a música “Como Nossos Pais”, “Apenas um rapaz Latino-americano” e o CD “Alucinação”, produzido em 1976 e até hoje considerado um dos melhores já feitos no país. Para homenageá-lo, o bloco belo horizontino “Volta, Belchior” realizou um tributo no mesmo dia de seu falecimento. Sua ida foi celebrada por muitas vozes emocionadas.
Alimentos do outono
O outono chegou, e com ele os alimentos próprios desta estação, que ficam mais saudáveis e mais baratos nesta época do ano. Anote alguns deles: abobrinha, beterraba, nabo, rúcula, mamão, maracujá, batata-doce, berinjela, brócolis, caqui, chuchu, coco, espinafre, figo, goiaba, jiló, kiwi, laranja, limão, maçã, melancia, repolho e tangerina.
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CIDADES
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
Cortes na educação já afetam UFVJM UNIVERSIDADE Cerca de 800 alunos dos campi de Unaí e Janaúba vivem incerteza quanto a continuidade dos estudos Amélia Gomes
Divulgação /UFVJM
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ois dos quatro campi da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri terão cursos cortados por falta de recursos. Cerca de 800 alunos de Unaí e Janaúba podem ser prejudicados com a medida. Um dos cortes será no bacharelado em Ciências Agrárias, em Unaí, que tem duração de três anos e funciona com um ciclo básico, que prepara o aluno para quatro habilitações: Agronomia, Engenharia Ambiental, Medicina Veterinária e Zootecnia. A primeira turma ingressou na universidade em 2014 e estava prestes a seguir para as habilitações. Com os cortes, os alunos não podem dar sequência aos estudos, pois não sabem quais cursos continuarão existindo. A situação é a mesma no campus de Janaúba, especialmente na graduação em Engenharia. O curso também funciona com um ciclo básico para quem pretende ingres-
sar nas habilitações Engenharia de Minas, Materiais, Metalúrgica e Industrial. Os cursos de Ciências Agrárias e Engenharia foram criados em 2014, a partir de acordo firmado entre a universidade e o Ministério da Educação. A parceria previa investimentos na infraestrutura e aumento do corpo docente . No entanto, em março deste ano, a universidade foi informada do corte de recursos. De acordo com a instituição, para dar continuidade aos cursos em Unaí, por exemplo, seriam necessários ao menos 112 professores. Atualmente, o campus tem apenas 37.
Campus Unaí necessitaria de 112 professores e conta com 37 Expectativas Atualmente 320 alunos estão matriculados no curso de Engenharia e 400 em Ciências Agrárias. Todos na expectativa de seguir para as habilitações profissionais. Este é o caso do estudante Caique Silva Alves, matriculado no último semestre do curso de Ciências Agrárias. Para ele, o corte de re-
cursos se deu de forma arbitrária e injustificável. “São sonhos, são perspectivas de uma vida melhor sendo afetadas por esse governo golpista. É nossa educação sendo massacrada e ridicularizada”, critica. Processo de negociação O Ministério da Educação informou que a pasta está sofrendo um corte de quase R$ 4 bilhões neste ano. O MEC não divulgou qual foi o corte específico na UFVJM, mas alega que cada instituição é responsável por definir como será a adequação do orçamento.
Por sua vez, a UFVJM alega que não é possível direcionar os cortes para outros setores da instituição, pois todos os outros investimentos já estão parados, como, por exemplo, as obras no campus de Diamantina. Parecer Sobre a situação dos cursos, o reitor da UFVJM, Gilciano Saraiva Nogueira, afirmou que a universidade está em processo de negociação com o MEC e aguarda um parecer sob a liberação de mais 15 docentes para continuação dos cursos em Unaí. Ele afirma, no entanto, que só será possível dar continuidade para apenas duas habilitações. De acordo com o calendário acadêmico da UFVJM, as aulas nas habilitações específicas estavam previstas para começar em maio. Mas como não há uma previsão de quando sairá o parecer do MEC, não é possível estimar quando a situação dos cursos será resolvida.
STJ decidirá se abre processo contra Pimentel POLÍTICA Ministros do STF decidem que investigação pode ter andamento, mesmo sem autorização de deputados Da redação
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Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 9 votos a 2, deixar nas mãos do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) o caso do governador Fernando Pimentel (PT). Segundo a Constituição de Minas Gerais, um processo contra um governador em exercício só poderia ser aberto mediante autorização dos deputados estaduais. Porém, o STF decidiu que essa aprovação não é necessária neste caso. A corte tratava de uma ação movida pelo partido
Manoel Marques / Imprensa - MG
Democratas (DEM) com o objetivo de dar novo rumo ao caso. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais não chegou a votar a abertura do processo, mas a Comissão de Constituição e Justiça aprovou relatório contra o pedido, em novembro. A votação dos deputados estaduais não aconteceu porque o STJ acatou pedido da oposição de mais tempo para discussão. Caso a abertura fosse aprovada, o governador teria que ser afastado imediatamente do cargo por 180 dias.
Com a deliberação do STF, fica a cargo do STJ julgar a abertura do processo. Denúncias Fernando Pimentel é denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por meio da Operação Acrônimo, investigação da Polícia Federal. Em resposta, o governador gravou um vídeo em que reafirma a decisão do STF e se defende: “A minha vida é limpa e eu sou inocente das acusações que me fazem. E agora eu vou poder provar”, diz.
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
MINAS
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Opinião
Brasil não precisa de marido, mas de eleições diretas João Paulo O presidente não eleito Michel Temer conseguiu, de novo, errar em política, economia e ética. Defendeu em entrevista ao apresentador Ratinho – em mais uma armação midiática paga a preço de publicidade pública – as reformas trabalhista e da Previdência. Usou, como sempre, comparações pedestres com seu ar grave e expressão mesoclítica. Para completar, disse que o Brasil precisa de marido. O sujeito é um caso grave. Escolhe mal as palavras e os interlocutores. No momento em que pesa sobre ele a mais alta rejeição a um político no país, decide se abrir com Ratinho, como se fosse um atalho para a popularidade. Não é um acaso. O apresentador ficou conhecido por tratar mal as pessoas, ameaçar com um cassetete e fazer testes de DNA, como forma científica de fundamentar sua ânsia de humilhação. A afirmação preconceituosa do golpista durante a entrevista reafirma o machismo renitente, já de-
Além de um marido, Temer precisa de um professor de sociologia monstrado na formação de seu governo e em declarações estúpidas sobre o papel da mulher. Por trás de sua atitude, como diriam os psicanalistas, surge uma espécie de formação reativa. Ou seja, uma defesa inconsciente que, para se proteger de uma fraqueza pressentida ou ameaçadora da autoestima, manifesta desejos inconfessos. Quem precisa de marido, de acordo com seus próprios termos, é Temer. Tudo que o preconceito mais tacanho define como papel do marido numa relação tradicional, parece atender às necessidades mais prementes de Michel neste momento de sua vida. Ele está só. Não se sente amado, não é protegido, não consegue respeito e reclama da fal-
ta de um provedor. Crê que o autoritarismo é a melhor expressão da autoridade. Há um equívoco terrível na fala do usurpador, pela incompreensão do papel exercido pelas mulheres na formação brasileira, como chefes de família competentes e lutadoras. Sem maridos para atrapalhar. Mas aí seria pedir demais. Além de marido, Temer parece precisar de um professor de sociologia. Não é o pior, no entanto. O que é mais grave na defesa marital da economia doméstica – com a repetida ladainha de que não se pode gastar mais do que se arrecada – é seu sentido reacionário. A opção pela austeridade é apenas mais uma falsa imagem das escolhas financistas do governo, que vem aprofundando a crise, aumentando o desemprego e destruindo as políticas sociais. O presidente não eleito não tem sido um marido, mas um encosto. A saída é o divórcio ou a eleição direta. O que dá no mesmo. Pena que não existe uma Lei Maria da Penha para os crimes contra a nação.
Minas acaba de atingir 100 mil certidões de nascimento emitidas pelas Unidades interligadas (UI’s). Uma iniciativa da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania em parceria com a Corregedoria Geral de Justiça de Minas Gerais, Ministério Público Estadual, Sindicato dos Oficiais de Registro Civil (Recivil), hospitais e cartórios que garante a emissão do documento nas próprias maternidades, em todo o estado. Essa ação, que ganhou o Prêmio Direitos Humanos em 2015, ajuda a erradicar o sub-registro civil e aumenta o acesso à cidadania.
Acesse direitoshumanos.mg.gov.br e saiba mais.
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MINAS
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
Trabalhadores da saúde criticam proposta de parceria público-privada da Funed
Histórico e papel da Funed Divulgação / FUNED
SAÚDE Criada há mais de 100 anos, entidade é referência na produção de medicamentos Wallace Oliveira
Divulgação / FUNED
rabalhadores da saúde T pública estadual realizam vários atos públicos
para denunciar o sucateamento da Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculada ao governo do estado. No dia 19 de abril, a Fundação divulgou uma chamada pública, visando obter informações e propostas para uma possível parceria público-privada. Para o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde), isso é mais um passo para privatizar a entidade. Interesses
Nos dias 18 e 19 de abril, servidores realizaram manifestações em frente à sede da Fundação Ezequiel Dias e no Palácio da Liberdade, onde o governador Fernando Pimentel (PT) despachava. O motivo foi a publicação de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), uma espécie de chamada que governos emitem, a fim de que empresas proponham soluções para determinado
va e sem controle. Enquanto isso, na Funed, a produção de medicamentos caiu drasticamente nos últimos anos”, afirma Érico Cohen, diretor do Sind-Saúde. Impactos
Produção de medicamentos caiu de 1 bilhão para 11,8 milhões plano, com base em estudos prévios. O PMI divulgado pela Funed (disponível no link: migre.me/wy7uK) versa sobre uma possível concessão para gerir três unidades de produção de medicamentos. De acordo a Funed, tratase apenas de estudos, cuja finalidade é pensar alternativas para manter o fornecimento de medicamentos a baixo custo e com qualidade à população. Para o sin-
Fatos em Foco Uma jovem de 14 anos foi atingida por bala de borracha no rosto durante uma ação de reintegração de posse, realizada pela Polícia Militar, na última segunda (1), em uma ocupação rururbana em Mário Campos, na RMBH. Segundo o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o PM não possuía ordem judicial. Cerca de 150 famílias foram despejadas com uma ação truculenta, com bombas, balas de borracha e gás de pimenta. Outras pessoas ficaram feridas, e um rapaz foi detido pela PM. Toda ação foi transmitida ao vivo pelo Mídia Ninja.
dicato, porém, a medida é mais um passo para privatizar a entidade, que já estaria passando por um processo de sucateamento. “Acreditamos que há uma tentativa de desmonte da entidade. Nos últimos anos, já temos enfrentado sérios problemas de sucateamento de unidades que estão praticamente paradas, redução de recursos, falta de chamada para concursos públicos, uma carreira nada atraente e com salários defasados. Enquanto isso, o governo compra medicamentos do setor privado e repassa dinheiro da assistência farmacêutica para municípios, de forma abusi-
Com efeito, dados da própria fundação apontam que, após 2009, quando o número de medicamentos produzidos ultrapassou a marca recorde de 1 bilhão de unidades, a produção tem diminuído, chegando a 11,8 milhões, em 2015, e 10,6 milhões de unidades, em 2016. “A Funed perdeu visibilidade. Governos começaram a tratar a Fundação como terceira, fazendo -a competir em preço com empresas privadas, em licitações de compra de medicamentos, ignorando que a Funed tem como único cliente o SUS. Também não levam em conta, com isso, que a Fundação tem o papel de regular o mercado, garantindo medicamentos de qualidade e o acesso da população a produtos que não necessariamente são lucrativos, do ponto de vista das empresas”, conclui Érico.
Reprodução / MLB
Fundada há 110 anos, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) está vinculada à Secretaria de Estado da Saúde e tem como missão participar do fortalecimento do Sistema Único de Saúde. Referência internacional na pesquisa e produção de medicamentos, a entidade tem mais de 30 patentes registradas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e oito patentes no Sistema Internacional de Patentes (PCI). No mês passado, a Fundação divulgou os resultados de uma pesquisa, desenvolvida há mais de dez anos, em parceria com a UFMG, na qual desenvolvida uma substância a partir do veneno da aranha armadeira, que poderá ser usada no tratamento de disfunções eréteis.
Estudante agredido em ato continua em estado grave Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, permanece em estado grave, apesar de estável, segundo o boletim médico do Hospital de Urgências de Goiânia, divulgado na quinta (4). O estudante de ciências sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi atingido na cabeça pelo capitão Augusto Sampaio de Oliveira Neto, subcomandante da Polícia Militar, enquanto participava da manifestação contra as medidas de Temer, na sexta (28). Imagens mostram o cassetete do PM quebrando devido à força da pancada. Mateus sofreu traumatismo cranioencefálico e múltiplas fraturas. A PM de Goiás afastou o policial.
Acompanhando
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Foto da semana
OPINIÃO
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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Ìsis Medeiros
Rosinei Coutinho / SCO - STF
Na edição 182... Mudanças na Previdência prestes a serem votadas ... E agora Projeto alternativo da reforma da Previdência é aprovado A Câmara Federal aprovou, na noite de quarta (3), o substitutivo apresentado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA) na comissão especial sobre a reforma da Previdência. O governo alcançou 23 votos contra 14 dos opositores. O documento analisado traz como alteração a inclusão de policiais federais e legislativos no regime de aposentadoria especial, com idade mínima de 55 anos para acesso à aposentadoria. A mudança está diretamente relacionada aos protestos dos trabalhadores do setor de segurança pública. Na terça (2), um grupo de agentes penitenciários ocupou a sede do Ministério da Justiça, em Brasília, como forma de demarcar oposição à PEC. Na edição 179... Os irmãos Neves estão trises ...E agora Aécio é do sobre
interrogacorrupção
O senador Aécio Neves (PSDB) foi interrogado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em irregularidades na empresa de Furnas. Ele teria recebido propina do ex-diretor da estatal, Dimas Toledo. Esse é um dos sete inquéritos que investigam o senador no STF.
RESISTÊNCIA A greve geral, ocorrida na sexta (28), é considerada uma das maiores mobilizações já realizadas na história do Brasil. Convocada pelas centrais sindicais e movimentos populares, estima-se que 35 milhões de brasileiros deixaram de trabalhar nesse dia. Apesar da chuva forte, cerca de 150 mil pessoas participaram da manifestação em Belo Horizonte (foto).
Beatriz Cerqueira
Rubens Goyatá Campante
Durante um tempo, encontrávamos com a atendente de lanchonete com a barriga cada vez maior. Estava grávida. O natural seria que parássemos de vê-la por, no mínimo, quatro meses. Mas, logo após o nascimento da criança, ela voltou ao trabalho. Afirmou que não poderia ficar quatro meses “afastada”. Um amigo, ao entrar numa loja, descobriu que a vendedora não tinha salário. Sua renda dependia, exclusivamente, da comissão do que ela conseguisse vender. Durante uma fiscalização do Ministério Público do Trabalho, conheci rapazes que eram contratados por empreiteiras e parte do salário não vinha no contracheque, “era pago por fora”. Quando iam completar um ano de trabalho na empresa, a “casa falia” e eram recontratados por outra empresa. A situação se repetia e ficavam anos sem férias e outros direitos. No dia 26 de abril, deputados federais aprovaram a Reforma Trabalhista, alterando mais de 100 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Criaram um falso discurso de modernidade e de ataque ao movimento sindical, reduzindo a questão à cobrança de imposto sindical. A situação de trabalhadores “livres” para Alteraram mais negociarem suas condições de trabalho está de 100 artigos da CLT bem exemplificada nos casos acima. A atendente abre mão da licença maternidade, porque sabe que, se sair, não volta! A campanha pela aprovação envolveu empresários, políticos e grande parte da mídia. Haverá “liberdade”? O trabalhador é detentor da sua força de trabalho, o patrão é detentor do poder econômico. Há equilíbrio nesta relação? Fragilizar sindicato não tem a ver com imposto sindical, e sim com impedir a capacidade de reação organizada do trabalhador diante da precarização das suas condições de trabalho.
Quando você receber seu 13º salário – se o governo Temer não acabar com ele – saiba que esse direito foi resultado de uma greve geral, em 05 de julho de 1962. O 13º salário não era uma obrigação legal até a Lei 4090/62 ser aprovada, uma semana após tal greve. Quando o projeto de lei estava em discussão no Congresso, o jornal “O Globo” estampou: “Considerado desastroso para o país um mês de 13º salário”. Desastre que não veio. Pelo contrário, o 13º, plenamente incorporado à sociedade nacional, injeta, desde então, recursos na economia. A greve paralisou o Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, Belém, Recife, Salvador, Campina Grande, Vitória, Santos, Cubatão, Belo Horizonte, Paranaguá, Itajaí, Criciúma, entre outras. Na baixada fluminense, a população, sem transporte ferroviário, promoveu saques e depredações, gerando uma repressão policial que matou mais de 50 pessoas. A greve teve, também, um objetivo poDireitos de hoje são lítico: impedir, no refruto de lutas de ontem gime parlamentarista da época, a formação de um gabinete conservador e “entreguista” - exemplo de uma politização e crescimento do movimento obreiro que alarmou as classes dominantes e foi um dos fatores do golpe de 1964. A direita, portanto, não fala das greves deste período. E para o chamado “novo sindicalismo”, que surgiu no fim dos anos 1970, todo o sindicalismo de 1946 a 1964 era “pelego”. A greve de 1962, que nos trouxe o 13º salário, permanece, assim, quase esquecida. Há que lembrá-la, para sabermos que os direitos de hoje são frutos de lutas de ontem e que, se não continuarmos a lutar, amanhã teremos nada.
Beatriz Cerqueira é professora e presidenta da CUT MG e do SindUTE MG. Leia íntegra em brasildefato.com.br
Rubens Goyatá Campante é pesquisador do Núcleo de Pesquisas da Escola Judicial do TRT-3ª Região
É preciso falar sobre a reforma trabalhista
O 13º veio de uma greve geral
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Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
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Em massacre no Maranhão, indígenas têm mãos decepadas por fazendeiros CRUELDADE O povo Gamela reivindica a demarcação do seu território, uma área de cerca de 14 mil hectares Divulgação MDA
Da redação, com Lilian Campelo
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u vi esse que teve as mãos decepadas, vi ele no chão e um grupo dando pauladas nele. Eu tomei um tiro, caí e depois levantei. Tentei ajudar, mas seria em vão, não consegui”. É o que lembra Kun’Tum Gamela, 43 anos, um dos indígenas feridos, durante o massacre que ocorreu no domingo (30), no povoado de Bahias, na cidade de Viana, no Maranhão. O indígena a que Kun’Tum se refere é Aldelir de Jesus Ribeiro, que teve as duas mãos decepadas na altura do pulso a golpes de facão, durante o ataque de fazendeiros e jagun-
ços a um grupo de indígenas da etnia Gamela. Além dele, José de Ribamar teve a mão direta cortada durante o ataque. Ambos ainda tiveram os joelhos cortados nas articulações para que não pudessem correr. De acordo com Rosemeire de Jesus Diniz Santos, integrante da coordenação regional do Conselho Indi-
genista Missionário (Cimi), 13 indígenas foram feridos durante o ataque, cinco deles com ferimentos mais graves. Terror “Estão reduzindo os Gamelas a animais, porque é assim que eles abatem bois, búfalo na baixada [maranhense], quando en-
tram nas roças dos outros, que é desmobilizando as mãos e os pés para impedir que possam correr, se movimentar e se proteger. Foi de uma gravidade terrível”, conta a coordenadora do Cimi, em coletiva de imprensa, realizada em São Luiz na teça (2). O povo indígena Gamela reivindica a demarcação
Mandante de chacina em Mato Grosso está foragido Reprodução CIMI
dônia, ele teria treinado os executores do crime, de acordo com a Polícia Civil.
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uase duas semanas após a chacina de nove moradores de um assentamento em Colniza, no Mato Grosso, os órgãos de segurança estaduais continuam em busca do mandante do crime, que é considerado foragido. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito de ordenar as execuções já foi identificado e as autoridades negociam a sua apresentação com seu advogado. Em entrevista coletiva para detalhar as investigações, até
o momento, o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Roger Jarbas, disse que, apesar dos conflitos fundiários na região, a razão do massacre teria sido a disputa pela madeira. Dois dos quatro suspeitos dos assassinatos fo-
ram presos no domingo (30) e na segunda (1). De acordo com as investigações, Moisés Ferreira de Souza é o chefe do grupo dos “encapuzados”, que já havia feito ameaças aos moradores do local. Ex-policial militar de Ron-
Investigação De acordo com as autoridades, um inquérito policial foi aberto para investigar o crime. O Ministério da Justiça informou que duas equipes da Polícia Federal estão na região. A Funai também criou um comitê de crise para acompanhar de perto os desdobramentos do conflito.
Reforma contra trabalhadores rurais
VIOLÊNCIA Dois suspeitos de assassinarem nove trabalhadores rurais já foram presos Da redação, com Paulo Victor Chagas
do seu território, uma área de cerca de 14 mil hectares, cuja extensão abrange os municípios de Viana, Matinha e Penalva, atualmente ocupada por fazendeiros. Rosemeire afirma que a terra indígena foi grilada nos anos 70 e desde 2013 o povo indígena luta para a recuperação das terras.
O caso A chacina ocorreu no dia 20 de abril, perto do distrito de Guariba, em uma área denominada Taquaruçu do Norte, a 350 quilômetros da sede de Colniza. O município, um dos líderes no ranking de desmatamento na Amazônia, fica a 1.065 quilômetros de Cuiabá. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), há mais de 10 anos são comuns conflitos fundiários no local, onde já ocorreram outros assassinatos e agressões.
O deputado ruralista Nilson Leitão (PSDB-MT), colocou em debate um projeto de lei que suspende a aplicação da CLT aos trabalhadores do campo e limita a atuação da Justiça do Trabalho. A proposta permite remuneração a trabalhadores rurais não em forma de salário, mas “de qualquer espécie”, podendo ser paga com parte da produção ou com cessão de pedaço de terra para o trabalhador produzir. O projeto abre brecha, também, para que custos com moradia e alimentação sejam debitados do pagamento ao trabalhador.
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MUNDO
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
Presidente venezuelano assina decreto para convocar a Assembleia Constituinte DEMOCRACIA Membros da Assembleia Constituinte serão eleitos pelo voto direto dos venezuelanos Reprodução
Temer convida exército dos EUA para atuar na Amazônia Alan Santos / PR
Da Redação
O
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, entregou na quarta (3) o decreto para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Para o mandatário, não há outra opção para se atingir a paz e vencer “o golpe de Estado”. “Anuncio que, no uso de minhas atribuições presidenciais como chefe de Estado constitucional, de acordo com o artigo 347, convoco o poder constituinte originário para que a classe operária e o povo, em um processo nacional constituinte, convoquem uma Assembleia Nacional Constituinte”, disse Maduro em um grande ato com operários em Caracas. Maduro explicou que a nova Assembleia Nacional será formada por “constituintes” eleitos por voto popular pelo povo, para “fortalecer a constituição pioneira, sábia e bolivariana de 1999”, que foi impulsionada pelo falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), quando foi eleito. “Vai ser uma Constituinte eleita com voto direto do povo para escolher 500 constituintes aproximadamente, com 200, 250 eleitos pela base da classe operária, das comunas, das missões, dos indígenas”, acrescentou o presidente.
Voto popular elegerá 500 constituintes”
Constituinte terá 200 a 250 eleitos pela base da classe operária, das comunas, das missões e dos indígenas
Apoio das Forças Armadas O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, declarou seu apoio à convocação da Constituinte. Segundo ele, essa é a posição de toda a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). O ministro disse que a proposta de Maduro é “revolucionária, constitucional e profundamente democrática” e, por isso, terá “todo o apoio” dos militares venezuelanos. Segundo ele, a assembleia abre “um diálogo nacional” necessário frente à “falta de tolerância política de alguns setores da direita que não querem dialogar”. Processo O chefe da Comissão Presidencial Venezuelana para a Assembleia Constituinte e ministro da Educação do país, Elías Jaua, afirmou na terça (2) que vai chamar setores da sociedade civil e a oposição ao presidente Nicolás Maduro para definir e explicar os detalhes sobre o processo que pretende refundar o ordenamento jurídico venezuelano.
Entre os setores que serão convocados, estão representantes do poder público, religiosos, oposição e situação no Parlamento, reitores de universidades, movimentos sociais, associações indígenas, meios de comunicação social, sindicatos patronais, os
Constituinte abre diálogo frente a intolerância da direita” redatores da Constituição de 1999, dentre outros, de acordo com a emissora TeleSUR. Um dos objetivos do processo constituinte é criar condições de estabilida-
de para poder avançar para os processos eleitorais, entre eles o pleito presidencial previsto para o fim de 2018, ainda segundo o político. Oposição A oposição venezuelana rejeitou a proposta de Maduro, qualificou-a de uma “fraude” e pediu que a população “se rebelasse”. “O que aconteceu é o golpe de Estado mais grave da história venezuelana. Frente a isso a Mesa da Unidade Democrática (MUD) e os deputados da Assembleia Nacional convocam o povo da Venezuela a rebelar-se”, disse o presidente do parlamento, Julio Borges, como porta-voz da MUD. (com Opera Mundi)
Depois de iniciar a entrega do pré-sal para o capital externo e facilitar a venda de terras brasileiras a estrangeiros, agora o governo de Michel Temer (PMDB) quer entregar outra parte da soberania nacional. Para tanto, convidou o exército dos Estados Unidos a um exercício militar na tríplice fronteira amazônica entre Brasil, Peru e Colômbia, em uma região próxima da Venezuela. O exército brasileiro informou à agência britânica BBC que a Operação América Unida terá dez dias de simulações militares e ocorrerá em novembro deste ano. Uma das metas seria aumentar a capacidade de pronta resposta multinacional, sobretudo nos “campos da logística humanitária e apoio ao enfrentamento de ilícitos”.
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Belo Horizonte, 31 de março a 6 de abril de 2017
ENTREVISTA
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“Estamos em um estado de barbárie e isso provoca uma série de abalos psíquicos” SAÚDE Presidenta da Fenapsi analisa interferências que o golpe tem provocado no trabalho dos psicólogos Wallace Oliveira
Wallace Oliveira / Brasil de Fato MG
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retirada de direitos, o desmonte do SUS e da Previdência, entre outros ataques do governo não eleito de Michel Temer (PMDB), produzem ressonâncias profundamente nocivas na subjetividade das pessoas, podendo levar à ampliação de situações de sofrimento mental, suicídios e outros dramas. Esse é o ponto de vista da psicóloga Fernanda Lou Sans Magano, presidenta da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), em entrevista ao Brasil de Fato MG. Ela participou de debate no Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), quando abordou essas e outras questões atinentes ao trabalho dos psicólogos no Brasil.
Brasil de Fato MG - Vivemos um contexto de crise econômica, perda de direitos e acirramento dos conflitos políticos que, às vezes, beiram à extrema hostilidade e à violência entre grupos de esquerda e direita. Como isso afeta a subjetividade das pessoas?
Vivemos um momento de muita crise. Finge-se que nada acontece, mas as retiradas de direitos têm mostrado que estamos em um estado de barbárie semelhante à ditadura. Tudo isso provoca uma série de abalos na subjetividade. Quando nos organizamos
Planos de Saúde ´populares´ são uma excrescência”
“Temos planos de saúde privados que oferecem valores aviltantes pelo trabalho do psicólogo”
na defesa de direitos, sofremos escárnios, como no dia 31 de março. Em plena efervescência de uma série de atos contra as reformas e o desmonte da Previdência, Temer (PMDB) sanciona o PL da terceirização. Isso ataca frontalmente a população em geral, mas a categoria dos psicólogos, pela sua inserção no mercado de trabalho, muitas vezes não se dá conta do impacto dessas medidas em seu cotidiano. Além disso, os profissionais ficam abalados e, por sua vez, têm a acessibilidade ao atendimento também restringida. As reformas restringem o acesso dos profissionais aos serviços públicos. O contato que a população poderia ter com a rede de saúde pública, a rede de saúde mental e as políticas de assistência social vão diminuindo. Isto porque o governo está desmontando esses serviços. Então, temos profissionais desalentados e população privada de serviços. Ao mesmo tempo, certo estado constante de medo e insegurança quanto às próximas ações nefastas do governo podem levar a alte-
Retirada de direitos afeta a subjetividade das pessoas” rações mais graves dos estados de consciência, com quadros de psicoses, até quadros depressivos, de ansiedade e suicídios. Do ponto de vista do trabalho dos psicólogos, quais as diferenças entre os âmbitos da saúde pública e as empresas privadas de serviços de saúde?
Desde a Constituição de 88, foi colocado o tripé da Seguridade Social: saúde, previdência e assistência. Em 1990, tivemos a Lei 8080, que regulamenta o Sistema Único de Saúde. Porém, infelizmente, na própria Constituição ficou aberta a possibilidade de que se formasse um sistema de saúde complementar, que de complementar virou suplementar e, hoje, tem uma série de serviços que passam apenas pela saúde privada. No sistema público, o psicólogo pode atuar no âmbito hospitalar, em ambulatórios e
no Programa Saúde da Família, nos Núcleos de Atenção à Saúde da Família e, especialmente, na rede de cuidado, nos Centros de Atenção Psicossocial. No mercado de saúde privada, temos dificuldades em ter o trabalho do psicólogo respeitado. Em primeiro lugar, por conta do número de consultas. Em segundo lugar, pelo não respeito à autonomia do profissional. Na estrutura dos planos de saúde, temos impedimentos reais à autonomia profissional, com o médico gestor do plano de saúde deliberando sobre o número de consultas que o psicólogo realiza. Além disso, a forma como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu a contratação do profissional, com regras que primam pela relação individual, dificultando ações sindicais na melhoria dos ganhos e na qualidade do atendimento, faz com que tenhamos planos que oferecem valores aviltantes pelo trabalho do psicólogo. Como a psicologia pode contribuir no enfrentamento dos problemas atuais?
Os psicólogos têm que reconhecer uma forma de atuação que prime por uma boa atenção às pessoas. Também é fundamental a defesa das políticas públicas. Há, no governo Temer (PMDB), uma tentativa de desmonte da saúde. Ela passa, primeiramente, pela alteração na forma de financiamento do SUS. Hoje, o financiamento se dá por meio de rubricas financeiras para determinados serviços (saúde mental do trabalhador, cardiopatias etc). Na relação do repasse do recurso a estados e municípios, essas rubricas servem como incentivo à implementação dos serviços. Se a forma do financiamento mudar, é possível que municípios e estados não recebam incentivos para determinadas políticas e extingam certos tipos de atenção especializada. Concomitantemente, tem passado pela ANS, a partir do lobby das operadoras com o ministro Ricardo Barros, a proposta dos ditos “planos de saúde acessíveis” ou “planos de saúde populares”. Isso é uma excrescência, pois precariza as condições de acesso aos planos, alegando que vai facilitar o acesso, esvazia o sistema único e desqualifica o encaminhamento de recursos financeiros para estados e municípios.
Na saúde privada temos dificuldade de o psicólogo ser respeitado”
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Nossos direitos
Amiga da Saúde
Entrar com ação trabalhista? Primeiramente, é preciso ficar atento à proposta de reforma Trabalhista atualmente em discussão no país. Dentre os diversos direitos que estão ameaçados, destacase a precarização da Justiça do Trabalho, ou seja, reduzir as funções e orçamento destinados a resolver judicialmente os conflitos entre os patrões e empregados. As mudanças propostas são prejudiciais aos trabalhadores, principalmente, porque a maioria das empresas descumprem as leis que hoje existem. Nessa batalha, a cor-
da tende a romper do lado mais fraco: o do trabalhador. Daí a necessidade de uma forte Justiça do Trabalho, para garantir o cumprimento da lei. Ainda que em alguns casos os trabalhadores fiquem constrangidos de processar o patrão, quem deixa de entrar com reclamação trabalhista acaba incentivando as empresas a não pagarem corretamente os empregados. O caminho é seguir lutando contra a reforma Trabalhista e, sempre que preciso, buscar o sindicato ou um advogado para reivindicar seus direitos.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.
Meu filho tem 3 anos. Ele não aceita nada da comida de sal. Além do leite, a única coisa que ele come são algumas frutas. Já cansei de insistir. O que devo fazer? Raissa Vitória, 24 anos, do lar. Querida Raíssa, tente trabalhar com seu filho uma aproximação amigável com os alimentos. Deixe-o tocar a comida, cheirar. Apresente-lhe os alimentos crus e deixe que ele ajude a prepará-los. Monte pratos divertidos, formando carinhas de palhaço ou outros desenhos atrativos. Tente estabelecer uma rotina de sentar-se à mesa e comer junto
com os demais familiares. Isso pode funcionar. Caso não resolva, é importante procurar ajuda de um profissional de saúde para mais orientações. Deve-se investigar melhor, pois pode haver algum trauma que precisará ser trabalhado, ou mesmo uma alteração clínica que pode estar interferindo no apetite do seu filho. Continue insistindo!
Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
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Todo mineiro sabe que o diálogo é mais forte que o aço. A nossa Assembleia Legislativa é a prova viva disso. Aqui, os representantes do povo debatem ideias e consultam a população para criar leis que defendam o interesse de Minas e dos mineiros. Participe! É com você que a Assembleia se torna, cada vez mais, o poder e a voz do cidadão.
almg.gov.br
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www.malvados.com.br
por Alan Tygel
Dicas Mastigadas Frango com Guandu PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Nova tendência para festas de aniversário de meninas de 5 a 10 anos
© Revistas COQUETEL
Caracterís- Fúnebre tica da pessoa muito Ocidental inquieta (abrev.)
Homem que come crianças, nas histórias infantis francesas
São demarcadas pela Funai Frase típica do humorista (pop.)
Sucesso de Tim Maia
Cidade dos EUA “aterrorizada” por Al Capone
(?) de dois, pleonasmo Prazer do inventor
Distribuidora da Petrobras Liturgia
Achar graça em Ordem do dia
Ingredientes
Decadência (fig.) “Veias” urbanas Curvatura dorsal Menciona no texto Diversificada
Sair do (?): rir Morcego, em inglês
• 1 porção de guandu verde • 1 frango cortado • Temperos a gosto: sal, coentro, pimenta do reino, cominho
Indeciso entre duas alternativas Débora Nascimento, atriz e modelo
Ave pequena que faz ninhos no chão
Receoso, em inglês Em, em espanhol
Modo de fazer
Dar forma e contorno (ao barro) Rígido Característica da pessoa cara de pau Anno Domini (abrev.) (?)-rolhas, utensílio indispensável em Confederaadegas ção Brasileira de (?): entidade que organizava os esportes olímpicos, foi extinta em 1979
Santa italiana Cintura de calças Hábitat do ácaro
Resistência nativa à seca
(?) loco: no lugar, em latim
Urso que vive nas florestas de bambu
2/en — in. 3/bat. 6/afraid — cifose. 9/chocolate — desportos. 12/chá de bonecas.
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Solução
O guandu é uma leguminosa provinda de arbusto de grande resistência à seca. Assim, é utilizada como planta de quintal nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil, bem como no norte do Pará. No Nordeste, tem a denominação de “Andu”. No Rio de Janeiro, de “Guando” e em São Paulo, “Guandu”. Seus grãos verdes são preparados com carnes, farofas ou mexidos. Podem ainda ser conservados em salmoura ou congelados. Os grãos secos são mais apreciados no Nordeste. Essa e várias outras receitas podem ser lidas no livro Alimentos Regionais Brasileiros, editado pelo Ministério da Saúde e disponível em http://e.eita.org.br/regionais.
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* Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
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C H H I A P D E E R B A O T N I E V C I A D S A D D E
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T A T E RI R P A R A D A U A S TA I D N A I D A V I I G AI D E I N N D A T O S
BANCO
Ferva o guandu para tirar o amargo. Descarte a água e reserve os grãos. Cozinhe o frango e ao final do cozimento adicione o guandu.
Formato de arquivo de vídeo
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
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CULTURA
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
Divulgação
Volta da Secretaria Municipal de Cultura é fundamental para a cidade, analisam artistas REFORMA Promessa de campanha de Kalil agrada agentes da cultura Victorino Tejaxun
Raíssa Lopes
A
o assumir seu primeiro mandato, o atual prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS), se comprometeu a colocar em prática uma reforma administrativa, que inclui a volta da Secretaria de Cultura e a transformação da Fundação Municipal de Cultura (FMC) em um órgão secundário, que servirá como “braço de apoio”. O objetivo seria incentivar o planejamento, reduzir gastos internos e reaproveitar equipamentos inutilizados. Extinta na prefeitura de Fernando Pimentel (PT) em 2005, a Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte é reivindicação antiga da classe artística da cidade e foi promessa de quase todos os candidatos que desejaram ou sucederam o cargo de prefeito da capital - inclusive Marcio Lacerda (PSB), ex-chefe do executivo. Até então, a proposta tem sido bem recebida pelos movimentos culturais, artistas e
Prefeitura também promete investimento na cultura popular de BH
coletivos mineiros, que criticam de forma unânime a falta de diálogo das antigas gestões da prefeitura. Para a vereadora e atriz Cida Falabella (PSOL), os cenários anteriores demonstram a valorização de uma “cultura de fachada”, que nada tinha de real. “A FMC tornou-se um órgão realizador de eventos absurdamente caros, com grandes estruturas, muita publici-
Música de graça, na praça
Jennifer Souza
dade e deixam poucos legados para a cidade”, comenta. Ela acredita que a volta da secretaria significa o reconhecimento de que a cultura é um direito e trabalha para que a FMC seja “radicalmente transformada”. “BH é pulsante, tem manifestações que não são absorvidas pelos formatos dos editais. Nós não queremos nenhum centro cultural a menos, mas um
novo salto na política pública da cidade”, declara Cida. A opinião é compartilhada pela cantora Titane, que chama a atenção para a atual burocracia dos mecanismos de fomento das atividades culturais, além de pontuar a desvalorização sofrida pelos funcionários do setor. Ela defende a proposta de Kalil, mas com cautela. “Kalil tem surpreendido positivamente, ao tratar as ocupações urbanas sem considerá-las caso de polícia e negativamente ao exonerar médicas excelentes na saúde da mulher. Não sei o que esperar no caso da cultura. Sei que somos e seremos sempre uma pedra no sapato dos maus gestores”, ressalta a artista. A reforma administrativa, assim como a recriação da Secretaria Municipal de Cultura, deve ser iniciada a partir da aprovação da medida na Câmara dos Vereadores, ainda sem data. Programa Gentileza Um outro anúncio de Kalil
Direitos Humanos no cinema
para a cultura é a criação do Projeto Profeta Gentileza, que permitiria a ocupação dos locais públicos da cidade por coletivos e incentivaria os grafiteiros, disponibilizando espaços para a arte urbana. A iniciativa é contrária ao que acontece na cidade de São Paulo, onde o prefeito João Dória (PSDB) ordenou a cobertura dos murais pintados pelos artistas de rua. Pedro Valentim, da Família de Rua, movimento que organiza há mais de 10 anos o Duelo de MCs no Viaduto Santa Tereza, considera que o programa parece ser positivo, mas se preocupa, caso ele venha a incentivar a privatização dos lugares públicos. “Assim como me preocupa se esse projeto reforçar a perseguição ao ‘pixo’. Com uma visão que insiste na separação entre grafite e pichação, uma coisa pode ser colocada no lugar de arte e outra no lugar de crime”, observa Valentim, em alusão às declarações de Kalil, que já se posicionou contra os pichadores.
Sábado tem Chico César Marcos Hermes - Divulgação
No domingo (7), vai rolar a primeira edição do projeto Tambor na Praça, que acontece a partir das 16h, na Praça Floriano Peixoto, bairro Santa Efigênia. Para a estreia, a convidada é a cantora Laura Catarina, ex-integrante da banda mineira Dom Pepo, que se apresenta ao lado de Mauricio Tizumba, Bloco Saúde e Tambor Mineiro. As atividades são gratuitas.
Chegou a hora da 11ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos, que acontece na capital mineira entre os dias 9 e 14 de maio, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046 - Centro). A programação exibe filmes que tratam de temas como a diversidade sexual, saúde mental, direitos das mulheres, violência policial, entre outros. Todas as sessões são gratuitas. Para saber mais, acesse: www. facebook.com/mostracinemabelohorizonte ou www.pimentafilmes.com.
Os músicos Chico César e Luiz Gabriel Lopes se apresentam em Belo Horizonte no sábado (6), às 21h, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2244 Lourdes). Na sexta (5), os ingressos poderão ser comprados por R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). No dia do evento, eles serão vendidos a R$ 30. Chico César é um dos principais compositores brasileiros, com 12 discos lançados e três livros de poesia. A bilheteria funciona de segunda a sábado, das 12h às 20h, e, no domingo, das 12h às 19h.
Belo Horizonte, 5 a 11 de maio de 2017
A Libertadores nossa de cada dia Divulgação / FUTEL
o último dia 2, começaram as aulas gratuitas de vôlei para crianças e jovens de 7 a 17 anos. As aulas são oferecidas pela Fundação Uberlandense de Turismo Esporte e Lazer (FUTEL), no centro poliesportivo localizado no bairro Canaã. Mais de 100 crianças já estão matriculadas para a prática esportiva. A expectativa da Fundação é de que, até o fim do semestre, esse número dobre. Os interessados deverão comparecer ao local com os documentos da criança ou adolescente para a realização da matrícula.
Estádio Papa Francisco
Reprodução / SPORTV
Fabrício Farias
Reprodução
Em Fátima, Portugal, o estádio do time da cidade passará a se chamar, na próxima semana, Estádio Papa Francisco. A homenagem ao pontífice se dá por ocasião de sua visita ao local. Francisco é reconhecidamente um amante do esporte bretão, torcedor do San Lorenzo, campeão da Libertadores de 2014, e já recebeu representantes de alguns clubes, como o Cruzeiro, o Bayern de Munique, o Bahia e o Atlético Mineiro.
Maradona no campo do MST
Doham Stadium Plus Qatar
Maradona e Chico Buarque são algumas das atrações na inauguração do campo de futebol da Escola Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP). A obra, que está em sua última etapa, deve ser inaugurada em julho. “Esperamos contar com a presença do time de futebol do cantor e compositor Chico Buarque, o Politheama, e estamos tentando articular a presença do Maradona, que já confirmou presença em conversas com dirigentes do MST”, afirma David Martins, coordenador da construção do campo. O projeto é financiado com a contribuição voluntária de 602 pessoas, por meio da plataforma Catarse.
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Curta e Grossa
Uberlândia na geral oferece treinos de vôlei
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ESPORTES
Todo ano escutamos a mesma história: para jogar a Copa Libertadores da Amércia, o time precisa ser brigador, precisa estar preparado para a guerra e precisa estar pronto para superar a catimba de uruguaios, argentinos, chilenos, etc. A ideia de que jogar uma Libertadores é partir para uma batalha pelos confins da América do Sul pegou o volante palmeirense Felipe Melo de jeito, logo em sua apresentação pelo clube paulistano contra o Peñarol, no Uruguai. A frase “se precisar dou tapa na cara de uruguaio” parece ter sido entendida ao pé da letra na bacia do Rio da Prata. Como resultado, as cenas lamentáveis que vimos no dia 26 e abril, ao fim do jogo. Não podemos deixar de mencionar o papel que os meios de comunicação exercem na construção do modo antiesportivo com que nossos vizinhos sul-americanos encaram a competição. Seria uma exclusividade de nossos hermanos a catimba e o jogo desleal? Quantas vezes não vemos narradores e comentaristas esportivos elogiarem a experiência de jogadores brasileiros que sabem “esfriar” o jogo na hora certa? Por isso, devemos entender a declaração de Felipe Melo não como uma fala isolada, mas como o resultado direto da construção de uma imagem da Libertadores que muitas vezes não percebe que o principal, a fim de se obter bons resultados, é jogar um bom futebol.
Você tem críticas, comentários, sugestões?
ESCREVA PARA NÓS esportemg@brasildefato.com.br
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Cruzeiro decide Superliga no Mineirinho
ESPORTES
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DECLARAÇÃO DA SEMANA Inter Mailand
Renato Araújo / SADA CRUZEIRO
“O que eu deveria fazer? Ficar lá e deixá-los continuar? Isso define uma péssima cultura. Precisamos de coisas assim para parar com isso”
ela decisão da Superliga MasculiP na de Voleibol 2016-2017, as equipes do Sada Cruzeiro e Funvic Taubaté se enfrentam no domingo (7). O jogo, que vale a decisão, acontece no Estádio Jornalista Felipe Drummond, o Minei-
rinho. Esta é a 23ª edição da Superliga. O Sada Cruzeiro luta pelo pentacampeonato da competição. O maior vencedor também é mineiro: o Minas Tênis Clube, que já ganhou sete títulos.
Sulley Muntari, jogador do Pescara (Itália), sobre sua ação de deixar o campo após atos de racismo no Campeonato Italiano. Por sua atitude, ele foi punido com a suspensão de um jogo.
Gol de placa A brasileira Amandinha foi eleita, pela terceira vez, a melhor jogadora de futsal do mundo! A atleta do Leoas da Serra, de Lages (SC), recebeu o prêmio Agla Futsal Awards, anualmente concedido pelo site Futsal Planet. Outras quatro brasileiras disputaram o troféu com a Amandinha.
Gol contra O meia Muntari, jogador do Pescara, da Itália, foi vítima de racismo durante a partida contra o Cagliari, na casa do rival. Além dos cânticos racistas, o juiz, a quem o atleta pediu uma solução para o caso, lhe deu cartão amarelo. Revoltado, Muntari abandonou o gramado antes do fim do jogo.
Decacampeão
É Galo doido
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
No dia 31 de abril, o América completou 105 anos de existência, com muitos motivos para celebrar, como a tradição, patrimônio, estádio próprio, revelações e as conquistas, mas outros para se refletir, como a incapacidade de se firmar na SéDecacampeão rie A, os sucessivos erros de planejamento, a necessidade de utilizar garotos da base e a ausência dos torcedores no estádio. Todavia, excetuando-se a década de 1970, quando o América tinha um timaço e disputou a Primeira Divisão em alto nível, a década de 2010 tem chance de ser uma das melhores. Já com um título mineiro e duas participações na Série A, é preciso subir de divisão de novo e ficar por pelo menos dois anos consecutivos.
Mesmo se guardando para a batalha final de domingo (7), pelo Campeonato Mineiro, o Atlético fez a melhor partida de 2017, na vitória de 5 a 1 sobre o Sport Boys. Marcou quantos gols quis e poderia ter feito mais. O arquirrival usou a mesÉ Galo doido! ma artimanha. Diante das circunstâncias (os dois clubes nada ganharam em 2016), o Estadual se transformou, com o confronto direto, em um desafio maior e mais decisivo para o ego dos treinadores. Roger Machado tenta se impor como estrategista. Algumas alterações durante as partidas confirmam isso. Outras escalações, nem tanto. Domingo será o tirateima. Com Fred, Robinho, companhia e, como convém aos atleticanos, emoções à flor da pele.
La Bestia Negra Leo Calixto
Anúncio O Cruzeiro segue firme na luta por títulos na temporada. Mas a vitória sobre a Chapecoense, na última quarta-feira (3), pela Copa do Brasil, evidenciou não apenas esse fato. Ela colocou mais lenha na fogueira do debate sobre a maneira como o time esLa Bestia Negra foram 14 tá jogando. Contra o Atlético-MG, celestes finalizações contra 5, e não conseguimos fazer um gol sequer. O futebol celeste passou do ponto no quesito organização e se tornou pragmático. O Cruzeiro tem, na minha opinião, um dos três melhores elencos do país, com equilíbrio nas posições e estratégias bem definidas pelo seu mentor, Mano Menezes. É hora de a organização tática fazer com que a qualidade individual apareça.