Arquivo ABr
Gabriel Lisboa
ESPORTE
BRASIL 8
Um plano para o país
Papão da massa
Frente Brasil Popular propõe mudança da lógica econômica, com a cobrança de impostos dos mais ricos, retomada de programas sociais e valorização do salário mínimo
Torcida do Paysandu, de Belém do Pará, rompe com a homofobia e ensina ao Brasil que futebol também é respeito
Minas Gerais
Belo Horizonte, 26 de maio a 1 de junho de 2017 • edição 186 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg
Milhares nas ruas por
Tiago Macambira / Jornalistas Livres
Diretas Já!
Brasil vive uma onda de manifestações em defesa do direito ao voto direto. No dia 24, 200 mil pessoas protestaram em Brasília (DF) e foram reprimidas violentamente pela PM. Em entrevista, deputado federal Padre João (PT) analisa que, caso o Congresso seja responsável pela escolha do novo presidente, a agenda de retrocessos contra os trabalhadores deve continuar
2
OPINIÃO
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Editorial | Brasil
Diretas Já e um novo projeto para o Brasil
ESPAÇO dos Leitores “Minas Gerais é prova de que esse covarde nunca prestou” Maurilia Gabriela comenta o artigo de João Paulo Cunha, “Os inimigos do Brasil” , sobre Aécio e Andrea Neves
“E o povo é contra as eleições indiretas. A vontade do povo tem que ser soberana” Jussara Calabria comenta o editorial da edição 185, “Temer sai! Entra quem?”
“A palavra de ordem deve ser ‘anula o impeachment”” Ana Márcia Rodrigues comenta a capa da edição 185, que teve como manchete a frase “Diretas Já”
“Cruzeiro sempre envolvido em algum esqueminha... Que vergonha!” Nezito Treze comenta a nota “Conselheiros do Cruzeiro são investigados em esquema”
Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br
Um absurdo e uma afronta ao povo brasileiro. Assim deve ser caracterizado o golpe em curso no país, orquestrado desde 2014 por parlamentares corruptos, por uma mídia concentrada, por setores do Ministério Público, da Polícia Federal e pelo Judiciário. Michel Temer está cada vez mais encurralado, e seu governo segue em uma instabilidade crescente, desde a divulgação dos áudios em que ele é flagrado avalizando um dos donos da JBS à continuidade do pagamento da mesada para que o preso Eduardo Cunha continuasse em silêncio. E Brasília ferveu na última quarta (24), quando 200 mil pessoas tomaram as ruas da capital para exigir a antecipação de eleições diretas. Em um ato de covardia, o presidente golpista convocou o Exército. Foram usadas
Ato de Brasília demonstrou unidade popular bombas, gás, balas de borracha e armas letais contra os manifestantes. Os golpistas têm mesmo motivo para ter medo, pois o ato demonstrou a capacidade de organização e unidade popular. As centrais sindicais, movimentos populares, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo deixaram nítido que há força e disposição da classe trabalhadora para resistir e lutar contra as forças conservadoras. Enquanto o povo apanhava do lado de fora, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aproveitou para aprovar Medidas Provisórias sem os partidos de oposição. Os deputados do PT, PSOL, Rede, PDT, PCdoB e PMB se retiraram do Plená-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
rio em protesto contra o decreto que previa o emprego das Forças Armadas para coibir a manifestação. Apesar da revogação, realizada na quinta (25), o estrago já tinha sido feito. A convocação de eleições diretas é a saída imediata para a redemocratização, para a derrota do gol-
Movimento precisa ser de milhões pe e para a superação da crise política. Qualquer governo eleito indiretamente será ilegítimo e dará continuidade às medidas que retiram direitos. Programa popular A luta pelas “diretas já” precisa ser combinada com a defesa de um programa alternativo. A Frente Brasil Popular divulgou um plano emergencial em que afirma a necessidade de implementação de um projeto de desenvolvimento, com fortalecimento da economia nacional, democratização da mídia, revogação das medidas impopulares aprovadas por Temer, fortalecimento do SUS e outras propostas que resolveriam os problemas sociais. Não podemos vacilar. É necessário ampliar o horizonte e lutar por uma profunda mudança no sistema político brasileiro, o que será possível somente com a eleição de uma Assembleia Constituinte. O momento exige, mais do que nunca, unidade entre as forças progressistas e ânimo militante, pois, assim, o movimento, que ainda é de milhares, pode vir a se tornar de milhões, capaz de derrubar toda e qualquer força golpista, rumo a um Projeto Popular para o Brasil.
REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983
conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Felipe Souza. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.
?
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Nesta semana, o Brasil teve protestos em pelo menos 12 estados, pela renúncia de Michel Temer e por Diretas Já. Os atos têm tido mais fôlego depois dos anúncios das reformas da previdência e trabalhista, culminando até em uma greve geral. A pergunta é:
Mais do que concordo, eu acho que está na hora de a gente mudar o país. Desde que a Dilma saiu devia ter mudado tudo e não colocar o Temer. Eu acho que tem que ter eleição direta para presidente. Jô Ribeiro, diarista
3
Declaração da Semana
PERGUNTA DA SEMANA
Você concorda com manifestações “Fora Temer”?
GERAL
Divulgação
“Bom dia pra você que não vai se calar até conseguirmos #diretasjá #foratemer” A cantora Maria Gadú se pronuncia nas redes sociais sobre as polêmicas envolvendo Michel Temer. Ela defende nova eleição para presidente
BOMBOU NA REDE
Esse Temer está deixando a crise pior ainda, ninguém está conseguindo nem mesmo um emprego. Se depender da minha pessoa, ele pode sumir o mais rápido possível. As manifestações são muito boas. Tudo que tiver contra ele é muito bom. Wellington Gonçalves, desempregado
TEMER “COMPRAVA” SILÊNCIO O meme acima foi compartilhado
por milhares de internautas no Facebook e Twitter. Ele faz uma brincadeira com uma das primeiras vezes em que a Rede Globo tece críticas a Temer. O presidente foi flagrado oferecendo pagamentos mensais a aliados, para não ser denunciado.
Colorindo com açafrão CULINÁRIA O açafrão é uma planta da família do gengibre, originária da Ásia. Sua utilização mais comum é na forma de tempero ou corante, por conta de sua cor amarelo vibrante. É usado para colorir laticínios, bebidas, mostarda, sopas, molhos, pratos à base de feijão, batatas, couve-flor e até pães. Conhecida também como cúrcuma, é ingrediente básico do tempero indiano curry, que, na verdade, é uma mistura de especiarias. O açafrão tem um grande número de compostos benéficos ao organismo, que atuam como anti-inflamatórios, antioxidantes, antidiabéticos, antitumorais, antivirais, antibacterianos e antifúngicos. E, ainda, o açafrão contribui para a multiplicação de neurônios e para a formação de novos redes e sinapses entre eles.
4
CIDADES
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Projeto combate a censura e o extremismo nas escolas de BH EDUCAÇÃO Ideia do “Escola Democrática” é fazer um contraponto ao movimento Escola Sem Partido Rovena Rosa / Agência Brasil
Wallace Oliveira
A
Câmara Municipal de Belo Horizonte debate um projeto para garantir a liberdade e a democracia nas escolas. O Projeto de Lei (PL) 2035/2016, conhecido como Escola Democrática, foi apresentado pelo vereador Gilson Reis (PC do B). O texto prevê a criação, em todos os níveis da educação municipal, de um programa que garanta o direito de estudantes e professores pensarem e se expressarem livremente, em um ambiente de en-
Escola precisa ser espaço de construção de ideias, de debate”, diz vereador
Projeto preve também o direito de organização no ambiente escolar
sino laico e fundado na ciência, com respeito à diversidade de ideias e comportamentos, combatendo a violência, o extremismo e as práticas de bullying. O PL também trata da liberdade de organização em grêmios, centros acadêmicos, associações, sindicatos e similares. “A escola precisa ser um espaço da construção das ideias, da reflexão, do deba-
te”, comenta Gilson Reis. Ele ressalta que as liberdades defendidas no projeto não se confundem com a afirmação de preconceitos, a discriminação e a prática de segregar pessoas. O PL foi aprovado nas comissões de Legislação e Justiça e de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, apesar de os relatores terem emitido parecer pela rejeição. O Projeto Escola Demo-
crática encontra-se em fase de apreciação no Plenário da Câmara. Escola “Sem Partido”, mas apoiado por partidos “O nosso projeto ocupa um espaço político de contraponto ao Escola Sem Partido, uma visão de escola ultraliberal, vinculada aos interesses de grupos religiosos fundamentalistas, que tentam impor suas regras à sociedade”, afirma Gilson Reis, referindo-se ao movimento político criado pelo procurador de Justiça Miguel Nagib. O movimento Escola Sem Partido é apoiado por políticos de partidos, como o PSC, PR, Novo, Democratas, PSDB e PMDB. Organizações como o Movimento Contra Corrupção, do ex-ator Alexandre Frota, e Movimento Brasil Livre (MBL), do vereador Fernando Holiday (DEM-SP), também apoiam a iniciativa. Os defensores do projeto dizem querer coibir a dou-
trinação política e ideológica nas escolas. Alegam que muitos professores usam sua posição para impor opiniões a alunos que, por não terem formado a capacidade de discernimento, seriam “presas fáceis” de militantes partidários mal-intencionados. “O Escola Sem Partido quer cercear os saberes culturais e a diversas vozes sobre o que acontece na política, no mundo. O que querem é voz única. Não há doutrinação nas escolas, há um ensino sobre o ponto de vista histórico. E há pessoas que concordam com esse ponto de vista, e outras que não concordam. Os estudantes podem concordar com o que eu falo, podem aprender comigo e podem discordar de mim. A escola é assim”, avalia a educadora Patrícia Pereira, que leciona Língua Portuguesa na Escola Estadual Boa Vista, em Contagem.
Hospital de Santa Luzia pode ser reaberto SAÚDE Prefeitura negocia dívida depois de ter negado verba ao Hospital São João de Deus por dois anos Reprodução
Rafaella Dotta
A
Prefeitura de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e a diretoria do Hospital São João de Deus assinaram acordo de intenção, há dois meses, sobre a reabertura da instituição. O hospital está fechado desde abril de 2015 e tem uma dívida acumulada de pelo menos R$ 10 milhões. Segundo o prior responsável pela entidade, Camilo Teixeira da Costa, as dívidas incluem folha de pagamento, empréstimos e fornecedores. “A prefeitu-
ra pensa em reabrir a maternidade. Estamos fazendo as contas e vendo um prazo”, diz. Quando foi fechado, o HSJD atendia a 200 pessoas por dia e era o único hospital de Santa Luzia. Hoje a cidade conta com o Hospital Municipal, mas que não possui maternidade. O São João de Deus reabriria atendendo a 250 partos por mês, segundo o prior. 8 meses sem hospital O São João de Deus era gerido por uma Irmandade religiosa e funcionava com atendimentos ao SUS e a con-
Hospital está fechado desde abril de 2015
vênios, quando, em 2013, a prefeitura o proibiu de fazer atendimentos particulares. Daí em diante, o hospital teria entrado em déficit. A verba repassada pelo poder municipal não cobria os gastos.
A situação virou calamidade em janeiro de 2015, quando o então prefeito Carlos Calixto (PSD) parou de repassar dinheiro à entidade. “Foi uma mistura do tipo de política do antigo prefeito
com falta de vontade política. A população reagiu, mas ele foi irredutível”, conta o prior. Os mais de 100 funcionários ficaram até seis meses sem receber, e o São João de Deus finalmente fechou as portas em abril de 2015. Santa Luzia passou cerca de oito meses sem hospital. O acordo com a atual prefeitura admite, no décimo parágrafo, que “o Município se compromete a repassar os valores que estão em conta corrente específica”, mas não esclarece qual conta seria essa. A prefeitura não respondeu à reportagem até o fechamento desta edição.
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
MINAS
5
Opinião
Menos polícia e mais política João Paulo Cunha O Brasil se tornou um caso de polícia. Frente à banalização do desprezo pela democracia e pelo Estado de Direito, está valendo a força do guarda da esquina. Muitos falam em judicialização da política, como se os tribunais tivessem arrogado a si a tarefa de comandar o interesse público. No entanto, o mais perto da realidade seria afirmar uma policialização da política, quando a tarefa de governar fica submetida à ação discricionária dos agentes da segurança com sua obediência estrita. O grau absurdo foi alcançado com decisão do golpista Michel Temer, ao decretar “o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal”. Jogou as armas contra o povo. Criticada até mesmo pelo Exército, a medida se alimenta, de um lado, na covardia; e de outro, na ameaça simbólica que recupera a memória da ditadura militar. Depois do jogo de empurra em torno da medida, Temer isolou-se ainda mais, se é que isso é possível, e apressou sua queda inevitável.
Determinação popular pode frear autoritarismo Os sinais da violência da sociedade brasileira não são emitidos apenas de Brasília. Há chamas de arbítrio por todos os lados. Usar a polícia para cumprir ações políticas tem sido uma saída que varre o país de Norte a Sul, das questões agrárias às ações de saúde, nas regiões mais isoladas e no centro da maior cidade do Brasil. As ações realizadas na região da Cracolândia, em São Paulo, são exemplos dessa vertente antidemocrática, anti-humanista, autoritária e bruta. Na contramão de todos os estudos internacionais sobre tratamento de dependentes químicos e alimentada por uma obtusa análise social da questão, as administrações estadual e municipal criminalizam as pessoas, destroem ações de acolhimento e
propõem internação sem consentimento. Ao mesmo tempo, a violência no campo cresce de forma espantosa. Massacres se sucedem, com ações de facínoras contratados e, como ocorreu no dia 24, com a participação das polícias militar e civil. Nove homens e uma mulher foram mortos num acampamento em Pau D’Arco, no Pará. Outras 14 pessoas foram baleadas. É o segundo grande massacre envolvendo disputa de terras nos últimos meses. Brasília, São Paulo e Redenção são os exemplos mais recentes da sombra do estado policial que se estende sobre o país. Em situações assim, a melhor saída é sempre chamar o povo e começar tudo de novo. Quando a determinação popular se apresenta, começam a se fechar as brechas do autoritarismo. Há muitas formas de se fazer isso, e a eleição direta é a mais imediata delas. A sociedade tem mostrado amadurecimento para levar adiante esse projeto, lutando com as armas da crítica, do protesto e da mobilização. Se for preciso mais, saberá de onde tirar.
Anúncio de assassinatos e Os crescentes índices s mentir. A vida de muita suicídios não deixam is ais, mulheres transexua lésbicas, gays, bissexu sido fácil. E o motivo é e homens trans não tem al com a diversidade sexu simples: a intolerância Vemos reflexo da e identidade de gênero. lho, na família, na discriminação no traba o ng nas escolas, em tod comunidade, no bullyi Governo do Estado lugar e a toda hora. O promovendo o respeito combate a LGBTfobia, s LGBT. Afinal, viver aos direitos das pessoa s. é um direito de todx sem medo e ser feliz nuncie / Disque 100 e depr econceito o e cia lên vio /a BT. LG s oa ss pe ra / cont
TodxtrsanaaLGluBta Tfobia. con
6
MINAS
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Há 40 anos, estudantes enfrentavam uma das maiores repressões de sua história UNE Participantes do III Encontro Nacional dos Estudantes relembram o cerco da polícia e o terror de uma época de perseguição e luta pela democracia Acervo Projeto República
nuca”, recorda Ana Rita Trajano, que era tesoureira do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Faculdade de Filosofia e de Ciências Humanas (FAFICH) da UFMG. “Na Gameleira, eles selecionaram quem era dirigente, presidente de alguma organização e quem não era. Quem não era foi liberado, e quem era foi para o DOPS. Eu não fui, mas, junto com as 55 pessoas que foram, fui indiciada pela Lei de Segurança Nacional”, declara.
Raíssa Lopes
dia era 4 de junho de O 1977, quando a Ditatura Militar ainda domi-
nava o Brasil. Belo Horizonte estava preparada para receber jovens de todo o país para o III Encontro Nacional dos Estudantes (ENE), evento que, junto a outras iniciativas, tentava reconstruir a União Nacional dos Estudantes (UNE), colocada na ilegalidade em 1964 pelo Congresso Nacional. Antes mesmo de saírem de suas cidades de origem, os ônibus eram interceptados pela polícia. Estudantes mineiros também eram retidos, impedidos de chegar até o Diretório Acadêmico (DA) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mi-
Ônibus eram parados pela polícia antes de saírem nas Gerais (UFMG), no Centro de BH, sede do III ENE, onde outros tantos jovens já estavam cercados. Lá, o encontro foi encerrado sem ao menos começar. “Eu tinha 22 anos, estudava para ser médico. O encontro seria à noite, e ainda à tarde começamos a ter notícias de veículos barrados nas estradas. Tinham uns 300 estudantes no DA e a pres-
Uma mudança no rumo do Brasil
são ia aumentando. Num certo momento, o Exército e a polícia estavam rodeando todo o prédio, ninguém podia entrar ou sair. Falavam que iam ‘descer o cacete’”, relata Thomaz Mata Machado, hoje professor do curso de medicina da UFMG. Um dos organizadores do III ENE, ele conta que os alunos começaram a ligar para as pessoas para informar o que estava acontecendo. A cada ligação, um parente aparecia na porta do campus. De repente, a cidade estava lotada, com passeatas que clamavam
Rapidamente, vários protestos encheram a cidade
pelo fim da repressão em todos os cantos - Avenida Afonso Pena, Igreja São José, Boa Viagem, etc. Na UFMG, os estudantes realizavam uma última assembleia, que tratava do que fazer: ser preso ou espancado. Decidiram, por maioria, enfrentar a prisão, sem saber o que poderia acontecer por trás das grades. “Todo mundo se preparou. Sentamos no pátio, demos as mãos e esperamos a polícia invadir. Veio aquele monte de soldado correndo pra cima”, lembra Thomaz. Os estudantes tentaram negociar, e assim foram levados, em fila indiana, para os ônibus que iriam deixá-los em um local de exposição de animais, o antigo Parque da Gameleira, localizado onde está hoje o Expominas. “O caminho até os veículos era um corredor polonês, escuro. Deixamos o DA com a mão na
Apesar dos danos que rondaram os presos do III ENE, o encontro é considerado um sucesso. “O que aconteceu não só influenciou a reconstrução da UNE [ em 1979], como acordou o Brasil para a ditadura. As famílias saíram para
Geração de hoje tem tarefa de reconquistar a democracia” as ruas, a repressão estava batendo nos filhos da classe média. Enquanto éramos levados para os ônibus, tinha gente nos aplaudindo. Isso aconteceu no país inteiro”, comenta Evilázio Gonzaga, estudante e ator de teatro que também participava do evento no interior do prédio da Medicina.
“A geração desse encontro é vitoriosa. Ela conseguiu libertar o pessoal da luta armada, fortaleceu a esquerda, lançou o ‘Diretas Já’ e derrotou a ditadura. Infelizmente, nossa democracia durou pouco, e a geração de hoje tem uma função semelhante: reconquistá-la. E nós estaremos juntos nisso”, ressalta Evilázio.
CONUNE em BH Agora, mais uma vez, Belo Horizonte será palco para a organização dos estudantes contra os retrocessos. A capital sediará o 55º Congresso da UNE (Conuna), que acontece entre os dias 14 e 18 de junho, e tem como temas centrais a saída do presidente não eleito Michel Temer e a exigência por eleições diretas no país. O evento contará com mais de 50 debates e mais de 100 convidados, além de atividades culturais e passeata. Durante o congresso, os estudantes também irão eleger a nova direção e presidência da UNE, que completa 80 anos em 2017. As atividades devem acontecer na UFMG, no Mineirinho, e no centro da cidade. As inscrições estão abertas, e podem ser realizadas por qualquer estudante no site www. inscricao.une.org.br. Os participantes terão direito a alojamento, alimentação e transporte.
Acompanhando
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Foto da semana
OPINIÃO
7
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br. Divulgação / Levante Popular da Juventude
Na edição 183... Presidente venezuelano assina decreto para convocar Constituinte ...E hoje Venezuela anuncia Constituinte para julho O presidente venezuelano Nicolás Maduro apresentou ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), na terça (23), sua proposta de Assembleia Nacional Constituinte. Com ela, 540 deputados constituintes poderão ser eleitos para modificar a carta magna do país. Tibisay Lucena, presidenta do CNE, anunciou que as eleições para a Constituinte estão previstas para o final de julho e a de governadores e assembleias legislativas, para 10 de dezembro. No site do Brasil de Fato... Alunos mineiros relatam problemas psicológicos causados por pressão da UFV ... E agora Casos de suicídio indignam estudantes na UFMG A matéria anterior se referia a denúncias de estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV) sobre abusos cometidos por professores. Nesta semana, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) teve mais dois casos de suicídio e uma tentativa de suicídio. Os estudantes cobram que a a universidade tome atitudes para resolver o problema. Em nota, a reitoria afirma que já possui assistência psicológica e confirma que um dos estudantes estava em tratamento.
DIRETAS JÁ - Até a derrota do golpe, movimentos populares e centrais sindicais prometem não sair das ruas. Na última semana, manifestações foram realizadas em várias cidades do Brasil, inclusive na capital federal na quarta (24), que aglutinou cerca de 200 mil. A cada dia, milhares de pessoas se somam à luta pela convocação imediata de eleições diretas para presidente e exigem a saída do golpista Michel Temer. Na foto, ato realizado no domingo (21) em Belo Horizonte.
Leonardo Nogueira
Breno Altman
Território palestino e a juventude brasileira
Marcha sobre Brasília: vitória popular
Em 2017 completam-se 50 anos de ocupação e colonização de Israel em terras palestinas. Desde 1967 Israel não reconhece a legitimidade do Estado Palestino e segrega árabes e judeus. Israel construiu um enorme aparato militar voltado, em larga medida, ao cerceamento do povo palestino. Tornou-se uma referência em assuntos militares e presta assessoria a setores da segurança pública e para comercializar armas a outros países, como o Brasil. A violência contra a juventude em território palestino é bem semelhante à violência cometida contra os jovens no Brasil. Estima-se que 400 crianças foram assassinadas, durante os ataques de Israel em 2014, na Faixa de Gaza, após 21 dias de bombardeios ininterruptos. A expectativa de vida em Gaza é de apenas 17 anos, sendo que 54% da população dessa região têm menos de 18 anos. São mais de 300 jovens palestinos com menos de 18 anos presos em Israel. Israel formou militares no Rio de Janeiro e forneceu os chamados “caveirões” ao Bope da PM carioca. A polícia Militar no Rio (e em todo o Brasil) vem sendo fortemente denunciada pelo seu caráter violento, especialmente contra joIsrael e Brasil violentam vens negros das perifeseus jovens rias. O relatório da CPI sobre os “assassinatos de jovens” do Senado afirma que, das mais de 50 mil pessoas assassinadas anualmente, quase metade são jovens, majoritariamente negros. Dos homicídios cometidos por policiais no Rio, 99% dos casos são arquivados sem investigação, e em 21% dos casos as vítimas tinham menos de 15 anos. A violência cometida por Israel na Palestina e a violência cometida pelo Estado brasileiro impactam diretamente a vida da juventude. A luta pela desocupação israelense do território palestino também é uma luta do povo brasileiro e da juventude.
A mídia monopolista e o governo usurpador tratam de inventar sua narrativa sobre a formidável mobilização sindical e popular que tomou conta de Brasília no dia 24. Seu esforço é marcar o protesto como bagunça e vandalismo, em vil manobra para ocultar sua dimensão e propósito. O que assistimos foram mais de 100 mil trabalhadores de todo os cantos do país, marchando para a capital com o intuito de lutar, organizada e pacificamente, contra o governo golpista, as reformas da previdência e trabalhista, por Diretas já. As forças repressivas desde o dia 23 preparavam uma emboscada contra o direito de manifestação dos trabalhadores, armando provocações e se preparando para reprimir o ato como cães selvagens. Um pequeno grupo de mascarados, infiltrado na marcha, foi escalado ou estimulado para servir de pretexto às cenas de repressão inconstitucional promovidas pela PM do DF e a Força Nacional. Se não fosse esse o pretexto, outro seria. O governo usurpador estava decidido a reprimir os trabalhadoGoverno mostra seu res. Não foi à toa que, caráter antidemocrático rapidamente, depois de pedido encenado pelo serviçal que preside a Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia, o presidente golpista promulgou decreto que permite a convocação das Forças Armadas para enfrentar o povo em luta, pela primeira vez desde a redemocratização. O dia 24 foi uma data histórica. Porque os trabalhadores ocuparam a capital da república e fizeram ouvir sua voz. Também porque o governo usurpador e seus aliados revelam, de uma vez por todas, seu caráter antidemocrático e golpista. Como em todo processo golpista, o povo irá lutar, e o os usurpadores irão reprimir. Teremos choques, conflitos e tensões gravíssimas. Onde está escrito que resistir à usurpação seria tranquilo como um passeio no parque?
Leonardo Nogueira é militante do Levante Popular da Juventude.
Breno Altman é jornalista e diretor editorial do Opera Mundi.
8
BRASIL
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Propostas para eleições diretas são discutidas na Câmara e no Senado DEMOCRACIA Para organizações sociais, Congresso não tem condições morais e políticas de liderar saída da crise Lula Marques / AGPT
Wallace Oliveira
D
epois que o presidente não eleito, Michel Temer (PMDB), foi posto na berlinda, a mudança de governo tornou-se uma questão de tempo. Nada menos que 14 pedidos de impeachment já foram protocolados, e a base governista se dissolve no Congresso. “A base parlamentar de Temer já foi. Existem esforços desesperados, por exemplo, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Mas todos nós sabemos que estamos atravessando um período extraordinário, com um morto vivo na Presidência da República”, comenta a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG). Com a iminente queda de Temer, surge a questão
sobre quem o sucederá. A Globo e a maioria do Congresso defendem eleições indiretas, alegando ser a única saída constitucional. Por essa via, o novo presidente seria eleito por uma junta eleitoral no Congresso. Porém, milhões de pessoas em todo o Brasil exigem
a convocação de eleições diretas, quando a própria população é chamada a decidir. Movimentos ainda reivindicam que as eleições sejam gerais, isto é, que outros representantes federais também passem pelo crivo das urnas, e que as medidas do governo Temer sejam revogadas.
Possibilidades Se Temer renunciar ou sofrer impeachment, novas eleições estão previstas no artigo 81 da Constituição. Nele consta que, após dois anos do mandato eleito, o presidente da Câmara convocaria o Congresso a votar. Para que o povo possa escolher, é necessário aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), alterando a redação do artigo. Duas propostas dessa natureza tramitam no Congresso. Outra possibilidade é discutida no Supremo
Duas propostas de PEC para novas eleições estão em votação
Tribunal Federal, caso a chapa eleita em 2014 sofra cassação. O TSE julga a ação a partir do dia 6 de junho. Única saída possível Para organizações envolvidas com a pauta das eleições diretas, o Congresso não tem legitimidade para eleger o novo presidente. “As eleições diretas para presidente e um novo Congresso são uma necessidade democrática. Ou seja, só as urnas podem repactuar um governo que represente os interesses da maioria e que tenha legitimidade de realizar mudanças a favor do povo, para sairmos da crise econômica”, afirma João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Frente Brasil Popular.
Diretas Já: uma luta histórica Reprodução
Raíssa Lopes
A
luta pelas “Diretas Já”, em 1984, foi um dos movimentos com maior participação popular do Brasil. Vivendo um golpe militar desde 1964, o país já não escolhia um candidato a presidente desde 1960. As primeiras movimentações para as Diretas aconteceram em 1983, quando foi apresentada a primeira emenda constitucional sobre
Em 1984, milhões de pessoas em todo o Brasil foram às ruas
o tema, de autoria do deputado Dante de Oliveira. Logo os atos, defendendo a democracia, se alastraram e reuniram milhões de pessoas, em todos os estados. Os shows de protesto, peças de teatro e comícios estavam sempre lo-
tados – o maior deles ocorreu no Rio de Janeiro, em 10 de abril de 1984, quando em apenas seis horas um milhão de manifestantes se concentrou na Candelária. A emenda de Dante foi votada em 25 de maio de 1984,
em sessão tensa, que contou com a participação de artistas e políticos. Ainda assim, a Câmara dos Deputados não aprovou as eleições diretas. Com a derrota, restava negociar o fim do regime militar. Em 1985, a ditadura era finalmente encerrada, mas Tancredo Neves se tornava presidente, em meio a uma disputa interna, sem o voto do povo. Ele não chegou a assumir o mandato, pois morreu antes da posse. Em seu lugar, governou o então vice-presidente, José Sarney. Só em 1989 aconteceu a primeira eleição direta após tempos sombrios. O presidente eleito e posteriormente denunciado por corrupção, Fernando Collor de Mello, acabou renunciando ao car-
go enquanto um processo de impeachment contra ele estava em andamento. Quem assumiu o cargo foi, novamente, o vice: Itamar Franco. Apesar da não aprovação, a campanha por Diretas Já é considerada historicamente uma vitória, por marcar a volta da politização da sociedade brasileira e impulsionar o processo de redemocratização do país, como afirma Ricardo Gebrim, da direção nacional da Consulta Popular e da Frente Brasil Popular. “Mesmo sem a conquista das Diretas, o movimento inaugurou todo um ciclo político da esquerda. Foi, inclusive, decisivo para alterar planos que a ditadura tinha e trouxe muitas conquistas na Constituição de 1988”, afirma.
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
BRASIL
9
200 mil em Brasília pedem “Diretas Já” FORA TEMER Manifestantes foram recebidos com violência policial e até Exército foi convocado Mídia NINJA
Rafaella Dotta*
D
epois da denúncia envolvendo Michel Temer na operação Lava Jato, Brasília teve na quarta (24) seu primeiro grande protesto pela saída do presidente e pela convocação de novas eleições, a chamada “Diretas Já”. A manifestação reuniu cerca de 200 mil pessoas, segundo organizadores, e foi repreendida de maneira brutal pela Polícia Militar do Distrito Federal e pelo Exército. Além de centenas de feridos – cinco em estado grave – 49 pessoas
Esta marcha pode alterar a conjuntura nacional”, avalia dirigente
precisaram de socorro hospitalar. O ponto de ebulição do “Ocupa Brasília” se deu com a ação da polícia, que iniciou o conflito,a disparando bombas e balas de borracha. O objetivo era impedir que o
protesto chegasse nas imediações do Palácio do Planalto, local onde o presidente, senadores e deputados se instalam. Apesar da violência, os organizadores do ato afirmam que o resultado foi positivo.
“Esta marcha vai ficar na história de Brasília, podendo alterar a conjuntura política nacional”, avaliou Alexandre Conceição, da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um dos principais articuladores do ato. A mobilização foi convocada pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, além de centrais sindicais e movimentos populares. Estima-se que movimentos, sindicatos e demais organizações levaram mil ônibus à capital federal. Outros atos por Diretas Já No dia 24 de maio as manifestações aconteceram também em 11 capitais do país: Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Maceió (AM), Vitória (ES), Campo Grande (MT), Belém (PA), João Pessoa (PB), Curitiba (PR), Porto Velho (RS)
e Aracaju (SE). Para os próximos dias estão marcados mais um ato no Rio de Janeiro, em 27 de maio, com a presença de artistas como Mano Brown e Caetano Veloso, e um ato, também cultural, em Salvador, no dia 28 de maio. Nova Greve Geral Como resultado do ato de Brasília, centrais sindicais anunciaram, no fim do dia, que realizarão um novo dia de greve geral no país. Desta vez, a pauta principal é pela convocação de eleições diretas. Lideranças sindicais afirmam que esta é a opção mais viável para frear as reformas da previdência e trabalhista, que foram motivos da greve de 28 de abril. O dia da paralisação será definido no começo de junho e tem a proposta de durar 48 horas. (*Com informações do site do Brasil de Fato)
Temer aciona Forças Armadas, mas volta atrás doze horas depois REPRESSÃO Atitude do presidente foi questionada até por parlamentares de seu próprio partido Mídia NINJA
E
m meio à manifestação e repressão policial em Brasília, o presidente não eleito Michel Temer assinou um decreto polêmico. Ele determinou que as Forças Armadas atuassem no controle de protestos no Distrito Federal de 24 a 31 de maio. Isso significa que o Exército estava autorizado a usar violência contra manifestantes que pressionam pela renúncia de Michel Temer ou que estão contra as reformas que a Câmara dos Deputados tramita nestes dias. O decreto rapidamente virou polêmica entre parlamentares e noticiário. No Se-
Internautas também reagiram, chamando o ato de “decreto da ditadura Temer”. O presidente usou uma das leis cujo conteúdo foi defendido por militares na Constituição de 1988. De acordo com o texto, os militares se julgam constitucionalmente autorizados a intervir nos poderes constituídos do País e na sociedade como um todo.
nado, Renan Calheiros, do mesmo partido que Temer (PMDB), afirmou que o decreto “beirou a insensatez”, e que as Forças Armadas não servem para sustentar gover-
no com tão baixo índice de aprovação. No noticiário, juristas afirmaram que a atitude de Temer foi ilegal, já que foge das regras prescritas na Constituição Federal.
Decreto “beirou a insensatez”, avaliou Renan Calheiros
Anulação Na quinta (25), Temer retrocedeu e anulou o decreto, doze horas depois de sua publicação. O governo afirma que tomou a atitude depois de constatar que a ordem foi reestabelecida em Brasília. No entanto, conforme aponta o advogado Patrick Mariano para o site Justificando, a conduta do presidente é passível de crime de responsabilidade, visto que convocou as Forças Armadas com objetivo de manter-se no cargo, e essa situação não é permitida por lei.
10
BRASIL
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Como sair da crise: Frente Brasil Popular apresenta 10 propostas para o país EMERGÊNCIA Plano traz medidas para retomar o desenvolvimento do país e diminuir desigualdades sociais Mídia NINJA
cos e coloque 25% do PIB do país em obras de infraestrutura e modernização.
Da redação
U
m documento com soluções para crise política e econômica foi lançado em 29 de maio, em São Paulo. O Plano Popular de Emergência foi elaborado pelas organizações que compõem a Frente Brasil Popular, como sindicatos e movimentos sociais, e traz dez eixos de propostas para retomar o desenvolvimento do país. A linha econômica aposta na valorização do salário mínimo como forma de reaquecer o comércio e a economia em geral. Todas as propostas são diretamente opostas às tomadas pelo governo de Michel Temer. Está prevista, por exemplo, a retomada de setores lucrativos para empresas públicas, com
ênfase no petróleo. Ampliar crédito para a economia popular e solidária, ampliar o programa Minha Casa Minha Vida também para financiamento de reformas, aumentar em 20% o Bolsa Família e voltar a investir em produção de
Dez camponeses são assassinados no Pará Nove homens e uma mulher foram mortos em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, localizada no município de Pau D’Arco, a cerca de 60 km da cidade de Redenção, sudeste do Pará, na quartafeira (24). As mortes ocorreram em função de uma ação das Polícias Civil e Militar. De acordo com Andreia Silvério, advogada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá (PA), a ação policial contra os trabalhadores rurais ocorreu durante um processo de reintegração de posse da fazenda, que tem 5 mil hectares. Outras 14 pessoas foram baleadas. O ano de 2017 tem sido de massacre no campo brasileiro. Antes da chacina desta quarta-feira (24), a CPT já havia mapeado 26 assassinatos decorrentes de conflitos.
Todxs naGluBtTafobia. contra a L
tecnologia são outras medidas sugeridas. As propostas apontam um caminho para o desenvolvimento de empresas brasileiras, principalmente micro e pequenas. Preveem, ainda, que o país faça uma revisão da dívida com banEduardo Ogata / Secom
Rever impostos Reorganizar os impostos é uma das principais medidas para equilibrar as contas do Brasil. A ideia é que o setor mais rico do país também pague taxas, tal qual os mais pobres já pagam. Assim, implantar imposto para fortunas acima de R$ 300 milhões e iniciar a cobrança de IPVA para barcos, helicópteros e aviões. Outras medidas sugeridas são: diminuição das taxas sobre produtos populares (eletrodomésticos, alimentação, etc) e revisão da tabela de Imposto de Renda para pessoa física, aumentando o piso de isenção. Os outros eixos do documento trazem propostas
sobre a democratização do Estado, outros direitos sociais, como saúde, educação, cultura, moradia, reforma agrária, segurança pública, direitos humanos, defesa do meio ambiente e política externa. Prevê, ainda, a revogação da lei 4302, que libera a terceirização no país. Quem é a FBP? A Frente Brasil Popular é um conjunto de 450 organizações sociais brasileiras, tais como movimentos, partidos e entidades sindicais. O grupo se destacou durante as manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff e hoje está à frente dos protestos contra as reformas de Temer e pelas Diretas Já, pedindo eleição direta para presidente.
Truculência na Cracolândia em São Paulo O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), iniciou uma série de ações na Cracolândia. No domingo (21), uma megaoperação foi responsável pela expulsão dos usuários de drogas que ficavam no local e, na terça (23), edifícios foram demolidos - causando, inclusive, ferimentos em três pessoas que estavam dentro de um prédio. As intervenções, que foram alvo de protestos e denúncias de abuso policial, fizeram com que a Justiça proibisse, na quinta (25), o município de remover dependentes químicos na região e interditar imóveis com moradores. Desde segunda-feira (22), os usuários de crack passaram a ocupar a praça Santa Isabel, área localizada a menos de 400 metros da antiga Cracolândia.
Anúncio
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
MUNDO
11 11
Em visita, Trump volta a afirmar apoio dos Estados Unidos a Israel IMPERIALISMO Palestinos protestam em cidades da Cisjordânia e sofrem repressão policial Agência Efe
Da redação*
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou na segunda (22) a Tel Aviv, onde iniciou uma visita de 30 horas a Israel e à Palestina. Ao chegar, foi recebido por Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, e Reuven Rivlin, presidente israelense, e disse querer “reafirmar o laço inquebrantável entre EUA e o Estado de Israel”. Uma das prioridades de Trump com a viagem é reativar o processo de paz entre Israel e a Palestina. Ainda no aeroporto, logo após desembarcar, disse que a
visita é uma “oportunidade rara” de “trazer segurança e estabilidade à região”, “mas só podemos chegar lá trabalhando juntos”. “Ama-
mos Israel, respeitamos Israel. Estamos com vocês”, concluiu o presidente estadunidense. Netanyahu, o premiê is-
raelense, agradeceu o que considerou “uma visita verdadeiramente histórica” e “um bom começo”, já que “nunca antes, a primeira viagem oficial de um presidente dos EUA incluiu uma visita a Israel”, comentou. Palestinos protestam contra Trump na Cisjordânia Enquanto Trump passeava pela Cidade Velha de Jerusalém, palestinos protestaram em várias cidades da Cisjordânia, território ocupado por Israel, em apoio à greve de fome de palestinos presos por autoridades israelenses e contra a visita do presidente norte-americano à região.
Pelo menos 100 palestinos ficaram feridos pela repressão policial aos protestos, informou o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho à imprensa. Equipes de apoio da organização atenderam pelo menos 100 feridos: oito por lesões de munição real, 20 por balas de metal com caucho, 64 que inalaram gás e oito com queimaduras ou fraturas. Também foram registrados feridos em manifestações em Hebrom, Jericó, Qalqilyah, Abu Dis e Deir Sharaf. (*Com Opera Mundi)
Intelectuais de vários países assinam manifesto em repúdio às medidas de Macri NEOLIBERALISMO Artistas e acadêmicos de mais de 20 países se posicionam contra o governo da Argentina Agência Efe
M
ais de 200 intelectuais e artistas de mais de 20 países assinaram um manifesto em repúdio a uma série de medidas tomadas pelo governo do presidente argentino, Mauricio Macri. A declaração, que foi entregue na segunda (22) às embaixadas e consulados da Argentina no exterior, foi organizada pelo Observatorio Argentino, coletivo formado por especialistas e pesquisadores em história, política e direitos humanos. Os acadêmicos que assinaram o manifesto se disseram “estupefatos” com os rumos que o país está tomando. “Em pouco mais de um ano, a Argentina se converteu em
ONU aponta que 6,5% da população global continuará na pobreza extrema até 2030
um país infrator de tratados internacionais sobre direitos civis e sindicais”, afirma o coletivo. “Em tempos em que a xenofobia, o autoritarismo, a violência de gênero e a injustiça social ameaçam a convivência demo-
crática em grande parte do mundo, não podemos ficar calados diante do avanço da impunidade e as tentativas de avassalamento da sociedade civil na Argentina”, diz trecho da declaração. (Opera Mundi)
O relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Financiamento para o Desenvolvimento 2017, divulgado na segunda (22), afirma que 6,5% da população global continuará na pobreza extrema até 2030, se a atual taxa de crescimento e políticas para o setor permanecerem inalteradas. Para a ONU, novos esforços multilaterais são necessários para
tirar 550 milhões de pessoas dessa situação. O secretário-geral da Organização, António Guterres, pediu ação imediata dos países para combater o problema e afirmou que “os conflitos estão proliferando e outros problemas como mudança climática, insegurança alimentar e escassez de água estão colocando em risco os progressos alcançados nas últimas décadas”.
12 12 VARIEDADES
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Nossos direitos
Amiga da Saúde
Direito ao voto O direito de votar é uma das maiores conquistas do cidadão brasileiro. Durante muito tempo, somente as pessoas ricas, de pele branca e do sexo masculino podiam votar no país. Com muita luta, conquistamos o direito ao voto. Hoje pode votar todo brasileiro maior de 16 anos – independente de sexo, religião, etnia ou condição social. Significa que o povo tem o direito constitucional de escolher seus representantes. Porém, com a crise política agravada com o processo de impedimento da presidenta Dilma, o direito ao
voto foi violado. As elites que tentam controlar o país apresentam a proposta de realização de eleições indiretas. Ou seja, os deputados e senadores escolheriam um novo presidente. Mas são estes deputados e senadores que estão aprovando propostas de retiradas dos direitos, além de estarem sendo, em sua maioria, investigados por corrupção. A única saída para a atual crise e restabelecimento da democracia é a saída do presidente Michel Temer e a realização ainda este ano de ELEIÇÕES DIRETAS, com a aprovação da PEC 227, que garante nosso direito ao voto e de decidir o futuro do país.
Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.
Meu bebê nasceu há 30 dias. Acabei tendo relação sem proteção com meu marido. Posso tomar a pílula do dia seguinte? Corro risco de engravidar se não tomar? Ana Amélia, 39 anos, professora. Esta é uma situação difícil, Ana. O risco de engravidar nessa fase é muito baixo, mas existe. A única contraindicação absoluta para usar a pílula do dia seguinte (pílula de emergência) é a gravidez. Porém, sabe-se que, se ela for usada com menos de 6 semanas do parto, aumenta o risco de trombose na mulher. Além disso, existe um risco de alterar a produção do leite materno, o que pode ser um problema para o seu bebê, que ainda está se adaptando com o peito. Existem dois
tipos de contraceptivos de emergência: o de estrogênio conjugado com progesterona e o de progesterona sozinha. Este último é o indicado para mulheres que estejam amamentando. As doses de hormônios dessas pílulas são bem altas, por isso elas devem ser limitadas realmente a situações de emergência. Procure o serviço de saúde para a prescrição de um método contraceptivo que você possa usar de forma contínua e sem prejudicar a amamentação.
Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br
Anúncio
SEM FISCALIZAÇÃO DA RECEITA ESTADUAL NAS ESTRADAS DE MINAS, AS MERCADORIAS ILEGAIS VÃO CIRCULAR SEM NINGUÉM VER. Pimentel criticou Aécio e Anastasia pelo fechamento dos postos de fiscalização nas estradas de Minas. Mas agora, que é governador, quer fazer a mesma coisa. Ao fechar os postos, vai abrir as fronteiras do Estado para a circulação livre de produtos com documentação fiscal irregular ou ainda sem nenhum documento fiscal, além de mercadorias adulteradas, cargas roubadas ou contrabandeadas. Com isso, vai ser mais difícil combater a sonegação de tributos e aumentar a arrecadação. Minas precisa desses recursos. Pare, Pimentel!
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
www.malvados.com.br
13 VARIEDADES 13 por Alan Tygel
Dicas Mastigadas Pão de Grãos PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Crueldade dos anos Expoente de opresdo Parna- são racial sianismo nos EUA
© Revistas COQUETEL
Que causa ultraje
Mal (?): é desencadeado por arritmias
(?) Headey, a Cersei em "Game of Thrones"
Tritura com os dentes
Peça móvel do sino Lago, em francês
Contrato de serviços de saúde
O acesso à internet que independe de franquia
Carbono (símbolo) Reclamar (fig.)
Ingredientes • 180g de grãos: linhaça, gergelim, girassol ou outros • 600g de farinha integral • 400g de farinha branca • 1 colher de sopa de sal • 10g de fermento biológico seco • 600ml de água
Correio Aéreo Nacional (sigla)
Ímpeto (fr.) O de sódio é alto no refrigerante Instrumento de sopro com palheta dupla Auspicioso Som emitido pelo mocho
Principal, em inglês
Verbo favorito do materialista (?) amigo: suporte emocional (fig.)
A Gávea, em relação ao Flamengo (Rio)
Senhora (abrev.) Erva aromática pertencente à família da salsinha
Probidade; honestidade
Falha consertada pela retífica
Ligado, Símbolo da em inglês mecanização Marca do agrícola Barão de Mauá quanto à indústria brasileira
Assim, em espanhol Na (?), forma de preparo do peixe em churrascos
Modo de fazer Torre os grãos numa frigideira. Coloque primeiro os maiores, como girassol, e deixe o gergelim por último. Cuidado para não queimar. Depois de torrados, coloque-os num pote e cubra de água para hidratar. Deixe por 5 minutos e retire o excesso de água. Misture todos os ingredientes numa bacia, e comece a sovar com as mãos. Use a pontas dos dedos e trate a massa de forma carinhosa. Assim que se formar uma massa homogênea, sove no sentido de trazer ar para dentro da massa. Quando atingir um aspecto mais liso, após cerca de 15 minutos sovando, deixe a massa descansar por 2h em local seco e sem vento. Após esse tempo, a massa deve ter dobrado de tamanho. Sove a massa novamente e deixe repousar agora por mais 1h.
A bebida favorita de Jack Sparrow (Cin.)
Sólidas; consistentes Magnânimo As do avestruz são atrofiadas
Associação Bras. de Imprensa (sigla) Relações Internacionais (abrev.)
2/on. 3/así — lac. 4/élan — main. 5/endro. 6/súbito.
12
Solução N A O L A V I L I A N E L C T C H I A M A I N M T S E D E N IN T E G O N D P T R A P I O NE
O B I M I T T E O R R O P I E R O M S M R I D A S A S T O R I R I U
S
B R R U A D S A B O S M AS
B L A A D C A L B O O
C O N V E N I O M E D I C O
BANCO
Maior região do Brasil (sigla)
Sove mais um pouco e divida a massa em quatro pães. Enrole cada uma de modo a ficar num formato cilíndrico. Acomode em formas individuais ou numa assadeira com todos juntos, sempre untando com óleo e farinha. Salpique farinha por cima e faça cortes de leve no pão. Ligue o forno e deixe aquecer por 10 minutos na temperatura máxima. Coloque os pães e deixe por 7 minutos. Depois, coloque uma tigela metálica com gelo no forno, para trazer umidade. Diminua um pouco a temperatura. Deixe por mais 35 minutos e o cheirinho vai avisar quando estiver pronto!
* Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.
14 ENTREVISTA 14
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
“O Congresso não tem moral para eleger um novo presidente” RETROCESSO Deputado chama a atenção para papel das multinacionais no golpe do Brasil e defende novas eleições Geraldo Magela / Agência Senado
Raíssa Lopes
E
m entrevista ao Brasil de Fato MG, o deputado federal Padre João (PT) reflete sobre a situação da Câmara dos Deputados após o golpe de 2016. Ele avalia os objetivos do afastamento da presidenta Dilma Rousseff (PT), a situação de Michel Temer após as denúncias e o papel da mobilização popular.
Brasil de Fato - Como você analisa o cenário da Câmara dos Deputados após o golpe de 2016? Padre João - O golpe foi
uma ação, dentre tantas outras, patrocinadas pelo capital estrangeiro. Ele tem interesses econômicos e usou aparatos dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. É assim com o Ministério Público (MP) e com a Polícia Federal, por exemplo. A Câmara também procura fazer a função que lhe cabe, que é mudar uma gama enorme de legislações, seja através de Projetos de Lei (PL), Medidas Provisórias (MP) ou Propostas de Emendas à Constituição (PECs). As grandes mudanças que aconteceram em relação ao pré-sal já estão tendo desdobramentos em relação à venda de boa parte da Petrobras, assim como o congelamento de investimentos na educação, saúde e demais áreas.
O golpe foi patrocinado pelo capital estrangeiro”
Padre João (PT) defende que povo deve votar para resgatar a democracia e a soberania
Multinacionais já estão colhendo os frutos do que fizeram” Também já tivemos mudanças a respeito da terceirização. Agora vemos o governo desejando colocar em prática o que ele chama de reforma trabalhista e da Previdência, e, para além disso, convivemos com alterações na lei de terras, lei do agrotóxico, lei de sementes e cultivares, etc. É uma série de legislações para atender às multinacionais, que foram os agentes que financiaram o golpe. E essas empresas já estão colhendo os frutos do que fizeram. O interesse internacional no golpe fica muito claro. E como fica a Câmara após os escândalos envolvendo o presidente não eleito Michel Temer?
Depois das provas coletadas, uma boa parte da base do governo está desajeitada, fragmentada. No primeiro momento, os deputados queriam partir para oposição, e muitos minis-
tros chegaram a anunciar a saída do governo, porém, agora parece que houve uma readequação da direita para chegar a um entendimento. Por isso o Temer chegou a ser arrogante ao dizer que não renuncia. Mas eu avalio que o “não renunciarei” dele é mais para ganhar um tempo para que haja esse acordo entre a elite. Apesar disso, está muito
TV Globo é veículo de expressão do capital financeiro”
clara a fragilidade do governo, que não tem condições de votar as reformas, sobretudo a da Previdência, que “A saída é o povo exige um quórum qualifica- na rua, na luta” do de no mínimo 308 votos a favor na Câmara. Já é fundamental para que Existe uma expectativa possamos barrar a contidos deputados para que nuidade da agenda neoo Temer renuncie ou para liberal, que quer entregar que haja, de fato, um pro- ainda o Banco do Brasil, a cesso de impeachment? Caixa Econômica e os CorO capital financeiro, que reios, que já está em procestem como veículo de ex- so de privatização. A saída é pressão a TV Globo, perce- o povo na rua, na luta, para be que o Michel Temer não conter esse desmonte. Nesconsegue aprovar as refor- se dia 24 de maio, no Ocumas de que ele precisa. Por pa Brasília, vimos milhaisso, a emissora vem crian- res de trabalhadoras e trado um clima para a renún- balhadores manifestando cia. Mas ela também sabe pelo direito ao voto, e é sim que ainda não existe um en- o que devemos exigir para tendimento. O objetivo dos salvar o país, resgatar a sopartidos da direita é fazer berania, democracia e valoacontecer uma eleição in- rização de quem construiu direta, portanto, não tenho o Brasil, o povo. O Congresdúvidas de que, assim que so não tem moral para eleeles entrarem em um con- ger um novo presidente. senso sobre um sucessor, vão tentar a renúncia do Temer. Você acredita que a saída é a luta pelas Diretas Já? Como está a discussão sobre essa bandeira na Câmara?
A campanha por Diretas
Leia a matéria completa no www.brasildefato.com.br
Anúncio
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Prefeitura de Uberlândia é condenada pelo MP a restaurar Teatro Grande Otelo
CULTURA
15 15
Quem foi Grande Otelo
Abandono Justiça já havia determinado a restauração e tombamento do prédio em 2011 Marcos Oliveira
Luiz Fellippe Fagaráz
O
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) condenou o município de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a realizar a restauração do imóvel construído em 1966 e localizado no centro da cidade. O local, que inicialmente abrigava o Cine Vera Cruz, foi transformado em Teatro Grande Otelo em 1996, como forma de homenagear o famoso uberlandense. No
entanto, o teatro está fechado desde 2011, quando foi realizada uma perícia que constatou o risco de desabamento. O pedido ao TJMG foi protocolado pela procuradoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural de Uberlândia. Foi solicitada, através de uma ação civil pública, o restauro total da construção. A prefeitura tem o prazo de 18 meses para o início efetivo das obras, não cabendo mais recurso.
Concurso vai premiar melhores canções sobre a política do país Rafaella Dotta
O
dia 31 de maio é o prazo final para músicos inscreverem suas composições no 1º Festival Sindical da Canção, organizado pelo Coletivo Pensando e a Associação Cultural de Luta Popular e Sindical. O regulamento prevê a classificação de 16 canções de artistas solo ou grupos e terá apresentação final, com júri, em 1º de julho, em BH.
Para o organizador do evento, Pedro Paulo de Abreu Pinheiro, o diálogo entre as movimentações políticas e a cultura é essencial para o momento pelo qual o país passa. Pedro defende que a arte é um tipo de “alimento” para “ouvidos e mentes da plateia inquieta e rebelde da multidão”. “A cultura deve se manifestar num sentimento de unidade contra a tirania dos algozes do povo”, diz.
Prêmios e inscrição Os interessados devem preencher formulário de inscrição e enviá-lo junto aos documentos listados nos sites www.pensandoomovimento.com.br e www. lpsmundo.org. É preciso também enviar cópia de música autoral e inédita. Pelo menos um integrante do grupo musical deve ser associado a um sindicato representativo de empregados. As inscrições são
gratuitas, e as músicas classificadas são divulgadas em 15 de junho. Serão premiadas cinco composições. A música classificada como melhor canção leva o prêmio de R$ 6 mil; o segundo lugar R$ 2.500; o terceiro leva R$ 1.500, melhor intérprete R$ 1.500 e melhor letra R$ 1.500. O festival é patrocinado por entidades sindicais.
Sebastião Bernardes de Souza Prata, ou simplesmente Grande Otelo, nasceu em Uberlândia, em 1915. Após uma infância difícil, fugiu com uma companhia de teatro que passava pela cidade para se tornar um dos maiores artistas brasileiros, tendo recebido prêmios em todo o mundo. Além de um teatro com seu nome, existe uma campanha do movimento negro uberlandense para que a principal avenida do município também o homenageie. Atualmente, a avenida carrega o nome de Rondon Pacheco, que foi chefe de gabinete do ditador Costa e Silva e presidente do partido Arena. A alteração do nome também foi uma das recomendações da Subcomissão da Verdade do Triângulo Mineiro – Ismene Mendes.
Passeando no museu
Arte de mulheres migrantes
Força, Cuba!
O projeto “Uma Tarde no Museu” promove um passeio com crianças e famílias pelo Museu das Minas e do Metal. Por meio de documentos e objetos, é possível saber a história de duas das principais atividades econômicas desenvolvidas em Minas Gerais. Em 27 de maio, das 14h às 18h, Praça da Liberdade (prédio rosa). Entrada gratuita.
Chilenas, colombianas, haitianas, peruanas, senegalesas e brasileiras organizam um evento com arte feminina estrangeira em BH. O Sarau Cio da Terra acontece no Espaço Comum Luiz Estrela, junto a diversas apresentações musicais, e a uma feirinha de produtos das migrantes. Dia 27 de maio, das 13h às 18h, em Rua Manaus, 348, Santa Efigênia. Entrada franca.
A Associação Cultural José Martí realiza a XXIII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, único país socialista na América Latina. O evento estimula a amizade e solidariedade latino-americanas, assim como o respeito às conquistas e às escolhas políticas do povo cubano. De 15 a 17 de junho, no Centro de Referência da Juventude (Praça da Estação), BH.
Marcos Hermes - Divulgação
16
Belo Horizonte, 26 de maio a 1º de junho de 2017
Dirigentes da CBF na mira do Ministério Público espanhol
ESPORTES
16
DECLARAÇÃO DA SEMANA Lucas Figueiredo / CBF
Rener Pinheiro / CBF
N
a semana em que o ex-dirigente do Barcelona, Sandro Rosell, foi preso por manter relações ilícitas com a CBF, dois dirigente da entidade aparecem no centro do esquema de corrupção. Segundo o Ministério Público da Espanha, o ex-presidente Ricardo Teixeira recebeu 8,3 milhõesde euros em propinas, deposita-
dos em contas secretas nos Estados Unidos. Ele teria usado negociações dos direitos de imagem da Seleção para ganhar esse dinheiro. Já o atual presidente Marco Polo Del Nero teria recebido subornos da empresa Klefer, do flamenguista Kléber Leite, referentes a contratos de transmissão da Copa do Brasil 2013.
“Nós, mulheres, temos a mesma paixão que os homens por futebol. Sempre encontramos o problema cultural” Emily Lima, treinadora da seleção feminina de futebol brasileira, em evento realizado pela Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL).
Gol de placa A torcida Banda Alma Celeste, do Paysandu, baniu um tradicional canto homofóbico que por anos entoou nas arquibancadas, contra o grande rival, o Remo. Decisão exemplar a da torcida do Papão da Curuzu, que participa de um dos maiores clássicos nacionais, o Re-Pa.
Gol contra Ao tentar advertir a Chapecoense da suspensão do zagueiro Luiz Otávio, na partida contra o Lanús, a Conmebol enviou dois e-mails: um para funcionário do clube, que não lida com tais questões; outro para um dos cartolas falecidos na tragédia de 2016, em Medellín.
Decacampeão
É Galo doido
Bráulio Siffert
Rogério Hilário
Nas duas primeiras rodadas da Série B, contra Náutico e Goiás, o América perdeu a chance de somar seis pontos. Os adversários estão em crise e jogaram muito mal. O América, com melhor elenco e uma base já entrosada, precisava de mais vontade de vencerDecacampeão e mais capricho nas finalizações. Mas não é tempo de se desesperar, pedir a cabeça do treinador ou exigir mudança de esquema ou escalação. O time demonstrou algumas qualidades, incluindo uma maior aproximação entre Magrão, Ruy e Bill, com criação de várias situações de gol. Os defeitos, como os vacilos da defesa na saída de bola e na recomposição, e os incontáveis erros de passe, precisam ser consertados imediatamente nos treinos.
Há coisas difíceis de comentar. Domingo (21), o Atlético perdeu para o Fluminense, pelo Brasileiro, quando estava melhor na partida. Abusou do direito de perder gols, a defesa falhou e Robinho foi poupado. Na quarta (24), pela Copa do Bradoido! sil, a equipe É foiGalo superada pelo Paraná Clube. Quem entregou o ouro foi Victor. Dois vacilos para um grupo tão experiente. A diretoria contratou o meia-atacante Valdívia. Onde vai se encaixar no elenco é uma dúvida, pois há outros com as mesmas características. Também me causa desconfiança o esforço pela permanência de Maicosuel e Erazo. Como existem mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia, fico por aqui no comentário.
La Bestia Negra Léo Calixto
Anúncio Uma coisa que sempre comento nesta coluna é que a política está mais ligada ao futebol do que pensamos. O presidente do grupo JBS entregou uma gravação ao Ministério Público em que foram delatados seis conselheiros do Cruzeiro. Entre os La Bestia Negra mais conhecidos estão Aécio Neves, Zezé Perrela e Gustavo Perrela, acusados por recebimento de propinas. Sabemos que os senadores Aécio e Zezé sempre foram influentes nos bastidores do Cruzeiro. As denúncias mostram que o futebol é apenas mais uma ferramenta de atuação de pessoas que querem se perpetuar no poder. É hora de reformularmos o estatuto do clube para tirar o poder das mãos dos conselheiros e democratizar de vez suas instâncias.