Edição 192 do Brasil de Fato MG

Page 1

Fernanda Coimbra / CBF

ESPORTES

15

Divulgação / SEE

MINAS

6

Moradora da Serra é Seleção

Conquistas na educação

Jovem de 22 anos foi convocada para integrar equipe feminina do Brasil e jogar contra a Alemanha

Com luta, trabalhadores conseguem aprovação de projeto contra violência escolar e adicional por tempo de serviço

Minas Gerais

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017 • edição 192 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg

O RECADO DOS CAMELÔS Mídia NINJA

Durante a semana, protestos colocaram em evidência a tentativa de expulsão dos camelôs do centro de BH. Trabalhadores pedem diálogo e melhores soluções. Prefeitura continua com fiscalização pesada e sorteia vagas temporárias em shoppings. Reportagem levanta argumentos dos ambulantes para continuarem nas ruas e artigo reflete sobre a política higienista das cidades. I CIDADES 4 e 5

BRASIL

9

CULTURA

14

ENTREVISTA

11

Impactos da Lava Jato na economia

Pereira da Viola em BH

Soberania ameaçada

A cada prisão decretada na operação, 22 mil vagas de emprego são perdidas, atesta pesquisa do Dieese

No sábado (8), o violeiro toca no Tambor Mineiro, com a participação de alunos do projeto. As entradas custam R$ 10 e R$ 5

Deputada federal Jô Moraes analisa os riscos do governo Temer e suas reformas antipopulares para a soberania nacional e para o povo brasileiro


2

OPINIÃO

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Editorial | Brasil

“Acerto de contas” é oportunidade para superar economia dependente

ESPAÇO dos Leitores “Até que enfim.” Vera Lucia Gomides comentando a entrevista “Eu acho que o Aécio é uma figura politicamente extinta”, afirma parlamentar mineiro “A maior catástrofe ambiental do Brasil e os atingidos continuam a ver navios. Fora, Samarco!” Iracema Carolina comentando a matéria “Prefeitura de Santa Bárbara nega aval para Samarco por conta de impacto ambiental” “Se isso não é estado de exceção, diga-me o que é.” Pedro Cindio comentando a matéria “Guarda Municipal de Betim está orientada a monitorar movimentos populares” “Covardia com quem realmente quer trabalhar.” Tchuuca Briitto comentando a matéria “Manifestação de camelôs no centro de BH é reprimida”

A política neoliberal na década de 1990 impactou severamente as estruturas do Estado brasileiro. O plano era intensificar a inserção do Brasil como uma nação subordinada aos interesses estrangeiros, maximizar a exploração dos trabalhadores, privatizar as empresas estatais e acelerar a entrega dos bens naturais às corporações multinacionais. Uma das maneiras para incentivar a apropriação de nossas riquezas naturais pelo capital estrangeiro foi a instituição da Lei Kandir. Promulgada pelo governo FHC, a Lei Kandir isenta o pagamento do tributo ICMS para todos os serviços e produtos primários e industrializado semi-elaborados des-

Golpe neoliberal pisa trabalhadores tinados à exportação. Quando promulgada, o acordo era de que a União iria repassar parte dos recursos aos estados. No entanto, os repasses foram ínfimos e insuficientes. O golpe de Estado e a ascensão do governo Temer tem recolocado a política neoliberal no cotidiano dos trabalhadores. O severo ajuste fiscal, as reformas em tramitação no Congresso Nacional, o realinhamento da política externa às diretrizes das grandes potências mundiais, a venda acelerada do patrimônio público e o incentivo ao saqueio das riquezas naturais pelo capital estrangeiro caracterizam o plano neoliberal do governo Temer.

Uma das ações de Temer foi estimular a negociação das dívidas entre os estados e a União. Porém, para a efetivação da negociação tem exigido a adoção de medidas que atacam diretamente o interesse público. Na negociação com Minas, por exemplo, o Governo Federal exigiu a privatização da Copasa, da Cemig, o congela-

Lei Kandir: riquezas vão, pobreza fica mento da carreira dos servidores públicos e outras medidas impopulares que aumentariam a crise no estado. O Governo Pimentel, com o apoio da ALMG, recusou a proposta de negociação exigida por Temer e propõe um “acerto de contas”, recolocando em pauta os prejuízos causados na economia mineira com a Lei Kandir. Minas Gerais foi um dos estados que mais sofreu impactos com a Lei Kandir, pois sua arrecadação depende, em grande parte, da exportação de minerais e produtos agrícolas. Movimentos populares manifestaram o apoio à pauta do “acerto de contas”. Mas os recursos oriundos do acerto de contas não podem atender ao interesse especulativo. É preciso construir bases para superar a atual matriz econômica mineira dependente e baseada, majoritariamente, na exportação de bens primários em uma lógica em que, as riquezas vão, mas a pobreza continua.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


?

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Como fica o povo da rua nesse frio?

Fica muito complicado, pois tem gente que não tem condições de comprar cobertor. O abrigo em BH é uma porcaria. Você liga pro pessoal da abordagem e ninguém vem atrás. Eu morava na rua desde março e saí agora. O abrigo era uma merda, tinha percevejo. O pessoal não consegue dormir, fica todo empolado.

Eu acho que o poder político e jurídico deviam tomar providência pelas pessoas que estão em situação de rua, não porque querem, mas porque não têm dinheiro pra pagar aluguel. Ninguém vai te dar trabalho, pois não tem residência fixa. Eu sou um que estava na rua e só saí por insistência minha de correr atrás e vender bala.

Sandra Veras Pereira, empregada doméstica

Wanderson Felisberto, vendedor ambulante

O modo anônimo do computador é realmente seguro?

3

Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

A temperatura caiu tanto, que várias cidades mineiras passam pelo maior frio das última décadas. Todo mundo anda reclamando da geladeira natural que a cidade virou, mas você já parou pra pensar que tem gente morando na rua, cuja única proteção é aquele cobertorzinho que, de vez em quando, a PM ou a Guarda aparecem pra tomar à força? O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:

GERAL

Divulgação

“As dificuldades que ela teria seriam enormes, como ela tem até hoje. Contudo, nas dificuldades, eu sempre tive apoio [...], e com ela não seria diferente”. Disse o ex-jogador Toninho Cerezo sobre o momento em que descobriu a transexualidade de sua filha, a modelo Lea T, e como foi a aceitação da família

#bombou na rede

QUE FRIO O brasileiro é conhecido por rir dos próprios problemas, e não

poderia ser diferente com a frente fria que atingiu Belo Horizonte na última semana. A capital marcou recorde de baixas temperaturas, registrando 6,1 graus e sensações térmicas que atingiram os -5 graus. O que não faltou foi piada: teve gente convidando para esquiar na Praça do Curral, para patinar na Lagoa da Pampulha e até pra fazer bolinhas de neve na Praça da Liberdade. E aí, de qual desses eventos você participaria? Reprodução

NA REDE Para ter mais segurança na internet, muita gente usa o modo anônimo de navegador. Ele não é totalmente seguro, mas já ajuda. A janela privada não registra logins, senhas e dados preenchidos em formulários, o que faz dela uma ferramenta ideal para computadores públicos ou de uso compartilhado. Mas ela ainda permite que o internauta e seu número de IP sejam monitorados, assim como envia informações pessoais para empresas de internet e agências de vigilância em massa. O recurso também não interrompe as publicidades e nem garante o sucesso de transações financeiras.

Vacina contra HPV nas escolas

Já começou a vacinação contra o vírus HPV nas escolas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. A ação é direcionada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 que estão com a dose atrasada ou ainda não receberam a aplicação. A expectativa é que, até o dia 14 de julho, quando a campanha acaba, sejam vacinadas 35 mil crianças.


4

CIDADES

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Camelôs de BH: 5 coisas que você deveria saber e a grande mídia não conta OUTRO LADO Ambulantes temem por sobrevivência e denunciam proposta da prefeitura Mídia NINJA

Rafaella Dotta

A

maioria dos grandes meios de comunicação de Belo Horizonte se concentrou, nos últimos dias, em passar as imagens de guerra e desespero dos ambulantes da cidade. Eles protestam desde a segunda-feira (3) contra a expulsão do hipercentro que o prefeito Alexandre Kalil (PHS) está promovendo. Agora, esses meios de comunicação passaram a não ser bemvindos por eles. “Eles cortam tudo o que a gente fala”, critica a camelô Sônia, que não quis falar o sobrenome. A reportagem do Brasil de Fato MG esteve presente nos protestos e traz para o leitor os cinco assuntos mais defendidos pelos ambulantes. Falta vaga no trabalho formal Segundo pesquisa feita pela prefeitura de BH com 1.137 ambulantes, 85% afirmaram que trabalhariam em um em-

Esse decreto é um cala boca para a periferia”

“Decreto é inconstitucional. Ninguém pode ser monitorado sem ordem judicial”, afirma William Santos advogado da OAB.

prego formal, caso existisse vaga. E 15%, 170 pessoas, afirmaram que são ambulantes por profissão e não querem deixar de trabalhar na rua. É a situação de Maria da Conceição, que tem 63 anos e há 20 trabalha como camelô de roupas. Shoppings populares não deram certo Em 2004, o então prefeito Fernando Pimentel (PT) co-

locou os camelôs de BH em shoppings populares, mesma proposta defendida agora por Kalil. De acordo com os ambulantes, o aluguel dos boxes passou a ter preços exagerados em poucos meses e as vendas despencaram. “Eles querem colocar a gente pra concorrer com chinês e empresários, isso é uma covardia”, afirma Charles Antônio Miranda, camelô há 42 anos.

Soluções diferentes para trabalhos diferentes Os trabalhadores de rua não são todos iguais. Os camelôs estão nas ruas todos os dias e têm até público fixo. Os caixeiros andam por aí com uma caixa vendendo água ou refrigerante. Os toreros são os que, mesmo com fiscalização pesada, vendem “na tora”, em cima de caixas de papelão. E os barraqueiros montam barracas em eventos de rua. Por causa das diferenças, os ambulantes reivindicam também soluções diferentes. O medo de virar morador de rua Nos últimos dias o caixeiro Rodrigo (nome fictício) dormia com a esposa e

uma criança de colo em um hotel, pelo preço de R$ 30 a noite. Como está proibido de trabalhar e sem dinheiro, o dono do hotel os colocou para fora, e a família já dorme na rua. O pagamento do aluguel é uma das maiores preocupações entre os ambulantes. A situação deve aumentar o número de moradores de rua. A fome já bate na porta “Tem gente que só tem um saco de arroz dentro de casa, porque desde sábado não trabalha”, comenta a camelô Thayrine Rosilene de Almeida sobre seus colegas. A indignação por falta de dinheiro para comida é frequente entre os ambulantes. Eles afirmam, na maioria das vezes com lágrimas, que não têm condições de sustentar filhos e família sem o trabalho de rua.

PBH segue plano de realocação e sorteia vagas A s manifestações no centro de BH acontecem desde segunda (3). Cerca de 100 camelôs bloquearam vias e pediram que lojistas fechassem as portas nas principais ruas. Pelo menos 22 pessoas foram detidas. Os manifestantes compareceram à porta da Prefeitura na terça (4) e na Câmara Municipal na quarta (5), acompanhados por intenso policiamento, mas os protestos parece que não renderam frutos. A prefeitura mantém seu plano. Foram abertas 676 vagas temporárias no shopping Uai Centro e 871 no Uai O Ponto, em Venda Nova, origi-

Mídia NINJA

nadas de parceria entre Prefeitura de BH e shoppings privados. As vagas foram sorteadas na quinta (6) dentre os 1.134 ambulantes cadastrados. Os camelôs pagarão

R$ 30 ao mês para ter direito a um espaço, e não um box, por quatro meses. Depois, a prefeitura promete vagas permanentes em shoppings populares.

Aluguel chegará a R$ 1.670 A prefeitura espera aprovar o Projeto de Lei 309, que regulariza as vagas permanentes. Segundo Fernanda Cosso, do núcleo jurídico dos mandatos das vereadoras Cida Falabella (PSOL) e Áurea Carolina (PSOL), o artigo 8º prevê os preços. “O valor do metro quadrado é R$ 30 até o terceiro mês. Do quarto até o 15º mês, é R$ 217,60. Vai aumentando progressivamente até chegar a R$1.670 no 55º mês”, afirma. Depois do 60º mês, cinco anos, o aluguel fica inteiramente por conta do ambulante.

Um levantamento do mandato das vereadoras mostra que apenas no shopping Caetés, da parte gerida pela Prefeitura, 16 donos de boxes possuem dívida, o que indica a dificuldade dos comerciantes já instalados. Os camelôs prometem continuar as manifestações de rua enquanto não houver solução viável. Eles propõem diálogo sobre a criação de “corredores” de vendas, ou camelódromos, em ruas ou praças do centro, além da permissão de venda em eventos públicos quaisquer. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos não abriu negociação.


Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

MINAS

5

Opinião

A verdade está nas ruas João Paulo Cunha As consequências do golpe contra a sociedade e a democracia brasileiras vão somando retrocessos a cada dia. Fim de programas sociais nas áreas de saúde e habitação, como o Mais Médicos e Minha Casa Minha Vida. Projetos de reformas antipopulares nos campos do trabalho e da previdência. Austeridade dirigida que canaliza gastos públicos para interesses privados, enquanto estanca investimentos em áreas estruturais. Política de juros que sustenta o sistema financeiro, agregada à entrega do patrimônio nacional ao interesse dos países ditos centrais. O mais grave é que o método ditatorial se reproduz na sociedade como uma metástase. O golpe é um buraco negro. É, no entanto, nas ruas das grandes cidades, que a situação vai se mostrando cada vez mais insustentável. Em São Paulo, a política de combate ao consumo de crack conseguiu atrair a discordân-

Golpe e higienismo contra a vida cia universal pela concepção, forma e consequência. Em matéria policial, de combate ao tráfico, o resultado foi pífio. O deslocamento da cracolândia, de uma rua para outra, foi a prova do limite dos planejadores da ação. No Rio de Janeiro, a morte em razão de ações policiais nas comunidades dominadas pelo tráfico, intensificou sua história de horror, com a morte por balas perdidas. O bebê, ferido gravemente, ainda na barriga da mãe, é uma triste metáfora do horizonte de futuro das pessoas que cometeram o crime de nascer numa região pobre. Este ano, foram 632 pessoas atingidas por balas perdidas na cidade do Rio – uma a cada sete horas.

Em Belo Horizonte, a ação policial contra os camelôs é mais uma evidência do olhar higiênico e insensível, que persegue uma população que busca sobrevivência numa conjuntura onde o emprego formal foi dizimado pela política econômica restritiva. A saída procurada pela prefeitura tem sido afastar as pessoas das ruas, oferecendo vagas em shoppings populares. Não se trata do comércio em si, mas da presença no espaço público. Em vez de conversa, tem se observado porradas como primeira abordagem. Não se discute a regulação do comércio nas ruas como um ativo social, que retorna em segurança e até mesmo vitalidade. O higienismo quer revitalizar tirando a vida das calçadas. Há, nos três casos, uma mesma base de ação: retirar as pessoas desagradáveis do convívio da sociedade. O golpe intensifica a injustiça social, exacerba as ações fundamentadas na repressão e expõe o atraso das políticas públicas. Quando as ruas gritam, é disso que se trata.

Sindicato critica uso de recursos da educação básica em fundos de financiamento e investimento Clarissa Barçante

Wallace Oliveira

O

plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou em segundo turno, na quinta (6), o Projeto de Lei (PL) 4.135/17. O texto, que foi encaminhado pelo Executivo, cria seis fundos estaduais: de Investimento, Pagamento de Parcerias Público-Privadas, Garantias de Parcerias Público -Privadas, Créditos Inadimplidos e Dívida Ativa, Ativos

Quem decidiu que a PPP é melhor para educação em Minas?”, questiona sindicalista

Imobiliários de Minas Gerais e Investimentos Imobiliários. O PL aguarda sanção ou veto do governador Fernando Pimentel (PT). O objetivo do PL, segundo o governo, seria captar recursos para investimentos e para

o pagamento da previdência dos servidores, em um contexto de crise financeira. Essa política, entretanto, é questionada pelos trabalhadores. No dia da aprovação do PL, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sin-

d-UTE MG) concedeu uma coletiva de imprensa, com uma avaliação da proposta. De acordo com o SindUTE, na composição dos fundos, o projeto prevê o uso da Quota Estadual do Salário Educação (QESE), uma contribuição social instituída em 1964, cuja finalidade deveria ser o financiamento da educação básica. Privatização No último período, cinco consórcios compostos por construtoras participaram de um Procedimento de Manifestação de Interesse, aberto em 2015, com o objetivo de licitar Parcerias Público-Privadas (PPP’s) na educação. Para o sindicato, a utilização do recurso para compor um fundo de PPP é uma forma de privatização necessariamente prejudicial para o estado.

“Esse recurso deveria ser investido em educação, em construção de novas unidades, na reforma de escolas. Uma escola tem como custeio anual cerca de R$ 252 mil de investimento. Uma escola da PPP terá custeio anual de R$ 2,9 milhões”, avalia a coordenadora-geral do SindUTE, Beatriz Cerqueira. Ela também critica a falta de diálogo com a categoria e o conjunto da sociedade. “Quem decidiu que a PPP é melhor para educação em Minas, com quem o governador conversou? Uma política tão estrutural como essa requer diálogo. Estamos falando de consórcios de empreiteiras que administrarão escolas que deviam ser públicas. A sociedade quer que a Odebrecht, Andrade Gutierrez administrem uma escola?”, questiona.


6

MINAS

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Trabalhadoras da educação conquistam duas vitórias em Minas LUTA SINDICAL Após pressão, deputados aprovaram combate à violência escolar e adicional por tempo de serviço Sarah Torres / ALMG

Wallace Oliveira

m menos de uma seE mana, duas propostas foram aprovadas na

PEC prevê pagamento de reajuste de 5% a partir dos 5 anos de carreira

Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), reconhecendo antigas reivindicações da categoria. Uma delas combate a violência no ambiente escolar; a outra estabelece o pagamento de adicionais por tempo de serviço.

taria da Educação não quiseram avançar [nas propostas]. Como não conseguimos nesse processo de mediação, fizemos um projeto de lei”, conta a coordenadora geral do sindicato, Beatriz Cerqueira, em depoimento à TV Sind-UTE. O PL será votado em segundo turno e, se passar, segue para sanção do governador.

Violência na escola

No dia 28 de junho, o plenário da ALMG aprovou em primeiro turno o Projeto de Lei 3.874/16, elaborado pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), que cria medidas de prevenção, combate e responsabilização por práticas de violência.

Em 2014, uma professora do Instituto de Educação, em BH, foi agredida em sala de aula e teve o fêmur fraturado. Na época, a Secretaria Estadual de Educação disse que era apenas um aciden-

te. Mas um vídeo com a cena fez o assunto repercutir. O sindicato iniciou um amplo debate sobre o problema, tentando ne- Educação Básica gociar uma solução. Já na segunda (3), a “Lamentavelmente, os Assembleia Legislativa representantes da Secre- aprovou em segundo tur-

no, por unanimidade, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estadual 45/17, de autoria do deputado estadual Rogério Correia (PT). O texto cria o Adicional de Desenvolvimento da Educação Básica (Adveb), prevendo que o governo pague a servidores da educação reajustes de 5%, a partir de 5 anos de efetivo exercício na carreira, contados a partir de janeiro de 2012. “Como a reforma administrativa de Aécio proibiu pagar benefícios por tempo de serviço, era necessária uma alteração na Constituição Estadual. Essa é a PEC que foi aprovada em segundo turno”, explica Beatriz. A promulgação da PEC está prevista para dia 11.

Assistentes sociais e psicólogos do SUAS de BH fazem paralisação 2ª fase do Memorial da Democracia é feito de BH e secretário de Governo, Paulo Lamac lançada em BH (Rede), para negociar as Arquivo / PBH

ma paralisação de traU balhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), da Prefeitura de Belo Horizonte, ocorre nesta sexta (7) em BH. Os servidores pedem a implementação da jornada

de 30 horas semanais para a categoria. Na segunda (3), representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) realizaram uma reunião com o vice-pre-

reivindicações. “A conversa foi muito positiva. Sempre é importante o envolvimento de diversos atores na discussão, principalmente aqueles que podem encaminhar por dentro do governo ações resolutivas”, avalia Fabiano Siqueira, um dos servidores que compõem a Comissão de Negociação do Sindibel. De acordo com a assessoria do sindicato, Paulo Lamac se comprometeu a encaminhar a discussão sobre as 30 horas também em nível estadual.

Na segunda (10), será lançada na capital a 2ª fase do Memorial da Democracia: o museu digital dedicado às lutas do povo brasileiro. São mais de 300 episódios da história nacional e 24 capítulos especiais que retratam o Brasil desde a revolução de 1930 até o golpe militar de 1964. O Memorial foi concebido por jornalistas, historiadores, educadores e artistas e conta com a parceria entre o Instituto Lula e o Projeto República da UFMG. O conteúdo está disponível no endereço memorialdademocracia.com.br. A cerimônia de lançamento será aberta ao público e contará com a presença do ex-presidente Lula. O lançamento será às 19h30, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.


Acompanhando

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Foto da semana

OPINIÃO

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

7

Germán Aranda / Carta Capital

Na edição 143... Oito meses de destruição ... E agora 14 barragens de rejeitos em Minas Gerais estão instáveis Estudo divulgado pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) aponta que 37 barragens não têm garantia de estabilidade. O laudo aponta que 14 barragens não passaram nos testes feitos pela Fundação. Destas, 10 são de rejeitos da mineração, e 8 são dos empreendimentos Vale S/A. Nas outras 23 barragens não foi possível fechar o diagnóstico por falta de dados técnicos. Ao todo, Minas Gerais tem 737 barragens de rejeitos, pouco menos do que o número de municípios do estado, 853. Na edição 114... Milhares de atingidos pela lama da Samarco ... E agora Santa Bárbara nega aval para volta da empresa Prefeitura de Santa Bárbara decidiu não emitir carta de concordância para que mineradora retomasse as atividades na região. A decisão foi tomada no último dia 30 pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente. Para o município, a mineradora não está em conformidade com a legislação municipal de uso e ocupação do solo. Apesar de não ter atividades na cidade, a Samarco utilizaria uma adutora do município para captação e bombeamento da água utilizada na mineração.

INJUSTIÇA O catador Rafael Braga foi preso em São Paulo por portar desinfetante em meio às manifestações de junho de 2013. Em abril deste ano, foi condenado a 11 anos e três meses de prisão, além de pagamento de R$1.687. Rafael nega as acusações de porte de drogas e afirma que o material foi plantado. Os depoimentos dos policiais foram a única base para a condenação.

Eulália Alvarenga

Robisson Albuquerque

Desde 2014, temos denunciado aos órgãos de controle (MP, TCE, etc) a transferência de patrimônio público do município de Belo Horizonte para a sociedade anônima PBH Ativos, com total falta de transparência, ferindo a Constituição Federal, a Lei de Responsabilidade Fiscal e mesmo a sua lei de criação. Essa empresa foi estruturada para operacionalizar as Parcerias Público-Privadas (PPP’s) das UMEI’s, Hospital do Barreiro, parques, cemitérios, estacionamento, etc. Felizmente, em maio de 2017, foi instalada na Câmara de BH uma CPI para investigar as atividades da PBH Ativos S/A, empresa criada na administração Lacerda, que se diz independente do Tesouro Municipal. Um dos nossos questionamentos diz respeito a essa afirmação. O capital inicial, em 2011, bancado pelo município, foi de R$ 100 mil. No final de 2014, estava em quase R$ 282 milhões, aumentou em 2.810 vezes em pouco mais 3 anos. Isso se deve à transferência de patrimônio público para essa S/A. Foram transferidos créditos “carimFalta transparência bados” do Programa a PBH Ativos de Recuperação Ambiental de BH. Outro aporte foi a transferência de 53 imóveis pelo valor mínimo. Por que valor mínimo? Esses imóveis seriam necessários para alguma escola, parque, posto de saúde? Outro aporte foi a “cessão” de créditos tributários parcelados em parceria com o Banco BTG Pactual S/A. Essa “cessão” está em desacordo com a CF e a LRF, onera gestões e gerações futuras. O que se vê é uma estrutura paralela que visa ao lucro e desestrutura a administração direta, não controlada pelos cidadãos, mas por um pequeno número de pessoas e interesses particulares. Esperamos que a CPI instalada na Câmara Municipal traga para toda a sociedade respostas aos questionamentos.

A Prefeitura de Uberlândia interditou vários bares e espaços culturais da cidade. Alguns dos principais espaços, digamos, alternativos da cidade. E assim segue a agenda da gestão municipal, que aparentemente preza pela prevenção de eventuais e futuros problemas nas construções, mas que mascara os verdadeiros objetivos: o controle e a precarização da atividade cultural, provocando, através da intimidação, os agentes, artistas e produtores locais. Vale lembrar que o bispo evangélico Crivella, no Rio, quer cancelar o Carnaval de 2018, deixando de repassar 50% da verba, o que inviabiliza o evento, alegando, na maior cara de pau, que a grana vai para a merenda das criancinhas das creches. Uma guerra contra a cultura popular e o que representa o samba e o Carnaval, mesmo que vendido há anos para os grupos globais e de cerveja. Aqui na Roça do Dão, o ‘Coroner Odermo’ cancelou o Carnaval municipal inteiro, dizendo que Agenda nacional era para pagar o funcriminaliza artistas cionalismo. A revolta foi pouca e ficou por isso mesmo. Me pergunto se o Camaru, a festa agropecuária, será cancelada. Lembremos que o prefeito ‘Odermo’ tá naquela foto famosa, com o Kim ‘Catupiri’ e Eduardo Cunha, fazendo um joinha contente. Em sampa o ‘Doriano’ destrói prédio com gente dentro e expulsa morador de rua e crackeiro à base de banho de água fria e choque policial e quer processar os skatistas, depois destes terem sido atropelados por um motorista assassino. Isso tudo não é coincidência. Essa é uma agenda nacional,de criminalização de artistas, de produtores, de espaços, casas de show e da arte de rua. Querem tirar nosso ímpeto, nossa vontade. Querem a cultura da syngenta, massiva, burra. Nos querem tristes, cabisbaixos, calados, sem abstração, sem fúria. Sobretudo, sem fúria.

CPI sobre PBH Ativos

Eulália Alvarenga é economista e militante da Auditoria Cidadã da Dívida

Nos querem sem fúria

Robisson Albuquerque é escritor.


8

BRASIL

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Relator de caso Temer na CCJ é do PMDB e ex advogado da Globo PARCIAL Deputado do mesmo partido de Temer, Sérgio Zveiter elaborará parecer sobre o presidente não eleito

A

Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados anunciou na terça-feira (4) Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para elaborar o parecer sobre denúncia a Temer. Parecer indicará se a Casa concede autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que este receba a denúncia elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa Temer de corrupção passiva. As principais provas são a conversa entre o presidente e Joesley Batista e a apreensão de uma mala com R$ 500 mil com seu aliado, o deputado Rodrigo Rocha Loures. A PGR também acusa Temer de ser beneficiário de uma promessa de outros R$ 38 milhões em vantagens ilícitas.

Wilson Dias / Agência Brasil

uma família tradicional do Rio de Janeiro, o advogado é vinculado, como advogado, às Organizações Globo. “Fica parecendo até que neste momento se trava uma batalha entre as Organizações Globo e Temer para ver quem ganha a parada. Aí Zveiter acaba virando relator, mas quem garante que o parlamentar não foi Ao contrário do que os grandes jornais têm dito, a oposição não acredita que Zveiter seja independente escolhido para tentar algum A CCJ é composta por 66 sobre a denúncia contra o tipo de acordo entre o próZveiter é advogado e presidiu a seção Rio de Janeiro deputados e Temer neces- presidente. Ao contrário do prio Temer e a Globo?”, afirda Ordem dos Advogados sita de ao menos 34 votos que os grandes jornais têm ma o jornalista Mario Audo Brasil por dois manda- a seu favor para derrotar a dito, a oposição não acredi- gusto Jakobskind. A CCJ terá cinco sessões tos. Wadih Damous (PT-RJ) abertura de investigação ta que Sergio Zveiter seja inquestiona a indicação. “O no STF. A agenda oficial do dependente. Integrante de até a apresentação do relatório e sua votação pelos inque causa preocupação é o peemedebista indica uma tegrantes, o que deve ocorfato de Zveiter pertencer ao ofensiva sobre parlamenrer até a quinta-feira (13). PMDB, partido do denuntares indecisos, mostranSe o tribunal abrir o procesciado Michel Temer. Não do uma série de encontros so, Temer é afastado da Prepodemos ter a ilusão de que CCJ deve votar sidência por até 180 dias. nesta Casa há alguém abso- com aqueles que ainda não parecer dia 13 (Da redação) lutamente isento”, afirmou. manifestaram sua opinião

Reforma trabalhista deve ser votada no dia 12 Lula Marques / APGPT

C

om 46 votos a favor e 19 contra, o plenário do Senado aprovou na terça-feira (4) requerimento de urgência para votação do projeto de reforma trabalhista. Com isso, votação final deve ocorrer no dia 12. A oposição insistiu na suspensão do projeto, argumentando que o presidente Michel Temer está sendo denunciado pela Procuradoria-Geral da República. Mas a bancada governista conseguiu manter o texto como aprovado na Câmara, para agilizar a tramitação. Segundo Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), há uma “unanimidade” na Casa quanto à necessidade de promover mudanças no texto.

Aécio nem investigado será Por 16 votos a quatro, o Conselho de Ética do Senado arquivou na quinta-feira (6) o pedido de cassação do senador mineiro Aécio Neves (PSDB-MG) por quebra de decoro parlamentar. Com isso, o Senado não investigará as gravações entre ele e Joesley Batista, dono da JBS. A oposição denuncia acordão entre PMDB e PSDB para salvar o ex governador mineiro.

Napressao.org.br contra as reformas “Não há uma alma neste Senado Federal, que tenha coragem de defender o projeto na íntegra”, afirmou. Segundo ela, o relator nas comissões de Assuntos Econômicos e de Assuntos Sociais, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), “simplesmente abriu mão de sua tarefa e passou a recomendar

ao presidente da República que promovesse alguns vetos e editasse medidas provisórias”. “Esse projeto não vai gerar um emprego a mais. Os governos de Lula e Dilma criaram 22 milhões de empregos sem precisar acabar com a CLT”, disse Lindbergh.

A CUT criou a plataforma ‘Na Pressão’ (napressao.org.br) para cobrar parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de e-mail, telefone e das redes sociais. A ferramenta tem fortalecido o combate às reformas trabalhista e previdenciária. No ‘Na Pressão’ um banco de dados permite acessar os contatos de autoridades que irão decidir sobre projetos e leis. Ao acessar, o usuário vê a foto da personalidade, uma sugestão de texto e encaminha diretamente para os deputados. Milhares de e-mails já foram enviados pela ferramenta.


Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

BRASIL

9

Dinheiro que a Lava Jato pretende recuperar não é nem metade do rombo que causou ECONOMIA “As operações Lava Jato e a Carne Fraca são responsáveis por 5 a 6 milhões de desempregados”, de um total de 14,2 milhões, afirma Luiz Gonzaga Belluzzo Divulgação Eletro Rio

Daniel Giovanaz

V

iviane Neves Gomes, 42 anos, está à procura de emprego. Encarregada de andaime nas obras do estaleiro Rio Grande, no litoral gaúcho, ela trabalhava desde 2012 para a empresa Engevix Construções Oceânicas (Ecovix). Há sete meses, os patrões convocaram uma assembleia e anunciaram a demissão de 3,2 mil operários. Na lista de rescisões, além de Viviane, estavam o marido dela, Jonas Gomes, e o filho, Lucas Neves. A Engevix é uma das empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato por pagamento de propina em contratos com a Petrobras. Desde o ano passado, o único dono da empresa é o engenheiro paranaense José Antunes Sobrinho. Denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por organização criminosa, lavagem

Polo naval gaúcho sucateado após a suspensão do contrato com a Petrobras

de dinheiro e corrupção ativa, ele foi absolvido pelo juiz Sérgio Moro em maio de 2016 e está solto. “Não tem mais emprego na cidade. Com o fechamento do estaleiro, todos os setores foram afetados”, lamenta Viviane. “Tem 200 pessoas atuando no estaleiro no momento, para manutenção apenas. Na época

mais forte, eram doze mil”. Com base nos números divulgados pelo Dieese e pelo MPF, o presidente da Confe-

Menos 22 mil empregos para cada prisão da Lava Jato

PEC das Diretas ganha aliados Midia NINJA

O debate pelas eleições diretas para eleger um novo presidente da República vem avançando para além do Legislativo. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por exemplo, poderá colocar o tema em discussão no Conselho Federal da entidade nas próximas sessões, segundo informou o presidente da instituição, Claudio Lamachia. A declaração foi dada na quarta-feira (5), depois de Lamachia receber um grupo de deputados e senadores da Frente Parlamentar Suprapartidária pelas Diretas Já, em Brasília. O encontro faz parte de um processo de intensificação da campanha por diretas.

deração Nacional dos Metalúrgicos (CMC-CUT), Paulo Cayres, calcula que a cada prisão decretada pela Lava Jato, 22 mil vagas de emprego foram destruídas. “Quando a gente diz que a Lava Jato só prejudicou o trabalhador, as pessoas nos julgam. Mas os prejudicados, realmente, são da classe operária”, explica a operária gaúcha. “Os grandes empresários continuam mantendo o luxo das suas vidas”. O inferno do desemprego Segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, “o governo não faz nada para recuperar essas empresas e seu acervo tecnológico, de experiência”, critica. “A estimativa é que, direta ou indiretamente, as operações Lava Jato e a Carne Fraca são responsáveis por 5 a 6 milhões de desempregados [de um total de 14,2 milhões]”.

A paralisação de obras e o consequente desemprego retiraram R$ 90 bilhões da economia, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) – sem considerar o impacto incalculável da entrega do pré-sal e da destruição da imagem do país no exterior. O MPF afirma que o valor total do ressarcimento pedido pela Lava Jato, incluindo multas, é equivalente a R$ 38,1 bilhões, pouco mais de um terço do rombo que causou. O desmonte da indústria Todos os empreendimentos da indústria naval brasileira dependiam da demanda da Petrobras. De 2004 a 2014, o estoque de empregos diretos no setor cresceu 383% e chegou a 71,6 mil. Sem dinheiro da Petrobráspara concluir as encomendas, o estoque de empregos no setor caiu 44% entre 2014 e 2016.

PF encerra forçatarefa da Lava Jato Depois de três anos de atividades, a força-tarefa da Polícia Federal (PF) que se dedicava exclusivamente às operações Lava Jato e Carne Fraca foi encerrada na quinta-feira (6) em Curitiba (PR). A decisão do diretor-geral da corporação, Leandro Daiello, não significa o fim das investigações, mas obriga os delegados e agentes a trabalharem também em outros casos. A justificativa da direção da PF é a “diminuição na demanda de trabalho” relacionada à Lava Jato. Até esta semana, quatro delegados dedicavam-se exclusivamente à Lava Jato e à Carne Fraca em Curitiba. No período de maior volume de trabalho, a força-tarefa chegou a ter nove delegados dedicados exclusivamente a ela. Os chamados grupos de trabalho passam a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor).


10

MUNDO

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Militantes palestinas são presas pelas forças israelenses ORIENTE MÉDIO Khalida Jarrar e Khitam Saafin estão desaparecidas, desde domingo (2), junto com mais nove pessoas Divulgação / Samidoun

Da redação

A

chefe da Comissão de Prisioneiros do Conselho Legislativo Palestino, Khalida Jarrar, e a presidenta da União dos Comitês das Mulheres Palestinas, Khitam Saafin, foram levadas pelas forças de ocupação israelenses, juntamente com outras nove pessoas, incluindo líderes comunitários do campo de refugiados Samidoun, em al-Aroub, no domingo (2). Ihab Massoud

Militantes foram levados para local desconhecido

também é um dos levados pelas tropas na ação chamada de incursão, que se configura em uma investida militar em área estrangeira. Ihab já havia sido preso pelos israelenses e estava em

liberdade há menos de seis meses. A parlamentar Khalida também já foi alvo recente, tendo conseguido a libertação em 2016 após um ano na prisão. A ação demonstra a recente onda de ataques a líde-

res políticos e à sociedade civil palestina. Khalida e Khitam, e todo o grupo, foram levados antes do amanhecer e conduzidos a um local até o momento desconhecido. A União de

Comitês de Mulheres Palestinas (UPWC) e a Samidoun (Rede de Solidariedade de Presos Palestinos) pede apoio internacional na exigência da libertação imediata dos presos.

Parlamento europeu aprova retomada de relações entre Cuba e UE após 20 anos AVANÇO Acordo foi aprovado por 567 votos favoráveis Agência Efe

Da redação*

O

Parlamento europeu aprovou, na quarta (5), o Acordo de Diálogo Político e Cooperação União Europeia-Cuba, que marca uma nova era entre o bloco e a ilha. Após dois anos de negociações, o acordo foi assinado em dezembro de 2016 e tem como principais objetivos a cooperação mútua, o diálogo político e as relações comerciais. A assinatura acaba com a excepcionalidade de Cuba ser, até então, o único país da América Latina com o qual a UE não tinha acor-

dos, consequência da “posição comum” imposta ao bloco pelo ex-presidente espanhol José María Aznar. O pacto foi aprovado pelos deputados com 567 votos a favor, 61 contrários e 31 abstenções. O placar indica amplo apoio à reaproximação entre UE e Cuba, na contramão do distan-

Cuba era o único país da América Latina sem relações com UE

ciamento promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em junho revogou medidas de reaproximação com a ilha implementadas pelo ex-presidente Barack Obama. O acordo entrará em vigor de maneira provisória e parcial nos aspectos comerciais e de cooperação entre as partes, enquanto se desenvolve um processo para sua ratificação pelos parlamentos dos países do bloco. (*Com informações do Opera Mundi)


Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

ENTREVISTA

11 11

“Temer representa o alto empresariado brasileiro e o sistema financeiro” GOLPE Governo não eleito tenta rebaixar papel das forças armadas e acabar com soberania nacional Richard Silva / PCdoB na Câmara

Wallace Oliveira

O

golpe de 2016 é, além de antipopular, antinacional. O programa do governo federal implica entregar as riquezas nacionais a empresas estrangeiras, rebaixar o papel das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência, abrir o território nacional à ingerência dos Estados Unidos, submeter o Estado, por completo, às ingerências do setor financeiro internacional e do alto empresariado brasileiro. Como recuperar a soberania do povo brasileiro? Para discutir essa questão, o Brasil de Fato MG conversou com a deputada federal Jô Moraes (PCdoB). Recentemente, o ministro Raul Jungmann disse que o governo permitiria a atuação dos Estados Unidos na base de Alcântara. Isso é mais uma expressão dessa política antinacional? Jô Moaraes - O ministro da Defesa anunciou o propósito de o Brasil construir parceria privilegiada com os Estados Unidos na base de Alcântara. É evidente que isso depende da autorização do Congresso, mas há uma sinalização de que está disposto a abrir aquilo que é mais sagrado, que são suas áreas estratégicas para privilégio dos Estados Unidos. Isso é extremamente grave, pois, no esforço de contratação do acordo, em 2000, os Estados Unidos apresentavam exigências absurdas. Era algo tão grave, que o Congresso não permitiu e, logo em seguida, quando Lula assumiu o governo, suspendeu esse acordo. E qual a relação das Forças Armadas com o

“Há sinalização de que o governo está disposto a abrir áreas estratégicas para privilégio dos Estados Unidos”, diz deputada federal Jô Moraes

Trabalhador ficará sujeito ao patrão” governo golpista atualmente? Eu diria que, neste momento, o comando da Forças Armadas, que é o mesmo da época do governo Dilma, tem o compromisso com a Constituição. O comandante do Exército, inclusive, tem dito que não há atalhos fora da Constituição. Esta é uma salvaguarda com a qual contamos. O que temos percebido é uma mudança na orientação do Ministério da Defesa, com prejuízos para o papel estratégico das Forças Armadas. Um dos primeiros movimentos do governo Temer foi tentar passar tarefas de segurança pública para o Exército, chegando ao cúmulo de baixar o decreto de controle da lei e da ordem no dia 24 de maio, de forma inconsequente, sem uma discussão madura com as Forças Armadas. A própria insistência do governo em

mandar o Exército para aquelas rebeliões em presídios, caracteriza um rebaixamento do papel constitucional das Forças Armadas. A nossa preocupação não está nos comandantes, mas na orientação do Ministério da Defesa, ao qual eles estão vinculados. Nota dos trabalhadores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirma que nenhum governo ou autoridade vai quebrar seu compromisso com o Estado de direito. Há alguma tentativa de conferir às atividades de inteligência um caráter policialesco? No governo Temer, duas ações nos deixaram preocupados. Um deles foi a espetacularização da prisão de dez pessoas que eles diziam terem sinais de práticas terroristas. Isto não se faz na atividade de inteligência. Quanto mais escondida a atividade, mais eficaz. O segundo movimento que nos assustou foi essa história falada pela Veja, de que teriam investigado o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fa-

chin. A Associação dos Oficiais da Abin produziu essa nota. É sempre preocupante nesse ambiente de ameaças democráticas que o governo use para outros fins essa estrutura. Nesta semana, o Senado aprovou o regime de urgência para a reforma trabalhista. Como ela afeta a vida das mulheres? Um juiz do trabalho me disse: “Deputada, pode ser que, nesta semana, vivenciemos um retrocesso de 76 anos de conquistas”. A descontrução da CLT, com modificação de mais de 100 artigos nesta reforma trabalhista, é a maior crueldade com quem produz riqueza no país. Para as mulheres, aumenta a insegurança com contratos intermitentes. Elas ocupam mais postos de menor qualificação e remuneração. Isso tira toda a expectativa de melhores salários e direitos com esse tipo de contrato. Se não fica estabelecido quantas horas vamos trabalhar, também não fica estabelecido quanto vamos ganhar. Se o patrão chamar e você tiver pegado um bico e não for trabalhar, você paga multa. Imagine que a mulher grávida, se o patrão quiser, vai passar orientação para o médico da empresa para que a deixe trabalhar em ambiente insalubre, prejudicando a mulher e o filho que vai nascer. Outras inúmeras agressões graves: ampliação da jornada para 12 horas, fraciona-

Mulheres serão as mais afetadas sem CLT”

Devemos pressionar os deputados na sua base” mento de férias em seis vezes, bastando um entendimento entre patrão e trabalhador. Com crise, qual trabalhador tem condições de recusar as exigências que o patrão fizer? Temer vive o seguinte paradoxo: para não cair, precisa ser cada vez mais antipopular, governando de costas para o povo. O que fazer, então, para enfrentar esse governo? O Temer não representa a si mesmo, mas uma correlação de forças do alto empresariado brasileiro e do sistema financeiro, que quer manter seus lucros altos e garantir que o país pague por isso. Temer também é a expressão de um setor da mídia e do Judiciário. Foi sustentado nisso, a fim de criar um projeto econômico de garantia de lucros, que o Temer foi para lá e, para se manter, ele precisa pagar a conta, reduzindo gastos do Estado brasileiro com o povo e liberando todo o recurso para o pagamento de juros e da dívida. Devemos pressionar os deputados na sua base. O que funciona mesmo é a pressão organizada na base, para que o deputado veja que o voto dele contra os trabalhadores, contra a Previdência, significam a cassação dele. Precisamos retomar um governo que passe pelo voto popular.


12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Amiga da Saúde

Nossos direitos Benefício de auxílio-doença comum O benefício de auxílio-doença comum, diferente do auxílio-doença por acidente, é concedido ao segurado do INSS que estiver com uma doença que o torne temporariamente incapaz de trabalhar. Para requerer o auxílio, é necessário possuir carência de 12 contribuições (isenta em caso de acidente de trabalho ou doenças previstas em lei), ser segurado do INSS, além de comprovar a doença através de documentos médicos e exame pericial agendado no INSS. Para o empregado requerer o benefício, precisa estar afastaMelissa Andrade é colunista do Brasil de Fato PR

do do trabalho há pelo menos 15 dias (corridos ou intercalados dentro do prazo de 60 dias), devendo imprimir o requerimento gerado pelo sistema e levá-lo ao INSS no dia da perícia, com carimbo e assinatura da empresa. Os segurados das modalidades de empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, facultativo e segurado especial, podem requerer no momento em que se incapacitarem ao trabalho, fazendo o agendamento em alguma agência do INSS.

É verdade que rir faz bem à saúde? Ou isso é só mito? Everton Batista, 34 anos, motorista.

É verdade sim, Everton. É perceptível que as pessoas bem-humoradas adoecem menos. Isso porque nosso estado emocional interfere diretamente nas funções corporais. Pessoas sem senso de humor tendem a ser mais rancorosas, estressadas e depressivas. O riso, a gargalhada têm muitos benefícios para a saúde. Quando gargalhamos, os hormônios do estresse (cortisol e adrenalina) diminuem,

assim como aumentam os hormônios ligados ao relaxamento, como a endorfina. Esse processo estimula a produção de células de defesa, o que fortalece o sistema imunológico, prevenindo o adoecimento. Além disso, rir melhora a autoestima, reduz a pressão arterial, previne rugas, melhora o sistema cardiovascular etc. Enxergar o lado bom das coisas e ter mais leveza faz bem.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

Anúncio


Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas

por Alan Tygel*

Cartola com banana-nanica

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

8 5 7 6 2 6

9

5 4

1 8 5 1 7 4 9 2 6 3

6 9 4 3 2 8 5 7 1

2 7 3 6 5 1 4 9 8

3 4 6 2 8 7 9 1 5

5 2 8 9 1 6 7 3 4

7 1 9 4 3 5 6 8 2

Solução

6005314

1 3 7 5 9 2 8 4 6

3 2

7 3

4 6 2 8 7 3 1 5 9

6

5

9 8 5 1 6 4 3 2 7

8

6

4 1

1 9 3 8

Ingredientes • • • •

5 bananas-nanicas 3 colheres de sopa de açúcar 1 colher de café de canela 2 fatias grossas de queijo coalho

Preparo 1. Descascar a banana, cortar em fatias no sentido do comprimento e reservar; 2. Misturar o açúcar e a canela e passar as bananas nessa mistura; 3. Colocar as bananas em camadas em um refratário; 4. Levar ao forno preaquecido (200 °C) por 10 minutos; 5. Ralar o queijo coalho no ralador grosso e polvilhar sobre as bananas; 6. Levar ao forno, novamente, até o queijo derreter.

Uso culinário da banana De maneira geral, a banana é uma das frutas mais doces. Bananas de mesa são, por exemplo, as variedades maçã, ouro, prata e nanica, que, na verdade, são grandes, levando esse nome em virtude da baixa altura da planta em que frutificam. Bananas para fritar são as variedades de banana-da-terra e figo. As bananas chips, novidade deliciosa do Norte do Brasil, são feitas com a variedade pacová. Banana para cozinhar são a da-terra e também a pacová. As bananas entram como ingrediente em grande quantidade de pratos salgados típicos das culinárias regionais brasileiras. No Rio de Janeiro e em Pernambuco, é o famoso cozido, que, entre tantos componentes – carnes, tubérculos, legumes e verduras –, inclui as variedades da-terra e nanica. A especialidade do sul de Minas Gerais é o virado de banana-nanica, preparado com farinha de milho e queijo mineiro. No litoral norte de São Paulo, o prato principal da culinária caiçara chama-se peixe azul-marinho: postas de peixe cozidas com bananananica verde sem casca, acompanhadas de pirão feito com o caldo do peixe, banana cozida amassada e farinha de mandioca. * Esta receita foi retirada do livro Alimentos Regionais Brasileiros, do Ministério da Saúde, disponível para download em http://e.eita.org.br/alimentosregionais.

* Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

A arte como militância IMERSÃO MST cria escola itinerante para proporcionar a assentados e acampados acesso às linguagens artísticas

Pereira da Viola faz show no Tambor Mineiro

Divulgação / Mst

Raíssa Lopes

A

té o dia 15 de julho, Belo Horizonte recebe a Escola Itinerante de Arte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A iniciativa nasceu do Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, realizado em 2016, e consiste em uma série de oficinas, das mais diversas linguagens artísticas, ministradas para assentados e acampados da reforma agrária. A ideia é que os trabalhadores tenham acesso às produções culturais e também dominem as técnicas para realizá-las, como explica Guê Oliveira, do setor de cultura do MST. “Quere-

mos colocar a classe trabalhadora como protagonista em todas as dimensões da vida, e também usar a arte para dialogar com a sociedade. Mas, para isso, a gente precisa se apropriar dela, ocupar esse espaço que nos foi expropriado, assim como foi a comunicação, a educação”, explica a militante. Durante os dias de imersão, acontecem espaços de artes cênicas com João das Neves, literatura com Lirinha, canto com Titane e cultura popular com Pereira da Viola. Também vai ter percussão, expressão corporal, oficina de viola e debates sobre filmes. Todos os artistas participam de forma voluntária.

Oficinas Para Pereira da Viola, as oficinas são melhor descritas como momentos de “vivência e convivência”. Ele vai apresentar um pouco de sua formação como artista, seus ritmos e experiências. “Ninguém consegue criar a cultura popular dentro de um escritório. A Escola Itinerante é tão importante por isso, porque faz o movimento ocuparse daquilo de que é dono, de que o povo é dono”, afirma o violeiro. A perspectiva é que a Escola Itinerante viaje o país para chegar a assentados de toda parte do Brasil, e também prepare pessoas para um circuito de festivais que irá acontecer em oito cidades de Minas Gerais, ainda neste ano.

No sábado (8), o cantor e compositor mineiro Pereira da Viola é a atração do projeto Show Tambor, que acontece às 21h, no Tambor Mineiro (Rua Ituiutaba, 339, Prado). O evento, que tem a participação dos alunos de oficinas de pandeiro e atabaque, será recheado de tradições quilombolas e rurais. Pereira nasceu na Comunidade Quilombola de São Julião, no Vale do Mucuri, e vai apresentar a base de sua musicalidade, vinda da cultura popular. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia entrada).

Container itinerante doa livros em BH

Os apaixonados por livros têm um lugar especial na capital até o dia 23 de julho. É o Container com Letras, uma estrutura itinerante que está no Hall das Bandeiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e disponibiliza um acervo com cerca de 15 mil obras. O público pode levar os títulos que quiserem para casa, de graça. A iniciativa acontece todos os dias, das 10h às 19h. O endereço é Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho.

Agricultura familiar na Serraria

Narrativas da pá virada

O lançamento do projeto “Narrativas da pá virada: Uberlândia como você nunca viu”, uma web-série com seis episódios, ocorrerá dos dias 11 a 13 de julho, sempre às 19h no Museu Universitário de Arte (MUnA). Entre os episódios encontram-se “Fé É (IN)TOLERÂNCIA”, sobre a religiosidade afro-brasileira, “Coração de mãe”, em que três mães contam a experiência de terem filhos no sistema prisional, e “Depois de jogar fora” , o relato de um trabalhador que faz o espectador repensar a forma como trata o “lixo” produzido. O MUnA fica na rua Coronel Manoel Alves, 309, bairro Fundinho. Entrada gratuita.

Começou na quarta (5) a 11ª Feira de Agricultura Familiar de Minas Gerais (Agriminas). Esse é o maior evento do setor no estado, e acontece até domingo (9), na Serraria Souza Pinto (Av. Assis Chateaubriand, 809 - Centro). Neste ano, participam da feira mais de 15 mil famílias de 145 cidades. Os produtos vão desde as cachaças, doces de leite e queijos, até sorvetes artesanais e brinquedos para as crianças. Durante os cinco dias, os visitantes também podem curtir shows, a partir das 19h30.


Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

na geral

Moradora da Serra é Seleção

Angélica Lüersen / ALLSPORTS

ESPORTE

15 15

Curto e Grosso Para além de um título Arquivo CBF

Das 20 atletas que a treinadora da Seleção feminina, Emily Lima, convocou para jogar contra a Alemanha, na última terça (4), destaca-se uma jovem de 22 anos que morou no Aglomerado da Serra, em BH. Trata-se da atacante Kamilla Morais Sotero, da equipe amazonense do Iranduba (AM), que disputa as semifinais do Brasileiro Feminino A1. Kamilla também já defendeu as camisas do Santa Cruz, atual América Mineiro, e do Rio Preto, pelo qual foi campeã brasileira em 2015 e vice em 2016.

Praia Clube apresenta Fê Garay Divulgação Praia Clube

Considerada por muitos a principal contratação do Praia Clube Uberlândia para a temporada 2017-18 da Superliga feminina, a campeã olímpica Fê Garay foi apresentada aos torcedores uberlandenses na última semana. Em 2012/13, em sua última participação no campeonato nacional, a ponteiro foi eleita a melhor jogadora da competição, coroando uma temporada na qual também conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Londres. Ela se junta a Suelen, Nicole Fawcett e Laís como as novas contratações do time, que busca o inédito título.

Brasileiro brilha na Holanda

Fabrício Farias Salve, salve, meu povo! Na primeira semana de julho a lembranças de uma das maiores derrotas de nosso futebol. Em 5 de julho de 1982, a seleção era eliminada na Copa da Itália. Zico, Sócrates, Éder, Júnior, Cerezo, Falcão e cia entraram para a história não apenas como craques, mas também pela grande personalidade que demonstravam. O futebol alegre, coletivo e que não abria mão do brilho individual combinava perfeitamente com o engajamento dos jogadores na vida política do país. O tempo passou, e a Seleção se afastou da nossa vida cotidiana. É certo que, de lá pra cá, conquistamos a Copa do Mundo em duas ocasiões, mas essas conquistas parecem mais um pequeno alívio nas dores diárias do que propriamente uma celebração de nossa unidade como povo. Infelizmente, vivemos um momento caótico, em que as divisões em nossa sociedade não deixam espaço para a solidariedade, a construção de um país mais justo e menos desigual. O 7 a 1 em campo se repete diariamente na vida de um povo que não tem seus direitos básicos garantidos, que sofre com uma democracia de mentira, que apenas serve para a manutenção do poder de uma minoria. Hoje, tenho certeza de que aquela geração fabulosa de 1982 merecia mais do que um título, pois, certamente, o sonho que sonhava era maior.

Anúncio Danilo Borges

Na última semana, na Copa do Mundo de Ciclismo de Estrada, o paratleta brasileiro Lauro Chaman conquistou o título geral e a segunda colocação do contrarrelógio da classe C5, na etapa de Emmen, na Holanda. A classe C5 é disputada por atletas amputados, com potência muscular ou coordenação limitadas, fazendo uso de uma bicicleta convencional, que pode vir com uma adaptação. Em agosto, Lauro disputará o Mundial de Ciclismo de Estrada, na cidade de Pietermaritzburg, África do Sul. No ano passado, ele faturou a prata e o bronze nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. (Com informações do CPB)

SINDIBEL REALIZA DEVOLUÇÃO DO IMPOSTO SINDICAL PARA FILIADOS

SINDIBEL Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte

Informamos aos filiados que o SINDIBEL realizará o agendamento para devolução do Imposto Sindical 2017 entre os dias 3 de julho e 4 de agosto, através dos telefones 3656-7448 e 3657-1470. A devolução terá início no dia 10 de julho, para aqueles que tenham previamente realizado o agendamento.


16

Belo Horizonte, 7 a 13 de julho de 2017

Ronaldinho acerta com o Atlético

Atlético-MG anunciou, na quinta O (6), um acerto final em definitivo com o meia Ronaldinho Gaúcho, referente a uma dívida do clube com o jogador. O pagamento será feito em parcelas e põe fim a uma ação movida pelo

ESPORTES

16

DECLARAÇÃO DA SEMANA

Bruno Cantini

jogador contra o clube. Os valores não foram divulgados. Ronaldinho jogou pelo Atlético entre 2012e 2014, quando disputou 88 jogos, marcou 88 gols e conquistou a Copa Libertadores de 2013.

“Nem eu escalo o Ministério e nem o presidente escala time”. João Saldanha, saudoso treinador que montou a Seleção de 70, criticando o ditador Emílio Garrastazu Médici. O centenário do “João Sem medo” foi comemorado no último dia 3 de julho.

Gol de placa O Internacional de Porto Alegre lançará um programa de sócio torcedor popular, com mensalidades a R$ 10,00. Embora haja um limite de duas mil associações no valor referido, a ação é um passo à frente, neste momento de elitização do futebol brasileiro.

Gol contra Dentro de campo, o Galo venceu o Cruzeiro, mas sua torcida pisou na bola da homofobia. Os atleticanos afixaram uma faixa e picharam o asfalto das ruas do Horto com dizeres como “Chupa, Maria” e “Sejam bem-vindas”, sempre com referências às cinco estrelas e às cores do movimento LGBTI.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Leo Calixto

Embora não seja unanimidade na torcida, o técnico Enderson Moreira ganhou muitos créditos ao rejeitar a proposta da Chapecoense. É a terceira investida de time da Série A que Enderson não aceita. Antes, Sport e Atlético de Goiás também haviam tentadoDecacampeão tirá-lo do Coelhão. Essas decisões mostram seu respeito ao América, seu compromisso com o desafio de levar a equipe de volta à Série A e sua inteligência. Afinal, tem um time na mão e com grandes chances de acesso. Muitas vezes, os salários mais atraentes seduzem treinadores novos, que abrem mão de projetos de longo prazo para apostas arriscadas, que podem significar atrasos e refluxos em suas carreiras. Parabéns, Enderson!

A derrota para o Jorge Wilstermann é considerada por muitos um acidente de percurso. Após três vitórias, o Atlético estaria no caminho certo. O resultado do primeiro jogo das oitavas da Libertadores foi creditado, em parte, à altitude boliviana e à É do Galo doido! má qualidade gramado. O Galo, na minha opinião, jogou muito aquém de sua capacidade. Robinho deixou a desejar, assim como Fred e outros. Quem entrou pouco acrescentou. A vida segue. Pelo Brasileirão, outro confronto com o Botafogo, só que no Rio. Depois, vem Santos, no Horto. Já havia criticado várias competições ao mesmo tempo. Agora, caiu a ficha para alguns comentaristas. Os erros vão se acumulando no futebol brasileiro.

Anúncio Se algum (a) cruzeirense imaginava chegar a julho com o time celeste atuando com equilíbrio entre os setores e com um futebol ofensivo, caiu feio do cavalo. Com um elenco muito bem avaliado por comissão técnica, direção, imprensa e torcida, o Lacolecionando Bestia Negra Cruzeiro está “apagões” que duram de vinte cinco minutos até um jogo inteiro. Se antes era a falta de mobilidade ofensiva da equipe, agora é a vez de o setor defensivo cometer falhas bizarras. O fato que mais assusta é que, após sete meses de trabalho, Mano Menezes – técnico celeste desde o ano passado - dá mostras de não conseguir mais fazer o time jogar. É preciso uma reação rápida para conseguirmos algo na temporada.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.