Edição 193 do Brasil de Fato MG

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SMADC

CULTURA

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ENTREVISTA

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Arte do Jequitinhonha

Parada da diversidade

Festivale acontece de 23 a 29 de julho com muita música, oficinas e poesias que valorizam as raízes do povo mineiro

Comunidade LGBT novamente sai às ruas contra o ódio, contra o preconceito e contra a invisibilidade. O lema deste ano é “Família e direitos”

Minas Gerais

Belo Horizonte, 14 a 20 de julho de 2017 • edição 193 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg

DESMONTE DO PAÍS Impeachment sem crime Ministério sem mulheres, negros, trabalhadores Investimentos sociais congelados por 20 anos Corte no Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, FIES… Entrega do patrimônio público para estrangeiros Regulamentação da grilagem de terras 14 milhões de desempregados FIM DA CLT Condenação de Lula sem provas Desmonte da Previdência

BRASIL

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OPINIÃO

Belo Horizonte, 14 a 20 de julho de 2017

Editorial | Brasil

O golpe é contra os trabalhadores

ESPAÇO dos Leitores

“Gente, vocês já viram a última edição do Jornal Brasil de Fato? Tá sensacional!!!” João Guilherme Gualberto Goncalves comenta a edição 192, no facebook “Esporte bretão tem jogadora do Aglomerado da Serra na Seleção feminina de futebol do Brasil.Sucesso, craque Kamila Morais Sotero! Deus abençoe! Odair Santos Junior escreve sobre a nota “Moradora da Serra é seleção” “Quem luta educa e conquista! #lutarsempre” Marizete Barcelos comenta a matéria “Trabalhadores da educação conquistam duas vitórias em Minas”

Desde o impeachment da presidenta Dilma, setores populares vêm denunciando que o golpe no Brasil não tem o objetivo de acabar com a corrupção, mas sim de implementar um programa neoliberal que garanta aos ricos maiores lucros e aos trabalhadores e trabalhadoras, menos direitos. O governo sem voto do Michel Temer reprovado por ampla maioria popular (menos de 5% o aprova) conseguiu acelerar pautas e medidas antipopulares como nunca antes visto. Assim, aos poucos, a população vem percebendo que os resultados deste governo estão sendo muito prejudiciais para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, sobretudo os

Governo é pró mercado, contra pobres mais pobres. Portanto, uma parte daqueles que apoiaram ou ficaram indiferentes ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, hoje percebem que o golpe em curso tem objetivos bem mais profundos do que a dita moralização da política. Ao longo dos últimos 14 meses do governo golpista, foram tomadas inúmeras medidas contra a soberania nacional e a Constituição Cidadã de 1988. Destacam-se a já aprovada a Emenda Constitucional 95 que limita por 20 anos os investimentos públicos em saúde, educação e assistência social, a aprovação da terceirização irrestrita, e o avanço da privatiza-

ção de empresas públicas estratégicas como a Petrobrás. Além disso, o Senado brasileiro aprovou na quarta-feira, dia 11, a nefasta reforma trabalhista. O texto agora segue para a sanção presidencial. A proposta altera mais de 100 trechos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Os golpistas defensores da reforma, em sua maioria políticos e grandes empresários,

Condenação de Lula é política afirmam que a reforma é uma medida para tirar o país da crise e diminuir o desemprego, porém, nós trabalhadores sabemos que o objetivo da reforma é retirar direitos com aumento da jornada, redução de salário e restrição da proteção judicial ao precarizar a justiça do trabalho e enfraquecer os sindicatos. A condenação do ex-presidente Lula, um dia depois da aprovação no senado da reforma trabalhista, busca tirar o foco da população, demonstrando que o processo contra Lula possui claro conteúdo político e de criminalização das organizações dos trabalhadores. Para conseguirmos sair dessa situação, o caminho não é outro senão o da luta. O engajamento e organização do povo pela realização de eleições DIRETAS JÁ, para os cargos do Executivo e Legislativo, é imprescindível para sairmos da condição de país condenado a escravidão.

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


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Belo Horizonte, 14 a 20 de julho de 2017

“Michel Temer tem que ser julgado. 342 agora!”

A proposta de reforma trabalhista foi aprovada no Senado nesta terça-feira (11) e sancionada por Michel Temer na quinta (13)

É um retrocesso em termos de direitos sociais. O presidente Temer se baseia no modelo da reforma trabalhista implantado na Espanha, que teve um resultado catastrófico para a geração que está entrando no mercado. É muito preocupante o que pode acontecer no Brasil.

Já afetou todo mundo. Essas reformas são pensadas para prejudicar nós, os pobres, os que precisam trabalhar para ganhar salário mínimo. É uma vergonha. E ainda não vamos conseguir aposentar. Eu tenho 22 anos de serviço e nem sei mais quantos vou precisar.

Naiara Prato Cardoso, assessora de comunicação do Ministério da Saúde

Cláudia de Souza, auxiliar de produção

Parada LGBT: domingo tem!

Maxwell Vilela

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Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

Quais são as consequências da reforma trabalhista na sua vida e de sua família?

GERAL

Divulgação

Falou a atriz Adriana Esteves em vídeo com mais 92 atores, cantores e artistas. Eles divulgam o site www.342agora.org.br, que pressiona para que os deputados federais votem pela abertura de inquérito contra o presidente não eleito Michel Temer. Somente com aprovação da Câmara a Justiça poderá investigar e afastar Temer do cargo. Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Passou vergonha O deputado Eduardo Bolsonaro (PSC) postou, em

sua página do facebook, um texto criticando sua ex-namorada, Patrícia Lelis, com os argumentos de que ela havia se tornado feminista e estaria andando com um médico cubano. “Lembrando que antes do feminismo ela andava com roupas discretas, não rebolava até o chão e namorava comigo”, escreveu. Patrícia respondeu: “eu comecei a entender a importância do feminismo quando fui abusada pelo seu amigo de partido [Marco Feliciano, em agosto de 2016] e você me pediu para ficar calada, mesmo sabendo que era verdade e me vendo machucada”, escreveu. E finalizou falando do cubano: “me leva pra balada, não reclama das minhas roupas e maquiagens, dança comigo, e cá entre nós: tem uma ‘pegada’ que você nunca teve na vida”. Depois dessa, o deputado paulista apagou a postagem. Carol Morena

CIDADANIA E FAMÍLIA Quem acusa LGBTs de serem contra a família, vai precisar rever suas palavras. A Parada em defesa dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) 2017 traz o tema “Família e Direitos – Nossa existência é singular, nossa resistência é plural”. A parada acontece dia 16 de julho na Praça da Estação, às 11h. Também está sendo realizada uma Jornada pela Cidadania LGBT, com filmes, exposições, seminários, premiações e shows gratuitos em BH, até 30 de julho. Confira a programação completa em: cellosmg.org.br/jornada2017

Oportunidade de estudo

Estão abertas as inscrições para Mestrado Profissional em Educação e Docência da UFMG voltado a pessoas que já lecionam, mas não possuem graduação em docência. Neste ano, metade das 84 vagas são destinadas a pessoas negras. As áreas são: ciências, tecnologia e sociedade, museus e centros de ciências, educação do campo, humanidades, educação de jovens e adultos, trabalho, educação física e didática. As inscrições vão até 6 de agosto. Mais informações no site www.fae.ufmg.br/promestre.


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CIDADES

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Políticas para crianças e adolescentes ameaçadas em tempos de golpe JUVENTUDE No aniversário do ECA, especialistas analisam conquistas, problemas e ameaças ao funcionamento da legislação Vander Bras

Raíssa Lopes

E

m um período de plena atividade do golpe institucional de 2016, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 27 anos. Para comemorar os avanços já conquistados e discutir o que ainda precisa ser feito para combater a exploração dos jovens no país, uma audiência pública foi realizada na manhã de quinta-feira (13), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Durante o encontro, foram levantados os principais desafios do setor, que sofre com uma baixa de recursos, desde a posse do presidente não eleito Michel Temer. Com políticas públicas ainda insuficientes, o Brasil segue sendo um dos primeiros listados no ranking internacional de exploração sexual de crian-

ças e adolescentes - registrando quatro casos por hora -, e também tendo os homicídios como a principal causa de morte de crianças e adolescentes. Exploração O fim do trabalho infantil, ao longo desses 27 anos, também continua um desafio. Os números chegaram a

diminuir na última década, passando de 9 milhões para 2,6 milhões de ocorrências em território nacional, mas a quantidade ainda é alarmante. “No estado de Minas, em 2002, eram 322 mil menores de 16 anos trabalhando. Em 2014, foram 118 mil. Claro que temos o que comemorar, mas precisamos avançar

muito. No último caso de acidente de trabalho que acompanhei, um menino de 11 anos perdeu parte da mão em uma máquina de moer cana, fazendo garapa”, relata Elvira Mello, coordenadora do Fórum de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente. A conjuntura preocupa Os perigos do período político, de retrocessos e retirada dos direitos da população brasileira, é atualmente um temor constante dos especialistas, que preveem uma pio-

ra na situação das crianças e adolescentes, como declara o Secretário de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania do Governo de Minas, Nilmário Miranda (PT). “Se você retira recursos do Bolsa Família, do Mais Médicos ou aumenta o desemprego, você atinge em cheio os jovens do país. São consequências profundas, pilares básicos da constituição foram atingidos. A Casa Grande está aí até hoje, não descansa um único dia e avança contra o povo”, ressalta o político.

Marco Cavalcanti

UFU deixará de ser totalmente pública Núbia Tortelli Mendonça

Comunidade Tomás Balduíno conquista vitória Cerca de 300 pessoas que moram na ocupação, que fica em Ribeirão das Neves, protestaram em frente ao Fórum Lafayete, onde se decidia o futuro da área. A prefeitura e o governo estadual propuseram a suspensão do mandado de reintegração de posse que ameaçava a comunidade e agora o assunto será debatido em uma mesa de negociação. O terreno foi ocupado em 2013. Agora, conta com casas de alvenaria, estabelecimentos comerciais, empreendimentos de agricultura urbana, entre outras iniciativas, respeitando a legislação urbanística.

Em 2012, a UFU foi proibida de ofertar cursos de pós-graduação latu sensu que cobravam mensalidade, devido a irregularidades constatadas pelo Ministério Público. Quem recebia as mensalidades era a FAU (Fundação de Apoio Universitário), mas quem dava as aulas era o próprio corpo docente da instituição pública. Desde a proibição, a UFU ofertou diversos cursos de pósgraduação gratuitamente. Porém, após um acordo articulado pelo atual reitor da instituição, Valder Steffen, com o Ministério Público, a UFU voltará a oferecer esses cursos com taxas de mensalidades, deixando novamente de ser uma instituição totalmente pública. Em nota, a ADUFU (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia), e o SINTET (Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Instituições Federais do Ensino Superior de Uberlândia) afirmam que a decisão foi tomada de forma antidemocrática, além de ferirem o Estatuto da UFU que garante a gratuidade do ensino.


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MINAS

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Opinião

Nem paz, nem amor João Paulo Cunha A escalada de retrocessos contra a democracia e os direitos no Brasil chegou ao ponto sem volta. Depois da destruição da CLT e da condenação do presidente Lula, sem provas e com argumentação cínica, não se pode mais pedir ao povo apenas mobilização, até que a próxima agressão o atinja como um soco. O momento decretado é de confronto. Os poderes constituídos da república deram, numa semana, sua cota máxima de expressão de ilegitimidade. O Legislativo vira as costas para a sociedade e aprova uma reforma trabalhista contra os interesses dos trabalhadores, conforme mostram todas as pesquisas. Os senadores aprovaram medidas que beneficiam seus financiadores. Os senadores não votaram por pressão, mas de acordo com suas convicções. O que demonstra um divórcio absoluto na democracia representativa brasileira. Os senadores são, em essência e em sua maio-

Os três poderes agem de forma ilegítima ria, portadores de uma mentalidade escravocrata. A cobertura da imprensa chegou ao seu ponto mais baixo. Em jornalismo, o ponto mais baixo é a mentira. Jornais e TVs foram unânimes em apresentar a reforma trabalhista como uma conquista da modernidade nas relações de trabalho, escamoteando as perdas e apontando sempre a perspectiva de retomada do emprego. Apresentaram a resistência das senadoras como um ato de tumulto. A ocupação da mesa diretora do Senado foi a única luz emitida pela classe política, inclusive à esquerda. No Executivo, o golpista ora golpeado retomou chantagens para dificultar o andamen-

to da denúncia de corrupção que pesa como uma mala de dinheiro sobre ele. Temer vem liberando recursos; mudando representação em comissões; ameaçando parlamentares com punição; interferindo na PF, contingenciando recursos, e criando uma célula de proteção dentro da PGR e do STF. No Judiciário, depois da fraqueza do STF, a começar pela farsa do impeachment, foram se sucedendo atitudes partidarizadas e classistas. Sucessivas manobras protetivas a Aécio Neves. A condenação do presidente Lula na primeira instância de Curitiba escancara o partidarismo da Justiça brasileira. O julgamento não foi comandado por um magistrado isento, mas por um parceiro da acusação. Em lugar de combater com palavras e provas, fez uso da perfídia e do arbítrio de sua posição. Num contexto de tamanha ilegitimidade, não há democracia, não há república. Contra a hipocrisia e o cinismo, é preciso inaugurar outro campo e outra disposição. Nas ruas. Sem paz nem amor.

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MINAS

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Contratação sem concurso no Ministério Público aguarda apenas aprovação do governo CONTRADIÇÃO Projeto de Lei cria 800 cargos comissionados, sem direito a cota para negros e pessoas com deficiência Sarah Torres / ALMG

Precarização

Raíssa Lopes

enos um espaço para M nós, negros”. Essa é a frase usada por Noelle Carolina, assistente social do Educafro Minas, para definir a medida que prevê a criação de 800 cargos sem concurso público no Ministério Público de Minas Gerais. A proposta, de autoria do próprio MP, foi enviada como Projeto de Lei à Assembleia Legislativa no dia 2 de junho, onde foi aprovada por 50 deputados. Agora, para virar lei, a iniciativa aguarda apenas a sanção do governador Fernando Pimentel (PT). De acordo com o MP, a mudança na forma de contratação é para gerar economia aos cofres públicos, já que, segundo o órgão, o custo dos funcionários concursados seria bem maior. No entanto, a alteração do quadro de serviços incomodou sindicatos e organizações de defesa dos direitos humanos. Isso

MP ficaria sem moral para fiscalizar a contratação ilegal em espaços de administração pública

Concursos públicos são importantes para abrir espaço para pessoas com deficiência

porque o PL exclui a política de cotas, que estipulava que 20% das vagas fossem destinadas a pessoas com deficiência e 20% a pessoas negras. A ação também não agradou por ser justamente o MP a entidade responsável por fiscalizar a contratação ilegal - sem concurso -, em espaços de administração pública. A coordenadora nacional do Centro Nacional de Africanidade e Re-

sistência Afro-Brasileira (Cenarab), Makota Celinha, acredita que o mercado de trabalho, que classifica como excludente, tende a piorar, caso o exemplo do MP seja adotado por outros órgãos. “Os privilégios, que por anos combatemos, voltam à cena”, ressalta. Deficientes físicos de fora

Segundo o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos

da Pessoa com Deficiência de Minas Gerais, Romerito Nascimento, o concurso público era um dos poucos recursos que abriam espaço para a diversidade em estabelecimentos comerciais. “As empresas não querem fazer adaptações e insistem na incapacidade da pessoa com deficiência”, comenta. “O que me preocupa é que esse PL se torne uma estratégia para prefeituras e demais políticos incharem suas máquinas com cargos comissionados. O MP não tem moral para cobrar deles uma postura diferente”, critica.

Segundo o Ministério Público, “o projeto visa implantar uma estrutura administrativa com cargos de confiança típicos para o assessoramento direto às atividades, o que explica o regime de livre nomeação que o caracteriza”. Além disso, o órgão declarou que “haverá um processo rigoroso de avaliação da eficiência do servidor comissionado, o qual poderá ser demitido sem a necessidade de complexas formalidades”. Para a professora de Direito Constitucional Bárbara Lobo, o novo modelo não seria capaz de gerar a economia prometida. “Esses cargos normalmente são remunerados dentro de planos de carreira, com gratificação. São funções de confiança que, geralmente, são mais bem pagas do que as demais”, pontua.

Manifestação contra IPTU

Empresa de ônibus é multada

CONTAGEM A população contagense realizou mais um protesto contra a volta da cobrança do IPTU, implantada pelo prefeito Alex de Freitas (PSDB). Cerca de 200 pessoas se reuniram em frente à prefeitura, na manhã de 9 de julho, e reinvidicaram que a cobrança seja extinta. A cidade passou 27 anos sem cobrar o imposto. Segundo organizadores do ato, em sua campanha, Alex de Freitas teria prometido continuar com a isenção.

BETIM A empresa de ônibus Santa Edwiges foi multada em R$ 24 mil por irregularidades de funcionamento. A Empresa municipal de Construções, Obras, Serviços, Projetos, Transportes e Trânsito (ECOS) declara que foram aplicadas 23 autuações desde janeiro deste ano. Foram encontrados pneus em mau estado, cinto de segurança de cadeirante inoperante, iluminação com defeito, não cumprimento de horários e equipamentos de velocidade e tempo inexistentes ou quebrados. As multas aplicadas variam de R$607,50 a R$2.835,00.


Acompanhando

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Foto da semana

OPINIÃO

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PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Na edição 187... Como as bolsas mudaram as universidades federais ...E agora Garantida assistência estudantil na UEMG e Unimontes O Governo de Minas sancionou a Lei nº 22.571, que regulamenta políticas de democratização do acesso ao ensino superior na Universidade do Estado de Minas Gerais e Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Agora, cada uma das instituições deve reservar o mínimo de 45% das vagas para candidatos de baixa renda, negros e indígenas, e o mínimo de 5% para pessoas com deficiência. Na edição 192... PBH segue plano de realocação e sorteia vagas ... E agora Primeira semana de camelôs é frustrante Vendedores ambulantes começaram a ser fichados para ocupar os espaços no Shopping Uai Centro. A prefeitura prepara uma estrutura de 676 bancadas para os sorteados. Em contraposição, alguns camelôs começam a enfrentar novamente a fiscalização e montar bancas nos pontos tradicionais de venda. A prefeitura afirma que a fiscalização continua e que irá aplicar a multa de R$ 1.902, além do recolhimento da mercadoria, para aquele que for pego exercendo trabalho de rua. O Shopping Uai Venda Nova começa a alocar 871 ambulantes na terceira semana de julho.

SAUDADE “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Assim dizia Ariano Suassuna, um dos maiores escritores brasileiros. Natural de João Pessoa (PB), ele foi responsável pela criação do Movimento Armorial, uma organização de artistas em busca da construção de uma música erudita nordestina com raízes populares. Seu amor ao povo brasileiro ficou eternizado em diversas obras, entre elas a peça “Auto da Compadecida”. Se estivesse vivo, Suassuna teria completado 90 anos no mês passado.

Samuel Pinheiro Guimarães

Juan Pablo Bohoslavsky

O senhor Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, ex-presidente do Bank of Boston e por vários anos presidente do Conselho da J&F (de Joesley), de onde saiu para ocupar o Ministério, procura, à frente de uma equipe de economistas de linha ultra neoliberal, implantar, no Brasil, uma série de “reformas” para favorecer investidores, que chamam de “Mercado”. O senhor Henrique Meirelles já declarou que, se o presidente Temer “sair”, ele continua; e todos os jornais repetem isso, com o apoio de economistas variados e empresários, como o senhor Roberto Setúbal, presidente do Itaú. Essas “reformas” são, na realidade, um verdadeiro retrocesso econômico e político e estão trazendo, e trarão, enorme sofrimento ao povo brasileiro e grande alegria ao “Mercado”. Enquanto crucificam o povo brasileiro, o debate político fica centrado na corrupção, desviando a atenção da classe média e dos moralistas. O tema verdadeiramente importante é a ofensiva conservadora das classes hegePrograma econômico mônicas, aqueles que é o inimigo ganham mais de 160 salários mínimos por mês (cerca de 160 mil reais) e que são cerca de 70 mil pessoas. Eles constituem, em seu conjunto, aquela entidade mística que os jornais e analistas chamam de “Mercado”. De outro lado, o povo: 53 milhões de brasileiros que recebem o Bolsa Família, cuja renda mensal é inferior a 182 reais; as dezenas de milhões com renda inferior a 2.500 reais por mês; os 61 milhões que estão inadimplentes, com seus crediários; os 14 milhões de desempregados; etc O programa econômico de Henrique Meirelles é o verdadeiro inimigo do povo! É preciso lutar com todas as forças contra este programa de “retrocessos” disfarçados, cinicamente, de reformas a “favor” do povo!

Nos últimos anos, mais de 130 países embarcaram em reformas de políticas e leis trabalhistas pró-austeridade, com a finalidade de superar contextos econômicos recessivos ou prevenir crises financeiras. Essas reformas comumente consistem no congelamento ou redução dos salários, na ampliação da jornada de trabalho, na imposição de contratos precários, na limitação de seguros por acidentes ou doenças trabalhistas, na facilitação das demissões e na redução do quadro de funcionários públicos. Também se incluem as reformas que atingem os sistemas de negociação coletiva, por exemplo, restringindo o alcance dos acordos e rebaixando o nível da negociação. Há alguma evidência de que a situação dos trabalhadores, dos desempregados, ou da economia, em geral, melhore graças ao enfraquecimento dos direitos trabalhistas coletivos e individuais? São muitos os caReforma trabalhista sos em que tais repiora economia formas contribuíram para um aumento da desigualdade, da precarização e informalização do emprego, fomentando a discriminação no mercado de trabalho contra mulheres, jovens, idosos e outros, ocasionando a redução da proteção social dos trabalhadores. Por exemplo, durante a aplicação do programa de ajuste estrutural no México, observou-se que o salário médio das mulheres diminuiu em maior medida que o dos homens. E as demissões no setor público e a privatização de empresas de propriedade estatal costumam afetar o emprego das mulheres de forma desproporcional, assim como aconteceu na Índia e em muitos outros países. As reformas trabalhistas promovidas pelas políticas de austeridade não contribuem para a recuperação econômica. Veja íntegra em brasildefato.com.br

Samuel Pinheiro Guimarães é embaixador e ex-secretário-Geral do Itamaraty, de 2003 a 2009.

Juan Pablo Bohoslavsky é especialista independente sobre a Dívida Externa e Direitos Humanos da ONU.

Fora Meirelles! O inimigo do povo!

Em qual país a reforma trabalhista teve resultado?


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BRASIL

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Condenar Lula sem provas é um ataque à democracia, dizem especialistas POLÍTICA Cabe recurso da decisão, e Lula, que lidera as intenções de voto, promete se candidatar à presidência em 2018 Ricardo Stukert

Da redação

O

primeiro dos casos que têm o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como alvo na operação Lava Jato – relacionado ao “tríplex do Guarujá” – teve sua sentença na quarta (12). O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação em Curitiba (PR), condenou Lula a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-presidente era acusado pelo Ministério Público Federal de receber R$ 3,7 milhões em propina referente a três contratos entre a empreiteira OAS e a

Petrobras. Um apartamento triplex no Guarujá (SP) seria supostamente entregue como parte dessas negociações. Os procuradores pediram a condenação do ex-presidente à prisão, em regime fechado, e o pagamento de multa de R$ 87 milhões.

Candidatura não está impedida Cabe recurso da decisão. Se ele for inocentado na segunda instância, pode concorrer a cargos públicos. Mas, se a condenação se repetir, Lula não poderá disputar as eleições presidenciais de 2018, por conta da Lei Fi-

cha Limpa. Hoje, Lula lidera todas as pesquisas de intenção de voto para 2018. Em pronunciamento público, Lula criticou a atuação do juiz Sergio Moro e da imprensa comercial e afirmou que irá se candidatar a presidente da República novamente: “Senhores da ‘Casa Grande’, permitam que o povo da ‘senzala’ faça o que vocês não têm competência para fazer”. “Julgamento político” A investigação não conseguiu concentrar material que prove que Lula fez uso do triplex ou o receberia. Pesquisadores, advogados e organizações sociais chamam a situação de “julgamento po-

lítico”, em que a Justiça estaria condenando o ex-presidente apenas por discordar dele. “Essa condenação é um atentado contra a democracia brasileira, que já era atrasada e vem se degradando desde o primeiro ato do golpe parlamentar”, disse o professor de Ciência Política da Unicamp, Armando Boito. A Frente Brasil Popular – que reúne centenas de organizações – convocou atos em São Paulo, Brasília, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre assim que a condenação foi divulgada. Movimentos marcam um dia nacional de atos em solidariedade a Lula para o dia 20 de julho.

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BRASIL

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Reforma empobrecerá população e aumentará lucros RETROCESSO Desemprego, informalidade e diminuição dos salários estão entre as consequências da reforma trabalhista Geraldo Magela / Agência Senado

Cristiane Sampaio e Fania Rodrigues

C

om 50 votos a favor, 26 contra e uma abstenção, a proposta de reforma trabalhista foi aprovada no Senado Federal na terça-feira (11). O texto foi sancionado pelo presidente não eleito Michel Temer (PMDB), na quinta (13). O PLC 38/2017 altera mais de 100 trechos da Consolidação das Leis do Traba-

Jornada poderá ser de 12 horas

As senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB), Lídice da Mata (PSB) e Gleisi Hoffmann ocuparam a mesa do plenário

lho (CLT). O texto é o mesmo que foi aprovado pela Câmara dos Deputados, em abril. “A reforma é para precarizar as relações de trabalho e ampliar o lucro dos empresários”, ressaltou o se-

nador Humberto Costa (PT -PE). PT, PCdoB, PSB, PSD, PDT e Rede orientaram seus senadores a votar contra o PLC. Já o PMDB, PSDB, PP, PTB, PRB e DEM estão entre os

partidos que orientaram as bancadas a votaram a favor da reforma. Os três senadores mineiros, Aécio Neves, Antonio Anastasia e Zezé Perrella votaram a favor da reforma trabalhista.

Protestos No início da tarde do dia 11, em meio aos protestos de sindicalistas e senadores da oposição, a votação foi suspensa. As senadoras oposicionistas Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lídice da Mata (PSB-BA) ocuparam a mesa do plenário e impediram a continuidade da sessão e, em reação, Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado, desligou os microfones e apagou as luzes. “O Senado está se desmoralizando frente à opinião das trabalhadoras deste país”, criticou a Lídice da Mata (BA).

Algumas medidas aprovadas E

ntre os pontos mais criticados da reforma está o fato de que as negociações coletivas prevalecerão sobre a lei. Além disso, a jornada de trabalho e o tempo de intervalo, como o de almoço, por exemplo, poderão ser negociados. A reforma trabalhista propõe ainda novos tipos de contrato de trabalho, como a modalidade de trabalho intermitente, por jornada ou hora de serviço, e o home office. Além dos pontos já mencionados, veja outras medidas que favorecem empresários e prejudicam os trabalhadores em geral e, as mulheres em particular:

1. Grávidas e lactantes poderão traba-

lhar em lugares insalubres. Fica permitido que mulheres grávidas ou que estão amamentando trabalhem em lugares insalubres de grau médio e mínimo. Nos locais insalubres, as trabalhadoras terão contato com produtos químicos, agentes biológicos, exposição ao calor e frio intenso e outros.

3. Mulheres deixarão de ter direito a descanso. O PLC revoga o artigo 384 da CLT. Na prática, acaba com o direito de a mulher descansar 15 minutos, como previsto hoje, antes de começar uma jornada extraordinária, ou seja, a hora extra. No passado, o STF decidiu que esse dispositivo é constitucional, devido à dupla jornada de trabalho das mulheres.

5. Trabalho intermitente. Nesse tipo de trabalho, o empregado não tem vínculo com a empresa, nem horário certo, mas fica à disposição do patrão 24h por dia e só recebe as horas trabalhadas. Por exemplo: quando a empresa chamar, a pessoa trabalha 4h. Se não voltar a chamar, o trabalhador só receberá por essas 4h. E não haverá rescisão de contrato, férias, décimo terceiro. Sindicatos classificam essa jornada como a “escravidão do século 21”.

2. Assédio moral e sexual será precificado de acordo com condição social da vítima. Caso esse crime seja cometido pelo patrão, a vítima será indenizada de acordo com o salário que ela recebe. As trabalhadoras que ganham menos ficarão mais vulneráveis. “Assim, sairá mais barato assediar as trabalhadoras do chão de fábrica”, explica a senadora Gleisi Hoffmann.

4. Trabalho de 12 horas seguidas por dia. O texto aprovado permite que o trabalhador possa ter jornada de 12 horas e descanso de 36 horas, quando a legislação brasileira hoje estabelece jornada máxima de 8 horas. Levando em conta que o patrão tem muito mais poder na hora de negociar, o trabalhador ficaria exposto a jornadas exaustivas que podem comprometer sua saúde.

6. Justiça do Trabalho perde força. Sem esse instrumento para equilibrar os poderes do trabalhador e do padrão nas relações trabalhistas, prevalecerá o interesse patronal. 7. Enfraquecimento dos sindicatos. As entidades perdem em termos financeiros com a retirada abrupta do imposto sindical.


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ECA 27 ANOS. A GARANTIA QUE CRIANÇAS E ADOLESCENTES CONTINUEM SONHANDO E, ACIMA DE TUDO, REALIZANDO. O Estatuto da Criança e do Adolescente é um conquista de todos. Ele garante a proteção e a cidadania de nossas crianças e adolescentes e, com isso, fortalece a família e a sociedade. O Governo do Estado de Minas Gerais acredita que o ECA é um importante instrumento de desenvolvimento social e investe em ações que valorizam e asseguram todos os direitos para todas as crianças.e adolescentes do estado.


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ENTREVISTA

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“Somente na liberdade democrática a gente se realiza” PARADA LGBT Além de celebração no dia 16, jornada pela cidadania conta com atividades ao longo do mês Larissa Costa / Brasil de Fato MG

Joana Tavares

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rente ao avanço de pautas e discursos conservadores, a 20ª Parada do Orgulho LGBT responde com ousadia e traz o tema “Família e direitos: nossa existência é singular, nossa resistência é plural”. Responde ainda à crítica de ser “só um evento”, e recheia o mês de julho com dezenas de debates, exposições, shows, intervenções, rodas de conversas e encontros, na 4ª Jornada pela Cidadania LGBT. No meio disso, no domingo (16), com concentração às 11h na Praça da Estação, a Parada promete reunir milhares de pessoas na luta por direitos e por democracia. Nesta entrevista, o educador Azilton Ferreira Viana, presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (Cellos-MG), fala sobre os desafios da luta LGBT hoje. Brasil de Fato MG – Por que a Parada escolheu o tema da família neste ano? Azilton Ferreira Viana Ao contrário do que se diz contra os LGBT, nós somos muito família. Na maioria das vezes, é sempre o filho gay, a lésbica, a travesti, que está ali com a mãe e o pai. Nós vamos celebrar 20 anos de parada. São 20 anos nas ruas pedindo direitos, clamando por cidadania, e ainda não conseguimos a plenitude disso. Acima de tudo, estaremos afirmando a democracia. Nunca foi tão necessário ocuparmos as ruas. Este é um momento crucial para o movimento LGBT. Vamos para a parada num misto de luta, reivindicação, mas também com uma consciên-

O processo de invisibilização é sistemático” cisamos chamar a comunidade LGBT para ir para luta para garantir a democracia. Porque somente na liberdade democrática a gente se realiza. “Ao contrário do que se diz contra os LGBT, nós somos muito família”

Quando saímos dos guetos, incomodamos” cia clara de necessidade de fortalecimento do processo democrático. O processo de construção da parada inclui também uma série de atividades, ao longo de todo o mês de julho. Qual o objetivo? Sempre acusaram as paradas LGBT de serem um ‘carnaval fora de época’, micareta, como se as pessoas só quisessem diversão, farra. É isso também. Nós celebramos nossas singularidades, e isso se expressa inclusive no corpo. Mas não é apenas isso. Estamos na quarta edição de uma jornada de cidadania LGBT com uma série de debates. Neste ano, todos os debates perpassam o tema da família. A parada é um momento, dentro da jornada. Por que há tanta dificuldade em acessar dados em relação à população LGBT?

Há uma subnotificação de casos de violência. Para nós isso é muito sério. O processo de invisibilização é sistemático. Aqueles que defendem a pretensa família, heteronormativa, composta por homem e mulher, alegam que nós queremos destruir a família. Pelo contrário: veja o alto índice de casamentos de LGBT depois que foi permitido, e a própria adoção de crianças. Mas nem esses dados conseguimos acessar direito. E ainda lamentamos muito a violência, as mortes. E o pior: as pessoas LGBT são assassinadas duas vezes, devido à impunidade. E muitas vezes se constrói a narrativa de que a vítima é a vilã, a culpada. Gostaria de falar sobre outras coisas, além de morte e violência, quero falar sobre emprego, sobre renda, sobre educação, sobre cidadania, sobre universidade... mas se não temos a garantia mínima, da vida, como vamos falar de outras coisas? Quais os principais desafios para a população LGBT em Minas atualmente? A gente começa a perceber um ensaio, ainda que tí-

mido, de políticas públicas, como a criação da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac). É uma tentativa de pensar um conjunto de ações como política pública. Mas ainda está tímido, porque o conservadorismo se apropriou muito do Legislativo. Nos preocupamos tanto com o Executivo, que esquecemos o Legislativo. E hoje corremos o risco de perder garantias que conquistamos lá atrás, há mais de uma década. Só que as pessoas às vezes não lembram como foi difícil, quais foram as lutas necessárias para essas conquistas. Estamos vivendo um retrocesso civilizatório. É difícil visualizar um processo pacífico no curto prazo. É preciso continuar fazendo o que a gente fez: ocupar as ruas, lutar com alegria, com nossas cores, com nossa diversidade, pela democracia. Isso que está em jogo hoje. Pre-

Estamos vivendo um retrocesso civilizatório”

Está crescendo entre a população LGBT a percepção de que a luta específica está ligada a uma pauta maior, de concepção de sociedade, de país? A parada é construída coletivamente, aberta a quem quiser participar. Muitos jovens dizem que estão preocupados com o que está acontecendo no país e querem contribuir. Claro que há diferenciações entre as demandas dos gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais, mas uma coisa nos unifica: o conservadorismo religioso se fundamenta na ideia de que nós, todos nós, temos que ficar invisibilizados, nos espaços demarcados pra nós, nos guetos. Quando a gente começa a sair dos guetos, vai para as universidades, para o mercado de trabalho formal, isso incomoda. Porque nós somos a subversão do modelo vigente. Por isso a luta é tão importante. E essa parada vai bombar este ano.

Leia a matéria completa no www.brasildefato.com.br


12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 14 a 20 de julho de 2017

Amiga da Saúde

Nossos direitos Reforma Trabalhista é pior do que você pensa Aprovada no Senado na quarta-feira, a reforma trabalhista traz inúmeras alterações na proteção do trabalho. Dentre elas, destacase a prevalência do negociado sobre o legislado, ou seja, o combinado com o patrão, mesmo que não garanta todos os direitos, será permitido. A reforma cria também o contrato intermitente, conhecido como contrato zero-hora, no qual o empregado é chamado para trabalhar de acordo com a necessidade da empresa e é remunerado tão somente pelas horas efetivamente

trabalhadas, sem uma garantia de jornada diária e de salário mínimo mensal. A reforma permite também a rescisão do contrato por acordo, no qual o trabalhador dispensado da empresa recebe apenas a metade da indenização do FGTS e do aviso prévio, pode sacar somente 80% dos depósitos feitos no seu FGTS durante o contrato e perde o direito de se habilitar no programa do seguro-desemprego. Essas são apenas algumas das alterações da reforma que é um golpe contra nossos direitos.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.

Bom dia! Fiquei sabendo que agora existe uma anestesia inalatória para mulheres em trabalho de parto. Como isso funciona? Vanilde Moreira, 48 anos, empregada doméstica. Cara Ivanilde, trata-se de uma novidade que está começando a ser testada no Brasil. É o óxido nitroso, um gás que, quando inalado, provoca vontade de rir. Por isso é conhecido como gás hilariante. Dessa forma, ele alivia as dores durante o trabalho de parto. A própria mulher controla a quantidade que quer usar, e o gás não causa problema nenhum ao bebê

ou à mãe. Ainda é pouco conhecido pelos profissionais e pela população brasileira, porém bastante utilizado na Suécia, Inglaterra e Canadá. O uso do óxido nitroso já está sendo feito no Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, e em uma maternidade do Rio de Janeiro. A avaliação das mulheres que utilizaram tem sido muito satisfatória.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

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Perdão de dívidas pode comprometer receita futura

Mesmo com Estado em situação de calamidade financeira, governo de Minas anuncia perdão de parte do principal e de até 100% de juros e multas de dívidas tributárias

Projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais no dia 1º de junho estabelece mecanismos que facilitam o pagamento de dívidas tributárias com o Estado. Proposto pelo governador Fernando Pimentel, o PL 3.397/2016 tem alegadamente o objetivo de aliviar a grave crise financeira que o Estado enfrenta. Ao mesmo tempo, para minimizar o impacto imediato sobre as contas públicas, o governo propõe aumentar a alíquota do ICMS de vários itens. Entretanto, a medida está longe de promover a recuperação financeira de Minas. Trata-se de mero paliativo que, na prática, servirá, em sua maioria, aos interesses de mau pagadores e sonegadores, que serão contemplados com o perdão de suas dívidas. Abrir mão de débitos, que, em 2016, somaram quase R$ 70 bilhões, soa paradoxal num Estado que alardeia grave crise financeira e alega não ter dinheiro sequer para pagar os servidores de maneira integral e em dia. Ainda mais nocivas que essa renúncia de receita para os cofres públicos são as medidas compensatórias propostas pelo governo. Combustíveis e outros produtos e serviços terão suas alíquotas do ICMS aumentadas. O imposto sobre a gasolina, por exemplo, sobe de 29% para 31% e, sobre o álcool, de 14% para 16%, elevações que certamente se refletirão nos preços ao consumidor. Ou seja, enquanto o Estado faz cortesia com os contribuintes devedores e com os detentores de benefícios fiscais, o consumidor é novamente chamado a pagar a conta. O perdão fiscal concedido agora pelo governo de Minas na forma de anistia, remissão e moratória irá compro-

meter a receita futura do Estado, além de incentivar a inadimplência, beneficiando o mau pagador e prejudicando o bom contribuinte. O projeto de lei inclui medidas que deixam margem para dúvidas quanto à verdadeira intenção da proposta. Difícil explicar, por exemplo, a autorização para remissão – na prática, perdão – do crédito tributário referente à gasolina de avião. Que tipo de contribuinte se beneficiará de tal decisão? A possibilidade de pagamento da dívida com obras de arte também é criticada pelo sindicato. Quem fará a avaliação das obras? O projeto aprovado pela ALMG será ineficaz do ponto de vista da recuperação da receita. Analisando o perfil da dívida ativa mineira no ano de 2014, data do último relatório divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado com o detalhamento da movimentação qualitativa da dívida tributária, percebe-se que, de um total da dívida de R$ 40, 5 bilhões, R$ 8,3 bilhões referem-se a tributos, R$ 10,6 bilhões a multas e R$ 21,57 bilhões a juros. Os tributos, portanto, representam apenas 20% do total da dívida. Com a renegociação, dos R$ 40,5 bilhões da dívida ativa apenas R$ 666 milhões foram baixados, ou seja, apenas 1,64%, um índice de liquidez baixíssimo. A modalidade de extinção, que representou 78,7%, refere-se às decisões judiciais. Essa realidade tende a se repetir em 2017. Em 2016, conforme consta no site da SEF/MG, o saldo da dívida ativa era de R$ 69,2 bilhões, havendo mais de 385 mil processos tributários em aberto, seja na fase administrativa ou inscritos em dívida ativa. Estima-se que somente R$ 14 bilhões referem-se a tributos, 98,1% dos

quais relativos ao ICMS. Como o Estado está anistiando quase o total de juros e multas, é uma parcela muito pequena que será recebida. Além disso, o perdão de 90% dos juros da dívida tributária é contraproducente, porque a aplicação de juros é uma forma de correção do crédito tributário. Ao se conceder uma anistia de tal envergadura, não se repõem nem as perdas inflacionárias que se acumularam no período. Vender a ideia de que, com o perdão fiscal, vai entrar dinheiro suficiente no caixa do Estado para cobrir as lacunas do orçamento é iludir a sociedade. O Sindifisco-MG volta a enfatizar que não existe solução fácil para problemas difíceis. Para resolver a crise financeira de Minas de forma duradoura, é preciso coragem para contrariar interesses de grandes contribuintes, revendo os privilégios concedidos na forma de benefícios fiscais, e disposição para investir no combate à sonegação de tributos. Em 2017, os benefícios fiscais privarão o Estado de R$ 13,8 bilhões, enquanto, no mesmo ano, a sonegação de tributos em Minas ultrapassará os R$ 16 bilhões. É preciso, também, mudar a tributação de vários setores que não recolhem praticamente nada, como é o caso da mineração e do agronegócio. Se aplicadas com o devido rigor e coragem, essas iniciativas podem colocar as finanças nos trilhos novamente. Mas, para isso, é necessário ter vontade política.

sindifiscomg.org.br


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13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas

por Rosilene Dotta

Biscoito de Nata com Goiabada

CAÇA-PALAVRAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Esmeralda A esmeralda pertence à família dos BERILOS e é a quinta pedra PRECIOSA mais VALIOSA do mundo, seguindo o diamante, o rubi, a alexandrita e a safira. Essa gema sempre foi apreciada pela NOBREZA. As primeiras foram encontradas há cerca de cinco mil anos, no Egito. Sua qualidade e VALOR dependem da cor, que pode variar do VERDE pálido ao INTENSO, passando por tons de azul ou amarelo. As mais caras são aquelas cujo verde é bem forte e a pedra, CRISTALINA. No Brasil, a principal mina de ESMERALDAS está localizada na Bahia, na serra da Carnaíba. Ao longo da História, a esmeralda também foi utilizada, e continua sendo, como AMULETO para PROTEGER os viajantes e auxiliar na cura de INFECÇÕES. Diz a lenda que Cleópatra usava uma dessas PEDRAS por acreditar que ela possuía poder REJUVENESCEDOR.

I K S V K C K P E D R A S Z

M X G N O B R E Z A K R K J

I S W C T W V V A L I O S A

N C R I S T A L I N A M B E

A F M X B Y C J T I Z M S T

S P R O T E G E R H L M V S

P R O D U T O R E S E N S E

I Y X H W V V V Y R R V V Õ

J N B I T B N J A F O T J Ç

I S T R J W D L J K D X C C

Z T R E D G D B G R E T H E

H N A S G T T C T B F

ilustração: amorim

Na América do Sul, Colômbia e Brasil são os maiores PRODUTORES de esmeraldas. Na África, vários países contam com excelentes MINAS, além da Rússia e dos Estados Unidos.

S S M X P J S N S N

D Y O Y R V E B O I

J L Z E E R N Z T T

F Z J R C L E X E H

V R D M I N V W L Y

A E V K O K U M U H

L D D F S I J T M I

O J L H A G E Z A N

R G R H J B R H R X

Y T S O L I R E B I

Ingredientes • • • • • • • •

14 colheres de farinha de trigo branca 1 colher de sopa de margarina 2 colheres de sopa de nata 4 colheres de açúcar cristal 2 ovos inteiros 1 colher de sopa de fermento em pó 1 pitada de sal Goiabada a gosto

Preparo

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Solução M I N A S P I C P R N R R O T N I O D E O S T U N S B T E T A S R A G O D P E V L E R L E Z A I R E A P D A L N S R R I A E R O D E C S A O M S S S A E S E Õ Ç C E F N

1. Misture todos os ingredientes, exceto a goiabada, em uma bacia até que a massa fique no ponto de enrolar. Dica: Siga a ordem dos ingredientes. 2. Abra a massa com um rolo até que fique com uma espessura de 0,5 cm. Corte em quadrados de 5 cm. 3. Corte a goiabada em retângulos de 3 cm, coloque-os na diagonal dos quadradinhos e junte duas das pontas da massa sobre a goiabada. 4. Leve ao forno pré-aquecido por 30 minutos ou até que fiquem corados.

V A L O R E O D S R O R E C I O S A L V I E N E V U J E R R E E L U M A B

O T I

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 14 a 20 de julho de 2017

34 anos de cultura popular no Vale do Jequitinhonha

Mostra Conceição Evaristo

Netum Lima / Divulgação

FESTIVALE De 23 a 29 de julho, Felício dos Santos recebe 10 mil pessoas Divulgação

Entre os dias 19 e 23 de julho, acontece em BH a II Mostra Conceição Evaristo. A programação, que é recheada de debates, rodas de conversa e saraus, pretende discutir o protagonismo das mulheres negras no Brasil por meio da produção literária da escritora. A mostra faz referência ao dia 25 de julho, marco internacional da luta e resistência da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. Mais informações em https://goo.gl/B4xKeV. Amélia Gomes

E

m sua 34° edição, o Festival chega à cidade de Felício dos Santos, no alto Jequitinhonha. São esperadas mais de 10 mil visitantes para a festa, que acontece na próxima semana, de 23 a 29 de julho. Mais de 500 pessoas, entre artistas, artesãos e oficineiros vão se apresentar durante o evento. Na programação, oficinas, feira de artesanato e concursos, como o de poesia e o Festival da Canção. Além da programação fixa, a barraca do Festivale tem se tornado atração nas últimas edições. No espaço, um palco aberto para quem quiser se apresentar.

O festival surgiu em 1980 e desde então só não foi realizado três vezes. O evento surgiu a partir da iniciativa de três estudantes universitários da região, que pretendiam mostrar a riqueza do Vale, para além de dados econômicos. Na época a região foi apontada pela ONU como uma das mais pobres de Minas Gerais. Para Ernandes Silva, um dos organizadores, o Festivale traz em sua origem uma cultura de resistência. “O festival nasceu em um contexto de negação de direitos e estamos num momento de ameaça de perda dos nossos direitos. Portanto, é preciso garantir e discutir a nossa resistência através da cultura popu-

lar, que tem um papel artístico e também social”, pontua. Boi de Janeiro Seguindo o percurso do rio, a cada ano o Festivale passa por uma cidade da bacia do Jequitinhonha. Vários municípios já receberam o evento, mas a nascente do festival é a cidade de Itaobim. E é de lá que vem uma das atrações da festa: o Boi de Janeiro e Nega Maluca de Maria Trovão. Há 65 anos, o grupo resgata a cultura popular de Itaobim e atualmente conta com 45 participantes, com idades entre 6 e 90 anos. O coletivo leva o nome de uma moradora da cidade, a Maria de Trovão, que todo ano acompanhava a folia.

Artesanato do Vale do Jequitinhonha

A 18ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha acontece entre os dias 17 e 22 de julho, na Faculdade Ciências Econômicas, no campus Pampulha da UFMG. Os homenageados deste ano são a mestra Adelícia Amorim, Bordadeira de Almenara, e o mestre Paulo Oliveira, Ceramista de Guaranilândia, distrito de Jequitinhonha. A programação é gratuita e conta com oficinas de taboa e bordado, apresentações musicais e exibição de fotos.

15 anos da ZAP 18 Festival de Inverno em Uberlândia

O Festival de Inverno da UFU tem como objetivo promover mais cultura nos campi da universidade e para a população de Uberlândia. A atividade ocorre entre os dias 15/07 e 04/08, com apresentações musicais, artes cênicas e literatura, no Museu Universitário de Arte (MUnA), com entrada gratuita. O MUnA está localizado na praça Cicero Macedo, número 309, bairro Fundinho.

Madama Mohana / Divulgação

Para comemorar 15 anos de arte, luta e resistência, a ZAP18 promove uma festa aberta ao público no sábado (15). A ZAP 18 é um espaço artístico e cultural que se dedica à formação de atores e produz montagens teatrais a partir de técnicas de Bertolt Brecht. A festa será embalada por Dokttor Bhu, Shabê e o DJ Thiago Macedo. Vai ter também venda de tropeiro, bags e camisetas comemorativas. A festa será na sede da ZAP, localizada na rua João Donada, 18, no bairro Serrano, em BH.


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na geral

Brasil fatura prata e bronze em Mundial

Leandro Martins / CPB

O Brasil encerrou sua participação no Campeonato Mundial de Jovens de Goalball, na Hungria, com duas medalhas. No feminino, as brasileiras derrotaram a Alemanha por 2 a 0, na decisão do bronze. Já o time masculino perdeu a final para os EUA, por 7 a 3, ficando com a prata na competição. As duas equipes competiram com paratletas formados nas Paralimpíadas Escolares 2016. O goalball é um esporte praticado por atletas com deficiência visual. O objetivo do jogo é arremessar uma bola com as mãos no gol do adversário. (Com informações do CPB)

Divas do Dom Almir no Torneio do Cerrado A equipe de futsal Divas do Dom Almir, de Uberlândia, realizou diversos pedágios solidários para levantar fundos para o Torneio do Cerrado. A terceira etapa do torneio será realizada na cidade de Morrinhos, em Goiás. O time do treinador Alexsandro Damas faz parte de um projeto social que conta com cerca de 30 jogadoras de diferentes categorias. As atletas relatam dificuldades enfrentadas pelo time, que vão desde a falta de calendário com torneios femininos até o preconceito pelo fato de serem de um bairro da periferia da cidade.

A Savassi é de todo mundo

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ESPORTE

Curto e Grosso Torcida única: um mal necessário?

Blog do Santinha

Luiz Fellipe Fagaráz Ela não acabou com a violência, tampouco melhorou o espetáculo, mas à medida que foi posta em vigor para os clubes paulistas em 2016, posta pelo então secretário Alexandre Moraes, volta à pauta sempre que um confronto entre torcidas ocorre. Nessa semana, não foi diferente. Após as cenas de barbárie ocorridas no São Januário, na partida entre Vasco e Flamengo, tentam empurrar a torcida única como única solução a curto prazo, mesmo contra a vontade de clubes e torcidas. É sabido que cerca de 80% das brigas ocorrem fora do estádio e que, mesmo com a sua adoção, brigas continuam ocorrendo nos arredores ou a quase 50 km do jogo. Até redes sociais são usadas para marcá-las. Mesmo assim, a “única” proposta do Ministério Público é proibir: proíbe a entrada de instrumentos musicais, de bandeiras e até de material escolar. A proibição é um atestado de derrota. A Torcida Mista, por exemplo, foi uma alternativa que deu certo em clássicos gaúcho e baiano, mas, ao invés de se propor uma alternativa diferente, apelam ao imediatismo, tirando um pouco do brilho de um esporte que a cada dia segrega socialmente seus torcedores.

Anúncio Amira Hissa / PBH

Aos domingos, das 7h às 14h, a Prefeitura fecha a rua na Savassi. É o projeto “Savassi da gente”, que abre o espaço público para atividades esportivas, artísticas e de lazer. Como a rua é pública, pode participar qualquer pessoa, de qualquer canto da cidade. Onde: cruzamento das avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo. Quando: 16 de julho, das 7h às 14h

LUTO PELOS DIREITOS TRABALHISTAS Só a luta muda a vida!

Sind-Saúde na resistência contra a barbárie social no Brasil www.facebook.com/SindSaudeMG


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Girafa no topo do mundo

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ocupou o primeiro lugar do ranking de duplistas entre 2015 e 2016. Marcelo, que tem 2,03 metros e altura, é conhecido como Girafa. Ele é considerado um dos melhores tenistas brasileiros em atividade. Sua maior conquista foi o título de Roland-Garros, em 2015.

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DECLARAÇÃO DA SEMANA José Cruz/ Agência Brasil

Divulgação ATP

ineiro de BH, o tenista Marcelo Melo alcançou o topo do ranking mundial nesta quinta-feira (13). Ao lado do polonês Lukasz Kubot, ele conquistou vaga na final de duplas no masculino do torneio de Wimbledon. Eles derrotaram o finlandês Henri Kontinen e o australiano John Peers. O brasileiro já

ESPORTES

“Me desculpem por não dar coletiva ontem. Eu precisava ver o Corinthians derrotar o Palmeiras” Lula, torcedor do Corinthians, um dia após a decisão do juiz Sérgio Moro, que condenou o ex-presidente mesmo sem provas

Gol de placa O Cruzeiro lançou a campanha “Adote um Campeão”, cujo objetivo é incentivar a adoção de crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção, mais de sete mil crianças e adolescentes aguardam adoção, a maioria com mais de cinco anos de idade.

Gol contra O atacante equatoriano Felipe Caicedo, do clube Espanyol, tem sido vítima de agressões racistas na rede. Um grupo de criminosos criou uma campanha no Twitter para apoiar o jornalista peruano Phillip Butters, que chamou Caicedo de “macaco”.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Leo Calixto

A ótima sequência de sete jogos sem perder – incluindo quatro vitórias – não poderia ser fruto apenas de acasos. O elenco, que é superior à maioria dos times da Série B, conseguiu se acertar e transformar as oportunidades em gols. Além disso, Decacampeão merece destaque a defesa: sofreu apenas dois gols nesses jogos. O goleiro João Ricardo, os zagueiros Messias e Rafael Lima e o volante Zé Ricardo estão jogando com muita segurança e bom posicionamento. No ataque, os meias Renan Oliveira, Ruy e Matheuzinho têm sido os mais eficientes, enquanto Luan e Bill ainda estão devendo. É hora de a torcida também começar a fazer sua parte, comparecendo em maior número ao Independência.

Roger Machado gosta mesmo de viver perigosamente. Iniciar uma partida em casa com Fred isolado na frente seria pouco recomendável para qualquer um. E o atacante mal tocou na bola. Entraram Valdívia, Robinho e Rafael Moura. Pra quê? Pra Galo doido! nada. Já são É três derrotas no Independência. Nem é preciso falar no pênalti perdido, o segundo da semana. Aliás, do jeito que as coisas estão, o cobrador vai ser tirado no par ou ímpar ou palitinho. Marcos Rocha penou com Bruno Henrique. Ou seja, mesmo com tantos meias, a cobertura pelo lado direito falhou. Na sequência, tem Atlético-GO, em Goiânia; Bahia e Vasco, em BH. Quem vai ser poupado ou jogado na fogueira? Nossas dúvidas seguirão.

Enfim, engrenamos dois jogosAnúncio com vitória. Ainda sofremos durante as partidas com os erros de passes excessivos na hora de controlar o jogo, mas, após atuações questionáveis, onde o time jogava bem apenas uma parte do jogo, o Cruzeiro voltou a atuLa Bestia Negra ar com consistência. Mano Menezes reclamou das críticas recebidas, alegando que algumas foram injustas. Concordo, mas não podemos esquecer que, para um time com o elenco do Cruzeiro, as atuações devem ser constantes ao longo da temporada. No domingo (16), o Cruzeiro recebe o Flamengo no Mineirão. É uma grande oportunidade para a China Azul empurrar o Maior de Minas e confirmar a escalada na tabela de classificação.


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