Edição 194 do Brasil de Fato MG

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Ísis Medeiros

MINAS

Mídia NINJA

Minas Gerais

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ENTREVISTA

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Ataque à liberdade religiosa

Cobertura de um lado só

Representantes de religiões de matriz africana protestam contra decisão da Justiça de Santa Luzia, que determina horário, dia e como terreiro de Candomblé deve funcionar

Presidenta do Sindicato dos Jornalistas analisa crise da mídia, fala sobre autocensura e defende importância da organização dos trabalhadores

Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017 • edição 194 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com/brasildefatomg

Lava Jato é cartada final para desmonte da indústria brasileira Segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base, o país possui um déficit em infraestrutura equivalente a R$ 3 trilhões. Com 14 milhões de desempregados e a necessidade urgente de voltar a crescer, o governo Michel Temer (PMDB) caminha na contramão do desenvolvimento. Reportagem discute as condições históricas que permitiram a destruição do projeto de desenvolvimento nacional. Desmonte do setor produtivo segue o roteiro dos anos 1990, do governo FHC, que inclui privatizações e enfraquecimento dos bancos públicos, como o BNDES. i brasil 8, 9 Mídia NINJA

CIDADES

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Ocupar, resistir, construir Na Grande BH, morar é um privilégio. Com base na Constituição, movimentos apontam que ocupar é um direito, mas poder público trata luta por moradia como caso de polícia

Divulgação / CURA

Cultura

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Festival de arte de rua Projeto que pinta fachadas de prédios no Centro de BH começa na próxima semana. Ideia é transformar rua Sapucaí em mirante de arte a céu aberto


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

Editorial | Brasil

Eleições diretas para tirar Brasil da crise

ESPAÇO dos Leitores

“Obrigado a todos os guerreiros que estão nas ruas defendendo os direitos do povo brasileiro, contra esse governo golpista do Temer. #NenhumDireitoAMenos #ForaTemer” Nilson Nascimento escreveu na página do Brasil de Fato MG no facebook (facebook.com/brasildefatomg) “O golpe foi para isso também” Augusta Mesquita comenta a matéria “Contratação sem concurso no Ministério Público aguarda apenas aprovação do governo” “ A capa que resume tudo!” Comentou Lara Tatiana Cury,a respeito da capa da edição 193

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Na quinta-feira (20) a Frente Brasil Popular realizou atos em mais de 20 capitais do Brasil. O protesto nacional foi contra o desmonte da Previdência, pela revogação da reforma trabalhista, em defesa da democracia e contra a condenação sem provas do ex-presidente Lula. A condenação de Lula é um atentado contra a democracia brasileira, que já era atrasada, e vem se degradando desde o primeiro ato do golpe parlamentar. Essa condenação busca retirar o partido de base popular do processo eleitoral. Se na semana anterior liquidaram a CLT, retirando direitos sociais, a condenação de Lula retira direitos políticos dos trabalhadores, algo tão ou mais grave.

Condenação de Lula atinge direitos políticos dos pobres Na quarta-feira (19), mais uma sentença do juiz federal de primeira instância, Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, ganhou novo tom de revanche política. Ele ordenou que o Banco Central bloqueie R$ 606 mil, a soma dos bens pessoais de Lula. Vamos fazer uma conta. De acordo com Moro, Lula tem um patrimônio financeiro de 600 mil, acumulados ao longo da vida. Parece que o tal tríplex do Guarujá não entra nessa conta... Além disso, o dito juiz que prega a moralidade da política ganha bem acima do teto constitucional para servidores públicos. Em consulta aos dados públicos do TRF-4, onde trabalha Moro, o jornalista Rodrigo Vianna constatou que, em apenas um mês – julho de 2015, Moro re-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

cebeu um salário bruto de R$ 63.694. Assim, o patrimônio financeiro de Lula, fruto do trabalho de toda uma vida, equivale a menos de um ano de salário do juiz que o persegue. Reformas são desmonte de políticas públicas Os atos têm denunciado as reformas que alimentam a crise econômica, política e social. Se hoje eles divergem entre eles - com a Globo

Moro recebeu mais de R$ 600 mil em um ano pedindo o “Fora Temer”, por exemplo - por outro lado, estão todos unificados no programa, que é radicalmente neoliberal. Esta é a missão do que ainda sobra ao governo Temer (PMDB): encaminhar as tais “reformas” o mais rápido possível. Essas ditas “reformas” – que na verdade são o desmonte de políticas públicas - jogam o peso da crise nas costas dos mais pobres. Depois de tanto retrocesso, o governo agora acena também com uma reforma tributária, além da Previdência social. Mudanças drásticas que podem ser implementadas sem consulta à população. A Frente Brasil Popular, como expressão da unidade das forças progressistas e democráticas desse país, é, nesse sentido, sinal de esperança. É uma Frente que aponta a convocatória de eleições diretas como saída democrática para a crise política. Afinal, como diz a articulação, “o povo deve decidir qual projeto, quais medidas e qual representante quer na presidência”.

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conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Durval Ângelo Andrade, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


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Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

“Eu queria entender se existe um argumento que impeça os cidadãos de dizer com toda força: fora daí, vampirão!”

Muitas crianças e adolescentes estão de férias da escola. O período é bom para dar um tempo dos estudos, aproveitar a folga com os amigos e brincar. Mas, geralmente, não é assim que funciona para toda família. Muitas têm que se adequar para conseguir cuidar dos pequenos.

Sou mãe de duas meninas, uma de 3 e outra de 5 anos. A dinâmica nas férias fica complicada, porque a gente trabalha. Quem entra de férias são só as crianças. Aí tenho que deixar elas com alguém... Sobra pra vó, pra tia, e vamos levando. Simone Rodrigues, faxineira

Tenho três filhas, elas têm 19, 15 e 10 anos. Eu não paro de trabalhar, é de domingo a domingo. E quando chego em casa tem que lavar, passar, cozinhar, cuidar. Mãe não descansa, só quando morre e olhe lá! Mas, graças a Deus, as mais velhas me ajudam a olhar a caçula. Janaína Campos, ambulante

O seu jornal agora também nas ondas do rádio Sintonize! 106,7 fm Sábado 11Hs Domingo 7Hs

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Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

Como fica a rotina com as férias escolares?

GERAL

Divulgação

Cantou a atriz Letícia Sabatella durante vídeo gravado para divulgar o movimento 342 Agora, corrente criada para pressionar as investigações contra Temer. O movimento é apoiado por celebridades com Caetano Veloso, Martinho da Vila, Adriana Esteves, Mateus Solano e mais 80 artistas brasileiros.

Um fio, um sorriso

CAMPANHA Estudantes da UFMG estimulam pessoas a doarem cabelo para a confecção de perucas para pacientes em tratamento contra o câncer. Qualquer pessoa pode doar. No dia 1º de agosto, a equipe da campanha estará no Diretório Acadêmico da faculdade de Medicina (avenida Professor Alfredo Balena, 190, Santa Efigênia, BH) de 14h às 17h. O doador poderá cotar o cabelo com profissionais da L’Oreal ou levar suas mechas já cortadas.

Escola de Arte

Arena / Reprodução

OFICINAS DE GRAÇA Estão abertas as inscrições da Escola Livre de Artes de Belo Horizonte. São 790 vagas para oficinas de dança, circo, teatro, design popular, entre outras atividades. Os cursos são gratuitos e serão realizados nos 17 centros de cultura da cidade. As inscrições vão até o dia 03/08. Para participar, o candidato deve ter idade mínima de 6 anos, residir em BH e preencher o formulário disponível no site http://www.bhfazcultura.pbh.gov.br

Cuidado com a automedicação

INVERNO O tempo esfriou e junto com ele

vêm também as doenças respiratórias. Nessas horas, muitos recorrem aos antigripais e anti-inflamatórios. O problema é que esses medicamentos podem agravar doenças cardiovasculares. Medicamentos vasoconstritores podem elevar a pressão arterial e isso é um risco para hipertensos e cardiopatas. Portanto, a orientação de um profissional é sempre a melhor escolha quando o assunto é saúde.


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CIDADES

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Sem políticas para moradia, famílias encontram alternativa nas ocupações urbanas DIREITOS Na Grande BH, mas de 80 mil famílias têm o aluguel como principal despesa, segundo o IBGE Mìdia NINJA

Wallace Oliveira

N

a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), há um déficit habitacional de mais de 160 mil moradias, segundo o IBGE. O acesso à casa própria é cada vez mais difícil para a população de baixa renda. Cresce o número de pessoas que encontram nas ocupações urbanas uma alternativa à falta de moradia. Embora elas tenham respaldo constitucio-

Mais de 80 mil famílias que ganham menos de três salários mínimos gastam 30% da renda com aluguel

nal, sua luta muitas vezes é tratada como caso de polícia. Única saída Soraia Regimare dos Santos, 40 anos, paga R$ 600 de aluguel por um barracão de cinco cômodos na comunidade Pedreira Prado Lopes, região Noroeste de BH, onde

vive com quatro filhos. Para o aluguel e o sustento familiar, ela conta com R$ 937 do Benefício de Prestação Continuada do filho mais velho, que tem paralisa cerebral. “O principal gasto é com a casa, não sobra quase nada. E eu já morei em lugares onde tinha que sentar no vaso

para dar banho no meu filho, de tão pequeno que era o banheiro”, lembra Soraia, que divide seu tempo entre o cuidado da família, a escola onde cursa a Educação de Jovens e Adultos e as raras oportunidades de trabalho como garçonete. Com o que ganha, é impossível comprar a casa própria. Em situação semelhante, na RMBH, há pelo menos 83.386 famílias, com renda de até três salários mínimos, gastando pelo menos 30% do que ganham com aluguel. Os dados são da Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio (PNAD) de 2014. Além disso, a Grande BH tinha, naquele ano, 17.084 famílias vivendo em domicílios precários – como pontes, barracas, viadutos, entre outros –, 6.104 famílias com três ou mais moradores por dormitório e 54.512 fa-

mílias em coabitação familiar (mais de uma família por domicílio). “Em nosso sistema, a terra e a moradia são tratadas como mercadorias, e seu acesso se dá pela compra ou locação. Uma parcela da população, que não tem renda suficiente, fica excluída”, explica a arquiteta Mônica Bedê. Para ela, esse é um dos motivos para que muitas pessoas venham a morar em favelas, loteamentos ilegais e ocupações urbanas. “A política colocada até o momento, que era o Minha Casa Minha Vida, já não dava conta de sanar o déficit. Essa política se esgotou e o déficit continua aumentando. O que resta às famílias são as ocupações urbanas como alternativa de moradia”, explica o advogado Luis Fernando Vasconcelos, das Brigadas Populares.

Ocupar não é invadir DIREITO Legislação prevê que os terrenos ou imóveis devem cumprir função social Mìdia NINJA

A

s ocupações urbanas surgem da ação de famílias, apoiadas por movimentos, grupos de pesquisa e entidades de direitos humanos, tendo como foco a luta por moradia, em áreas vazias, subutilizadas ou abandonadas. Juridicamente, elas se baseiam no direito à moradia reconhecido pela Constituição de 1988 e no Estatuto das Cidades (Lei Federal 10.257/2001). Por outro lado, o direito à propriedade privada de um terreno ou um imóvel está condicionado ao cumprimento de sua função social. “Se você tem um terreno, você tem que morar nele,

produzir, plantar, fazer alguma coisa nele. Se o seu terreno está abandonado, você não está respeitando a função social da propriedade. Dessa forma, populações

que não têm acesso à casa e ocupam esses locais agem conforme a lei”, analisa Frederico Lopes, professor e mestrando em Educação pela UFMG. Ele estuda as

ocupações Guarani Kaiowá e William Rosa, em Contagem. “O Estado deveria apoiar essas ocupações, pois elas estão resolvendo um problema que o próprio poder público

não está conseguindo resolver”, completa. Em muitos casos, entretanto, o poder público trata as ocupações urbanas como problema de polícia. “Em Minas, já vi policiais fazerem vários despejos ilegais, sem autorização judicial, usando de uma interpretação errônea da lei”, afirma Leonardo Péricles Vieira, dirigente do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). O governo do estado, segundo ele, é responsável por essa situação, na medida em que, além de não avançar na resolução do problema, não impede os abusos policiais.


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MINAS

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Opinião

Congresso é a base do atraso João Paulo Cunha Fora Maia. Não se pode descuidar da busca de união em torno das eleições diretas. Não há saída fora dela para a democracia brasileira. Essa certeza vem sustentada por vários argumentos afirmativos, sobretudo a retomada da soberania popular estuprada pelo golpe, mas tem também um viés preventivo: a defesa contra um congresso incapaz de representar os interesses do país. Grau zero da reconquista da institucionalidade, as diretas são também um desafio para o sistema político. Afinal, como garantir que a vontade popular não vá ser distorcida por uma representação tão perniciosa como a que hoje ocupa o parlamento, tanto na Câmara quanto no Senado? Como em Romeu e Julieta, de Shakespeare, “uma maldição caiu sobre as duas casas”. O país se tornou joguete nessa tragédia. Não é um acaso que as principais representações parlamentares hoje em operação se identi-

É preciso construir desde já as bases para um novo Legislativo fiquem com signos da violência, da concentração de renda e do atraso. Bancada da bala, do boi e da bíblia são grupos que reúnem em seu conjunto uma massa confiável à manipulação, desde que preservados seus interesses próprios. A ideologia, no caso desses deputados e senadores, é apenas uma consequência de seus apetites e de seu preconceito e ignorância. Quem sabe, mesmo premido pela urgência da conjuntura, não seja o momento de começar a construir as bases de um novo Legislativo? O atual já mostrou, em sua maioria, a incapacidade de conviver com princípios democráticos, republicanos e éticos. Preparar a

nova composição significa um trabalho de base, de reconhecimento de prioridades, de construção de candidaturas afinadas com os desafios brasileiros. Em vez de bancada da bala, bancada dos direitos humanos. No lugar da bancada do boi, uma bancada da economia solidária e da agricultura familiar sustentável. Sai a bancada da bíblia para dar lugar à bancada em defesa da liberdade e dos direitos das minorias. Abre-se ainda caminho para bancadas da saúde pública, da educação pública de qualidade, dos movimentos sociais, da diversidade cultural, da nacionalização das riquezas estratégicas. Não basta mais acusar o outro, qualquer que seja ele, do sistema ao mercado; do governo à exploração de classe. A urgência da luta para a construção de um país mais justo indica que é preciso marcar um encontro com nós mesmos. Pode começar como autocrítica – sempre necessária – , mas precisa ter o apetite para conquistar democraticamente os instrumentos de poder. Em todas as instâncias.

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ECA 27 ANOS. A GARANTIA QUE CRIANÇAS E ADOLESCENTES CONTINUEM SONHANDO E, ACIMA DE TUDO, REALIZANDO. O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma conquista de todos. Ele assegura um ambiente sem violência, exploração sexual, trabalho infantil e que respeite a condição de desenvolvimento para todas as crianças e adolescentes. O Governo do Estado de Minas Gerais acredita que o Eca é um instrumento de desenvolvimento social que garante o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade para todas as crianças e adolescentes do estado. O ECA é uma das pautas da Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania implementada através da Coordenadoria Especial de Políticas Pró-Criança e Adolescente.


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MINAS

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Luta por liberdade religiosa DESRESPEITO Justiça de Santa Luzia impõe dia e horário para realização de cultos em terreiro de Candomblé Tânia Rego / Agência Brasil

Raíssa Lopes

epresentantes e praR ticantes das religiões de matriz africana rea-

lizaram um protesto, na terça (18), contra a intolerância religiosa. Vestidos de branco, eles se posicionaram em frente ao Ministério Público e pediram por respeito às tradições da cultura afro -brasileira. O caso que culminou na manifestação diz respeito a uma imposição da Justiça de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que estipula dia, horário e como devem ser realizados os cultos em um terreiro de Candom-

Caso as normas não sejam cumpridas, o terreiro está sujeito a multa diária de R$ 100

blé da cidade. De acordo com as novas regras, a casa poderia executar as atividades somente nas quartas-feiras e em um único

sábado do mês, utilizando apenas um atabaque. Caso as normas não sejam cumpridas, o terreiro está sujeito a multa diária de R$ 100. O documento

Obra que beneficiaria 60 mil pessoas em Uberlândia segue sem previsão de inauguração

proíbe, inclusive, a prática de cultos silenciosos fora das datas. “O que reivindicamos é simplesmente a igualdade de tratamento. A promotoria pública foi preconceituosa, discriminatória. Pensa que é Deus e fala como, quando e a hora que podemos rezar. Estamos lutando por um direito nosso”, afirma a diretora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab), Makota Celinha. Contra a medida, uma reunião foi realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com a presença do Procurador Geral de Justiça

de Minas, Antônio Sérgio Tonet, do secretário de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac), Nilmário Miranda, e representantes das religiões de origem africana. No encontro, Tonet e Nilmário se comprometeram a negociar a suspensão da medida. Além disso, será organizada uma audiência pública com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB -MG) e o Ministério Público para tratar do assunto. O Cenarab também ajuizou uma ação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para barrar a imposição.

Trabalhadores sem-terra ameaçados Geanini Hackbardt / MST

Reproducao / Youtube - TvGilmar

m uma ação protagonizada pelas mulheres, os E mais de três mil hectares de um terreno abandonado há 12 anos pela mineradora MMX, do empre-

Luiz Fellippe Fagaráz

s obras do corredor A de ônibus da avenida Segismundo Pereira, uma das principais da cidade de Uberlândia, seguem sem previsão de inauguração. As obras, que iniciaram em 2015 com um gasto estimado de R$ 25 milhões, fazia parte do

projeto Uberlândia Planejada. Depois de adiar a inauguração quatro vezes, o ex-prefeito Gilmar Machado (PT), promoveu uma “inauguração simbólica”, alegando que o corredor estava praticamente pronto. No entanto, segundo funcionários, ainda faltam alguns itens, como iluminação,

ligação de água e equipamentos de segurança. Justificativa

A gestão do atual prefeito Odelmo Leão (PP) estipulou, no início do seu mandato, o prazo de entrega para março deste ano. A prefeitura não respondeu à reportagem sobre qual a nova data para conclusão das obras.

sário Eike Batista, foram ocupados no dia 8 de março deste ano pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na última sexta (14), os moradores foram notificados pela Polícia Militar de uma ação de despejo, acatada pela Vara Agrária, apesar de existirem três agravos contra o pedido de reintegração de posse. Após pressão e negociação com o governo, a ação foi adiada por tempo indeterminado. Violência no campo

Somente neste ano, os trabalhadores rurais semterra de Minas sofreram quatro atentados. O mais recente dos ataques aconteceu nesta semana, quando houve uma tentativa de incêndio em um acampamento do município de Coronel Pacheco, na Zona da Mata.


Acompanhando

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Foto da semana

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OPINIÃO

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Maxwell Vilela

Na edição 188... Cultura deve democratizar a relação com a cidade, diz Juca Ferreira ... E agora Secretário Municipal de Cultura abre rodas de diálogo com artistas de BH. Nesta semana, Juca Ferreira abriu uma convocatória para artistas, produtores e gestores culturais da cidade. Serão realizados 15 debates, divididos em temas como teatro, circo, música, culturas populares urbanas e tradicionais, gastronomia, entre outros. As rodas acontecem até o dia 16 de agosto. Na edição 184... Mineração atravessa vidas ... E agora Ministério Público Federal pede suspensão da licença de ampliação da mineração da Anglo American, em Conceição do Mato Dentro. O MPF também solicitou a suspensão da audiência pública, prevista para o dia 20, em que a mineradora apresentaria um estudo de impacto ambiental causado pelas atividades já realizadas pela empresa. Segundo o MPF, a suspensão é necessária para que a população consiga analisar melhor o relatório de impactos ambientais apresentado pela mineradora, que contém 3 mil páginas. A recomendação do Ministério Público Federal foi enviada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

A MAIOR PARADA! A Parada do Orgulho LGBT de BH, realizada no dia 16 de julho, bateu seu recorde de público em seus vinte anos. Foram 80 mil pessoas, segundo os organizadores. Uma Praça da Estação completamente lotada e colorida pedindo democracia e igualdade de direitos. Como não ouvir?

Cida de Jesus

Lula condenado: o roteiro de um golpe Dia 17 de abril de 2016, Câmara autoriza a instauração de processo de impeachment contra Dilma. 23 de maio de 2016, divulgados áudios do senador Romero Jucá escancarando pacto para derrubar a presidente e deter avanço da Lava Jato. 31 de agosto de 2016, Senado aprova impeachment e Dilma é afastada do cargo sem ter cometido crime de responsabilidade. Nos capítulos sequentes: Temer mostra a verdadeira face do seu governo, congela gastos públicos em áreas primordiais, entrega bens brasileiros para o capital estrangeiro, corta programas sociais e tenta promover retirada de direitos por meio das Reformas da Previdência e Trabalhista. Mas a conta do golpe ainda não estava fechada, faltava a garantia que a política econômica implantada pelo governo ilegítimo de Michel Temer continuará. Para tanto, protagonizaram na última semana mais um capítulo do golpe: um dia após a aprovação da Reforma Trabalhista no Senado, Lula é condenado sem provas. Uma grande injusEsperança já venceu tiça e um absurdo juo medo uma vez rídico que envergonham o Brasil. Lula é inocente, sua condenação evidencia que se trata de um julgamento de caráter estritamente político numa tentativa de inviabilizar sua candidatura em 2018. Resistiremos! Na certeza de quem está travando o bom combate e de que não caminhamos sozinhos. Vamos juntos dos que acreditam que uma sociedade mais justa é possível. Prova disso é que todas as pesquisas de intenção de votos para as eleições de 2018 apontam a preferência por Lula. Também crescem o número de filiações ao PT, mais de 3 mil desde a condenação. A esperança já venceu o medo uma vez. E com ela, venceu a luta por justiça social. Seguiremos, na certeza de que ela vencerá novamente; somente assim daremos um fim ao retrocesso que assola o Brasil! Cida de Jesus é socióloga e presidenta do PT/MG

Cecilia Angileli, Karen Honório e Roberta Traspadini

Unila: ação e reflexão para a integração regional A atual crise política do Brasil provoca um ambiente de instabilidade, insegurança e dúvidas sobre os direitos e deveres constituídos. Nesse ambiente antidemocrático, alguns sujeitos e espaços apresentam-se mais fragilizados. A Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila) é um desses casos. A criação da Unila, em 2010, materializou uma ideia audaciosa e necessária: formar sujeitos que incidam nos problemas sociais e econômicos da América Latina, a partir de suas áreas específicas (exatas, humanas e biológicas), com uma perspectiva de integração. Situada em Foz do Iguaçu, no Paraná, a universidade conta com quase 3.700 estudantes de diversas nacionalidades, matriculados nos 30 cursos de graduação e 7 cursos de pós-graduação. Os ataques à Unila, realizados por alguns Tríplice Fronteira precisa políticos do Paraná, ser território de pontes são feitos a partir de uma política deliberada de negação de sua função social: a integração latino-americana. A Tríplice Fronteira é um território de pontes. Nesta construção, cumpre à Unila o papel de abrir caminho na produção de um conhecimento includente, propositivo, cheio de tons e cores conforme as nacionalidades que ali se encontram. Por isso e muito mais, a Unila deve ser compreendida na sua particularidade para ser defendida por todos, como produtora de conhecimentos plurais que resultam em outro sentido de integração regional, dos povos. Sua Autonomia Universitária é constitucional e necessita ser respeitada. Leia na íntegra em: www.brasildefato.com.br Cecilia Angileli, Karen Honório e Roberta Traspadini são professoras da Universidade Federal da Integração Latino -americana.


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BRASIL

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Desmonte do setor produtivo segue o roteiro Daniel Giovanaz De Curitiba (PR)

A

suspensão dos contratos da Petrobras com empreiteiras brasileiras, nos últimos dois anos, paralisou vários segmentos da indústria nacional. Entre os mais afetados, estão os setores metalúrgico, naval e de construção civil. Mas como é que a Lava Jato foi capaz de comprometer, em poucos meses, o avanço da indústria nacional? A reportagem do Brasil de Fato ouviu pesquisadores sobre o tema e explica por que a economia do país não conseguiu sobreviver aos impactos da operação, que beneficiou o mercado financeiro internacional.

Histórico Segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, não se pode analisar os impactos da Lava Jato sem compreender o desmonte industrial ocorrido na década de 1990: “O Brasil vinha estruturando sua indústria desde os anos 1930, com Getúlio [Vargas], depois Juscelino [Kubitschek], e uma pequena interrupção entre 1961 e 1963. E os militares [a partir de 1964] retomaram o projeto de industrialização, mantendo o arranjo produtivo institucional entre bancos públicos, empresas estatais e articulação com o setor privado”, relata. “O chamado “milagre brasileiro” se apoiou nisso, até chegar no [Ernesto] Geisel, que cometeu o pecado do endividamento externo”. Para superar o período de instabilidade financeira que sucedeu a ditadura militar (1964-1985), o Brasil adotou o chamado projeto econô-

mico neoliberal. A indústria foi enfraquecida e as portas foram abertas para o capital estrangeiro. “Vendeu-

Operação provocou um impacto semelhante ao dos anos 1990, período de consolidação do neoliberalismo no Brasil se a ideia de que era preciso abrir a economia e diminuir o papel do Estado, através das privatizações”, critica o economista. Esse rompimento se deu nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e pode ser traduzido em números: “Se, no final dos anos 1980, a indústria tinha quase 25% de participação no PIB [Produto Interno Bruto], hoje tem 9%. E isso não foi revertido

no governo Lula”. Ou seja, o efeito da Lava Jato foi ainda mais devastador porque o Brasil sequer havia se recuperado da destruição causada pelo projeto neoliberal, 20 anos antes. Mau negócio Entre as empresas privatizadas na década de 1990, está a mineradora Vale do Rio do Doce. Ela foi vendida por FHC por R$ 3 bilhões e, 14 anos depois, tinha um valor de mercado estimado em R$ 300 bilhões. Nos últimos três anos, o fantasma das privatizações voltou a assombrar aeroportos e companhias de saneamento em todas as regiões do país, com a falsa promessa de tirar os estados do vermelho. “Foi uma perda de oportunidade”, resume o doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Caio Bugiato, sobre aquele período. “Tínhamos finalmente uma democracia, uma Constituição cidadã, com vários

direitos sociais garantidos, mas a política econômica, que poderia gerar empregos e desenvolver o país, foi rompida”. Bugiato aponta que, durante os oito anos de governo Lula (PT), o investimento na indústria alcançou, em alguns meses, o mesmo patamar dos anos 1980. Porém, não houve uma política de diversificação. “A indústria brasileira se concentra em poucos setores: gás, petróleo, indústria de alimentos, construção civil, e para por aí. Como os investimentos se concentram em grandes monopólios e em estatais, como a Petrobras, nos momentos de crise, como na Lava Jato, toda a economia nacional é afetada”, explica. Falta autonomia Luiz Gonzaga Belluzzo afirma que os esforços realizados nos últimos 15 anos para retomar o caminho do crescimento não foram suficientes. “Quando eu digo que os governos PT fazem parte do período neoliberal é porque não se tocou em

questões fundamentais. Tivemos um movimento de expansão da economia, e os programas sociais melhoraram muito a vida das pessoas. Mas, em termos de indústria, houve certa hesitação”, pondera. “É claro que reconstruir todo o parque industrial não era uma tarefa fácil. Seja como for, o présal poderia fazer esse papel, com o chamado “conteúdo nacional”. A entrega da camada présal para o investimento estrangeiro, além de ser uma consequência direta da Lava Jato, segundo o economista, impede qualquer perspectiva imediata de reindustrialização do Brasil. O que explica os altos índices de crescimento econômico da China, na comparação com o Brasil, é que lá foi possível preservar a autonomia do setor público. “São as empresas estatais chinesas que definem a relação que vão manter

Nos governos PT, houve esforços para retomada do crescimento, mas sem uma política de diversificação da indústria com o setor privado. O que aconteceu na Petrobras, de certa forma, é que se inverteu a relação: as empresas privadas começaram a determinar as políticas da Petrobras. Com o neoliberalismo, houve uma tremenda invasão, no Brasil, do privado sobre o público”, interpreta Belluzzo.


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BRASIL

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dos anos 90: Lava Jato é apenas a cartada final BNDES / Agência-Brasil

Papel do BNDES Segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base, o país possui um déficit em infraestrutura equivalente a R$ 3 trilhões. Com 14 milhões de desempregados e a necessidade urgente de voltar a crescer, o governo Michel Temer (PMDB) caminha na contramão do desenvolvimento. Uma das propostas do presidente golpista é reduzir o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

e Social (BNDES), principal entidade fomentadora de obras e empreendimentos no território nacional. “Foram ventiladas várias possibilidades de se fazer isso [enfraquecer o Banco]. Uma delas, que se concretizou no ano passado, foi a devolução antecipada de R$ 100 milhões referentes a empréstimos do Tesouro Nacional ao BNDES. E a ameaça mais recente é a MP [Medida Provisória] 777, que está em fase de audiências públi-

cas”, afirma Thiago Mitidieri, presidente da Associação dos Funcionários do BNDES. A MP 777 coloca uma série de barreiras para investimento no setor produtivo, encarece os custos de financiamento e aumenta o risco dos empresários, favorecendo a concorrência estrangeira. A tentativa de imobilizar o banco público, segundo Mitidieri, é uma repercussão equivocada da operação Lava Jato.

“Nenhum funcionário do BNDES foi citado por receber vantagens ou favorecimentos”, esclarece. “Mas vivemos um período de destruição da reputação do Banco. É uma questão de oportunismo. Essa campanha coloca a opinião pública contra o banco, favorecendo qualquer proposta de mudança, mesmo que seja contrária ao interesse nacional”. De acordo com Belluzzo, não há saída para a crise do setor industrial sem o fortalecimento do Estado e dos bancos públicos. “O sistema de inovação exige um aporte muito grande de recursos, tanto humanos quanto financeiros. Porque a inovação tem um risco muito grande, e o Estado tem que mitigar esse risco. Eu não estou querendo minimizar, pelo contrário, eu estou exaltando o papel do empresário. Só que, hoje em dia, objetivamente, a articulação é essa”, afirma o economista. Tudo ao contrário do que propõe o governo Temer.

Alternativa A Frente Brasil Popular, que reúne movimentos sociais em defesa da democracia e da classe trabalhadora, lançou há dois meses um documento com alternativas para a política econômica do país. O material, chamado de Plano Popular de Emergência, propõe saídas para o cenário apresentado pelos economistas. O Plano inclui a elevação dos investimentos a 25% do PIB no prazo de quatro anos. Além disso, prevê a suspensão das concessões e privatizações realizadas durante o governo Temer, por exemplo, a venda de ativos das empresas estatais e os leilões das áreas do pré-sal.

Moro determina o sequestro dos bens de Lula

Atos em defesa de Lula e contra reformas

Por determinação do juiz federal Sérgio Moro, o Banco Central realizou o bloqueio de bens do ex-presidente Lula (PT). Foram confiscados R$ 606.727,12, três apartamentos, um terreno e dois veículos - propriedades que estavam listadas na declaração de bens de Lula durante as suas duas candidaturas à presidência, em 2002 e 2006. Na semana passada, Moro também condenou Lula a nove anos e meio de prisão. A fim de reverter a sentença, a defesa do ex-presidente recorreu, mas teve o pedido negado. Caso a condenação consiga ser mantida até o dia 15 de agosto de 2018, Lula estará impedido de disputar as próximas eleições presidenciais.

Pelo menos 20 estados do país tiveram, na quinta (20), protestos em desaprovação à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra as reformas levadas adiante pelo governo de Michel Temer. As mobilizações foram convocadas pela Frente Brasil Popular, que reúne centenas de organizações sociais. A Frente defende o direito de Lula ser candidato e aponta que a convocatória de eleições diretas é a saída democrática para a crise política. “O povo deve decidir qual projeto, quais medidas e qual representante quer na presidência”, diz nota da articulação.


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MUNDO

Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

Venezuela enfrenta conflito interno pela elaboração de nova Constituição CONSTITUINTE Governo aposta em documento como saída para a crise política do país, agravada pela ação de oposicionistas Camila Rodrigues da Silva / Brasil de Fato

O que está por trás dos protestos? Desde que Hugo Chávez foi eleito presidente, em 2002, seu governo fez uma reviravolta na economia venezuelana. Passou a direcionar os investimentos públicos para a efetivação de direitos sociais, em primeiro lugar. A atitude enfureceu empresários nacionais, internacionais e bancos. Desde então, o país vive uma restrição econômica feita por outros países e por empresas nacionais. Nova Constituição A atual Constituição do país foi feita em 1999, escrita pela população e ratificada por

Da redação

A

poiadores do governo de Nicolás Maduro, os chamados chavistas, e integrantes da oposição passaram por um dia de protestos e votações no domingo (16). De um lado, aconteceram as prévias para a realização de uma Assembleia Constituinte, convocada pelo presidente Maduro e que tem o objetivo de encontrar caminhos possí-

Assembleia Constituinte começa no dia 30 de julho veis para superar a adversidade política que vive o país. Compareceram às urnas cerca de 11 milhões de eleitores. Do outro lado, oposicionistas organizaram um plebiscito informal, que pediu

a não realização da Assembleia Constituinte. Compareceram às urnas cerca de 7 milhões de pessoas, segundo os organizadores. No domingo foram noticiados também “guarimbas” feitas pelos oposicionistas, que são espécies de ações com bombas e incêndios.

Mais sobre a Venezuela em: brasildefato.com.br

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Educação, trabalho, reformas, cultura, pesquisa, política e economia. Tudo isso em um só programa!

Tem Base?

Uruguai inicia venda de maconha para uso recreativo O país, que tinha legalizado o consumo e produção da maconha em 2014, passa agora a vender o produto em algumas farmácias. São 16 farmácias em 11 departamentos (que funcionam como estados). As 5 mil pessoas registradas até o momento como adquirentes poderão comprar a substância em vasilhas de 5 gramas a um preço de 187 pesos uruguaios (cerca de R$ 20). Cada um pode adquirir um máximo de 10 gramas por semana e 40 gramas por mês. Com a atitude, o país passa a ser o primeiro do mundo a aplicar um controle estatal sobre a produção, compra e venda de maconha.

ela depois de pronta, em referendo. Esse texto, promete o governo de Maduro, deverá ser a base do novo documento. As eleições para os 545 deputados constituintes aconteceram até o dia 15 de julho. O governo entra agora nas preparações para a Assembleia Constituinte, que se inicia em 30 de julho.

SINDIFES PODCAST

Um Podcast do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino.

Acesse e escute! www.sindifes.org.br


Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

ENTREVISTA

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“É muito importante que o leitor tenha um olhar crítico para tudo que vem da mídia” COMUNICAÇÃO Alessandra Mello fala sobre crise dos jornais, machismo e necessidade de ampliar as vozes na cobertura Charles Duarte da Silva

Joana Tavares

A

pesar de tantas más notícias no cenário da política nacional, Alessandra Mello, repórter com 20 anos de carreira e atual presidenta do sindicato dos jornalistas de Minas Gerais, busca manter o otimismo de quem quer mudar as coisas. Enxerga o crescimento de uma conscientização sobre o papel – e os interesses – da grande mídia entre a população e defende que os sindicatos, mais do que nunca, são ferramentas fundamentais para os trabalhadores terem força para garantir direitos. Brasil de Fato Enquanto repórter, como você avalia a cobertura política dos grandes jornais, especialmente os de Minas Gerais? Alessandra Mello – Eu tenho 20 anos de carreira e acompanho a cobertura com muita preocupação. É uma cobertura de uma voz só, um lado só. Nós, jornalistas, temos que ser plurais em tudo, principalmente na política e, em especial, neste momento em que a gente vive, período de um golpe que retirou tantos direitos. Uma coisa muito reveladora nesse golpe foi a percepção da população sobre como os meios de comunicação funcionam. Todos os grandes conglomerados de mídia eram contra o governo de Dilma Rousseff; todas as ações dela eram tratadas de forma negativa. Quando o Temer tomou o poder, tudo passou a ser visto como positivo, até a economia do país. As pessoas estão percebendo e, aqui em Minas, elas também estão notando o tratamento

Alessandra Mello: “O sindicato é essencial para a vida de todo mundo”

Sofremos uma grande autocensura durante os governos do PSDB em Minas Gerais” que a mídia dá ao Aécio. Essa clareza é importante porque a pauta da democratização da comunicação no Brasil está no mesmo patamar que a da reforma econômica. Enquanto não tiver desconcentração, uma mídia mais democrática, a gente não vai ter democracia. E dá pra sentir isso na prática de redação? Sim, dá, mas não com clareza. Muitas vezes, a orientação não chega diretamente para o repórter, que é o operário, o peão da notícia. Mas chega por meio de orientações, como não dar destaque, escrever um título que não é tão bom, jogar o fato para o final da matéria... Não é que você deixa de dar a notícia, mas escolhe uma nuance mais leve ou mais pesada, dependen-

do do seu interesse. Por isso, acho muito importante que o leitor tenha um olhar crítico para tudo que vem da mídia. E você acha que existe também uma autocensura por parte dos jornalistas? Houve sempre e ainda há. Principalmente com as pessoas que já estão há mui-

Se não mudar, o modelo de ‘jornalão’ vai morrer” tos anos em um só veículo, que sabem como ele funciona, quem pode aparecer e as pautas que são interessantes ou não. Acho que sofremos uma grande autocensura durante os governos do PSDB em Minas Gerais. O jornalista, já sabendo do tamanho da blindagem em cima do Aécio Neves – que está sendo revelada paulatinamente –, ficava desanimado de propor uma pauta, sabendo que ela não ia vingar. E fazer toda uma apuração e saber que lá na frente seria dado um tratamento pífio a uma notícia importante.

Você acha que existe uma crise no modelo de informação? Há uma crise provocada pela nova maneira de fazer jornalismo, porque hoje, de uma forma ou de outra, todo mundo é um pouco comunicador. E o povo disputa o espaço com os meios de comunicação, que ainda não conseguiram perceber que precisam ser menos concentrados, ser plurais. O ‘jornalão’, nesse modelo que conhecemos, de notícias velhas que já vimos em redes sociais, está fadado ao fracasso. Se não mudar, vai morrer. Mas, por outro lado, vemos outros instrumentos como revistas, jornais alternativos impressos surgindo. É muito legal essa questão da mídia alternativa, das pessoas fazendo sua própria comunicação e levando as informações da maneira que acreditam, tratando de questões locais. Isso é o futuro. Há dificuldades para uma mulher ocupar o espaço da presidência de um sinciato? Demais. O sindicalismo ainda é muito machista. Os espaços são majoritariamente masculinos, e as mulheres têm dificuldade para falar. Nas reuniões, sempre são feitos comentários sobre a sua aparência física. E você não vê um homem falando para o outro: ‘ah, que gravata linda’, ‘que cabelo lindo’. O mun-

Enquanto não existir uma mídia mais democrática, não vai ter democracia”

Todos os grandes conglomerados de mídia eram contra o governo de Dilma” do do trabalho é muito dividido hoje, mas a gente não está representada nesse espaço sindical. Além disso, a mulher tem sempre uma jornada a mais do que o homem. Eu, por exemplo, trabalho 7h por dia e sou mãe, tenho minhas tarefas de dona de casa. Por isso existe a dificuldade de permanecer nessa luta. O jornalismo deve ser formado por, mais ou menos, 85% de mulheres, mas elas não estão no comando das redações. Nós avançamos e não podemos negar, no entanto, é uma longa construção até essa garantia dos espaços de poder. Quais são os desafios para o sindicato nessa conjuntura ? É um dos períodos mais difíceis para todos os sindicatos. O sindicato sempre foi importantíssimo para defender o trabalhador, se contrapor aos patrões, conscientizar a categoria, mas agora ele é essencial para a vida de todo mundo. O trabalhador vai precisar caminhar junto com o sindicato para formar uma trincheira de luta. Há uma tentativa de desmonte, de enfraquecimento das mobilizações de todas as categorias de trabalhador. Mas eu sou otimista. Como disse Fidel Castro, quem quer ser revolucionário não pode ser pessimista. Ou seja, quem não se conforma, não pode pensar no pior. Juntos, somos muito fortes e vamos vencer.


12 12 VARIEDADES

Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

Amiga da Saúde

Nossos direitos CNH vencida vale como documento de identificação Se a sua carteira nacional de habilitação (CNH) venceu, não precisa jogar fora: mesmo fora da validade, ela vai servir como documento oficial de identificação. A resolução é do Conselho Nacional de Trânsito e começou a valer em junho. Desta maneira, todos os órgãos da administração pública vão aceitar o documento vencido, assim como bancos, aeroportos, entre outros.

Mas fique ligado: a CNH vencida vai valer como documento de identidade e não como permissão para dirigir. A Lei de Trânsito autoriza o uso da CNH vencida apenas no prazo de 30 dias após a data de validade. Se o condutor desrespeitar o prazo comete infração gravíssima, leva 7 pontos e a multa é de R$ 293,47.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.

Querida amiga, estou há muito tempo com meu namorado e não posso usar anticoncepcionais porque tenho problema de coagulação do sangue. Sempre usamos o coito interrompido e deu certo, mas todos dizem que é perigoso engravidar. É isso mesmo? Lucimara, 29 anos, artesã É isso mesmo, Lucimara. O risco de alguém engravidar com a prática do coito interrompido é grande. É assim porque mesmo antes de o homem ejacular, ele libera um líquido lubrificante que já contém espermatozoide (célula reprodutora masculina). É verdade que esse método reduz as chances da gravidez acontecer porque obviamente a mulher receberá em sua vagina muito menos espermatozoides do que quando o homem “goza dentro dela”. Porém, como o risco

é muito grande, muitos profissionais nem consideram o coito interrompido como método anticoncepcional. Além do mais, ele também não previne os parceiros das doenças sexualmente transmissíveis e pode gerar muita ansiedade no casal pelo risco de não conseguirem retirar o pênis no momento correto. Mais indicado para quem não quer ou não pode usar hormônios é o preservativo (camisinha). Ele é mais seguro, mais saudável e é distribuído gratuitamente pelo SUS.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

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Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas

por Alan Tygel*

Vatapá de Inhame

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Bastão do jogo Comunide sinuca cado (?): Peixe que possui o é deixado formato de enguia no mural de empresas

Lance prolongado, no vôlei

Que não sabem ler nem escrever (?) plana, atrativo das TVs modernas

Prática exagerada no TOC

Opção do eremita, quanto Cavalo ao estilo pequeno de vida

Lavrador Artista como Peninha

Fenômenos que acompanham tempestades

Participar como atleta na maratona

Enfiava O ingresso de estudantes Período fértil de fêmeas Molho baiano feito com camarões Correção Bomba do Projeto Manhattan (EUA) Ter como desenlace ou resultado "Vai (?)?", pergunta do cliente ao dentista Pão de (?), ingrediente de sanduíches

Contração da pupila Gás essencial à vida (símbolo) Comum; trivial

"Quem (?)", sucesso dos Los Hermanos

Esticado Em (?) de: aproximadamente

"As Crônicas de (?)", filme

Tuca Andrada, ator de "Babilônia"

Por que pão velho?

Construíram Chichén Itzá, no México

5/maias — mania — miose. 6/errata — nárnia. 8/lampreia — terminar. 10/ostracismo — penetrante.

Solução T R A L C A C O M P C O R M E M E I O G A A T D O F O R P E N R O

M I A M P O N P O S I O N T A R E R T I A A C I N I T E S O E R M I R O M A S E T R A L A M

A

I L E T E S T O R R I A A M I D O O S S AB E N T N A R A L VO R Õ N T E I A S

BANCO

• Refogar a cebola, o alho e a pimenta-de-cheiro cortados em cubos pequenos no azeite de dendê; • Acrescentar o camarão seco dessalgado em água gelada por cerca de 30 minutos, trocando a água 3 vezes; • Cozinhar o inhame em água com sal na panela de pressão por 15 minutos, reservar; • Levar o refogado ao liquidificador com o inhame, o amendoim, a castanhade-caju e o gengibre picado em pequenos cubos; • Acrescentar um pouco da água do cozimento do inhame, se necessário; • Retornar o creme para a panela, aquecer e servir em seguida.

Foco da atenção no estande de tiro

Adoçante natural de remédios caseiros

1/2 unidade média de cebola; 1 e 1/2 dente de alho; 1 unidade de pimenta-de-cheiro; 1 colher de sobremesa de azeite de dendê; 150 g de camarão seco; 1 unidade grande de inhame; 2 colheres de chá rasas de sal; 2 colheres de sopa de amendoim ou castanha-de-caju; 3 unidades de castanha-de-caju; 1 colher de sobremesa de gengibre.

Modo de Preparo:

(?) Alves, cantor do "The Voice Brasil"

Intenso (fig.) (?) de rir: gargalha

• • • • • • • • • • •

Mira Última letra grega Aranha amazônica que não cria teia Significa "Diadema", no ABCD paulista

Ingredientes

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A famosa receita baiana ou paraense do vatapá é feita com pão dormido ao invés de inhame. Possivelmente, em sua origem popular, trata-se aproveitar restos de pão para baratear o custo. No entanto, normalmente os pães vendidos em padarias convencionais são feitos com pré-misturas e melhoradores vendidos por multinacionais com o Bunge, contendo excesso de sal e açúcar, além de conservantes a até milho transgênico. Além disso, grande parte do trigo brasileiro é importado, e, portanto, seu preço varia conforme a taxa de câmbio. A receita de hoje troca o pão velho pelo inhame - um ingrediente muito mais barato, saudável, e produzido pela agricultura familiar brasileira. * Esta receita foi retirada do livro Alimentos Regionais Brasileiros, do Ministério da Saúde, disponível para download em http://e.eita.org.br/alimentosregionais. * Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

BH vai ganhar mirante de arte a céu aberto

Pra criançada: clássicos do cinema infantil

CENTRO Festival de arte urbana realiza pintura de prédios e apresenta atrações culturais gratuitas Divulgação

A

partir do dia 26 de julho, a cultura de Belo Horizonte fica ainda mais viva. O cinza dos prédios de uma das vistas mais antigas da capital, a da Rua Sapucaí, no Centro, dará lugar às cores do Brasil e da Espanha, construindo um mirante de arte a céu aberto. A iniciativa é do Circuito Urbano de Arte (CURA), um festival de arte urbana que convidou cinco artistas para pintarem quatro laterais de edifícios. Olhadas pelos lados dos arcos do Viaduto Santa Tereza, todas as empenas, como são conhecidas, se encontrarão. Os prédios que receberão os murais são o hotel Rio Jordão, na rua Rio de Janeiro; o Edifício Satélite, na rua da Bahia; o Trianon, na avenida Afonso Pena e o Edifício Central, na avenida dos Andradas. Nesta primeira edição, participam três mulheres e dois homens: a artista mineira Priscila Amoni - uma das idealizadoras -, Thiago Mazza, a espanhola Marina Capdevila e os cearenses Tereza Dequinta e Robézio Marqs, do Acidum Project. “O mais legal nesse projeto é que surgiu de um desejo da cidade, esse lugar que tanto pulsa. Várias pessoas já queriam e tentavam fazer isso. No mundo, os grandes murais são pontos turís-

As férias estão aí e nada melhor do que uma mostra de filmes especial para as crianças. O evento será realizado de 19 a 30 de julho, com 14 filmes para rechear a programação. Em cartaz, clássicos do cinema infantil como “Mogli, o menino lobo”, “As aventuras de Peter Pan” e “Dumbo”. As exibições têm entrada gratuita, com retirada de ingressos meia hora antes de cada sessão. O endereço é Rua Estrela do Sul, n° 89, bairro Santa Tereza, Belo Horizonte. ticos e é um dos nossos desejos”, explica Janaína Macruz, que, junto à produtora Juliana Flores, é também uma das idealizadoras do CURA. O público, além de poder acompanhar a feitura dos desenhos ao vivo, está convidado a curtir as várias atividades culturais e gratuitas que

Viaduto Santa Tereza terá vista privilegiada das pinturas acompanham o projeto. Vão ter shows, DJs, mesas de conversa sobre a história da arte urbana em BH e sobre a realidade das grafiteiras mulheres, sessões de filmes, bazar, dança de rua, visitas guiadas e exposições. A programação completa será liberada em breve. Representatividade Artistas convidados para estrear o CURA, a dupla Tereza Dequinta e Robézio Marqs é de Fortaleza, no Ceará, e marca presença representando o Nordeste do país. Com obras que retratam ao mesmo tempo o cotidiano e o universo fantástico, eles optam pela liberdade da cria-

ção e só terminam uma obra no exato momento da execução. “O Brasil é um país continental, de uma pluralidade muito grande e ela tem que ser reconhecida. Que essa abrangência se consolide”, aposta Robézio. Para Tereza, outro grande ponto do festival é o número de artistas mulheres, que auxilia na igualdade em uma área ainda dominada por homens. “São tantas mulheres incríveis e, muitas vezes, o que falta é um olharzinho, uma curadoria que se atente para essa questão”, ressalta. O CURA será realizado até o dia 6 de agosto. Para saber mais, acesse: www.facebook. com/curafestival.

É hora do FIF-BH

Chega a Belo Horizonte a 3ª edição do Festival Internacional de Fotografia. Em 2017, o projeto apresenta exibições de artistas da África do Sul, Rússia, Argentina e mais oito países. Na programação estão mostras, palestras e workshops sobre o universo da imagem, além de atividades desenvolvidas especialmente para os alunos da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. O FIF acontece entre os dias 26 e 30 de julho, no Memorial Minas Gerais Vale (Praça da Liberdade). Mais informações no site: www.fif.art.br.

1ª Mostra de Cinema Casa Aberta A Mostra, organizada pela “Trupe de Truões”, busca difundir a produção audiovisual independente de Uberlândia e contará com a exibição de 15 produções. Serão exibidas curtas e média metragens, além de exposições temáticas, no período de 26 a 30 de julho. O evento ocorrerá no Ponto dos Truões: Av. Ana Godoy de Souza, 381. Santa Mônica. Entrada franca. Quando: 26 a 30 de julho (Entrada franca) Onde: Av. Ana Godoy de Souza, 381. Santa Mônica – Uberlândia. Mais informações: goo.gl/EDtnZe


Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

na geral

Brasileiras vencem Mundial na China

ESPORTE

Curto e Grosso E as massas, Kalil?

Divulgação / FIVB

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Reprodução de vídeo

Wallace Oliveira

A mineira Ana Patrícia e a cearense Duda Lisboa conquistaram o bicampeonato do Mundial sub-21 de vôlei de praia, na última semana, em Nanquim, na China. Na decisão, elas derrotaram as russas Nadezda Makroguzova e Svetlana Kholomina, por dois sets a 0. Com a conquista, as brasileiras mantêm a invencibilidade em três torneios disputados, com três títulos e 23 vitórias. Ana Patrícia é natural da cidade de Espinosa, no Norte de Minas.

Poder para a torcida! Raphaelrsc

A torcida cruzeirense Resistência Azul Popular (RAP) realiza, no dia 19 de agosto, o seminário “Poder Para a Torcida: por um Cruzeiro Democrático e Popular. O evento pretende questionar o estatuto do Cruzeiro que, segundo os torcedores, faz do clube “um local fechado, arbitrário e elitista”. Participa do debate o torcedor Ivandro Latino, do Internacional, integrante do movimento “O Povo do Clube”. Onde: Centro de Referência da Juventude. Rua Guaicurus, 50. Centro, BH. Quando: 19 de agosto, das 14h as 18h. Informações: goo.gl/kd3J7W

Revezamento Uberlândia/Romaria

Kalil, prefeito de BH e ex-presidente do Atlético-MG, soltou na última semana uma pérola que me fez sentir saudades do tempo em que ele era só um dirigente de futebol. Em entrevista ao El País, o turco falou: “No mundo inteiro, futebol não é coisa pra pobre. Doa a quem doer. Ingresso é caro em todo lugar. Torcida dividida e entrada a preço de banana estragada só existem no Brasil. O Atlético coloca ingresso a R$ 20 e não lota o estádio. Futebol não é público, não é forma de ajuda social”. A declaração é tão elitista, desinformada e bizarra, que não consigo acreditar que o autor seja o mesmo cara que prometeu “governar para quem precisa”. Junto com a frase veio o veto a uma proposta que previa vender 30% dos ingressos a preços populares. Eu queria dizer ao prefeito que, em muitos lugares, os ingressos são bem mais baratos do que em nossas insossas arenas futebolísticas. Os pobres – quem realmente paga impostos neste país – pagaram a construção e reforma do Mineirão e do Independência e, ainda hoje, pagam caro pela manutenção da absurda Parceria Público -Privada com a Minas Arena. E, afinal de contas, o público é importante sim, pois a torcida é o maior patrimônio de um grande clube. Futebol com estádio vazio nem merece ser visto. Excelentíssimo prefeito Kalil, na época em que o Atlético não ganhava nada, você passou anos exaltando a paixão da fanática massa alvinegra, que esteve ao lado do time até mesmo na segunda divisão. Como prefeito, você vai dar as costas a quem sempre lhe deu a mão?

Anúncio PMU Divulgação

Estão abertas as inscrições para a 12ª Corrida de Revezamento Uberlândia/Romaria. A corrida será realizada no dia 29 de Julho, às 5h, na portaria do Parque do Sabiá. As inscrições estão abertas desde o dia 03/07 e são feitas na sede da Futel. O atleta precisa apenas doar um agasalho, que será repassado às instituições de caridade de ambas as cidades. O percurso será feito pelas BR-050 e a MG223, totalizando 130 km que serão divididos em 25 trechos. A corrida possui o número limite de 160 vagas.

PRIVATIZAR FAZ MAL AO

entre os dias 2 e 6 de agosto, trabalhadores da petrobrás de todo o país participarão do XVII congresso nacional da federação única dos petroleiros. Este ano, o mote será ‘privatizar faz mal ao brasil’ - campanha em defesa da empresa que é patrimônio do povo brasileiro.


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Belo Horizonte, 21 a 27 de julho de 2017

Brasileiro é ouro em Mundial de Atletismo

O

paratleta brasileiro Mateus Evangelista conquistou, na quinta (20), o sexto ouro do Brasil no Mundial de Atletismo Paralímpico. Mateus venceu a prova dos 100 metros T37 (para atletas com paralisia cereberal), com um tempo de 11s48. A competição, que é realizada em Londres, conta com a participação de 1.300 atletas, vindos de

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Divulgação / Ponte Preta Daniel Zappe / MPIX CPB

100 países de todo o mundo. (Com informações do Comitê Paralímpico Brasileiro)

Na região do Sul do país é sempre assim. Quando volto aqui, evito ao máximo olhar para a arquibancada, porque, cada vez que olho para arquibancada, vejo ódio na cara das pessoas.

Até o fechamento desta edição, ainda não havia terminado o jogo entre Fluminense e Cruzeiro, pela 15ª rodada do Brasileirão.

Aranha, goleiro da Ponte Preta, vítima de racismo de alguns torcedores gremistas.

Gol de placa O clube inglês Lewes FC resolveu promover a igualdade entre homens e mulheres: tanto para homens quanto para mulheres, o Lewes adotou os mesmos salários, mesmo orçamento, mesmo nível de comissão técnica, equipamentos e estrutura.

Gol contra Alexandre Kalil, prefeito de BH e ex-presidente do Atlético-MG, vetou um projeto de lei que previa a venda de 30% da carga total de bilhetes a preços populares e disse que “futebol não é coisa para pobre”. Kalil é o mesmo que prometeu “governar para quem precisa”.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Leo Calixto

Com a vitória suada contra o ABC, em Natal, o América acumulou nove jogos sem perder. Foram quatro empates e cinco vitórias. Apesar da forçada rotatividade do elenco e da ineficiência do centroavante Bill, o Coelho tem conseguido se impor dentro e foraDecacampeão de casa e está na cola dos líderes. Em 2015, quando subiu para a Série A, o América chegou à 15ª rodada exatamente com 27 pontos e em terceiro lugar. Naquele ano, o time ainda saiu do G4 por um tempo, no início do returno, antes de se firmar de vez entre os primeiros na 29ª rodada. Em 2017, para não passar tanto susto, a equipe precisa continuar aproveitando da melhor maneira possível as oportunidades que aparecem.

A diretoria encontrou a solução para os seguidos fracassos do Atlético no Independência e a campanha sofrível do Brasileiro: a demissão de Roger Machado. Ele até resistiu à pressão. Quem esperaria um desempenho tão decepcionante? Em oito joGalo doido! gos, quatro É derrotas, dois empates e duas vitórias. Em 24 pontos possíveis, só oito conquistados. Vai longe o tempo em que se garantia: caiu no Horto, está morto. O atleticano sofre um sufoco atrás do outro, vendo jogos com o coração saindo pela boca. No fim de semana tem confronto com o Vasco. E, para alívio alvinegro, na quartafeira (26), acontece a segunda partida das quartas-de-final da Copa do Brasil, desta vez (ufa!), fora de BH.

Anúncio Cansada das falhas defensivas em jogos importantes no Brasileirão, a direção celeste trouxe o zagueiro Digão, ex-Fluminense. Digão aumentará a força e estatura da zaga, uma característica que perdemos com as ausências de Manoel e Dedé. La Bestia O zagueiro chega em um Negra momento importante do campeonato, quando o Cruzeiro precisa se firmar de vez na parte de cima da tabela, na virada do turno. Se Digão está chegando, o Ábilão da massa está de saída para o Boca Juniors. Ainda que inconstante em suas atuações, pois não tem a habilidade necessária para cumprir um papel de centroavante mais móvel, Ábila entrou no coração da China Azul com seus gols e deixará saudades em muitos fãs.


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