Edição 195 do Brasil de Fato MG

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Rovena Rosa /Agência Brasil

CIDADES

ENTREVISTA

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População de rua é preocupação em BH

Mulheres negras cientistas

Prefeitura anuncia projetos de novos abrigos e aumento de Bolsas Moradia, porém, sem prazo de entrega. Enquanto isso, o frio aperta e técnicos fazem uma proposta ousada

Elas atravessaram muitas fronteiras do conhecimento, mas o machismo e o racismo esconderam seus nomes. Na semana do Dia Internacional da Mulher Afro Latina-Americana, conheça algumas delas

Minas Gerais

Arquivo

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Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017 • edição 195 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita • facebook.com Divulgação / cemig

Leilão de usinas da Cemig pode trazer prejuízos a Minas

Marcada para o dia 30 de setembro, a venda pode ocasionar no aumento da tarifa de energia e também na falência ou privatização da Cemig. Para defender riquezas naturais, movimentos intensificam luta e criam plataforma que propõe a garantia da soberania nacional, assim como a criação de um fundo para a saúde e educação no estado.

MINAS

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Tudo em casa A Constituição proíbe que parlamentares sejam concessionários de serviços públicos, mas políticos como Aécio (PSDB) e Agripino Maia (DEM) repassam cotas de TV para parentes.

MINAS

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Mundo

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Plantas para voltar à sua mesa

EUA fecham portas para trans, canadenses abrem

Matéria mostra que “plantas alimentícias não convencionais”, algumas vistas como ervas daninhas, podem construir um cardápio saudável

Enquanto Donald Trump diz não a transexuais nas Forças Armadas dos Estados Unidos, na mesma semana, Canadá convida pessoas trans a se alistarem


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Editorial | Brasil

O que eu posso fazer contra os retrocessos?

ESPAÇO dos Leitores “Matéria sobre ocupações urbanas no Brasil de Fato! Na Grande BH morar é um privilégio. Com base na Constituição, movimentos apontam que ocupar é um direito, mas poder público trata moradia como caso de polícia. Ocupar, resistir e construir!” Brigadas Populares comenta a edição 194 do Brasil de Fato MG “No mundo inteiro, pobre não tem lugar. Como gestor público, seu dever é acabar com a pobreza e não se gabar de não fazer parte dela. Acabe com o futebol para combater a pobreza e a ignorância” Escreve Docy Moreira sobre o artigo “E as massas, Kalil?”, que trata da declaração do prefeito, de que futebol não seria coisa pra pobre “Os criminosos da Bancada Evangélica aprovam isto! Agora... o roubo e lavagem de dinheiro de estelionatários e falsários como Macedo, Malafaia, Waldomiro, Feliciano continuam firmes e fortes” Bernard Andrea escreve sobre a matéria “Justiça de Santa Luzia impõe dia e horário para realização de cultos em terreiros de candomblé”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

A sequência de porradas na cara do povo não para: uma presidenta eleita por voto popular foi afastada sem cometer crime, um novo governo começa, com a promessa de arrumar a economia, gerar empregos e – o que mais? Acabar com a corrupção, claro. Pouco mais de um ano depois, o Brasil conta com 14 milhões de desempregados, gasolina mais cara, leis trabalhistas no lixo, o sonho da aposentadoria ameaçado, aumento da fome, corte em programas sociais, em saúde, educação e cultura. E sobre a corrupção: precisa falar? Cada dia um escândalo novo, cada dia mais um poderoso do Congresso envolvido em denúncias de cifras

Povo brasileiro não é passivo milionárias, e cada dia mais sensação de impunidade. Diante disso tudo, o que fazer? É muito comum ouvir ou essa pergunta ou uma reclamação de que “o povo está muito parado” ou que “a esquerda não sabe dar respostas ágeis”. Aliás, esse tipo de comentário é antigo, e se relaciona com outro, bem conhecido: “o povo brasileiro é muito pacífico”. Será que é? Ao longo de toda a história do Brasil, organizaram-se centenas, milhares de focos de resistência. Os indígenas, os negros, as mulheres, os operários, trabalhadores de rua, os e as LGBTs, e tantos outros seguem em luta histórica por seus direitos. É preciso conhecer melhor nossa história para derrubarmos de vez o mito da passividade do brasileiro.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

A luta compensa Outro mito que é preciso derrubar: “não adianta fazer luta, nada muda mesmo”. Além de extremamente desmobilizadora, essa ideia não corresponde à realidade. Exemplos do contrário não faltam. Quem já participou de uma greve, de uma mobilização na escola, de uma ocupação, sabe que apenas em coletivo é possível pressionar quem tem

É preciso sempre chamar mais um o poder para conseguir sua reivindicação. E se não fossem as lutas, não teríamos metade dos direitos que temos hoje e sim muito mais medo de denunciar as opressões. Assim, em um momento tão tenso de ofensiva contra os direitos conquistados, não podemos esperar que alguém faça a resistência por nós. Vale tudo: parar a produção, piquete, greve, protesto, panfleto, debate. Mas o principal é sempre chamar mais um. É nos unirmos aos outros. Participarmos de mobilizações coletivas. Filiarmo-nos aos sindicatos. Fortalecermos as ferramentas de luta que existem. Se elas estiverem mal das pernas, é preciso ajudar a reconstruí-las. Construir novas. Aproveitar o descontentamento e a indignação das pessoas e discutir as origens e consequências do que acontece. Pensar saídas, como poderia ser. É preciso resistir, cotidiana e coletivamente, ao desmonte de um país pelo qual todos somos responsáveis.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatomg correio: redacaomg@brasildefato.com.br para anunciar: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: (31) 3309 3314 / (31) 3213 3983

conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Adriano Ventura, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Cida Falabella, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rogério Correia, Rosângela Gomes da Costa, Samuel da Silva, Talles Lopes, Temístocles Marcelos, Titane, Wagner Xavier. Editora: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Redação: Amélia Gomes, Larissa Costa, Rafaella Dotta, Raíssa Lopes e Wallace Oliveira. Colaboradores: Alan Tygel, Anna Carolina Azevedo, André Fidusi, Bráulio Siffert, Diego Silveira, Fernanda Costa, João Paulo Cunha, Léo Calixto, Luiz Fellippe Fagaráz, Marcelo Pereira, Nadia Daian, Pedro Rafael Vilela, Rogério Hilário, Sofia Barbosa. Revisão: Cristiane Verediano. Administração: Vinicius Nolasco. Distribuição: Felipe Marcelino. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 40 mil exemplares.


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Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Vale a pena perdoar sempre?

Eu acho que o perdão é muito importante. Eu mesma já pedi perdão de algo que eu não tinha culpa e me senti bem mais leve, mesmo sabendo que eu não tinha culpa.

Eu já perdoei e gosto de perdoar. Acho que o perdão é um direito que todo mundo tem que ter, porque todo mundo erra. Eu acho que vale a pena perdoar sempre.

Maria da Conceição de Paula, serviços gerais

Flávia Ernani, manicure

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Declaração da Semana

PERGUNTA DA SEMANA

25 de julho foi o Dia Mundial do perdão, aquela atitude difícil que exige coragem e desapego, mas pode fazer bem à saúde e ao convívio. Para alguns, perdoar é bom em qualquer circunstância. Outros acreditam que há exceções e que não se pode aceitar tudo. O Brasil de Fato MG foi às ruas perguntar:

GERAL

Reprodução

“Eles não têm respeito por aqueles que vivem para trazer beleza para o mundo, para os artistas e para todos os seres humanos que se esforçam para viver com proposito e integridade”

disse Paula Pape, filha da artista plástica Lygia Pape. Paula processa a LG por usar um trabalho de sua mãe em peças publicitárias e tela de fundo de celular. A família negou os pedidos da empresa de usar comercialmente o trabalho de Lygia, que mesmo assim foi usado. Em vida, Lygia nunca comercializou suas peças.

#Bombou na rede

O tweet de Naya Miquett bombou na rede esta semana, ao lembrar de governos anteriores. A brincadeira faz referência às medidas de Michel Temer, que levam o país a altos índices de desemprego e promove o corte de direitos, como a educação universitária.

Biblioteca na penitenciária

A Defensoria Pública de Minas Gerais recebe doações de livros para a construção de uma biblioteca no presídio feminino São Joaquim de Bicas. A intenção da campanha é que as mulheres privadas de liberdade tenham acesso à leitura em seu período de reclusão. Os livros podem ser entregues na sede da Defensoria (Rua dos Guajajaras, 1707, BH), de segunda a sexta, das 8h às 18h.

Inverno animado na UFMG A UFMG completa nesta edição 50 anos de Festival de Inverno. O evento é realizado em todo inverno e conta com diversas atividades culturais gratuitas, como oficinas, minicursos, aulas abertas e shows. Acontece de 28 de julho a 5 de agosto, no campus Pampulha da UFMG. Mais informações ufmg.br/festivaldeinverno


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CIDADES

Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Casas vazias seriam solução para moradores de rua DIREITOS Especialistas apontam que política de ampliação de abrigos, em BH, não será suficiente para alocar população que vive na rua José Cruz/ Agência Brasil

Rafaella Dotta

O

s moradores de rua recomeçam a ser um problema de Belo Horizonte e de outras grandes cidades brasileiras. O número de pessoas na rua aumenta, a situação do país piora e o frio ameaça a vida de quem não tem teto. Qual seria a solução? O Brasil de Fato MG analisa um método inovador que poderia solucionar a questão. Criado pelo psicólogo Sam Tsemberis, dos Estados Unidos, o projeto Housing First (Moradia em Primeiro Lugar) prevê o fornecimento de casa ou apartamento a moradores de rua, sem cobrar nada por isso. São espécies de repúblicas com várias pessoas e pedem apenas três condições: não atra-

mineira, é uma das apoiadoras da ideia. Ela explica que a moradia digna deve ser a primeira base para que moradores de rua consigam rees-

O número de casas vazias é 24 vezes maior que o número de moradores de rua em BH palhar a vizinhança, permitir a visita da assistência social e, quando a pessoa conseguir um emprego, destinar 30% da renda ao projeto. Pesquisas sobre o Housing First indicam a economia de até

85% de gastos públicos.Housing First em BH? A defensora pública Júnia Roman Carvalho, do setor especializado em Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais da defensoria

truturar suas vidas. Na hora de disputar um emprego, por exemplo, a falta de endereço, de estabilidade de horários, de lugar para lavar seus uniformes, atrapalha que eles sejam selecionados ou con-

sigam manter o trabalho. “Eu atendi uma pessoa com curso superior e que está morando na rua. Ela já está pronta para se reestruturar e trabalhar, mas muitas vezes o empresário não a escolhe por morar na rua ou em um abrigo”, conta Júnia. Em BH, a possibilidade de alocar moradores em casas vazias pode ser real. Informações do Cadastro Único do governo federal, de março deste ano, mostram que existem 6 mil pessoas em situação de rua na capital mineira. Em contraposição, de acordo com relatório de 2010 do grupo Morar de Outra Maneira (MOM) da UFMG, há 145 mil domicílios vagos na cidade. O número de casas vazias é 24 vezes maior que o número de moradores de rua.

Prefeitura pretende investir em Bolsa Moradia ABRIGOS Política municipal de assistência passa por novo planejamento

A

Secretaria de Políticas Sociais afirma a construção de novos abrigos, na região Leste, Noroeste e em Venda Nova, com 120 vagas cada um. Os abrigos da Noroeste e Centro-Sul devem ser ampliados, adicionando 150 vagas diárias. Atualmente, Belo Horizonte possui 644 vagas individuais e 50 vagas para famílias em situação de rua, divididas em 8 abrigos. Abrigos menores A Política Nacional para a inclusão da população em situação de rua, de 2009, critica duramente os abrigos construídos para centenas de pessoas, afirmando que não há atendimento especializado e tende a tratar os moradores de rua com discriminação. A lei prevê que abri-

Motivos que levaram pessoas a morarem na rua Problemas Familiares / Companheiro (a)

30%

Alcoolismo / Drogas

10%

Desemprego

8,5%

Perda de Moradia Preferência / opção própria Outros motivos ou múltipla marcação

6% 2,3% 43,2%

As respostas foram dadas pelos moradores de rua. FONTE: Cadastro Único do Governo Federal, março de 2017

gos tenham no máximo 50 pessoas. Rodrigo Ramos, coordenador do abrigo São Paulo, um dos maiores da capital mineira, afirma que a instituição re-

cebe 200 pessoas por noite, com uma equipe de seis monitores, quando a legislação prevê que seja um a cada 10 abrigados. A proibição de fumar, de lavar roupas e a bu-

rocracia para a pernoite também fazem parte das insatisfações a até desistência dos abrigados. Já o abrigo Pompeia tem capacidade para receber 30 famílias, que moram em um cômodo com banheiro. A coordenadora Renata Diogo explica que o foco é cuidar para que os vínculos não sejam quebrados e garantir que as famílias sejam encaminhadas a moradias definitivas. Segundo pesquisa do Governo Federal, problemas familiares ou com o(a) companheiro(a) é o motivo de 30% das pessoas que vão morar nas ruas. (Vide gráfico) Bolsa Moradia: um sonho? Mas a mudança para moradias definitivas não tem

sido rápida. A abrigada Tatiana Ramos da Fonseca, de 21 anos, mora no Pompeia há 4 anos junto com três irmãos, dois com espectro autista. Desde então aguarda pela Bolsa Moradia, para “ir embora e construir uma vida lá fora”, diz. “É o que eu mais quero”. Hoje, a assistência municipal dispõe de apenas 250 Bolsas Moradia de R$ 500 por mês. O beneficiário precisa ter uma conta bancária e apresentar contrato e recibo de aluguel à URBEL. Segundo a Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, a negociação com a Secretaria de Habitação para ampliar esse número já estaria acontecendo.


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MINAS

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Opinião

Aécio dá o que não é dele João Paulo Cunha Está na Constituição: senadores e deputados não podem firmar e manter contatos diretos com a administração pública ou ser concessionários de serviços públicos. Emissoras de rádio e TV são concessões públicas. Como não há possibilidade para que todos criem suas emissoras de rádio e TV, as concessões e outorgas são um princípio ordenador que deveria responder às demandas por qualidade, diversidade, pluralidade e democratização. Sem falar nas garantias de livre mercado, vedando a concentração da propriedade nas mãos de poucos. Essa é a teoria. Na prática, as concessões no Brasil se tornaram moeda de troca política, instrumento de barganha econômica, base de sustentação de candidaturas e negócio preservado da competição. O modelo que foi sendo consagrado por essa história gerou o monstro que hoje rege o setor: concentração econômica, esvaziamento de controle social, nivelamento da qualidade, unicidade ideo-

Não chegaremos à democracia sem uma nova comunicação lógica, instrumentalização eleitoral e privatização da propriedade pública. Não é um acaso que o golpe ganhe sempre a qualificação de midiático, ao lado de outros patrocinadores-master, como o sistema político e o Judiciário. A usurpação do poder popular foi midiática na inspiração, no fomento e na consagração. Por sua parte, os meios familiares receberam sua paga em forma de incremento de propaganda oficial, do fortalecimento dos vínculos de manutenção ideológica do pensamento único e, agora, por meio de uma sobrecarga de garantias que praticamente extingue qualquer possibilidade de controle.

ECA 27 ANOS. A GARANTIA QUE CRIANÇAS E ADOLESCENTES CONTINUEM SONHANDO E, ACIMA DE TUDO, REALIZANDO. O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma conquista de todos. Ele assegura o direito à informação, educação, diversão, cultura, esporte e lazer, estimulando o desenvolvimento de todas as crianças e adolescentes. O Governo do Estado de Minas Gerais acredita que o Eca é um instrumento de desenvolvimento social e, por isso, é uma importante pauta da Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, implementadas através da Coordenadoria Especial de Políticas Pró-Criança e Adolescente.

Para escapar de inquéritos e ações movidos pelo Ministério Público Federal, alguns políticos estão partindo para o caminho de transferir cotas de suas sociedades em rádios e TVs para filhos, irmãos e outros laranjas menos cotados. É o caso, por exemplo, de Jader Barbalho (PMDB-PA), de Agripino Maia (DEM-RN) e de Aécio Neves (PSBD-MG). Jader repassou a cotas para a filha; Agripino para a mãe e Aécio para a irmã, Andrea Neves. O caso não é indecente apenas pela chicana, que preserva a dieta da grana pública automática e o palanque eletrônico, mas pela convicção de que a outorga era um bem pessoal. Para começar, é preciso tomar de volta o bem público que foi entregue a maus concessionários ou em descumprimento da lei. Aécio conseguiu ir além e, depois de investigado, deu o que não era dele para se livrar da acusação. No primeiro movimento, poderia ser acusado de falsidade; no segundo, no entanto, não escapa de uma acusação mais severa. E de um juízo moral que pode começar como esperteza, mas que se completa como cinismo.

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MINAS

Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Leilão das usinas da Cemig se aproxima e movimentos intensificam a luta ENERGIA Contra retrocessos, organizações criam plataforma que propõe assegurar riquezas nacionais Marcelo Camargo / Agência Brasil

Raíssa Lopes

T

rabalhadores, organizações e movimentos populares estão unidos contra o leilão das usinas da Cemig. A venda, que é articulada pelo governo federal, está marcada para o dia 30 de setembro e atingirá as hidrelétricas de São Simão, Jaguará, Miranda e Volta Grande, que, juntas, correspondem a quase 50% da energia gerada pela estatal mineira. Com a transação concretizada, os grupos que adquirirem o controle das usinas poderão explorá -las por um prazo de 30 anos. A justificativa é que o leilão seria necessário para equilibrar as contas públicas. No entanto, os movimentos afirmam que a medida é mais um ataque aos direitos da população. Além disso, eles estimam que a iniciativa pode-

ria culminar no aumento da tarifa de energia no estado – atualmente uma das mais caras do país –, assim como poderia gerar uma desestabilização financeira da Cemig, levando a empresa à falência ou à privatização completa. “A partir dos nossos cálculos, é possível afirmar que o povo já pagou o custo dessas usinas por três décadas,

Entenda o leilão

m 2012, a presidenta E Dilma Rousseff, ainda em exercício, anteci-

deste ano, o presidente não eleito Michel Temer (PMDB) assinou o decrepou as concessões de usi- to que autorizou o leilão nas estatais. Elas foram para descontratar projerenovadas em vários es- tos de energia. tados, mas quatro deles Irregularidades – na época, governados O leilão vai de encontro pelo PSDB –, não aderi- à Emenda 50 da Constituiram à proposta: Minas ção estadual, de 2001, que Gerais, São Paulo, Paraná determina que a venda de e Mato Grosso. Em março empresas públicas do setor

nacional que, desde 2010, luta para garantir o fortalecimento da indústria nacional. Formada por eletricitários, petroleiros, camponeses, engenheiros, operários de obra, professores, estudantes, associações e movimentos populares, a articulação tem como objetivo central, neste momento, barrar o leilão. Depois, quer reunir os recursos que iriam para os setores privados para criar um fundo es-

com o dinheiro arrecadado pelas contas de energia”, declara Soniamara Maranho, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Quatro hidrelétricas gerariam R$ 2 bilhões por ano

Batalha por soberania Contra os retrocessos, foi criada a articulação mineira da Plataforma Operária e Camponesa da Energia, ação

tadual para a educação, saúde, e demais políticas públicas de Minas. “Essas quatro hidrelétricas gerariam, por ano, R$ 2

Divulgação Cemig / Usina São Simão

só pode ser feita com aprovação popular. Além disso, de acordo com a Cemig, o leilão também quebra o contrato firmado em 1997 entre empresa e governo, e fere a Lei Federal 13.360/16, que estipula que leilões só possam acontecer com autorização da empresa controladora, ou seja, da própria Cemig.

Frente mista

Na segunda (24) a Assembleia Legislativa de Minas lançou a Frente Mineira em defesa da Cemig. Parlamentares, membros do executivo, do Ministério Público, representantes de movimentos populares e sindicais integram a Frente. O objetivo é suspender o leilão das usinas.

bilhões. Com a venda, grande parte da verba vai para os bancos, para pagar juros e para o capital internacional. O dinheiro poderia ser usado para solucionar os problemas habitacionais do estado ou para pagar as dívidas históricas que a Cemig tem com os atingidos, por exemplo”, afirma Pablo Dias, também do MAB. Diante da ameaça, uma série de seminários regionais serão realizados para informar a população sobre o tema. Além disso, um abaixo-assinado, disponível em goo.gl/uwgGt7 - tenta impedir a ocorrência do leilão na Justiça. Há, ainda, uma ação judicial da Cemig que segue em andamento para tentar evitar a venda. Manifestações e atos em defesa das riquezas do país também estão sendo organizados.

Jovens conhecem realidade de Minas Em julho, 90 universitários participam de uma vivência em territórios vulneráveis do estado. As atividades envolvem vários temas, como geração de renda, formação, meio ambiente e outros. Com o encerramento do trabalho de campo, será realizado um seminário envolvendo equipes, parceiros e prefeituras para uma avalição final das ações. O projeto integra o projeto Rondon que, neste mês, completou 50 anos de atividades no Brasil e 12 em Minas.


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Novas plantas na mesa! SUSTENTABILIDADE Capiçova, serralha, capuchinha e outras hortaliças não convencionais são ricas em nutrientes e não dependem de agrotóxico Erasmo Pereira / EPAMIG

Larissa Costa

P

lantas como dente-de -leão, serralha, carurude-porco e capiçova são conhecidas por muitos como ervas daninhas. Para outros, são absolutamente desconhecidas. No entanto, para agricultores agroecológicos e estudiosos, elas são exemplos de hortaliças não convencionais que podem enriquecer a alimentação e ainda respeitar o meio ambiente. A pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Izabel dos Santos explica que as hortaliças não convencionais se incluem no grande grupo das “pancs”, sigla que significa “plantas alimentícias não convencionais”. Ela explica que se trata de “plantas mais rústicas, muitas vezes consideradas matos, mas que podem ter valor nutricional até maior que as convencionas”.

lizado por grandes empresas de sementes que estão presentes no mundo inteiro”, aponta Izabel. Maria Catarina de Souza, que trabalha há 12 anos com agricultura urbana em Contagem, diz que a produção de pancs não depende de insumos químicos e agrotóxicos. “O plantio é muito simples, porque elas não são muito exigentes. A gente planta com cuidado, com ester-

O plantio é muito simples, porque elas não são muito exigentes”, diz agricultora Hortaliça faz parte do “pancs”: plantas alimentícias não convencionais

Cultivo Hortaliças tidas como convencionais, como jiló, alface, cenoura e repolho foram inseridas, ao longo do tempo, na alimentação brasilei-

Mudanças no IPTU em Betim Em Betim, moradores que estavam isentos do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) passam a pagar esse imposto a partir de julho. As mudanças foram definidas na Lei Municipal 6.152/16, aprovada pela Câmara na última legislatura e regulamentada pelo atual prefeito, Vittorio Medioli (PHS). Antes, apenas proprietários de lotes e imóveis comerciais ou de alto luxo pagavam IPTU. Com as novas regras, terrenos ou frações de terrenos superiores a 360,00 m², com área construída igual ou superior a 65 m², ficam sujeitas à tributação.

ra devido à atuação de multinacionais. “A maioria dessas hortaliças não são nativas do Brasil e foram melhoradas geneticamente. Esse trabalho de melhoramento foi rea-

co, com manejo. Mas, elas dão em qualquer lugar; por exemplo, a taioba, que precisa só de sombra e água por perto”, conta. Izabel ressalta que as hortaliças não convencionais

tendem a ser menos suscetíveis a doenças e pragas, além de responderem muito bem à adubação orgânica, ao contrário das convencionais, que necessitam de adubação química pesada e dependem do uso de venenos.

Saúde e sabor Além de impactarem menos o ambiente e de terem alto valor nutricional, as pancs ainda podem ter propriedades medicinais. Izabel destaca que a capuchinha, que é uma flor comestível, é rica em vitamina C e luteína, uma substância que previne várias doenças dos olhos. “E ainda as pancs têm um sabor diferenciado, que muita gente não conhece e dá para fazer uma diversidade de receitas. Com inhame, por exemplo, dá para fazer sorvete e, por cima, uma calda de vinagreira”, conta Marian Catarina.

Audiência discute IPTU de Contagem Uma audiência pública foi marcada para o dia 7 de agosto, às 19h, na Câmara Municipal de Contagem. O objetivo é debater o IPTU da cidade. Após 27 anos de gratuidade para residências, o imposto foi retomado para imóveis com valor acima de R$ 140 mil. A mudança foi aprovada pelos vereadores na última legislatura. O antigo prefeito, Carlin Moura (PCdoB), chegou a vetar a proposta, mas a Câmara derrubou os vetos.

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Acompanhando

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Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Caio Santos / .JL

Na edição 194... Luta por liberdade religiosa ... E agora

Terras de Corruptos para Reforma Agrária! Durante Jornada Nacional de Lutas, que marca o Dia do Trabalhador Rural (25), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou um complexo de fazendas, em São Joaquim de Bicas (MG), pertencentes ao empresário Eike Batista, preso por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Na jornada, o MST também ocupou terras de corruptos como Ricardo Teixeira e Blairo Maggi.

Frederico Santana Rick

Cuidado militante, princípio organizativo

Gheidlla Mendes e Luiz Bugarelli

Nós podemos +, vamos lá fazer o que será

Em tempos de golpe e ódio na sociedade, é importante lembrar que a militância é uma atitude de amor. Uma preocupação com a coletividade e com cada um. Com a vida. Não temos alternativa. Lutamos com a humanidade que temos, com os companheiros que temos e no contexto em que vivemos, ou não lutamos. É fundamental lidar com os desvios. Aliás, é o próprio processo de construção de mundo novo: lidar com as nossas deficiências e as dos outros. O desafio é justamente esse. O desafio é a construção de novas relações interpessoais. Os defeitos que vemos, sentimos, nos incomodamos, não são genéticos, naturais, e muito menos pessoais. São produtos. São sociais. Fazem parte da deformação da maneira como a sociedade está organizada. Importante lembrar que essa busca por novas práticas e valores nadam contra a corrente. E por mais que a construamos cotidianamente, ela também é desconstruída cotidianamente. Tem avanços, mas tem retrocessos. E aí, é pre- Lutamos com o que temos ciso recomeçar. ou não lutamos Não é problema desanimar, cansar. O que não podemos é desistir. Porque não tem saída nesse sistema, e o que ele quer é que desistamos mesmo. Seria fácil construir o novo, se o velho não penetrasse em nós e em nossas organizações. Mas penetra. A solução é mais organização, mais firmeza ideológica, mais diálogo, mais crítica e autocrítica. É preciso desejar, de todo coração, que cada um de nós construa a coletividade necessária para seu engajamento na construção desse outro mundo que queremos, de igualdade e liberdade. E que não desistamos nem da luta, nem da humanidade. Que renovemos nosso compromisso com a militância a cada abraço companheiro, respeitoso com os desafios que se colocam, mas certos de que são só isso, desafios.

Quatro anos após a organização das primeiras experiências de cursinhos populares no estado de Minas Gerais, o movimento Levante Popular da Juventude lançou, no dia 10 de julho, a sua rede nacional de cursinhos populares, chamada Podemos +! As primeiras iniciativas ocorreram em Teófilo Otoni e São João del Rei. Ao longo desses quatro anos outras também se somaram, como em Araçuaí, Lavras e Juiz de Fora. Hoje, além de Minas Gerais, a rede está presente em mais seis estados do país. A rede Podemos + nasceu com uma mensagem para a sociedade brasileira, em tempos de um governo que tem adotado como saída para a crise econômica a retirada de direitos dos trabalhadores, com os cortes na educação e a recente aprovação da reforma trabalhista. Qual futuro reserva o governo Temer para a juventuRede de cursinhos quer de brasileira? Nesse contexto, a rede de assegurar direito à educação cursinhos vem para afirmar que os retrocessos não serão aceitos pela juventude, ela quer decidir sobre o futuro do povo brasileiro e quer um futuro no qual o direito à educação e ao trabalho digno estejam assegurados. Através dessas experiências, muitos jovens já acessaram ao ensino superior. O desafio é levar a rede de cursinhos para todas as regiões do estado de Minas Gerais, contribuindo para que mais jovens ampliem a sua oportunidade de acesso ao ensino superior. A expectativa é que a rede Podemos + inicie seus trabalhos ainda neste ano em Belo Horizonte, com a organização de aulões pré-Enem e, para 2018, a inauguração de sua primeira turma.

Frederico Santana Rick é militante da Consulta Popular e da Frente Brasil Popular

Gheidlla Mendes e Luiz Bugarelli são militantes do Levante Popular da Juventude em Minas Gerais

Como parte da mobilização contra a imposição da Justiça de Santa Luzia, que estabeleceu dias e horários para realização de cultos de candomblé, o Centro Nacional de Africanidades e Resistência Afro Brasileira (Cenarab), organiza reunião para debater estratégias de luta contra a intolerância religiosa. Também serão debatidos o calendário de atividades da instituição e a organização dos terreiros da região metropolitana de BH. O encontro será nesta sexta-feira (28), às 18h.

Na edição 193... Contratação sem concurso no Ministério Público aguarda apenas aprovação do governo ... E agora A lei que extingue 825 cargos efetivos do Ministério Público de Minas Gerais e autoriza o preenchimento das vagas sem concurso público foi sancionada pelo governador Fernando Pimentel na quinta (27). Segundo o decreto, os cargos de recrutamento amplo serão definidos em resolução do Procurador Geral de Justiça. A extinção do concurso também exclui a política de cotas, que destinava 20% das vagas para pessoas com deficiência e 20% para pessoas negras.


Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Empresa do ministro da Fazenda lucrou R$ 217 milhões em dois anos MULTINACIONAIS Henrique Meirelles recebeu o dinheiro em contas pessoais no exterior Valter Campanato/ Agência Brasil

Redação| São Paulo (SP)

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ocumentos públicos obtidos pelo portal BuzzFeed revelam que o lucro da empresa de consultoria HM&A, que pertence ao atual ministro da Fazenda Henrique Meirelles, foi de R$ 167 milhões, em 2016. Os valores foram enviados para contas do ministro no exterior, três meses antes dele assumir o cargo no governo Temer. Apesar de incentivar investidores a deixarem recursos no país, Meirelles recebeu os enormes lucros de sua empresa em contas estrangeiras. Ainda segundo os documentos registrados na Junta Comercial de São Paulo,

as movimentações bancárias coincidiram com a fase final do julgamento de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. No mesmo período, o nome de Meirelles já circulava como um dos indicados para assumir o Ministério da Fazenda, caso a presidenta

saísse do cargo. Após assumir a pasta, o ministro recebeu mais R$ 50 milhões, referente aos serviços prestados pela HM&A a multinacionais. Entre os clientes estavam a J&F, controladora da JBS e Friboi, ligada ao delator Joesley Batista. Meirelles

deixou o comando da empresa no dia em que a presidenta foi afastada do cargo. Questionado sobre o motivo de receber os valores em contas no exterior e não no Brasil, Meirelles afirmou, em entrevista ao BuzzFeed que “confia integralmente nas instituições financeiras brasileiras e aconselha investidores a deixar seus recursos no Brasil porque o país oferece melhores relações de risco/retorno”, mas que os pagamentos a ele não foram feitos aqui pelo fato de os contratantes serem internacionais. Segundo o ministro, os valores foram declarados e todos os impostos pagos, sem nenhuma transação ilícita.

Temer muda regras na mineração para garantir apoio político, diz pesquisador POLÍTICA Mudanças no setor não passaram por consulta à população Nigel Smith / Site ISA

Lilian Campelo

A

s mudanças nas regras da mineração, anunciadas pelo presidente não eleito Michel Temer (PMDB) nesta terça-feira (25), seria uma estratégia do governo para assegurar o apoio da bancada política ligado ao setor e, ao mesmo tempo, indicar ao mercado internacional que o país irá expandir as oportunidades para exploração mineral. Essa é a avaliação de Tadzio Coelho, representante do Comitê em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. “É uma forma de Temer colocar a bancada mineradora a seu favor neste momento em que se debate se haverá ou não o prosseguimento do

processo por corrupção passiva”, argumenta. As mudanças serão realizadas por meio de três medidas provisórias (MP) que visam modificar o Código de Mineração, criar uma agência reguladora e alterar as alíquotas da Compensação Financeira pela Exploração Mine-

ral (Cfem), que é o royalty cobrado das empresas que atuam na atividade. Segundo o governo, as mudanças têm o objetivo de tornar a indústria mais competitiva e sustentável. Nota no site do Planalto afirma que novos investimentos poderão fazer com que o Produto

Interno Bruto (PIB) cresça de 4% para 6%. Maiana Maia, educadora na Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), avalia que as alterações feitas por meio de MPs e sem consulta a outros setores da sociedade aprofundam o “caráter antidemocrático” do governo. Uma das mudanças destacas é a criação da Agência Nacional da Mineração (ANM), que ficará no lugar do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia. Maia vê com preocupação a criação de uma agência cuja função é de fiscalização e também de promoção.

BRASIL

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Jovens escracham presidente do Senado Cerca de 200 jovens do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizaram um ato político em frente à mansão do político cearense e presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), em Fortaleza. Megalatifundiário, ele também foi citado na operação Lava Jato sob acusação de ter recebido R$ 2 milhões da Odebrecht. De acordo com nota divulgada, o objetivo do escracho é denunciar o senador como um dos articuladores do processo parlamentar e midiático que retirou Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República em maio de 2016, além de apoiador das reformas impopulares impostas por Michel Temer (PMDB) desde então. A ação aconteceu na quinta (27).

Dória multa estudante por protesto O movimento Levante Popular da Juventude realizou um protesto em frente à casa do prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB). A manifestação teve como razão as dezenas de medidas impopulares desde que assumiu, como o apagamento de grafites e jatos d’água em moradores de rua. Por essa ação, um integrante do movimento foi multado em R$ 5 mil. Os jovens realizaram campanha virtual e conseguiram arrecadar mais do que o valor necessário.


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MUNDO

Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Venezuela se prepara para eleger deputados constituintes domingo DEMOCRACIA Mais de 19 milhões escolherão representantes que vão escrever nova Carta Magna AVN

Leonardo Fernandes

A

Venezuela se prepara para a eleição de deputados e deputadas constituintes neste domingo (30). Apesar da forte pressão de potências estrangeiras para que a eleição não seja realizada, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) já instalou as urnas eletrônicas em mais de 14 mil centros de votação espalhados pelo país. A presidenta do CNE, Tibisay Lucena, informou que algu-

545 representantes do povo escreverão nova Constituição

mas seções eleitorais tiveram que ser transferidas de lugar, devido aos protestos de setores da oposição. Entre quarta-feira (26) e quinta-feira (27), os partidos opositores convocaram uma greve geral para rejei-

tar a realização da Assembleia Nacional Constituinte. Algumas linhas de ônibus da região leste de Caracas deixaram de funcionar e, em alguns pontos da capital, o comércio fechou as portas. Já no oeste da cidade, onde se

concentram os setores populares da capital, a paralisação não teve qualquer efeito. Nesta semana, os Estados Unidos impuseram sanções a 13 autoridades venezuelanas, como forma de pressionar o governo de Nicolás Maduro a desistir da Assembleia Constituinte. Entre os sancionados, estão o exvice-presidente da República, Elias Jaua, e a presidenta do Conselho Eleitoral. Em resposta ao que qualificou como uma agressão imperialista, Maduro condecorou os funcionários com a espada do Libertador, um dos mais altos reconhecimentos oferecidos pelo governo da Venezuela. Na Organização dos Estados Americanos (OEA), fracassou mais uma vez a tentativa de aprovar uma reso-

lução contra o governo venezuelano. A proposta, levada a plenário pelos governos do México e dos Estados Unidos, teve o apoio de 13 dos 35 países que fazem parte da organização. No domingo, mais de 19 milhões de eleitores devem escolhem os 545 representantes constituintes que, a partir do dia 3 de agosto, terão a tarefa de redigir uma nova constituição para o país. A formação de uma Assembleia Constituinte foi proposta pelo presidente Nicolás Maduro como mediação para pôr fim à crise política no país. O novo texto constitucional deverá ser referendado em eleição que ainda não tem data definida, pois não há prazo para o funcionamento da Assembleia Nacional Constituinte.

Canadá convida pessoas trans a se alistarem no Exército

D

epois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que proibirá transexuais nas Forças Armadas de seu país, o Canadá respondeu abrindo seu Exército. “Damos as boas-vindas aos canadenses de todas as orientações sexuais e identidades de gênero. Junte-se a nós!”, afirma uma nota publicada no Twitter oficial das Forças Armadas canadenses.

Canadian Army

Junto ao texto, uma fotografia da Banda da Marinha Real Canadense, desfilando no Dia do Orgulho LGBT em Toronto. A postagem também indicava um site sobre oportunidades de trabalho no Exército. Estima-se que aproximadamente 200 pessoas nas Forças Armadas do Canadá são transexuais. No Canadá, cerca de 200 pessoas transexuais estão nas Forças Armadas.

ECA 27 ANOS. A GARANTIA QUE CRIANÇAS E ADOLESCENTES CONTINUEM SONHANDO E, ACIMA DE TUDO, REALIZANDO.

Na terça (26), o presidente dos EUA, Donal Trump, disse que não permitiria transexuais nas Forças Armadas do país, revertendo a abertura adotada pelo ex-presidente Barack Obama. Segundo Trump, a decisão foi tomada após uma consulta com generais e especialistas. (da redação, com Opera Mundi)

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Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

ENTREVISTA

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Cientistas, mulheres, negras RESISTÊNCIA Conheça oito histórias de pessoas que enfrentam o machismo e o racismo no Brasil

O

levantamento faz parte de um especial do Brasil de Fato em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Afro Latina-Americana e Caribenha, 25 de julho. A partir dos perfis e entrevistas, é possível conhecer um pouco da força e da pluralidade das muitas mulheres negras que enfrentam o preconceito no Brasil e no mundo. Arquivo

Arquivo

Arquivo

Sonia Guimarães É a primeira negra brasileira douEnedina Alves Foi a primeira mulher negra a se formar em engenharia no Brasil. Nascida em 1913 e vinda de uma família pobre, concluiu o curso aos 30 anos. Um documentário está sendo preparado com fragmentos de sua vida pessoal e acadêmica. Arquivo

Maria Beatriz do Nascimento

tora em física pela University of Manchester Institute of Science and Technology, no Reino Unido. Ela atua há 24 anos no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e faz pesquisas na área de física aplicada.

Nasceu em Aracaju (SE), em 1942, e migrou com seus pais e mais dez irmãos para o Rio de Janeiro. Cursou história na UFRJ, fez pós-graduação e se dedicou à visibilidade da questão racial. Formou um grupo de ativistas negros e furou o bloqueio da grande mídia, dando várias entrevistas sobre racismo. Valter Campanato/ Agência Brasil

Confira o especial completo!

Katemari Rosa Quando criança,

observava as estrelas e sonhava em alcançá-las. Hoje, é formada em física pela UFRGS, mestre em filosofia pela UFBA e doutora em ciências pela Universidade de Columbia, em Nova York. Percebeu o racismo dentro do seu campo de atuação e desenvolveu o banco de história de negros e negras cientistas brasileiros.

Leia a matéria completa no www.brasildefato.com.br

Luiza Barros Foi uma das vozes

mais respeitadas no combate à discriminação racial no Brasil. Compôs o Movimento Negro Unificado (MNU) e foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) durante o segundo governo Dilma Rousseff (PT). Faleceu em julho do ano passado.

O nome “Negra, soy!” faz referência ao poema “Me gritaram negra”, da poeta afro-peruana Victoria Santa Cruz. No continente marcado pela colonização europeia, reconhecer-se negra é sinônimo de resistência. Negra soy! traz seis perfis de mulheres negras, duas listas com negras cientistas e inventoras e com mulheres que vem transformando a produção audiovisual. A afro-colombiana Piedad Córdoba, a parense Nilma Bentes, a socióloga e ouvidora-geral da Defensoria do estado da Bahia, Vilma Reis, a cantora Luedji Luna, a cozinheira e escritora Priscila Novaes e a transexual Verônica Bolina, que foi brutalmente violentada pelo Estado, contam um pouco de suas histórias. O 25 de Julho foi instituído em 1992 na República Dominicana, depois do primeiro encontro de mulheres negras da América Latina. De lá para cá, mulheres negras e latinas de todo mundo começaram a reivindicar a data como forma de pautar as suas especificidades.


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Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Amiga da Saúde

Nossos direitos Auxílio acompanhante para aposentados As trabalhadoras e trabalhadores que se aposentaram por invalidez e necessitam de cuidados permanentes de outra pessoa têm direito a um acréscimo de 25% no valor do benefício. Esse direito é conhecido como auxílio acompanhante. Pela lei, possuem direito ao acréscimo as pessoas com alteração das faculdades mentais, com grave perturbação da vida

orgânica e social, doença que exija permanência contínua no leito, incapacidade permanente para as atividades da vida diária, entre outras. Quem atende aos requisitos e não recebe os 25% pode requerer o benefício em uma agência do INSS, levando os documentos e exames que comprovem a necessidade de ajuda permanente de outra pessoa.

Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP.

Olá, amiga da saúde! Minha filha está com uma mancha escurecida em toda a região de trás do pescoço. Ela foi ao posto e disseram que é acantose. Isso é grave? Maria Lúcia, 63 anos, aposentada. Querida Maria, essas manchas são conhecidas como acantose nigricans. Trata-se do escurecimento da pele nas dobras do corpo e nas pregas, tornando-se espessa e aveludada, devido a alterações na formação da camada mais superficial da pele. É mais frequente na região posterior do pescoço e axilas. Ela pode ocorrer em pessoas saudáveis, porém, na maioria das vezes está associada a algum problema no funcionamento do corpo. Na obesidade é bastante comum. Tam-

bém pode aparecer no diabetes e nas alterações iniciais que caracterizam condição de pré-diabetes. Outra causa pode ser o uso de alguns medicamentos e anticoncepcionais. Por isso, quando esse sintoma aparece, é necessário fazer exames e tentar identificar a causa. Intervindo no problema de base, as manchas tendem a desaparecer. Raramente, a acantose pode ser maligna e estar associada a alguns tipos de câncer gastrointestinais, genitais ou urinários.

Sofia Barbosa I Coren MG 159621-Enf. Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br

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Em Minas, pessoas com deficiência têm dificuldades para comprar carros com isenção de ICMS Há cerca de 90 dias, o governo de Minas Gerais publicou o Decreto nº 47.180, que impôs novas exigências para a compra de veículos por pessoas com deficiência física, visual e mental – severa ou profunda – e por autistas. A medida provocou a imediata reação da sociedade, que tem se mobilizado na tentativa de invalidá-la, como ficou demonstrado em audiência pública realizada há poucos dias pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais para tratar do assunto. Não bastassem os históricos problemas do sistema de transporte, que dificultam cada vez mais a locomoção nos principais centros urbanos, sobretudo, de pessoas que possuem algum tipo de deficiência, bem como o fato de as políticas de acessibilidade ainda deixarem muito a desejar, o decreto é mais um obstáculo, além daqueles que a pessoa com deficiência é obrigada a enfrentar diariamente. É importante lembrar que essas pessoas têm direito à isenção de ICMS na aquisição de um automóvel. O benefício está previsto no Convênio ICMS 38, de 30/3/2012, que foi regulamentado em Minas Gerais pelo Decreto 46.115, de 27/12/2012. Já o limite para isenção – incluídos aí os tributos incidentes –, atualmente de R$ 70.000, foi fixado pelo

Convênio 52, de 3/7/2009. Valor esse que se encontra bastante defasado, tendo em vista que a inflação acumulada nesses oito anos alcançou 64% (IPCA).

É de indignar que, ao mesmo tempo que cria empecilhos para os mais necessitados, a SEF/MG concorde em abrir mão de receitas em favor de locadoras de veículos, agraciadas com uma redução de alíquota do IPVA de 4% para 1% Ainda assim, a Secretaria de Estado de Fazenda (SEF/MG), por meio da Subsecretaria da Receita Estadual, vem criando dificuldades para essas pessoas que tanto necessitam. O motivo alegado é a existência de fraudes. Ora, se estão ocorrendo fraudes, correto seria investigá-las e punir os infratores. Como se não bastasse, através do mesmo Decreto nº 47.180, a subsecretaria tem extrapolado o que consta do Convênio 52, ao incluir no preço do veículo o valor da pintura, se cobrada

separadamente, o que é ilegal. A regulamentação mineira traz exigências indevidas e burocracia para que a pessoa consiga a isenção do ICMS, prejudicando-a. A situação descrita acima ilustra de forma precisa a política atual da SEF/MG, que, diga-se de passagem, não mudou nada em relação à adotada em governos anteriores. Ao invés de enfrentar os poderosos, revisando e/ou revendo benefícios fiscais, o órgão escolhe criar dificuldades para os mais pobres e mais necessitados. É de indignar, por exemplo, que a SEF/MG concorde em abrir mão de receitas em favor de locadoras de veículos, agraciadas com uma redução de alíquota do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) de 4% para 1%. Em tempos de crise, a Subsecretaria da Receita Estadual já poderia ter proposto uma revisão do benefício concedido a essas empresas.

sindifiscomg.org.br


Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

13 VARIEDADES 13

www.malvados.com.br

Dicas Mastigadas

por Alan Tygel*

Frango com Ora-pro-nóbis

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Solução

Ingredientes • • • • • • • •

1/2 unidade de frango caipira; 4 colheres de sopa de vinagre; 1 unidade pequena de cebola; 4 dentes de alho; 1 e 3/4 xícaras de chá de água; 1 colher de sobremesa de sal; 1/2 maço de ora-pro-nóbis; 10 colheres de sopa de cheiro-verde.

Modo de Preparo: • • • • • • • • • • •

Cortar o frango em pedaços e retirar a pele; Colocar o frango de molho no vinagre por 2 minutos; Lavar o frango em água corrente; Aquecer uma panela e colocar o frango; Deixar o frango dourar de um lado, acrescentar um pouco da água, virar o frango e deixar dourar do outro lado; Adicionar a cebola picada e refogar até ficar transparente; Acrescentar o alho e refogar por 30 segundos; Juntar o restante da água e o sal e cozinhar por 20 minutos (não deixar a água secar, se for necessário acrescentar mais água); Misturar o cheiro-verde; Juntar as folhas do ora-pro-nóbis ao frango; Cozinhar por 2 minutos com a panela tampada e servir.

* Esta receita foi retirada do livro Alimentos Regionais Brasileiros, do Ministério da Saúde, disponível para download em http://e.eita.org.br/alimentosregionais. Amém! Também conhecida como carne dos pobres, a ora pro nóbis é uma planta forte que contém bastante proteína. Por ser da mesma família dos cactus, ela é resistente à seca, e possui espinhos que podem machucar na hora da colheita. Dizem que a planta dava muito nos fundos de uma igreja em Minas, e, enquanto era colhida, ouvia-se o padre rezando em latim: “ora pro nobis” (que quer dizer rogai por nós) Verdade ou lenda, a ora-pro-nóbis é um símbolo da culinária de Minas Gerais e pode ser encontrada em muitos quintais no estado. Se você ainda não tem seu pé, é muito fácil: pegue um galho da sua vizinha, espete na terra, e em pouco tempo, começa a brotar! * Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Participe enviando sugestões para receita@brasildefato.com.br.


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Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Dança afro para jovens de periferia

Até o dia 7 de agosto, a Associação Sociocultural Bataka recebe inscrições para aulas de dança afro. O projeto é gratuito e destinado a jovens de 18 a 35 anos, moradores de vilas, favelas e periferias de BH e Região Metropolitana. A oficina tem a duração de três meses, com aulas duas vezes por semana, no Centro de Referência da Juventude (CRJ). Para se cadastrar, é só acessar o link: www.goo.gl/316RnT. Mais informações: (31) 99961-7302 ou associacaobataka@gmail.com

Mais arraiá, sim senhor!

Para nunca esquecer o pavor da ditadura

Cyro Almeida / Divulgação

Os horrores da ditadura militar e do estado de exceção são lembrados na exposição “Desconstrução do Esquecimento: golpe, anistia e justiça de transição”, que acontece até o dia 31 de julho, no Centro Cultural da UFMG (Avenida Santos Dumont, 174 – Centro). A mostra reúne obras inéditas de oito artistas brasileiros, que denunciam a repressão e o desrespeito aos direitos da população, além de provocar os visitantes para que o sofrimento do passado não seja ignorado. O público pode conferir, ainda, como foi articulada a violência contra o povo indígena e a luta das mulheres por políticas de reparação. A visitação acontece de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 13h.

Peça conta história de Carolina de Jesus

Quem acha que as festas juninas já acabaram está enganado. No sábado (29), das 12h às 22h, vai acontecer o Arraiá do Prado, com quadrilha, comidas típicas, barraquinhas, espaço pra crianças, artesanato e muito mais. Para participar, é só levar dois quilos de alimento não perecível, que serão doados a quem precisa. A festa vai acontecer na Avenida Francisco Sá, na região Oeste da capital.

Festa no Viaduto para celebrar Capoeira Angola

Resgatando a cultura negra há quase três décadas, a Associação Cultural Eu Sou Angoleiro (ACESA), comemora o seu aniversário no próximo sábado (29). Uma grande festa será realizada no Viaduto Santa Tereza, no centro de BH, das 14h às 21h. A tradição e a ancestralidade estarão presentes com rodas de Capoeira Angola, apresentações de dança afro, samba de roda e de raiz. O evento é gratuito e aberto ao público.

Nos dias 4, 5 e 6 de agosto, a peça “Memórias de Bitita - o coração que não silenciou” volta aos palcos de BH. O espetáculo é uma adaptação da obra de Carolina Maria de Jesus, mulher negra, moradora de favela e com escolaridade incompleta, que se tornou uma das escritoras mais renomadas do Brasil. Na montagem, que recebeu mais de sete prêmios pelo país, são retratadas as vivências, produções e pensamentos da artista, que se aventurou como autora na década de 1960 e que cuidava, sozinha, de seus três filhos. A temporada terá ingressos populares a R$ 10 e entrada franca para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para saber mais, visite a página: www.facebook.com/memoriasdebitita.

Fundinho Festival – Jazz e Blues

Nos dias 4 e 5 de agosto, Uberlândia recebe grandes músicos nacionais do Jazz e Blues, no bairro Fundinho. No mês em que a cidade comemora 129 anos, a região histórica da cidade contará com mais de 12 horas de programação gratuita e aberta a toda a população. O festival tem início às 18h na sexta (04) e termina às 16h no sábado (05) na Praça Clarimundo Carneiro. Quando: 04 e 05 de agosto (entrada franca). Onde: Praça Clarimundo Carneiro, Fundinho – Uberlândia. Mais informações: fundinhofestival.com.br


Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

na geral

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ESPORTE

Curto e Grosso Paratetlas mineiros brilham em Mundial A enxada que CPB

Terminou no dia 23 de julho o Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico, em Londres. O paratleta uberlandense Rodrigo Parreira, da Futel/Aprev, conquistou 1 prata e 2 bronzes. Além disso, Rodrigo bateu 2 recordes das Américas, nos 100 e 200 metros rasos. Destaque também para a belo-horizontina Izabela Campos, que conquistou o bronze no lançamento de disco da classe (para atletas com deficiência visual) e a prata no lançamento de dardo, também pela classe F1. Na classificação geral, o Brasil terminou na 9ª colocação, com 21 medalhas. (Com informações do CPB)

Aulas de judô grátis

Schnuffel

A Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe) abriu 140 vagas para aulas gratuitas de judô. Podem participar crianças e adolescentes com idade entre 5 e 14 anos. Os interessados devem comparecer ao Centro Popular de Cultura (CPC) Rei Estanislau, portando documento de identidade, CPF e comprovante de residência, acompanhados por um responsável. As aulas acontecem duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras, manhã ou tarde. O projeto é fruto de uma parceria entre a Funarbe, o CPC e a Secretaria de Esportes do município. Onde: Rua Cambuci, 130. Imbiruçu, Betim. Quando: inscrições de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Informações: (31) 3512-3444 ou 3512-3000

Clube croata é punido por racismo A UEFA – União das Federações Europeias de Futebol decidiu, na última semana, punir o time croata Hajduk Split. O motivo: durante a vitória por 1 a 0 sobre o Levski Sófia, da Bulgária, no dia 13 de julho, os torcedores croatas proferiram cânticos racistas e xenófobos contra os adversários. Como punição, o clube jorgará com portões fechados e terá que pagar uma multa de 55 mil euros.

desenterra Teixeira

Agência Brasil

Diego Silveira Em luta pela reforma agrária, direito garantido pela Constituição, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou diversas fazendas pelo Brasil, na terça-feira (25). Entre elas, um latifúndio (área rural improdutiva) de 1500 hectares em Piraí (RJ), pertencente a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. A ocupação tirou a paz do velho dirigente. A ação de 350 famílias sem-terra não foi o único estorvo recente do cartola, mas exumou o nome de Teixeira e o pôs fresco no noticiário. Recluso em seu apartamento no Rio, ele articula com seus advogados uma delação premiada que o manteria solto. Mas por que deveria ser preso? Porque R$ 55 milhões foram desviados na venda dos direitos de transmissão de amistosos da seleção brasileira, segundo denúncia da Justiça espanhola. Suspeita-se que Teixeira adquiriu a fazenda ocupada como parte da lavagem desse dinheiro. A ordem de prisão do dirigente foi decretada na Espanha. O Ministério Público Federal brasileiro ainda avalia o processo que, caso seja transferido para o Brasil, colocará o cartola em apuros. Outros crimes do ex-mandatário não entram na sentença. A ocupação do MST no latifúndio comprado com dinheiro ilícito por Teixeira revela que o crime também ajuda a retirar direitos constitucionais, como o de assentar famílias rurais pobres, sem-terra para cultivar, em áreas rurais improdutivas.

Você tem críticas, comentários, sugestões?

ESCREVA PARA NÓS esportemg@brasildefato.com.br


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Belo Horizonte, 28 de julho a 3 de agosto de 2017

Começam os Jogos Paralímpicos

cidade de São Paulo recebeu, na A quinta (27), a abertura Jogos Paralímpicos Universitários 2017. A cerimônia ocorreu no Centro de Treinamento Paralímpico. Em sua segunda edição, o torneio reúne 200 participantes de 20 estados e do Distrito Federal. As provas acontecem nos dias 28 e 29 de julho, com com-

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Reprodução de vídeo Alexandre Urch / CPB MPIX

petições em seis modalidades: atletismo, bocha, judô, natação, parabadminton e tênis de mesa. Embora conte com figuras de renome do esporte paralímpico, o evento é considerado uma das principais etapas no desenvolvimento de novos atletas. (Com informações do Comitê Paralímpico Brasileiro)

“Não houve crime para o impeachment. Acho que estamos vivendo uma fase lamentável. A gente tem uma quadrilha no poder. Tem reformas absurdas sendo feitas para tirar direitos trabalhistas, de Previdência” Milton Leite, narrador de futebol da SporTV, em entrevista ao portal UOL. Ele reconheceu que o impeachment de Dilma foi um golpe contra o país.

Gol de placa A pernambucana Etiene Medeiros ganhou o ouro nos 50 metros costas, no Mundial de Natação da Hungria. Ela venceu a final com um tempo de 27 segundos e 14 centésimos, batendo o recorde sul -americano. Outro ouro foi para a baiana Ana Marcela Cunha, que faturou o tricampeonato da maratona aquática de 25 Km.

Gol contra Torcedores dos clubes ingleses Manchester United e Liverpool enviaram mensagens racistas ao atacante marfinense Wilfried Zaha, do Crystal Palace. O jogador, que já atuou pelo Manchester, denunciou as agressões logo após a vitória por 2 a 0 sobre o West Bromwich, na Premier League.

Decacampeão

É Galo doido

La Bestia Negra

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Giovanna Fantoni

Tradicional nas categorias de base, o América continua fazendo caixa com garotos que revelou nos últimos anos. O lateral Danilo, que jogou aqui de 2007 a 2010, acaba de ser vendido pelo Real Madrid ao Manchester City, garantindo R$ 1,4 milhão ao Coelho, por Decacampeão ter sido o clube formador. Se o atacante Richarlison, do Fluminense, for vendido, o América vai lucrar mais uma bolada, pois detém 20% de seu passe. Além dessa tradição, o América também tem se especializado em achar e salvar jogadores um pouco mais velhos, até então desconhecidos, como o zagueiro Victor Hugo (ex-Palmeiras), o meia Rodriguinho (Corinthians), o lateral Marcos Rocha (Atlético -MG) e o goleiro João Ricardo.

Vexame acontece em qualquer lugar. Cinco derrotas no Independência, pelo Brasileiro, foram pouco diante da eliminação nas quartas-de-final na Copa do Brasil. Os 3 a 0 no Rio de Janeiro se transformaram numa decepção maior quando a equipe, apeGalo doido! sar de todo oÉesforço, nem ameaçou o gol de Jefferson. Como uma equipe joga com três volantes e toma dois gols ainda no primeiro tempo? Com as substituições, o rendimento chegou a enganar e reacender a esperança. No fim do jogo, a realidade: Rogério Micale se incorpora, com responsabilidade incomensurável, ao grupo de sofredores alvinegros. Resta a Libertadores. Domingo tem o Curitiba, no Paraná. Quem sabe, um sopro de esperança.

A classificação da quarta-feiraAnúncio (26), sobre o Palmeiras, teve cara de anos 90, aquela época boa em que a gente sentia prazer em ir ao Mineirão, menos pelo resultado do que pela entrega da equipe. O jogo teve a iniciativa do Cruzeiro, mesmo com Negra a vantagemLa do Bestia empate, teve bom futebol das duas equipes e teve emoção. Algo bem diferente da postura sem vergonha de outros momentos, quando o Cruzeiro jogava achando que podia ganhar a qualquer hora. Destaque para a boa marcação de Ariel Cabral e a movimentação de Thiago Neves. Diogo Barbosa, que falhou no lance originou o primeiro gol, redimiu-se no gol de empate. Que venham as semifinais. O desafio do ano é o penta na Copa do Brasil.


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